Hebraica Maio de 2017

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PALAVRA DA DIRETORIA

Estamos passando por momentos turbulentos no Brasil e podemos ver a fragmentação da nossa comunidade, dividida, com opiniões divergentes não só na política, na cidadania, na religião como também em qualquer outro tema. Estamos preocupados com os fatores externos, em como nos tratam como judeus no país onde vivemos. Os sinais de antissemitismo, com reações a tudo que acontece em Israel, deve, sem dúvida, nos preocupar. Mas parte desses fatores externos é reflexo de como nós mesmos nos tratamos. Está mais do que na hora de olhar para nós mesmos, para nosso comportamento, e entender que estes atos e sentimentos provocam consequências diretas na maneira em como somos tratados. Está na hora de a nossa comunidade se organizar e se estruturar. Para ter o respeito dos outros, precisamos primeiro nos respeitar. Somos dezenas de entidades judaicas no Brasil, e isso é louvável, mas, infelizmente, cada uma rema para um lado visando seu interesse próprio ou os interesses individuais de seus dirigentes. Nestes casos prevalecem vontades e vaidades próprias de modo a que, infelizmente, as pessoas se colocam acima das instituições. Como podemos mudar essa situação? É uma grande pergunta. As estruturas comunitárias existentes têm pouca força para comandar de uma forma eficaz uma mudança. São Paulo, por exemplo, com mais de cem entidades, sinagogas e escolas. Todas buscando sobrevivência econômica com recursos limitados gastando muitas vezes recursos que podem ser otimizados. Uma ideia é, com a ajuda de todos, concentrar estes recursos oriundos das doações em uma central única que controle e avalie todos os projetos e evite gastos duplicados em projetos similares. Um primeiro passo já foi dado com relação às

bolsas das escolas. Por que não aplicar este mesmo modelo em todos os projetos comunitários, criando um comitê de notáveis e profissionais especializados? Poderíamos ter também uma central única de ajuda aos que necessitam sem expô-los em demasia. Isto poderia se multiplicar por outros estados para ajudar as respectivas entidades e, em escala nacional, uma centralização valendo para todo o país. Uma espécie de política nacional para gerência e administração de recursos comunitários em que se mantém a autonomia administrativa das entidades, mas cria uma subordinação hierárquica. Estou convencido de que o poder econômico influenciaria esta hierarquia comunitária, da mesma forma que estabeleceria agendas únicas, respeitadas as características e particularidades de cada estado e região, em vez de (agendas) paralelas e concorrentes. Este projeto talvez seja pretensioso, mas certamente necessário. Sinto profundo incômodo com a desorganização interna, os eventos descoordenados e a fragilização das entidades sem reagir. De todo modo, se estas reflexões servirem para criar um debate neste sentido, já será um avanço importante. Não é possível dez eventos de Purim no mesmo dia e no mesmo horário realizados por diversas entidades e nem quinze comemorações de Iom Haatzmaut, num evidente desperdício de recursos, energia, talentos e competências, somente para satisfazer egos. Dizem que somos um povo inteligente e com soluções inteligentes . Vamos justificar isso. Shalom Chag Shavuot Sameach Avi Gelberg Presidente

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SUMÁRIO AGENDA NA NOSSA MIRA ENTREVISTA ACONTECE REGISTRO

NOSSO CLUBE

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ESCOLA MATERNAL E INFANTIL, VISTA DA PRAÇA CARMEL

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ESPORTES MAGAZINE CAPA GALERIA OPINIÃO ENSAIO

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CARTA DA REDAÇÃO

ANO LVII | NO 663 | MAIO 2017 | IYAR

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DIRETOR-FUNDADOR SAUL SHNAIDER (Z’L) PUBLISHER FLAVIO MENDES BITELMAN DIRETOR DE REDAÇÃO BERNARDO LERER EDITOR-ASSISTENTE JULIO NOBRE SECRETÁRIA DE REDAÇÃO MAGALI BOGUCHWAL REPORTAGEM TANIA PLAPLER TARANDACH TRADUÇÃO ELLEN CORDEIRO DE REZENDE CORRESPONDENTES ARIEL FINGUERMAN, ISRAEL FOTOGRAFIA FLÁVIO M. SANTOS GUSTAVO WALDMAN

Talento e coesão Talvez o caro leitor e associado não saiba, mas são poucos os profissionais que fazem a revista da Hebraica: quatro redatores, o correspondente em Israel, uma tradutora, o editor gráfico e dois fotógrafos que prestam serviços para o clube todo e também nos atendem com as imagens e a preparação delas para publicar. Estes profissionais conseguem colocar nestas páginas, na forma de textos e imagens, tudo o que de mais relevante esta senhora de 64 anos chamada Hebraica realizou em um mês e vai realizar no mês em que a revista circula. A isso se junta o vasto, amplo, rico e inesgotável mundo judaico que procuramos revelar. Assim, nesta edição, de Iom Haatzmaut, cujo tema é o nome de suas forças armadas, isto é, Forças de Defesa de Israel, a jornalista Magali Boguchwal, uma das boas redatoras de sua turma na Eca-USP, colheu os depoimentos de pessoas que se dedicam a defender Israel não pela força das armas mas pelo valor de argumentos. E na sequência um artigo do jornalista e ex-combatente da guerra da independência Uri Avnery. E uma reportagem do nosso correspondente Ariel Finguerman falando dos premiados vinhos de Israel. E uma saborosa entrevista de Tania Tarandach que, mesmo envolta em problemas familiares, conseguiu excelentes revelações de Tomer Heymann, o diretor de Gaga, exibido na Hebraica. E a apresentação dos gêmeos clarinetistas Alex e Daniel Gurfinkel, com o pai deles, Michael. Tudo, como sempre, com o olhar atento, as observações judiciosas e a inteligência acurada do editor adjunto Júlio Nobre. Boa leitura Bernardo Lerer – Diretor de Redação

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NOSSO CLUBE

Dia 7, a Escola Maternal e Infantil apresenta à comunidade os novos espaços após a remodelação da área de modo a atender ao aumento no número de alunos. No segundo semestre, serão trezentos

Novas salas para viabilizar a ampliação da Escola Maternal e Infantil

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ista da Praça Carmel, a Escola Maternal e Infantil lembra uma construção retangular. Já no interior, percebe-se que uma das paredes, (a que dá para a alameda Gabriel Monteiro da Silva), ainda não está totalmente preenchida e por ela, o sol banha o pátio interno da escola em grande parte do dia. O andar superior em frente ao Playground domina a paisagem e quem usa a Pista de Atletismo agora vê as janelas das novas salas de aulas protegidas por persianas. As crianças no interior e os atletas no lado de fora partilharão o constante desejo de aperfeiçoamento, além do bem-estar momentâneo decorrente dos exercícios e das atividades propostas pelas morot (professoras). Neste dia 7, a Diretoria vai inaugurar a obra de expansão da Escola Maternal e o público conhecerá a nova área de recepção e atendimento das mães, salas de aula, algumas reformadas e outras novas, além dos espaços para o aprendizado de informática e o ateliê. Duas salas multiuso e uma exclusiva para as quarenta profissionais da equipe pedagógica são acréscimos que servirão de inspiração a projetos e ações ainda não incluídos no currículo. A Escola Maternal e Infantil trabalha com crianças de 1 ano e 2 meses (maternal I) até infantil III (6 anos) e à tarde oferece o maternal bilíngue e o serviço mais recente o Ateliê com Artes, às sextas-feiras. A entrega da obra reunirá no edifício recém-reformado algumas classes que iniciaram o ano letivo em espaços da Casa da Juventude. Da mesma forma que roupa de criança, a nova estrutura dessa escola que já tem 49 anos, serve até a próxima fase de crescimento.


NA NOSSA MIRA 1

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1. ELDAD

HAUZMAN ESTEFÂNIA GHETLER HAUZMAN E NICOLE GHETLER, JUNTOS NOS PRIMEIROS PASSOS DA PEQUENA NA HEBRAICA

2. REGINA 4 3

E MARCIA CZERESNIA JUNTAMENTE COM LILIAN NIGRI, PARTICIPAM DA AULA DE CULINARIA DO ESPAÇO GOURMET

3. MABEL

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WROBLEWSKI, CARLA PEKELMAN, EVE PEKELMAN, ROSE E GABRIELA WROBLEWSKI E LUANA PEKELMAN

4 .HILDA

WROBLEWSKI, ALAN E RENÉE FRANCO

5. FLAVIO

WROBLEWSKI, LUIZA KRAUSZ, BRUNO PEKELMAN, ROSE WROBLEWSKI, GABRIELA WROBLEWSKI, LUANA PEKELMAN, CARLA PEKELMAN , JAIRO PEKELMAN E OS IRMÃOS RACHEL E ALAN WROBLEWSKI

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ENTREVISTA

Tania Plapler Tarandach

HEYMANN FALA DE Tomer Heymann, nascido em Kfar Yedidia, Israel, em 1970, dirigiu o documentário Gaga, a respeito da história do grupo de dança Batsheva e seu dirigente artístico, o bailarino Ohad Naharin. Ele assistiu no Teatro Arthur Rubinstein ao lançamento do filme no Brasil

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pós a projeção do filme falou da carreira e dos vários prêmios que recebeu. Gaga, o trabalho mais recente, levou oito anos para ser realizado e foi escolhido pelo público da 40a. Mostra Internacional de Cinema de São Paulo como melhor documentário, entre outros prêmios internacionais. Heymann sentou no chão, junto ao público e falou na crença do poder da dança em favor da paz. “Na sua essência, a dança é o oposto da macheza”, disse. “E esse filme é um poema de amor à dança e ao trabalho do Ohad. Pela primeira vez, coloquei um personagem na sala de edição. O filme não é propaganda do método Gaga (desenvolvido por Ohad), porque o importante é narrar o poder de seu criador quando lida com pessoas especiais. Quando jovem, vindo do kibutz para Tel Aviv, conheci o Batsheva. Não queria ir ao show, fui e mudei, foi um ponto de virada na minha vida, abriu minha mente”, disse ele. Ficou tão impressionado que saiu da apresentação entrou vestido no mar, e nunca mais esqueceu disso. Dias antes do lançamento, Heymann deu uma entrevista exclusiva, por e-mail, à revista Hebraica. Hebraica – Entre diretor, produtor e roteirista, que função te interessa mais? Tomer Heymann – Os três papéis, porém dirigir me traz mais criatividade. Como roteirista, você dá grande importância aos relacionamentos. Qual seu contato com a realidade israelense, as minorias e a convivência do israelense com o entorno de seu país? Heymann – Em nossos documentários, meu irmão Barak (sócio na produtora Heymann Brothers Films) e eu lidamos principalmente com minorias em Israel. Queremos dar voz aos grupos marginais, muitas vezes deixados de lado na sociedade. É importante estabelecer uma relação de confiança com o meu protagonista, porque isso ajuda a criar confiança entre os dois lados e as reações dos personagens são, assim, mais autênticas. Os títulos dos documentários são geralmente voltados para a orientação social e política. Qual é o seu envolvimento neste sentido?

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Heymann – O título é a primeira coisa que o público sabe a respeito do filme e penso muito em como torná-lo atraente e tê-lo correspondendo com o filme em si, por isso estou muito envolvido nesse aspecto também. Nos documentários você destaca as pessoas. Trata-se de uma maneira de mostrar a pluralidade da sociedade israelense? Heymann – É muito importante revelar a complexidade do lugar de onde venho e mostrar todas as cores, texturas existentes em nossa sociedade, centrando em personagens que penso serem interessantes e acho que Gaga reflete isso muito bem. Ao colocar a Companhia de Dança Batsheva e seu diretor em um documentário que corre plateias do mundo, você acha que está contribuindo para uma nova perspectiva do país? Heymann – Uma das coisas mais felizes acerca do sucesso mundial de Mr. Gaga é descobrir como esse filme é universal: alguns dos espectadores são grandes fãs de Ohad e da Companhia de Dança Batsheva e outros nunca ouviram falar deles e não sabem nada de dança. Gaga revela que Israel é um lugar cheio de criatividade. Também revela histórias de amor e tragédias pessoais de Ohad e eu tentei colocá-las em um contexto político-social, estabelecendo uma relação entre a biografia pessoal do protagonista e as encruzilhadas em sua vida, que o transformaram em herói nacional num Israel dividido. Você já esteve antes no Brasil. Nessa visita teve a oportunidade de conhecer intelectuais? Você vê uma possibilidade de intercâmbio cultural entre esses dois países? Heymann – Gosto de conhecer pessoas de diferentes contextos socioeconômicos, sejam eles artistas, intelectuais ou pessoas pouco familiarizadas com a cultura – posso ter conversas fascinantes com eles. Este público realmente é o mais interessante para “decifrar”. Israel e Brasil podem ser muito distantes em seu temperamento, mas encontrei interesses na cultura brasileira des-

O diretor israelense entre Gaby Milevsky e Mônica Hutzler, na estreia de Gaga

de a tenra idade. Caetano Veloso é um herói cultural para mim. Cooperando com ele há uma década no meu filme Paper Dolls (no qual ele contribuiu com uma versão de O Que Será) e agora em Gaga (com a música É um Longo Caminho) é um bom exemplo de como pessoas de diferentes culturas e em diferentes idades estão conectadas por meio da arte. Há vinte anos queria pôr a música de Caetano em um filme e fiquei honrado em um cantor ceder uma música a um diretor israelense. Qual a sua percepção da sociedade brasileira em comparação com a israelense? Heymann – Israelenses e brasileiros têm algo um pouco implosivo, selvagem e animal no seu temperamento, mas em Israel, em parte porque é um país bastante jovem, nossa sociedade é mais restritiva e conservadora quando se trata de sexo e desejo, enquanto no Brasil há mais liberdade nesse aspecto e eu acho que nós, israelenses, podemos aprender muito com vocês. A música israelense em seu núcleo tende a ser mais melancólica e triste, algo que tem a ver com a história do povo judeu, ao contrário da música brasileira que tem alegria e um senso do aqui e agora. Qual é a sua mensagem para aqueles que assistem ao seu filme? Heymann – Gaga é uma história de amor, amor pela arte, amor por uma mulher, amor pela dança, mas também é a história a respeito da capacidade de curar a si mesmo e de se levantar de uma ferida profunda. 17


ACONTECE

ALAMEDAS DA HEBRAICA ENFEITADAS COM A BANDEIRA DE ISRAEL MARCAM A DATA

especial De uma reunião de entidades femininas há alguns anos, o grupo de Iom Haatzmaut representa hoje a maioria das instituições comunitárias. Sempre com a finalidade de fazer do aniversário da Independência do Estado de Israel uma festa mais representativa. São vinte entidades reunidas em um ato central, que acontecerá dia 7 de maio, às 17 horas, no Teatro Arthur Rubinstein

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esde o ano passado se formou um megacoral, reunindo os grupos Kadosh, Mizmor-Comunidade Shalom, Tradição, Centro de Convivência, de Boca em Boca, Sharsheret e Zemer, estes dois, da Hebraica, totalizando mais de duzentos cantores no palco, dos 8 a mais de 90 anos. O maestro Leon Halegua regerá um repertório preparado durante várias semanas e, no final do espetáculo, haverá uma novidade: pela primeira vez, as tnuot participarão da festa com uma megabateria, que também está com os ensaios a todo vapor. Nesse mesmo dia, Na’amat Pioneiras homenageia Israel durante a 37a. Feira da Comunidade, que ocupará o Salão Marc Chagall, com produtos variados e uma sessão

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gastronômica. Durante a tarde, para quem quiser bailar ao som de música judaica haverá harkadot à disposição. Para as crianças, Israel Bond’s prepara sessões de Minecrafts, com computadores e muitas surpresas. O Fundo Comunitário também traz algo especial, com a visão de Israel através de uma exposição. Estes eventos serão todos na Hebraica. As comemorações se ampliam e ganham outros locais na Semana de Iom Haatzmaut. No dia 1a., na Sinagoga Renascença, acontecerá “Yom Haatzmaut In Concert”, show com o tema “Jerusalém, Nossa Eterna Capital”. Reunindo Cláudio Goldman, Daniel Grabarz, Ilana Schonenberg Bolognese, Rony Grabarz, maestro Marcelo Ghelfi e as irmãs Ariela, Dália, Juliana e Diana Grabarz. Na Comunidade Shalom haverá palestra enfocando “Mulheres no Judaísmo e suas Lutas na Sociedade Israelense”; a Congregação Beth El fará um shabat comemorativo no dia 5; a Unibes Cultural abre para um Festival de Comida Judaica, com bazar e oficinas; o Residencial terá uma vivência de Iom Haatzmaut; e os jovens da CIP convidam para a já tradicional maratona de dança após o Shabat, dia 6 . A programação é para todas as idades. Os organizadores esperam que as pessoas tenham momentos agradáveis, comemorando com alegria o 69o. aniversário da Independência do Estado de Israel. (T. P. T.) 19


ACONTECE

Elas são jovens mães profissionais ocupadas. Para elas, a Hebraica é quase... uma mãe. Conversamos com algumas delas

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sabela Scherkerkewicz é uma das mais novas entre os bebês que são vistos pelas alamedas do clube. Ela tinha cinquenta dias e os pais Henry e Silmara saboreavam um café no Amor aos Pedaços enquanto ela se agitava – talvez impaciente? – no carrinho. “Sou sócio desde pequeno e esta semana vou incluir as duas, mãe e filha, no meu título familiar. Vai ser muito útil, porque somos vizinhos e tudo indica que viremos muito ao clube nos próximos anos”, afirmou o mais novo pai. Silmara estava maravilhada com o clube. “É lindo e tem muito verde. Estive no Espaço Bebê e fiquei encantada com a estrutura. Não vejo a hora de brincar com a Isabela naquele local. Por enquanto, só usamos o berçário”, brinca.

HENRY E SIL LMARA QUEREM QUE IS SABELA A ASSÍDUA SEJA UMA NTADORA FREQUEN DO CLUBE E 20

Mônica Melinsky mora em outra região da cidade e trabalha no atendimento de um grande hospital. “Só consigo vir com as meninas em dois finais de semana por mês, mas nesses dias aproveitamos bastante”, afirma a mãe de Helena, 10 meses, e Gabriela, 4 anos. “Eu me sinto muito bem atendida pelo clube. Com a Gabriela usei pouco o Espaço Bebê, mas a Helena adora. Além disso, no verão frequentamos a piscina, a Biblioteca, o Playground. Ao falar a respeito das meninas, Mônica abre um amplo sorriso. “A maternidade foi a melhor coisa que aconteceu em minha vida. É um crescimento e uma alegria intermináveis”, afirma. A oftalmologista Marina Oksman se apoia inteiramente nos serviços da Hebraica para curtir os dois filhos, Noah, 4 anos, e Nina, o bebê da família. “Noah frequenta a Escola Maternal e Infantil e na Escola de Esportes aprende natação, judô e futebol. Adora cada minuto. Para a Nina, o Espaço Bebê é ótimo. Os dois brincam na piscina e no Playground. Eu me sinto muito bem atendida pela Hebraica e ficarei ainda mais satisfeita quando a área gastronômica melhorar. Até lá, utilizamos o Casual Mil, o Bar do Pedrinho, o Quiosque do Coco. Com tanto apoio, a maternidade fica muito mais interessante”, explica. Para Aline Aboulafia, a maternidade é um aprendizado constante e uma lição de humildade. Mãe de David, 6 anos, e Rachel, 8, a fisioterapeuta é responsável pelo estúdio de pilates no Fit Center. Os filhos estudam no Alef e são alunos da Escola de Esportes. “Eles praticam ginástica olímpica e tênis. Além disso, a Rachel está inscrita na natação e o David no judô. Quando menores, frequentaram a Escola Maternal e Infantil”, conta a mãe. Com agenda profissional cheia, Aline se apoia muito na infraestrutura da Hebraica. “Estávamos sempre no Espaço Bebê, usamos os parquinhos, a Brinquedoteca e as quadras esportivas para brincar de bola com eles”, conta. No geral, ela se considera bem atendida pela Hebraica. “Claro que poderíamos ter algumas opções diferentes na área de alimentação e um espaço para as babás quando não estão ocupadas com as crianças. Mas é só uma sugestão.” Thais Sartori está encantada com o início da vida escolar da filha Beatriz, 3 anos. “Beatriz começou recentemente na Escola Maternal e Infantil e está adorando. Como é feriado de Pessach e não tem aula, ela veio toda animada. Como ela vai à escola, nós duas passamos quase todas as tardes no clube. Estou totalmente satisfeita com os serviços da Hebraica”, afirma a arquiteta que trabalha com enfeites de cabelo. “Para mim, ser mãe é a realização de um sonho. Um sonho muito bom”, conclui.

CAMIN NHAD DA DIA A7 O Espaço Bebê concentra seu trabalho no desenvolvimento dos bebês de 0 a 3 anos, o que implica atuar junto às famílias, especialmente às mães. Isso explica a grade de cursos com aulas de yoga para gestantes, canto e massagem para bebês e a participação na Caminhada das Mães da Célula Mater, uma parceria de vários anos na forma de oficinas ministradas pelos profissionais da equipe do Espaço Bebê como parte da programação em homenagem ao Dia das Mães. “Este ano, nossas oficinas vão abranger também as crianças maiores, além dos bebês, como aconteceu nos últimos anos”, comemora a coordenadora do Espaço Bebê, Talita Pryngler. A Caminhada das Mães da Célula Mater será dia 7, na sede da Clínica, à rua Gabriel Monteiro da Silva. No ato da inscrição, a entidade recebe livros em bom estado que serão doados ao Ten Yad. (M. B.) 21


ACONTECE

PARA O PÚBLICO INFANTIL

Dias 21 e 28 as crianças ganharão dois espetáculos inéditos no Teatro Anne Frank: Lucila Novaes lança o seu CD autoral Prá Criançada e na semana seguinte participa do show Freddy, a Tartaruga e a Turma do Fundão, estrelado pela contadora de histórias Jane Fucs

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Jane, Erika e Lucila trabalham juntas em Freddy, a Tartaruga e a Turma do Fundão, que estreia dia 28

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ais e mães sempre procuram entretenimento para os filhos e ficam especialmente interessados quando a programação do clube apresenta algo nesse gênero. Assim, este é um mês de sorte pois dias 21 e 28 ficarão na fila esperando o início do show de lançamento do CD Prá Criançada, trabalho autoral de Lucila Novaes e a estreia de Freddy, a Tartaruga e a Turma do Fundão, segunda incursão da contadora de histórias Jane Fucs nos palcos. Os ingressos já estão à venda e as duas estrelas contam os dias para entrar em cena. Lucila conta que as canções de Prá Criançada foram compostas durante a carreira de professora de música na Escola Maternal e Infantil da Hebraica e em outros colégios. “As crianças são minha inspiração e como ainda dou aulas, há quem brinque que este será o volume um de uma série”, observa. “No disco, sinto-me como estando parada na rua onde moro e apresento minha turma de vizinhos e amigos para a plateia. Eu e outros dois músicos estaremos no palco nos revezando em vários instrumentos e as crianças verão de pertinho o culelê, o teclado, o saxofone, a escaleta e outros, além da percussão. O coro que nos acompanha também vai colorir o espetáculo”, adianta. Lucila ensina música para todas as classes da Escola Maternal e Infantil e garante que o interesse pela música nasce ainda no ventre. “Costumo dizer aos pais que eles foram os primeiros professores de música dos filhos e que eu apenas entrei na parceria. Crianças gostam de repetição e sempre me pedem para tocar as suas músicas prediletas, mas também aprendem a ouvir no-

vos sons e quando lhes apresento uma canção diferente, já na segunda vez que canto batem palmas, e na terceira já me acompanham, então estou tranquila quanto à recepção ao novo disco”, afirma Lucila.

Crianças crescidas Lucila também integra o elenco de Freddy, a Tartaruga e a Turma do Fundão, espetáculo que estreia dia 28, no mesmo Teatro Anne Frank, estrelado pelas contadoras de histórias Jane Fucs e Erika (Kika) D. Tomaspolsky, que leva o público de 1 a 8 anos por aventuras imaginárias tendo como cenário o fundo do mar. Jane e Lucila acompanharam o trabalho uma da outra por algum tempo. “Uma admirava o trabalho da outra, ela contando histórias e eu cantando. Num determinado momento nos propuseram um projeto conjunto. Jane contava a história e eu fazia os efeitos especiais e acompanhava com música. Deu supercerto. Somos duas crianças crescidas no palco. Um exemplo foi o sucesso de O Jacaré, dirigido pelo Ricardo Âmbar e apresentado em 2016”, lembra Lucila. Ricardo também dirige Jane Kika e Lucila em Freddy, a Tartaruga... e, segundo esta última, parte do tema do espetáculo se baseou em uma canção de sua autoria e tratava sobre uma tartaruga que era maltratada. Já Kika afirma que uma história inventada por ela e Jane foi adaptada para o palco. “Importa o resultado. Jane conta a história dela e dos outros personagens maravilhosamente. Teremos até o apoio do Instituto Luíza Mel. Estou certa que teremos a plateia lotada nos dois shows”, torce Lucila. (M. B.) 23


ACONTECE

em dois momentos O humorista apresenta um show no Teatro Arthur Rubinstein dia 28 de maio com renda em benefício da viagem de encerramento da 22ª turma do curso de líderes Meidá

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afael Cortez é um desses artistas com múltiplos talentos da nova geração que o público conheceu na TV nos anos em que atuou como repórter no programa “CQC” (“Custe o Que Custar”), onde trabalhou até 2015. Formado em jornalismo pela PUC de São Paulo, ele enveredou pela área do humorismo, estrelando um programa que ele mesmo escrevia, o “Dirige Rafa”, apresentado pelo canal a cabo Comedy Center. Na Hebraica, o público poderá atestar duas de suas vertentes de trabalho. Dia 28 de maio, ele apresentará o show “O Problema Não É Você, Sou Eu” com material de sua autoria e em junho, em data ainda a ser definida, mostrará seus dotes como violonista (violão mesmo) clássico e popular, juntamente com dois colegas músicos. A renda do show “O Problema Não é Você, Sou Eu” será destinada aos adolescentes da 22a turma do curso de líderes Meidá, que viajam no final do semestre para Israel, onde finalizarão sua formação como monitores através de excursões e seminários sobre temas ligados á atualidades de Israel e educação judaica. Os ingressos estão à venda pelo Alô Ingresso ou na Central de Atendimento. Informações, pelo telefone 3818-8888. (M.B.) 24


ACONTECE Clube de Leitura convida O projeto Diálogos, parceria entre os departamentos Social e de Juventude, tem seu primeiro encontro no dia 10, quarta-feira, às 20 horas esde o ano passado, os departamentos Social e de Juventude têm abordado temas relativos à adolescência, porém de forma separada. Em um desses encontros, as vice-presidentes Mônica Hutzler e Elisa Nigri se perguntaram por que não unir os interesses comuns, muitas vezes de diferentes faixas etárias porém de entendimento mútuo. Assim surgiu o novo projeto Diálogos. Os pais irão para o Teatro Anne Frank e os filhos se reunirão na Sala Plenária. E a escolha dos temas também foi amplamente questionada para atingir o objetivo proposto de duas gerações se expressarem dentro de seu universo, criando, a partir daí, o diálogo da aproximação. O psicólogo Marcelo Ryngelblum, graduado pela PUC e com extensão universitária pela USP, conversará com os jovens sobre “Álcool e Outras Drogas: Mitos e Verdade”. O profissional tem experiência nessa área, é coordenador do Núcleo Campo da É de Lei, uma das únicas associações de redução de danos no Brasil, com o compromisso de contribuir para uma mudança na cultura no campo das drogas. Sócio diretor da Asatempo – Psicologia e Consultoria, Tiago Tamborini trará sua experiência sobre o tema “Crianças e Adolescentes: Decifrando uma Nova Geração”. A experiência do psicólogo nessa área inclui a motivação de professores e coordenadores na desafiadora tarefa de educar no século 21, com encontros em sala de aula, quando discorre sobre sexualidade, relação pais e filhos, entre outros assuntos. A proposta de “Diálogos” é que o papo seja aberto, franco e possa ter continuidade no ambiente familiar. De que os filhos tragam os pais ou que estes venham acompanhados dos filhos em torno de um tema de interesse comum, que se desdobra no entendimento de cada lado com reflexos no dia-a-dia dessa vida agitada, quando os momentos de trocas de experiências se tornam cada vez mais escassos. (T. P. T.)

“O OÁSIS S” NA GALERIA A

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“As fotografias de Sidney Lacerda transportamnos para outras esferas, para aquelas onde nunca chegaremos, mas que povoam nossos sonhos... A beleza da composição das cores transcende o palpável, o conhecido, para alcançar o que foi perdido e penetra fundo na alma para sempre.” Assim a historiadora Anita Novinsky define o trabalho do artista plástico Sidney Lacerda, que inaugurou a mostra “Oásis” na Galeria de Arte no final de abril e continua por todo este mês.

Para quem gosta de ler, os encontros quinzenais de sábado à tarde são um programa imperdível. Neste mês as leituras são Liquidação, de Imre Kertész e Meshugá, de Jacques Fux. Dois autores elogiados pela crítica especializada e analisado em conjunto com Vivien Schlesinger.

Presentes para as Mães Já é tradicional o Bazar do Grupo Chaverim. Em sua décima primeira edição, ocupará o salão do Bufê França (parceiro) nos dias 8 e 9, das 11 às 19 horas. Realização dos Grupos de Famílias e Voluntários, com o apoio da Hebraica e de We com fly!. Oportunidade para escolher o presente para o Dia das Mães.


ACONTECE

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omeça dia 3, com Stefan Zweig, Adeus Europa. Em duas sessões, às 14h30 e 20h30, o filme é baseado no livro Morte no Paraíso – a Tragédia de Stefan Zweig, de Alberto Dines, e sua viagem do Rio de Janeiro a Buenos Aires, de Nova York a Petropólis. No saguão do teatro haverá uma exposição dos 35 títulos a respeito de Zweig do acervo da Biblioteca para os sócios conhecerem a vida do casal. Dia 10, também às 14h30 e 20h30, será a vez de uma pré-estreia: Saint Amour, com o ator francês Gérard Depardieu. Participou do Festival de Berlim 2016 e feito para quem gosta de vinho. Dia 13, às 20h30, e 14, às 16 e 19 horas, estará na tela o filme sueco Um Homem Chamado Ove; dia 17, nos dois horários – 14h30 e 20h30 – a pedida é ver Jim Jamursch em Paterson; e dia 24, às 14h30 e 20h30, o filme já é recomendado pela crítica, Negação: a História do Holocausto em Julgamento. A personagem Deborah Lipstadt é vivida por Rachel Weisz, vencedora do Oscar. Com venda do livro, no saguão, a partir das 19h30.

A programação de abril agradou muito e a de maio vai pelo mesmo caminho. Apenas escolha a sessão e guarde lugar para a pizza na Praça Carmel, na saída

A

história da dança através dos tempos, tendo Luiz XIV, o Rei Sol, à frente de quatorze bailarinos num espetáculo voltado para o público de todas as idades. Essa é a concepção do espetáculo “Vem Dançar”, que a Cisne Negro Cia. de Dança vai mostrar no palco do Teatro Arthur Rubinstein. Oportunidade única de assistir a esse grupo de fama internacional no clube, com o mesmo espetáculo aplaudido em apresentações pela cidade. “Vem Dançar” é um musical colorido, porta de entrada para o mundo da dança para leigos. Passa pela dança da corte, no período clássico, pela modernidade, a dança contemporânea e chega a uma roda de samba bem brasileira, seguindo a história da dança oênica Ocidental, do século XVI até os dias atuais. E, mais, com um figurino criado a partir de materiais reciclados. (T.P.T.)

28


ACONTECE

Em parceria com a Cwist, o Merkaz tem agenda de cursos até maio

Economia criativa HEADTalks é uma das atividades mais aguardadas pelos sócios e razão da originalidade e atualidade de cada tema apresentado. Assim foi desde o começo e continuará este ano, agora com a novidade de uma realização junto com o Merkaz, outro polo de grande afluência de público no clube

COZINHA PARA TODAS AS IDADES 30

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ara o encontro deste mês, dia 17 às 20 horas, no Teatro Anne Frank, o tema escolhido é “Economia Criativa”, que o consultor britânico John Howkins explica como “atividades econômicas nas quais a criatividade e o capital intelectual são a matéria-prima para a criação, produção e distribuição de bens e serviços”. As indústrias criativas estão entre os setores mais dinâmicos da economia mundial e mais de 150 países membros da ONU introduziram esse tópico na agenda internacional de desenvolvimento econômico. Há algo mais atual? Quem estará lá será Ana Carla Fonseca, administradora Pública pela Fundação Getúlio Vargas, economista, mestre em administração e doutora em urbanismo (USP) e sócia-diretora da Garimpo de Soluções. Consultora e conferencista em cinco línguas e 22 países, assessora em economia criativa para a ONU. E vai tratar de da economia criativa, com o tema “Cidades”, a sua, a do outro, aquela em que vivemos.

O Espaço Gourmet terá um mês dedicado a todas as idades. Começa com uma aula para quem gosta de doces, com Mônica Dajcz fazendo sobremesas que dão água na boca. Imagine cozinhar com chás, pois essa é a proposta de Carla Saueressig, dia 12 e, no dia seguinte, Alessandra Ades leva pais e filhos para fazerem nuggets e cookies saudáveis, ou seja, uma farra só. Dia 26, é a vez de os adolescentes irem para a beira do fogão. O “Curso de Cozinha Prática”, com Ilana Schnaider, tem encontros nos dias 10, 17, 24 e 31. Basta se inscrever na Central de Atendimento.


REGISTRO

Os gêmeos clarinetistas, UM ESPETÁCULO

Daniel, Michael e Alexander emocionaram o público com peças clássicas e cancioneiro judaico

Os irmãos Gurfinkel, clarinetistas de primeira linha, interpretaram Mozart e peças do cancioneiro judaico em sua apresentação no Teatro Anne Frank antes de partirem para Buenos Aires, onde continuariam a turnê

O

s espetáculos do duo de clarinetas Daniel e Alexander Gurfinkel pela América Latina, primeiro na Hebraica e depois em Buenos Aires, são perfeitos não apenas pelo talento de ambos, mas porque estes gêmeos têm o olhar vigilante do pai, Michael, nascido na Ucrânia e imigrado para Israel, assim como seu pai Arkadi, um dos maiores clarinetistas da primeira metade do século 20, também o vigiava. O avô de Michael, bisavô dos gêmeos, também foi clarinetista e o que se viu no Teatro Anne Frank foi, portanto, uma verdadeira linhagem de instrumentistas. 32

A apresentação é precedida por um rigoroso ensaio durante o qual Michael, sentado entre ambos, os repreende quando necessário, e forma o trio de instrumentos de sopro ao clarone, ou clarineta baixo, o correspondente ao violoncelo se a clarineta fosse um violino. Eles executaram peças tradicionais do cancioneiro em ídiche, hebraico e músicas do repertório de Mozart e outras que exigem extremo virtuosismo como o Carnaval de Veneza, por exemplo. O concerto emocionou o público. A professora Nancy Rosenchan assistiu ao concerto da quinta e no domingo ainda saboreava o talento dos clarinetistas. “Adorei. Se pudesse, voaria para Buenos Aires para ouvi-los semana que vem, novamente”, garantiu. Alex e Daniel Gurfinkel estavam felizes por estar no Brasil, queriam conhecer o público brasileiro “tão famoso no exterior”, e agradeceram a hospitalidade brasileira e Gaby Milevsky pelo convite. A preferência dos gêmeos, ambos com formação clássica, é eclética, pois Alexandre prefere Brahms e Daniel se identifica mais com Gustav Mahler e suas sinfonias, mas também aprecia Johannes Brahms, principalmente os dois quintetos para clarineta do compositor alemão e da “forma como ele se expressa na música”. Para o concerto na Hebraica, montaram um programa com as músicas de que mais gostam e apostaram, com razão, na vibração do público com a execução das músicas do cancioneiro judaico. De todo modo, não executaram uma peça escrita especialmente para eles pelo compositor israelense Shlomo Gromet que já apresentaram em trio com o pai, Michael, durante as turnês internacionais. “Ele escreve muito bem e é um prazer ouvir suas obras”, disse Alex. Eles admitem que “não é simples nem fácil tocar com papai, porque ele é realmente exigente, especialmente quando mistura os papéis de maestro, professor e pai”. Estudando em Berlim com o professor Martin Spangenberg, querem se desenvolver como músicos, aprimorar a téc-

nica e “temos a sorte de o público alemão gostar da música clássica, então nossos concertos são bastante elogiados. Martin “tem a mesma formação acadêmica do meu pai. Esta é uma das razões porque o escolhemos para completar nossa formação como clarinetistas. Ele gosta muito de música clássica e nós também. Tocamos todos os gêneros, mas gostamos mesmo do clássico”. E embora juntos em tudo, desde o ventre materno, têm aulas em separado porque seria difícil para o professor lidar com os dois ao mesmo tempo. (M. B.)

DANIEL SE IDENTIFICA COM AS OBRAS DO COMPOSITOR GUSTAV MAHLER

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Tania Plapler Tarandach taran@imprensa.com.br

(foto Eliana Assumpção)

COLUNA UM

“CADERNOS CONIB” NO. 4 A advogada e mestre em direitos humanos pela USP Akemi Kamimura e o jurista e ex-ministro das Relações Exteriores Celso Lafer participaram do debate durante o lançamento do quarto Cadernos Conib, na Unibes Cultural, e no qual estiveram presentes o secretário nacional de Justiça Beto Vasconcelos, o presidente do Centro Cultural Brasil-Turquia Mustafá Goktepe, o ativista da fé baha’i Flávio Rassekh, autor de um dos textos dessa edição, e a homenageada e sobrevivente da Shoá Nanette Konig. Segundo Lafer, “a década de 1990 foi um momento bastante construtivo. Hoje, as coisas estão difíceis. Precisamos ter uma postura de militância afirmativa”. O presidente da Conib, Fernando Lottenberg, falou do Caderno Conib estar agrupado em três blocos: a promoção da tolerância e o combate à intolerância, a intolerância aos refugiados, e o fanatismo e fundamentalismo. “Temas, aliás, que norteiam a atuação da Conib: paz, democracia, combate à intolerância e ao terrorismo, justiça social e diálogo interreligioso”.

Música nos oittentta anos da CIP A Congregação Israelita Paulista (CIP) tem uma história musical consagrada na comunidade com corais de todas as idades, cds gravados, espetáculos teatrais premiados. A CIP comemora oito décadas de existência com o projeto Ben Shmonim lá Guevurá, pois esta é a palavra (coragem, em hebraico) usada no Midrash para designar quem chega aos 80 anos. A solidez se traduz em constante mudança, acompanhando o mundo atual e preparando as futuras gerações. Assim nasceu o cd Guevurá 80, reunindo os melhores e mais importantes vozes, desde as crianças do ensino da Escola Lafer, os jovens dos movimentos juvenis, corais voluntários e chazanim, num show de interpretação e vivência. 34

Einstein na Chácara Klabin Uma nova unidade de atendimento do Hospital Israelita Albert Einstein foi inaugurada, agora na Chácara Klabin, onde são oferecidos serviços de medicina diagnóstica, exames laboratoriais e de imagem, pronto atendimento infantil e adulto. Os profissionais terão acesso às informações do paciente por meio do prontuário digital recém-implantado pelo Hospital em suas unidades. São sete andares, em nove mil metros quadrados (área útil e estacionamento), com seis consultórios e dezenove médicos, na avenida Dr. Ricardo Jafet, 1.600, Vila Mariana.

Educação é tema de encontro “Não haverá um Brasil justo e a altura do potencial do país se não houver um forte esforço para a educação melhorar. Acompanho e admiro o trabalho da Na’amat Pioneiras há muito tempo, bem como o esforço para trazer as mulheres de uma nova geração para a Organização e me sinto honrada por participar da abertura da Campanha Anual da entidade”, disse Cláudia Costin, ex-ministra da Administração e Reforma no governo Fernando Henrique Cardoso, convidada para um encontro com mais de setenta mulheres, tendo como anfitriã Stela Blay. Leonor Szymonowicz e ClariceS. Jozsef, presidentes da entidade paulista e nacional, co-anfitrionaram o encontro.

No auditório István Jancsó, da Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin, as palestrantes Mirian Goldenberg e Maria Júlia Kovács trataram do tema “Envelhecimento e Resiliência”, no I Simpósio USP Rumo ao Envelhecimento Ativo.

U n i b e s te m sua sede modernizada

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projeto arquitetônico de José Ricardo Basiches, realizado probono, para o prédio-sede da Unibes foi elogiado na cerimônia de inauguração do novo espaço e da fachada da sede da instituição, com a presença das famílias dos beneméritos David Stuhlberger e Samuel Klein (z’l). David contou sua atuação na Ofidas, Ezra e Policlínica, entidades que se juntaram para constituir a Unibes e seu filho Luís Stuhlberger ressaltou a felicidade da família ao ver o resultado da sede atual. Michel, Rafael e Natalie Klein lembraram do patriarca Samuel Klein e a intenção de colaborar com as causas da filantropia. “Obrigada pela oportunidade de poder agradecer quão incrível é o trabalho que vocês fazem”, destacou Natalie Klein. “Duas famílias que tiveram papel essencial e que têm presença constante nas várias fases da Unibes”, disse a presidente Célia Kochen Parnes.

VISITA DO EMB BAIXA ADO OR SH HELI

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novo embaixador de Israel no Brasil Yossi Sheli veio a São Paulo e visitou o Einstein, a Hebraica, Fundo Comunitário, Israel Bonds, CIP e Escola Beit Yaacov. Sheli é formado em direito e engenharia civil e ocupa o cargo, vago há mais de um ano, sucedendo a Reda Mansour, que voltou a Israel no final de 2015. O cônsul-geral em São Paulo Dori Goren acompanhou Sheli, que participou, na Fisesp, de um encontro com a mídia judaica, e tratou das relações políticas e comerciais entre Brasil e Israel, a ameaça iraniana no Oriente Médio e a importância da Diáspora para Israel. “Estamos no caminho certo para um bom entendimento com o governo brasileiro e, é claro, com a comunidade local. Israel é a nação do povo judeu e vocês são nossos representantes”, falou Sheli.

A Associação para Crianças e Adolescentes com Câncer (Tucca) trouxe os pianistas Bishara Haroni, palestino, e Yaron Kohlberg, israelense, para o primeiro concerto beneficente de 2017. Eles se apresentam pelo mundo em nome da paz mundial.

Bernardo é o primogênito de Priscila e Marcelo Melnik. Logo, logo ele vai correr pelo clube.

Na estrada há seis meses, o jornalista e cicloviajante Israel Coifman percorreu Brasil, Uruguai, Argentina e Chile, e atravessou a Cordilheira dos Andes.

Curadora e crítica de arte, Ana Paula Cohen foi uma das participantes, na Faap, do encontro “Práticas Artísticas: Pesquisa – Formas de Organizar o Desejo e o Processo”. É uma iniciativa do novo curso de pós-graduação em práticas artísticas contemporâneas.

“O teatro é a paixão da minha vida”, disse Miriam Mehler ao ser homenageada no 29oPrêmio Shell de Teatro de São Paulo pelos sessenta anos de carreira.

Na Caixa Cultural São Paulo, o fotógrafo e cineasta Jorge Bodanzky mostrou uma nova série, retratando a natureza a partir da fusão entre o figurativo e o abstrato. 35


COLUNA UM

A Casa de la Musica Judía en Argentina levou Fortuna para cantar no Templo de la Comunidad Amijai. Os portenhos aplaudiram a voz de Sefarad em ladino, hebraico e português.

VISITANTES CONHECEM O MUSEU JUDAICO

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Museu Judaico de São Paulo (MJSP) recebeu a visita do presidente do Banco Central Ilan Goldfajn, do secretário Municipal da Cultura André Sturm e de Daniel Feffer e Octávio Aronis. Nas três visitas, o presidente da Diretoria Executiva do Museu Sérgio Simon relatou a respeito do estágio da obra física (térreo e mais três andares) e o andamento paralelo da museografia e expografia, etapas essenciais para a concretização do projeto e abertura da casa à cidade. Os encontros terminaram com uma visita guiada às instalações.

Segurança israelense na LAAD A LAAD Security – Feira Internacional de Segurança Pública e Corporativa – realizada no Rio de Janeiro, reuniu empresas nacionais e internacionais fornecedoras de tecnologias, equipamentos e serviços para segurança pública, forças policiais, armadas e especiais. A feira tem entrada restrita e recebe gestores de segurança de grandes corporações, concessionárias de serviços e infraestrutura crítica do Brasil e da América Latina. A Sibat – Cooperação em Defesa Internacional do Ministério da Defesa de Israel – trouxe dezoito empresas israelenses, que apresentaram seus avanços mais recentes, com a presença do diretor do órgão, brigadeiro-general (ref.) Michel Ben Baruch, que destacou “a frutífera cooperação com os países da América Latina em geral e o Brasil em especial, sob o largo espectro de soluções apresentadas no Pavilhão de Israel”.

Liderados pelo presidente do Congresso Judaico-Latino-Americano (CJL), Jack Terpins, reuniram-se em Bogotá os monsenhores Juan Espinoza, secretário-geral do Conselho Episcopal Latino-Americano, e Rodolfo Valenzuela, bispo de Verapaz (Guatemala), e os representantes do CJL, rabino Marcelo Polakoff, do Diálogo Interreligioso, e Saul Gilvich, secretário-geral. Para fortalecer os laços entre judeus e católicos no hemisfério sul foi emitida uma declaração conjunta na qual os líderes reconheceram como “uma bênção o modelo de convivência religiosa na região e nos comprometemos a desenvolver ações conjuntas que promovam sua proteção e fortalecimento”.

ALIÁ EM BOA HORA

Ein nsttein no o rote eirro da a in nfanta esspanhola

Após mais de duas décadas e meia de atuação na comunidade, Drorit e Alberto Milkewitz se preparam para realizar um sonho acalentado faz algum tempo: mudam-se para Israel. “Acredito que, não importa a idade ou as circunstâncias, nunca é tarde para se reinventar e fazer a coisa certa”, diz Alberto ao se despedir e deixar sua marca junto a equipe da Fisesp, onde atuou muitos anos.

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primogênita do rei Juan Carlos de Espanha e de Sofia da Grécia, Elena de Borbón, visitou o centro educativo e de saúde do Hospital Israelita Albert Einstein em Paraisópolis, comunidade onde vivem 55 mil pessoas. Lançado com a Fundação espanhola Mapfre, o projeto oferece oficinas e conversas de temas relacionados à gravidez e os primeiros cuidados aos recém-nascidos, o desenvolvimento infantil e o planejamento familiar, entre outros. A infanta agradeceu e afirmou que a ação a deixou sensibilizada. Daniel Restrepo, diretor da área social da empresa parceira, disse que o projeto social Einstein/Mapfre “é o mais importante da Fundação em nível mundial”. 36

DIÁLOGO INTER-RELIGIOSO NA COLÔMBIA

KO OL HAKA AVO OD AO KKL BRA ASIIL “KKL Brasil de Olho no Aedes Aegypti” foi a ação desenvolvida pela organização secular ambiental judaica no Dia das Boas Ações (Good Deeds Day), realizado mundialmente. Por aqui, as ações aconteceram em escolas, praças públicas, calçadões de praias e centros comunitários em cidades como Itajaí, Curitiba, Juiz de Fora, Belo Horizonte, Vitória e Belém, valorizando o voluntariado e a responsabilidade de cada um na construção de um mundo melhor.

SEDER COMUNITÁRIO NA CRIPTA DA CATEDRAL A Sociedade Israelita Brasileira de Cultura e Beneficência (Sibra) realizou seu seder comunitário na cripta da Catedral Metropolitana de Porto Alegre. “Este evento resulta de décadas de diálogo interreligioso. Saímos do plano do diálogo entre as lideranças e passamos a criar um diálogo direto entre as comunidades”, afirmou Guershon Kwasniewski, rabino da Sibra.

Na Livraria Cultura/Iguatemi, Sílvia Hidal autografou Métodos de Exposição de Conteúdo e de Avaliação em EaD, fruto do trabalho de tese de mestrado editado pela Labrador.

Benjamin Seroussi e Solange Farkas estavam entre os jurados que escolheram os participantes da Temporada de Projetos Paço das Artes 2017. O primeiro artista foi Pontogor, com a mostra “Frente à Realidade, Desisto”, reunindo dez anos de produção.

Superbacana + armou um workshop de fanzine, publicação realizada a partir de processos alternativos e recursos de baixo custo. Com a experiência de Marisa (Zá) Szpigel, coordenadora de Arte da Escola da Vila.

Kol hakavod para a turma de sócios que bolou o Friends Will Be Friends. Sucesso total o jantar no Espaço Adolpho Bloch em parceria com a cozinha criativa de Lia Tulmann e show da Friends Band, com renda para o grupo Chaverim.

O grupo foi convidado para o lançamento do livro Eternamente Miss, de Jacqueline Meirelles, Miss Brasil 1987, durante muito tempo a voluntária que ensinou os jovens do Chaverim a fazerem bijuterias. 37


COLUNA UM Programa antitabaco para árabes A Escola de Saúde Pública e Medicina Comunitária da Universidade Hebraica Hadassa Braun criou o projeto SMS Quit, destinado aos 44% de homens árabes fumantes, que representam uma taxa com o mais alto grau de tabagismo em Israel e, por isso, têm uma expectativa de vida mais curta. Um estudo revelou que 30% dos participantes de um programa em hebraico de SMS abandonou o tabaco por três meses e estavam satisfeitos com os resultados.

Alunos brasileiros rumo ao Weizmann Os Amigos do Instituto Weizmann do Brasil possibilitarão a que cinco alunos brasileiros, com bolsa integral, participem do 49a International Summer Science Institute, curso de verão do Weizmann, que reúne jovens de vários países. Passaram pela peneira da banca examinadora os estudantes Giovanna Lemos, de São Paulo, premiada na Feira Brasileira de Ciências e Engenharia/USP, Vinícius Muller Silveira, do Rio Grande do Sul, selecionado na Feira de Ciência e Tecnologia da Fundação Liberato em Novo Hamburgo (RS), Daniel Burghart e Maria Eduarda Santos de Almeida, do Rio Grande do Sul, e Luiz Fernando da Silva Borges, de Mato Grosso do Sul.

FC E HE EBRA AICA A RE ECEB BEM M DOR RON N ALMOG G O major-general (reserva da IDF) Doron Almog é pai de Eran, que morreu com 23 anos, “sem nunca ter dito uma palavra, nem mesmo aba (pai, em hebraico) e mesmo assim foi meu maior professor, meu maior educador”, como contou na Hebraica, convidado do Fundo Comunitário. Com o apoio da Conib e Fisesp. Em 1982, foi fundada Aleh Eran, a maior rede de cuidados pessoais em Israel, com tratamentos de reabilitação para mais de 650 crianças, de recém-nascidos a adolescentes, com severas deficiências físicas e cognitivas em quatro unidades: Jerusalém, Gedera, Bnei Brak e Aldeia de Reabilitação no Negev, onde se constrói um centro para atender mais trezentas crianças. Doron participou da Operação Entebbe, das Olimpíadas de Munique, de operações de resgate na Etiópia e foi comandante-chefe do Sul (2000/2003), responsável pela segurança de 60% do território israelense. Recebeu o Prêmio Israel em 2016 e dirige o empreendimento “defendendo crianças deficientes com a mesma determinação com que defendi Israel”, afirmou.

ZAITZ É PRESIDENTE DA CHEVRA O Conselho Deliberativo da Chevra Kadisha elegeu, por aclamação, a chapa única para dirigir a instituição entre 2017 e 2020. O engenheiro e professor Mauro Zaitz, um dos três vice-presidentes na gestão anterior, encabeça a nova Diretoria Executiva. “Me sinto honrado em assumir a presidência dessa irmandade sagrada”, disse Zaitz, também presidente do Beit Chabad Central e do Conselho Deliberativo da Hebraica. Compõem a nova Diretoria: Boris Ber, Cláudio Hirschheimer e David Klüger, vice-presidentes; David Léo Levisky e Guilherme Faiguenboim, secretários; Roberto Gheler e Luiz Gornstein, tesoureiros; Milton Kochen e Luiz Roberto Hirschheimer, diretor e vice-diretor de patrimônio. 38


ESPORTES

No Festival de Ginástica Artística, as alunas apresentarão suas habilidades

Q

uem cursou a Escola de Esportes sabe que maio é o mês dos festivais. Coordenadores, professores e estagiários se empenham em criar eventos que estimulem as crianças e atraiam os pais para as piscinas e quadras do clube. Para a coordenadora da Escola Regina Falcade, os Festivais reforçam a ligação dos alunos com os esportes e lhes dão as primeiras experiências em competições. “Fazemos isso de forma lúdica e tranquila para as crianças terem prazer em participar. Alguns festivais mobilizam só os alunos em uma determinada modalidade e outros incluem equipes de fora. Em geral, convidamos escolas e clubes que partilham dessa filosofia, de modo que os torneios são disputados em um mesmo nível e todos recebem medalhas de participação”, explica. O Festival de Natação abre a agenda dia 6 e será em duas etapas. “Na primeira, as crianças de 6 e 7 anos que estão iniciando o aprendizado, competem entre si, em provas de curtíssima distância. Em seguida, chegam as equipes dos colégios Stance Dual, São Luiz, Escola Dinâmica e Clube Paineiras do Morumby, para competir com os alunos maiores”, descreve a coordenadora. 40

Nos finais de semana de maio, a Escola de Esportes promove os festivais primeiras incursões dos alunos no mundo da competição saudável

Ainda dia 6 se realiza o 15o Festival de Judô, organizado por Miriam e Edson Minakawa, coordenadores da modalidade. O evento ocupa a quadra do Centro Cívico durante um dia inteiro e reúne equipes de dezenas de academias, projetos sociais e clubes do Estado de São Paulo e também de outras capitais do país. O casal mobiliza professores, técnicos e árbitros e atletas de alto rendimento para a montagem de uma estrutura, que garante a pontualidade dos combates, já que é crescente o interesse das entidades em participar do evento. Dia 13, a equipe técnica da Escola de Esportes se desdobrará na organização de três eventos, o Festvôlei, o Festsal e a Liga de Futsal. No vôlei, serão duas etapas, a de trios e a de equipes de seis jogadores. “Ainda não temos as confirmações das equipes convidadas, mas em geral este é um festival com participação externa”, informa Regina. Quanto ao Futsal, os alunos de 6 e 7 anos disputarão o Festsal, que é a preparação para a Olimpíada das Escolas de Esportes, realizada no segundo semestre. As seis equipes jogarão entre si. Já os alunos de 8 e 9 anos e os de 10 a 12 jogarão as primeiras partidas da Liga, um torneio semelhante àquele organizado em 2016 com muito êxito. “No ano passado, os times eram os da Liga dos Campeões da Europa. Este ano serão os da primeira divisão do futebol israelense. Terão uniformes e jogarão também nos três domingos seguintes até a final”, comenta a coordenadora. Dia 20, acontece o Festival de Ginásticas, interno, e inclui ginástica artística, rítmica e trampolim acrobático. “Por causa do grande número de alunos, dividiremos o festival em quatro horários. Da plateia do Centro de Ginástica Artística, os pais aplaudirão os exercícios nos aparelhos e até uma coreografia que as alunas vêm ensaiando desde abril”, anuncia a coordenadora. A organização do Festival de Tênis, também marcado para o dia 20, fica a cargo da equipe técnica. A bola utilizada é mais leve que a oficial e, ocasionalmente, há entidades convidadas, mas ele é basicamente dirigido aos alunos que fazem aulas no clube. Os festivais de nado sincronizado e handebol serão domingo, dia 21. Este ano, as aulas de nado terão quatorze alunas e elas se exibirão diante das equipes do Círculo Militar e do Clube Paineiras do Morumby, na piscina coberta. O Festival de Handebol ocupará o Centro Cívico e, como no ano passado, terá a parceria do setor competitivo da modalidade. “Os atletas federados fazem um jogo exibição e os atletas que, este ano, entraram para o competitivo entram em quadra para jogar com os alunos da Escola de Esportes”, diz Regina e acredita que o festival de handebol contará com equipes convidadas, mas ainda espera as confirmações. Os festivais de Basquete e o de Polo Aquático fecham a agenda de festivais. “Vamos experimentar um formato novo com o basquete e o Festival de Polo terá a participação de equipes do Paineiras do Morumby, do Sesi e de jogadores de Bauru”, completa Regina. (M. B.)

ESPORTES COLETIVOS As modalidades de basquete e handebol ainda têm vagas para alunos interessados em praticar esses esportes. Segundo a coordenadora da Escola de Esportes, Regina Falcade, este ano as aulas têm atletas de ambos os sexos. “As meninas são um pouco mais velhas, mas o físico dos meninos atua como fator de equilíbrio. Quem quiser pode experimentar. Todos se divertem nas aulas”, afirma a coordenadora.

Agenda dos festivais Dia 7/5 Festival de Natação e Festival de Judô

Dia 13/5 Festival de Vôlei, Festsal, abertura da Liga de Futsal

Dia 20/5 Festival de Ginásticas

Dia 21/5 Festival de Nado Sincronizado e Festival de Tênis

Dia 28/5 Festival de Basquete e Festival de Polo Aquático 41


ESPORTES

E

Guarda-vidas mostraram aos alunos de natação o valor do seu trabalho

COM SEGURANÇA NÃO SE BRINCA Uma das ações do projeto 2 aos 20 colocou os guarda-vidas em contato com os alunos de natação para um trabalho de conscientização sobre normas de segurança na piscina

ntrar de roupa na área da piscina e até cair na água quebrou a rotina dos alunos de natação, uma das modalidades da família aquática na Escola de Esportes. “Depois da farra, as crianças compreenderam o quão difícil e perigoso é cair de roupa na piscina. Esta foi uma das lições que aprenderam na atividade realizada pelos guarda-vidas do clube”, explica Ana Lúcia Portaro, coordenadora do Projeto 2 aos 20 que serve de base para o trabalho pedagógico no Departamento Geral de Esportes. Segundo ela, o objetivo era “conscientizar os pequenos quanto às noções básicas de segurança”. E mais “assim que propusemos o trabalho conjunto, a ideia foi abraçada pelo chefe dos guarda-vidas, Rodrigo Ramos de Jesus, que todos conhecem por Ramos. Ele pesquisou imagens, inventou jogos e junto com os outros profissionais tem feito palestras para todas as turmas de alunos de natação. Sem a ajuda dele e da equipe, não teríamos um resultado tão positivo ”, comenta Ana. Segundo Rodrigo, seus treze colegas de serviço dividiram o projeto e os encontros com as crianças os afetaram tanto quanto aos pequenos. “Foi importante falar a respeito das razões para estarmos de plantão nas piscinas. Agora, a maioria das crianças quando entra no parque aquático, localizam o guarda-vidas e em geral vai cumprimentá-lo. Dá para ver que nosso trabalho ganhou importância depois de cada conversa que tivemos. É uma vitória a mais nesses nove anos de trabalho no clube”, avalia o guarda-vidas. A Escola de Esportes da Hebraica foi pioneira neste tipo de integração e o mesmo projeto deve ser implantado em outros clubes em breve. (M. B.)

Onze guarda-vidas cuidam da segurança dos usuários em todo o parque aquático

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RECORD EM NÚMERO

DE ATLETAS DA HEBRAICA SP

NA MAIOR DELEGAÇÃO

BRASILEIRA


ESPORTES

ALÉM DOS TREIN NOS,, AS EQUIP PES COMPETIT TIV VAS DE NATAÇ ÇÃ O TAMBÉM CULTIV VAM M AMIZ Z A D E S. ARILS SON DA SILV VA MOSTROU U TÉCNIC CA S PARA DAR R MAIO OR EFIC CIÊN NCIA A AOS TREIINOS S DE NATAÇ ÇÃ O

E ENCONTROS

Arilson da Silva, técnico de natação que acompanhou atletas em quatro olimpíadas, fez uma palestra no clube em 8 de abril, não por acaso o Dia Mundial da Natação. Ele falou para um grupo de técnicos da Hebraica, do Esporte Clube Pinheiros e outros interessados

A

rilson da Silva atendeu a um convite do coordenador de natação da Hebraica, Murilo Santos, e contou histórias de sua carreira iniciada como professor de natação na zona norte de São Paulo e de seu relacionamento com técnicos e atletas olímpicos nas olimpíadas de Beijing, em 2008, Londres, em 2012, e a Rio 2016. Na segunda parte da tarde, ele detalhou as técnicas e exercícios que desenvolveu para ajudar os atletas a melhorarem sua performance e chegarem às finais em grandes torneios da modalidade. “Na maioria das vezes, um atleta consegue chegar à frente dos outros e cabe ao técnico trabalhar exatamente esses diferenciais que darão o levarão ao pódio”, comentou ele. No caminho para o auditório, onde foi realizada a palestra, Arilson mostrou grande familiaridade com o clube. “Estive aqui 44

em vários torneios. A Hebraica tem um trabalho sólido na natação. Tem uma estrutura fantástica e bons profissionais. Estou sempre em contato com o Murilo e o Guilherme e acompanho de longe os nadadores que surgem aqui”, afirmou durante o intervalo. Arilson se referiu a André Marques e Jéssica Ferreira, dois atletas que disputam, no início desse mês (maio), o Troféu Maria Lenk, no Rio de Janeiro, um dos mais importantes do país na categoria juvenil. Ele também viu nadarem muitos dos atletas que hoje compõem a equipe master, que disputa o Campeonato Paulista Master, em junho. Murilo Santos, coordenador de natação no clube e técnico do juvenil e do infantil, está animado com a performance dos atletas do competitivo neste primeiro semestre de 2017. “Disputamos o Torneio Regional Petiz a Sênior, em São José dos Campos, em março, com 26 atletas inscritos e um resultado inesperado, de onze medalhas de ouro, quatro de prata e quatro bronze. Depois, tivemos boa participação no Torneio Regional Petiz a Junior, disputado no parque aquático do Esporte Clube Corinthians, e mais recentemente na primeira etapa do Circuito Mirim de Natação, no Clube Paineiras do Morumbi”, enumera o coordenador. Para Guilherme Giorgi, técnico do infantil, mais notável do que o resultado da viagem a São José foi o sucesso do que ele chamou de uma “brincadeira que deve durar o ano inteiro”. “Nomeamos os nadadores do juvenil e do infantil como padrinhos dos nadadores mirim e petiz. Então os adolescentes acompanharam as provas, ajudaram no trajeto de ônibus. É bom ver como todos gostam. Os pequenos ficam questionando os maiores

e estes, por sua vez, se sentem responsáveis pelos apadrinhados”, observa o técnico. Já no Regional disputado no Corinthians, os nadadores da Hebraica estranharam a competição em piscina longa (cinquenta metros) e também o alto nível das equipes inscritas. “Mesmo assim, foi bom para inspirar as crianças para as próximas competições”, observou. Os nadadores da categoria mirim são menos pressionados em termos de resultados, mas têm nem por isso sua agenda de compromissos é menos intensa. “Um sábado a cada mês, marcamos um treino, com as turmas da manhã e da tarde para que eles possam se conhecer. Além disso, no primeiro final de semana de março, fizemos um treino conjunto com os atletas de uma unidade da Academia CPN. Todos ganham com esses eventos de integração. Nas próximas competições, quando as crianças se encontrarem, não serão mais estranhos e a rivalidade ficará restrita à piscina. Já os técnicos podem avaliar melhor o desenvolvimento dos atletas ao compará-los com os da outra equipe”, conclui Okamoto. (M. B.) 45



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VOZES

A FAVOR DE ISRAEL O coral “União em Iom Haatzmaut”, composto por vinte entidades comunitárias paulistas, tornou-se símbolo do esforço para transmitir uma imagem positiva do Estado de Israel, elevando as vozes para causar impacto na plateia

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Foto: Gisele Wajchenberg, de Israel

HERANÇA FAMIL LIA AR

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stamos sempre nos defendendo e sobrevivendo aos que querem nos aniquilar. É o que o povo judeu faz há cinco mil anos e o que Israel tem feito há 69. Quando os corais se apresentam no palco do Teatro Arthur Rubinstein, em Iom Haatzmaut, nossas vozes se juntam a essa corrente. Eu me emociono a cada vez que me apresentam todos os outros corais em Iom Haatzmaut”, declarou Nelson Kahn, integrante do coral Jerusalém, da Hebraica, ao sair de um dos ensaios preparatórios para o ato de Iom Haatzmaut. “Essa confraternização por meio da música mostra, mesmo longe do Estado de Israel, que somos solidários e festejamos o dia da Independência”, afirmou Heny Skytnevsky, do coral do Instituto Cultural Israelita Brasileiro – ICIB. A iniciativa da apresentação dos corais pode ser considerada recente comparada ao esforço que outros setores da comunidade fazem para ajudar no divulgação de uma imagem positiva de modo a que Israel seja considerado um país como os outros, principalmente no seu direito de existir. E como as vozes do coral, as opiniões no Brasil e em Israel soam em diferentes diapasões. A seguir, um rápido panorama dessa miríade de opiniões. A exemplo de tudo o que se refere a Israel, o tema rende material para os próximos 69 anos.

Meu pai Usyel Starec (z’l)) sempre teve um sentimento judaico-sionista muito forte e desde pequeno ouvia-o me explicar a respeito de tudo o que acontecia em Israel. Minha mãe, Ana Marlene Starec, também, e sempre atuou na Wizo. Tudo isso influenciou, e muito, a minha formação. Ademais, estudei em um colégio judaico, o A. Liessin, até ingressar na universidade e frequentei o movimento juvenil Ichud Habonim (hoje Habonim Dror). Participei de palestras, debates e até de programas de rádio e televisão, dentro e fora da comunidade e desde muito jovem percebi que normalmente os ataques a Israel são fruto de muito desconhecimento da situação, e geralmente também associados ao velho antissemitismo. Assim, sinto necessário mostrar às pessoas o “outro lado”, pois infelizmente a informação que o público recebe é quase sempre ruim, tanto em conteúdo quanto no posicionamento. Creio que esse trabalho de divulgação tem ficado mais fácil. Há muitos anos, ainda na faculdade, participei de debates a respeito do que acontecia em Israel, em ambientes bastante hostis e infelizmente não havia sequer material explicativo razoável para distribuir às pessoas. Nossos “adversários”, no entanto, possuíam farto material anti-Israel e antissemita para entregar à vontade. Hoje prosseguimos em desvantagem, mas temos maior acesso aos materiais e à informação. (Marcelo Starec é carioca e atua voluntariamente em prol de Israel).

MIS SSÃO DE VID DA Sempre considerei o trabalho em favor da imagem real de Israel como a missão da minha vida. Desde que descobri ter talento para isso e desde que fiz minha teshuvá, (meu retorno ao judaísmo) tanto no campo religioso, quanto no politico/sionista, soube que Hashem me deu este dom e me fez escolher o jornalismo para defender a imagem do seu povo. Enquanto no Brasil, atuei no site De Olho na Mídia, entre os anos de 2004 e 2013, uma versão brasileira do HonestReporting, e lidei com a falta de incentivo moral e respaldo financeiro aos profissionais e voluntários que atuam nesta área, o que desestimula muita gente competente. Com um pouco mais de incentivo, poderíamos ter uma imagem muito

melhor. Creio existirem muitas formas de patriotismo e como imigrante recente, ainda cultivo a minha, muito diferente da visão daquele que sabra vestiu a farda do exército de Israel, lutou, esteve em Gaza e em outros lugares do país. Concorde eu com ele ou não. Seja ele de esquerda ou de direita, tem algo de sacrifício que fez por este povo, e que eu não fiz. No entanto, ele também nunca saberá o que é amar Israel à distância e lutar tanto para chegar até aqui. Quais os sacrifícios para, enfim, se tornar israelense. São patriotismos e visões de mundo diferentes que se complementam, até porque o povo israelense é um povo de olim chadashim (imigrantes). E quem não é, teve pais ou avós que foram? Creio que os is-

O TRABALHO DA HASBARÁ É MOSTRAR ISRAEL COMO UM PAÍS CUJA ROTINA SE ASSEMELHA A TODAS AS OUTRAS DEMOCRACIAS DO MUNDO

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Foto: Gisele Wajchenberg, de Israel

A SOCIEDADE ISRAELENSE ABSORVE TODAS AS GRADUAÇÕES DE APEGO À RELIGIÃO JUDAICA, ALÉM DE CIDADÃOS DE OUTROS CREDOS

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raelenses têm muito orgulho do seu país, da contribuição que dão ao mundo, do caráter humanitário do seu exército. Mesmo os mais críticos (com exceção dos extremistas de esquerda) sabem muito bem que a imagem que o mundo faz de Israel é muito injusta. Minha permanência no Panamá, por alguns anos, antes da aliá, mudou minha visão a respeito de como defender Israel. Lá, com muito menos distorção na mídia, a comunidade é muito mais ativa no trabalho de hasbará (informação, esclarecimento). Promove palestras, workshops, mantém grupos, como os Amigos do Tzahal (exército de Israel) dedicados somente ao tema, e existe um trabalho para preparar os jovens para debater na Internet. Minha expectativa para o primeiro Iom Haazmaut em Israel é tremenda. Será o clímax de tudo que planejei e sonhei para minha vida. É indescritível poder celebrar a redenção do povo judeu em sua nação, sendo parte integrante dela agora, e não como um observador à distância. Mal posso imaginar como vai ser. Tremo de pensar. E incrível poder viver toda a espiritualidade no ápice do mundo e celebrar esta data magna do princípio da redenção completa do povo judeu, no lugar devido. (Daniel Barenbeim – jornalista)

RELATO O S H O N E S TO S Entrei para a equipe do HonestReporting em maio de 2016 e em junho lançamos o HonestReporting Brasil. Somos uma organização não-governamental que atua como “media watchdog”, o monitorador da mídia. O HonestReporting (que já foi representado pelo site De Olho na Mídia) monitora diferentes veículos da mídia global, para combater notícias tendenciosas na cobertura de Israel – notícias que contenham informações falsas, imprecisas ou outras possíveis violações do jornalismo ético e profissional, o que acontece bastante quando se trata do

conflito árabe-israelense. O HonestReporting Brasil estende o trabalho do HonestReporting para o público de língua portuguesa, monitorando a mídia brasileira. Será extremamente difícil para Israel melhorar sua imagem até que algum tipo de acordo seja alcançado com seus vizinhos, pois, infelizmente, o conflito é a ótica por meio da qual a maioria do mundo vê o país. Mesmo assim, Israel precisa fazer um trabalho melhor para alcançar os públicos globais, para mostrar que os israelenses são humanos e não os monstros como a im-

Foto: Gisele Wajchenberg, de Israel

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prensa às vezes os retrata. Trazer pessoas de influência, estudantes, políticos, etc., para ver o país por conta própria também é uma ferramenta incrivelmente poderosa para promover uma melhor compreensão da situação de Israel. Algumas instituições judaicas brasileiras já promovem esse tipo de iniciativa. A mídia social também tem sido um importante recurso, utilizado cada vez mais pelo governo e exército israelenses para divulgar imagens, vídeos e infográficos. Provavelmente, a questão mais difícil de explicar atualmente é o direito básico dos judeus de viver em um Estado próprio e o fato de que os judeus originários da área há mais de três mil anos. As pessoas também esqueceram a história recente e a narrativa palestina tornou-se a dominante. Em um cenário de tudo ou nada, de preto ou branco, não há mais nenhuma nuance no discurso. Isso torna extremamente difícil explicar questões complicadas como as preocupações de segurança de Israel e por que Israel toma medidas com relação à população palestina. (Tamara Stein, jornalista responsável pelo HonestReporting Brasil)

UMA SENHORA DE RESPEIT TO Ao completar 69 anos de idade, Israel ainda reserva recursos para sua Hasbará. Mesmo que hoje Hasbará seja uma expressão vista com um certo ranço e de forma um pouco pejorativa: uma mistura de marketing internacional, diplomacia e propaganda política. É usada automaticamente, como se houvesse uma necessidade incidental de convencer o mundo – ou pelo menos a parte que interessa do mundo – de que as ações tomadas pelo governo de Israel são corretas, ou importantes, ou necessárias. Ou, às vezes, o contrário: que ações tomadas por organizações internacionais (como a ONU ou União Europeia) são injustas, ilegais ou contraproducentes. E ainda, 69 anos depois de se tornar Estado, o governo e a sociedade investem pesado num processo usado preventivamente por um país que ainda não havia se consolidado como nação. Por quê? Pelo olhar de diferentes grupos e em vários aspectos, Israel ainda não se consolidou como nação. Por exemplo, o “verdadei-

NAS GRANDES CIDADES, AS MANIFESTAÇÕES DE PATRIOTISMO SE MISTURAM À PUBLICIDADE COMERCIAL E POLÍTICA

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MAGAZINE ro” traçado das fronteiras, ou a definição de quem pode, ou deveria ser considerado cidadão, ao contrário de outros países, depende a quem se pergunta. Até mesmo a legitimidade da existência de Israel como país é posta em questionamento. E isso deixa muita gente nervosa. Não só cidadãos privados em seus respectivos perfis no Facebook, em Israel ou na Diáspora, mas políticos profissionais e governantes também. E por que este questionamento ainda existe, mesmo depois de mais de um século de sionismo? Alguns vão responder: é porque o mundo é essencialmente antissionista e antissemita. Se não o mundo, parte dos que têm real poder sobre a geopolítica no mundo. Outra resposta recorrente é a de que este é o modus operandi dos governos de Israel: partir para a ação antes, e explicar-se a respeito depois. Eu, particularmente, gosto da opção paradoxal de que Israel faz constante uso da Hasbará porque é ruim nisso: afinal, se fosse bom, não precisaria fazer Hasbará de coisa alguma. O que me traz a uma razão frequentemente citada nos últimos anos. A de que esses questionamentos são por conta do fato de que o atual governo é “inasbarável” (neologismo para dizer que não se consegue explicá-lo). Leis que vão a votação, em sua essência tão racistas que uma força tarefa atua para defendê-las no Supremo Tribunal de Justiça antes mesmo de debatidas em plenário. Leis que afrontam a legislação internacional, e outras que ferem a relação com outros países. Sempre que vejo Hasbará sendo feita, desde a mais profissional até a mais amadora, até mesmo quando vejo o que hoje se convencionou chamar de “hasbará palestina”, me ocorre que Hasbará é um sintoma, não um método. É um subproduto de um processo de tomada de decisões antiquado, oneroso e complicado. Uma madura senhora de 69 anos já deveria ter aprendido a nem precisar usar esses subterfúgios. (Gabriel Paciornik, analista político, mora em Israel) 52

Foto: Gisele Wajchenberg, de Israel

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SOLDADOS UNIFORMIZADOS FAZEM PARTE DA PAISAGEM, UMA VEZ QUE TODOS OS ISRAELENSES SE ALISTAM OU SÃO CONVOCADOS A PARTIR DOS 18 ANOS

GRAVES DIV VERGÊNCIA AS Depois de 69 anos de existência, apenas dois países no Oriente Médio reconhecem Israel, e com eles Israel firmou acordos de paz (paz fria mas é paz). E estamos rodeados por países inimigos – e facções como Organização para a Libertação da Palestina (OLP) ou Hamas ou Jihad ou Hezbolá ou Isis que não aceitam Israel como país (bait leumi) do povo judeu. O sonho deles é que aqui, nesta terra, não haja nenhum judeu. Simples assim. Eles são ótimos em Hasbará e sempre é mais fácil explicar ao mundo, quando você aparenta ser o lado fraco. Como os árabes, neste caso. A hasbará é importante. Mas é difícil saber o que exatamente divulgar, pois em Israel há divergências muito grandes. Por exemplo: queremos dois países para dois povos ou um país para os dois povos? Neste caso, ou você concede todos os direitos aos palestinos ou será uma espécie de apartheid, como na África do Sul? Hasbará é importantíssimo. Não só para os não judeus, como também para os judeus na Diáspora. Em resumo: apesar de Israel ser uma potência em alguns setores, ainda temos graves divergências internas como extrema direita e esquerda – ultra religiosos e não-religiosos. E somos um país que absorve e lida com judeus de todo mundo. (Zvi Boim, paulista, residente em Israel há cinquenta anos, sheliach – enviado – do Fundo Comunitário na América Latina nos anos 2000)


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Para descrever o ambiente antes da guerra, eis uma das maiores experiências da minha vida. No final do verão de 1947, o festival anual de dança folclórica foi realizado em um anfiteatro natural nas montanhas próximas do monte Carmel, onde se localiza Haifa. Havia cerca de quarenta mil jovens, um grande número considerando que todo o ishuv, a comunidade judaica na Palestina, era de aproximadamente 635.000. Na ocasião, uma delegação do Comitê Especial da ONU para a Palestina, nomeada meses antes para encontrar uma solução para o conflito israelo-árabe, viajava pela Palestina. O público assistia aos grupos, um dos quais de uma comunidade árabe próxima, que dançou o debka com tal encanto e disposição que deveria continuar no palco mesmo após a apresentação quando os alto-falantes anunciaram a presença dos membros do Unscop (Comitê Especial das Nações Unidas para a Palestina). Espontaneamente, os milhares de pessoas ficaram de pé e cantaram Hatikva, o hino nacional, com tanto entusiasmo que a canção parecia ecoar pelas colinas. Foi a última vez que nossa geração se reuniu. Em um ano, milhares estariam mortos. Obedecendo às recomendações do Unscop, em 29 de novembro de 1947 a Assembleia Geral da ONU aprovou um plano para criar um estado independente judeu e um árabe, com Jerusalém permanecendo como uma entidade separada sob o controle das Nações Unidas. Embora a área designada para o Estado judeu fosse pequena, os judeus sentiam que o mais importante era a independência. Era mais uma lição do Holocausto, que terminara apenas três anos antes. Mas todo o mundo árabe foi contrário à solução de dois estados. O povo da Palestina perguntava por que deveria pagar o preço pelo Holocausto, perpetrado pelos povos da Europa.

Por Uri Avnery *

A primeira vítima

COMEÇOU A GUERRA DE 1948 E QUANDO Relativamente poucos árabes permaneceram dentro das fronteiras pós-1948 de Israel, mas todos esquecem que nenhum judeu continuou nos territórios conquistados pelos árabes 54

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m fevereiro último publiquei no jornal Haaretz o artigo “A Linha Verde não é sagrada”, no qual afirmei que os árabes lançaram a guerra de 1948 depois de as Nações Unidas terem adotado o Plano de Partilha para a Palestina. Por isso, leitores mandaram mensagens irritadas segundo as quais os sionistas começaram a guerra com o único objetivo de expulsar a população palestina. Na época eu tinha 24 anos, participei dos eventos e escrevi dois livros a respeito da guerra, um durante a própria guerra e outro logo depois, publicado em inglês em um único volume, como 1948. A Soldier’s Tale – The Bloody Road to Jerusalém (A História de Um Soldado – A Estrada Sangrenta para Jerusalém) é meu dever descrever, na medida do possível, como tudo realmente aconteceu.

SOLD DADO BRITÂNIC CO MONTA GUA ARDA NA ESTA TAÇÃO RO ODOVIÁ ÁRIA DE TEL AVIV

O fato é que dias depois da aprovação da resolução da ONU, dispararam contra um ônibus judeu. Assim começou a primeira etapa da guerra e para entender os acontecimentos, é preciso descrever a situação. As duas populações em Israel estavam geograficamente entrelaçadas. Em Jerusalém, Haifa e Tel Aviv havia bairros judeus e árabes uns ao lado dos outros, ao alcance da mão. Praticamente todas as aldeias judias estavam cercadas por aldeias árabes e a sobrevivência delas dependia de estradas controladas por aldeias árabes. Aprovada a resolução da ONU, ouviam-se disparos por todo o território, embora os britânicos ainda controlassem a Palestina, mas faziam de tudo para não se envolver. A milícia judaica Haganá, ainda na clandestinidade, mantinha o tráfego judeu em movimento por meio de comboios comandados por rapazes e moças da organização, estas especialmente importantes, porque podiam esconder armas nas roupas. No lado árabe, no entanto, não havia um comando central de modo que os ataques eram perpetrados por aldeões, muitas vezes armados com rifles antigos, e como alguns desses aldeões eram primitivos, ocorreram atrocidades. Os judeus responderam com a mesma moeda, e o confronto ficou mais cruel. Houve o caso de um

Embora a área designada para o Estado judeu fosse pequena, os judeus sentiam que o mais importante era a independência. Era mais uma lição do Holocausto, que terminara apenas três anos antes

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MAGAZINE grupo de 35 combatentes da Haganá, muitos deles estudantes da Universidade Hebraica de Jerusalém, emboscado quando caminhava a pé para entregar suprimentos aos quatro kibutzim sitiados do Bloco Etzion, no sul de Jerusalém. Foram todos mortos e as cabeças, separadas dos corpos, exibidas na Cidade Velha de Jerusalém. O lado judeu fixou como estratégia óbvia estratégia expulsar os árabes das estradas e as comunidades judaicas receberam ordem de ficar onde estivessem a qualquer custo. Apenas poucos assentamentos foram evacuados. Em fevereiro de 1948 os britânicos saíram da área de Tel Aviv, transformada em núcleo do Estado judeu, ao mesmo tempo em que também se retiravam das áreas árabes. No final de março, ambos os lados contabilizavam perdas terríveis e, em 1o de abril, nos mandaram receber um grande carregamento de armas soviéticas que seria desembarcado no improvisado porto de Tel Aviv. É que um ano antes, em assombrosa reviravolta, os soviéticos apoiaram o lado sionista no conflito. Conhecido como antissionista, Stalin concluiu que um Estado judeu em Israel seria melhor para ele do que uma base americano-britânica. Passamos o dia limpando a graxa em que os rifles e metralhado-

ras fabricados na Tchecoslováquia tardiamente para o exército nazista tinham sido embalados. Assim começou a segunda fase da guerra. As aldeias árabes que controlavam a estrada separaram os bairros judeus de Jerusalém do resto do ishuv. O objetivo da primeira grande campanha da guerra, a Operação Nahshon, era recuperar o controle da estrada que por vários quilômetros atravessava uma estreita passagem, conhecida Bab al-Wad (Sha’ar Hagai), entre colinas íngremes e considerado o terror de todos os soldados judeus, que eram alvejados de cima, tinham de sair dos veículos, escalar as encostas de baixo de fogo e lutar. Era uma perspectiva desanimadora. Juntaram um comboio de 135 caminhões e carros e o objetivo era trazê-lo para Jerusalém. Meu pelotão estava incumbido de guardar um caminhão carregado com caixas de queijo, no meio das quais nos abrigamos mas, felizmente, não fomos ata-

cados. Entramos em Jerusalém no shabat ao meio-dia, e hordas de judeus religiosos saíram das sinagogas para nos agradecer. Parecia até a entrada triunfal de Charles de Gaulle em Paris durante a Segunda Guerra. Voltamos pela planície costeira sem problemas, mas nosso comboio foi o último a chegar a Jerusalém em segurança. O seguinte foi atacado e teve de voltar. Em combates subsequentes para abrir a estrada, o ishuv falhou e sofreu perdas terríveis, especialmente em Latrão, onde a estrada era controlada por forças árabes estrangeiras irregulares. Os combatentes do Palmach, a força de elite da Haganá, encontraram uma rota alternativa. Nós a apelidamos de “Estrada da Birmânia”, em menção à estrada aberta pelos britânicos abriram da Índia para a China durante a Segunda Guerra. Então já era óbvio que os exércitos dos países árabes vizinhos estavam prontos para entrar na guerra e isso mudou completamente a natureza do conflito. Preparando-se para as batalhas previstas, o exército judeu expulsou a população árabe de grandes áreas de modo a não deixar concentrações de civis árabes atrás de nossas linhas. E isso se justificava por motivos táticos.

Já foi tarde

Mulher combatente dispara contra inimigos árabes

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O último soldado britânico partiu da Palestina em 14 de maio. No dia seguinte, os exércitos de Egito, Jordânia, Líbano, Síria e Iraque se uniram à guerra, com alguma ajuda da Arábia Saudita. Eram exércitos estáveis treinados pelo antigos mestres coloniais, Grã-Bretanha e França, que também lhes forneceram aviões e canhões. Não tínhamos nada disso. No papel, o lado árabe ostentava uma tremenda vantagem sobre nós em armas, treinamento e números, mas tínhamos três grandes vantagens. A primeira: sabíamos que lutávamos por nossas vidas e as de nossas famílias, e com as costas para a parede. A segunda: nosso comando era unificado enquanto as forças árabes competiam entre

As semanas que se seguiram, a terceira fase da guerra, foram as das batalhas mais sangrentas, algumas delas lembrando combates épicos da Primeira Guerra, como Verdun e Somme

si. A terceira: os árabes nos desprezavam. Lutar contra judeus? E uma certa vantagem tática de estar dentro das linhas e, por isso, podíamos mover forças rapidamente de uma frente para outra. As semanas que se seguiram, a terceira fase da guerra, foram as das batalhas mais sangrentas, algumas delas lembrando combates épicos da Primeira Guerra, como Verdun e Somme. Na batalha por Ibadis, por exemplo, próximo do kibutz Negba, no Negev, vi quase todos nossos combatentes morrerem ou receberem um tiro enquanto apenas uma arma pesada ainda disparava. Houve momentos em que tudo parecia perdido. No entanto, lentamente, nossa sorte começou a mudar. Quando essa fase chegou ao fim, ainda estávamos em pé. A quarta fase também foi de duras batalhas, uma delas com baionetas. Mas sentimos o cheiro da vitória. Foi quando ocorreram expulsões em massa de árabes de cidades e aldeias, materializando uma decisão política da liderança judaica. Nessa fase fui gravemente ferido e evacuado da linha de frente. Quando ambos os lados estavam completamente exaustos, a guerra terminou com vários acordos de cessar-fogo, e foi criada a Linha Verde – a linha do armistício de 1949 que delimitava as fronteiras de fato de Israel. Um pequeno número de árabes permaneceu dentro dessas fronteiras, mas todos esquecem o fato de que nenhum judeu permaneceu nos territórios conquistados pelo lado árabe. Felizmente para nós esses territórios eram pequenos em relação aos conquistados pelo nosso lado. Ambos os lados se envolveram na limpeza étnica antes de o termo surgir. Esses são os fatos. E a respeito deles qualquer um pode construir interpretações e ideologias como bem entender. Mas, sem “fatos alternativos” à moda de Trump, por favor. * Jornalista, escritor e fundador do movimento de paz Gush Shalom (“Bloco da Paz”). Nasceu em 1923

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MAGAZINE negócios

Por Ariel Finguerman, em Tel Aviv

entre os melhores do mundo Duas excitantes novidades para o cada vez maior e delicioso mercado de vinhos de Israel

Capa da Wine Spectator

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ara quem ainda não se convenceu de que a nova safra de vinhos de Israel vai muito mais além do suco de uvas doce do kidush, duas grandes novidades recentes agitaram este mercado. A revista norte-americana Wine Spectator, uma das mais respeitadas do mundo, dedicou uma reportagem de capa aos vinhos israelenses. E a Universidade Hebraica de Jerusalém, querendo atender este setor cada vez mais sofisticado, abriu o primeiro curso acadêmico no país para formar enólogos. A Wine Spectator enviou o próprio editor, Kim Marcus, para escrever uma reportagem de dezoito páginas com o título “Os Vinhos de Israel – Qualidade Surpreendente de uma Região Emergente. Na seção “Carta do Editor”, que apresenta a matéria, a revista afirma que “as vinícolas israelenses estão explorando novos terroirs, recuperando frutas milenares e utilizando as mais recentes tecnologias para produzir deliciosos vinhos tinto e branco, tanto kasher quanto não-kasher. Israel está rapidamente tomando seu lugar entre as regiões mais notáveis de vinho no mundo”. Dos 120 vinhos experimentados pelo editor durante a visita a Israel, impressionantes 33 rótulos ganharam notas altas, com 90 pontos ou mais numa escala até 100 (veja box com as marcas mais destacadas). Na década de 1980, havia somente quinze vinícolas em Israel, e hoje há cerca de 250. Apesar de o israelense não beber muito – a metade do que bebe o norte-americano –, restaurantes liderados por chefs de Tel Aviv fomentam o consumo na capital culinária do país. Jovens empreendedores vão estudar em vinícolas e faculdades pelo mundo e renomados consultores, especialmente franceses, são contratados para aconselhar os produtores locais. É justamente na esteira deste boom que a Universidade Hebraica de Jerusalém iniciou, em março, o primeiro programa acadêmico a respeito de vinhos na história do país. O programa de Viticultura e Enologia tem nível de mestrado e dura dois anos. “Queremos ser top do mundo para quem quiser aprender como fazer vinhos num

GRAND VIN HAUTE-JUDEE 2013 (DOMAINE DU CASTE)

p país de temperatura quente”, diz o professo sor Zohar Kerem, criador do programa, em e entrevista à revista Hebraica (leia a entrevista completa). A nova produção de vinhos israelense se concentra nas montanhas da Judeia, u um estreito corredor que liga Tel Aviv a Jeru rusalém. Conhecida internacionalmente como “Judean Hills” é de lá que vem o os melhores vinhos da atualidade no país. “O “Os vinhos tintos dali oferecem tipicamente um frescor e vibração notáveis, qualidad des que estavam ausentes com frequênc cia dos vinhos israelenses do passado”, d diz a revista norte-americana. O que mais limita o vinho israelense é a peq quena área disponível para cultivo. Os israele lenses constroem novas vinícolas nas Colin nas do Golã, na Galileia, e até no deserto do N Negev. Mas terra boa mesmo para plantar vin nhos é nos territórios palestinos, especialm mente nas montanhas da Cisjordânia, onde o clima é mais ameno. Algumas colônias jud daicas plantam vinhas, mas geralmente en-

A nova produção de vinhos israelense se concentra nas montanhas da Judeia, um estreito corredor que liga Tel Aviv a Jerusalém

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MAGAZINE YIRON GALILLEE 2012 (GALIL MOUNTAIN)

Centro de degustação numa vinicola do Golã

UM CURSO EXEMPLAR NA UHJ Muita diversão, misturada com rigor acadêmico. Esta é a receita do enólogo Zohar Kerem para alcançar o sucesso no programa que dirige para formar especialistas em vinhos, o primeiro em Israel. Kerem quer transformar a Universidade Hebraica de Jerusalém em centro mundial de referência para quem quiser aprender como fazer um excelente vinho numa região semi-árida. Confira a entrevista. Hebraica – Lendo o programa, parece bem divertido fazer um mestrado de vinhos em Jerusalém. Kerem – Claro. Cada estudante plantará e colherá sua própria vinha, e levará um bom produto para sua cozinha pessoal. Também teremos especialistas convidados da França e Itália, além de workshops no exterior. Já estamos percebendo isto, os estudantes não conseguem esperar pela próxima semana de curso. E tudo isto, com todo o rigor típico de um mestrado da Universidade Hebraica. Qual é o público alvo, israelenses ou estudantes estrangeiros? Kerem – A maioria dos estudantes deverá ser estrangeira. Até porque vinte formandos a cada pro60

grama é demais para o tamanho do mercado de Israel. Queremos ser um Taglit de alto nível. Ou seja, dois dias de estudos na semana, e no restantes os estudantes poderão fazer o que bem quiser, desde aprender hebraico a passear pelo país. Como está a primeira turma do programa, que iniciou em março? Kerem – Estamos quinze inscritos, o número que esperávamos. Na próxima turma, que começará em 2019, queremos 25 inscritos. Temos tempo até lá para construir um nome para este programa. Queremos ser top do mundo para quem quiser aprender como fazer uma vinícola num país de temperatura quente. A recente reportagem da Wine Spectator apontou que muitos jovens israelenses vão estudar vinhos no exterior. Como fará para convencê-los a mudar seus planos e se formar em Jerusalém? Kerem – Isto já está acontecendo. Estudavam fora porque não existia programa aqui. Há excelentes especialistas em Israel, mas não havia um programa. É uma oportunidade incrível e eu, particularmente, estou vibrando. Levamos quinze anos para preparar este programa.

frentam boicote internacional. E os muçulmanos desprezam o cultivo, pela proibição do álcool no Islã. Outro desafio ao vinho israelense é o clima, especialmente o vento quente do deserto que de vez em quando entra no país. O agricultor tem de aproveitar alguns bolsões especiais, especialmente nas montanhas, onde o ar se resfria com brisas vindas do Mediterrâneo. E outra pedra no caminho é o fato de quase todas as terras do país pertencerem ao Estado – as vinícolas locais assinam contratos de arrendamento, o que, de alguma forma, atrapalha aquela relação de amor profunda entre o produtor de vinhos e seu naco de terra. No entanto, como tudo neste pais foi feito com dificuldades, e quase tudo acaba sendo superado. A Wine Spectator afirma que chefs ao redor do mundo começam a colocar o vinho israelense em seus menus, especialmente pela atração da Terra Santa. Se o consumidor local bebe pouco e se interessa mais pelo vinho religioso, o negócio é exportar: 20% da produção é vendida no mercado internacional, metade nos EUA. A indústria de vinhos em Israel começou em 1882 com a vinícola Carmel do Barão Edmond de Rothschild, em funcionamento até hoje. Com todo o respeito, a Carmel sempre se preocupou mais com quantidade do que qualidade. Tornou-se o símbolo de um vinho apenas médio, decreta a revista. Mas desde os anos 2000, com o boom das novas vinícolas, isto não existe mais. “Com os vinicultores israelenses em contínuo aperfeiçoamento de suas técnicas em suas vinícolas e adegas, podemos esperar qualidade cada vez maior e diversidade. O futuro desta região que ressurge como produtora de vinhos ainda está sendo escrita”, garante a Wine Spectator.

CLASSIF FIC CAÇÃO DOS VINHOS DE ISRAEL Os dez melhores vinhos israelenses, segundo a Wine Spectator VINHO (vinícola entre parênteses) Misty Hills Judean Hills 2013 (Tzora)

Yiron Galilee 2013 (Galil Mountain)

Judean Hills White 2014 (Tzora)

Chardonnay Judean Hills Special Reserve 2012 (Barkan) Grand Vin Haute-Judee 2013 (Domaine du Castel)

Yiron Galilee 2012 (Galil Mountain)

Cabernet Sauvignon Galilee Yarden Yonatan Vineyard 2013

Nota Preço da garrafa (até 100) (nos EUA) U$ 55

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U$ 32

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U$ 76

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U$ 40

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U$ 50

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(Golan Heights Winery)

Chardonnay Galilee Yarden Katzrin 2014 (Golan Heights Winery) Chardonnay Galilee 2014 (Matar)

Carignan Judean Hills Wild Reserve 2014 (Recanati)

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12 NOTÍCIAS

Ariel Finguerman ariel_finguerman@yahoo.com

CICLOVIA BEM PENSADA Enquanto em algumas partes do mundo o cidadão não consegue nem ouvir falar de ciclovias, em Israel o superministro dos Transportes, Israel Katz, anunciou uma grande novidade: a construção de 110 quilômetros de vias exclusivas para bicicletas ligando todo o centro do país, ao custo de 650 milhões de shekalim (cerca do mesmo valor em reais), e previsão de entrega em 2019. O nível da construção será alto, inspirado nas experiências de Copenhague, Amsterdã e Londres. Haverá pontes para evitar encontro com estradas, mapas para orientação e água para beber. Se tudo der certo, o projeto vai se estender para Jerusalém, Beer Sheva e Haifa.

AÍ, SIM A vultosa compra da empresa high-tech israelense Mobileye pela Intel, em março, – o maior valor pago por uma start-up sabra na história do país – repercutiu em toda a economia. Os impostos que chegarão aos cofres públicos em razão dos U$ 15,3 bilhões pagos pela gigante de chips terão como efeito reduzir encargos para toda a população. O governo anunciou que, por conta desta receita inesperada nas contas públicas, o ICMS local deverá cair entre 0,5% e 1%. Também a alíquota do imposto de renda será afrouxada, especialmente para a classe média. Além do efeito da venda da Mobileye, o governo também anunciou aumento significativo em suas receitas no ano passado.

A BARREIRA Este é o codinome da mega-operação que acontece estes dias na fronteira com Gaza, com a participação de centenas de tratores e escavadeiras especiais do Tzahal, e presença maciça de forças israelenses. O objetivo: eliminar de uma vez por todas a ameaça dos túneis escavados pelo Hamas para se infiltrar no país. Os trabalhos de engenharia militar acontecem em quarenta pontos da fronteira, onde são instalados blocos de concreto acima e a algumas dezenas de metros abaixo da terra. O custo completo da operação gira em torno de U$ 1 bilhão. Resta saber qual será a reação do Hamas, ao ver sua principal estratégia de ataque contra Israel indo por água abaixo, ou melhor, areia adentro. PODE CRER Israel inaugurará no mês que vem sua primeira fábrica de remédios a partir da marijuana, a popular maconha. O empreendimento é da Panaxia, empresa farmacêutica fundada por cientistas israelenses do Instituto Weizmann e que atua especialmente nos EUA, onde foi a primeira a produzir remédios a partir da célebre erva. A Panaxia têm duas fábricas nos Estados Unidos e produz ali 22 remédios. Agora chegou a vez de Lod, cidade ao lado do aeroporto Ben-Gurion, participar deste próspero mercado, que movimenta U$ 6 bilhões pelo mundo e cresce 30% ao ano. Em Israel há oito fazendas licenciadas para plantar a erva – mas apenas para fins medicinais. 62

NAMORADA É PARENTE Um exército experiente como o Tzahal tem uma larga tradição e conhecimento em lidar com o delicado momento de comunicar à família a notícia da morte de um soldado. Mas, até agora, a namorada do combatente ficava sempre de fora, porque não era considerada parente. Mudou. Em razão de inúmeros pedidos no último conflito em Gaza, elas passarão a ser incluídas no cerimonial. Nas novas regras do exército, as namoradas serão oficialmente noticiadas por oficial especializado, terão direito a período de férias do trabalho e acompanhamento psicológico. SE VIRA, MOSHE O cada vez maior aumento nos preços de moradia em Israel – considerado o problema número 1 da economia local – leva as pessoas a procurar soluções criativas. Uma delas: como fazem os judeus ortodoxos fazem para virar neste quesito, eles cujas famílias são numerosas e com desemprego de 50% na comunidade? Como conseguem garantir que os filhos tenham um teto para morar? Segundo um novo relatório do governo, o segredo dos haredim tem muitas respostas: buscar imóveis baratos; colocar toda a energia nisso e esquecer outras despesas como viagens ao exterior; prestações a perder de vista; ajuda dos pais; carta do rabino para o banco. Fica aí a dica.

EM MEMÓRIA DO PAI Na cerimônia de quinze anos da morte do oficial do Tzahal, Garman Ruzkov, participou uma convidada muito especial: a filha, recém-nascida, Gal. Mas como isto é possível? Ruzkov morreu em combate em 2002, enfrentando terroristas que se infiltraram desde o Líbano e assassinaram cinco civis na Galileia. No sepultamento, recebeu honras de herói nacional. Mas a família, moradora de Kiriat Shemona, nunca se conformou com o fato de não ter deixado descendentes. Decidiram então utilizar o sêmen congelado dele e, com a ajuda de uma barriga de aluguel, nasceu agora a filhota.

NAS ALTURAS Você esteve recentemente em Tel Aviv e teve a impressão que a cidade está mais cara que Londres? Fique tranquilo, não se trata de delírio. Segundo a revista The Economist, que comparou preços de produtos e serviços em 133 cidades do mundo, Tel Aviv é a 11a mais cara do planeta. E o pior, comparando apenas com o ano passado, a pesquisa mostra que a situação piora na cidade israelense: em 2016, ocupava a 14a posição. Cingapura é o lugar mais caro do mundo para se viver, mantendo esta posição nos últimos quatro anos. Nova York está na 9a posição e Londres, na 24a. Bom mesmo, só para ficar no Primeiro Mundo, é Berlim, que ocupa a honrosa 51a posição. MUY AMIGOS O Ministério das Relações Exteriores da Rússia lançou uma cartilha em seu site a respeito de como seus turistas devem se comportar durante viagens ao exterior. No quesito “Israel”, os russos são orientados a não usar certas palavras, como “zid” (judeu sujo). O site alerta que muitos russos imigraram ao Estado judeu, portanto comentários negativos podem ser compreendidos. Já no Canadá, os russos devem evitar fazer comentários negativos acerca de homossexuais e na Espanha, aconselha-se cumprimentar pessoas à entrada do elevador do hotel, mesmo se desconhecidas. Conclusão: não fazer no exterior o que se faz comumente dentro de casa. 63


12 NOTÍCIAS GOLDA, A PERFURADORA Estão a todo vapor os trabalhos de construção do futuro metrô de Tel Aviv. A imprensa local cobriu a chegada de um monstruoso equipamento para perfurar o subsolo da cidade, trinta metros abaixo da superfície. Apelidada de “Golda”, a perfuradora tem 115 metros de extensão, abriga vinte operários e engenheiros no interior e pesa novecentas toneladas. Ao mesmo tempo em que perfura, a máquina de US$ 60 milhões de dólares processa a terra arrancada e coloca cimento nas paredes ao redor. O ritmo é de dez metros por dia. Em breve, mais sete perfuradoras similares serão ativadas. A engenharia está a cargo de chineses. EMPREENDEDORISMO SABRA No mês passado, Israel anunciou a maior transação comercial de sua história na área da indústria de armamentos. A Índia comprou U$ 2 bilhões em sistemas de mísseis inteligentes. Os indianos formam um mercado atraente – são considerados os maiores importadores de armas do mundo – e Israel, segundo estimativas, está em terceiro lugar em vendas para Nova Délhi. Um detalhe surpreendente deste contrato é que as vencedoras da licitação são duas estatais israelenses – a IAI (Indústrias Aeroespaciais Israelenses) e a Raphael. As duas venceram concorrentes ferozes, especialmente francesas. Esta big venda é mais uma vitória do empreendedorismo israelense. Qual o segredo? Enfrentar uma necessidade básica do Estado judeu, solucionar o problema e, em seguida, transformá-lo em produto e vendê-lo para o mundo. Foi assim com a indústria de armamento, mas também com as usinas de dessalinização, a agricultura de gotejamento, as defesas cibernéticas e por aí vai. Além disso, a falta quase completa de corrupção (quando existe, é exemplarmente punida). Todos sabem aqui que corrupção em estatais não apenas arruinaria a economia, mas acabaria mesmo com o país. PIOR SEM ELE É assim que a maior parte da população vê o líder do país, Bibi Netanyahu (na foto com a mulher, na Muralha da China). Se ele completar o mandato atual, será o político mais longevo no poder, mais que Ben-Gurion. Bibi é pouco carismático. Filho de historiador, tem certa pretensão à intelectualidade, mas é esnobado pela elite cultural sempre que se pronuncia para teorizar a respeito de assuntos mais filosóficos. Amor de verdade ele recebe do povo mais simples, tipo das bancas da feira Machané Yehuda de Jerusalém. O restante da população – dos mais conservadores até centroesquerdistas, dos haredim até a parte mais sincera dentre os intelectuais – veem nele um ponto de estabilidade no cenário político do país e, especialmente, na vizinhança assustadora do Oriente Médio. Querem um exemplo? Bibi viajou no final de março para a China, país que até há três décadas, era hostil a Israel. Voltou com 25 contratos comerciais debaixo do braço, avaliados em U$ 2 bilhões. O objetivo é, dentro de cinco anos, estabelecer comércio com os chineses no valor de U$ 20 bilhões. Bibi já poderia ter se aposentado há anos, e se tornado milionário fazendo palestras pelo mundo. Mas ele se contenta com a luxúria do poder e um salário mixuruca. Seus inimigos já tentaram enquadrá-lo várias vezes por corrupção, mas sai sempre limpo. Aparentemente, é um idealista motivado a pendurar as chuteiras como servidor público, dedicando-se ao bem-estar do povo de Israel, até onde isto for possível nesta vizinhança macabra. 64


MAGAZINE história

por David Mikics*

LEIS RACISTAS AMERICANAS Estudioso afirma que as leis racistas que oprimiam os negros no Sul dos Estados Unidos teriam inpirado as leis de Nuremberg que despojavam os judeus de todos os seus direitos civis, fazendo da Alemanha e do Sul dos Estados Unidos os regimes mais racistas da década de 1930

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ra 26 de julho de 1935 e cerca de mil manifestantes antinazistas atacaram o SS Bremen, um elegante e moderno transatlântico alemão atracado em Nova York. Os manifestantes conseguiram rasgar a bandeira suástica do navio e jogá-la no rio Hudson. Foi o clímax de um longo e quente verão de lutas de rua em Nova York entre pró-nazistas e antinazistas. Cinco dos manifestantes no incidente do SS Bremen foram presos, mas, diante do juiz Louis Brodsky, em setembro de 1935, aconteceu algo notável: Brodsky rejeitou todas as acusações, argumentando que a suástica era “uma bandeira negra de pirataria” que merecia ser destruída, e emblema de “uma revolta contra a civilização... um retrocesso atávico a condições sociais e políticas pré-medievais, se não bárbaras”.

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AS LEIS RACISTAS NOS EUA CHAMAVAM-SE LEIS JIM CROW, QUE NÃO ERA NINGUÉM, MAS EPÍTETO DE “NEGRO”

A lei que amparava a corajosa proclamação de Brodsky era questionável, e logo o Departamento de Justiça do presidente Franklin Delano Roosevelt pediu desculpas à Alemanha pela decisão do juiz. Hitler elogiou o governo de Roosevelt por desautorizar a decisão de Brodsky. Mas a absolvição dada pelo judeu Brodsky aos vândalos antinazistas tornou-se uma cause célèbre para o partido de Hitler. Assim, as Leis de Nuremberg, no mesmo setembro de 1935, impondo duras restrições aos judeus alemães, eram, segundo os nazistas, uma “resposta” ao “insulto” de Brodsky. James Q. Whitman dedica seu novo livro Hitler’s American Model (“O Modelo Americano de Hitler”) “ao fantasma de Louis B. Brodsky”, mas discorda da afirmação de Brodsky de que o nazismo de meados da década de 1930 era um retrocesso à Idade Média. Whitman revela que as Leis de Nuremberg, em vez de uma anomalia bárbara, foram, em parte, moldadas na então lei racial norte-americana. O regime nazista colocou-se na vanguarda da legislação racial, e a América, sua inspiração. “Não sem razão, aliás, para os advogados nazistas a América era o inovador líder mundial na criação do direito racista”, observa Whitman. Na década de 1930, o sul dos Estados Unidos e a Alemanha nazista eram os regimes mais racistas do mundo, orgulhosos da maneira como privaram negros e judeus, respectivamente, de direitos civis.

Os historiadores sempre minimizaram a conexão entre a lei racial nazista e a América porque a América estava interessada em negar os direitos de cidadania plena aos negros em vez de aos judeus. Mas o hábil trabalho de detetive de Whitman provou que, em meados da década de 1930, juristas e políticos nazistas voltavam frequentemente sua atenção à maneira como os Estados Unidos privaram os afro-americanos do direito de votar e de se casar com brancos e ficaram fascinados pela forma como os Estados Unidos transformaram milhões de pessoas em cidadãos de segunda classe. Por mais estranho que possa parecer, os nazistas viram a América como um farol para a raça branca, um império racial nórdico que conquistou uma vasta quantidade de Lebensraum (espaço vital). No livro A Supremacia da Raça Branca (1936), o acadêmico alemão Wahrhold Drascher, viu a fundação da América como um “ponto decisivo fatídico” na ascensão dos arianos. Segundo Drascher, sem a América “uma unidade consciente da raça branca nunca teria emergido”. Rasse e Raum – raça e espaço vital – eram para os nazistas as palavras-chave do triunfo norte-americano no mundo, segundo o historiador Detlef Junker. Hitler admirava o compromisso norte-americano com a pureza racial, elogiando as campanhas anti-indígenas que “reduziram milhões de peles-vermelhas a algumas centenas de milhares”.

Pânico moral

“Uma gota de sangue”

Há muito tempo os estudiosos sabem que o movimento de eugenia norte-americano inspirou os nazistas; agora, Whitman acrescenta a influência da política de imigração da América e suas leis sobre raça. A ideia de Whitman de que o nazismo inspirou-se na América é capaz de instaurar uma espécie de pânico moral. Mas há outro lado da história, e a era Trump pode trazer algum benefício ao dar uma olhada nele. O presidente foi eleito em parte porque capitalizou o nacionalismo da América em Primeiro Lugar, que caça impiedosamente inimigos externos e internos. Desta forma, cosmopolitas sem raízes, imigrantes e guetos urbanos sem lei ameaçam constantemente a verdadeira América.

Hitler não estava errado ao olhar para a América por inovações no racismo. “A América do início do século 20 era líder mundial em direito racial”, escreve Whitman, mais ainda do que na África do Sul. O Império do Novo Mundo da Espanha foi pioneiro em leis que ligam a cidadania ao sangue, mas os Estados Unidos desenvolveram legislação racial muito mais avançada do que a espanhola. Durante quase um século, a escravidão afro-americana foi uma mancha monumental na Declaração de Independência de Thomas Jefferson e na sua afirmação de que “todos os homens são criados iguais”. A Lei de Naturalização de 1790 declarou que “qualquer estrangeiro, sendo uma pessoa branca livre”

O presidente Trump foi eleito em parte porque capitalizou o nacionalismo da América em Primeiro Lugar, que caça impiedosamente inimigos externos e internos. Desta forma, cosmopolitas sem raízes, imigrantes e guetos urbanos sem lei ameaçam constantemente a verdadeira América

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Direito consuetudinário

MAGAZINE

O JUIZ ROLAN AN ND FREISL LER E R, PRESIDENT TE DO TE TRIBUN NAL AL DO POVO NA AZIS AZ ISTA TA TA. NING NGUÉ UÉM SOBR REV EVIV IVIA IA ÀS ENTE EN TENÇAS SUAS SE pode se tornar norte-americano – os nazistas observaram com aprovação que este era um caso incomum de restrição racial à cidadania. A Califórnia proibiu a imigração chinesa na década de 1870, e o país inteiro em 1882. A Primeira Guerra deu impulso adicional ao foco das doutrinas racistas a respeito de imigração e imigrantes. A Lei da Zona de Exclusão Asiática, de 1917, proibiu a entrada de imigrantes asiáticos, homossexuais, anarquistas e “idiotas”. E a Lei de Cotas, de 1921, favoreceu os imigrantes do norte da Europa sobre italianos e judeus, que eram majoritariamente impedidos de imigrar. Hitler elogiou as restrições de imigração norte-americanas em Mein Kampf: o futuro ditador alemão lamentou o fato de que nascer em um país tornava alguém um cidadão, de modo que “um negro que vivia anteriormente nos protetorados alemães e agora reside na Alemanha possa assim gerar um cidadão alemão”. Hitler acrescentou que, “atualmente, há um estado no qual se pode observar, pelo menos, o início fraco de uma concepção melhor... a União Americana”, que “simplesmente exclui a imigração de certas raças”. Hitler concluiu que a América, devido às suas leis baseadas na raça, tinha uma ideia mais verdadeiramente völkisch (força do povo) de estado do que a Alemanha. Quanto às restrições raciais ao casamento, a América estava sozinha na condição de pioneira. A ideia norte-americana de que o casamento racialmente misto é crime impactou as Leis de Nuremberg. Na década de 1930, quase 30 estados norte-americanos tinham leis antimestiçagem, em alguns casos impedindo asiáticos e afro-americanos de se casar com brancos. Os nazistas copiaram as leis norte-americanas contra a miscigenação. Seguindo o modelo norte-americano as Leis de Nuremberg proibiam casamentos entre judeus e não-judeus. Em um aspecto a lei racial norte-americana foi considerada dura demais até pelos nazistas. Na América prevalecia a regra de “uma gota”, pois muitas vezes, alguém era considerado negro se tivesse apenas 1/16 de sangue negro. Enquanto a proposta dos radicais nazistas de definir alemães com um avô judeu como judeus não 68

foi aprovada em Nuremberg. Em vez disso, judeus com um quarto de sangue e mesmo com metade foram tratados com clemência relativa. Os mischlinge, metade judeus, poderiam ser considerados arianos, a menos que fossem observantes religiosos ou casados com um judeu. O tratamento norte-americano a respeito do direito ao voto também foi fundamental para a plataforma nazista. Hitler pretendia transformar os judeus alemães em não-cidadãos residentes sem direito de votar, assim como outros direitos. Em Mein Kampf, ele propôs uma divisão tripartite entre Staatsbürger (cidadãos), Staatsangehörige (nacionais) e Ausländer (estrangeiros). Os Estados Unidos já tinham essa divisão quando se tratava de certos grupos étnicos, principalmente afro-americanos, a maioria dos quais não podia votar no sul. De acordo com Whitman, os brancos do sul viam os negros da mesma forma que os nazistas viam os judeus, ou seja, como uma “‘raça alienígena’ de invasores que ameaçavam ‘dominar’”. Em um artigo publicado em 1934, o jurista nazista Heinrich Krieger estava particularmente animado porque os Estados Unidos privaram não apenas os negros, mas também os chineses do direito ao voto. Detlef Sahm, outro estudioso do direito, aplaudiu a negação do voto aos índios norte-americanos e observou que, de acordo com a legislação norte-americana, os filipinos, como os chineses, eram não-cidadãos que nasceram ali.

Os nazistas não estavam apenas entusiasmados com o conteúdo da lei racial norte-americana, mas também abraçavam sua base de direito consuetudinário. Em 1908, o professor judeu de direito e de direita Erich Kaufmann, que sobreviveu aos anos de guerra escondido, elogiou o modo pelo qual as decisões legais eram tomadas nos Estados Unidos, com sua “riqueza de vida e imediatismo”, em oposição ao rígido código civil que guiava a jurisprudência alemã, o que respondia, assim, às intuições legais vivas do povo norte-americano”. Trinta anos mais tarde, a sugestão de Kaufmann seria adotada pelos nazistas que viam o direito consuetudinário, que encarna as poderosas intuições do povo, como uma forma de legislar os preconceitos raciais. De fato, os nazistas admitiram que não havia uma definição biológica firme da condição de ser judeu, mas os instintos antissemitas do povo estavam corretos. Roland Freisler, um dos mais radicais e impiedosos juristas nazistas, escreveu: “Creio que todo juiz consideraria os judeus como pessoas de cor, mesmo que pareçam brancos. ... Portanto, sou da opinião que podemos prosseguir com o mesmo princípio usado por esses Estados norte-americanos. Um Estado simplesmente diz: ‘pessoas de cor’. Tal procedimento seria grosseiro, mas bastaria”. Freisler gostava do direito consuetudinário racista norte-americano, segundo Whitman, por “sua maneira fácil, aberta, do modo sei-quando-vejo com a lei”. Definições científicas de raça não eram necessárias; o viés popular era mais que suficiente para aplicar a lei. A experiência norte-americana era muito clara: o racismo das leis de Jim Crow era o realismo jurídico, enraizado nos sentimentos do povo. Outros juristas nazistas, como Bernhard Lösener, defendiam uma abordagem de direito consuetudinário. Eles reclamavam que juízes individuais não poderiam ser autorizados a fazer julgamentos baseados em palpites raciais quando eles não tinham nenhuma maneira científica de determinar o que era ser judeu. “Vagos sentimentos de ódio ao judeu”

Quanto às restrições raciais ao casamento, a América estava sozinha na condição de pioneira. A ideia norteamericana de que o casamento racialmente misto é crime impactou as Leis de Nuremberg

não bastavam, insistia Lösener, argumentando que o antissemitismo precisava de uma base sólida na “ciência” racial. Lösener defendia um lado da ideologia nazista com ênfase nos fatos duros e científicos de raça e características do povo; o outro lado foi a improvisação de novas regras para aumentar o poder alemão. A improvisação ganhou: a falta de clareza sobre quem seria considerado judeu permitiu aos nazistas, durante a guerra, tanto empregarem mischlinge ou assassiná-los, se necessário. Se os nazistas estavam cientes de que os Estados Unidos eram governados por princípios igualitários e liberais também destacaram que os norte-americanos fizeram exceções raciais ao ideal. Os Estados Unidos mostraram, de acordo com o professor de direito Herbert Kier, que “a força elementar da necessidade de segregar os seres humanos segundo sua descendência racial se faz sentir mesmo quando uma ideologia política se interpõe no caminho”. Hitler celebrou a América em Mein Kampf pelo evangelho da mobilidade social, com o argumento de que o nazismo era um projeto de igualdade de oportunidades para os arianos. Até o final dos anos 1930, o New Deal de Franklin Delano Roosevelt era popular entre os nazistas: o presidente norte-americano, diziam eles, tinha assumido poderes ditatoriais para melhorar as perspectivas de todos os brancos, enquanto deixava a segregação existente no sul. Whitman sugere que a aprovação pelos nazistas da cultura jurídica norte-americana vale a pena ser ponderada. O gosto norte-americano pelo direito consuetudinário, geralmente visto como sinal de abordagem pragmática e flexível para a tomada de decisões legais, também pode consagrar preconceitos populares. Os humores populares, como o desejo de ser duro com o crime, ou com os imigrantes ilegais, podem carregar as sementes do fanatismo autoritário. * David Mikics escreveu, recentemente, Bellow’s People: How Saul Bellow Made Life Into Art/”Povo de Bellow: Como Saul Bellow Transformou a Vida em Arte”. Ele mora no Brooklyn e em Houston, onde é professor de inglês da cadeira John e Rebecca Moores da Universidade de Houston

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MAGAZINE a palavra

Por Philologos

De onde vem a palavra ídiche narishkait? Não foi preciso mergulhar no universo dos tolos para constatar que o termo vem do alemão padrão narre e alemão antigo narro, mas sua origem ainda e considerada incerta

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eremy Benstein escreve de Israel que durante um jantar discutiu-se a respeito das origens da palavra ídiche narishkait, “tolice”. Embora todos parecessem concordar que veio do hebraico na’ar, “rapaz”, não considerei correto: a primeira vogal de narishkayt é escrita com alef em ídiche, e não com ain, como a primeira vogal de na’ar; e na’ar, na Bíblia e em outras fontes judaicas, não tem conotação de infantilidade ou puerilidade que combinaria com o significado tolice. Quando uma rápida verificação na internet mostrou que Narr em alemão significava o substantivo “tolo” e närrisch significava o adjetivo “tolo”, triunfante escrevi aos convidados do jantar que o caso estava encerrado: a palavra ídiche tinha derivação germânica, e não hebraica. Benstein alega que isso pode ter sido prematuro de parte dele. Recorrei a um colega, professor de estudos judaicos, que respondeu: “Segundo meu confiável dicionário etimológico alemão, ‘A origem de narr (alemão padrão narre, alemão padrão antigo narro) é incerta’. Em outras palavras, não há fonte facilmente identificável nas línguas germânica ou latina/românica. Suponho, portanto, que a influência do ídiche/hebraico na antiga palavra alemã é tão provável quanto qualquer outra.” Benstein pergunta se o hebraico poderia ter influenciado o alemão antigo, que então voltou para o ídiche? Ou é uma palavra de origem desconhecida, mas ainda assim germânica simplesmente importada para o ídiche? A última hipótese é a mais provável. Uma origem hebraica da palavra na’ar para o alemão antigo narro é muito improvável. O termo “alto alemão antigo” refere-se a uma variedade de dialetos falados no que hoje é a Alemanha central, entre aproximadamente 700 e 70

Segundo um provérbio ídiche, na vida algumas vezes é preciso se fazer de tolo

1050 depois da Era Comum, e narro, segundo a historiadora britânica Irina Metzler no livro Fools and Idiots: Intellectual Disability in the Middle Ages (“Tolos e Idiotas: A Incapacidade Intelectual na Idade Média”) apareceu do século 8 em diante. Em contrapartida, as comunidades judaicas documentadas na Alemanha não são anteriores ao século 10 e, embora possa ter havido dispersão de judeus e até mesmo pequenos assentamentos judeus naquela área nesta época, a presença judaica foi insuficiente para influenciar o alemão falado. Além disso, não só não existia o dialeto judaico-alemão que se tornaria o ídiche, mas a palavra hebraica na’ar não é encontrada no vocabulário ídiche subsequente. E a probabilidade de que um encontro ao acaso judeu-alemão no século 8 tenha levado na’ar a entrar na língua alemã como narro parece quase zero. Também não é particularmente significativo que narro não tenha cognatos conhecidos em outras línguas. Todos os membros de famílias linguísticas têm, pelo menos, algumas palavras que não são encontradas em outros membros da mesma família. Por exemplo, a palavra inglesa “black”. Embora ocorra como blaec no inglês antigo, não há nada como ele em outras línguas germâni-

cas, todas as quais têm palavras para preto que são cognatos do inglês antigo “swart” e “swarthy” (schwartz – alemão, zwart – holandês, svart – sueco, svartur – islandês, etc.). Verifique “black” em um dicionário etimológico inglês e lerá “origem incerta”, também. É possível que blaec tenha-se desenvolvido independentemente no inglês antigo, e talvez ele venha de uma antiga palavra proto-germânica que não deixou vestígios em outras línguas germânicas – mas, em ambos os casos, não há grande mistério a respeito. O mesmo vale para narro. Ainda assim muitos procuram uma conexão entre hebraico na’ar e o ídiche nar. Quando criança, ouvi uma ligação feita por meu pai. Embora não fosse chassídico, meu pai veio de uma família de Chabad hassidim na Rússia Branca e manteve certos costumes do Chabad – um dos quais era acabar com o birkat hamazon, a bênção depois das refeições, dois versículos antes do que se costuma fazer. Normalmente, os três últimos versos desta oração, tirados do profeta Jeremias e Salmos, são: “Bem-aventurado o homem que confia no Senhor e o Senhor é a sua confiança. Uma vez eu fui jovem e agora estou velho, mas nunca vi um homem justo desamparado ou seus filhos implorando por pão. O Senhor dará força ao Seu povo, o Senhor abençoará Seu povo com a paz”. No entanto, meu pai, para perplexidade dos visitantes do shabat em casa e acostumados a cantar estes versos com a melodia cordial que as acompanha, chegavam a “Bem-aventurado o homem que confia no Senhor e o Senhor é a sua confiança” e não iriam mais longe. Perguntado a respeito, ele apontou para o segundo dos três versos, que começa em hebraico Na’ar haiti gam zakanti – isto é, “Fui um rapaz e eu fiquei ve-lho”. Ele diria com um sorriso: “Isso deve ser lido não como na’ar haiti gam zakanti, mas como nar haiti gam zakanti, ou seja, ‘Eu era um tolo e eu também envelheci como um’. Quem, a não ser um tolo, poderia viver uma vida longa e deixar de ver que o mundo está cheio de justos abandonados e seus filhos famintos? É por isso que nós, chabadniks, não recitamos o versículo”. O jogo de palavras em na’ar e nar foi, dis-

O termo “alto alemão antigo” refere-se a uma variedade de dialetos falados no que hoje é a Alemanha central, entre aproximadamente 700 e 1050 depois da Era Comum, e narro, segundo a historiadora britânica Irina Metzler, apareceu do século 8 em diante

se meu pai, história do Chabad com a qual ele foi criado. Se assim for, porém, deve ter sido algo de natureza local, pois os chabadniks a quem perguntei, ao confirmar que eles terminam o birkat hamazon com “Bem-aventurado é o homem que confia no Senhor” não estavam familiarizados com este trocadilho. Muitos outros versículos na Bíblia, o livro de oração, e até mesmo o birkat hamazon contradizem a experiência humana sem ser objetado pelo Chabad, e, de todo modo, não havia nada para impedir que seus chassídicos pulassem “Uma vez eu fui jovem” e terminassem com “O Senhor dará força a Seu povo”. A explicação de meu pai era um pouco de exegese popular. Na verdade, os últimos sete versos do birkat hamazon, começando com Y’ru et adonai k’doshav, “Temam o Senhor, Seus santos”, foram historicamente adições tardias à oração e existem em diferentes formas em diferentes sidurim (livros de oração) e tradições. Embora o livro de orações usado pelo Chabad siga a tradição, conhecida como Nusah ha-Ari, associado ao célebre cabalista de Safed rabi Yitzhak Luria Ashkenazi (1534-1572), o próprio Luria nunca emitiu sua própria edição autorizada, e foram publicadas versões ligeiramente diferentes após sua morte. Em algumas delas, aparece apenas o primeiro dos últimos sete versículos de graças após a refeição; em outros, os três primeiros; em outros ainda, incluindo o de rabi Shneur Zalman de Liady (1745-1813), o fundador do Chabad, os cinco primeiros. Em nenhum, claramente, havia alguma objeção específica ao sexto versículo, Na’ar haiti gam zakanti. Em todas as versões do birkat hamazon no livro de oração Nusaha ha-Ari, este era apenas um dos vários versículos omitidos. E ainda, assim mesmo se não voltasse a Shneur Zalman de Liady, o trocadilho de meu pai era puro Chabad. O Chabad de sua juventude na Rússia Branca punha um prêmio na verdade: nar zich nit, “Não se engane”, era uma de suas admoestações favoritas do Chabad. Sempre gostei que o Chabad não hesitasse em dirigir estas palavras ao autor dos Salmos. 71


MAGAZINE leituras

Por Bernardo Lerer

Os Excluídos da História Michelle Perrot | Paz e Terra / 363 pp. | R$ 39,80

Uma Marcha, Uma Vida, Um Legado Klara Kielmanowicz | Humanitas | 244 pp. | R$ 40,00

Diários da Presidência 1999-2000 Fernando Henrique Cardoso | Companhia das Letras | 850 pp. | R$ 79,90

Com este terceiro volume de seus dois mandatos de presidente da República, Fernando Henrique presta um inestimável serviço à história e à memória do Brasil, porque contam de forma bastante fiel e íntima eventos ocorridos nos oito anos entre 1994 e 2002, mesmo aqueles que tratam de episódios que embaraçam a biografia do ex-presidente, como aquele, bastante documentado, à época, da compra de votos para aprovar o projeto de reeleição. É um livro fundamental para entender o Brasil de hoje, pois quase todos os personagens estão aí, vivos, atuante e influentes. Leiam, por favor.

Nascida em Yedenitz, na antiga Bessarábia, berço, aliás, de muitas famílias associadas da Hebraica, Klara é uma das poucas sobreviventes dos campos de concentração da Transnístria, uma região esquecida da Ucrânia, transformada pelos nazistas em espaço de exclusão ideal, portanto para alocar milhares de prisioneiros judeus perseguidos pela política antissemita sustentada pelos romenos nazistas. Como escreve a professora Maria Luíza Tucci Carneiro, “Klara é uma das mais importantes ativistas brasileiras, envolvida com a preservação do ídiche no mundo, os direitos da mulher em Israel e o sionismo como ideal”.

Michelle (Paris, 1928), historiadora e feminista, analisa três grupos sociais periféricos – operários, mulheres e prisioneiros – na França do século 19, e revela como o poder se desdobra de modo pragmático e simbólico, mas também a resistência e a rebeldia de grupos marginais. Ela escreve que “as mulheres não são passivas nem submissas... Na cidade, na fábrica, elas têm outras práticas cotidianas, formas concretas de resistência – à hierarquia, à disciplina – que derrotam a racionalidade do poder, enxertadas sobre seu uso próprio do tempo e do espaço”. Vale muito a pena.

O Fio Invisível da Felicidade Eugênio Benito Junior | Humanitas | 354 pp. | R$ 45,00

Holandeses André Toral | Vêneta | 136 pp. | R$ 74,90

É a história em quadrinhos de Cástor e Esaú, dois irmãos que vão tentar a sorte no Brasil holandês do século 17. São sefarditas e de origem portuguesa que viviam em Amsterdã no século de ouro holandês até decidirem vir a Pernambuco e viver do comércio de escravos e da pintura. Ambos acreditam na vinda do Messias e buscam no Novo Mundo os sinais da proximidade de sua chegada, entre eles a existência de tribos de índios descendentes de judeus que viveriam no interior do Brasil. É, enfim, uma história a qual não se vai esquecer de um Brasil que não se vai reconhecer.

Este livro faz parte da coleção “Testemunhos”, da Editora Humanitas, ligada à USP e conta a história da família Eliaschewitz, desde a Alemanha até o Brasil, e o plano que ajudou a tirar seus membros da Europa, passando pelo altiplano boliviano até chegar ao Brasil. Werner, o patriarca da família, foi viver no Bom Retiro, onde trabalhou como garçom em um restaurante da rua Prates e, depois, com amigos fundou o restaurante Europa, na esquina das ruas da Graça e Correia de Melo, que resistiu até os anos 1960.

Dicionário da História Social do Samba Nei Lopes e Luiz Antonio Simas | Civilização Brasileira | 335 pp. | R$ 46,20

É um livro tão importante que o jornalista Lira Neto, autor de uma monumental história do samba, ainda no primeiro volume, de três, cita-o como uma de suas principais referências bibliográficas e ganhou o Prêmio Jabuti 2016. E, como um bom dicionário, descreve conceitos, reconstrói a memória cultural do Brasil, organizando a trama que compõe o enredo: a repressão, as escolas de samba, os pagodes e rodas de samba como polos de resistência, etc. E, claro, os nomes de compositores, instrumentistas, regentes, cantores, dançarinos, cenógrafos, diretores e outros.

Irmãs em Auschwitz Rena Kornreich Gelissen e Heather Dune

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Cego É Aquele que só Vê a Bola

Os Fuzis e as Flechas

Macadam | Universo dos Livros | 406 pp. | R$ 28,90

João Paulo França Streapco | Edusp

Rubens Valente | Companhia das Letras

247 pp. | R$ 38,40

517 pp. | R$ 69,90

O título é tirado de uma frase de Nelson Rodrigues que comentava jogos de futebol, no Rio, principalmente os do seu time, o Fluminense. Ele dizia que o “pior cego é o que só vê a bola”. Este livro surgiu a partir de um seminário que discutiu a articulação entre a dinâmica urbana de São Paulo, a prática cultural do futebol e os grupos sociais que jogavam bola. O autor refaz os percursos do jogo de bola nos espaços da cidade, sua apropriação pelos grupos sociais, a proliferação dos campos do futebol e, a partir daí, a formação de Corinthians, Palmeiras e São Paulo.

Com o subtítulo “História de Sangue e Resistência Indígena na Ditadura”, faz parte da “Coleção Arquivo da Repressão no Brasil” que procura desvendar os segredos guardados pela repressão durante a ditadura civil-militar que assolou o Brasil durante 21 anos e o tratamento que deu aos índios nesse período. O jornalista teve acesso ao Fundo Secreto da Funai, afinal aberto em 2012, entrevistou mais de oitenta pessoas, viajou mais de quatorze mil quilômetros por dez estados e dez aldeias indígenas do Amazonas, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais.

Como diz o subtítulo é “a comovente luta pela sobrevivência de duas irmãs reféns do Holocausto”. Rena foi uma das poucas pessoas a se entregar voluntariamente ao exército alemão acreditando que seria removida para um campo de trabalho. Mas era Auschwitz mesmo onde ela e a irmã Danka sobreviveram a três anos e meio de suplícios, doenças, iminência da morte, surras e do trabalho forçado que parecem ter dado forças às duas e outras prisioneiras que, unidas, resistiram até serem libertadas. O livro é, na verdade, o sentimento de que é possível encontrar altruísmo e união entre pessoas que vivem em um lugar de horror implacável. Rena contou sua história a Heather que a transformou no livro. Hoje existe uma fundação nos Estados Unidos com o nome de Rena que estimula as pessoas a escrever.

Uma Sensação Estranha Orhan Pamuk | Companhia das Letras 588 pp. | R$ 79,90

Esta edição faz parte da “Coleção Prêmio Nobel”, um romance magnífico, no qual segundo os críticos, Pamuk, capturando a imagem e o espírito da cidade de Istambul e também sua cultura, crenças, tradições, povo e valores, tudo isso escrito com técnica de um virtuose, riqueza emocional. 73


MAGAZINE curta cultura

Por Bernardo Lerer

AS SSISTAM A ESTES DO OCUMENTÁRIOS

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streou em abril e vai até meados de julho, às sextas feiras, sempre às onze e meia da noite, pelo canal Curta, 56 da NET, a série “Mish Mash – A Presença Judaica no Brasil”, um documentário em dez episódios de trinta minutos, com dois personagens cada, a respeito da presença judaica no Brasil. O documentário foi dirigido por Pedro Gorski (foto), filho do arquiteto Michel Gorski, autor entre outros, do projeto da sinagoga Bait, à rua Baroneza de Itu. A concepção do projeto é mostrar como se dá a presença dos judeus por meio do testemunho e do legado dos entrevistados reunidos em agrupamentos temáticos. O projeto se materializou em quase um ano de trabalho entre pesquisa dos personagens, gravações em várias partes do Brasil e a finalização com a complementação de imagens de arquivo, composição a trilha sonora e edição. E mais um ano e meio até que os recursos do Fundo Setorial do Áudio Visual da Agência Nacional de Cinema – Ancine – fossem transferidos à produtora pacto Áudio Visual. São minibiografias na forma de perfis, depoimentos dos personagens principais e para cada um deles um personagem de apoio, espécie de contraponto de modo a não deixar o episódio por conta de uma pessoa só. É um apoio à narrativa cuja linha é comum a todos os episódios, a saber: 1-) origens, chegada ao Brasil, nascimento; 2-) juventude, formação profissional e carreira com foco especial na obra de cada um, pois é isso que agrupa os personagens por tema e 3-) identidade judaica. Vale a pena assistir.

O LIVRO DOS LIVRO OS DA GASTRONOMIA JUDAICA

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oan Nathan (foto), a “decana da comida judaica”, acaba de lançar o livro King Solomon’s Table: A Culinary Exploration of Jewish Cooking From Around the World (“A Mesa do Rei Salomão: uma Exploração Culinária da Cozinha Judaica por Todo o Mundo). É o 11 e vai vender tão bem como os anteriores. Ela escreve para o New York Times, onde mantém uma coluna, e para outros veículos. Espécie de “antropóloga gastronômica” começou suas pesquisas a partir da antiga Babilônia e “como um povo errante, os judeus influenciaram muitas cozinhas locais a partir do momento em que levavam consigo novos alimentos para novas terras pelas rotas judaicas de comércio, ora procurando regiões mais seguras ou migrando em busca de novas e melhores oportunidades. Da mesma forma, os judeus foram igualmente influenciados e afetados pelos locais por 74

onde passavam ou se fixavam, incorporando pratos e ingredientes locais no repertório gastronômico e faziam as substituições necessárias de modo a seguir e respeitar os pratos de acordo com as leis da kashrut e os costumes de shabat e feriados religiosos”. Joan foi um dos primeiros estudiosos a reconhecer o poder, a importância e o significado por trás da comida judaica e é uma pioneira no campo do conhecimento da moderna gastronomia judaica. Levou seis anos para escrever este “A Mesa do Rei Salomão”, com viagens à índia, Grécia, Canadá, Itália, entre outros países, onde se encontrava com famílias, e ao final concluiu que “nenhuma simples cozinha consegue contar toda a história da comida judaica, mas eu sei que cada lar judeu viveu a sua experiência na forma de lágrimas vertidas, as festas que celebravam e o naco de pão que partiam juntos”.

ERETZ AMAZÔNIA

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onhece David Salgado? É chazan na comunidade de Belém do Pará, que existe há mais de duzentos anos, mas é muito mais do que isso. Garoto, editava o jornal da escola. Mais velho, fundou o jornal Amazônia Judaica para ligar e noticiar tudo a respeito dos judeus espalhados pela vastidão amazônica. “A Amazônia é formada por várias etnias – a judaica, a indígena, a portuguesa, espanhola, árabe, etc, - e todas dialogam entre si”, diz David. Em 2000 virou revista eletrônica e junta editora, arquivo histórico digital (www.amazoniajudaica.org/arquivo), portal na internet (www.amazoniajudaica.org), blogs e um newsletter (“açaí&falafel”) (foto) com representações no Rio de Janeiro e em Israel. A consultora editorial é a coordenadora do Departamento de Língua Portuguesa da Universidade de Maryland Regina Igel. Além disso, divulga os eventos e realizações do Cen-

ANA DE ROMA, JUDIA E COSMETÓLOGA

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tro Israelita do Pará, do Comitê Israelita do Amazonas, do Centro Judaico de Rondônia, do Centro Israelita do Amapá e a sinagoga Shel Guemilut Chassadim, do Rio de Janeiro, fundada por judeus marroquinos e que acolheu muitos judeus da Amazônia nos anos de crise do pós guerra. Amazônia Judaica é, também, um selo editorial que lançou livros religiosos, e a primeira e única hagadá de rito sefaradi marroquino, o livro História e Memória, Judeus e Industrialização no Amazonas, de David e Elias Salgado, que são irmãos. Um dos trabalhos mais conhecidos e premiados é o documentário Eretz Amazônia, Judeus na Amazônia, a partir da obra homônima do professor Samuel Benchimol (z’l). Os irmãos Salgado também realizaram o projeto “Judeus na Industrialização da Amazônia”, com depoimentos dos cinco principais empresários judeus do Amazonas do pós-guerra: Saul Benchimol, Jaime Benchimol, Moysés Benarrós Israel (z’l), Moisés Sabbá e Frank Benzecry.

elena Rubinstein, nascida Chaia, e Esteé Lauder, que veio ao mundo como Josephine Esther, ambas judias e, em algum momento no século passado incluídas entre as pessoas mais importantes do mundo, foram famosas fabricantes de produtos de beleza. Mas não as pioneiras. Já bem antes delas, a honra coube a Ana de Roma, que no século 15 era conhecida como “provedora de todas as esperanças em uma jarra”, isto é, cosméticos. A descoberta é do pesquisador Jacob Rater Marcus, autor de uma história dos judeus na Europa cristã, a partir de fontes primárias entre os anos 315 até 1791. Assim, caiu nas mãos de Jacob Rater uma carta datada de 15 de março de 1508 assinada por Ana de Roma à sua cliente Caterina Sforza (1463-1509) (foto), condessa de Ímola. Ana se refere ao pedido de Caterina por um creme facial. Escreve Ana: “Para começar, dei a ele uma pomada preta, que remove asperezas do rosto e deixa a pele elástica e suave. Aplique a pomada todas as noites, deixe-a até de manhã e, em seguida, remova-a com água límpida do rio. Depois, aplique nas faces a loção (que ela produzia, claro) chamada Acqua da Canicare (água suavizadora) com pequenas palmadinhas desse creme claro; pegue uma porção correspondente a menos do tamanho de um grão de bico deste pó, dissolva na loção Acqua Dolce e aplique no rosto”. E os preços? Na carta, Ana diz que a pomada preta custa quatro carlini a onça, a Acqua di Canicare, quatro carlini a garrafa pequena, a pomada branca oito carlini a onça, o pó, um ducado de ouro a onça e a Acqua Dolce um ducado de ouro o frasco pequeno. “ Assim, se Vossa Alteza aplicar estes produtos, estou absolutamente certa de que vai continuar nos fazendo encomendas”. 75


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1. PESQUISADOR E PRATICANTE DE MINDFULNESS MARCELO CSERMAK GARCIA FALOU E AGRADOU A FELIZ IDADE; 2. AVI GELBERG E GABY MILEVSKY, COM O SECRETÁRIO FLORIANO PESARO E MENDY TAL, RECEBERAM O SUBPREFEITO DE PINHEIROS, PAULO MATHIAS; 3. MEDITAÇÃO TEM DIA E HORA NO CLUBE; 4 E 5. BAR-MITZVÁ ALAN, ROSE E FLÁVIO, GABRIELA E RAQUEL WROBLEWSKY, NA SINAGOGA DA HEBRAICA; 6. NO DIA NACIONAL DO CHORO, EVANDRO BENE QUARTETO TROUXE O RITMO NACIONAL AO SHOW DO MEIO-DIA NA PRAÇA CARMEL

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ROCK NO CLUBE MIL: 1.TATIANA PERRI, FERNANDA E JAVIER SMEJOFF; 2. RENATA E MARCELA PLAPLER E ROBERTO CONTE JUNIOR; 3. HENRI SCHIPPER COMANDANDO A MESA DE SOM COM MAESTRIA; 4. STELLA SEGAL E FRANK AZULAY; 5. CASAL SIDNEI BEIDERMAN; 6. A PRAÇA CARMEL RECEBEU OS FÃS NA NOITE NOSTÁLGICA DOS MOMENTOS DE ROCK MEMORY

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1, 2 E 3. A NOITE COM O CHANSONNIER GILBERT; HÉLIO E LIANE ZAIDLER, ELAINE E ROBERTO MARKOVITS; AS FÃS VIBRARAM COM A PERFORMANCE DO CANTOR NO TEATRO ARTHUR RUBINSTEIN; 4, 5, 6, 7 E 8. FRIENDS WILL BE FRIENDS FOI UM SUCESSO E O GRUPO CHAVERIM AGRADECE; THELMA LAUFER, MARINA BRAND E BERTA ALCALAY; ALEGRIA DE HELENA ZUKERMAN EM COLABORAR; LIA TULMANN FEZ BONITO COM SUA COZINHA CRIATIVA; ETEJANE COHEN APLAUDIU O SHOW DA FRIENDS BAND NO ESPAÇO ADOLPHO BLOCH

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4 1. NO ESPAÇO ADOLPHO BLOCH, EDUARDO WURZMANN DÁ AS BOAS-VINDAS A EDUCADORES DO BRASIL REUNIDOS NO III ENCONTRO NACIONAL DE ESCOLAS JUDAICAS-CONECTEINU, REALIZAÇÃO DA CONIB; 2 E 7. PRESIDENTES FERNANDO LOTTENBERG (CONIB) E MUSTAFÁ GOKTEPE (CENTRO CULTURAL BRASIL-TURQUIA); JOHN E NANETTE KONNIG, KAREN DIDIO SASSON, NO LANÇAMENTO DE CADERNOS CONIB; 3. PRISCILA GOLCZEWSKI (EL AL), CÔNSUL DORI GOREN E RENATA COHEN (MINISTÉRIO DE TURISMO DE ISRAEL), NO ESTANDE DE ISRAEL NO 47O. ENCONTRO BRAZTOA; 4, 5 E 6. SUCESSO ENTRE AMIGAS, ILANA BERENHOLC TEVE PLATEIA CHEIA; A PALESTRANTE VEIO DE ISRAEL E FOI RECEBIDA POR MÔNICA HUTZLER E ANDREA BISKER; 8. PLATEIA DATERCEIRA IDADE, OUVIDOS ATENTOS À EXPLICAÇÃO DE MARIANA GOTTFRIED SOBRE PESSACH E SUA SIMBOLOGIA

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5 CHEF LÚCIA SEQUERRA CONTOU OS SEGREDOS DA COZINHA GLUTEN FREE; 2. AMIGOS DE SEMPRE DA HEBRAICA CUMPRIMENTARAM SÍLVIA HIDAL NA CULTURA/IGUATEMI, NO LANÇAMENTO DE MÉTODOS DE EXPOSIÇÃO DE CONTEÚDO E DE AVALIAÇÃO EM EAD; 3, 4 E 5. CRIANÇAS DA UNIBES PARTICIPARAM DA MANHÃ DE RECONHECIMENTO AOS BENEMÉRITOS; NATALIE, RAFAEL E MICHEL KLEIN; DAVID STUHLBERGER E FAMÍLIA, RECEBIDOS POR CÉLIA PARNES; 6 E 7. CHAVERIM CONTARAM A SAÍDA DO EGITO NO SEU TRADICIONAL PRÉ-SEDER

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1 A 6. TRADIÇÃO SEGUIDA NO SEGUNDO SEDER DE PESSACH COM O CORAL ZEMER E A VOZ DE REGIS KARLIK. A ALEGRIA DE ENCONTRAR O AFIKOMAN; O ORGULHO DE OUVIR O MANESHTANÁ NA VOZ DA CRIANÇA; AS EXPLICAÇÕES DO CHAZAN GERSON HERSZKOWICZ; PAI E FILHOS NA BÊNÇÃO DE UM DOS QUATRO COPOS DE VINHO; A BRACHÁ DAS VELAS; E A GRANDE MESA COMUNITÁRIA NA HEBRAICA

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1. ATLETAS DO TÊNIS DE MESA PARTICIPARAM DE MAIS UM RANKING, QUE SERVIU COMO TREINO PARA TORNEIOS FUTUROS; 2. EM UM ELETRIZANTE JOGO DE HANDEBOL, A FÚRIA AMARELA DERROTOU O TIME DE FRANCA POR 32 A 22; 3. NO FUTSAL, OS GAROTOS DO SUB-13 DERROTARAM O TIME DO PENHA EM NOITE DE MUITOS GOLS; 4. EPIC MUAY THAI BRASIL MOVIMENTOU O CENTRO CÍVICO E DEVE TER OUTRA RODADA EM JUNHO; 5. MOISÉS BLAS (C), EX-JOGADOR DE BASQUETE DA HEBRAICA E ATLETA OLÍMPICO, TEVE SUA FOTO INCORPORADA AO HALL DA FAMA NA CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE BASQUETE

SEMANA DEDICADA À HUNGRIA DO SÉCULO 21. 1. SUZI GUTMANN ENCONTRA SONIA E TOMAS RATZESDORFER; 2. A CULINÁRIA TOMOU CONTA DO ESPAÇO GOURMET; 3. “AONDE VAMOS?” PARA A LITERATURA HÚNGARA COM SAROLTA KOBORI E ZSUZSANNA SPIRY, MEDIAÇÃO DE VIVIAN SCHLESINGER; 4. LUÍS FELIPE SPROTTE LANÇOU O LIVRO HÁ TANTO CARRO EM BUDAPESTE HOJE EM DIA; 5. CÔNSUL ECONÔMICA ZSUZSANNA LASZLÓ FALOU SOBRE NEGÓCIOS ENTRE BRASIL E HUNGRIA; 6. O ARTESANATO TÍPICO; 7. SHOW DO MEIO-DIA FICOU POR CONTA DE TUNDE ALBERT E CONJUNTO TÍPICO DE DANÇA FOLCLÓRICA; 8. CÔNSUL GERAL SZILARD TELEKI E MATHIAS PILLER, DIRETOR DO DOCUMENTÁRIO HÚNGAROS-1956, EXIBIDO EM NOITE ESPECIAL

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1. HARKADOT AO AR LIVRE SEGUEM COMO UMA DAS ATRAÇÕES PREFERIDAS DOS SÓCIOS AOS DOMINGOS 2. ÀS VÉSPERAS DE PESSACH, O ATELIÊ TROUXE HADAGOT PARA COLORIR E DEPOIS LEVAR PARA CASA 3, 4 E 5. NO ACANTONAMENTO DO GRUPO PARPARIM, BRINCADEIRAS NA PISTA DE ATLETISMO, NA PISCINA E LANCHE PARA AUMENTAR A INTEGRAÇÃO ENTRE AS DANÇARINAS

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2 E 4. ELENCO DO GRUPO QUESTÃO APRESENTOU CINCO SESSÕES DA PEÇA A. PARA PÚBLICOS RESTRITOS A DEZESSEIS PESSOAS. NA MONTAGEM DIRIGIDA POR HEITOR GOLDFLU, PERCORRIAM VÁRIOS ESPAÇOS DOS CLUBE, TENDO COMO PONTO CENTRAL O PALCO DO TEATRO ANNE FRANK

1. CENTRO DE MÚSICA PROMOVEU UMA APRESENTAÇÃO DA BANDA “OS PROCURADOS” NO SEGUNDO SHOW DE RUA DO ANO 3. VOLUNTÁRIOS MONTARAM CESTAS DE PESSACH PARA DISTRIBUIÇÃO ENTRE AS FAMÍLIAS ASSISTIDAS PELA UNIBES 5. GRUPO JOVENS SEM FRONTEIRAS PROMOVEU DEBATE SOBRE O SISTEMA CARCERÁRIO NO JARDIM DA CASA DA JUVENTUDE

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PARA ANUNCIAR NA REVISTA HEBRAICA LIGUE: 3815-9159 duvale@terra.com.br


OPINIÃO

Por Bernardo Lerer

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IMAGEM DEVASTADORA DOS EFEITOS DO GÁS SARIN NA POPULAÇÃO CIVIL

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que se vire

Biniamin Netanyahu foi o primeiro líder mundial a reagir aos ataques com armas químicas. Israel sabe, e está suficientemente bem informado, que é uma potencial vítima de gás venenoso em caso de um gesto tresloucado de Assad e dos que lhe dão apoio

m dos mais atilados comentaristas políticos de Israel, Anshel Pfeiffer, concluía mais ou menos assim um texto publicado no jornal Haaretz, dia 5 de abril, um dia depois da morte de dezenas de pessoas na região de Idlib, na Síria, de importância estratégica, porque controla os cruzamentos com a Turquia: “... É também a razão pela qual a administração Trump certamente não atuará na Síria”, alegando que ele não vai ser moralmente diferente de Obama que, em 2013, quando comprovadamente mais de quatrocentas pessoas foram mortas com gás sarin. Pois no dia seguinte mesmo, Trump bombardeou bases aéreas sírias com foguetes Tomahawk desde navios estacionados no Mediterrâneo ao largo das costas sírias. Isso não significou a entrada dos Estados Unidos no conflito sírio, mas um recado do voluptuoso presidente americano aos seus eleitores, uma satisfação aos setores mais beligerantes e radicais das suas forças armadas e um sinal à Coréia do Norte, na verdade o grande problema dele, pois envolve a China. Israel, claro, elogiou o foguetório de Trump, mas Israel está bem alerta para se prevenir – e reagir – caso os interesses estratégicos do país estiverem ameaçados e Biniamin Netanyahu foi o primeiro líder mundial a reagir aos ataques com armas químicas. Israel sabe, e está suficientemente bem informado, que é uma potencial vítima de gás venenoso em caso de um gesto tresloucado de Assad e dos que lhe dão apoio e são inimigos de Israel. Como se viu, Trump pôs em vigor a prometida certa autonomia aos seus comandantes militares e elogiou a ação na Síria, imediatamente voltou suas atenções para o Extremo Oriente, mas sempre informando China, Japão e Coreia do Sul, os mais diretamente afetados pelas manias belicistas do ditador que ganhou a Coreia do Norte como se fosse uma capitania hereditária. Aliás, na esteira do episódio do gás venenoso na Síria, a administração Trump deu mais uma demonstração de seu mais absoluto desapreço em relação aos judeus e que se soma a, por exemplo, resistir a todos os apelos e pedidos para que os mencionasse como principais vítimas do nazismo em seu discurso no Dia do Holocausto, em 27 de janeiro. Ou rejeitar os discursos supremacistas e racistas de seus mais fiéis apoiadores, ou sua relutância inicial em condenar o antissemitismo. É que dias depois, o seu porta-voz fez uma desastrada comparação do ataque com gás sarin com a política de Hitler, dizendo que “nem o líder nazista usou gás letal durante a Segunda Guerra”. Na tentativa de se corrigir, o porta-voz piorou as coisas e continua trabalhando lá, no pódio da sala de entrevista da Casa Branca cada vez mais fechada a jornalistas contestadores e a meios de comunicação hostis à administração Trump, mas que, num deslize imperdoável, elogiaram os foguetes contra a Síria, e depois tiveram uma atitude mais moderada. Isso prova que os judeus e Israel devem se virar sozinhos. Como sempre ninguém lhes virá em socorro, a não para defender os interesses geopolíticos e estratégicos deles. 89


ENSAIO

E SE PERGUNTA: A DEMOCRACIA TEM FUTURO? O professor Yascha Mounk estuda atualmente o fenômeno do populismo e da abertura ao autoritarismo nas democracias, o que ele chama de “democracias iliberais”, e tem discutido a ascensão de Donald Trump em vários artigos

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á pouco mais de um mês, o cientista político e professor da universidade Harvard Yascha Mounk transmitiu a quem quisesse ouvir suas reflexões a respeito da eleição de Donald Trump, do avanço de candidatos populistas na Europa e concluiu que as pessoas devem esquecer da nostalgia da social-democracia do século 21. “O nacionalismo veio para ficar”, diz, com a certeza dos sábios. Desde a vitória de Donald Trump, o teórico político de Harvard – que se dedicou a tentar convencer outros acadêmicos de que o progresso contínuo da democracia liberal em todo o mundo não é um determinismo – é o sujeito mais procurado para falar da questão do surgimento do nacionalismo e do populismo. E sua atual notoriedade nos círculos acadêmicos e midiáticos o faz se sentir como se fosse o “advogado de um serial killer”. Mounk, 35 anos, desafia a ortodoxia segundo a qual “se um país tiver um fantástico PIB anual e duas eleições que consagrem um governo, então não é preciso se preocupar com a democracia lá. É o bastante. É uma rua de mão única”. Há provas suficientes disso, mas antes de Trump e do Brexit e dos temores atuais na Euro-

MOUNK SUG GER RE A TRU UMP UMA RETIRA ADA A TÁTIICA A NA QUES STÃO DA IM MIGRA AÇÃO PARA SALVA AR A ID DENTID DADE MULT TIÉTNIC CA

pa de um maremoto de extrema-direita que pode levar Marine Le Pen ao Palácio Eliseu, em Paris, Mounk já discutia isso e tinha números para se defender. Ele e mais seu co-pesquisador, Roberto Foa, da Universidade de Melbourne, vem analisando dados acerca do comportamento dos eleitores no mundo ocidental e pesquisando as atitudes do público quanto às instituições democráticas e nacionais e dados econômicos. Eles criaram três indicadores principais da saúde das democracias: o apoio do público para a continuidade da democracia em um país, a abertura pública aos sistemas não-democráticos alternativos e o êxito eleitoral dos partidos políticos e dos candidatos que criticam a legitimidade da democracia de seus atuais sistemas de governo. A partir desses dados, há mais de dois anos Mounk e Foa afirmam que o mundo enfrenta uma epidemia de populismo e nacionalismo – ou, como, de acordo com alguns cientistas políticos, de “democracia iliberal”: um estilo de governança pelo qual o líder pode basear sua autoridade em um mandato democrático, mas o governo tem pouca consideração pelos direitos civis e procura deslegitimar oponentes. Há menos de dois anos, quando Obama era presidente, a Suprema Corte dos Estados Unidos votava a favor do casamento gay e as sondagens na Grã-Bretanha prevendo sólida maioria a favor da permanência na União Europeia – liderada pela chanceler alemã Angela Merkel –, os receios de tal contágio pareciam excessivamente exagerados. Acontecia em lugares como a Turquia de Recep Tayyep Erdogan, mas a democracia liberal ainda parecia forte. Agora está claro que não só os países “recentemente democráticos” da Europa Oriental, como Polônia e Hungria, estão em perigo, em que os governos nacionalistas estão ocupados em esvaziar o poder dos tribunais e da sociedade civil, mas até mesmo bastiões de direitos civis no Ocidente. Os sinais do que Mounk define como indicadores-chave da democracia iliberal – isto é há muito mais que “as maiorias contrárias aos direitos das minorias, os muçulmanos na Europa e os muçulmanos e os latinos

Para Mounk, a chave está no slogan usado frequentemente pelos populistas, muito populares entre os apoiadores do Brexit: “Dar às pessoas um sentimento de que têm controle sobre suas vidas e que sua própria nação tem controle sobre seu destino”

nos Estados Unidos”. Outra verdade que apoia a ideia segundo a qual as mudanças demográficas – e, em particular, os grupos mais jovens que cresceram em tempos mais “liberais” – deslocariam os eleitores ocidentais irreversivelmente para a esquerda, afunda entre os jovens eleitores. Mounk fez uma palestra no Molad, o Centro de Renovação da Democracia Israelita em Jerusalém, e perguntou-se a respeito do futuro da democracia: a sociedade tem alguma receita para o mal-estar da democracia, ou se haverá uma tendência de longo prazo longe do liberalismo? Nomeado chefe do programa “antipopulismo” no novo Instituto Tony Blair para a Mudança Global, em Londres, Mounk tentará elaborar essas receitas. Mas, pelo menos por enquanto, admite que não há respostas simples. No entanto, uma coisa está clara: um retorno ao status quo não está no horizonte.

Domesticação do nacionalismo Mounk adverte contra qualquer nostalgia acolhedora e difusa quanto à social-democracia do final do século 20. O primeiro passo para encontrar uma saída do presente e do futuro populista é reconhecer que as coisas mudaram. Segundo ele, o nacionalismo voltou para ficar. A nova economia ocidental viu isso. “Menos pessoas hoje têm outras identidades de [daquelas engendradas por] seu local de trabalho. Antes, por exemplo, os trabalhadores costumavam ser mineiros de carvão ou membros de um sindicato, e isso os identificava”, diz Mounk. “Mas atualmente menos pessoas trabalham em minas ou são membros de sindicatos. O trabalho do século 21 não cria esse tipo de identidade e isso significa que as pessoas estão recuando para sua identidade descritiva, que é sua origem étnica ou nacional. E quando nossa identidade é descritiva, ficamos mais irritados com o que vemos como injustiça na distribuição da riqueza.” Então, a economia globalizada acabou com o antigo local de trabalho. Mas queremos desistir da globalização? “Hoje, enfrentamos o trilema de nacionalismo, democracia e globalização. É preciso 91


ENSAIO encontrar uma maneira de fazer esses três trabalharem juntos porque não se pode fugir do nacionalismo e nem não se quer desistir da democracia e da globalização.” Para Mounk, a chave está no slogan usado frequentemente pelos populistas, muito populares entre os apoiadores do Brexit: “Dar às pessoas um sentimento de que têm controle sobre suas vidas e que sua própria nação tem controle sobre seu destino”. Para as pessoas sentirem isso é preciso que se convençam de que podem viver numa sociedade multiétnica e democrática e, ainda assim, estarem melhor do ponto de vista material e que o campo liberal deve aprender como abraçar o nacionalismo. “A ideia era de que podemos nos afastar do nacionalismo e substituí-lo por outras coisas, como a justiça social, e de alguma forma as pessoas aprenderão a viver sem ele. Mas, quando o nacionalismo e a democracia se chocam, o nacionalismo ganha”, diz Mounk. “Portanto, temos de tentar domesticar o nacionalismo, preenchendo-o com nosso próprio significado que o torna compatível com uma sociedade aberta e liberal e aproveitar a globalização.” Para fazer isso, segundo Mounk, os liberais que gostam de pensar em seus valores como universais e, portanto, aplicáveis igualmente a todos os países, devem aprender a apreciar as diferenças nacionais. Como exemplo, cita o país onde nasceu, a Alemanha, e o país onde vive e trabalhou nos últimos doze anos e do qual, recentemente, se tornou cidadão, os Estados Unidos. “Apesar da vitória do Trump, os Estados Unidos, ainda têm uma grande vantagem. Há uma chance melhor de a maioria dos norte-americanos abraçarem uma identidade multiétnica, porque já conta com tal sociedade. Mas para a democracia multiétnica sobreviver nos Estados Unidos, talvez seja necessária uma retirada tática em relação à imigração”, observa Mounk. “Na Alemanha, pesquisas realizadas há trinta anos mostram que dois terços dos alemães consideram que um turco étnico nascido e criado na 92

Para Mounk, um problema que Israel compartilha com outros países é que sua história tende a abalar qualquer conversa acerca de seu presente e seu futuro

Alemanha ainda é turco. Pesquisas recentes mostram que dois terços dos alemães continuam pensando assim.” Desta forma, a resposta para a Alemanha e outros países europeus é construir uma nova narrativa nacional, diz Mounk. Grande parte do interesse pelo nacionalismo está na experiência de ter crescido na Alemanha como filho de judeus poloneses: “Na Alemanha, a esquerda está preocupada com o nacionalismo por razões históricas óbvias. Mas, quando não se dá às pessoas uma narrativa comum a respeito do que a Alemanha pode ser, elas encontram mais narrativas nacionalistas de direita.” Assim, a esquerda deve procurar opções mais positivas para um futuro nacionalismo alemão, em vez de negar todo o conceito, argumenta Mounk.

A “complexidade” israelense Em apenas uma segunda e curta visita a Israel, Mounk admite saber muito pouco a respeito do país e que, como cientista político, prefere não analisar a situação israelense com as mesmas ferramentas que emprega para analisar outros países. “Em qualquer discussão em que é mencionado, Israel domina. E quando se menciona Israel, não se pode simplesmente fazê-lo de passagem”, diz Mounk. “Israel não pode ser apenas outro exemplo. Há tal complexidade e tantas emoções ao se lidar com Israel que ou se escreve vinte páginas ou nada. Para um cientista político que não é especialista em Israel, a melhor opção é nada.” Para Mounk, um problema que Israel compartilha com outros países é que sua história tende a abalar qualquer conversa acerca de seu presente e seu futuro. Ao enfrentar o populismo e o nacionalismo, “lidar com a história é problemático. Especialmente porque os cidadãos migrantes não têm a mesma história”, diz. Uma solução pode ser fixar-se um pouco menos na história. “Para mudar a narrativa, temos de falar sobre o presente e o futuro de nossas identidades nacionais.”


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CONSELHO DELIBERATIVO

Instituições democráticas Dia 12 de novembro, os sócios titulares e esposas serão convocados a comparecer à eleição para renovar a metade do Conselho Deliberativo. Para isso, a quadra do Centro Cívico será ocupada pelas mesas de identificação e as urnas eleitorais, nas quais os eleitores poderão examinar as fotos e números dos candidatos, escolhendo os de sua preferência. Antes disso, serão abertas as inscrições de candidatos a exercerem esse papel tão importante na Associação. Trata-se de um dos eventos mais antigos e importantes dentro da organização política da Hebraica. É o conselho que debate e sanciona as obras, alterações nos Estatutos Sociais e na utilização das dependências do clube. Trata-se de representar e interpretar a vontade dos cerca de dezesseis mil sócios do clube, o que implica no acompanhamento das tendências comunitárias, sociais, educativas e esportivas. Cabe ao Conselho Deliberativo eleger a Diretoria Executiva, cujo papel é gerenciar, planejar e executar projetos que o Conselho examina e aprova. É importante observar que a Diretoria Executiva é formada por conselheiros, o que faz dela uma espécie de extensão do Conselho. Um braço mais próximo do sócio e com mais contato com as demandas do dia-a-dia. Nos 64 anos de história do clube, Conselho e Diretoria sempre trabalharam com harmonia, respeitando os papéis específicos de cada um. Como resultado, temos um clube dinâmico, cujas famílias recém-formadas valorizam o título e todos os serviços e benefícios que o clube lhes fornece. Mais e mais, o Conselho reflete a mescla entre a experiência dos conselheiros antigos e a impetuosidade das gerações mais novas. Esse equilíbrio permite que todas as faixas etárias sejam atendidas e que as novas ações sejam implementadas sem prejuízo de uma ou outra fatia do quadro associativo. Maio é uma excelente época para as reflexões acima. Desde sua fundação, o clube comemora a Independência de Israel e fortalece os elos com o Estado. Trata-se de cultivar as tradições e a cultura judaica, o vínculo com Israel, elementos que nos diferenciam de outras agremiações esportivas. No entanto, são eles que nos garantem a admiração dos clubes co-irmãos, uma vez que por amor a Israel cultivamos o amor ao folclore, à música e ao teatro, assim como nos orgulhamos de preparar, inscrever e enviar delegações de tamanho significativo para as Macabíadas Mundiais, com atletas que provam em quadra, na água o quão positivo é preservar as raízes judaicas e sionistas sem com isso diminuir o orgulho em sermos brasileiros. Um sonho? Que os atletas enviados este ano à Macabíada voltem dispostos a um dia, se tornarem Conselheiros do clube. Mauro Zaitz – Presidente da Mesa do Conselho

Reuniões Ordinárias do Conselho em 2017

14 de agosto 12 de novembro – ELEIÇÕES 27 de novembro 11 de dezembro

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MAURO ZAITZ FÁBIO AJBESZYC SÍLVIA L. S. TABACOW HIDAL AIRTON SISTER VANESSA KOGAN ROSENBAUM

ASSESSORES

Maio 1

2ª FEIRA

2

3ª FEIRA

14 24 30 *31

DOMINGO 4ª FEIRA 3ª FEIRA 4ª FEIRA

Junho *1

Julho 11 31

1

ABRAMINO A. SCHINAZI CÉLIA BURD EUGEN ATIAS JAIRO HABER JAVIER SMEJOFF SAPIRO JEFFREY A. VINEYARD

2º DIA DE SHAVUOT - IZKOR

3ª FEIRA 2ª FEIRA

JEJUM DE 17 DE TAMUZ INÍCIO DO JEJUM DE TISHÁ BE AV

3ª FEIRA

7

2ª FEIRA

Setembro ** ** ** ** **

20 21 22 29 30

IOM HAZIKARON - DIA DE LEMBRANÇA DOS CAÍDOS NAS GUERRAS DE ISRAEL IOM HAATZMAUT - DIA DA INDEPENDÊNCIA DO ESTADO DE ISRAEL - 69 ANOS LAG BAÔMER IOM IERUSHALAIM VÉSPERA DE SHAVUOT 1º DIA DE SHAVUOT

5ª FEIRA

Agosto

4ª FEIRA 5ª FEIRA 6ª FEIRA 6ª FEIRA SÁBADO

Outubro 4 *5 *6 11

4ª FEIRA 5ª FEIRA 6ª FEIRA 4ª FEIRA

* 12 * 13

5ª FEIRA 6ª FEIRA

AO ANOITECER

FIM DO JEJUM DE TISHÁ BE AV AO ANOITECER TU BE AV VÉSPERA DE ROSH HASHANÁ 1º DIA DE ROSH HASHANÁ 2º DIA DE ROSH HASHANÁ VÉSPERA DE IOM KIPUR IOM KIPUR VÉSPERA DE SUCOT 1º DIA DE SUCOT 2º DIA DE SUCOT VÉSPERA DE HOSHANÁ RABÁ 7º DIA DE SUCOT SHMINI ATZERET- IZKOR SIMCHAT TORÁ

Novembro 5

DOMINGO DIA EM MEMÓRIA DE ITZHAK RABIN

Dezembro 12 19

3ª FEIRA 3ª FEIRA

AO ANOITECER, 1ª VELA DE CHANUKÁ AO ANOITECER, 8ª VELA DE CHANUKÁ

2018 Janeiro 27

SÁBADO

31

4ª FEIRA

Fevereiro 28

DIA INTERNACIONAL EM MEMÓRIA DO HOLOCAUSTO (ONU) TU B’SHVAT

4ª FEIRA

JEJUM DE ESTER

5ª FEIRA 6ª FEIRA 6ª FEIRA SÁBADO

PURIM SHUSHAN PURIM EREV PESSACH - 1º SEDER PESSACH - 2º SEDER

1 *6 7 12 18

DOMINGO 6ª FEIRA SÁBADO 5ª FEIRA 4ª FEIRA

19

5ª FEIRA

PESSACH- 2º DIA PESSACH- 7º DIA PESSACH- 8º DIA IZKOR IOM HASHOÁ- DIA DO HOLOCAUSTO IOM HAZIKARON - DIA DE LEMBRANÇA DOS CAÍDOS NAS GUERRAS DE ISRAEL IOM HAATZMAUT - DIA DA INDEPENDÊNCIA DO ESTADO DE ISRAEL - 70 ANOS

Março 1 2 30 31

Abril

MES MESA ME SA DO CO SA CONSELHO CONS ELHO PRESIDENTE VICE-PRESIDENTE VICE-PRESIDENTE 1O SECRETÁRIO 20 SECRETÁRIO

CALENDÁRIO JUDAICO ANUAL 2017

* não há aula nas escolas judaicas ** o clube interrompe suas atividades, funcionam apenas os serviços religiosos



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