Para aprofundar O conto O Alienista foi publicado entre outubro de 1881 e março de 1882 na revista carioca A Estação, e depois integrado no livro Papeis avulsos, publicação esta que reúne o que para muitos são alguns dos mais geniais experimentos narrativos desta fase da trajetória artística do autor. Ao colocar-se como separadas duas fases da concepção da obra de Machado de Assis, está-se levando em conta a fundamental divisória representada pela publicação do romance pioneiro que representou Memórias póstumas de Brás Cubas, de 1880, redigido, portanto, apenas um ano antes do início do processo de escrita de O Alienista. É de fundamental importância a compreensão do que representou esta ruptura que dividiu as duas fases da escrita machadiana, pois a narrativa sobre Simão Bacamarte e sua teoria da loucura é uma das mais bem-acabadas obras deste projeto artístico em processo de consolidação. Tida como de difícil qualificação, quase impossível restringir a uma única convenção ou escola literária para descrever ou enquadrar, a guinada de 1880 não seria possível sem as obras que antecederam as deste período aludido. Foi no período de fastio e desgaste da fase tardia do romantismo brasileiro que Machado realizou seus primeiros projetos e experimentos narrativos, tendo também se iniciado com a escrita dramatúrgica e a poesia. Será nos debates sobre realismo literário, no entanto, que a crítica encontra os melhores instrumentos para refletir e traçar apontamentos proveitosos sobre o alcance vertiginoso da prosa machadiana. Se tornará célebre nos meios letrados cariocas do século XIX, no entanto, através de um gênero literário europeu recente, incubado pela consolidação da ampla circulação da imprensa moderna: A crônica. Do sucesso formado pela produtiva carreira na escrita em
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Manual do professor