Hebraicajunho 17

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ENTREVISTA

NOVIDADE

TRADIÇÃO

Diplomacia pública explica Oriente Médio

O que vai rolar neste inverno

Tsenerene, a Torá para as mulheres

DIA DOS NAMORADOS Antigos e novos amores em festa

Ano LVIII No 664 Junho 2017 Sivan Tamuz 5777


PALAVRA DA DIRETORIA

Acabamos de comemorar Iom Haatzmaut, uma semana intensa iniciada com Iom Hazikaron em que lembramos de todos aqueles que deram a vida para defender o Estado de Israel. Esses jovens levados na flor da idade e famílias que nunca mais voltaram a ser as mesmas depois da cruel notícia. Esses sacrifícios têm tudo a ver com cada um de nós, aqui, em São Paulo, e na Diáspora. Eles deram a vida para ter o Estado de Israel forte, firme e valente. Sabiam que o objetivo é esse: um Estado de Israel forte é nosso seguro de vida. O fato de vivermos aqui com tranquilidade e liberdade cientes de que qualquer perigo que venha a nos ameaçar, teremos para onde ir e um país que nos acolherá, nos receberá de braços abertos assim como foram recebidos muitos de nossos irmãos que tomaram esta decisão nos últimos anos. Justamente por isto – e por eles – temos a responsabilidade de manter a chama do povo judeu acesa. Passar de geração em geração a tradição e manter o elo forte com o Estado de Israel. Temos de ter orgulho de sermos judeus e não nos escondermos. Não por acaso nascer judeu é privilégio. Temos de valorizar esta condição. Fazer jus ao sacrifício feito por outros para nos possibilitar esta segurança e orgulho. Após Iom Hazikaron realizamos as comemorações de Iom Haatzmaut, também uma semana de programações a respeito de Israel e vindas de lá: danças, músicas, fotos, filmes e muito mais de um estado que, para todos nós, é um milagre. Ele contribui com inovações, conhecimento e benefícios que o mundo todo utiliza, querendo ou não: Pentium que está em todos os computadores, Waze em todos ce-

lulares, máquina de ressonância magnética, remédios, diversos softwares e outras milhares de invenções, etc, tudo isso resistindo a perseguições e vivendo cercado de estados que querem o seu fim, e o fim da única democracia da região. E apesar de tudo contra, Israel continua a crescer e a se reinventar todo dia. Este é o orgulho que temos de carregar sempre conosco. Trazer isto para nosso dia-a-dia. Ter mais Israel na nossa vida. Pois naquela semana na Hebraica conseguimos isto tudo trabalhando juntos, as 21 entidades numa união única mostrando que é possível quando nos unimos em favor de uma causa surgirem ideias maravilhosas. Quando nos unimos, fazemos muito mais com muito menos. As festas se encerraram no domingo à tarde com um ato emocionante. O embaixador Yossi Shelli sentiu-se como se estivesse em Israel e, portanto, para mim o objetivo foi alcançado. Shalom Avi Gelberg Presidente

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SUMÁRIO AGENDA NA NOSSA MIRA ENTREVISTA CAPA ACONTECE

ESPORTES

A HEBRAICA SEDIOU A COPA SUB-13 DE POLO AQUÁTICO

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ESPORTES

COSTUMES E TRADIÇÕES MAGAZINE GALERIA ENSAIO


CARTA DA REDAÇÃO

ANO LVII | NO 664 | JUNHO 2017 | SIVAN

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DIRETOR-FUNDADOR SAUL SHNAIDER (Z’L) PUBLISHER FLAVIO MENDES BITELMAN DIRETOR DE REDAÇÃO BERNARDO LERER EDITOR-ASSISTENTE JULIO NOBRE SECRETÁRIA DE REDAÇÃO MAGALI BOGUCHWAL REPORTAGEM TANIA PLAPLER TARANDACH TRADUÇÃO ELLEN CORDEIRO DE REZENDE CORRESPONDENTES ARIEL FINGUERMAN, ISRAEL FOTOGRAFIA FLÁVIO M. SANTOS GUSTAVO WALDMAN

Há cinquenta anos, neste dia Há cinquenta anos – e parece que foi outro dia – na manhã de 5 de junho, todos os lares brasileiros, mas principalmente aqueles onde viviam judeus, eram sacudidos com o noticiário de uma nova guerra no Oriente Médio. Só que, desta vez, foi Israel quem atacou simultaneamente os inimigos árabes, ao sul, centro e norte, e ganhou o mais almejado troféu: a conquista da cidade velha de Jerusalém. Ariel Finguerman, nosso correspondente em Israel, conta como foi derrotar a bem treinada Legião Árabe, principal corpo do exército jordaniano, dominando colinas estratégicas no entorno da cidade. Junto, o depoimento de um voluntário àquela guerra. Esta edição é dedicada ao Dia dos Namorados e à divulgação da programação do clube para comemorar esta data. Para isso, uma grande reportagem de Magali Boguchwal na qual conta os namoros – e os casamentos – e seus personagens, que surgiram de adolescentes que se conheceram na Hebraica, berço que embalou estes amores e, depois, o crescimento dos filhos deles. Leia a interessante entrevista de André Lajst, a respeito do que chama de “diplomacia pública” que, no caso, é defender Israel e fazer respeitar os fatos tais como são no noticiário a respeito do conflito israelo-palestino. No “Magazine”, além da reportagem de Ariel, as tradicionais seções de A Palavra, Curta Cultura, Leituras, os ensinamentos de Joel Faintuch em “Costumes e Tradições”, uma reportagem que trata da ignorância das novas gerações de israelenses a respeito do Holocausto e as principais figuras nazistas e a crítica do livro Judas, de Amos Oz. Shalom Boa leitura Bernardo Lerer – Diretor de Redação

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GERCHMANN (COLABORAÇÃO) CAPA DIVULGAÇÃO

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NOSSO CLUBE

Fãs da cozinha oriental podem dar uma paradinha para saborear os quitutes do Sababa By Berô, especialmente quem prefere produtos kasher. E para os mais descolados, nada melhor do que os produtos do Melhor Pedaço de Pizza e da Melhor Salada para saciar a fome. Os restaurantes Kasher, Casual Mil, Mesa Gourmet e os bares do Tênis e do Pedrinho também aderiram à ideia do Festival Gastronômico. Ainda em junho, o Ateliê Hebraica, a Escola de Esportes e o Centro Juvenil Hebraikeinu divulgam as atividades de férias para facilitar o planejamento das famílias. Todas as informações estarão disponíveis no novo site do clube (www.hebraica.org.br), assim como os horários de funcionamento do Espaço Bebê, da Brinquedoteca e outras atividades infantojuvenis. Com exceção das segundas-feiras, nas férias a Biblioteca abrirá de terça a sexta-feira das 9 às 19 horas e sábados e domingos das 9 às 18 horas, com seu amplo acervo em ficção, literatura infantojuvenil e dvds, além dos periódicos.

Com visual renovado, a doçaria Amor aos Pedaços reforça o leque de opções para os dias frios

O Festival Gastronômico, que começa no dia 22 com todos os concessionários, é uma entre as muitas ações do clube, mesmo em dias frios ou chuvosos

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Hebraica saúda a chegada do inverno com um festival gastronômico no qual os concessionários apresentarão especialidades e destaques dos seus cardápios para fazer dos almoços ou jantares no clube um hábito. “Esse Festival vai integrar todas as áreas do clube, pois estão previstas ações como o lançamento da Campanha do Agasalho 2017, apresentação do Coral da Feliz Idade e outras atrações”, comenta o vice-presidente administrativo Isy Rahmani. Antes mesmo do anúncio do Festival Gastronômico, os sócios já sentiram o clima de preparação para o inverno na reinauguração da doçaria Amor Aos Pedaços, que foi reformada. “Em julho começa o tradicional festival do morango, uma justificativa para muita gente permanecer mais algumas horas no clube só para saborear as tortas e bolos que oferecemos nesta época”, informa Esther, que dirige o local. O novo layout da loja marca os 25 anos do Amor Aos Pedaços no 12

NA HORA CERTA

OS RESTAURANTES SUSHI TANABE E O KASHER DA HEBRAICA TRAZEM O MELHOR DAS CULINÁRIAS JAPONESA E JUDAICA DENTRO DE PADRÕES CONTEMPORÂNEOS

O Merkaz abriu neste mês seu espaço de co-working, um local onde pequenos empresários e sócios que planejam ou administram uma start-up poderão trabalhar e partilhar informações e ferramentas com outros jovens em um ambiente equipado com estações de trabalho, wi-fi e outros itens necessário às empresas iniciantes. O espaço é em frente às quadras de tênis, ocupando o que, um dia, foi o andar superior do cabeleireiro. Portanto, mais uma vez, a Hebraica é pioneira no lançamento de um serviço que usualmente não se vê em clubes esportivos. Numa rápida retrospectiva, fez o mesmo com a Sala de Internet, o Espaço Bebê e a incorporação de grifes gastronômicas à área de alimentação. Com exceção do Espaço Bebê, que inspirou serviços similares na cidade, os outros foram adotados com êxito em outros clubes da Associação dos Clubes Esportivos e Sócioculturais (Acesc). (M. B.)

clube. A Hebraica foi pioneira em abrir espaço para grifes da área gastronômica. Nos primeiros anos, o Amor aos Pedaços ficava no andar térreo da Sede Social. Mudou para a Praça Carmel há quinze anos e levou junto uma clientela bem variada. “As mães de alunos da Escola Maternal, alunas da hidroginástica são assíduas durante a semana, e aos sábados e domingos famílias inteiras fazem pequenas refeições aqui”, explica Esther. Na reinauguração, ela distribuiu bolo e espumante, enquanto o setor de Concessões trouxe um grupo musical cover do conjunto Bee Gees, que se apresentou ao lado da doçaria. Com a chegada do inverno, alguns produtos oferecidos na Praça Carmel devem ter seu consumo ampliado como, por exemplo, a tapioca, um quitute exclusivo da Casa Pilão, cafeteria recentemente instalada na Praça Carmel. “É um produto bom para os dias frios, especialmente porque é preparada na hora à vista do cliente e chega quentinha à mesa”, destaca Roberta, da Casa Pilão. 13


JÁ ESTÁ NO AR O NOVO SITE DA HEBRAICA. Tudo o que o clube oferece mais fácil de encontrar. ENTRE E CONFIRA WWW.HEBRAICA.ORG.BR

A PASSAGEM DO CORREDOR DO CENTRO CÍVICO ESTÁ FECHADA POR CAUSA DA OBRA DA NOVA ENTRADA. Previsão de liberação Julho / 2017

EM BREVE, ESPAÇO COWORKING DO MERKAZ COM VINTE ESTAÇÕES DE TRABALHO, WIFI NETWORKING E SALA DE REUNIÕES. Previsão Junho / 2017


NA NOSSA MIRA 1

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1. VERA ELIANA

ANTONIO LAURA ALICE CYRINO GOLDFARB

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2. FLÁVIA E

WILLIAM SISTER

3. VOVÓ

SANDRINHA LEVA OS NETOS DAVID E JOÃO TODA SEMANA AO CLUBE

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4. JOSÉ LUIZ

E ANA MARÍA GOLDFARB

5. FLAVIA

STERNBERG EPSTEIN COM O MARIDO MARCELO EPSTEIN E O FILHO DANIEL

6. MOISÉS E

RAQUEL LAM, EX PRESIDENTE FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, DENISE E MICHEL LAM

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ENTREVISTA

L

ajst é diretor do Instituto Brasil-Israel que, desde 2016, promove cursos de diplomacia pública em parceria com a Conib (Confederação Israelita do Brasil), Fisesp (Federação Israelita do Estado de São Paulo) e Fundo Comunitário. Periodicamente, André publica vídeos e textos na rede social Facebook, nos quais comenta acerca de aspectos da sociedade israelense como o crescimento do movimento LGBT, os debates a respeito da possibilidade, em discussão no Parlamento, de o árabe deixar de ser um dos idiomas oficiais no Estado, além da situação política no Oriente médio, sua especialidade. André nasceu em São Paulo e fez aliá (imigrou) em 2006. Cursou escolas da comunidade e o interesse por temas ligados às relações internacionais começou aos 14 anos. “Meus pais se conheceram em Israel e nunca tiveram atuação comunitária relevante. No entanto, quando queriam que eu não entendesse a conversa usavam o hebraico em casa. A aliá foi consequência da minha decisão de estudar Relações Internacionais e o conflito israelo-palestino. No momento moro em São Paulo, mas pretendo retomar minha vida em Israel no futuro”, afirma o jovem formado pela IDC Herzliya, com especialização no Institute for Counter Terrorism (ICT) .

Por Magali Boguchwal

Em defesa da A matéria de capa de maio a respeito de Iom Haatzmaut contou com depoimentos de profissionais e voluntários envolvidos com a defesa de Israel no conflito com os palestinos. O quadro se completa agora, com a entrevista do jovem André Lajst

Hebraica – Desde a fundação do Estado, em 1948, a causa de Israel tem sido defendida no Brasil pelos shlichim (“enviados”, em hebraico), profissionais no tema, e também por voluntários. Como diretor do Instituto Brasil Israel, como você analisa esse trabalho? André Lajst – Não acredito que voluntários careçam da instrução necessária para atuar em prol de Israel. Existem shlichim muito bem preparados e outros menos, assim como voluntários na mesma condição. A questão é que, no Brasil, não há nenhum curso superior que lhes dê esses instrumentos. Esse conhecimento é obtido com literatura em hebraico ou inglês. Creio que existe no mundo uma deficiência em relação ao conhecimento do conflito palestino-israelense. Um professor israelense, Ben Dror Yemeni, afirma ser o conflito mais debatido e sobre o qual menos se sabe. Isso é no mundo todo. O Brasil é só um exemplo revelador de que, realmente, as pessoas têm uma opinião formada, mas dificilmente entendem ou têm formação para lidar com essas questões relacionadas ao conflito. Acho que deve haver uma união de forças entre as pessoas. Existem aquelas que conhecem a cultura brasileira e têm acesso a grupos no Brasil que podem ajudar nesse processo de diplomacia pública. Elas precisam ter a instrução técnica e acadêmica em relação ao conflito. Uma boa diplomacia pública é feita por uma junção de forças que dificilmente uma só pessoa vai ter. Qual é o maior desafio para a diplomacia pública israelense no Brasil e no mundo? Lajst – É preciso contextualizar fatos e situações históricas por meio da educação, de modo a que as pessoas entendam a complexidade do conflito e assim evitar que acreditem em notícias falsas ou que sejam doutrinadas por ativistas radicais, como se vê em relação ao movimento BDS (Boycott Divestment Sanction, criado com objetivo de isolar Israel) e outros extremistas que não aceitam a existência de Israel. Devemos incentivar o uso correto de informações obtidas por meio de estudos. O maior desafio está em atingir os corações das pessoas, especialmente dos jovens, dando-lhes informações para terem uma imagem real do país. Depois de tanto tempo, o que faz de Israel um país que ainda necessite de defesa, ao contrário de outros Estados recentemente constituídos ? Lajst – Israel não vive mais o perigo que existia

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nas décadas de 50, 60 e 70. É um país forte, com exército idem. Possui uma força aérea e um sistema de defesa muito superiores aos de países da região. Isso leva a que ele continue mantendo suas forças em função do terrorismo, aos grupos terroristas como Hezbolá, no Líbano, Hamas, em Gaza e eventuais problemas na Cisjordânia. O que faz Israel ainda necessitar dessa defesa é a ausência de paz na região, e mesmo com ela, vemos, em outros casos, na Ásia e na África que mesmo e paz, Israel manterá uma cultura de defesa, porque a confiança entre os países ainda será muito baixa. O senhor, que publica vídeos e textos na internet e participa de debates presenciais, acredita mesmo que o diálogo é, de fato, a melhor forma de combater o antissemitismo e os detratores de Israel ou é a repetição do discurso que silencia os grupos que trabalham contra Israel? Lajst – Acredito que o diálogo e a contextualização de fatos e da história são as melhores ações para combater o ativista radical. Quem odeia Israel e os judeus é um radical. O escritor israelense Amoz Oz afirma, em seu livro Como Curar um Fanático, que o bom humor é a melhor arma para curar o radical. A teoria da repetição serve para os que estão aprendendo. Dizem que se você vê a mesma palestra dez vezes, conseguirá decorar muito mais do que se ouvi-la só três vezes, mas para o outro lado isso não funciona. Eu não repito as coisas para que outro lado veja. Esse recurso é para aquelas pessoas que não entendem, as que estão em cima do muro, que possam ler, refletir e tirar conclusões. Poderia indicar um livro para quem se interessa em conhecer melhor o conflito entre Israel e os palestinos? Lajst – São vários livros interessantes. O melhor deles, hoje, é Um Estado, Dois Estados, de Benny Moris, ou The Case of Israel, de Alan Dershovitz. Há alguns mais antigos que contam a história do conflito árabe israelense, como o The Six Day War, de Michael Oren, ex-embaixador de Israel nos Estados Unidos. Passados 120 anos do Congresso na Basiléia, o sionismo e Israel ainda estão ligados? Lajst – Com certeza. Não há Israel sem sionismo, nem sionismo sem Israel. Estão interligados. É o que motiva milhares de aliot todos os anos. 19


CAPA

Por Magali Boguchwal

“Eu já conhecia o Dov de vista e por coincidência, ele embarcou na mesma viagem que eu. Naqueles três dias, nós conversamos e depois marcamos uma saída. O resto é história”, acrescenta. Ela acredita que sua história é igual a muitos outros jovens que construíram o grupo social e encontraram o par em meio às atividades cotidianas no clube. “Alguns são ligados a Escola de Esportes, outros ao teatro ou à dança folclórica. Depois vão para a faculdade, se entrosam em um novo ambiente, mas mantêm o clube como um ponto de encontro dos amigos da escola. Isso aconteceu comigo. Mesmo depois de casada, e agora com os meninos se iniciando na atividade esportiva e frequentando o Hebraikeinu, estou praticamente todos os dias na Hebraica e me sinto bem. Torço para eles seguirem integrados no Hebraikeinu. Aqui, eles encontram os amiguinhos da escola e se divertem bastante e quem sabe, construam sua vida social na Hebraica”, torce a nutricionista. Um casamento ocorrido no dia seguinte, exatamente em Lag Baômer (a única data do calendário judaico que permite comemorações entre as festas de Pessach e Shavuot),

As danças, saltos e

ALEGRIAS DO AMOR

A tradicional fogueira de /DJ %D{PHU reuniu famílias, grupos de amigos com histórias e rotinas ligadas ao clube. Segundo a tradição judaica, em /DJ %D{PHU, é interrompido, por um dia, um período de sete semanas em que as celebrações não são permitidas e os noivos aproveitam para realizar as bodas 20

num salão nas vizinhanças do clube, mostra que o desejo de Roberta pode se realizar. Felipe Lindenbojm e Nataly Cupersmid se conheceram no Hebraikeinu Jr, aos 4 anos, e seguiram juntos no movimento até onde a atividade profissional permitiu. A lista de convidados incluiu vários ativistas do Hebraikeinu, ex-dançarinos do grupo Carmel, muitos dos quais já se casaram ou estão em meio aos preparativos, como é o caso de Rafael Kabani e Daphne Hasbani, que dançam juntos desde o grupo Shalom. Segundo Nathalia Benadiba, que conheceu o marido e foi pedida em noivado durante um ensaio do grupo Carmel, o surgimento de pares é muito comum. “Acabei de ganhar um sobrinho, o Ariel, que é filho da Amanda e do David, que se conheceram na dança. Com certeza, ele vai seguir a tradição familiar e quem sabe, conhecer se apaixonar por uma colega de lehaká”, protefiza a tia. Ariel talvez não conheça a namorada, mas certamente será amigo de terceiro filho de Dália e José Langer, cujo nascimento está previsto para julho. Mesmo afastado do grupo Carmel há mais de uma década, Zé ocasionalmente participa de um show no acom-

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área em frente à Praça Carmel ficou lotada no final da tarde da véspera de Lag Baômer. Chefs famosas por sua especialidade na cozinha típica judaica ajudaram a repor as energias dos jovens, adultos e crianças, que cantavam e dançavam em volta da fogueira. Dov Bigio, a esposa Roberta e os dois filhos, Alan, de 9 anos, e Ariel, 6 anos, esticaram a permanência no clube depois do encerramento das atividades do Hebraikeinu, aproveitando o clima de alegria reinante até a última fagulha. Há alguns anos, Dov criou a Agenda WebJudaica (agenda@ webjudaica.com.br), plataforma digital para divulgação dos eventos na comunidade judaica. “Somos bastante ecléticos no que se refere a eventos sociais. Sinagogas, movimentos juvenis, entidades femininas e a Hebraica oferecem muitas oportunidades para as pessoas se encontrarem. É só querer”, observou Dov. “A história da família está aqui no clube. Nosso namoro começou depois que voltamos de uma excursão do Hebraica Adventure para Caconde. Antes disso, integrei grupos de dança até entrar na faculdade e já universitária me exercitava no Fit Center”, contou a nutricionista Roberta, durante o evento, sem tirar os olhos dos meninos.

QUANDO O PEQUENO ARIEL PUDER PASSEAR, AMANDA E DAVID CERTAMENTE PRESTIGIARÃO OS EVENTOS DO CLUBE 21


CAPA panhamento musical de alguma coreografia. Máquina fotográfica em punho, Dália é presença constante na plateia quando há um show de dança. “Eu dançava no Shalom, até que foi criado um curso de dança do ventre no mesmo horário e eu acabei optando pela novidade. Continuei ligada no pessoal da dança, mesmo quando eles mudavam de grupo. Eram meus melhores amigos. Comecei a fotografar torneios de tênis ainda muito nova e depois dos torneios eu encontrava com os dançarinos no final do ensaio e aí saíamos para comer. Um dia, consegui cumprir a promessa de fazer um churrasco no sítio para o pessoal da dança e um amigo me liga e pergunta se podia levar o Zé. Eu nem sabia quem era o Zé. Ele é cinco anos mais velho e quando eu dançava no Shalom ele já integrava o Carmel. E foi quando soube que o Zé tocava violão e achei legal se ele fosse. Lá, de cara, começamos a namorar. Essa história já tem quatorze anos e até hoje nossos amigos são os mesmos. O clube é muito importante para mim e acho que também para muita gente cujos filhos não estudam em escolas judaicas e vão criar amizades como eu, na dança, no teatro, nos esportes. Imagino meus filhos crescendo aqui e, quem sabe, criando um círculo de amigos bons como os que me acompanham até hoje”, completa a fotógrafa.

Lembrança do casal Henry e Adriana com Danielle aos 4 meses no Baile dos Namorados no Salão Nobre em 2003

Várias gerações Em seus 64 anos, a Hebraica foi “madrinha” de centenas de relacionamentos. Nos anos 70, a Diretoria criou um grupo chamado Jovem Hebraica, que promovia reuniões e viagens. Nos anos 80, o Clube 1.000, os movimentos Chevrat Neurim e Hebraikeinu, além de grupos de dança e teatro uniram muitos jovens. A frequência de jovens era tão grande, que em vários anos, a Hebraica promovia duas festas de Réveillon, uma para adultos e outra para os jovens, ambas com direito a buffet e atração artística. Luiz Flávio Lobel e Noemy se conheceram em meados dos anos 80, em um grupo chamado Jovens Profissionais, que reunia recém-formados e universitários que estavam afastados da comunidade e lhes oferecia palestras, viagens. “Nos conhecemos em uma palestra e nos demos bem desde o início. Nosso três filhos cresceram dentro do clube e os três fizeram amizades que se mantêm até hoje. Para mim, que já atuei como diretor de Juventude e em outros cargos, essa é uma grande satisfação”, conta Lobel. Era uma época em que os idosos, adultos casados, jovens casais, profissionais solteiros demandavam atividades segmentadas dentro de suas preferências. Nos anos 90, o grupo Single oferecia programações para uma fatia da comunidade que até ali carecia de pontos de encontros. Nessa época as viagens do Hebraica Adventure surgiram como uma opção original dentro das atividades oferecidas à época aos jovens da comunidade. 22

Raquel Tcherniakowsky conheceu o marido na dança e hoje acompanha a filha Maya nas atividades do grupo Parparim Dália e José construíram um ambiente social na Hebraica

“Queríamos divulgar o ecoturismo e ajudamos muita gente a desenvolver o gosto por esportes de ação como o rapel, canoagem e outros”, comenta Milton Cukierkorn, responsável pelo Adventure desde a sua criação. Hoje, o setor atende famílias como a de Dov e Roberta em um tipo diferente de viagem. “Às vezes, participamos do Adventure Family, que é uma viagem diferente daquela que fizemos quando solteiros, mas responde às nossas necessidades atuais”, comentou Dov. Os grandes shows e festas promovidos pelo Adventure nos anos 2000 são sempre lembrados pelos sócios, mas periodicamente a geração atual participa de festas organizadas para o gosto da geração atual, com open bar e música eletrônica. Dia 25 de junho, o Adventure promove a festa Circus, na Esplanada. Já os Jovens sem Fronteiras também organizam festas para divulgar as ações sociais e causas às quais se dedicam. A mais recente, Amaraté, foi realizada no final de maio, reunindo na Casa da Juventude parte do público que, em geral, prestigia os debates temáticos que recebem o nome de Aponte. Nos anos 1990 e 2000, a Hebraica promo-

Em seus 64 anos, a Hebraica foi “madrinha” de centenas de relacionamentos. Nos anos 70, a Diretoria criou um grupo chamado Jovem Hebraica, que promovia reuniões e viagens. Nos anos 80, o Clube 1.000, os movimentos Chevrat Neurim e Hebraikeinu, além de grupos de dança e teatro uniram muitos jovens

via o baile dos namorados no Salão Marc Chagall, com decoração especial, banda e jantar. Em 2003, Henry e Adriana Klein eram recém-casados e pais de Danielle, de quatro meses e trouxeram a pequena, para não perder a comemoração. Muitos anos depois, a Hebraica passou a oferecer um serviço infantil durante as festas para permitir que famílias inteiras participassem dos eventos. Este ano, os casais poderão comemorar assistindo a um show de uma banda que reproduz o som, gestual e figurino do conjunto Bee Gees e também uma noite de foundue no restaurante Casual 1.000. Ao longo dos anos, as diretorias do clube se adaptaram às mudanças sociais como, por exemplo, o aumento do número de pessoas que vivem sozinhas e mantêm uma vida social ativa muito depois da aposentadoria profissional. Elas frequentam festas, shows e exposições em grupos de amigos ou sem companhia. É o que pode acontecer em no show e no fondue marcados para o dia 10, ou seja, um público formado por casais e também por grupos de amigos em busca de diversão sadia Quem sabe nesses eventos a Hebraica se torna “madrinha” de novos casais?

EVENTO DUPLO Dia 10, a programação em homenagem ao Dia dos Namorados é dupla. No Teatro Anne Frank, às 21 horas, o grupo Bee Gees One, apresentará o show “The Best Hits 2017”, reproduzindo no palco alguns dos principais sucessos dos irmãos Barry e Maurice Gibb, inclusive alguns que os Bee Gees lançaram em versões de estúdio, mas nunca apresentaram ao vivo. Já no Casual 1.000, haverá uma Noite dos Namorados com fondue, incluindo música ao vivo, que comporá o ambiente ideal para colocar a conversa em dia ou reviver os melhores momentos do namoro. Os ingressos podem ser reservados separadamente ou em conjunto com um preço especial. Informações e reservas na Central de Atendimento ou pelos fones 3818-8888/8889. 23


ACONTECE

Vivian Schlesinger recebe autores que dialogam com seu público-leitor

“Não foi esse livro que eu li”, diz uma leitora após ouvir a troca de ideias no Clube de Leitura e reavaliar o que leu. O Clube de Leitura comemora a sua centésima edição com A Resistência, de Julian Fuks 24

leu e avaliou cem livros

chega ao centésimo livro com o romance A Resistência, de Julian Fuks. De acordo com o projeto, os grupos deveriam ter no máximo quinze pessoas, a mediadora indicar duas sugestões de livros que ela leu para o grupo escolher e um ano de fidelidade à editora parceira. Vivian incluiu autores, judeus, nacionais e estrangeiros como Philip Roth, Moacyr Scliar, Salman Rushdie, Amos Oz, Franz Kafka, Clarice Lispector, Isaac Bashevis Singer e Jorge Luís Borges. Atualmente, quinze filiados do Sindi-Clube aderiram ao projeto e Vivian agradou tanto que foi convidada pela Casa das Rosas, Clube Alto de Pinheiros, Associação Atlética Banco do Brasil, entre outros. Ela pesquisa livros, seu contexto e sugere os títulos aos frequentadores. A Hebraica tem dois grupos, cujos leitores muitas vezes participam das duas sessões quinzenais. Os que começam como ouvintes logo fazem parte. A atividade também tem o apoio da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein. “Por mais que me preparo, eu aprendo em todas as reuniões com as impressões das pessoas. Na Hebraica, o repertório de leitura está acima da média”, diz Vivian sobre os encontros, que “todos gostam porque abrem muitos horizontes, ao encontrarem uma literatura diferente.”

Aonde Vamos?

ENTRE CEM LIV V R O S, AUTO ORES DIV VERSOS

Como os leitores perguntavam a Vivian por que não convidar os autores para falar das obras, surgiu o encontro com o escritor. O então vice-presidente Social e Cultural, Sidney Schapiro, incentivou a iniciativa transformada em quatro encontros anuais, num intercâmbio com outros clubes, cujos sócios confraternizam na Sala Plenária da Hebraica. Já dialogaram com os associados Bernardo Kucinski, Berta Waldman, Luís Krausz, Michel Laub, Anita Novinsky, entre outros. O próximo encontro, de número 18, será no Espaço Gourmet, dia 10, e reunirá dois convidados: o escritor Jacques Fux, autor de Meshugá, e o psicoterapeuta e pesquisador em psicologia clínica José Alberto Cotta, estudioso de Imre Kertész, que escreveu Liquidação. Meshugá e Liquidação foram lidos e comentados mês passado no Clube de Leitura. (T. P. T.)

O

Clube de Leitura é um projeto do Sindi-Clube (Sindicato dos Clubes do Estado de São Paulo) em parceria com a Cia. das Letras e Academia Paulista de Letras, propondo a “participação de uma experiência especial para pessoas que gostam de literatura e curtem trocar ideias e impressões sobre o que estão lendo”. Em maio de 2002, a coordenadora da Universidade do Sindi-Clube, Maria Regina Canever Domingues, procurou a bibliotecária da Hebraica Eunice Lopes, oferecendo o projeto. Na época, a mediadora voluntária para levar a ideia adiante foi Débora Goldenberg, que fez o primeiro encontro com o livro Dois Irmãos, de Milton Hatoum. Na época, o diretor Cultural, Samuel Seibel, apoiou a iniciativa. Impossibilitada de continuar, Débora indicou Vivian Schlesinger, e desde agosto de 2012 o Clube de Leitura não parou mais, e neste mês, dia 24,

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ACONTECE

O dilema da escolha da Está programado para os dias 5, 6 e 7 deste mês, o Painel de Carreiras, evento dirigido especialmente aos alunos do ensino médio, que em breve terão de optar por algum curso na faculdade ou pretendem seguir outro rumo profissional

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É

grande o número de adolescentes na faixa dos 16/17 anos que frequentam o clube diariamente ou nos finais de semana, entre eles alunos da Escola Alef, do Centro de Música Naomi Shemer, atletas de alguma modalidade esportiva ou chanichim (orientandos) do Hebraikeinu, todos na contagem regressiva para o final do ensino médio e o momento de escolher a carreira profissional. Nos dias 5, 6 e 7 de junho esse público vai tratar exclusivamente do seu futuro profissional. Mais informações, no site www.hebraica.org.br. “Vamos debater carreiras, aptidões, técnicas e instrumentos para facilitar a escolha dos jovens, diante dos desafios do mercado de trabalho”, comenta a vice-presidente de Juventude Elisa Nigri Griner, também integrante de um grupo de mães dedicado à formatação desse evento desde o ano passado. A primeira etapa, dia 5, ficará por conta de três coachings educacionais, profissionais especializados na orientação de jovens em início de carreira. “A princípio, contamos com nomes como Daysi Navarro, Tiago Tamborini e Leo Fraiman para ajudar pais e fílhos a lidar com o conceito atual de carreira e encontrar os elementos que tornarão os jovens aptos a seguir aquela da sua escolha”, comenta Elisa. A segunda etapa, dia 6, colocará os adolescentes em contato com profissionais bem-sucedidos em suas carreiras “considerados grandes inspiradores, cujo trabalho repercute nas áreas biomédicas, tecnológica e de humanas. São empresários, CEO’s e profissionais liberais que conhecem a fundo não só a sua área, mas o funcionamento do mercado de trabalho”, comenta Elisa. Entre os convidados, ela cita Alê Frankel, da construtora Vitacon, e Sidney Klajner, presidente do Hospital Israelita Albert Einstein, entre outros. A etapa final, dia 7, será definida a partir das demandas dos jovens participantes, oferecendo-lhes contatos individuais com profissionais que atuam em suas áreas de interesse e com uma equipe de ativistas da Endeavour, ONG voltada ao estímulo ao empreendedorismo. “Creio que, com essa iniciativa, ajudaremos muitos jovens a diminuir a ansiedade em relação à carreira”, adianta Elisa. O estudante Rafael Blecher Klerer admite que está ansioso em relação à escolha da carreira. “Faço vestibular este ano e creio que vou me inscrever no curso de administração ou ciências econômicas, mas já quis ser ator, relações públicas, publicitário. Só recentemente comecei a pensar a respeito do papel do Brasil no mundo, trabalhar com investimentos em um banco. Isso porque visitei a sede da Bolsa de Valores em Nova York”, comentou o jovem. Para ele, o Painel de Carreiras chega na hora certa. “Acho muito importante a Hebraica promover um evento como o painel de carreiras, porque essa decisão sobre o futuro da carreira profissional, em plena adolescência, é muito difícil. É importante ter ajuda profissional, familiar ou de amigos para ajudar a refletir e chegar a uma resposta. Espero que muita gente participe”, explica. (M. B.)


ACONTECE

“Coexistência” é o título da próxima exposição na Galeria de Arte da obra de Sima Woiler. E como toda mostra da artista, tudo é uma surpresa. Sima criou trabalhos em lona de caminhão e trem, da conhecida marca Locomotiva

“D

esenvolvi um projeto que transforma lona de algodão em obras de arte”, diz a artista. E por que a lona? “Porque essa lona viveu muitos anos na estrada, percorreu milhares de quilômetros sob sol e chuva, provando sua resistência. Esse percurso a tornou testemunha de muitas histórias, e eu que trabalho com ela tenho a minha história, daí o título ‘Coexistência’ ”, completa. Sima foi a Paraty adquirir esse material, hoje escasso, substituído pela lona sintética. Grande, a lona é lavada, tratada, recortada e esticada no ateliê em chassis antes de se tornar a tela da artista. “È uma experiência única.” Os trabalhos expostos de 3 de junho a 4 de julho são fruto de dois anos de preparação e os últimos na arte contemporânea criados por Sima, “daqui para a frente, só aquarela”. Como sempre desde quando expõe no clube, a artista reserva uma tarde para trabalhar com o grupo Chaverim. Juntos, eles usam os pincéis para fazer arte, também uma forma de coexistência. Dia 21, às 19 horas, está marcado um “Diálogo com a Artista”, aberto ao público e sob mediação do curador Olívio Guedes. A surpresa serão os cadernos de lona costurados à mão por Sima de pontos largos, criativos, especialmente para a ocasião.

MÚSICA DE PRIMEIRA AO MEIO-DIA Dois shows para os fãs de boa música aos domingos no Show do Meio-Dia Dia 4, o grupo Alpacas no Teatro Arthur Rubinstein com “Mi Dor Le Dor”. Integrantes: Adam e Mark Diesendruck na bateria e percussão, André Fajerstajn de Almeida, clarineta, Bia Pacheco, saxofone, Liw Ferreira, violão, e Rogério Clementino, baixo elétrico. São jovens e talentosos músicos que dão tratamento diferenciado e olhar rejuvenescido, a canções e temas judaicos, antigos ou modernos. Direção musical e voz de Nicole Borger. No domingo seguinte, dia 11, apresentação na Praça Carmel, homenageando o Dia dos Namorados e, para isso, o “cancionista romântico” Marco Bernardo. É um músico eclético, que interpreta música erudita e popular. Bernardo prepara canções românticas em diversos idiomas, brincando com o sentimento do amor. 28

Cuschnir lança mais um livro Jeito de Falar - Como Entender o que Homens e Mulheres Dizem para Destravar o Relacionamento a Dois é o novo livro de Luiz Cuschnir que a Companhia Editora Nacional lança dia 11, na Hebraica. “Há características do jeito masculino e do feminino de se comportar. Entender o que homens e mulheres dizem – e sobretudo o que escondem na fala – é como compor uma música, traduzindo-a numa partitura”, segundo Cuschnir. Psiquiatra e psicoterapeuta há mais de quarenta anos, Cuschnir atende adolescentes, adultos, casais e famílias, é o idealizador e coordenador do Gender Group do Instituto de Psiquiatria do HC da USP e do Centro de Estudos da Identidade do Homem e da Mulher (Iden). Ele atua também em empresas discutindo o masculino e o feminino no ambiente de trabalho.

SÉRGIO MALANDRO no Centro Cívico

Os encontros matinais no Espaço Gourmet se tornaram opção bem aceita e o tema do próximo – “Envelhescência – será uma troca de ideias de tema muito atual

A

ssim como a adolescência prepara para a vida adulta, a envelhescência (período entre 45 e 65 anos) prepara para entrar na hoje chamada terceira idade, uma nova linha do tempo. Telma Kutnikas Weiss, palestrante do encontro, explica: “Com a revolução tecnológica e o avanço da medicina, a expectativa de vida e sua qualidade ganharam novas etapas, que nos levam a ter pela frente novos desafios, rever nossos valores, objetivos e limites. Refletir sobre esse novo lugar, no qual não somos nem mais jovens adultos e nem idosos, essa é a proposta desse encontro”. Isso vale para homens e mulheres. Telma tratará dos novos desafios da mulher nessa fase no trabalho, casamento, vida sexual, em como lidar com filhos adultos e pais idosos. Psicóloga e psicanalista, Telma vai trocar ideias com a plateia. Como sempre no Entre Amigas, o evento do dia 8, às 7h30, será acompanhado de café-da-manhã. Inscrições, na Central de Atendimento, fones 3818-8888 / 8889.

N

o foco desde os anos 1980, Sérgio Malandro se reinventa na stand up comedy e lota teatros pelo Brasil. Esse show será na Hebraica, dia 11, no Centro Cívico. Cita seu padrasto general, Xuxa, Marlene Mattos, Wagner Montes, Maradona, Jorge Benjor, Sílvio Santos. São histórias engraçadas e com a participação do público. Ingressos à venda na Central de Atendimento, fones 3818-8888/8889. 29


ACONTECE

É cada vez maior a plateia das sessões de cinema no Teatro Arthur Rubinstein. Muitos marcam encontros com os amigos e, no final do filme, experimentam a pizza na Praça Carmel. A seleção deste mês vai atender aos mais diferentes gostos

Como ser feliz na

A programação variada traz novos sócios para a Feliz Idade, onde passam horas agradáveis e fazem novas amizades

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M

ulheres do Século XX é uma história de mulheres e o feminino, com direção de Mike Mills. Dia 3, às 20h30, e 4, às 19 horas. Na tarde de domingo, dia 4, às 16 horas, um programa para todas as idades: A Bela e a Fera, com Emma Watson, Dan Stevens e Luke Evans. Dia 7, às 20h30 é a pré-estreia de Paris Pode Esperar. Direção de Eleanor Coppola, com Diane Lane e Alec Baldwin. No sábado seguinte, às 20h30, Norman: Confie em Mim. Norman faz amizade com Micha Eshel Lior Ashkenazi, carismático político israelense em má fase na carreira. Com Richard Gere, Michael Sheen e Dan Stevens. Quarta, dia 14, às 14h30 e 20h30, o mais recente filme argentino: O Cidadão Ilustre, com Oscar Martinez, Dady Brieva e Andrea Frigerio. Uma Garrafa no Mar de Gaza é uma espécie de avant-première do Festival de Cinema Judaico, quarta-feira, 21, às 14h30 e 20h30. Dia 24, às 20h30, como parte do Festival de Inverno, Julie & Julia, com Meryl Streep na Praça Carmel. Quarta-feira seguinte, dia 28, às 14h30 e 20h30, um dos indicados ao Oscar de Melhor Filme: Estrelas Além do Tempo. Um grupo de amigas, competentes, precisam lidar com o preconceito para ascender na hierarquia da NASA.

Eis a agenda do mês: dia 1o, na Sala Plenária, vídeo de André Rieu e orquestra; dia 3, sábado, nova visita ao Jardim Bíblico do Templo de Salomão, atendendo a pedidos, saíndo às 13 horas e retorno às 17 horas. Próximos eventos na Sala Plenária. Dia 8, o jornalista Jayme Spitzcovsky contará as “Atualidades de Israel”; dia 10, Sérgio Bider falará sobre Israel; e dia 17 o terapeuta floral César Suziganm traz o tema “Deslimite-se! Livre-se dos Pesos do Mundo”. Uma Saída Cultural dia 21: visita monitorada ao Theatro Municipal, com saída às 12 horas e retorno às 15 horas. Inscrições na Central de Atendimento, fone 3818-8888./8889. Dia 22, sessão de DVD e dia 24 o especialista buco-maxilar George Boraks, fala da “Saúde Bucal na Terceira Idade”. O mês termina com o almoço de despedida do semestre no Casual Mil, às 12 horas, R$ 45,00, com tudo incluído. E antecipando julho na Sala Plenária. Dia 1o. encontro com convidados do Fundo Comunitário para falar de “Israel, o Sonho que é uma Realidade”, às 14 horas. Dia 8, às 10 horas, reunião exclusiva para os turistas que viajarão a Cambuquira. Aproveitem as férias e retornem dia 3 de agosto para uma nova agenda.


COLUNA UM

Tania Plapler Tarandach imprensa@taran.com.br

AL LMOG NO CIAM

União em Iom Haatzmaut

Com esse título, vinte entidades judaicas comemoraram os 69 anos de independência do Estado de Israel, na Hebraica, e em outras entidades comunitárias com uma programação extensa e variada. O ato central, no Teatro Arthur Rubinstein, contou com a presença do embaixador de Israel Yossi Shelley, do cônsul Dori Goren, dos secretários Floriano Pesaro, Júlio Serson – representando Geraldo Alckmin e João Doria – e dirigentes das entidades, recebidos pelo presidente Avi Gelberg. O ponto máximo foi o megacoral de duzentas vozes, dos 7 aos mais de 90 anos, regidos pelo maestro Leon Halegua e o acompanhamento da maestrina Sima Halpern. Mais os solistas Regis Karlik, Marion Kullock e Gerson Herszkowicz. Contribuiu para o sucesso a parceria com o Consulado Geral de Israel, Agência Judaica, Conib, Fisesp, A Hebraica, Beth-El, B’nai B’rith do Brasil, Comunidade Shalom, CIP/Lar das Crianças, El Al, Fundo Comunitário – Keren Hayesod, Israel Bonds, Keren Kayemet LeIsrael/ KKL Brasil, Na´amat Pioneiras São Paulo, Residencial Israelita Albert Einstein, Sinagoga do Colégio Renascença, Unibes e WIZO São Paulo.

Seder inter-religioso Como todos os anos, a Casa de Reconciliação– Diálogo Católico Judaico e o Conselho de Fraternidade Cristão Judaico realizaram o “Seder Fraterno”, com a presença de mais de 150 pessoas, entre elas, líderes religiosos de diversas linhas. Foi no Salão Social da Paróquia Cristo-Rei, no Tatuapé, e todos juntos leram a Hagadá escrita por Moacyr Scliar (z’l) e entoaram canções da festa, antes do jantar com cardápio de Pessach. 32

“Agradeço a hospitalidade. Vemos pessoas sorridentes, aproveitando o ambiente, as atividades, as instalações. E para mim, como pai de um filho com deficiência severa que faleceu há dez anos, diz muito. Eu vejo o que os residentes fazem ao longo do dia, e desejo que vocês, Ciam, continuem a investir nas pessoas com deficiência, e lhes tragam mais alegria, e também às nossas vidas.” Assim Doron Almog definiu sua visita à Aldeia da Esperança, mantida pelo Centro Israelita de Apoio Multidisciplinar (Ciam). Almog, então comandante das Forças de Defesa de Israel, herói de Entebbe nos anos 1970, veio ao Brasil a convite do Fundo Comunitário e fez palestra no Teatro Arthur Rubinstein.

A nova diretoria do Centro Israelita de Apoio Multidisciplinar (Ciam) é constituída de Gabriel Harari (foto), presidente; Milton Clerman e Marcelo Muriel, vice-presidentes; Henry Nossig, secretário geral; Giselle Abuleak Levy, diretora administrativa; Suzana Mester Rosenblatt, tesoureira; Márcia Mello e Flávia Chwartzman, comitê técnico; Evelyn Elman, relações institucionais; comitê técnico. Anna Abuleac Schvartzman é a presidente honorária da instituição. A Comunidade Shalom criou um berçário para crianças de 6 a 24 meses. Conheça em www.facebook. com/bercarioshalom/. Os advogados Nelson Monteiro Junior, Wesley Siqueira Vilela e Galderise Fernandes Teles trataram das recentes decisões judiciais e o impacto na carga tributária, em encontro com empresários no anfiteatro do Banco Daycoval, numa realização da Câmara Brasil-Israel de Comércio e Indústria.

VP do Weiz zman nn em SP P Israel Bar-Joseph falou a respeito do “Instituto Weizmann: da Pesquisa Básica às Tecnologias de Alto Impacto”. O palestrante é vice-presidente da renomada universidade israelense e a realização foi dos Amigos do Instituto Weizmann do Brasil. Bar-Joseph participou do lançamento da bolsa de pós-doutorado para cientistas brasileiros “The Morá Miriam Rozen Gerber Fellowship”, merecida homenagem a uma das mais ativas e queridas professoras de escola judaica, formadora de vários líderes hoje ativos.

Conib e Fisesp no Museu Judaico

Octávio Aronis convidou e um grupo de ativistas da Conib e Fisesp visitou as obras do Museu Judaico de São Paulo. Roberta Sundfeld, diretora do Museu recebeu os visitantes e explicou o andamento da obra, os próximos passos, a museologia e a expografia do Museu que exibirá a trajetória histórica dos judeus no Brasil.

Rachel Worek contou histórias para mais de oitenta crianças da Creche Ieladim Reino dos Pequeninos. Ela foi uma das alunas do curso de contadores de histórias, realização de Na’amat São Paulo em parceria com o Senac-SP. Leoni Bien, Bela Talerman e Etla Adler, do Departamento da Criança/Ações Comunitárias da entidade dirigem a iniciativa. 33


COLUNA UM PARCERIA CONSULADO E FESTIVAL PATH

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Consulado Geral de Israel em São Paulo fez uma primeira parceria com o Festival Path, o maior evento de inovação e criatividade do país, para trazer ao Brasil os israelenses Avichay Cohen e Erez Yerushalmi, representantes da inovação israelense. A palestra de Cohen, consultor estratégico sênior, versou sobre “Empreendedorismo: o Elo Perdido da Inovação Organizacional” (https://www.festivalpath.com.de br/palestras/#palestrante-avichay-cohen-ma) e o empreendedor Yerushalmi falou de “Como Empreendimentos Triunfais e Grandes Líderes Podem Mudar o Rumo da História” (https://www.festivalpath.com.br/ palestras/#palestrante-erez-yerushalmi.

Envelh hecim mento o e se eus de esafios

Alexandre Kalache, presidente do Centro Internacional de Longevidade no Brasil, Sérgio Mamberti, ator, diretor e produtor cultural, Mara Luquet, comentarista da TV Globo, Globo News e rádio CBN, e o rabino Michel Schlesinger trocaram ideias com mais de 170 pessoas no Teatro Eva Herz da Livraria Cultura/Conjunto Nacional, enfocando a questão do envelhecimento e seus desafios, como parte do projeto Dilemas Éticos.

Einste ein promove ado em Congonhas simula

O

Simpósio Internacional de Gerenciamento de Resposta à Catástrofe do Hospital Israelita Albert Einstein terminou com o 3o. Simulado Integrado das Forças Públicas e Privadas da Cidade de São Paulo. Cerca de 350 integrantes de diversas organizações atuaram no exercício do atendimento a acidente aéreo com cem vítimas. Em parceria com a Infraero e a Latam Airlines Brasil, o exercício foi realizado junto ao antigo hangar da Vasp, no Aeroporto de Congonhas com a simulação da explosão de uma turbina de um Airbus A319 após o pouso. Cem voluntários fizeram o papel de vítimas e foram socorridos segundo os protocolos de retirada de emergência de passageiros. 34

Nicole Borger voltou a Nova York, após as apresentações no final do ano passado, para dois espetáculos com o show Raízes/Roots – Jewish Music Reinvented as Brazilian Song. Dessa vez, a psicóloga Mônica Gutmann desenvolveu o tema “Luzes e sombras que projetamos no dinheiro, o jogo do banco imaginário”. Foi no espaço da Palas Athena. “Meio ambiente e propriedade da terra são os setores com piores resultados em relação à disponibilidade e qualidade de dados”, afirma Ariel Kogan, diretor-executivo da Open Knowledge Brasil, no lançamento do Open Data Index, iniciativa da sociedade civil em levantamento realizado em parceria com a FGV-DAPP. “A Pureza é um Mito” foi uma das palestras durante a exposição “Forma, Processo e Prática Política: Experiências Críticas e Alternativas na Arquitetura Brasileira”, por Paola Berenstein, com mediação de José Lira. Hematologista da BP Mirante, unidade hospitalar Premium da Beneficência Portuguesa de São Paulo, Phillip Scheinberg teve artigo publicado no New England Journal of Medicine, a respeito de anemia aplástica, doença hematológica grave provocada pela falha da medula óssea em produzir células sanguíneas. Continuando seu objetivo de divulgar as lições dos sobreviventes do Holocausto para superar crises, Márcio Pitliuk falou na Associação Comercial de São Paulo, a respeito de “Superação e Determinação”, provocando muitas perguntas dos ouvintes. Diretor do Instituto Brasil-Israel (IBI), o israelense/brasileiro André Lajst falou na sinagoga Knesset Israel acerca de “O Passado, o Presente e o Futuro de Israel como um Estado Judeu e Democrático”.

TER RPIN NS, PRESIDENTE HON NORÁRIO DO CJL Durante encontro em Nova York, com 63 delegados de 21 países da América Latina e Caribe, Adrián Werthein foi eleito por unanimidade presidente do Congresso Judaico Latino-Americano (CJL), após várias gestões de Jack Terpins, agora presidente honorário da entidade. Fernando Lottenberg é vice-presidente e Cláudio Lottenberg o assessor especial da Presidência na nova diretoria. Convidado por Ronald Lauder, presidente do Congresso Judaico Mundial reeleito para mais um mandato, Terpins comporá o Comitê Permanente da entidade mundial, junto com Chella Safra, tesoureira do WJC (sigla em inglês). “Vivemos em um mundo convulsionado, que nos obriga a pôr todo nosso esforço na erradicação da violência e intolerância. Levaremos essa tarefa adiante como judeus, em defesa do pluralismo, da liberdade e dos Direitos Humanos”, afirmou Werthein em sua posse.

Israel no Conjunto Nacional Como parte das comemorações dos 69 anos da independência do Estado de Israel, a exposição fotográfica “(COM) TRADIÇÃO – Histórias Visuais Contemporâneas de Israel” foi vista no Conjunto Nacional, na Avenida Paulista, com vinte fotos do fotógrafo brasileiro Agê Barros, mostrando os contrastes entre Jerusalém, Haifa e Tel Aviv. “Como fotógrafo foi certamente um dos destinos mais interessantes que já pude conhecer”, disse Agê, convidado do Consulado Geral de Israel em São Paulo para conhecer o país.

Instalado o Fórum Interreligioso “A instalação desse Fórum é a mais importante ação que podemos fazer para unir a sociedade paulista e, assim, damos um exemplo para o Brasil na linha de frente do enfrentamento e combate à intolerância religiosa. Alguém pode perguntar: ‘precisa?’. Sim, infelizmente, precisa”, disse Geraldo Alckmin ao empossar os 101 membros, titulares e suplentes do Fórum Interreligioso de São Paulo. Os rabinos Michel Schlesinger e Alexandre Leone representam a comunidade judaica.

KKL PRESENTE EM FÓRU UM IN NTERNACIONAL O KKL – Fundo Nacional Judaico participou, em Nova York, do 12o Fórum das Nações Unidas sobre Florestas, do qual participaram os países membros, observadores e organizações relacionadas à silvicultura. Johannes Guagnin, coordenador de pesquisa e relações externas no Departamento Florestal do KKL, representou Israel no encontro.

Durante o XI Congresso da Associação Brasileira de Imprensa de Mídia Eletrônica (Abime), Ovadia Saadia foi homenageado por sua atuação frente à Apacos SP e Febracos Brasil, entidades que congregam a mídia de colunistas sociais estaduais e nacionais. O empreendedor Ernesto Haberkorn e Caio Klein, diretor da SkyOne Cloud Solutions, estavam entre os conferencistas do ERP Summit, o principal evento em planejamento de recurso corporativo, sistema de informação que integra e unifica todos os dados e processos de uma organização. Aluna do segundo ano do ensino médio no Colégio Dante Alighieri, Juliana Martes Sternlicht ganhou uma bolsa para o Sci Tech (International Summer Program) no Instituto Technion, em Israel, pelo trabalho “Melanoma Estressado: Tratamento do Melanoma Humano Através da Indução de Estresse Oxidativo”.

Paulo Cézar Meira de Vasconcellos é o novo embaixador do Brasil em Israel. Seu currículo: primeiro-secretário e conselheiro na embaixada do Brasil em Washington, cônsul-geral adjunto no consulado geral em Nova York, conselheiro na embaixada em Ottawa, Canadá, embaixador na Tailândia e nos Emirados Árabes Unidos. Nancy Rozenchan (USP) e Lyslei de Souza Nascimento (Ufmg) são as coordenadoras do X Congresso Internacional da Abralic 2017. Com o tema “Textualidades Judaicas Contemporâneas”, o seminário será realizado de 7 a 11 de agosto, no Rio de Janeiro. 35


COLUNA UM Debate na Unibes Cultural Os jornalistas Duda Teixeira (Veja) e Betina Anton (“Jornal Hoje”, Rede Globo) participaram, em Israel, da mais recente edição do curso ‘Os Meios de Comunicação para a Paz em Zonas de Conflito”, dirigido a profissionais da América Latina. Em um encontro na Unibes Cultural, os profissionais relataram a importância dessa experiência para cobrir a realidade na região. O encontro foi mediado pelo jornalista Lourival Sant’Anna.

LANÇ ÇADO LIVR RO DE SCL LIAR R O médico e escritor Moacyr Scliar (z’l) escreveu crônicas sobre vários temas da vida judaica reunidos, agora, no livro A Nossa Frágil Condição Humana. Neste ano em que Scliar completaria 80 anos, a Livraria da Vila e a Companhia das Letras realizaram uma mesaredonda, reunindo os professores Berta Waldman e Saul Kirschbaum, o jornalista Sérgio Dávila e a atriz Ilana Kaplan, que leu crônicas de Scliar.

Yad Vashem em exposição “Lembrar e Honrar” ficou em cartaz na Biblioteca Pública Alceu de Amoroso Lima a partir de conteúdo do Museu do Holocausto de Jerusalém – Yad Vashem. Com conteúdo publicado pela revista Shalom, realizadora da mostra.

No Auditório do Masp, Michel Melamed dirigiu Monólogo Público, aplaudido por sua interpretação. A vida do pintor e arquiteto Emile Tuchband (z’l), assistente de Marc Chagall na elaboração do teto da Ópera de Paris, é mais um dos livros biográficos escritos por Jacob Klintowitz. Senhor de Dois Mundos foi lançado durante a abertura da exposição na Faap em parceria com o Instituto Olga Kos, que assim comemorou dez anos de dedicação à inclusão cultural.

OBJETOS QUE CARREGAM HISTÓRIA AS O consulado geral da República Federal da Alemanha e o Goethe-Institut receberam Elke-Vera Kotowski, do Centro Moses Mendelssohn para Estudos Europeus-Judaicos, da Universidade de Potsdam, para uma palestra a respeito de “o que me sensibiliza, objetos que contam histórias familiares”. Parte do projeto “Objetos Digitais do Exílio”, uma forma de saber o valor simbólico que se esconde nesses objetos, qual a importância da terra natal, lembranças e como se altera o significado para os donos antigos e os atuais.

“SHTISEL” É TESE NA USP Bruno Szlak, ex-diretor da Hebraica é agora doutor em Letras, ao defender a tese “Shtisel: a Ortodoxia Judaica Chega à Televisão”, na área de Língua Hebraica, Literatura e Cultura Judaicas do Departamento de Letras Orientais da FFLCH da USP, com a orientação de Marta Topel. Analisando a série “Shtisel”, produzida para a TV israelense, Szlak procura mostrar dois fenômenos contemporâneos que se entrecruzam e convergem em Israel: a disseminação e a importância das séries televisivas e a visibilidade adquirida pela ortodoxia judaica na sociedade do país a partir dos anos 1990. O autor busca os mecanismos que levam à identificação de audiências diversas, pelo mundo, com um grupo tão específico como esse e a expansão de um cinema de comunidade, produzido por e para judeus ortodoxos. 36


por Magali Boguchwal

CONTAGEM REGRESSIVA PARA A

De 4 a 18 de julho, as comunidades judaicas do mundo inteiro estarão com a atenção voltada para Israel, onde milhares de atletas disputarão a XX Macabíada, o terceiro evento esportivo em número de participantes do mundo

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Foto Roberto Setton

ACONTECE

“N

o ano que vem em Jerusalém.” Centenas de milhares de famílias encerram seus sedarim de Pessach com esta expressão”, que representa o sonho da redenção do povo judeu. Para trinta mil de pessoas, em sua maioria judeus vindos de oitenta países, esse desejo se realizará ainda em 2017, mais especificamente no início de julho quando será realizada a XX Macabíada, o maior evento esportivo judaico e o terceiro em número de participantes no mundo. No entardecer do dia 6 de julho, no Kollek Stadium, em Jerusalém, as delegações desfilarão na cerimônia de abertura do evento e para dez mil atletas amadores, dos quais quinhentos brasileiros, o sonho de disputar a Macabíada se inicia diante de uma plateia composta por moradores da cidade, turistas ocasionais e também aqueles que escolheram estar em Jerusalém especialmente para o evento. Uma vila olímpica totalmente equipada para diferentes modalidades esportivas foi erguida em Haifa, de forma a estimular o contato entre os atletas da categoria junior, mesmo quando não estiverem competindo. “É um projeto arrojado, que supera o Instituto Wingate, que centralizou as atividades da categoria junior em 2013. Nesta edição, somente os jogos de polo aquático e as provas de natação serão realizados lá. Todos os outros esportes serão realizados em Haifa”, explica Dório Feldman, diretor da Confederação Brasileira Macabi. A Macabíada acontece a cada quatro anos, no intervalo entre as olimpíadas, e guarda algumas semelhanças com o evento promovido pelo COI (Comitê Olímpico Internacional). A tocha percorre vários países e às vésperas da Macabíada é recebida com pompa e circunstância. As cerimônias de abertura e encerramento incluem desfiles das delegações uniformizadas e os finalistas recebem medalhas. A tocha macabeia percorreu vários países e dois dias antes da abertura será transportada de Tel Aviv a Jerusalém, onde uma pira arderá até o final do evento. Na lista das diferenças, uma das mais importantes é que todas as Macabíadas são realizadas em Israel, já que um dos seus objetivos é reforçar a centralidade do Estado judeu em relação às comunidades judaicas radicadas em outros lugares do mundo. O evento é realizado sob os auspícios da União Mundial Macabi (Maccabi World Union). Em um ciclo de quatro anos, as federações que representam o Movimento Macabeu realizam jogos regionais e mobilizam as comunidades locais e continentais. No entanto, a Macabíada é o evento principal do calendário esportivo macabeu e é uma honra trazer, a cada edição, uma delegação maior.

O desfile das delegações na cerimônia de abertura da Macabíada é um dos momentos inesquecíveis do evento

“Em 2013, o Brasil levou trezentos atletas e acompanhantes. Este ano, o objetivo é levar quinhentos e estamos trabalhando firme para isso”, afirma Avi Gelberg, presidente da Macabi Brasil (Confederação Brasileira Macabi). “Eis outro aspecto que separa a Olimpíada da Macabíada. Cada país se esforça para levar os melhores atletas da sua comunidade e também aqueles que desejam disputar em sua modalidade são bem-vindos à competição. Na XIX Macabíada, um grupo de jovens representou o Brasil no polo aquático feminino e mesmo tendo ficado fora do pódio, muitas delas já treinam para enfrentar as americanas e israelenses, que jogam para valer.” Dos 14 aos 90 anos, judeus que praticam esportes se espalham pelas diferentes cidades israelenses para disputar medalhas em esportes coletivos como basquete, futebol, rugby e individuais como natação, judô,

golfe e outras modalidades. O regulamento pede um mínimo de três equipes para validar a modalidade na tabela de competições. David Guedes Gelhaar e Yago Pekelman estão na lista dos nadadores que representarão o Brasil na categoria junior. “Vou completar 14 anos quando estiver em Israel”, comemora David que, juntamente com Yago, integra a equipe infantil da Hebraica. Yago nada crawl em longas distâncias e não vê a hora de embarcar. “Já é emocionante disputar uma competição aqui em São Paulo, imagina um evento internacional”, compara o garoto. Ingrid e Alex Solomon também vão representar a natação brasileira na categoria master. Aos 70 anos, Ingrid disputará a primeira Macabíada. “Não treino há mais de quarenta anos e em abril decidi retomar a atividade sob a orientação da técnica Adriana Silva, no horário do final da tarde. Ela me contou

Em um ciclo de quatro anos, as federações que representam o Movimento Macabeu realizam jogos regionais e mobilizam as comunidades locais e continentais

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ACONTECE JOVENS TERÃO EM HAIFA UMA VILA COM EQUIPAMENTOS ESPORTIVOS E LOCAIS PARA SE DIVERTIR E ENTRAR EM CONTATO COM DELEGAÇÕES DE VÁRIOS PAÍSES

ATLETAS DE GINÁSTICA ARTÍSTICA COMPETEM EM UM GINÁSIO SITUADO EM TEL AVIV

sobre a Macabíada e me incentivou a participar, já que eu tenho os três requisitos principais, sei nadar, sou mulher, judia e ela é muito motivadora e me garantiu que em poucos meses eu estaria pronta. Vou nadar as provas de nado livre, costas e peito. Claro que só farei isso porque meu marido também aderiu ao projeto”, conta Ingrid. Alex não é propriamente um novato em macabíadas. “Na Macabíada Bar-Mitzvá, em 1989, eu joguei bridge”, conta ele, que é autor de vários romances. “Estivemos em Israel em viagem de turismo no ano passado, então queremos mesmo sentir a emoção das cerimônias de abertura e todo o clima macabeu”, completa ele. Assim como Yago e David, atletas do judô, futebol, basquete, esgrima disputarão a Macabíada Jr., na estrutura montada em Haifa, totalmente equipada para as competições e atividades de lazer como shows, festas e outros eventos de integração. Nos últimos quatro anos, o Macabi Brasil realizou competições e divulgou o movimento macabeu nas comunidades judaicas do país. Agora equipes formadas por atletas de vários pontos do Brasil fazem 40

Excursões fazem parte da programação da Macabíada para todas as delegações

treinos conjuntos em Porto Alegre, Rio de Janeiro e São Paulo. A natação deve contar com quatro atletas vindos dos Estados Unidos. “Eles treinam lá, mas vão representar o Brasil”, explica Guilherme Georgi, técnico que seguirá com a equipe de natação na XX Macabíada. Todos os atletas da categoria junior se hospedam em hotéis da região e contam com linhas de ônibus que os levam para treinos e competições. Nos períodos livres, participam de excursões pelo país. Tudo dentro de critérios estritos de segurança e sob supervisão de adultos. As excursões são semelhantes para todas as delegações, então pode acontecer de os brasileiros encontrarem os atletas da África do Sul, cada grupo com guias em seus idiomas. “Atletas do open e master têm acesso às mesmas excursões que os do junior, mas, como adultos, gozam de mais autonomia”, esclarece Dório. Depois de alguns dias partilhando os refeitórios, áreas de descanso e entretenimento na vila esportiva em Haifa, as amizades nascem, especialmente porque existe um interesse mútuo na troca de uni-

formes, broches e bonés. Para os atletas do open, o esquema é diferente. Os atletas se hospedam perto dos locais onde farão a maioria dos jogos, ou seja, haverá atletas do Brasil em Tel Aviv, Jerusalém, Haifa e outras cidades. Como são comuns casos de famílias com atletas nas duas categorias, nas arquibancadas se misturam adultos e jovens com as cores dos seus países. A página da XX Macabíada (www.maccabiah.com) traz a agenda de eventos, como, por exemplo a homenagem à delegação australiana por ocasião do vigésimo aniversário da morte acidental dos atletas daquele país durante a XV Macabíada. A tabela de jogos ainda demora a ser divulgada, uma vez que as inscrições ainda estão abertas. O Brasil disputará nas modalidades de atletismo, basquete masculino (junior), esgrima, futebol (categorias + 45, + 35, feminino junior e open, sub-16 sub-18, futsal (open, sub-16 e 18), ginástica artística, judô, meia maratona, natação, polo aquático, tênis de mesa, tênis de campo, triatlon, vôlei de praia (junior e open), vôlei (junior, open feminino e open masculino). Na secretaria do Macabi Brasil, o fluxo de interessados em fazer parte da delegação do Brasil foi grande. É comum os atletas do open viajarem acompanhados da família ou muita gente programa a viagem para Israel na época da Macabíada e assiste às cerimônias de abertura e encerramento da arquibancada. E aqui vai a opinião desta repórter, que acompanhou a XIX Macabíada. O panorama que se tem do centro do Kollek Stadium, durante o desfile das delegações, é inesquecível. É ali que se mistura o orgulho de ser brasileiro e o amor a Israel. Murilo Santos, coordenador de natação na Hebraica e veterano de quatro macabíadas, também recomenda a experiência. “Todos devem ir à Macabíada, pelo menos uma vez. É a Olimpíada da comunidade judaica e não há emoção que se compare e olhe que eu estive como voluntário na Rio 2016. Vale a pena”, recomenda. 41


ESPORTES

No primeiro evento realizado na Hebraica desde a criação da Liga de Polo Aquático Brasil (PAB), ano passado, o clube premiou os atletas com a programação ideal para forjar amizades entre os atletas sub-13 de times adversários

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hamada de Copa PAB Sub-13, a competição reuniu dez clubes esportivos de São Paulo e do Rio de Janeiro, a maioria fundadores da Liga de Polo Aquático Brasil (PAB), criada depois de os clubes se desligarem da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (Cbda) ainda em 2016. “A Sociedade Harmonia de Tênis participou como convidado, e isso foi muito bom”, afirmou o coordenador da modalidade e vice-presidente do Conselho de Técnicos da PAB Adriano Silva. Como representante do clube anfitrião, o vice-presidente de Esportes, Fábio Topczewski recebeu cumprimentos e elogios, depois de quatro dias de torneio. A primeira etapa da Copa envolveu clubes que mantêm equipes mistas e essas torcidas experimentaram o acesso aberto da Esplanada para a piscina semi-olímpica, que atraiu também sócios normalmente pouco interessados numa partida de polo aquático. O Sesi venceu esta etapa, assim como a masculina, disputada nos três dias seguintes. Atletas do Paineiras do Morumbi e do Tijuca também subiram ao pódio. A Hebraica disputou a etapa masculina e ficou em quinto lugar. “Os garotos jogaram com muita garra e dá para enxergar nessa garotada uma futura geração de bons jogadores de polo. Precisamos

lembrar que um dos nossos garotos, Leon Finkelstein, foi relacionado entre os atletas da seleção do torneio, o que me deixa muito orgulhoso”, aposta Adriano. Em quatro dias, o evento mobilizou 150 atletas em 33 partidas, teve 58 gols e com o apoio do Departamento Geral de Esportes e dos dirigentes da PAB, a equipe de técnicos de polo aquático da Hebraica cuidou para que a Copa fosse uma experiência completa para todos os envolvidos. Além do acesso extra à piscina, pois, em geral, todos entram pela portaria do Parque Aquático, os garotos participaram de uma pizzada após as competições do sábado com direito a vídeos das equipes no telão e à presença do atleta olímpico Rudá Franco. “Há muito tempo muito tempo não via um campeonato de categoria assim. O mais importante não é ganhar nem perder, é fazer amigos. Nem todos se tornarão profissionais do polo aquático, mas terão o esporte no coração”, declarou Franco à pagina oficial da PAB na internet. Ele acompanhou as partidas finais, conversou e posou para fotos durante a pizzada. Na segunda-feira seguinte ao evento, Adriano Silva distribuiu bombons agradecendo aos funcionários da terceirizada Única, do apoio esportivo e recepcionistas do clube. “É a minha forma de dividir a satisfação, depois de tanto esforço. Ainda saboreio os elogios que eu e meus colegas recebemos no domingo”, avalia Adriano. (M.B.)

ECOS DA COPA PAB SUB-13

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comum as avaliações dos eventos esportivos com a participação de crianças ou adolescentes serem feitas diretamente aos técnicos e dirigentes dos clubes que representam, mas a Copa PAB despertou em muitos o desejo de deixar as impressões por escrito e dirigi-las à diretoria da Hebraica, clube anfitrião. Uma delas partiu de uma mãe emocionada. “Parabéns a Adriano Silva, PAB e Hebraica, foi um lindo evento. Muito show mesmo. Muito bom ver esta molecada feliz, independentemente se são rivais dentro da piscina. O importante é que, fora dela, formam uma grande família. Eu fico muito orgulhosa de ver meus dois filhos fazerem parte desta grande família”, assinou Geni Crivelari. Outra mensagem resumiu o sentimento geral “Sabe o que está diferente? O clima, o bom astral, o prazer e a alegria de todos envolvidos: técnicos, atletas, dirigentes, juízes, mesários”, escreveu André Quito Raposo. Para completar, uma opinião materna: “Parabéns. Foi muito bom. Eu, de longe, aqui do Rio de Janeiro, fiquei muito satisfeita com toda atenção dada. Fizeram uma mãe feliz”, foi a mensagem enviada por Jaqueline Martino.

RU UMO À MACABÍÍAD DA Sempre há movimento na piscina semi-olímpica nas tardes de domingo e desde o início de maio ele ficará ainda maior em razão dos treinos das equipes sub-17 e adulta, em julho, na Hebraica, para a Macabíada Mundial. No Dia das Mães, vários ex-atletas com experiência na seleção brasileira e em equipes internacionais uniram-se à equipe técnica da Hebraica e orientaram os atletas. “Cada especialista em uma posição treinou diretamente com os garotos que estarão em Israel, mostrando movimentos e técnicas importantes para melhorar o desempenho. Além do aprendizado, valeu pelo apoio que recebemos. Nós, do polo, vamos lembrar desse dia quando estivermos competindo em Israel”, observou o coordenador da modalidade, Adriano Silva. 43


ESPORTES INTERCÂMBIO O DE GIN NÁSTIC CA ARTÍS STICA Vinte e quatro alunos do Colégio Rio Branco visitaram a sala de ginástica artística para conhecer e experimentar o treinamento com aparelhos oficiais. Participaram de um intercâmbio com atletas da modalidade, especialmente Alexandre Kira, que representará o Brasil na Macabíada Mundial. Ele fez uma demonstração de algumas rotinas de exercícios no solo e no cavalo com alças. De resto, o intercâmbio envolveu os alunos do fundamental I e do pré- competitivo do clube, orientados pelos técnicos Fábio Zuin e Marcelo Soufia.

FUTSAL No final de abril, as equipes de futsal estrearam em casa, no Campeonato Interclubes 2017, promovido pelo Sindi-Clube. Os primeiros adversários foram as equipes do Ipê Clube, um dos mais fortes no certame. Vitória para o Ipê no jogo do sub-11 pelo placar de 3 x 2. Já a partida do sub-13 foi eletrizante, com vitória para os anfitriões por 3 x 1. Os jogadores do sub-15 venceram os visitantes por 4 x 0.

TORNEIOS EXTERNOS

Os alunos de xadrez disputaram o II Interescolar de Xadrez do Colégio Santa Cruz em abril e trouxeram para o clube dois títulos na mesma categoria. Felipe Rotenberg e Alexandre Finkelsztain subiram ao pódio como campeão e vice na categoria sub-8. Jeferson Pereira, do projeto da Unibes, foi vice-campeão na categoria. Ainda em maio, Alexandre Finkelsztain ficou em segundo lugar na categoria sub-8 no I torneio Infantil do Colégio Pentágono.

QUATRO EQUIPES

Os alunos de jiu jitsu do clube participaram de uma aula conjunta e trocaram informações com colegas de modalidade do Esporte Clube Pinheiros, Clube Paineiras do Morumby e Club Athletico Paulistano. Foi uma iniciativa inédita que partiu dos professores das quatro agremiações e totalizou cinquenta atletas, incluindo alguns faixas-preta da modalidade. (M. B.) 44


COSTUMES E TRADIÇÕES

Por Joel Faintuch

O INIMIGO DO Os judeus nunca sentiram falta de inimigos, opositores, detratores e perseguidores. A tal ponto, que quando alguma autoridade se manifestava com generosidade e simpatia em relação ao judaísmo, as pessoas ficavam sem graça e sem saber como reagir

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sto era particularmente verdadeiro para a geração do Holocausto, a qual havendo sofrido as piores atrocidades imagináveis, tornou-se virtualmente descrente da Humanidade. A Torá, claro, está repleta de tribos e povos que declararam guerra aos israelitas por razões geopolíticas, estratégicas ou religiosas. O Oriente Médio todo, aliás, guarda vestígios e ruínas dos grandes impérios, desde a Antiguidade até o século XX, que sem exceção ambicionavam o máximo de terras e objetivavam submeter o maior número de nações possível. Em meio a tantas alternativas, nomear um inimigo do Talmud é tarefa complexa. Basta lembrar que desde o papa Paulo IV ( 1476-1559), o Talmud é listado pela igreja no Index Expurgatorius (“Livros Proibidos”). A Bula “Cum nimis absurdum” (“Como é um absurdo”), de 1555, resultou na destruição das cópias do Talmud, segregação dos judeus em guetos, fechamento de sinagogas, proibição de todas profissões exceto as mais humildes, e outras crueldades. Apesar da variedade de opções, os estudantes de yeshivá (seminário rabínico), conhecem na ponta da língua a expressão “apikoros”, como sinônimo daquele que nega a religião, ou especificamente o Talmud. A origem é a Mishná, tratado Sanhedrin capítulo 10, designando como tal os que rejeitam a Torá, seus representantes e ensinamentos. O termo foi vinculado pela Mishná ao aramaico, no entanto trata-se claramente de expressão grega, subordinada a Epicuro de Samos (370–270 antes da Era Comum). No epicurismo, doutrina que este filósofo propôs, a prioridade do ser humano é buscar a felicidade. Atualmente, a ênfase é apenas sobre o prazer proporcionado por alimentos e bebidas, sendo epicurista sinônimo de “gourmet”. No entanto, na Antiguidade buscava-se a exaltação do corpo e dos sentidos. Tal doutrina foi disseminada e amplificada pela cultura helênica, dominante em Israel e países vizinhos desde a conquista de Alexandre, o Grande (356-323 aEC), contemporâneo de Epicuro, estendendo-se pelos cinco séculos seguintes, e mesclando-se à cultura romana

subsequente. Abrange exatamente o período talmúdico, em que a Mishná e a Gemará, que consistiam unicamente em tradição oral (“Torá sheb’aal pé”, ou “Torá falada”), foram codificadas e ganharam forma escrita. O primeiro capítulo do Livro de Ester, lido na festa de Purim, narra o superlativo banquete oferecido pelo rei Achashverosh (Assuero ou Xerxes I, 518-465 aEC), em homenagem à primeira esposa Vashti. Foi uma festança das mais epicuristas, e dela também participaram líderes da comunidade judaica. Segundo alguns comentaristas, por este motivo aquela geração foi punida pelo advento do cruel vice-rei Haman, que por pouco não aniquila todos os judeus do império persa. A ideologia era uma antítese dos ensinamentos talmúdicos, que relegavam os prazeres terrenos ao segundo plano. Para o judaísmo, alegria, diversão e felicidade não são proibidas. No entanto, o grande objetivo das criaturas deveria ser a elevação espiritual, o estudo dos textos sagrados e a prática de boas ações. O corpo, os sentidos, os alimentos, são relevantes mas acessórios, possibilitando aos indivíduos levar uma vida digna e agradável, enquanto se dedicam ao aprimoramento pessoal, intelectual e religioso . O hassidismo, movimento iniciado pelo rabino Israel ben Eliezer, o Baal Shem Tov (1700-1760 ), tinha como lema “ivdu et Hashem besimchá” (“sirvam ao Eterno com alegria”, Tehilim/Salmos capítulo 100). Em sendo a filosofia de Epicuro intrinsecamente materialista, talvez a primeira da História com esta característica, ela jogava por terra o idealismo que os sábios talmúdicos tanto defendiam. Quem venceu o embate? Felizmente o Talmud sobrevive e encontra discípulos nas distintas comunidades judaicas do planeta. Epicuro não deve estar se lamentando muito. Nunca o materialismo, o hedonismo e a valorização dos prazeres terrenos encontraram tantos adeptos como atualmente. Um milionário judeu todo ano oferecia uma festança para amigos, clientes e par-

Quem venceu o embate? Felizmente o Talmud sobrevive e encontra discípulos nas distintas comunidades judaicas do planeta. Epicuro não deve estar se lamentando muito. Nunca o materialismo, o hedonismo e a valorização dos prazeres terrenos encontraram tantos adeptos como atualmente

ceiros comerciais, em sua cinematográfica mansão. Muito chegado a Epicuro e pouco ao Talmud, tinha todos os prazeres que se possa imaginar: boa comida, melhor bebida, show com artistas famosos, exageros de música, dança e diversão. Contudo, o milionário aos poucos foi ficando enfadado, e passou a quebrar a cabeça a respeito de como fazer a festa mais inesquecível ainda. Ele buscava emoções fortes, algo jamais visto. No ano seguinte decidiu colocar um feroz jacaré feroz na piscina, e avisou os amigos: – Quem pular na água e nadar até o outro lado, pode ficar com toda minha fortuna. De fato, o público emudeceu com o anúncio. Ninguém tinha notícia de nada tão radical. Todavia, tampouco estavam interessados numa morte certa. Para demonstrar que a proposta era séria, o milionário imprimiu a promessa no computador, e a assinou à vista de todos. Momentos depois, um barulho na água. Um cidadão de fato saltou, e o animal atacou. Os amigos prontamente acudiram. Enquanto alguns arremessavam pratos, copos e cadeiras para atordoar e desorientar a fera, outros procuravam guiar o companheiro para a borda, para resgatá-lo. Conseguiram retirá-lo gravemente ferido. A consternação e o choque foram gerais. Improvisou-se primeiros socorros, e enquanto o helicóptero do dono da festa chegava para transferir o ferido ao hospital, aquele se dava conta da monstruosidade que acabara de perpetrar. Além de legalmente imputável por tentativa de homicídio, arruinou a festa, as amizades e as parcerias que construiu ao longo da vida. Sem contar que ficou pobre, perdeu tudo. Mais pálido que a vítima do jacaré, o milionário aproximou-se dele e perguntou: – Quando quer que eu lhe transfira meu patrimônio? – Eu não quero seu patrimônio. – Como assim? Eu assinei o papel. E você arriscou a vida por isto. – Já disse que não desejo sua fortuna. Só quero saber quem foi o facínora que me empurrou na piscina. 47



MAGAZINE

Por Ariel Finguerman, em Jerusalém

O monte da vitória de

Nosso correspondente em Israel visita os lugares fundamentais na conquista de Jerusalém, há exatos cinquenta anos, em junho de 1967

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a entrada do kibutz Maale Ha’chamishá, nas colinas de Jerusalém, existe um monumento em lembrança aos combatentes do Gueto de Varsóvia. O memorial representa o espírito de combate desta comunidade fundada por sobreviventes da Shoá e que, durante vinte anos, resistiram tenazmente às forças jordanianas. Na Guerra de 1948, seus combatentes detiveram o avanço árabe, a cem metros da fronteira. Na Guerra dos Seis Dias, foram fundamentais para a conquista de Jerusalém. Do kibutz, avista-se um monte, chamado pelos locais de Har Radar, em razão de um equipamento de rádio instalado ali pelos ingleses para proteger Jerusalém. Quando os britânicos deixaram a Palestina, em 1948, as forças jordanianas conquistaram a elevação, garantindo o controle sobre a Cidade Santa. Vinte e três vezes a Brigada Harel ten-

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tou tomar o monte na Guerra da Independência, sem êxito. “Em seguida, os bem treinados soldados jordanianos quiseram tomar o kibutz, mas seus membros resistiram, com coquetéis molotov nas mãos”, disse à revista Hebraica o pesquisador da Guerra dos Seis Dias, professor Yossi Shpanyer. Quase vinte anos depois, quando eclodiu o conflito, em junho de 1967, há exatos cinquenta anos, os habitantes do kibutz sabiam que no monte Radar começaria a batalha por Jerusalém. “Ninguém poderia conquistar a Cidade Velha sem antes controlar esta região montanhosa e, em especial, o Radar”, diz Shpanyer. O comando do Tzahal na Guerra dos Seis Dias havia aprendido a lição de sua derrota nestas mesmas montanhas, vinte anos antes. Mas, desta vez, desistiu de con-

O MONTE RADAR, VISTO A PARTIR DO KIBUTZ MAALE HA’HAMISHA: AQUI INICIOU A CONQUISTA DE JERUSALÉM

quistar as montanhas numa linha reta em direção a Jerusalém. Em vez disto, cada colina em separado foi atacada por uma unidade militar, de modo independente. O monte Radar foi conquistado após duros combates com as forças jordanianas e a participação dos membros do kibutz. Mas o caminho para Jerusalém ainda era longo. “Isto não era novidade, afinal o povo judeu luta pelo caminho de Jerusalém desde os tempos bíblicos”, diz Shpanyer. O próximo ponto estratégico nas montanhas de Jerusalém foi Nabi Samuel, um santuário identificado como o túmulo do profeta bíblico. O lugar é, em si mesmo, uma fortaleza, construída pelos cruzados na Idade Média. Além da localização estratégica, tem também um elemento simbólico: é o primeiro ponto nas montanhas de Jerusalém de onde se vê o Monte do Templo da Cidade Velha. O Tzahal conquistou Nabi Samuel naquele mesmo dia, 5 de junho de 1967, o primeiro da Guerra dos Seis Dias. Todo o conflito estourou após algumas semanas de tensão no Oriente Médio, até que, enfim, Israel atacou egípcios e sírios de surpresa, destruiu suas forças aéreas ainda estacionadas nos aeroportos. No mesmo dia, o comando político israelense advertiu a Jordânia para não se envolver na guerra, mas o rei Hussein escolheu bombardear os bairros judaicos de Jerusalém. “Eu era então um garoto de 12 anos de idade que morava em Jerusalém”, relembra o professor Shpanyer e “lembro que dias antes da guerra nós tínhamos de ir à escola a pé, pois quase todos os adultos haviam sido alistados, inclusive os motoristas de ônibus. De repente, o alarme anti-aéreo soou e o diretor apareceu na classe dizendo: Isto não é um treinamento.” Após a conquista de Nabi Samuel, as tropas do Tzahal se aproximaram das cercanias de Jerusalém e as batalhas foram casa por casa. O ex-paraquedista Israel Rozenson, hoje diretor da faculdade Efrata de Jerusalém e pesquisador da Guerra dos Seis Dias, explicou à revista Hebraica que havia um temor real de que os jordanianos conseguissem ocupar toda a cidade. “Por isso a

ACIMA, O EX-PARAQUEDISTA ISRAEL ROZENSON AO FUNDO, RAMALLAH; AO LADO, YOSSI SHPANYER, NO ESTRATÉGICO GIVAT HATACHMOSHET: O POVO JUDEU LUTA PELO CAMINHO A JERUSALÉM DESDE A ÉPOCA BÍBLICA; ABAIXO, MEMORIAL AOS 182 SOLDADOS CAÍDOS NA BATALHA POR JERUSALÉM

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MAGAZINE primeira estratégia do Tzahal foi cortar a estrada que ligava com Ramallah, a principal cidade vizinha palestina, para barrar a entrada de reforços jordanianos”, diz. O problema da batalha, já no interior da cidade, era a proximidade da população civil. “Os bairros judeus haviam sido construídos bem ao lado da fronteira com os jordanianos, no estilo sionista de ocupar os espaços vazios. As crianças sempre haviam brincado sabendo que estavam na mira do inimigo, mas agora todos sabiam que seus tetos poderiam ser ocupados por atiradores”, diz Rozenson. Na mesma noite de 5 de junho, o comando do Tzahal decidiu conquistar um monte onde as tropas jordanianas ficavam a apenas cinquentas metros das casas judias, chamado Givat Hatachmoshet (também conhecido por seu nome em inglês, Ammunition Hill). Por falta de informação, pensou-se que a conquista seria fácil, mas os jordanianos estavam bem posicionados em bunkers. No primeiro ataque, todos os oficiais israelenses, com exceção de dois, foram mortos,

e a luta teve de ser travada corpo a corpo por iniciativas espontâneas dos soldados. Hoje uma nova ala recém-inaugurada no Givat Hatachmoshet lembra os 182 soldados mortos na conquista de Jerusalém. As fotos foram colocadas em ordem alfabética, para não diferenciá-los por suas patentes. As fotografias foram enviadas pelas próprias famílias, de modo a representar a personalidade de cada um deles, que aparecem em situações descontraídas, com as namoradas num parque de diversões ou lendo um livro numa rede. “Em Israel, não há soldados anônimos nem desconhecidos”, diz Alona Orbach, responsável pela exibição. A conquista do estratégico Givat Hatachmoshet permitiu ao Tzahal avançar sobre todos os bairros que restavam ao redor da Cidade Velha. Em seguida, o comandante dos paraquedistas, Mordechai “Mota” Gur, posicionou-se no Monte das Oliveiras, bem em frente à Esplanada do Templo. E lançou a ordem: avancem sobre a Cidade Velha. O resto é História.

Todo o conÁito estourou após algumas semanas de tensão no Oriente Médio, até que, enÀm, Israel atacou egípcios e sírios de surpresa, destruiu suas forças aéreas ainda estacionadas nos aeroporto

VOLUNTÁRIOS EM ISRAEL

À

s sete horas da manhã de 5 de junho sacudo minha então mulher, Sonja Wegmann Lerer (z’l), deitada ao meu lado, enquanto a tv informava em edição extraordinária: Guerra no Oriente Médio. Israel destrói aviação egípcia e avança contra seus vizinhos. – PQP! Você tinha razão quando proclamava a certeza de que aqueles ataques árabes contra Israel como o fechamento do estreito de Tiran em Sharm al Sheik, a dispensa da força da ONU do Sinai, as incursões dos fedayin (guerrilheiros da OLP) aos kibutzim no sul, o pacto egípcio-jordaniano levariam inevitavelmente a uma represália, disse a ela. E complementei: – Vamos? – Vamos, ela respondeu. No mesmo dia, antes de chegar na sucur52

Em 1946 o “Theodor Herzl” transportou sobreviventes do Holocausto. Vinte anos depois, voluntários

sal do Jornal do Brasil, do qual era repórter de política, fui me informar como nos tornar voluntários e à noite já fazia parte da coordenação dos voluntários de São Paulo, junto com Arie Halperin, atualmente vivendo na Suíça. Essa tarefa me absorveu de tal maneira que só viajamos no dia seguinte ao final da guerra, 11 de junho, como apenas mais dois entre as centenas de voluntários que embarcaram no “Theodor Herzl”, um velho cargueiro de antes da Segunda Guerra transformado em navio de passageiros, o segundo de uma frota de dois da Zim. Perdemos a saída de Santos, voamos até o Rio de Janeiro, passei na sede do jornal, peguei franquias telegráficas e só depois embar-

O estratégico santuário Nabi Samuel. Daqui se vê pela primeira vez o Monte do Templo

quei. No navio, indivíduos de vários estados brasileiros e de países latino-americanos, a maioria dos quais se descobriu judeu com a iminência da possibilidade apregoada pelos inimigos de varrer Israel do mapa e seus habitantes para o Mediterrâneo. Entre a Grécia e Israel, o pessoal da Agência Judaica perguntou ao grupo que se constituiu ainda no navio por uma afinidade de razões desconhecidas e do qual fazíamos parte se tínhamos algum kibutz preferido. Alguns sugeriram o kibutz Bror Chail, de brasileiros, no sul do país. Nos propuseram – e aceitamos – o kibutz Eilon, no norte, a oitocentos metros em linha reta do Líbano, fundado em 1938 por judeus da Europa Oriental. Era uma sexta-feira à tarde quando saímos de Haifa para o kibutz. Descansamos no sábado, menos por razões religiosas. E domingo foi nosso primeiro dia de trabalho: às seis da manhã o mesmo caminhão que nos apanhou no desembarque nos deixou numa área do kibutz onde se plan-

tava algodão. Agachados, a tarefa foi recolher as ervas daninhas em volta dos pés de algodão. O mesmo campo que, meses depois, o grupo saiu para recolher o algodão florindo. Foi, portanto, uma escolha feliz e, juntos, passamos alguns dos melhores meses das nossas vidas. Vários casais se formaram no kibutz e vários, primeiro se fixaram no kibutz e depois se espalharam por Israel. Em dois meses, a comunidade nos assumiu como filhos. Eu e minha mulher viajamos muito, naqueles passeios programados para o grupo e nos grupos organizados para jornalistas estrangeiros às áreas conquistadas durante a guerra, até o Canal de Suez, Sharm Al Sheik, todo o deserto do Sinai margeando o Mediterrâneo e o mar Vermelho, as colinas do Golã, além do rio Jordão, etc. Mas o mais encantador e significativo, foi simples. Eu e ela tomamos um lotação para Jerusalém, na antiga rodoviária de Tel Aviv, em madeira, ainda dos tempos do Mandato Britânico. No caminho pela velha estrada de pista única, o motorista de um De Soto de oito lugares, descrevia os lugares onde houve batalhas, dois meses antes e em 1948, sobe uma pequena colina, estaciona o carro e sugere aos passageiros descer. Sem a coleção de edifícios que depois se construiu, de lá se avistava toda Jerusalém, a Cidade Velha incluída. Olhei para Sonja, nascida na Alemanha em 1946, e disse. – Você está chorando! – Você também, respondeu. (por Bernardo Lerer) 53


12 NOTÍCIAS

Ariel Finguerman ariel_finguerman@yahoo.com

PISCINA NO 100O ANDAR O trend imobiliário de concentrar grandes projetos somente para os ricos de Israel continua a todo vapor. Foi anunciada a construção do maior arranha-céu da história do país: quatrocentos metros de altura, cem andares e 47 elevadores. No último andar, uma academia de ginástica com piscina. Até o 85o andar, serão residências e escritórios, incluindo o da prefeitura. Dali para cima, um hotel de luxo. A construção envolverá mil operários e as chaves serão entregues em cinco anos. Somente como comparação: a torre será dezenove metros maior que o Empire State Building de Nova York, mas seiscentos metros mais baixa que o maior edifício do mundo, que fica na Arábia Saudita: tem um quilômetro de altura.

CRESCIMENTO BAIXO A população israelense aumenta de maneira assustadora, quando comparado com o espaço disponível do país: duplica a cada 35 anos, isto é, em 2050 serão dezoito milhões. Mais preocupante é que o centenário padrão de priorizar construções de poucos andares continua a imperar no Estado judeu. Novo relatório do governo aponta que apenas um em cada sete novos lançamentos tem mais que dezesseis andares. As construções mais altas também se concentram em Tel Aviv, onde os lançamentos se voltam para os superricos. As razões para edifícios de poucos andares são várias, desde a recusa dos moradores em pagar taxas mais altas de condomínio até a resistência das própria prefeituras em prover serviços para tanta gente.

DE NOVO, MORADIA O kibutz Maagan Michael, no norte do país, entra para a história como o primeiro a permitir a construção em sua área de um edifício de apartamentos. O prédio terá apenas seis andares, com vinte apartamentos. Mas é simbólico, apontando a necessidade urgente de o país começar a crescer verticalmente, para abrigar tanta gente. No passado recente, este kibutz já havia aterrado uma das suas piscinas de produção de peixes para construir mais casas, mas a situação ficou insustentável por falta de espaço. O Maagan Michael ainda preserva o socialismo, mas na condição de um dos kibutzim mais ricos do país, os jovens preferem continuar morando na comunidade, que é cada vez maior.

NAÇÃO EMPREENDEDORA Se pudermos medir o grau de empreendedorismo de um povo pelo número de pequenas empresas abertas no país, então Israel está muito bem. O mais novo relatório da Oecd a respeito do assunto, o clubinho dos países desenvolvidos, aponta a abertura de 520 mil novos negócios no Estado judeu em 2015, crescimento anual de 12%, porcentagem duas vezes maior que a registrada na Alemanha e nos Estados Unidos. Estes pequenos empreendedores, que preferem arriscar em um novo negócio a serem empregados, concentram-se principalmente na região de Tel Aviv, enquanto em Jerusalém o índice é bem baixo, aponta o relatório. 54

FILOSOFIA SECRETA O Mossad, serviço secreto de Israel, publicou um classificado de oferta de emprego, no mínimo, intrigante. A agência procura formados em filosofia e história, áreas geralmente deixadas de lado por este tipo de empregador. A descrição do trabalho, aliás um tanto quanto misteriosa, diz: “A vaga se destina à pessoa dotada de pensamento de alto nível, empreendedora e criativa, com boa comunicação oral e por escrito, além de capacidade de trabalho sob pressão e em condições de incerteza”. Há pouco tempo, o Mossad tentava recrutar especificamente técnicos em mecânica de carro e psicólogos.

TERROR BIZARRO 1 Um jovem palestino de Nablus, na Cisjordânia, foi convidado por uma ONG israelense para integrar um grupo que visitaria Tel Aviv por um dia, para promover a paz entre os dois povos. Quando o grupo lanchava no Parque Yarkon, notaram a ausência do garoto. Acharam que ele se perdera e saíram para procurá-lo até ouvirem pelo rádio que, na realidade, ele se dirigiu ao Hotel Leonardo, perto do calçadão da praia, armado de uma faca. Entrou na loja de souvenirs que fica no lobby e atingia quem passava em sua frente. O herói do dia foi o dono da loja, que após ter a mulher esfaqueada, perseguiu o terrorista e imobilizou-o na entrada do hotel.

TERROR BIZARRO 2 Por volta das 16 horas, os soldados que patrulhavam o posto de Pisgaat Zeev, em Jerusalém, perceberam um jovem armado de faca, caminhando na direção deles. Numa situação que já virou rotina nos últimos meses, especialmente neste bairro que faz divisa com a Cisjordânia, os militares apontaram os fuzis contra o atacante e o mataram. Mas logo perceberam que este caso saiu do normal. O agressor não era palestino, como se imaginava, mas um judeu israelense de 19 anos de idade que escreveu uma carta de despedida revelando a intenção de se suicidar e escolheu essa forma desesperada. Entrevistado pela imprensa um amigo disse: “É realmente uma história esquisita”.

ELE MERECE Maio foi um mês agitado para Yehoram Gaon, o equivalente israelense de Roberto Carlos. Ele foi homenageado com um selo pelos Correios e lançou uma autobiografia, Od Ani Poseah – Sipur Chaiai (algo como “Continuo Caminhando – História de Minha Vida”). O cantor, ator e apresentador de 77 anos, dono de voz poderosa e responsável por muitos hits clássicos do país, também foi convidado para acender uma das velas oficiais em Iom Haatzmaut. “Sou judeu e israelense, tenho orgulho disto”, declarou o ícone.

MASTERCHEF ISRAEL Um livro de culinária com receitas de 24 sobreviventes do Holocausto e aprimoradas pelos maiores chefs de Israel, foi escolhido para disputar o maior prêmio literário desta área, o francês Gourmand World Cookbook Award. O livro, lançado em hebraico e depois traduzido como Grandma Cooks Gourmet (algo como “A cozinha gourmet da vovó”), foi promovido pela ONG Shorashim, de apoio aos sobreviventes. As cozinheiras amadoras foram convidadas a selecionar receitas caseiras, depois revisadas pelos profissionais. Cada uma também contou sua história pessoal. O resultado da competição será anunciado na China. 55


12 NOTÍCIAS

QUEM DÁ MAIS Para quem gosta de viver no mesmo lugar onde morou gente importante, o apartamento de Shimon Peres, em Tel Aviv, está à venda. Trata-se de um apê de cinco quartos, num edifício chique da cidade, as Torres Neeman, bem defronte ao Mediterrâneo, 150 metros quadrados e com alta segurança, incluindo vidros à prova de bala. Peres viveu ali os últimos dias de vida, já viúvo. O valor é de seis milhões de shekalim (1,6 milhão de dólares). O edifício é de 2012 e Peres foi seu único morador. Curiosidades à parte, o que ninguém se pergunta é como um servidor público, que teve família grande, consegue acumular tanta riqueza. Fica a pergunta.

DICA CULTURAL Se você gosta de música clássica e estiver visitando Tel Aviv num sábado, a dica é assistir a um dos concertos pocket do Tzavta (Rua Ibn Gvirol 30), um dos mais tradicionais centros culturais do país. Todo sábado, exatamente às 11 horas e 11 minutos (este é o nome do programa), apresentam-se músicos de alto nível, geralmente integrantes da Sinfônica de Zubin Mehta ou ilustres visitantes ou ainda gente muito talentosa espalhada por Israel. Depois do programa, a sugestão é almoçar no Olivery, na mesma rua, um dos melhores restaurantes italianos da cidade. Assisti no Tzavta a três israelenses executarem lindas composições para piano, violino e cello, escritas por Haydn e Mendelssohn. Lembrei da crítica frequente de Paulo Francis aos músicos de nossa época, que considerava analfabetos comparados aos das gerações anteriores. Não estou aqui para criticar a música pop, que consumo com prazer desde a adolescência. Mas quem das nossas celebridades musicais atuais consegue compor uma peça daquelas, na forma de trinta minutos de complexas e melódicas comunicação entre três instrumentos sofisticados? Ninguém.

POBRE TERRORISTA Outro dia precisei fazer uma filmagem no Monte das Oliveiras, na parte oriental de Jerusalém, habitada quase que totalmente por muçulmanos. Entrei com meu carro um pouco mais nas profundezas do bairro distanciando-me da rua principal, que conheço bem. De repente, eis um outro Israel. Ruas esburacadas, crianças sozinhas andando perigosamente perto de carros em movimento, sem nenhum policiamento e lixo acumulado na calçada. É daqui que saem com frequência os “terroristas” que atacam a facas o primeiro judeu – ou quem pelo menos lhes parece ser um judeu – que encontram pela frente, na parte ocidental da cidade. Coloco a palavra em aspas porque, para mim, muitos destes ataques parecem mais um problema sócio-econômico do que realmente motivado por religião. É a eterna questão do pobre que não se conforma com a riqueza do outro, ou como dizia Nietzsche, o fraco que quer se tornar forte. O mesmo vale para muitos de ataques similares, feitos por lobos solitários, nas cidades europeias. Mesmo assim uso a palavra “terrorista” porque a gota final é o sermão ouvido de algum pregador radical, que faz um chefe de família, pai de quatro crianças, abrir a gaveta da cozinha e apanhar a faca afiada de cortar cebola e sair por aí matando. Não é só religião, é também coisa mais vulgar, como ciúmes e inveja. 56


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Por Tania Plapler Tarandach

TRAZ BARRIGAS DE ALUGUEL

Famílias realizam o sonho da maternidade com barrigas de aluguel

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oy Rosenblatt-Nir foi cônsul de Israel para assuntos econômicos em São Paulo por seis anos, período em que nasceram dois filhos por barriga de aluguel, Saar e Rotem. Isso é normal em Israel, país com o maior número, proporcionalmente, de famílias homoafetivas. “Na classe dos meus filhos, entre 25 alunos, seis são de casais homoafetivos”, explica Nir. “A família é um valor muito importante, ninguém abre mão desse sonho e Israel não tem crianças para adoção”, completa. O país tem uma das legislações mais antigas a respeito desse “processo de aluguel”, e um dos primeiros, em 1996, a regulamentar essa prática. A demanda é grande e há poucas barrigas disponíveis. Hoje, o ex-cônsul é o CEO da Tammuz, uma agência de “gravidez por substituição”, conhecida no Brasil como “gestação por substituição”. Setenta por cento dos clientes brasileiros são heterossexuais, a maioria deles de há muito em filas de adoção. Roy acompanha o trabalho do escritório brasileiro, cuja representante é Bruna Alves (brasil@tammuz.com). A Tammuz foi criada em 2008 por Doron Mamet, ele mesmo pai de uma criança nascida por esse processo. E com o objetivo de possibilitar a que um maior número de casais tivesse na maternidade de aluguel uma família constituída, no ano seguinte, abriu o Plano África do Sul-Índia e, em 2013, o Plano África do

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Depois de Suécia, Dinamarca, Austrália e Argentina, agora é a vez do Brasil receber uma filial da Tammuz, empresa israelense especializada em “gestação por substituição”, popularmente conhecida como “barriga de aluguel” Sul-Nepal e o Plano Israel. Desde então já nasceram 620 bebês, e a agência tem filiais na Suécia, Dinamarca, Austrália, Argentina e, agora, no Brasil, trazida por Roy e Ronen Rosenblatt-Nir. A legislação brasileira determina que um dos pais deve ter parentesco com a mulher que engravida. Nos países em que o processo está legalizado há especificações a serem respeitadas para que haja segurança das partes. Na Grécia, são aceitos casais heterossexuais e mulheres solteiras; na Ucrânia só casais heterossexuais e casados no civil; nos Estados Unidos não há restrições. Em cada caso, casais brasileiros podem optar pelo país onde o filho nascerá. Daí o sucesso da Tammuz nos primeiros meses de atendimento no Brasil. Além disso, a gestação é cercada de seleção rigorosa, desde a escolha da doadora até o histórico médico da família. A mulher deve ter entre 21 e 39 anos, passar antes por pelo menos uma gravidez normal, realizar uma bateria de exames e estar em condições psicológicas para lidar com esse processo, pois não há vínculo genético entre ela e o bebê, o óvulo é sempre doado por outra pessoa. Geneticamente a criança não é dela, ela não é pressionada e os direitos da barriga são protegidos. Mais: a seleção exclui mulheres em situação de extrema pobreza ou baixo grau de instrução.


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Por Nir Hasson

NO JUDAÍSMO É COISA VELHA Um novo estudo retrata pela primeira vez como devia parecer Lilith, a sedutora matadora de bebês, para quem a temia, e por que Satanás tem cauda e chifres

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s demônios são figuras conhecidas no misticismo judaico. O Talmud e outros textos são ricos de informações advertindo para eles e como evitá-los. O preceito judaico proíbe representações na forma de estátuas e máscaras, e, por isso, faltam meios visuais para indicar a aparência dos demônios. No entanto, houve um período na história, entre o surgimento do cristianismo e a conquista muçulmana do Oriente Médio, em que os judeus (principalmente na Babilônia) deram forma aos demônios. A arqueóloga e historiadora de arte Naama Vilozny copiou estas imagens, analisou seus atributos e montou o primeiro catálogo visual dos demônios judeus. Para os eruditos a razão por que, entre os séculos 5 e 7 os judeus, na Babilônia, se deram ao trabalho de desenhar demônios tem a ver com o relaxamento das restrições permitido pelos rabinos como uma forma de lidar com os desafios surgidos com o crescimento do cristianismo. Temerosos de que os judeus pudessem preferir a nova religião, os rabinos concordaram em permitir a mágica que incluía imagens visuais. Os demônios pesquisados por Naama Vilozny foram desenhados em “tigelas de sortilégios” – simples vasos de cerâmica cujos interiores continham inscrições e desenhos. Tigelas deste tipo foram descobertas desde o século 19 em sítios arqueológicos sob casas em bairros judeus

no Iraque, invertidas, sob os pisos de casas, provavelmente colocadas lá antes da construção dos imóveis, como um objeto mágico, espécie de “armadilha para o demônio”. Acredita-se que os demônios deveriam ficar presos no espaço criado abaixo da tigela, e a combinação de texto e desenhos os impediria de escapar e prejudicar as pessoas da casa. As taças foram feitas por um magus, um feiticeiro especializado nesse tipo de exorcismo. Os textos nas tigelas foram bastante estudados, e a maioria deles é constituída de versículos da Escritura, juramentos e maldições contra os demônios que ameaçam os membros da família. “Você é proibido e selado com sete selos e oito cordas”, declara o texto em uma tigela. Outro texto especificamente lacra Lilith e ameaça qualquer tentativa de fuga com a possibilidade de encontrar “sessenta homens que vão te pegar com cordas de cobre em seus pés e algemas de cobre em suas mãos e jogarão colares de cobre em suas têmporas”. A maioria dos textos está em judeu-aramaico, e alguns deles em mandeu, siríaco e persa e o principal pesquisador das tigelas é o professor Shaul Shaked, da Universidade Hebraica de Jerusalém. Até Naama Vilozny fazer a dissertação de doutorado, ninguém tentara decodificar e estudar as figuras nas tigelas. Em parte, talvez porque, à primeira vista, elas parecem robôs. Naama Vilozny copiou os desenhos dos demônios de 122 tigelas e o resultado é uma extraordinária e exclusiva coleção de demônios, masculinos e femininos, parecendo ingênuos desenhos de crianças, mas naqueles tempos eram criaturas muito palpáveis. Recentemente, o memorial Yitzhak Ben Zvi publicou o estudo no livro Lilith’s Hair and Ashmedai’s Horns (“Os Cabelos de Lilith e os Chifres de Ashmedai”). A característica mais notável de todos os demônios no livro é que os pés e, muitas vezes, as mãos deles, estão presos em correntes, algemas ou cordas. O ato de prender é uma parte importante da maldição que a tigela impõe ao demônio. “Considero essas bacias como um tipo de sistema

Uma tigela que, aparentemente, vem de uma comunidade cristã de língua siríaca, tem uma Àgura semelhante a um dragão com uma lança presa nele; e Vilozny propõe que esta talvez seja a versão mais antiga do dragão que São Jorge combateu

de portas multilock com vários ferrolhos”, diz a arqueóloga. “Primeiro desenha-se a figura da qual se quer se livrar e, em seguida, a prende a uma imagem e em palavras. Virar a tigela para baixo fazendo do espaço entre a tigela e o chão uma prisão, uma armadilha de demônio”. A maioria dos demônios retratados constituem uma espécie de ícone simbólico e difícil de identificá-los pelo nome. Às vezes, o texto indica o nome do demônio particular ou, então, a representação visual tem atributos tais que tornam possível classificá-los em vários tipos. O mais notável é Lilith, uma súcubo familiar em textos judaicos. A Lilith babilônica judaica é uma combinação de dois demônios sumérios: Lamashtu, especializado em estrangular mulheres e bebês durante o parto, e Ardat-Lili, expert em seduzir e assassinar rapazes. Lilith, por sua vez, tanto põe em risco mães e bebês como seduz homens. As tigelas que retratam seus atributos apresentam as características desses dois demônios sumérios do sexo feminino. Lilith costuma ser representada nua, com o cabelo mais longo e geralmente em pose sedutora da dança como Ardit-Lili. Nas inscrições das imagens é descrita como um demônio feminino que estrangula bebês na hora do nascimento. Mabhalta, seu companheiro, aparece em uma das tigelas como “o grande destruidor de fogo”.

Demônios masculinos No setor masculino, destacam-se dois nomes: Samael, Rei dos Demônios, também conhecido como o Anjo da Morte, e seu sucessor no panteão dos demônios judeus – Ashmedai. Na maioria dos casos são caracterizados por chifres e uma coroa real. Quem retratou esses demônios conhecia a cultura local, pois os reis dos demônios estão vestidos de modo muito parecido com os reis persas sassânidas que governaram a região durante esse período. De acordo com Naama Vilozny, os elementos animalescos dos demônios mesopotâmicos – chifres, caudas, cascos ou patas – podem ser vistos hoje em dia em Lúci61


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Esta vasilha foi encontrada em escavações em casas de judeus no Iraque, no século 19

fer, Satanás e outros personagens infernais da cultura ocidental, na literatura, no cinema e na religião. Outro demônio masculino é Bagdana, que às vezes ajuda os humanos. Nas tigelas ele é mostrado como alguém que ajuda o mago – o criador da tigela – em guerra contra outros demônios. Embora os pés estejam presos, como qualquer outro demônio, ele carrega uma arma. “Ele luta com Lilith, mas não se pode confiar 100% nele, afinal ainda é um demônio”, explica a arqueóloga. Raramente, o próprio mago aparece na tigela, lutando contra demônios – ele é a única figura cujos pés não estão presos e segura uma espécie de arma. Um demônio foi representado na forma de uma mosca e, aparentemente, é um demônio que ataca humanos mortos. A tigela foi presumivelmente feita para proteger um cemitério contra ele. Outras tigelas mostram figuras que parecem gatos. O livro contém um estudo comparativo de vários itens encontrados nas imagens de demônios e na cultura local: as correntes que prendem são conhecidas das representações assírias de procissões de cativos e os sapatos, que parecem mocassins, foram um item da moda nesse período. Uma das figu62

ras usa um chapéu parecido com um capacete e Naama Vilozny encontrou chapéus semelhantes em imagens de soldados chineses. Uma tigela que, aparentemente, vem de uma comunidade cristã de língua siríaca, tem uma figura semelhante a um dragão com uma lança presa nele; e Vilozny propõe que esta talvez seja a versão mais antiga do dragão que São Jorge combateu – uma figura muito familiar na iconografia cristã. “O ambiente cotidiano dos judeus da Babilônia estava cheio de demônios e há muitas advertências para evitar encontrar um deles, e instruções sobre como reconhecer demônio quando encontrá-lo e o que fazer”, diz Naama. “A representação visual neste caso não é menos importante do que a palavra. É parte do processo mágico. Temos a oportunidade de voltar 1.600 anos e ver como eles viam os demônios”. Durante o período em que copiava as imagens Naama estava sozinha em casa: “Foi estranho, porque era como estar realmente com eles. As imagens estavam espalhadas sobre a mesa e não me abandonavam principalmente no inverno, quando as portas batiam com o vento”. No entanto “se eu pudesse acreditar – a vida seria muito mais fácil. Mas a magia funciona e é fato que dura até hoje, cinco mil anos depois. Hoje, a magia está muito viva, da fita vermelha no pulso à mezuzá até a hamsa”, diz, referindo-se às práticas dos cabalistas, aos pergaminhos inscritos enrolados em pequenas caixas que os judeus afixam aos batentes de suas portas e aos amuletos que representam as mãos, comuns no Oriente Médio. “O que, na verdade, é a magia? É a crença do homem em sua habilidade, ao tomar medidas ativas, de controlar seu destino e, em certo sentido, isso contorna Deus. A magia não contradiz a fé, mas ajuda Deus a me ajudar. É por isso que a amo, porque é muito humana, especialmente em uma era que não é científica. Uma mãe fará tudo o que puder para proteger seu filho de Lilith”, conta Vilozny.

A maioria dos textos está em judeuaramaico, e alguns deles em mandeu, siríaco e persa e o principal pesquisador das tigelas é o professor Shaul Shaked, da Universidade Hebraica de Jerusalém. Até Naama Vilozny fazer a dissertação de doutorado, ninguém tentara decodiÀcar e estudar as Àguras nas tigela


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Por Benjamim Balint*

“JUDAS”,

UM EVANGELHO DA TRAIÇÃO Ao retomar o tema da traição em -XGDV, Amos Oz produziu uma obra-prima, na qual o diálogo entre os personagens remete à própria natureza do Estado judeu

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primeiro romance de Amos Oz em mais de dez anos, publicado em hebraico como Habesora al pi Yehuda, pela editora Keter, considera o significado contemporâneo de Judas no nascente Estado Judeu. E fica a pergunta: a traição poderia ser uma forma de lealdade? Pense no arquétipo da traição, Judas, a quem Dante lançou no círculo mais central do Inferno. Em 1937, depois de sofrer um AVC, o celebrado escritor em língua hebraica Aharon Abraham Kabak (1880-1944) escreveu The Narrow Path (“O Caminho Estreito”), Ba-mishol Ha-tsar”, em hebraico, uma narrativa ficcional da vida de Jesus. No final do romance, Jesus pede ao discípulo Yehuda Ish-Keriot (Judas Iscariotes) que o entregue aos opressores romanos para iniciar um levante contra eles. Jesus reconhece que só Judas é forte o bastante para cumprir essa horrível ordem. Sabendo muito bem que ele entrará na história amaldiçoado como o homem que traiu o salvador, Judas renunciou à sua reputação, vendeu seu amado mestre por trinta moedas de prata e se tornou o primeiro mártir cristão. É o seu derradeiro e mais elevado ato de serviço ao plano divino. Em uma resenha, o crítico literário Joseph Klausner, ele próprio um estudioso de Jesus, considerou o romance histórico de Kabak um comentário mal orientado a respeito do presente. Klausner admirou o retrato que Kabak fez de Judas, mas discordou da imagem de Jesus como um mestre que renuncia à resistência violenta e atiça seu rebanho não em direção à redenção nacional, mas em direção à transformação espiritual individual. “A verdadeira liberdade não está fora de nós, mas dentro de nós”, prega o Jesus de Kabak. Segundo Klausner, um Jesus assim não pode servir de modelo para as urgentes tarefas do nacionalismo judaico contemporâneo. Em Judas, seu primeiro romance em mais de uma década, Amos Oz, sobrinho-neto de Klausner, retoma o debate com arte e reconsidera o significado contemporâneo de Judas para o Estado Judeu. O romance de Oz – uma história de amadurecimento tanto de um homem jovem

Jesus reconhece que só Judas é forte o bastante para cumprir essa horrível ordem. Sabendo muito bem que ele entrará na história amaldiçoado como o homem que traiu o salvador, Judas renunciou à sua reputação

como de um país jovem – se passa no inverno de 1959. A euforia pela independência de Israel havia desaparecido. Três pessoas de três gerações estão fechadas em uma melancólica casa de pedra no limite oeste de Jerusalém, como se desafiasse as interferências do drama coletivo na experiência privada. Com o ouvido infalível para a acústica da casa e as ressonâncias da cidade dividida, Oz ouve a fuga de suas conversas inflamadas. Shmuel Ash é um homem pensativo de 25 anos com a traição em mente. Seu avô que veio de Riga, na Letônia, para Jerusalém, foi tachado de traidor por servir à polícia do Mandato Britânico. Shmuel, aluno de pós-graduação e revolucionário de barzinho, acredita que Stalin traiu a revolução. Como se em resposta, Stalin aparece a Shmuel em um sonho e o chama de Judas. Na abertura do romance, o grupo socialista de seis membros de Shmuel se dividiu em duas facções, a namorada o deixou por outro homem, o pai foi à falência, e, contra o conselho da família, ele largou a Universidade Hebraica, onde estudava as visões judaicas a respeito de Jesus. Shmuel insiste que é ateu, mas – como Oz – se apaixonou pela pungente beleza das parábolas de Jesus enquanto, quando adolescente, lia os Evangelhos. Aos olhos dos pais, Shmuel comete uma traição dupla: primeiro, por escolher o estudo de personagens do Novo Testamento; e segundo, por abandonar os estudos. Ele mesmo impotente, Shmuel reflete muito não apenas sobre a traição, mas também sobre o poder. No que representa o seu credo, ou talvez o credo de seu autor, Shmuel descreve os judeus como “um povo que, por milhares de anos, conheceu bem o poder dos livros, o poder das orações, o poder dos mandamentos, o poder da erudição, o poder da devoção religiosa, o poder do comércio, o poder de ser um intermediário, mas que só conheceu o poder do próprio poder na forma de socos em suas costas. E agora ele se encontrava segurando um pesado bastão. Tanques, canhões, aviões a jato... O poder tem o poder de prevenir a nossa aniquilação por enquanto...Não pode ajeitar nada e não pode solucionar nada. Pode ape65


MAGAZINE nas protelar o desastre por um tempo.” Para adiar os efeitos dos próprios desastres, Shmuel aceita o emprego de companheiro e debatedor em conversas de um professor de história aposentado tagarela e cheio de opinião, um inválido de 70 anos chamado Gershom Wald. Em troca de um quarto no sótão sob um teto inclinado de gesso descascado, Shmuel faz companhia para Wald toda noite das 17 às 23 horas. As atenções de Shmuel, entretanto, são cativadas pelo terceiro membro da casa, Atalia Abravanel, uma mulher bonita, mas inacessível, de quarenta e poucos anos. Shmuel descobre que ela é viúva de guerra: foi casada menos de dois anos com o único filho de Wald, que morreu lutando na estrada para Jerusalém sitiada durante a Guerra da Independência.

O nacionalismo em discussão Amos Oz, nascido em Jerusalém em 1939, escreveu que ama a cidade natal “como se ama a uma mulher desdenhosa”. Assim Shmuel ama Atalia que permanece além do seu alcance. Confiante em si mesma, mas emocionalmente ferida, Atalia encerrou-se em uma casca de autossuficiência e sensualidade reprimida. Ela trata Shmuel com leve zombaria e ironia. À medida que Judas avança, acaba não como um trio, mas um quarteto. Shmuel descobre que as paredes da casa ecoam tanto as vozes dos mortos quanto a dos vivos. Shmuel pode ser o empregado contratado, mas o verdadeiro companheiro de conversa de Wald continua sendo o falecido pai de Atalia, um idealista membro do Comitê Executivo Sionista e do Conselho da Agência Judaica, que acreditava no desaparecimento do flagelo do nacionalismo. “Por que você precisa apressar-se para montar outro estadozinho liliputiano aqui, com sangue e fogo, à custa da guerra perpétua, quando logo todos os estados vão desaparecer?” (Wald, por sua vez, não vê motivo para Israel ser o primeiro país a abdicar do pecado do nacionalismo.) 66

O crítico literário George Steiner chama a “solução Ànal” decretada pelos nazistas “de a conclusão perfeitamente lógica e axiomática de identiÀcar o judeu com Judas”

A sombria voz de Shealtiel Abravanel soa como contracanto para Wald. “Os pais fundadores do sionismo exploraram deliberadamente as velhas energias religiosas e messiânicas das massas judias, e as alistaram ao serviço de um movimento político fundamentalmente secular, pragmático e moderno”, declara Shealtiel. Ao que Wald argumenta que “o povo judeu nunca teve um líder com visão tão de longo prazo como Ben-Gurion”, enquanto Abravanel considerava uma tragédia que Ben-Gurion – “um falso messias” – tivesse abandonado o socialismo da juventude. Em 1948, Abravanel “tentou em vão persuadir Ben-Gurion de que ainda seria possível chegar a um acordo com os árabes a respeito da partida dos britânicos e a criação de um único condomínio conjunto de judeus e árabes, se apenas concordássemos em renunciar à ideia de um Estado Judeu”. Por isso, seus vizinhos o chamavam de “amante dos árabes”, os jornais o ridicularizavam como o “xeque Abravanel” e os colegas o forçaram a renunciar aos cargos de liderança. Morreu esquecido e sozinho nessa casa na extremidade de Jerusalém. Depois de três meses, temendo que ele pudesse apodrecer entre as lembranças da jovem que o deixou e fantasias não correspondidas com Atalia, Shmuel emerge da inquieta hibernação e resolve deixar a casa e Jerusalém, uma cidade “que estava sempre encolhendo em si mesma como se esperasse receber algum golpe a qualquer momento”. No caminho para o Negev, Shmuel chega a uma encruzilhada e encontra uma figueira solitária, talvez a mesma que Jesus amaldiçoara por sua esterilidade (Marcos, 11:13), e talvez a mesma em que Judas, condenado por si mesmo, tivesse se enforcado após a crucificação. Irresoluto até o fim, Shmuel arranca uma folha de seus ramos e se pergunta aonde ir em seguida; ele era e permanecia um homem à deriva. No final desta história, o leitor de Amos Oz também se pergunta: na voz de quem estamos destinados a captar os tons da trai-

ção? Quem é o verdadeiro traidor? Shealtiel Abravanel foi caluniado como traidor por romper fileiras com os colegas sionistas, pelos sonhos de reconciliação e pela obsolescência do nacionalismo. Ben-Gurion, o inimigo de Shealtiel, foi rejeitado por concordar com o Plano de Partilha. Assim foi Amos Oz, fundador do movimento Paz Agora e entre os primeiros a condenar a ocupação dos territórios conquistados por Israel em 1967 e a exigir a criação de um Estado palestino. O traidor é o apóstolo da cidade de Kerioth? Como “o autor, o empresário, o diretor de palco e o diretor do espetáculo da crucificação”, Judas é, para Shmuel, não o traidor arquetípico, mas “o mais leal e devotado” dos doze discípulos, o confidente mais próximo de Jesus que sozinho viu, com terrível lucidez, o que devia ser feito. Como sugeriu Kabak, Shmuel indica que “se não existisse Judas, não poderia ter havido uma crucificação, e se não houvesse crucificação, não teria havido o cristianismo”. Essa visão esotérica faz eco ao “Evangelho de Judas”, texto gnóstico do século 2, descoberto no Egito. Ao trair Jesus, Judas o imortalizou. Para Shmuel, talvez a mancha de traição ligue ao mestre que traiu seu discípulo por permanecer pregado na cruz em vez de descer para revelar-se e redimir o mundo. Ou, talvez, Wald divaga, no sentido maior e mais letal, que há tanto tempo permeava a Europa cristã: todo judeu é um Judas. O apóstolo João chamou Judas de o Filho da Perdição, e São Jerônimo, por sua vez, chamou os judeus de “os filhos de Judas” que “tomaram o seu nome, não daquele Judá que era um homem santo, mas do traidor”. Mais perto de nossos dias, como Klausner e outros quiseram reclamar Jesus como judeu, abraçar o rabino de Nazaré como “carne de nossa carne”, vozes mais fortes identificavam incansavelmente os judeus com Judas. O crítico literário George Steiner chama a “solução final” decretada pelos nazistas “de a conclusão perfeitamente lógica e axiomáti-

ca de identificar o judeu com Judas”. Susan Gubar, autora de Judas: A Biography (“Judas: uma Biografia”), chega a chamar Judas de a “musa do Holocausto”. Oz dá a Gershom Wald a última palavra. “Nos recessos mais profundos da imaginação dos judeus somos todos Judas”, diz Wald. “Mesmo oitenta gerações depois, ainda somos Judas.” No final, a obra-prima sonora de Amos Oz resiste ao equilíbrio harmônico. Judas deriva seu poder não da ação narrativa, mas do barulho de seu diálogo – vivo com ambivalência, denso com dilemas que ligam as dificuldades privadas aos dilemas públicos do nosso tempo. O principal deles: quando uma traição do que se ama pode se tomar a forma de devoção a uma lealdade maior?

ESTE NOVO LIVRO DE OZ MOSTRA SUA CAPACIDADE DE SE REINVENTAR

* Benjamin Balint escreve um livro do julgamento de oito anos em tribunais israelenses a respeito das propriedades literárias de Franz Kafka e Max Brod (de WW Norton)

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MAGAZINE

Por Bernardo Lerer

Robert K. Wittman e David Kinney | Editora Record |

50 Anos de Feminismo Argentina, Brasil e Chile

459 pp. | R$ 48,90

Eva Blay e Lúcia Avelar (org.) | Editora da USP |

O alemão Kurt von Behr passou a Segunda Guerra roubando bens e propriedades de judeus e ao ser preso pelos americanos sugeriu sua liberdade em troca de documentos secretos nazistas guardados no palácio onde morava. A montanha de documentos guardava o material a respeito do ideólogo e um dos formuladores da Solução Final, o notório Alfred Rosenberg, tema deste livro. Nem isso salvou von Behr da humilhação e suicidou-se, com a mulher, bebendo champanhe com cianeto. Azar dele, sorte da história.

350 pp. | R$ 36,80

O Diário do Diabo

O Zoológico de Varsóvia Diane Ackerman | Harper & Collins | 299 pp. | R$ 28,00

É a história real do casal de poloneses Jan e Antonia Zabinsk, encarregados do zoológico de Varsóvia que se aproveitaram da obsessão dos nazistas por animais raros que ainda sobreviviam naquele parque, apesar dos bombardeios, para salvar mais de trezentas pessoas, todos judeus, que foram escondidos em jaulas desativadas, escritórios e outros locais. Jan escondeu explosivos no hospital veterinário, munição na jaula dos elefantes, os preparativos para o Levante do Gueto em 1943 e o engajamento deles na resistência polonesa e a revolta de 1944.

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Ravensbrück

O livro é o fruto de uma pesquisa feita a partir de 2012 na Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da USP durante a qual os especialistas tentaram saber como se deu a construção das mulheres como atores políticos e democráticos, ela mesma, Eva, exemplo disso, pois foi senadora, e nesse período três mulheres foram eleitas presidentes da República (Brasil, Argentina e Chile). E no livro as várias autoras fazem uma análise teórica feminista latino-americana não colonial. Um caso interessante trata do aborto nas eleições de 2010, no Brasil.

Sarah Helm | Editora Record | 922 pp. | R$ 76,90

É tida como a melhor história do campo de concentração nazista para mulheres, nome de uma pequena aldeia a oitenta quilômetros de Berlim. Foi “a capital dos crimes contra as mulheres” e por ter permanecido escondido nos escaninhos da história se pratica mais uma atrocidade contra o sexo feminino de um modo geral e as mulheres daquele campo em particular: o esquecimento e a ignorância. Ao chegar cada uma ganhava um triângulo: o das judias, amarelo; das antissociais (prostitutas, ladras, lésbicas) preto; das prisioneiras políticas, vermelho; das Testemunhas de Jeová, lilás; criminosas contumazes, verde.

Bob Dylan – Letras (1961-1974)

Tancredo Neves – O Príncipe Civil

Companhia das Letras | 640 pp. | R$ 62,90

Plínio Fraga | Objetiva | 647 pp. | R$ 43,00

Este é o primeiro volume, de dois, e vai até 1974 quando lançou o álbum Planet Waves e é uma edição bilíngue em que as composições tratam de questões políticas, sociais, filosóficas e literárias, razão porque tenha sido escolhido o Prêmio Nobel de Literatura pelo conjunto da obra, “uma das vozes mais autênticas que a América já produziu”, segundo o The New York Times. “Eu me sinto grato porque minhas canções serem o centro de tudo o que fiz e encontraram lugar na vida de muita gente de culturas diferentes.”

Morto em 1985, em seus cinquenta anos de vida pública, Tancredo participou de todos os eventos mais importantes da história política brasileira. Foi ministro da Justiça de Getúlio e o encontrou morto no Palácio do Catete. Nos anos 1980 encaminhou as negociações políticas para a redemocratização depois da ditatura civil-militar. O autor, conhecido jornalista político, conta muito e até detalhes da vida amorosa de Tancredo, cuja secretária, Antonia, foi sua amante. Vale muito a pena ler.

Estudante de Medicina Cynthia B. | Veneta | 176 pp. | R$ 49,90

Ela é uma das principais vozes femininas das histórias em quadrinhos no Brasil, onde nasceu, foi criada em Hong-Kong e vive atualmente na França, publicou tiras na Folha, na revista Piauí e trabalhou em estúdio de animação, transformou em livro de quadrinhos os cinco anos em que estudou medicina na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Ela disseca cadáveres, mas conta as bebedeiras, sexo casual, crises existenciais e mereceu elogios pela franqueza, na França, onde o livro também foi editado.

Você Sofre para não Sofrer? Jorge Forbes | Manole |128 pp. | R$ 49,00

O autor é um famoso psicanalista e o livro é o resultado de pesquisa na clínica de psicanálise do Centro de Genoma Humano da USP, que junta psicanálise com a genética, embora muitos acreditem que uma coisa não tem nada a ver com a outra, pois a psicanálise é tida como subjetiva e a genética, objetiva. Para Forbes, hoje se pratica a medicina do futuro em que se pergunta “o que eu vou ter, em vez de “o que eu tive” ou “tenho”. Assim, detectou um “vírus social”, o RC, “resignação e compaixão”.

Caçadores de Neuromitos Larissa Zeggio, Roberta Ekuni e Orlando

Histórias Migrantes Caminhos Cruzados

Amodeo Bueno | Compras no site do projeto

Sadi Hirano e Maria Luíza Tucci Carneiro, org. |

Desde 1990, quando o interesse pelas neurociências e o encantamento com os mistérios do cérebro cresceram, na mesma medida, surgiram os neuromitos, isto é, informações erradas a respeito das descobertas científicas do cérebro fazendo as pessoas gastar tempo e dinheiro em tratamentos, ensinamentos ou produtos supostamente baseados na ciência do cérebro. Não são e isso está em “Caçadores de Neuromitos 1 – O que você sabe sobre seu cérebro é verdade” e “Caçadores de Neuromitos 2 – Desvendando os mistérios do cérebro”. 69

Humanitas | 377 pp. | R$ 47,00

Este livro ajuda a entender porque as coisas são do jeito que são em relação aos grandes deslocamentos humanos cruzando fronteiras culturais, étnicas, linguísticas, religiosas e econômicas em direção ao Brasil, e ajuda a compreender a complexidade do processo de formação da nossa sociedade, muitas vezes marcada por preconceitos seculares. Os muitos colaboradores do livro revelam histórias passadas destes imigrantes, como a de Rivca Gutnic, a partir de dois lenços bordados, que deu à professora Eva Alterman Blay.

www.cacadoresdeneuromitos.com


MAGAZINE

Por Bernardo Lerer

“BABI YAR”, POR YE EVTUSHENKO

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m 1991, depois do desmantelamento da União Soviética, o poeta Yevgeny Yevtushenko arrastava multidões aos estádios de futebol de países por onde passava somente para ouvir os seus poemas, o mais conhecido deles “Babi Yar” que narra o massacre de 34.000 judeus por soldados alemães na ravina de Babi Yar, nas imediações de Kiev, em 1941. Este evento estava escondido nas sombras da chamada Guerra Fria e Yevgeny lhe deu a merecida publicidade. “Não chamava isso de poesia política”, disse em entrevista à Associated Press, em 2007. “Eu prefiro chamá-la de poesia dos direitos humanos, a poesia que defende a consciência humana como o mais alto valor espiritual”, afirmou. Ele conta que decidiu escrever o poema depois de visitar o local onde ocorreu o mas-

ISRAEL COM MO ELE DE FATO É

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A VIDA FA AMILIAR DE MARC CH HAGALL

sacre de modo a eternizar o que aconteceu e perplexo porque não encontrou lá nada, uma sepultura, uma pedra, um monumento. “Fiquei chocado, absolutamente perplexo. Levei cerca de duas horas para escrever o poema que se inicia com ‘não há nenhum monumento que evoque Babi Yar”. Yevgeny nasceu numa aldeia nos confins da Sibéria e se tornou conhecido nos tempos de Nikita Kruschev. Apesar da notoriedade, o poeta russo não era uma unanimidade: uns o consideravam um dissidente que gostava de assumir riscos e outros, ao contrário, o criticavam por ser um exibicionista que não avança além do permitido pelas diretrizes oficiais. O mais ácido deles foi o também poeta dissidente Joseph Brodsky que se desligou da Academia Americana de Arte e Letras assim que Yevtushenko se filiou a ela. Morreu do coração, o mês passado, aos 84 anos, em Tulsa, Oklahoma, enquanto dormia.

á alguns anos um grupo de mulheres de Ein Kerem, um bairro no lado oeste de Jerusalém, conhecido por suas igrejas e pelos monumentos do início do cristianismo, passou a abrir as portas de suas casas para hospedar turistas como parte do programa “Nifleot Ein Kerem” (“Maravilhas de Ein Kerem”, em hebraico) de modo a mostrar alguma coisa a mais além de visitar as igrejas e sentar em um café para comentar as atividades do dia. Segundo uma destas mulheres, Efrat Giat, mãe de cinco filhos e guia turística aposentada, “há muito mais a fazer por aqui e conhecer um pouco a intimidade da cidade e do bairro”. E, de fato, ela assim como outras dezenas de mulheres espalhadas pelo resto do país que participam do programa, oficializado pelo ministério do Turismo, tem muito a contar e o que ela repetiu mais de uma vez para os turistas que se hospedam na casa dela, reconstruída a partir da antiga casa de pedras que os pais, recém-chegados do Iêmen, no final dos anos 1940, ocupada depois de ser abandonada pelos árabes com a Guerra da Independência. “Agora está bom, mas até o início dos anos 1970 nem água encanada tinha”, conta aos atônitos hóspedes que, agora comem do bom e do melhor e ao estilo iemenita. O que Efrat faz em Ein Kerem, repete-se no outro lado da cidade, em Bukharim, área ultra-ortodoxa, onde Rivka Brandwein, marido e dez filhos hospedam turistas que querem conhecer a cidade e como vivem as famílias haredim da cidade. Eles recebem geralmente pessoas liberais, tão curiosas por saber como vivem ultra-ortodoxos como estes em mostrar que são pessoas como outras quaisquer. Rivka explica; “Eu simplesmente quero que vocês”, no caso um grupo de estudantes de arte, “e outras pessoas venham nos ver e constatar o que realmente somos”. Essa experiência tem se espalhado e com resultados surpreendentes, dizem funcionários do ministério do Turismo, pois mostra a diversidade do país.

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orangos, óleo sobre tela, 1916, Bella e Ida” é um dos mais famosos quadros de Marc Chagall. Bella, a mulher, ao centro da mesa, e Ida, a filha, na cabeceira, à direita da mãe, são a família do pintor. Biografias dele dedicam muito à Bella, mas pouco tratam de Ida, cujo nascimento cimentou a felicidade do casal, segundo um livro que traça a vida de Chagall a partir de suas pinturas, como “Morangos”, citada acima. A relação entre pai e filha estreitou-se ainda mais depois da morte precoce de Bella, em 1944, em Nova York. Os especialistas interpretam as pinturas do mestre, nascido Moishe Zakharovich Shagalov (1887-1985) considerado “a quintessência da arte judaica”, e acreditam que ter se tornado pai influenciou seu trabalho artístico. Ida nasceu em maio de 1918 em Petrogrado, para onde Moishe e Bella se mudaram, em 1915, da Vibesk natal, parte do Império Russo, atualmente Belarus. No período do serviço militar, Moishe, aliás, Marc, foi dispensado da tropa, porque um irmão de Bella conseguiu que ele trabalhasse no Escritório de Economia de Guerra, uma tarefa burocrática que o manteve longe das trincheiras da Primeira Guerra. Isso se deveu também ao fato de as severas restrições aos judeus viverem nas grandes cidades terem sido relaxadas durante a guerra, e os Chagalls puderam se fixar em Petrogrado. Nem isso, no entanto, impedia a violência antijudaica praticada principalmente por soldados que descarregavam suas frustrações nos judeus. Ele próprio escapou por pouco da morte durante um pogrom, à noite. Ele viu outros judeus serem mortos e lembrou depois: “Tiros. Corpos caindo na água. Eu corri para casa”. Salvou-se um dos maiores pintores do século passado.

m um caso, a Rússia, que tem sabida influência nas coisas da Síria, foi generosa com Israel e atendeu ao pedido para devolver os restos mortais do agente do Mossad Eli Cohen, descoberto, julgado, condenado e enforcado em praça pública, em Damasco, em 1965. Para Israel, a devolução dos restos mortais tornou-se uma questão de Estado. Em março do ano passado, o presidente Reuven Rivlin tocou no assunto em encontro com Putin. Meses depois, para celebrar os 25 anos restabelecimento de relações diplomáticas entre os dois países, Netanyahu renovou o pedido a Putin. Em novembro de 2016, o primeiro ministro russo Dimitry Medvedev ouviu mais um pedido de interferência junto aos sírios, e nada mudou no último encontro de Netanyahu com Putin, em março. Putin teria ficado desapontado com as negativas e dissimulações dos sírios segundo as quais o local onde Eli Cohen teria sido enterrado é agora um bairro cortado por ruas, avenidas, parques e construções.

ONDE ESTÃO OS RESTOS DE ELI COHEN?

Monthir Maosly que fazia parte do governo sírio à época da captura do agente israelense, contou que os restos mortais de Eli Cohen foram transferidos três vezes de local porque se temia que um comando israelense os resgatasse. O tema foi discutido com o então presidente Hafez Assad, em 1990, durante uma rodada de negociações com Israel. Mas já então se alegava não saber onde estavam. Eli Cohen é conhecido por ser o maior espião israelense a operar em países árabes. Ele nasceu no Egito, de onde foi deportado em 1957. Foi recrutado pelo Mossad em 1959. Até desembarcar na Síria como um próspero empresário, passou pela Argentina, virou Kamel Amin Thaabet, enviado à Bélgica para se materializar como empresário e finalmente à Damasco, em 1962, onde de um nicho no seu apartamento transmitia informações de tudo o que ouvia e sabia nas altas rodas do poder que frequentava livremente. 71


A PALAVRA

Por Philologos

COMO FONTE DE GÍRIA DE LADRÕES EM LÍNGUAS EUROPEIAS Como entidades vivas que são, as palavras passam de uma língua para a outra. Do ídiche para o alemão e depois de volta para o ídiche ou direto para o russo, ganham novas acepções e significados

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m antropólogo que estuda os judeus soviéticos mencionou a frase russa shacher-macher, que significa negócios escusos ou mercado negro, e sugeriu que o termo vem da palavra hebraica shachor, “preto”, via o ídiche. Ou talvez tenha se originado do alemão schacher, que significava regatear, particularmente por judeus. A origem desta palavra é uma questão em si, mas, mesmo se sua origem for o hebraico, é duvidoso que venha de shachor. Shacher-macher poderia ter entrado no russo por meio do ídiche ou diretamente do alemão, cortesia dos muitos alemães em terras eslavas. É verdade em relação a shachor. De fato, shacher-macher é uma boa expressão ídiche, pois um macher (literalmente, “criador”) em ídiche, como um macher, em alemão, é trapaceiro ou golpista, e o significado russo de “fazer um esquema” é claramente uma falsificação gramatical de uma palavra ídiche ou alemã anterior que significa trambiqueiro. E também porque “mercado negro” e “dinheiro sujo” se relacionam a atividade econômica ilegal, o shachor (“negro”, em hebraico) que se tornaria shocher em ídiche, e suspeito de ser esta palavra. Todavia, essa possibilidade é descartada porque, primeiro, um shocher-macher ou “black-maker” não seria mais idiomático em ídiche do que em inglês; e, segundo, tanto o “mercado negro” como o “dinheiro sujo” têm origem no século 20, enquanto o shacher do shacher-macher é mais antigo. Como observa Koss, ao longo dos séculos, o russo tomou emprestado tanto do alemão quanto do ídiche, e poderia ter tomado shacher-macher de qualquer língua. À primeira vista, no entanto, o ídiche é o credor mais provável. Por um lado, embora o alemão use o substantivo schacher e o verbo schachern para “pechinchar”, segundo seus dicionários não tem Schacher-Macher. Por outro, o ídi72

che é sempre uma fonte mais provável do que o alemão para palavras emprestadas relacionadas a transações obscuras ou ilegais. O crime era o único caminho da vida no período medieval e início dos tempos modernos, em que judeus e cristãos colaboravam estreitamente, e muitas palavras em ídiche entraram em línguas europeias por meio da gíria dos ladrões. A gíria russa, por exemplo, tem palavras como musor, policial, do hebraico/ídiche moser, “informante”; ksive, um tribunal ou documento jurídico, do ídiche ksive (hebraico ktivá), “escrever”; mlina, ponto de encontro dos ladrões, do ídiche mline (hebraico m’liná), um lugar para passar a noite; e khipush, batida policial, do hebraico (novamente via ídiche) chippus, busca. E na gíria dos prisioneiros russos, shmone, hebraico para “oito”, denota inspeção das celas da prisão, pois oito horas era a hora destas inspeções na Rússia czarista.

De onde veio? No entanto, mesmo se provavelmente shacher-macher tenha entrado no russo por meio do ídiche, podemos ter certeza de que shacher em si fosse uma palavra originalmente ídiche? Como sabemos que o alemão Schacher vem do ídiche e não o contrá-

rio – ou, aliás, que tanto o ídiche como o alemão não o tomaram do polonês, no qual encontramos os substantivos szacherka, fraude, e szachraj, fraudador, o adjetivo szachrajstwo, fraudulento, e o verbo szachrować, para fraudar ou enganar? E quanto os termos ucranianos shachrai e shakruvat, que significam o mesmo que szachraj e szachrowac, e o bielorrusso shachraistva, trapaça ou malandragem? Claro eis uma palavra de raiz que viajou entre pelo menos as línguas diferentes faladas em áreas adjacentes da Europa Central e Oriental. Qual foi o ponto de partida inicial dela? Se pudéssemos encontrar uma etimologia convincente para o shacher do shacher-macher, poderíamos responder a essa pergunta. Nas línguas eslavas, não há contendores. Em alemão, há Schächer, ladrão ou assaltante, do antigo alemão erudito scahhari. Mas é difícil explicar como uma palavra alemã para ladrão poderia se transformar em palavra alemã para regatear, e Schacher foi considerado por, pelo menos alguns alemães, como sendo uma palavra judaica. Ao escrever um ensaio, em 1831, a respeito da questão judaica, por exemplo, o teólogo alemão Heinrich Eberhard Paulus referiu-se à “origem hebraica” dela. E que a palavra estava amplamente ligada aos judeus foi enunciada com mais detalhes vários anos antes pelo cientista polonês e autor Jedrzej Śniadecki. Em 1818-21, Śniadekci publicou folhetos na revista satírica Wiadomości Brukawe, a respeito da vida polonesa em uma ilha imaginária chamada Balnibarbi. E acerca de um elemento de sua população, os “Szacherowie”, escreveu: “Os szacherowie são um povo que há muito tempo habitava a ilha de Balnibarbi. Diferem completamente de seus concidadãos no vestir e em sua língua peculiar. Eles têm barbas e longos casacos negros, e em suas cabeças usam chapéus com abas mais largas do que os nossos. Eles se ocupam com negócios clandestinos e fraudes. Até mesmo a palavra szacher na língua local significa uma verdadeira fraude.” Os szacherowie eram, obviamente, ju-

Nas línguas eslavas, não há contendores. Em alemão, há Schächer, ladrão ou assaltante, do antigo alemão erudito scahhari. Mas é difícil explicar como uma palavra alemã para ladrão poderia se transformar em palavra alemã para “regatear”

deus. Śniadecki, professor de matemática e astronomia na Universidade de Vilna, devia saber um pouco de alemão. Se pela “língua local” ele quis dizer ídiche (em polonês, como vimos, uma fraude é szachraj), ele deve ter considerado shacher uma palavra originalmente ídiche em vez de uma palavra alemã. De onde, porém, essa palavra ídiche poderia ter vindo? Não de soycher, ídiche para comerciante (do hebraico socher), porque um soycher-macher, um comerciante-fabricante, não teria mais significado do que um shocher-macher. Pode o shacher de shacher-macher ter sido originalmente relacionado à palavra hebraica sachar, ofício ou comércio? Embora não fosse uma parte ativa do vocabulário ídiche, sachar teria sido uma palavra conhecida por quem falava ídiche com base na Bíblia e outras fontes judaicas que teriam sido idichizadas como sacher; sua inicial “s” poderia então facilmente ter engrossado para o “sh” do shacher de shacher-makher, “comerciante” ou negociante. Do ídiche, shacher-macher e shacher se espalharam pelos judeus para o alemão e várias línguas eslavas. E se a fonte de shacher é realmente sachar, a palavra foi repatriada para a sua fonte na palavra hebraica moderna sachar-mecher, comércio de cavalo ou montar esquemas, em que mecher, literalmente, a venda, originou como um trocadilho de macher de shacher-macher. E o responsável pelo trocadilho é o grande romancista e escritor em ídiche e hebraico Sholem Yankev Abramovitsh (1836-1917), mais conhecido pelo pseudônimo Mendele Mokher Sforim. Hoje, em Israel, o termo sachar-mecher é usado mais para a política do que para os negócios: fala-se do sachar-mecher envolvido em montar uma coalizão parlamentar ou conseguir eleger o prefeito de uma cidade. É um caso incomum de palavra hebraica juntada a uma expressão ídiche para criar uma expressão ídiche emprestada pelo russo e, eventualmente, devolvida ao hebraico no sentido rítmico da expressão russa em vez do ídiche. É a única que conheço. 73


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3 IOM HAATZMAUT EM NOITE DE COMEMORAÇÃO NO SALÃO MARC CHAGALL. 1. PRISCILA, JACQUES E KARINE GOLCZEWSKI, DRORIT KAUFMANN; 2. CECÍLIA E CÔNSUL DORI GOREN NO BRINDE AOS 69 ANOS DA INDEPENDÊNCIA DE ISRAEL; 3. CONSULTOR GEORGE LEGMANN E JERSON KELMAN, DIRETORPRESIDENTE DA SABESP; 4. A PRESIDENTE DA WIZO SÃO PAULO NAVA E GABRIEL POLITI; 5. CÔNSULES DA ALEMANHA, STEPHANE LARUE, DO CANADÁ, E RICARDO ZUNIGA, DOS ESTADOS UNIDOS; 6. SELFIE REGISTRA A NOITE FESTIVA; 7. FOTO OFICIAL DO EVENTO: AUTORIDADES E DIRIGENTES COMUNITÁRIOS EM TORNO DO CÔNSUL GERAL DO ESTADO DE ISRAEL

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“GRUPO UNIÃO EM IOM HAATZMAUT” REÚNE ENTIDADES NA COMEMORAÇÃO DA DATA. 1. SOLI MOSSERI AGITOU A TURMA NA PRAÇA CARMEL NO SHOW DO MEIO-DIA; 2 E 3. SECRETÁRIO ESTADUAL FLORIANO PESARO, AVI GELBERG E GABY MILEVSKY CONFEREM O ARTESANATO; EQUIPE NA’AMAT PIONEIRAS INAUGURA A 37A. FEIRA DA COMUNIDADE; 4, 5, 6, 7 E 8. MÔNICA HUTZLER E AVI GELBERG RECEBEM O EMBAIXADOR DE ISRAEL, YOSSI SHELLEY; MAURÍCIO MINDRISZ E O TOQUE DO SHOFAR DE SEU PUPILO RAFINHA GARSON; O DUETO DE MARGOT KULLOCK E CHAZAN GERSON HERSZKOWICZ; RESIDENTES DO RESIDENCIAL ISRAELITA ALBERT EINSTEIN CONTAM SUA VIVÊNCIA EM ISRAEL ; GAROTAS DO CORAL DA UNIBES E RÉGIS KARLIK;

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3. NOVA DIRETORIA DO CIAM, COM GABRIEL HARARI À FRENTE; 4. CLEO ICKOWICZ, ASHER DORELL, FRAI MENDEL, ANA KARIN DIAS ANDRADE, CÔNSUL DA BÉLGICA CHARLES DELOGNE, ANGÉLICA E HÉLDER MOREIRA, DANIEL SAADIA, EMBAIXATRIZ ROSÁRIO JORGE DO AMARAL, ALBERTO SARUE, TÂNIA NOVINSKI E DORA MUCINIC CORDEIRO OUVIRAM SARITA SARUE FALAR SOBRE JANUSZ KORCZAK; 5. GRUPO SILVIA HODARA EM CHÁ DA TARDE DA WIZO; 6. ISRAEL BESHIRÁ LEVA 36 VIAJANTES CANTANDO POR ISRAEL INTEIRO;

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1 E 2. EM LAG BAÔMER, GRANDE PARADA REÚNE SINAGOGAS CHABAD NA PRAÇA CHARLES MULLER

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7. O CONVITE DE MÔNICA DAJCZ PARA EXPERIMENTAR SEUS DOCES NO ESPAÇO GOURMET FOI IRRECUSÁVEL; 8. NA GALERIA DE ARTE, ANITA NOVINSKY E O FOTÓGRAFO EXPOSITOR SIDNEY LACERDA

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1, 2 E 3. CONIB E FISESP VISITAM O MUSEU JUDAICO DE SÃO PAULO: KAREN SASSON, GILBERTO MEICHES, OCTÁVIO ARONIS, MARIZA DE AIZENSTEIN, RUTH GOLDBERG, JOSÉ RICARDO BASICHES, ROBERTA SUNDFELD, RICARDO BERKIENSZTAT, ITCHE VASSERMAN E SÉRGIO MALBERGIER

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4, 5 E 6. ABRAMO DOUEK ESTÁ NA GALERIA DE EX-PRESIDENTES. A FAMÍLIA REUNIDA EM TORNO DO HOMENAGEADO; OS NETOS ACOMPANHARAM O DESCERRAR DA FOTO; BERTA, SOMA SUA ALEGRIA AO MARIDO EM TODOS OS MOMENTOS

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7 E 8. MAIS UMA TURMA DA FELIZ IDADE FOI CONHECER O JARDIM BÍBLICO DO TEMPLO DE SALOMÃO

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GALERIA Fotos Flavio Mello

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EM DOSE DUPLA, NO TEATRO ANNE FRANK E NA PLENÁRIA, DIÁLOGOS PAIS & FILHOS, TEVE AUDIÊNCIA DE MAIS DE 200 JOVENS E ADULTOS

GRANDE MOVIMENTAÇÃO NOS FESTIVAIS PROMOVIDOS PELA ESCOLA DE ESPORTES. EM DOIS FINAIS DE SEMANA, OS PAIS ACOMPANHARAM O FESTSAL, OS FESTIVAIS DE JUDÔ, NATAÇÃO E VÔLEI

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GALERIA

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Fotos Flavio Mello

Fotos Flavio Mello e Guga Gerchman

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1 1. A EQUIPE SUB-13 DE BASQUETE ENFRENTOU O TIME DO CONTINENTAL 2. PELO TORNEIO DO SINDI-CLUBE, OS ATLETAS DO SUB-11 RECEBERAM A EQUIPE DO PALMEIRAS PARA UMA PARTIDA NO GINÁSIO DOS MACABEUS 3. FÚRIA AMARELA JOGOU CONTRA O TIME DA UNIVERSIDADE METODISTA NA QUADRA DO CENTRO CÍVICO 4. PEDRO E FELIPE RAPPAPORT FORAM CAMPEÕES DO CAMPEONATO INTERCLUBES 2017 E DO SLICE TENIS NAS CATEGORIAS 11 E 16 ANOS 5. ALUNAS DE POLO AQUÁTICO DO SESC PINHEIROS PARTICIPARAM DE INTERCÂMBIO NO CLUBE, SOB A COORDENAÇÃO DO TÉCNICO ADRIANO SILVA

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1. PARTIDAS DE VÔLEI DE TRIO FIZERAM PARTE DO FESTIVAL DA MODALIDADE PROMOVIDO PELA ESCOLA DE ESPORTES 2 E 3. A HEBRAICA SEDIOU UM AMISTOSO DA CATEGORIA MIRIM MASCULINA DE VÔLEI CONTRA O PALMEIRAS; 4. EQUIPE FEMININA DE VÔLEI RECEBEU AS GAROTAS DO JUVENTUS; 5. DEMONSTRAÇÃO DE MUAY THAY NA PRAÇA CARMEL PARA DIVULGAR O EPPIC DA MODALIDADE QUE OCORRERÁ DIA 20, NO CENTRO CÍVICO

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1,2 E 3. MODA E EMPREENDEDORISMO FOI O EVENTO PROMOVIDO PELO MERKAZ, QUE REUNIU OS DESIGNERS E EMPRESÁRIOS RONALDO FRAGA, LOLITA HANNUD E AMIR SLAMA, EM ENCONTRO QUE TEVE O ADVOGADO ESPECIALIZADO BENNY SPIEWAK, ALÉM DA PARTICIPAÇÃO DAS IRMÃS JULIA E GABRIELA WOLF, DONAS DO BRECHÓ DAZ ROUPAS; 4. JOVENS SEM FRONTEIRAS PROMOVERAM MAIS UMA EDIÇÃO DO APONTE, DESTA VEZ DEBATENDO DIVERSOS ASPECTOS DA PORNOGRAFIA; 5. NA AGENDA DO MERKAZ, UM ENCONTRO COM BERNARD BONJEAN, FUNDADOR DA AVANTE, QUE ESCLARECEU DÚVIDAS DO PÚBLICO SOBRE O INCENTIVO AO EMPREENDEDORISMO NAQUELE PAÍS; 6. INSPIRADA PELA INCUBADORA DE IDÉIAS, FERNANDA ELIMELEK INSCREVEU SEU APLICATIVO NO TECHNOVATION CHALLENG E CLASSIFICOU-SE ENTRE AS FINALISTAS, O QUE LHE GARANTIU UMA VIAGEM AO VALE DO SILÍCIO;

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1 E 2. ALUNOS DO MEIDÁ, MONITORES DO HEBRAIKEINU E DANÇARINAS DO GRUPO SHALOM TIVERAM PAPEL ESSENCIAL NO ATO EM HOMENAGEM A IOM HAZIKARON E IOM HAATZMAUT; 3. COM ENSAIOS NAS MANHÃS DE DOMINGO, O GRUPO DE MÃES, GAM ANI ESTÁ ABERTO AS INTERESSADAS EM PRATICAR DANÇA FOLCLÓRICA 4. DANÇARINAS DO PARPARIM COMEMORARAM O DIA DAS MÃES EM UM ENSAIO NO QUAL AS ADULTAS ERAM CONVIDADAS ESPECIAIS

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GALERIA Fotos Guga Gerchman

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2 1 E 2. UM ARTISTA CIRCENSE INTERAGIU COM CRIANÇAS E ADULTOS, DURANTE O DOMINGO FELIZ NA ESCOLA MATERNAL E INFANTIL; 3 E 4. PAIS E FILHOS CONSTRUÍRAM JUNTOS ENFEITES RELATIVOS A IOM HAATZMAUT E EXPERIMENTARAM UMA AULA DE YOGA INFANTIL; 5. PRESIDENTE AVI GELBERG EMOCIONADO AO COLOCAR A MEZUZA NO BATENTE DE UMA DAS SALAS DE AULA

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MEMÓRIA

FESTA DO DIA DOS NAMORADOS EM 1972, NA QUADRA DO GINÁSIO DOS MACABEUS 86


Por Judy Maltz

para ignorantes israelenses Eichmann? Mengele? Quem? Indícios revelam uma crescente ignorância sobre o Holocausto por parte de jovens israelenses. O que fazer para mudar este quadro?

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m recente excursão ao Yad Vashem, o Museu Nacional do Holocausto de Israel, e que faz parte dos três anos de serviço militar obrigatório, uma dúzia de jovens soldados juntou-se na sala dedicada à Conferência de Wannsee, onde, em janeiro de 1942, planejou-se a Solução Final, a guia perguntou: “Vocês já ouviram falar em Adolf Eichmann, não é?”, e apontou para uma foto do rosto mais reconhecível na parede da mostra. “Parece familiar”, respondeu um soldado. “Ele não era esse tal médico”, perguntou outro. A guia a princípio pareceu intrigada, mas faz então a ligação. “Ah, você deve estar pensando em Josef Mengele”, diz, referindo-se ao médico que conduziu experimentos humanos em Auschwitz. “Era outra pessoa.” Essa guia ficou chocada, mas não demonstrou, que israelenses já graduados não reconheçam imediatamente o nome de Adolf Eichmann – um dos principais executores da Solução Final, mais tar-

Soldados em visita obrigatória a Yad Vashem para aprender o básico do Holocausto

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de sequestrado e condenado à morte em um famoso julgamento, em Israel. Nem se espantou com a perplexidade de outro soldado ao ouvir que os nazistas não pouparam crianças, e um milhão de crianças judias morreram. No mesmo dia e hora, outro guia sai das salas de exibição com um grupo de estudantes israelenses do ensino médio. Eles param na exibição de Estrelas de David que os judeus eram obrigados a usar sob o regime nazista. Claramente desinformados a respeito de qual era o alvo dos nazistas, uma estudante sugere que o objetivo dessa política era destacar os judeus religiosos. “Não, não”, o guia a corrige. “Todos os judeus tinham de usar a estrela, até mesmo os judeus convertidos ao cristianismo.” Paradoxalmente, os israelenses ficaram indignados porque, segundo o porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, Adolf Hitler, que matou milhões de judeus em câmaras de gás, nunca usou armas químicas. Os israelenses se perguntaram como alguém poderia ser tão ignorante sobre o Holocausto? No entanto, observando durante dois dias estudantes do ensino médio e soldados em passeios ao Yad Vashem, nem sempre ficou óbvio para um repórter do jornal Haaretz que os jovens israelenses tinham muito mais conhecimento a respeito desse período devastador na história judaica moderna. É verdade que alguns grupos sabiam mais do que outros. Mas, na maioria das vezes, as perguntas dos guias acerca de acontecimentos, nomes, lugares e expressões-chave, como “o que aconteceu na Kristallnacht?” “o que foi o Kindertransport?” “quem eram os Sonderkommandos?”) eram respondidas por olhares vagos, isso em um país fundado sobre as cinzas do Holocausto e lar da maior comunidade de sobreviventes do mundo. “As pessoas não percebem que consciência do Holocausto é muito diferente do conhecimento do Holocausto, e um dos nossos maiores desafios é diminuir a distância entre eles”, explica o diretor da Escola Internacional de Estudos do Holocausto no Yad Vashem, Eyal Kaminka. “Apesar de o Holo-

As pessoas não percebem que consciência do Holocausto é muito diferente do conhecimento do Holocausto, e um dos nossos maiores desaÀos é diminuir a distância entre eles. Apesar de o Holocausto estar em toda parte na esfera pública de Israel não signiÀca que as pessoas sejam amplamente educadas a respeito.

ENSAIO

Eyal Kaminka, diretor da Escola Internacional de Estudos do Holocausto no Yad Vashem

causto estar em toda parte na esfera pública de Israel não significa que as pessoas sejam amplamente educadas a respeito.” Para Kaminka, há alguns anos era comum estudantes israelenses do ensino médio visitarem o Yad Vashem depois de completar um ciclo básico de estudo do Holocausto, mas atualmente “nós precisamos ensinar o básico dessa história porque eles simplesmente não sabem nada”.

Visitas a Auschwitz A pesquisadora do Holocausto e professora aposentada no Kibbutzim College of Education, Nili Keren, muitas vezes fica chocada com o nível de ignorância entre os jovens israelenses. Keren, bolsista na educação do Holocausto em Israel, acredita que muitas escolas têm se tornado excessivamente dependentes do Yad Vashem e de instituições semelhantes para reduzir a responsabilidade de ensinar o assunto corretamente. “Passar quatro horas no Yad Vashem não ajuda se esses garotos não tiverem o básico”, diz ela. “Essas instituições não podem servir como substitutos para a sala de aula.” Quase todos os jovens israelenses visitam Yad o Vashem durante o ensino médio, normalmente na 11 ou na 12 série, atividade que geralmente precede viagens aos campos de concentração na Polônia, e que, nos últimos 25 anos, se tornaram quase um rito de passagem, apesar da controvérsia pelo alto custo, efeitos emocionais e, muitas vezes, mensagem muito nacionalista. Michal Rosolio há anos realiza viagens de escolas secundárias à Polônia e confessa que hoje vê garotos brilhantes mas ignorantes a respeito de episódios marcantes do Holocausto, como a invasão da União Soviética pela Alemanha. “Assim, embora os garotos sejam bastante afetados por essas viagens e chorem por causa disso, há um grande vazio quando se trata do real conhecimento do que aconteceu. Acho que se o sistema educacional israelense considera tão importante gastar essa montanha de dinheiro nessas viagens à Polônia, deveria, pelo menos, saber se essas crianças estão bem preparadas e conheçam o material 89


ENSAIO quando chegarem.” O tratamento que se dá à educação do Holocausto priorizando o emocional e a experiência em torno de fatos e dados básicos é parcialmente responsável, segundo Keren, “como se fosse mais importante os jovens sentirem mais do que saberem”. As viagens à Polônia, durante as quais os estudantes se envolvem em bandeiras israelenses enquanto marcham aos prantos em Auschwitz, são um aspecto fundamental desse tratamento. “E quando voltam da Polônia, todos dizem que agora compreendem porque é tão importante ter um Estado judeu forte para protegê-los. Mas quanto de conhecimento trazem de volta a respeito do que aconteceu durante o Holocausto, aí é outra questão.” Há os que culpam uma decisão do Ministério da Educação, tomada há vários anos, de retirar a unidade de ensino médio dos estudos sobre o Holocausto do exame nacional padronizado de história como parte de uma reforma mais ampla. Por trás dessa decisão estava a ideia de que havia algo quase inapropriado em testar jovens judeus sobre seu conhecimento do Holocausto. De todo modo, os defensores dessa mudança argumentavam que, no dia seguinte à visita, a maioria dos estudantes esquecia tudo o que havia sido aprendido.

A opção pelo filme Holocausto Em vez de confiar em exames nacionais padronizados, as escolas agora são estimuladas a fazer os alunos embarcarem em projetos do Holocausto concentrados na aprendizagem por experiência. É natural que muitas crianças se relacionam com temas que dizem respeito à própria história familiar durante o Holocausto ou a história da cidade natal da família. Como resultado, de acordo com professores e educadores do Holocausto que conhecem o novo currículo, muitos jovens israelenses perderam de vista o quadro maior da questão do Holocausto. “Quando se acaba com testes padroniza90

Enquanto nos últimos anos tem se falado de “fadiga do Holocausto”, LustigerThaler notou por meio desse projeto, que, quanto mais se procura, mais se descobre que esse mundo obscuro não se exauriu, pois o tempo todo novas histórias e novos ângulos são revelados

dos, o que não é necessariamente uma coisa ruim, o grande desafio é a garantia de que essas crianças ainda entendam o contexto mais amplo em que os eventos aconteceram”, observa um funcionário de um centro de educação sobre o Holocausto em Israel. “Então, embora seja uma ótima ideia incentivar os alunos a aprofundar conhecimentos e buscar um aprendizado mais significativo, também é importante ter certeza de que o conhecimento do Holocausto vá além de detalhes do que aconteceu na cidade natal da família.” Ele interage regularmente com jovens israelenses que visitam seu centro do Holocausto e sabe que nenhum estudo avaliou os efeitos das mudanças no currículo. “Meu sentimento indica que sabem menos hoje do Holocausto do que jovens de gerações anteriores”, diz. Rosolio, aquela que lidera as viagens de estudantes do segundo grau à Polônia, tem a mesma opinião. “Quem conhece um pouco dos jovens israelenses sabe que, se não forem testados, não vão estudar”, diz. “E, desde que o Ministério da Educação introduziu esta reforma, o nível de conhecimento sobre o Holocausto não é mais o que era.” Com os professores menos pressionados para preparar os alunos para exames externos, muitos adotam a maneira mais fácil e usam o tempo de aula para mostrar filmes de Holocausto, mas nem sempre com resultados desejáveis. Keren: “As crianças assistem à Lista de Schindler, e depois disso, muitos deles pensam que sabem tudo o que há do Holocausto”. Recentemente, um professor acompanhou alunos da escola onde leciona em viagem à Polônia. “Eles não têm conhecimento básico. Muitos deles nunca ouviram falar da Conferência de Wannsee, por exemplo, nem sabem a diferença entre Auschwitz e Treblinka.” Professor da 11a série de história e civismo, culpa o Ministério da Educação por que “de todas as matérias para excluir do exame externo, tiveram de escolher justamente a Shoá? Eles não poderiam ter escolhido algo menos importante”?

Enquanto isso...Em Auschwitz Os guias de Auschwitz ensinam os guias tudo a respeito da vida religiosa no campo para responder às perguntas da “resistência espiritual”, uma história sempre ignorada, porque desconhecida Construir uma sucá clandestina; colocar os tefilin; procurar conselho rabínico. Apesar do risco de morte imediata, se descoberta, a resistência espiritual era forte entre os judeus praticantes nos campos nazistas. No entanto, por mais de setenta anos, as formas pelas quais os presos lutaram para praticar a fé naquelas circunstâncias ficaram desconhecidas, o que era evidente nas visitas a Auschwitz-Birkenau. “A história do Holocausto tem sido, principalmente, a respeito do que ocorreu aos judeus. Ao focalizar no indivíduo devastado pelo genocídio, à revelia se conta a história do perpetrador. Quando se fala sobre o que aconteceu com a vítima, a história humana é negligenciada”, disse o curador-chefe do Museu Amud Aish Memorial no Brooklyn, Henri Lustiger-Thaler, também professor de ciências sociais no Ramapo College, em Nova Jersey. Na verdade, o que as pessoas mais aprendem nas visitas aos campos de concentração e de extermínio é frio: pilhas de malas, rotuladas com nomes e endereços e montes de mechas de cabelos cortados. São artefatos necessários para contar a história do Holocausto, mas podem desviar a atenção para o que os nazistas fizeram, e não contar como os prisioneiros judeus reagiram. Trabalhando junto com o Museu de Auschwitz-Birkenau, os educadores de Amud Aish e do Kleinman Holocaust Education Center foram para a Polônia e treinaram os guias do Museu Auschwitz para melhor contar a história dos prisioneiros judeus ortodoxos e praticantes naquele período.

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ENSAIO “Pela primeira vez, o tema complexo de como os judeus ortodoxos lidavam com a realidade de Auschwitz foi discutido e apresentado aos educadores do museu. Eles receberam um meio importante para falar a respeito do tema aos visitantes seculares e aos grupos ortodoxos cada vez mais numerosos”, disse o diretor da Centro Internacional de Educação sobre Auschwitz e o Holocausto no Memorial Auschwitz, Andrzej Kacorzyk. Cerca de 2,1 milhões de pessoas visitaram Auschwitz em 2016, um recorde 71 anos após libertado, número que vai aumentar em 2017, segundo o Museu. A maioria dos visitantes é acompanhada nos passeios pelos 286 guias do museu, que se falam coletivamente cerca de vinte idiomas não tratavam dos aspectos mais espirituais e religiosos da vida dos judeus presos. “Ao acrescentar esta dimensão, se começa a ver que a história dos judeus praticantes da Europa foi completamente destruída e, ao se tratar disso, lhes dá voz e ajuda a ressuscitar esse mundo. A história não é apenas da pessoa que entra no gueto, no campo de trabalho ou na câmara de gás – também de uma cultura que entrava no gueto, no campo ou na câmara de gás”, segundo Lustiger-Thaler.

Conhecer a fé Enquanto nos últimos anos tem se falado de “fadiga do Holocausto”, Lustiger-Thaler notou por meio desse projeto, que, quanto mais se procura, mais se descobre que esse mundo obscuro não se exauriu, pois o tempo todo novas histórias e novos ângulos são revelados. Nas palestras e visitas ao campo, Lustiger-Thaler e o diretor do Museu Amud Aish, rabino Sholom Friedmann, falam de como as vítimas religiosas lutaram para manter identidades e se esforçaram para observar a fé. “O milhão de judeus mortos em Auschwitz-Birkenau, e os sobreviventes, eram em sua maioria religiosos, e embora a guerra tenha virado suas vidas de cabeça para baixo, mui92

tos ainda mantinham suas crenças e, por isso, o sofrimento deles se refletia na fé”, segundo Friedmann. Mais de setenta guias participaram do treinamento, que incluiu seis paradas adicionais à visita guiada a Auschwitz. Em 2018 haverá mais quatro módulos de treinamento, acerca de mulheres observantes. Apesar dessa nova ferramenta de enriquecimento narrativo, o conteúdo e o núcleo dos passeios permanecem os mesmos, disse o diretor de metodologia de orientação no Museu Auschwitz-Birkenau, Tomasz Michaldo. O ponto mais importante do treinamento foi familiarizar os guias com a questão da fé em Auschwitz e conscientizá-los de que a experiência a partir da crença na religião judaica é diferente daquela não baseada na fé. Para os participantes das sessões foi uma experiência importante e a maioria deles já visitou Yad Vashem e outros museus relacionados ao Holocausto, mas em nenhum deles se enfatizou a perspectiva baseada na fé. E muitos deles usam o que aprenderam em seis paradas diferentes do tour: uma parada na cozinha; outra inclui testemunhos de como os judeus usaram barris para construir uma sucá em Auschwitz III-Monowitz, em 1943, clandestinamente realizaram serviços de oração e usavam roupas religiosas sob os uniformes. Os guias contam as questões que algumas vítimas colocavam aos rabinos naquele mundo traiçoeiro e mortal. Por exemplo, os guias se detêm no local exato, em Birkenau, onde se levava ao rabino Tzvi Hersch Meisels perguntas como, por exemplo, se um pai poderia resgatar a vida do filho sabendo que ela seria trocada por outra vítima? “Nos campos de concentração e de extermínio havia escolhas sem escolha. O que restava era uma vida interior num lugar onde tudo – absolutamente tudo – era uma questão de vida ou morte”, disse Lustiger-Thaler, para quem e esses momentos de resistência não foram isolados, mas contínuos. A vida no campo foi de resistência”.

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CONSELHO DELIBERATIVO CALENDÁRIO JUDAICO ANUAL 2017

Pela continuidade

Junho

O mundo, a comunidade e a cidade de São Paulo têm sofrido transformações cada vez mais rápidas. Conceitos e atitudes, que há alguns anos eram considerados corretos, caem em desuso. A história da Hebraica e deste Conselho Deliberativo se caracteriza pelo acompanhamento dessa evolução através da instituição de programas e atividades, assim como a adaptação da infraestrutura arquitetônica. Agora, a Comissão Especial de Reforma Estatutária se aproxima da proposta final que deve ser entregue para deliberação do Conselho. A idéia é estimular e ampliar a participação do associado, de forma que ele se sinta engajado e parte da instituição. Tão importante quanto a modernização dos Estatutos Sociais é a preservação no quadro associativo de todas as famílias, especialmente aquelas cujos títulos remontam aos primeiros anos de existência do clube. Mais do que olhar para o momento presente, no qual talvez o clube não corresponda às necessidades específicas, é importante preservar a confiança de que através da contribuição de todos, muitas famílias ganham a chance educar os filhos e lhes dar os valores morais e judaicos que fazem parte da filosofia de trabalho do clube desde a sua fundação.

Agosto

*1

Julho 11 31

1

Reuniões Ordinárias do Conselho em 2017

7 ** ** ** ** **

2ª FEIRA 20 21 22 29 30

106

MAURO ZAITZ FÁBIO AJBESZYC SÍLVIA L. S. TABACOW HIDAL AIRTON SISTER VANESSA KOGAN ROSENBAUM

ASSESSORES

ABRAMINO A. SCHINAZI CÉLIA BURD EUGEN ATIAS JAIRO HABER JAVIER SMEJOFF SAPIRO JEFFREY A. VINEYARD

4ª FEIRA 5ª FEIRA 6ª FEIRA 6ª FEIRA SÁBADO

Outubro 4 *5 *6 11

4ª FEIRA 5ª FEIRA 6ª FEIRA 4ª FEIRA

* 12 * 13

5ª FEIRA 6ª FEIRA

AO ANOITECER

FIM DO JEJUM DE TISHÁ BE AV AO ANOITECER TU BE AV VÉSPERA DE ROSH HASHANÁ 1º DIA DE ROSH HASHANÁ 2º DIA DE ROSH HASHANÁ VÉSPERA DE IOM KIPUR IOM KIPUR VÉSPERA DE SUCOT 1º DIA DE SUCOT 2º DIA DE SUCOT VÉSPERA DE HOSHANÁ RABÁ 7º DIA DE SUCOT SHMINI ATZERET- IZKOR SIMCHAT TORÁ

Novembro 5

DOMINGO DIA EM MEMÓRIA DE ITZHAK RABIN

Dezembro 12 19

3ª FEIRA 3ª FEIRA

AO ANOITECER, 1ª VELA DE CHANUKÁ AO ANOITECER, 8ª VELA DE CHANUKÁ

2018 Janeiro 27

SÁBADO

31

4ª FEIRA

Fevereiro 28

DIA INTERNACIONAL EM MEMÓRIA DO HOLOCAUSTO (ONU) TU B’SHVAT

4ª FEIRA

JEJUM DE ESTER

5ª FEIRA 6ª FEIRA 6ª FEIRA SÁBADO

PURIM SHUSHAN PURIM EREV PESSACH - 1º SEDER PESSACH - 2º SEDER

1 *6 7 12 18

DOMINGO 6ª FEIRA SÁBADO 5ª FEIRA 4ª FEIRA

19

5ª FEIRA

PESSACH- 2º DIA PESSACH- 7º DIA PESSACH- 8º DIA IZKOR IOM HASHOÁ- DIA DO HOLOCAUSTO IOM HAZIKARON - DIA DE LEMBRANÇA DOS CAÍDOS NAS GUERRAS DE ISRAEL IOM HAATZMAUT - DIA DA INDEPENDÊNCIA DO ESTADO DE ISRAEL - 70 ANOS

1 2 30 31

Maio

MES MESA ME SA DO CO SA CONSELHO CONS ELHO PRESIDENTE VICE-PRESIDENTE VICE-PRESIDENTE 1O SECRETÁRIO 20 SECRETÁRIO

JEJUM DE 17 DE TAMUZ INÍCIO DO JEJUM DE TISHÁ BE AV

Setembro

Abril 14 de agosto 12 de novembro – ELEIÇÕES 27 de novembro 11 de dezembro

2º DIA DE SHAVUOT - IZKOR

3ª FEIRA 2ª FEIRA

3ª FEIRA

Março Mauro Zaitz Presidente da Mesa

5ª FEIRA

3 13 19 20 *21

5ª FEIRA LAG BAÔMER DOMINGO IOM IERUSHALAIM SÁBADO VÉSPERA DE SHAVUOT DOMINGO 1º DIA DE SHAVUOT 2ª FEIRA 2º DIA DE SHAVUOT - IZKOR

* não há aula nas escolas judaicas ** o clube interrompe suas atividades, funcionam apenas os serviços religiosos



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