Ano I - Edição 11 | Setembro, 2010 | Distribuição gratuita
jornal
Dia de Campo
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O meio rural com informações produtivas
De olho no clima O tempo seco deste final de inverno já anuncia o que vem pela frente. Meteorologistas apontam para uma safra de verão sob os efeitos do fenômeno La Niña, com previsão de chuvas irregulares a abaixo da média histórica. Para os produtores rurais, o momento é de planejamento para evitar perdas Pág. 6e7
Foto de Capa: Dulce Mazer
O produtor Wilson Pan, de Londrina-PR, já se planejou para a possibilidade de uma safra mais seca
Sudoeste do Paraná pode se tornar pólo produtivo de biodiesel
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Aprenda mais sobre a silagem, uma boa alternativa para a alimentação do gado
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Especial Dia do Agrônomo: conheça os desafios desta importante profissão
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Editorial
Dia do Engenheiro Agrônomo Uma profissão além dos conhecimentos técnicos: é preciso saber lidar com a educação no campo... Se agricultura fosse simplesmente plantar e colher, como muitos fazem em suas pequenas hortas domésticas, os problemas do mundo estariam facilmente resolvidos. Plantar e colher, uma tarefa muito simples: qualquer um pode praticar esta atividade milenar. Mas não é tudo. Hoje, principalmente, levando-se em conta a rápida evolução tecnológica, toda uma necessidade de equilíbrio entre solo, água e ar, tudo precisa ser muito bem dosado para se ter níveis de produtividade correspondentes às necessidades socioeconômicas nacionais e interna-
cionais. E tem mais, não basta produzir por produzir. Diante das novas tecnologias, hoje a agricultura exige todo um
Diante das novas tecnologias, hoje a agricultura exige todo um trabalho de engenharia e sustentabilidade trabalho de engenharia e sustentabilidade para sua perfeita produção, armazenagem e distribuição, pois além do
Carta do Leitor
abastecimento dos mercados internos e externos, algo mais importante precisa ser observado: a qualidade dos produtos que, por sua vez, vão proporcionar a qualidade de vida da população. E esse trabalho de engenharia cabe a um profissional: o agrônomo, que desde 12 de outubro de 1933 tem o exercício de sua profissão regulamentada pelo Decreto Presidencial 23.196. O engenheiro agrônomo é um intermediário muito importante entre o campo e a cidade. Sua atuação se compara mais à de um educador do que à de um mero técnico. O produ-
tor acredita muito no agrônomo, pois, se alguma coisa dá certo, todos os vizinhos ficam sabendo, a notícia se espalha rapidamente. Daí a responsabilidade em procurar fazer sempre certo, com o máximo de honestidade. O Dia de Campo presta sua homenagem a este profissional pelo seu nobre trabalho dedicado à pesquisa e à extensão, que muito tem contribuído para o progresso técnico e produtividade do setor agropecuário, nos rumos do desenvolvimento socioeconômico do agronegócio e do cooperativismo brasileiros.
Foto do Campo
Agricultura do Novo Século Um dia a humanidade percebeu que só colher e caçar não eram suficientes para prover-se de alimentos. Então passou a plantar e criar animais e, provavelmente, foi aí que as profissões ligadas à produção agropecuária também começaram a se desenhar. Inclusive a de agrônomo, que comemora a sua data neste dia 12/10. No primeiro momento, o desafio era produzir em quantidade suficiente, e para isso foi necessário manter muitas plantas (ou animais) num espaço reduzido e bastante diferente da condição natural. Foi a deixa para as doenças, pragas e outros ‘adversários’ se aproveitarem da situação e derrubarem a produtividade, assim como a qualidade da produção. Para combater esse ‘mal’, passamos a usar os tais agrotóxicos, que garantiriam produção e qualidade suficientes, mas sem saber exatamente quais as consequências disso. Quando nos apercebemos da tragédia que estava por vir, passamos a atuar no sentido de conseguir produzir com quantidade, com qualidade e de forma sustentável. É nesse cenário que o profissional de agronomia atua hoje, tanto em tecnologias bastante naturais - a agroecologia, por exemplo - como em outras avançadas e polêmicas - a transgenia talvez seja o melhor exemplo. E é muito bom ver também que agora já começamos a pensar em fazer tudo isso (quantidade, qualidade e preservação) de forma socialmente justa. Otavio Jorge Grigoli Abi Saab, Prof. Mecanização Agrícola UEL/CCA/Agronomia (Londrina-PR)
A carta publicada na edição anterior (com título “Informando o Homem do Campo”) foi atribuída indevidamente ao senhor Valderi Antão Ruviaro, ao qual pedimos nossas desculpas pelo equívoco. Redação Dia de Campo.
Envie suas dúvidas, opiniões e sugestões para o Dia de Campo. E importante: mande também o seu nome completo, profissão e cidade onde vive. O Dia de Campo agradece a atenção e garante que fará o máximo para atender o maior número possível de leitores. O Dia de Campo poderá editar ou publicar, apenas, trechos das mensagens. contato@diadecampoonline.com.br
Foto enviada por Juliano Feijó (Carlópolis-PR) Marca registrada do norte pioneiro (PR), o café foi registrado pelas lentes do engº agrônomo Juliano Feijó, durante visita técnica a uma propriedade da região Envie sua foto e faça parte, também, do Dia de Campo: contato@diadecampoonline.com.br
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Frase
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“Este é um período em que os produtores terão mais preocupações. Isso não significa perdas, mas é fundamental ter planejamento” Nelson Harger, engenheiro agrônomo, acerca dos impactos que o La Niña pode gerar sobre a atividade agrícola
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Av. São João, 1095, sala 4, Londrina-PR (43) 3337-0873 www.jornaldiadecampo.com.br contato@diadecampoonline.com.br Jornalista responsável: Lino Tucunduva Neto (MTb: 1307-SP) Reportagem e edição: Dulce Mazer, Felipe Teixeira, Flávio Augusto, Mariana Fabre e Pedro Crusiol Projeto gráfico e diagramação: Flávio Augusto O Jornal Dia de Campo é uma publicação mensal da DC Comunicação e Editora Jornalística Ltda. CNPJ: 10.937.352/0001-21
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Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), a venda de máquinas agrícolas no Brasil deve crescer 25% em 2010. (DC)
Agronegócio Divulgação
Combustível
Sudoeste do PR pode se tornar pólo produtivo de biodiesel Parceria entre a agricultura familiar e as usinas paranaenses visa à produção do combustível a partir de oleaginosas
Divulgação
A iniciativa aquece a cadeia do agronegócio com a compra de matériaprima dos pequenos produtores e a construção de novas usinas
Biocombustível: produção - O governo do estado e a Companhia Paranaense de Energia devem inaugurar, até o fim de 2010, a primeira usina-piloto no município de São Jorge d’Oeste.
Felipe Teixeira felipe@diadecampoonline.com.br
Às vésperas do 4º Congresso da Rede Brasileira da Tecnologia de Biodiesel, agendado para o início de outubro na Expominas 2010, em Belo Horizonte-MG, a produção do combustível alternativo gera ótimas expectativas de negócios no Paraná. Criado em 2003, o Programa Paranaense de Bioenergia, após inúmeros debates e pesquisas detalhadas, finalmente chega à fase de implantação da primeira mini-usina em São Jorge d’Oeste, município localizado na região sudoeste do estado. O projeto tem como objetivo promover o desenvolvimento tecnológico do biodiesel e a inserção de um
Atualmente, o Paraná tem capacidade para produzir 170 milhões de litros por ano novo agente na economia estadual, com inclusão social, geração de renda, empregos, tecnologia local e produtos para exportação. “O Programa Paranaense de Biodiesel sempre teve como um de seus princípios a descentralização da cadeia produtiva do biodiesel em unidades-teste, cujos resultados podem ser aproveitados diretamente pelos agricultores”, afirmou Valter Bianchini, ex-secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, no período de organização primária do programa no sudoeste. Recentemente, pesquisadores e produtores se reuniram no Seminário de Biodiesel, em Francisco Beltrão-PR, para discutir as diretrizes governa-
mentais relativas às ações de crédito, capacitação e transferência de conhecimento à agricultura familiar na base produtiva de oleaginosa. O engenheiro agrônomo da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Paraná (SEAB), Richardson de Souza, é um dos responsáveis pela iniciativa e enfatiza a importância da integração entre a origem produtiva e as empresas compradoras. “O contato das cooperativas da agricultura familiar com as usinas de produção do biodiesel hoje é uma realidade no sudoeste. Além da canola e da soja, a médio e longo prazo, será possível introduzirmos culturas como o amendoim e o girassol, por exemplo, para diversificar o leque de matériasprimas na obtenção do biocombustível paranaense”. Segundo o engenheiro agrônomo, existem apenas duas usinas em todo o estado, com capacidade total para produzir até 170 milhões de litros de biodiesel por ano. No entanto, a primeira meta do Programa Estadual de Bioenergia consiste em organizar os pequenos produtores e, em uma segunda etapa, consolidar o fornecimento de matéria-prima originada da agricultura familiar no mercado. “O interessante no firmamento da parceria dos produtores com as cooperativas regionais é justamente a auto-suficiência na produção local. Esse fator permite a utilização do produto acabado na infra-estrutura e, até mesmo, no atendimento às necessidades, como a alimentação dos animais da propriedade rural, e no incremento da criação de suínos ou da pecuária leiteira”, detalha Souza. Para a construção da usina-piloto em São Jorge d’Oeste, o governo do Paraná, a SEAB, o Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) e outras instituições participantes devem assinar o convênio.
- O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento anunciou que a produção de biodiesel no país deve atingir 2,4 bilhões de litros em 2010. Houve um aumento de 50% na produtividade em relação a 2009. - Em 2009, a produção atingiu 1,6 bilhão e tornou o Brasil o terceiro maior produtor do mundo. - A principal matéria-prima utilizada no Brasil para produzir biodiesel é o óleo de soja (85,58%), seguida pela gordura bovina (11,17%), óleo de algodão (1,51%) e outros materiais graxos (1,43%). - Outras alternativas, como a utilização do óleo de fritura, também são comprovadas cientificamente e são praticadas por meio de campanhas de conscientização ecológica. Fonte: Agência Nacional do Petróleo (ANP) / Embrapa Agroenergia / Ministério da Agricultura
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Evento técnico
Renda no campo é tema central do Rural Tecnoshow 2010 Em sua quinta edição, o evento propõe que agricultores mudem de postura e adotem o pensamento empresarial em suas propriedades debate, produtores, representantes Dulce Mazer de órgãos públicos e de entidades de dulce@diadecampoonline.com.br pesquisa poderão fazer sugestões. “O produtor tem que pensar como empresário rural, encarar a gestão e Palestras, debates e cursos, o planejamento financeiro como funabordados de maneira técnica, sodamentais em seu negócio. É hora de bre um assunto bastante preocumudar” disse. pante para o produtor: a renda no Além de palestras, serão ofertacampo. Este será o tom do 5º Rural dos cursos gratuitos e promovidos os Tecnoshow, evento realizado de 4 tradicionais leilões. Paralelamente ao a 10 de outubro de 2010, no Parevento, será realizada a terceira edique de Exposições Governador Ney ção da Expoinel Paraná, julgamento Braga, com organização da Sociede animais da raça nelore promovido dade Rural do Paraná. pela Associação de Neloristas de Londrina (Anel) e pela Sociedade Rural do Paraná. Serão expostos cerca de 300 “O produtor tem que animais de vários estados brasileiros. encarar a gestão e o A exibição é parte do ranking paraplanejamento financeiro naense que se encerra em abril de como fundamentais” 2011, na Exposição Agropecuária de Londrina. As novidades do Rural TecTradicionalmente, eventos des- noshow 2010 são a 1ª Mostra de Arte te porte mantêm discussões sobre e o 1º Circuito Norte Paraná de três técnicas de produção e aumento de tambores. A programação completa produtividade, nem sempre focan- está no site do Jornal Dia de Campo: do a rentabilidade do produtor. Luigi www.jornaldiadecampo.com.br. As Carrer Filho, coordenador do 5° Tec- inscrições são gratuitas e podem ser noshow, afirma que, ao final de cada feitas pelo telefonpe (43) 3378-2005.
Dulce Mazer
Em 2010, além das tecnologias de manejo, a Rural Tecnoshow estará focada no aumento da renda do produtor rural
Mural Agrícola Bolsa de Cereais e Mercadorias de Londrina - Cotações do dia 30/09/2010 Produto
Tipo/Praça Londrina
Preços Mínimo
Máximo
Mercado
Café - PR. Benefic. 60 Kg Safra 10/11
Tipo 6 Duro - B/C. Tipo 7 Riado - B/C. Tipo 7 S/D - B/C.
280,00 245,00 220,00
290,00 250,00 225,00
Calmo Calmo Calmo
Feijão Carioca - T.1 60 Kg.
Apucarana Ivaiporã Londrina
180,00 170,00 180,00
190,00 180,00 190,00
Calmo Calmo Calmo
Milho - 60 Kg
Cascavel Maringá Ponta Grossa
20,00 20,00 21,00
20,50 20,50 21,50
Calmo Calmo Calmo
Soja - 60 Kg
Cascavel Maringá Ponta Grossa
41,00 42,00 42,00
42,00 43,00 43,00
Calmo Calmo Calmo
Trigo - 60 Kg PH - 80
Cascavel Maringá
28,80 28,80
29,40 29,40
Calmo Calmo
Fechamento Anterior
Variação %
185,75 187,25 187,05
- 1,45 - 1,44 - 1,47
Cotação - Café - NY - em centaos de US$/libra - peso Mês/Ano dezembro - 10 março - 11 maio - 11
Diferencial
Fechamento
Abertura
- 2,70 - 2,70 - 2,75
183,05 184,55 184,30
187,75 187,25 187,20
Fonte - CMA OBS: Cafés que apresentarem gosto de terra, secador e aparência chuvada e barrenta, terão deságil compatível à incidência dos mesmos.
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Pedro Crusiol / Arquivo DC
Agricultura
De acordo com o primeiro levantamento do Ministério da Agricultura para a safra 2010/11, a produção de soja no Brasil deve ficar entre 67,6 e 68,9 milhões de toneladas. (DC)
Safra de Verão
Começa o plantio de soja nos principais estados produtores Pedro Crusiol
Paraná e Mato Grosso do Sul iniciam o plantio, porém Mato Grosso ainda sofre com estiagem Dulce Mazer dulce@diadecampoonline.com.br
Com o fim do vazio sanitário da soja no Mato Grosso do Sul e a chegada das chuvas em várias regiões brasileiras, os produtores se preparam para iniciar o plantio da soja. Em algumas cidades do Paraná os agricultores aguardam a
“Foram chuvas localizadas, de pequeníssima intensidade, que só serviram para ‘apagar’ a poeira” hora de fazer a dessecação das plantas daninhas. Em Campo Mourão, centro-oeste do estado, o fim da estiagem foi comemorado com muito trabalho. Após quase três meses de chuvas irregulares, a quantidade registrada no último final
de semana de setembro foi satisfatória para o início do plantio da safra de verão. Na região, 14% da área estimada para a cultura já foi plantada. Com o atraso provocado pela estiagem e o baixo preço que a soja está alcançando no mercado, a área plantada deve ter queda de 20%. A tendência é que isso se repita em outras regiões do Paraná. Já a Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul) estima que haverá mais de 1,7 milhão de hectares plantados nesta safra no estado. A determinação do vazio sanitário, que terminou nesta quintafeira, 30 de setembro, serve para que a incidência de ferrugem asiática sobre a soja seja menor e evite maiores perdas. Mas, de acordo com o engenheiro agrônomo da Federação, Lucas Galvan, o plantio deve começar mesmo só na segunda quinzena de outubro, como recomendado pelo zoneamento agrícola de risco climático do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).
Na região de Campo Mourão-PR, 14% da área estimada para a cultura já foi plantada, enquanto que, no Mato Grosso, a seca deve atrasar o plantio A chuva que caiu na última semana de setembro sobre a região da Grande Cuiabá, no Mato Grosso, foi rápida e de pequenas proporções, não chegando às regiões produtoras do estado, que continuam em repouso, já que o índice pluviométrico dos últimos dias foi insuficiente para permitir o início da semeadura. “Foram chuvas localizadas, de pequeníssima intensidade,
que só serviram para ‘apagar’ a poeira”, disse o diretor administrativo da Associação dos Produtores de Soja e Milho do estado (Aprosoja/MT), Carlos Fávaro. Segundo ele, esta é a pior seca dos últimos dez anos em Mato Grosso, devendo provocar o atraso no plantio. Pelo menos 90% das regiões que concentram lavouras de soja não recebem chuva desde o dia 4 de abril.
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La Niña
De olho no clima Segundo especialistas, a próxima safra de verão terá influência do fenômeno La Niña, com chuvas mal distribuídas e abaixo da média. Produtores devem se planejar para evitar perdas Pedro Crusiol pedro@diadecampoonline.com.br
Segundo o engenheiro agrônomo Nelson Harger, o clima seco possivelmente terá o pico nos meses de novembro e dezembro O engenheiro agrônomo Nelson Harger, coordenador do Projeto Grãos do Emater-PR, lembra que os anos de La Niña apresentam maiores riscos para a agricultura. “Este é um período em que os produtores terão mais preocupações. Isso não significa perdas, mas é fundamental ter planejamento”, ressalta. De acordo com o especialista, o clima seco possivelmente terá o pico nos meses de novembro e dezembro. “Esta é uma época de alerta para as culturas de grãos, principalmente soja e milho, pois a falta de chuvas no período coincide com a fase crítica das lavouras, que é a de florescimento e enchimento dos grãos. Se faltar água nesta fase, a plantação pode apresentar perdas na produtividade”, diz ele, ressaltando a importância do escalonamento do plantio. Os maiores riscos estão nas lavouras de milho, cultura que é mais sensível à falta de água do que a soja. O plantio de milho já está atrasado devido ao tempo seco no mês de setembro e existem produtores que estão mudando de idéia e optando pela soja às vésperas da época da semeadura. O fenômeno La Niña será mais severo, de acordo com o agrônomo,
Produtor quer evitar problemas
Pedro Crusiol
O tempo seco deste final de inverno já anuncia o que vem pela frente. As previsões dos meteorologistas apontam para um verão sob influência do La Liña, um fenômeno climático caracterizado por chuvas irregulares e abaixo da média na região sul do Brasil e nos países vizinhos, como Paraguai e Argentina. Para os produtores rurais, este é um momento para planejar a safra e definir estratégias que contribuam para evitar qualquer tipo de prejuízo causado pelo clima. Ao contrário do que ocorreu em 2009, um ano típico de El Niño, com chuvas em abundância – inclusive com ocorrência de enchentes no sul do país – a safra de verão deste ano deverá ser mais seca. “O fenômeno La Niña está confirmado e deve provocar veranicos prolongados na primavera e no verão”, explica o meteorologista do Simepar Reinaldo Kneib. Segundo ele, a falta de chuva nos meses de agosto e setembro já é um sinal do fenômeno. “A tendência é que ocorram precipitações concentradas em determinada época e depois períodos mais longos de estiagem. Além disso, vamos ter temperaturas elevadas, o que favorece a evaporação da umidade no solo”, diz.
O plantio de milho já está atrasado devido ao tempo seco no mês de setembro. Há produtores que estão mudando de idéia e optando pela soja às vésperas da época da semeadura
nas regiões oeste e sudoeste do Paraná. A região do Arenito, próximo às cidades de Paranavaí e Umuarama, também pode ter problemas com longos períodos sem chuva, já que possui um solo que não consegue reter muita água. E os produtores rurais estão mesmo de olho no clima. No mês de setembro, o Sindicato Rural de Londrina promoveu um seminário para orientar os associados sobre a questão. Também foram produzidos boletins com informações técnicas para auxiliá-los no planejamento da safra. “O agricultor precisa acompanhar e ficar atento ao clima. Esse é um fator que não pode ser controlado, mas que é determinante para o sucesso da atividade. Por isso a atenção é fundamental”, explica Narciso Pissinatti, presidente do sindicato. “A orientação é não plantar no solo seco, nem iniciar o plantio de uma só vez, logo quando vier a primeira chuva. É importante planejar e sempre consultar o agrônomo de confiança.”
O produtor Wilson Pan, de Londrina-PR, vai semear os 70 hectares de sua propriedade com soja e já se planejou para a possibilidade de uma safra mais seca. “A grande preocupação é com a previsão de pouca chuva. Pretendo iniciar o plantio na metade de outubro, mas vou ter que retardar se não houver umidade suficiente”, revela. Segundo ele, a semeadura vai ser dividida em três etapas, com o uso de cultivares precoces, de ciclo médio e também as mais tardias. O objetivo é concluir essas etapas até meados de novembro. “Planejar o plantio é fundamental. Depois que a soja está plantada não tem muito mais o que fazer. E se enfrentarmos o clima
seco, há grande possibilidade do produtor mal planejado ter problemas” Wilson Pan é agrônomo por formação, mas ressalta que o conhecimento que possui foi adquirido ao longo de mais de 40 anos trabalhando como produtor rural. “Para ter sucesso na atividade é importante estar sempre atento a tudo que interfere na agricultura. Em anos anteriores já tive perdas pelo clima desfavorável. Mas hoje temos muitas possibilidades de ficar bem informados e evitar possíveis problemas.” (PC)
Wilson Pan: “hoje temos muitas possibilidades de ficar bem informados e evitar possíveis problemas” Dulce Mazer
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Pedro Crusiol
A orientação dos especialistas é fazer o escalonamento do plantio, alternando o ciclo das cultivares com a época de semeadura. Dessa forma, o produtor terá, em um mesmo período, lavouras em diferentes estádios de desenvolvimento. Isso evita que a falta de chuva atinja toda a lavoura em fases críticas
Pedro Crusiol
Esta safra de soja promete ser mais seca, com veranicos prolongados na primavera e no verão
Dulce Mazer
Divania de Lima: “além da escolha da cultivar, outras práticas continuam importantes para a implantação de uma lavoura saudável”
Planejamento é fundamental Para a pesquisadora da Embrapa Soja, Divania de Lima, mesmo sofrendo os efeitos climáticos, o produtor tem condições de evitar prejuízos. Segundo ela, com o tempo seco, a orientação é fazer o escalonamento do plantio, alternando o ciclo das cultivares com a época de semeadura. “É importante dividir a área e o momento do plantio, acompanhando sempre as previsões climáticas. Dessa forma, o produtor terá, em um mesmo período, lavouras em diferentes estádios de desenvolvimento. Isso evita que a falta de chuva atinja toda a lavoura em fases críticas” orienta. Além disso, a pesquisadora lembra que é importante ter cuidado com o uso de cultivares de ciclo precoce. “Quanto mais curto for o ciclo da cultivar, mais sujeita a risco climático ela estará. Isso porque a possibilidade de uma eventual estiagem atingir a lavoura em um estádio crítico é maior
e as chances das plantas se recuperarem são reduzidas”, explica. Além da escolha da cultivar, outras práticas continuam importantes para a implantação de uma lavoura saudável, como o tratamento das sementes, a rotação de culturas e o plantio direto na palha, que auxilia na retenção de água pelo solo. Em safras com pouca chuva, a incidência das pragas que atingem as lavouras também sofre alterações. Por isso, o indicado é analisar a plantação e, de acordo com o clima e situação do cultivo, direcionar as ações de prevenção e controle. No caso da ferrugem asiática, temida pela maioria dos sojicultores, a incidência e a agressividade nesta safra deverá ser menor. Isso porque a doença se desenvolve com mais facilidade em ambientes úmidos e, com a previsão de clima mais seco, o ambiente para desenvolvimento da doença não será favorável. (PC)
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Selo Social
Biodiesel: o combustível social Biocombustível gera renda no campo e garante sustentabilidade ambiental no norte do Paraná Pedro Crusiol
Mariana Fabre mariana@diadecampoonline.com.br
Ao entrar em vigor em 2005, o Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB) autorizou a mistura de 2% de biodiesel no derivado de petróleo, era o chamado B2. A partir de janeiro de 2010, o país passou a adotar o B5, uma mistura que leva 5% de bicombustível no combustível fóssil. Além de estimular o uso de combustíveis renováveis, o PNPB possui uma vertente social, representada pelo Selo Combustível Social. Para obter esse selo, os produtores de biodiesel precisam adquirir uma determinada porcentagem da matéria-prima a partir da produção de agricultores familiares, por meio de suas organizações ou cooperativas. Essa porcentagem varia conforme a região em que a usina está instalada. Na região norte do Paraná, por exemplo, exige-se que 30% da matéria-prima utilizada seja proveniente da agricultura familiar. Como benefício para as usinas, o selo dá direito a reduções nas alíquotas do PIS/Pasep e Cofins.
“A base do PNPB é ambiental, social e mercadológica, pois gera emprego e renda no campo com sustentabilidade ambiental” A Biopar - Bioenergia do Paraná, empresa situada em Rolândia, norte do estado, foi a primeira usina de biodiesel do Paraná a obter o Selo Combustível Social. O selo foi conquistado por meio de um projeto elaborado pela empresa Planapec - Planejamento Agropecuário e desenvolvido através de uma parceria com a Cooperativa da Agricultura Familiar de Francisco Beltrão (Coopafi). “O programa do selo social da Biopar atendeu, na sua primeira etapa, 624 famílias, adquirindo as matérias-prima soja e canola para produção de bicombustível em sua fábrica”, explica o engenheiro agrônomo da Planapec, Gumercindo Fernandes Silva Junior. A parceria funciona da seguinte forma: a Biopar contratou a Planapec para desenvolver ações de assistência técnica junto aos agricultores familiares cooperados da Coopafi, que, por sua vez, vendem a produção de soja e canola para a Biopar produzir o biodiesel. “A Planapec efetuou a assistência técnica, elaboração dos laudos de vistoria, capacitação dos agricultores familiares na produção da matéria-prima necessária à produção do bicombustível na safra 2009/2010 e já está iniciando os trabalhos agronômicos para a safra 2010/2011, quando dará continuidade ao programa”, relata Gumercindo. Luis Hiroshi Shimizu, engenheiro agrônomo da Planapec, esclarece que os técnicos e agrônomos da empresa realizam um total de quatro visitas em cada propriedade familiar para o acompanhamento do desenvolvimento da lavoura. “A base do
Mais Brasil / Divulgação
Desde o início do PNPB, diversas matérias-primas têm sido utilizadas para produção de biocombustível. Dentre elas, a soja predomina e responde, atualmente, por 85% da produção nacional de biodiesel
Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel é ambiental, social e mercadológica, pois gera emprego e renda no campo com sustentabilidade ambiental”, salienta Shimizu. Desde o início do PNPB diversas matérias-primas têm sido utilizadas para produção de biocombustível, seja pelo baixo custo de produção ou pelo alto potencial energético. Dentre elas, a soja predomina, correspondendo atualmente por 85% da produção nacional de biodiesel. Gumercindo Fernandes acredita que em curto prazo, o biodiesel brasileiro deverá contar com um mercado interno firme, pois há a possibilidade de frotas de ônibus municipais passarem a utilizar o B100 (biodiesel puro). Em Curitiba-PR, por exemplo, desde maio de 2009 já circulam 12 ônibus movidos a B100. Segundo ele, a prefeitura da capital paranaense pretende adotar esse combustível em toda frota assim que os testes do funcionamento dos motores forem concluídos. “A Biopar e a Prefeitura de Londrina estão em fase de estudo e de elaboração de um projeto para começar com a utilização do B20 (20% de mistura) na frota de ônibus da cidade”, declara Gumercindo.
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Pedro Crusiol / Arquivo DC
As exportações brasileiras de carne de frango somaram 2,85 milhões de toneladas até setembro, 5% mais do que em 2009. Este ano deve terminar com recorde de embarques. (DC)
Pecuária Manejo
Comida boa por mais tempo
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O milho é considerado um dos melhores materiais para a produção de silagem
Silagem é alternativa à falta de pastos em épocas de seca e também para a criação de gado em confinamento Flávio Augusto flavio@diadecampoonline.com.br
Em tempos de clima extremamente seco e pastagens muitas vezes escassas, ou em sistemas de criação em confinamento, uma das alternativas a qual o produtor de bovinos pode recorrer é a silagem. Este é o nome dado à forragem conservada em silos em ausência de oxigênio, e que, geralmente depois de 30 dias, é servida aos animais. Segundo o pesquisador da área de nutrição animal do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), José Antônio Cogo Lançanova, os materiais mais apropriados para a produção
No momento de espalhar o material pelo silo, está a chave para se obter uma boa silagem: a compactação de silagem são o milho e o sorgo. “Mas nos locais onde há veranicos, o sorgo seria mais indicado, pois ele é mais adaptado à baixa precipitação do que o milho”, afirma. A produção da silagem é uma atividade que exige bastante atenção e dedicação por parte do agricultor. Para se ter um bom produto final, é preciso que o material utilizado também tenha qualidade. “Não aplicar herbicida se necessário e não usar adubação adequada, por exemplo,
reduz o rendimento do material, e isso vai encarecer o custo. O importante é fazer bem o processo”, salienta Lançanova. Tudo começa, portanto, ainda no campo. Antes de iniciar o plantio do milho ou do sorgo, é essencial fazer a análise do solo para identificar a adubação que precisa ser feita. Essa adubação de base e também a adubação nitrogenada em cobertura, aliadas aos tratos culturais necessários, irão garantir uma boa produção. Ensilagem – O processo de ensilagem começa com o corte da forragem, para levá-la ao silo. “Você corta a planta inteira, com um equipamento chamado ensiladeira. A ensiladeira tem que estar bem regulada, com as facas bem afiadas, para que você tenha um tamanho de partícula adequado”, ensina Lançanova. O pesquisador conta que o corte não pode ser feito quando o grão está leitoso demais, nem quando ele está muito passado, ressecado. “Ele tem que estar no estado farináceo, tendo em torno de 30 a 35% de matéria seca”, acrescenta. No momento de espalhar o material pelo silo, está a chave para se obter uma boa silagem: a compactação. “A compactação expulsa o ar, para que a fermentação seja anaeróbica, ou seja, na ausência de oxigênio”, esclarece Lançanova, em alusão à ação dos microorganismos que transformam os carboidratos da forragem em ácido lático, baixando o pH do material e conservando-o por mais tempo. O pesquisador aponta, no entanto, que o
Mais sobre a silagem - Os silos usados com mais frequência são do tipo trincheira ou de superfície (com formato de trapézio), pois são de lida mais fácil. - Milho e sorgo são os materiais mais indicados para a produção de silagem, pois apresentam altas taxas de carboidratos, facilitando a fermentação. - A compactação pode ser feita com trator, mas as rodas precisam estar limpas, evitando a mistura da forragem com terra ou barro. - O topo do silo deve possuir a forma de um baú, para evitar o acúmulo de água quando chove. - A silagem poderá ser servida aos animais após cerca de 30 dias do fechamento do silo. Se o silo não for aberto, o alimento pode ser conservado por mais de um ano. procedimento deve ser concluído o quanto antes. “Porque senão começa a ter fermentação e ela não vai acontecer anaerobicamente”, diz. “Então você coloca material no silo e fecha. No dia seguinte, continua colocando. O ideal é que em uma semana você faça o processo”, complementa Lançanova. É importante destacar que, sempre depois de inserir a forragem no silo, o produtor deve cobri-la com uma lona. De acordo com o pesquisador do Iapar, é possível encontrar no mercado lonas específicas para essa prática. É recomendável, ainda, colocar terra,
areia, palha ou outros materiais em cima do silo já coberto e bem vedado com a lona, para ajudar na proteção e compactação do alimento. “O importante é expulsar bem o oxigênio e fazer essa cobertura o mais rente possível à camada do material, para não ficar bolha. Senão, a bactéria aeróbica utiliza isso aí e se multiplica. E aí você terá uma perda maior de material: já temos uma perda no processo, em torno de 15%, mas se não proceder corretamente, acaba tendo perdas bem maiores”, completa Lançanova.
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Opinião
IATF: Inseminação Artificial em Tempo Fixo Luigi Carrer Filho* luigi@camposecarrer.com.br
A IATF é uma nova tecnologia desenvolvida que busca resolver as dificuldades da inseminação artificial convencional. Através dela se eliminam as falhas de observação de cio, possibilitando programar a inseminação de um maior número de vacas em um curto intervalo de tempo, aumentando, dessa forma, o número de gestações, a diminuição do intervalo entre partos, a antecipação e a concentração dos nascimentos em um período curto. Com essa técnica, aumentamos a produtividade do rebanho devido
Com essa técnica, aumentamos a produtividade do rebanho devido ao melhoramento genético ao melhoramento genético, aprimoramos o desempenho reprodutivo, racionalizamos a mão de obra, além de diminuirmos o custo de aquisição e manutenção de touros. Como prérequisitos para implantarmos um protocolo de IATF é preciso contar com: vacas com mais de 40 dias pós-partos; vacas com bom escore corporal (2,5 ou mais, em uma escala de 1 a 5); controle sanitário (Brucelose/Leptos-
pirose/IBR/BVD); médico Veterinário capacitado para implantar o programa de IATF; inseminadores experientes e infraestrutura adequada para inseminação; utilizar sêmen de empresas idôneas; armazenamento e manipulação adequada dos hormônios reprodutivos. O número de vacas por lotes sincronizados nunca deverá ser superior à capacidade de inseminação da equipe, no período de seis horas. Podemos ter como média que inseminadores experientes inseminem de 18 a 25 animais por hora, devendo haver alternância de rendimentos (um inseminador cansado piora os índices, mesmo que seja experiente). É necessário deixar uma pessoa para trabalhar exclusivamente no descongelamento do sêmen e na montagem dos aplicadores. Após a primeira inseminação, as vacas que não emprenharem retornarão ao cio sincronizado em cerca de 18 a 24 dias, possibilitando nova inseminação com observação de cio ou repasse com touros, que deverá ser na proporção de 1:15. Em caso de dúvidas, consulte o departamento técnico da Campos & Carrer: luigi@camposecarrer.com.br ou www.camposecarrer.com.br
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Através da IATF se eliminam as falhas de observação de cio, possibilitando programar a inseminação de um maior número de vacas
* Médico veterinário da Campos & Carrer, localizada em Londrina-PR.
O conteúdo dos artigos de opinião é de inteira responsabilidade de seus autores e não reflete, necessariamente, a opinião do Jornal Dia de Campo.
CIMAPAR-UEL na Defesa Sanitária Agropecuária Ivens Gomes Guimarães* cimapar_uel@yahoo.com.br Parte I - 1- Introdução - A Defesa Agropecuária Nacional deve realizar a monitoria ativa dos elos das Cadeias Produtivas da Pecuária ou da interface com a agricultura, a fauna, o meio ambiente, a alimentação, os subprodutos, o manejo, as instalações e o conforto, industrialização, comercialização e consumo. Esta é a busca constante da rastreabilidade, mantendo os níveis de qualidade e de segurança alimentar graças à visão holística, inovadora e à busca de novos paradigmas compatíveis com as Normas e com a Certificação Internacional. Estes esforços representam o escopo de todas as nações da atualidade. Diante da dimensão e potencial da agropecuária nacional, da riqueza dos seus recursos naturais, há uma expectativa internacional no sentido de que a Defesa Sanitária Agropecuária e do Meio Ambiente, suas ações interinstitucionais, parcerias, recursos humanos e materiais, tenham a mesma grandeza. Há que se equilibrar os esforços em torno não apenas das atividades de grande relevância socioeconômica, como as inte-
grações voltadas à produção de aves e suínos, mas também a de produtos de grande potencial, que apresentam riscos na sua sustentabilidade e intensa dependência com a qualidade ambiental, como a aquicultura, apicultura e a pesca. Outras explorações de subsistência ou destinadas a nichos de mercado devem ser consideradas, pois são importantes sob o ponto de vista da sua viabilidade, impacto social e sanitário/epidemiológico. Os programas
Há que se equilibrar os esforços em torno não apenas das atividades de grande relevância socioeconômica devem ser voltados à sanidade no seu todo e não apenas à de uma enfermidade, o que poderia beneficiar o reaparecimento das que estavam sob controle. Considerando a biodiversidade e todos os seus componentes vivos, como as microbiotas, os esforços para detectar apenas as entidades deletérias não são suficientes. Neste universo, encontram-se também soluções, como no caso do Herpes Vírus dos perus (Herpes Vírus
Turkey - HVT), que possibilitou o controle da enfermidade oncogênica, Doença de Marek. A sua investigação contribuiu com os conhecimentos da imunologia básica e aplicada, no campo da leucemia comparada, e demandou esforços interinstitucionais e interdisciplinares de vários paises. Em relação à Influenza Aviária (IA), há grande demanda na monitoria de aves migratórias e, diante da sua complexidade, até as comunidades de pontos de entrada poderiam colaborar na vigilância das espécies visitantes de alto risco. Nas comunidades indígenas no norte do país, índias ou caboclas colaboram na monitoria da malária, fazendo os esfregaços de sangue e os encaminhando para diagnóstico. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), na monitoria de focos de micoplasmose, em que se buscava a sua origem, buscou o auxílio de ornitólogos amadores, que identificaram as aves migratórias e rotas responsáveis pela transmissão (FIORENTIM, 2004). A Defesa Agropecuária Nacional deve funcionar com previsão, prevenção, controle e colaboradores. Nos casos de emergência, pode ser construída a suspeita fundamentada, que é um diagnóstico reservado, baseado em achados semiológicos, anatomopatológicos e informa-
ções epidemiológicas. Esta é uma forma de pronto atendimento com a máxima bioseguridade, para que, de forma rápida, seja definida a interdição e seja possível circunscrever o foco, limitando ao máximo a sua disseminação. Na próxima edição: que papel desempenha o CIMAPAR-UEL na defesa e nas ações emergenciais. * Professor Doutor do Departamento de Medicina Veterinária Preventiva da Universidade Estadual de Londrina (PR); Especialista em Medicina Aviária; Responsável Técnico do Centro de Investigação em Medicina Aviária do Paraná – UEL (CIMAPAR-UEL); Membro do Conselho Estadual de Sanidade Avícola; Ex Conselheiro do Comite Assessor de Sanidade Avícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e do Abastecimento; Colaborador do Ministério do Meio Ambiente e do Instituto Chico Mendes, na elaboração de Programa de Conservação da Avefauna.
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Vida Rural
Temas como logística e armazenagem de grãos farão parte da 5ª Conferência Brasileira de Pós Colheita, que será realizada de 19 a 21 de outubro em Foz do Iguaçu – PR. (DC)
Homenagem
Dia do Agrônomo: dia de festa e de reflexão
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Saber lidar com todas as informações necessárias para o bom desenvolvimento estrutural agropecuário Lino Tucunduva lino@diadecampoonline.com.br
Assim como muitas datas comemorativas, neste 12 de outubro o Engenheiro Agrônomo também é lembrado, juntamente com o dia do Descobrimento da América (1492), dia de Nossa Senhora Aparecida (1717) e o Dia das Crianças (1960). Coincidência ou não, Cristóvão Colombo descobre a nova terra por acaso, pensando ter chegado ao norte das Índias. A devoção à santa, por sua vez, considerada padroeira do Brasil, tem sua história a partir do trabalho de três pescadores do rio Paraíba, interior do estado de São Paulo, quando pescam sua imagem e, a partir daí, a fartura em peixes começa a brotar, o que acaba sendo considerado um milagre. Já o dia das Crianças, data mais recente, apesar do seu destacado caráter comercial, expressa a alegria e felicidade
“Um curso ideal de agronomia teria de forçar mais os alunos a um contato permanente com a terra, com as populações produtoras” nos olhares meigos e sinceros de toda meninada. E o dia do Agrônomo? Como deve ser comemorado? Sua importância, sem dúvida, é ímpar diante de muitas datas comemorativas. Pois se trata do profissional que está direta ou indiretamente ligado ao setor primário, básico, indispensável à manutenção de toda a humanidade, preocupado com a produção de alimentos, remédios, vestuários e uma infinidade de outros produtos e insumos destinados ao bem-estar de todos. O Dia do Engenheiro Agrônomo é comemorado desde 1933, quando o Decreto Presidencial 23.196 passou a regulamentar o exercício da profissão em todas as suas instâncias. Considerando que, daqui a 40 anos, teremos uma população mundial estimada em mais de 9 bilhões de habitantes, e que
hoje, neste mesmo planeta, milhões de pessoas morrem por falta de alimentos, já dá para dimensionar o grau de responsabilidade do Engenheiro Agrônomo diante de seu trabalho. Sua atuação exige, cada vez mais, novas orientações de sustentabilidade, ou seja, manejar as novas tendências tecnológicas e aumentar a produção com qualidade sem prejudicar o meio ambiente, proporcionando ordens socioeconômicas favoráveis de custo-benefício em todos os sentidos. Responsabilidade - “Um curso ideal de agronomia teria de forçar mais os alunos a um contato permanente com a terra, com as populações produtoras, fazendo com que o futuro profissional sentisse mais de perto todos os problemas sociais, econômicos e culturais vividos no dia a dia das propriedades”, afirma Seiji Igarashi, engenheiro agrônomo, professor e pesquisador na área de Fitopatologia, da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Para Igarashi, a maioria dos cursos nas universidades brasileiras, mesmo com suas atividades científicas de ensino, pesquisa e extensão rural, priorizam demais a parte teórica deixando a prática para um segundo plano. Diante disso, ele acredita que o Dia do Agrônomo é uma data para poucas comemorações. Para Igarashi, este dia “deve servir sempre para um repensar crítico da profissão, a partir dos graves problemas sociais e econômicos que a humanidade terá pela frente, relacionados com a produção dos insumos básicos necessários à sua sobrevivência”, reforça o pesquisador, atribuindo grande parte da culpa por muitos destes desajustes às políticas equivocadas de governo. Elaine Cristina Monteiro, aluna do 5° ano de Agronomia da UEL e estagiária na área de extensão e desenvolvimento rural no norte do Paraná, admite que “o engenheiro agrônomo é um intermediário muito importante entre o campo e a cidade. Sua atuação se compara mais à de um educador do que à de um mero técnico. O produtor acredita muito no agrônomo, pois, se alguma coisa dá certo, todos os vizinhos ficam sabendo, a notícia se espalha rapidamente. Daí a nossa responsabilidade em procurar fazer sempre certo, com o máximo de honestidade”.
Sustentabilidade e preservação do meio ambiente são ações básicas do agrônomo
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Produtividade
X Comunicação / Divulgação
Agenda
Confira os principais eventos agropecuários programados para o mês de outubro 7º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel 5 a 8 de outubro Belo Horizonte-MG (35) 3829-1364 oleo.ufla.br congresso2010@oleo.ufla.br
O gerente Regional da BASF em Londrina, Carlos Araújo, e o primeiro lugar em produtividade, o agricultor Jarbas Reis Neto
BASF premia produtores do norte paranaense Dulce Mazer dulce@diadecampoonline.com.br
A empresa BASF realizou no último dia 17 de setembro o “Destaque AgCelence”, prêmio para os produtores que conseguiram os melhores índices de produtividade utilizando o fungicida Opera® nas culturas de soja e milho durante a safra 2009/2010. O engenheiro agrônomo e agricultor de Sertaneja-PR, Jarbas Reis Neto, conquistou o primeiro lugar em produtividade no prêmio, atingindo 174 sacas de soja por alqueire. Em
segundo lugar ficaram os agricultores José Antonio e Aparecido Magro, genros do senhor Francisco Frederico, cuja propriedade em Londrina atingiu a marca de 165 sacas por alqueire. Em terceiro lugar ficou o agricultor Cláudio Perucci, de Cambé, que atingiu a produtividade de 158 sacas por alqueire. O evento também promoveu o lançamento das tecnologias Standak Top® e Sistema AgCelence Produtividade Top®, para cobertura para todo o ciclo. Pioneiro, o sistema integra desde o tratamento de sementes até a aplicação de fungicidas e já está disponível para o plantio da safra 2010/2010, que começa em outubro.
AquaFair 2010 - Feira Internacional de Aquicultura, Maricultura e Pesca 5 a 7 de outubro Florianópolis-SC (11) 2118-3133 www.aquafair.com.br aquafair@gessulli.com.br 5º Rural Tecnoshow 5 a 10 de outubro Londrina-PR (43) 3378-2005 www.srp.com.br XIX Congresso e Exposição Internacionais de Tecnologia da Mobilidade SAE BRASIL 5 a 7 de outubro São Paulo-SP www.saebrasil.org.br
3º Congresso Brasileiro de Biotecnologia 12 a 15 de outubro Fortaleza-CE (61) 3223-0845 www.sbbiotec.org.br diretoria@sbbiotec.org.br IV Simpósio Brasileiro de Citricultura 14 e 15 de outubro Piracicaba-SP (19) 3417-6604 www.fealq.org.br/Detalhe_Alpha. ASP?Codigo_Produto=662 cdt@felaq.org.br
5ª Conferência Brasileira de Pós Colheita e Fórum Latino Americano de Pós Colheita 19 a 21 de outubro Foz do Iguaçu-PR (45) 3225-2255 conference.arenainterativa.com.br/cbp2010/ cotriguacu@cotriguacu.com.br V Seminário Brasileiro da Batata 20 e 21 de outubro Uberlândia-MG (15) 3272-4988 www.abbabatatabrasileira.com.br