Ano II - Edição 13 | Novembro, 2010 | Distribuição gratuita
jornal
Dia de Campo
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O meio rural com informações produtivas
Cafés de Qualidade no Paraná Estado já foi líder mundial na produção do grão e agora busca retomar o sucesso na cafeicultura por meio dos cafés especiais. Sabor e aroma diferenciados permitem incrementar a renda da atividade. Eventos como a Ficafé e o Concurso Café Qualidade Paraná são iniciativas importantes para divulgar e estimular a produção de cafés com qualidade superior
Foto de Capa: Pedro Crusiol
Pág. 6e7
Setor de máquinas agrícolas avança e acredita no mercado interno
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Calor exige atenção redobrada nos aviários; investimento é fundamental
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Através do passado, exposição fotográfica comemora aniversário de Londrina
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Editorial
Café: o “combustível” que movimenta a humanidade Produto brasileiro está entre os melhores do mundo em suas diversas variedades de produção Acordar e logo degustar um bom cafezinho, bem quente, é um dos hábitos mais frequentes do povo brasileiro. Visitar um amigo, em sua casa ou no trabalho, sempre é motivo para o instante mágico e ritualístico do cafezinho. Fazer amigos, também pode se dar em torno de uma simples xícara de café. O produto, hoje, é tão importante na história da economia mundial que o Brasil tem seu dia reservado para as comemorações, 21 de abril, Dia do Café, ou, como muitos preferem, todos os dias. O chamado cafezinho da roça, colhido, torrado e moído de forma doméstica, é o grande atrativo na alimentação dos paranaenses, brasileiros e povos de todos os continentes. E as indústrias de torrefação, cada vez mais, se voltam para corresponder a esse sabor bem brasi-
leiro da nossa tão cobiçada bebida. No norte do Paraná as primeiras colheitas confirmaram o famoso “Ouro Verde” que se tinha, até a ocorrência da geada de 1975, grande divisor de águas, entre outras
O estado do Paraná mostra que tem condições e potencial para voltar a ser referência na produção de café sucessivas crises, quando, então, o café, uma cultura perene, começou a ceder espaço para as culturas rotativas mecanizadas (milho, trigo, soja etc.). Atualmente, o Paraná, que já se despontou como o grande pro-
dutor de café no Brasil e no mundo, ocupa o quinto lugar, tendo à sua frente os estados de Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo e Bahia. O município de Londrina, no norte do estado, chegou a ser reconhecido como a capital mundial do café, dadas suas grandes extensões de terras produzindo do grão, em escala e qualidade. Nos anos 60, grande parte da produção paranaense era destinada à exportação, com mais de 1,5 milhão de hectares cultivados. Em comparação, nos dias atuais, não mais que 170 mil hectares cultivam o grão, predominantemente nas pequenas propriedades de produção familiar, garantindo em torno de 2 milhões de sacas beneficiadas. Mesmo assim, muitos agricultores, pesquisadores e especialistas
na área, ainda têm a esperança de que o Paraná volte a se destacar em seu pioneirismo enquanto produtor cafeeiro, implementando novas tecnologias em torno de variedades mais resistentes e qualificadas de um produto diferenciado, nos mercados nacional e internacional. O estado do Paraná mostra que tem condições e potencial para voltar a ser referência na produção de café, com um retorno líquido e certo de boas rendas aos cafeicultores paranaenses. Prova disto é a realização do concurso Café Qualidade Paraná e da Feira Internacional de Cafés Especiais do Norte Pioneiro do Paraná (Ficafé 2010), realizada em Jacarezinho-PR, onde produtores e especialistas de todos os cantos se reuniram em torno do assunto.
Foto do Campo
Carta do Leitor
Informação Digital Parabéns pelo primeiro ano do Jornal Dia de Campo e pelo belíssimo portal de notícias na Internet. O leitor que se interessa pelas notícias do meio rural nunca teve tantas oportunidades de se informar tão bem como agora. Só acho que vocês precisam de um informativo via e-mail com as matérias que são atualizadas diariamente na página. Desejo aos leitores um 2011 com boas novas à agropecuária brasileira. João A. Cerqueira, administrador de empresas (Maringá-PR) Obrigado pelos elogios e pela dica, João! Esperamos que você goste das novidades que estamos preparando para 2011, que incluem um canal direto de comunicação, via e-mail, com os nossos leitores. Um forte abraço da equipe do Jornal Dia de Campo!
Leitura Produtiva Gostei muito do artigo sobre os terraceamentos, na edição de outubro do Dia de Campo. Acho importante mostrar essas soluções e como o agricultor pode ajudar na preservação do meio ambiente, sem tratar ninguém como bandido. Parabéns Dia de Campo! João Borges de Oliveira, agricultor (Londrina-PR)
Parabéns Dia de Campo A edição de 1 ano do jornal Dia de Campo ficou muito bonita e cheia de matérias interessantes! Parabéns à equipe, sucesso! Ovídeo Krauss, produtor rural (Campo Bonito-PR)
Envie suas dúvidas, opiniões e sugestões para o Dia de Campo. E importante: mande também o seu nome completo, profissão e cidade onde vive. O Dia de Campo agradece a atenção e garante que fará o máximo para atender o maior número possível de leitores. O Dia de Campo poderá editar ou publicar, apenas, trechos das mensagens. contato@diadecampoonline.com.br
Foto enviada por Camila Colli (Londrina-PR) Mesmo no final da primavera, a natureza continua mostrando sua exuberância nos mínimos detalhes. Os insetos na flor chamaram a atenção da advogada Camila Colli, que não hesitou e fez este belo click. Parabéns! Envie sua foto e faça parte, também, do Dia de Campo: contato@diadecampoonline.com.br
Frase
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“É importante o produtor saber o que pode influenciar a qualidade do café para que ele possa evoluir nos trabalhos” Ensey Uejo Neto, especialista em cafés especiais, sobre o importante e educativo papel das degustações comentadas de café
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Av. São João, 1095, sala 4, Londrina-PR (43) 3337-0873 www.jornaldiadecampo.com.br contato@diadecampoonline.com.br Jornalista responsável: Lino Tucunduva Neto (MTb: 1307-SP) Reportagem e edição: Dulce Mazer, Felipe Teixeira, Flávio Augusto, Mariana Fabre e Pedro Crusiol Projeto gráfico e diagramação: Flávio Augusto O Jornal Dia de Campo é uma publicação mensal da DC Comunicação e Editora Jornalística Ltda. CNPJ: 10.937.352/0001-21
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Agronegócio
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Norberto Ortigara, economista, técnico agrícola e ex-secretário de Abastecimento de Curitiba, será o novo Secretário da Agricultura do Paraná. (DC) John Deere / Divulgação
Tratores e colheitadeiras
Setor de máquinas agrícolas acredita no mercado interno
Mesmo com uma queda de 20% em outubro e novembro, a indústria comemora o crescimento do setor em 2010: o melhor desde 1976
Lino Tucunduva lino@diadecampoonline.com.br
Vivendo seus melhores momentos de comercialização das últimas três décadas, o setor de máquinas agrícolas, representando 9,4% da indústria de máquinas, continua aquecido no mercado interno. De acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), até outubro deste ano a indústria de máquinas ob-
Vendas internas no atacado de máquinas agrícolas devem chegar a um número próximo a 70 mil unidades, em relação ao recorde de 1976 teve um faturamento 26,5% superior ao mesmo período de 2009. Uma das grandes alavancas para esse dinamismo no setor, foram os programas sociais implementados pelo governo, fazendo com que as indústrias desenvolvessem novos projetos para modelos de máquinas e equipamentos de baixa potência, favorecendo grande parcela dos pequenos e médios produtores, principalmente os programas de agricultura familiar. Desde 2007, quando os programas sociais de
governo entraram em vigor, a tendência do mercado sempre previu índices positivos. De janeiro a outubro deste ano, as concessionárias comercializaram 35% a mais do que no ano passado, chegando perto das 50 mil unidades. Outro fator importante desse crescimento do mercado de máquinas e equipamentos agrícolas foi o excelente desempenho da agricultura, que garantiu um expressivo avanço nas vendas de colheitadeiras. Segundo a Abimaq, até hoje mais de 3.500 unidades foram vendidas, um índice 37% maior ao do igual período do ano passado, com perspectivas bem mais positivas. Dados publicados pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) confirmam a importância dos programas sociais governamentais para a indústria. Fontes do mercado indicam que se o fim do Programa de Sustentação do Investimento (PSI) for de fato concretizado, os produtores não pagarão mais taxas de 5,5% nos investimentos em máquinas agrícolas, mas 9,5%, conforme taxa do programa Moderfrota. Com isso, as vendas internas no atacado de máquinas agrícolas devem chegar a um número próximo a 70 mil unidades, em relação ao recorde de 1976, cujo volume superou 80,2 mil unidades. A região sul é destaque nesse mercado devido à grande concentração de pequenas propriedades rurais.
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Exposição
Expovel 2010 supera os números da edição anterior 31ª Exposição-Feira Agropecuária, Industrial e Comercial de Cascavel destaca a avicultura e apresenta inovações Felipe Teixeira
Expovel / Divulgação
felipe@diadecampoonline.com.br
De 5 a 14 de novembro, foi realizada a Exposição-Feira Agropecuária, Industrial e Comercial de Cascavel (Expovel 2010). Organizada pela Sociedade Rural do Oeste do Paraná e Prefeitura de Cascavel, a 31ª edição apresentou, além da vasta programação de atrações ligadas ao entretenimento rural, a avicultura como destaque e estatísticas expressi-
Em 2010, o valor de comercialização em 10 dias atingiu a marca de R$ 8 milhões vas em volume de negócios e público. Na entrevista ao Jornal Dia de Campo, o presidente da Sociedade Rural do Oeste do Paraná, Erwin Soliva, analisou os números do evento e avaliou o desempenho da segunda maior exposição agroecuária do Paraná. Jornal Dia de Campo - De acordo
Erwin Soliva: “Mais de 250 estandes se fizeram presentes e geraram um valor de comercialização efetivo de R$ 8 milhões”
com o levantamento preliminar, a 31ª Expovel superou as expectativas. Quais foram os números desta edição? Erwin Soliva - A Expovel a cada ano melhora e atinge marcas mais significativas. Neste ano, nós recebemos um número aproximado de 255 mil visitantes em 10 dias de exposição. A feira também foi avaliada de forma positiva no quesito fechamento de negócios. Mais de 250 estandes de pequenas, médias e grandes empresas se fizeram presentes e geraram um valor de comercialização efetivo de R$ 8 milhões. JDC - Qual foi a maior inovação da Expovel 2010 quando comparada à edição anterior? ES - A abertura de espaço à avicultura. É a primeira vez na história da Expovel que a atividade recebeu a atenção devida. Como a avicultura responde por 32% do PIB municipal, firmamos parcerias com a Coopavel, Diplomata, Globoaves e a União Brasileira de Avicultura (Ubabef). Então, dentro da programação técnica ministramos palestras, organizamos debates e proporcionamos aos participantes o que há de mais atual em pesquisas e desenvolvimento tecnológico do setor avícola.
JDC - Além da ênfase na avicultura, houve outro ponto a ser destacado? ES - A diversificação é o segredo de uma boa exposição agropecuária. Em 2010, o público assistiu aos shows, rodeios e diversas apresentações, unindo lazer e conhecimento. Então, nós contamos com a participação do estande informativo do Emater, que aliou a importância da produção agrícola à conscientização ambiental. Foi um verdadeiro sucesso! Cerca de 3.200 crianças de Cascavel e região visitaram e aprenderam mais sobre o agronegócio conduzido de modo responsável na sociedade. JDC - O que a organização gostaria de implementar ou aperfeiçoar em 2011? ES - Gostaríamos de oferecer mais diversidade de raças nos leilões, principalmente aquelas relacionadas à pecuária leiteira, uma vez que Cascavel se situa na maior bacia leiteira do estado. Também temos que trabalhar para atrair mais expositores regionais. Hoje, grande parte dos estandes é de fora e o objetivo é impulsionar a comercialização dos produtos locais. Outra meta para 2011 é oferecer ingressos mais acessíveis à população para que ela participe e aproveite as atrações oferecidas pela feira.
Mural Agrícola Bolsa de Cereais e Mercadorias de Londrina - Cotações do dia 30/11/2010 Produto
Tipo/Praça Londrina
Preços Mínimo
Máximo
Mercado
Café - PR. Benefic. 60 Kg Safra 10/11
Tipo 6 Duro - B/C. Tipo 7 Riado - B/C. Tipo 7 S/D - B/C.
305,00 230,00 210,00
310,00 235,00 215,00
Calmo Calmo Calmo
Feijão Carioca - T.1 60 Kg.
Apucarana Ivaiporã Londrina
120,00 120,00 100,00
130,00 130,00 110,00
Calmo Calmo Calmo
Milho - 60 Kg
Cascavel Maringá Ponta Grossa
24,00 23,50 24,00
24,50 24,00 25,00
Calmo Calmo Calmo
Soja - 60 Kg
Cascavel Maringá Ponta Grossa
48,00 49,00 50,00
50,00 50,00 51,00
Calmo Calmo Calmo
Trigo - 60 Kg PH - 80
Cascavel Maringá
28,20 28,20
28,80 28,80
Calmo Calmo
Fechamento Anterior
Variação %
202,40 202,65 203,20
- 0,62 - 0,86 - 0,74
Cotação - Café - NY - em centaos de US$/libra - peso Mês/Ano dezembro - 10 março - 11 maio - 11
Diferencial
Fechamento
Abertura
- 1,25 - 1,75 - 1,50
201,15 200,90 201,70
203,40 202,65 204,00
Fonte - CMA OBS: Cafés que apresentarem gosto de terra, secador e aparência chuvada e barrenta, terão deságil compatível à incidência dos mesmos.
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Divulgação
Agricultura
Segundo levantamento da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (FAEP) e Ocepar, 80% da soja e do milho plantados atualmente no Paraná são transgênicos. (DC)
Mandiocultura
A raiz do brasileiro Sadia / Divulgação
Com aplicações diversas, a cultura da mandioca movimenta a economia do noroeste paranaense e vem ganhando ainda mais espaço na região Flávio Augusto flavio@diadecampoonline.com.br
Do produto de beleza até a farofa temperada do churrasco, a cultura da mandioca está presente no mercado consumidor brasileiro. Desde os tempos da colonização, na verdade. E as funcionalidades da raiz não param por aí: ela também serve de matéria-prima para as indústrias farmacêutica, de embutidos e de papel. Sem contar, é claro, a mandioca in natura, que vai bem tanto frita quanto cozida, acompanhada de uma costela desfiando. O Paraná é um dos principais produtores de mandioca do país, com destaque para as regiões oeste e, principalmente, noroeste do estado, capitaneada pelo município de Paranavaí. Na safra passada, por exemplo, a região cultivou 42 mil hectares com mandioca, totalizando uma produção de 1,26 milhão de toneladas, dos 3,91 milhões colhidos em todo o estado. Iapar / Divulgação
Os números são expressivos e, de acordo com o pesquisador do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), Mário Takahashi, a mandiocultura já pode ser considerada a segunda atividade agropecuária mais importante de Paranavaí, atrás, apenas, da bovinocultura de corte. No entanto, mesmo na criação de gado, a mandioca exerce função primordial, como principal cultura nos sistemas de renovação de pastagens. “Hoje, podemos falar que é uma das culturas mais lucrativas na região, superando outras de maior escala, caso do milho e da soja”, afirma Takahashi. Segundo ele, na região noroeste, praticamente toda a mandioca produzida é destinada às indústrias de processamento, para a fabricação da fécula, que será empregada na elaboração de novos produtos. Com relação ao ciclo da cultura, o pesquisador explica que ele varia de acordo com a sua destinação. Para a mandioca de mesa, aquela que vai para a panela, a colheita é mais precoce e ocorre entre oito e 12 meses após o plantio. Já a mandioca processada passa mais tempo na lavoura,
Zeza Patz / Divulgação
“A mandioca é uma das culturas mais lucrativas na região, superando outras de maior escala, caso do milho e da soja”
Praticamente toda a mandioca produzida no noroeste do PR vai para a indústria de processamento, para a fabricação da fécula de 18 a 24 meses. “Vai depender muito do preço. Dependendo da conjuntura, o agricultor pode começar a arrancar desde 15 até 24 meses. Ou mais. Depende do momento favorável em termos de preço para ele”, esclarece Takahashi. E quando o assunto é o preço, embora considerada lucrativa, a mandiocultura é vista com certo receio por produtores rurais. Isso porque o valor pago pela tonelada da raiz pode variar bastante durante as
safras. “Esse ano fopi muito interessante, chegou a quase R$ 300 a tonelada. Hoje bate em torno de R$ 250, R$ 260. Ela é interessante? Nesse preço, sim. Mas, no ano passado, estava em R$ 130 reais, que fica abaixo do custo. Então é complicado você dizer que é remunerador”, pondera o agricultor Venâncio Massaru Kotsubo. Venâncio destina cerca de 120 hectares de sua propriedade, em Paranavaí, à cultura da mandioca e busca compensar
as variações de preço com uma produção diversificada, cultivando laranja, eucalipto e criando gado de corte. Ele conta que até chegou a plantar soja e milho na área, mas, por conta das características de solo da região (com predominância de arenito), as tentativas não vingaram. Além do preço, a falta de mão-de-obra disponível é outro complicador da mandiocultura, já que as operações manuais no manejo e na colheita ainda são frequentes. O número reduzido de produtos agroquímicos registrados para a atividade também dificulta a vida dos produtores. “Hoje, no Paraná, o agricultor dispõe de pouquíssimos produtos. Isso complica bastante o manejo e aumenta o custo de produção”, acrescenta o pesquisador Mário Takahashi, que, recentemente, participou de uma reunião técnica no Iapar, para expor esse problema e buscar soluções. Os empecilhos existem na mandiocultura, o que não foge à regra de qualquer atividade agropecuária. Apesar deles, o cultivo da raiz continua crescendo na região de Paranavaí e ganhando ainda mais importância. “Você não tem uma lucratividade muito boa num ano, mas vai fazendo a média. Esse ano foi bom, tem feito a alegria do campo. A gente vai ter um peru mais gordo no final do ano”, brinca Venâncio Kotsubo.
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Reportagem de Capa Concurso Café Qualidade Paraná 2010 | Classificação final, por categoria Cereja descascado Produtor
Café Natural Nota
Produtor
Microlotes Nota
Produtor
Nota
Luiz Saldanha Rodrigues (Jacarezinho)
(92,75)
Valdir Rodrigues de Souza (Jandaia do Sul)
(85,01)
Zaldenir Gonçalves (Londrina)
(88,86)
Antônio Lázaro Leite (Nova Fátima)
(87,92)
Alisson Francisco dos Santos (Grandes Rios)
(81,76)
André H. S. Cudik (Santo Antonio da Platina)
(82,79)
Carlos Roberto Massa (Apucarana)
(84,11)
Benedito Lázaro Penachio (Jesuítas)
(79,21)
José Aparecido Sanches (Terra Boa)
(82,29)
Vera Regina Fraga de Oliveira (Jardim Alegre)
(82,14)
Mirian Sioni Suzuki (Londrina)
(75,58)
Leandro César Terna (Grandes Rios)
(81,86)
Paraná tem café de qualidade Mesmo com os problemas enfrentados, produtores paranaenses apostam na cafeicultura e mostram que o estado pode ser referência na atividade Pedro Crusiol pedro@diadecampoonline.com.br
O Paraná já foi o grande produtor de café no Brasil e no mundo, tanto que Londrina era considerada a capital mundial do café. Mas, depois de sucessivas crises, entre elas a geada de 1975, o café paranaense começou a perder espaço. De lá pra cá, a área plantada e a produção vêm diminuindo ano a ano. Líder nacional nos anos 1960, o estado cultivava 1,6 milhão de hectares, área reduzida para 600 mil nos anos 1980 e para apenas 170 mil em 2000. Hoje, com problemas de preços baixos no mercado e alto custo de produção, existem pouco mais de 94 mil hectares
Pedro Crusiol
Cafés de baixa qualidade chegam ao mercado a R$ 220 a saca; já os cafés finos possuem preços acima de R$ 400 plantados com café no Paraná. Neste ano, o estado deve colher em torno de 2,1 milhões de sacas beneficiadas. Com este volume, o Paraná figura como o 5º produtor no ranking nacional, atrás de Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo e Bahia. Uma das saídas apontadas por especialistas e representantes da cadeia produtiva é a busca pela qualidade do café. Dessa forma, os produtores podem oferecer um produto diferenciado, com mais valor agregado e mais possibilidade de renda. Esse é justamente o foco do Concurso Café Qualidade Paraná, uma iniciativa da Câmara Setorial do Café, Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Paraná (Seab), Emater e Iapar. “O concurso é uma ferramenta para avaliar e estimular a produção de cafés com qualidade superior. Com isso, esperamos incrementar a renda da atividade, divulgar o produto
paranaense e inserir novamente o estado no cenário nacional”, explica Paulo Franzini, secretário executivo da Câmara Setorial do Café e coordenador do concurso. Para concorrer, os produtores inscreveram lotes, de no mínimo 10 sacas, nas categorias “Natural” ou “Cereja Descascado”. A novidade neste ano foi a criação da categoria “Microlotes”, com o mínimo de três sacas. O objetivo é viabilizar a participação de cafeicultores que produzem bons cafés, mas em pequena quantidade. Cada uma das dez regiões produtoras do Paraná realizou seu concurso e os vencedores participaram de uma seletiva estadual. Para chegar à etapa final, os campeões regionais foram novamente avaliados, desta vez por uma comissão julgadora integrada por especialistas de diversos estados produtores de café. As amostras recebem notas nos quesitos aroma, doçura, acidez, corpo, sabor, gosto remanescente e balanço da bebida. Os melhores classificados foram premiados e ainda comercializaram a produção em um leilão. O café com qualidade superior tem um preço melhor e maior valor agregado. Segundo Franzini, o café tipo 6 – bebida dura – é comercializado em média entre R$ 280 e R$ 300 a saca. Cafés de baixa qualidade chegam ao mercado a R$ 220. Já os cafés finos, com qualidade superior, possuem preços acima de R$ 400 a saca. Região Norte tem melhor café do Paraná - Os campeões do Concurso Café Qualidade Paraná 2010 são todos do norte e do norte pioneiro do estado. Luiz Saldanha Rodrigues, de Jacarezinho-PR, venceu na categoria “Cereja Descascado” e obteve a maior nota do concurso. Na categoria café do tipo “Natural”, o vencedor foi Valdir Rodrigues de Souza, de Jandaia do Sul-PR. Zaldenir Gonçalves, de Londrina-PR, também com café natural, foi o campeão na categoria “Microlotes”. Cada um deles recebeu um cheque no valor de R$ 1,8 mil. Segundo, terceiro e quarto colocados de cada categoria receberam R$ 1.200, R$ 670 e R$ 500, respectivamente.
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Ficafé 2010 / Divulgação
Ficafé 2010 promove cafés de qualidade do Norte Pioneiro do Paraná Mariana Fabre mariana@diadecampoonline.com.br
Durante os dias 25 e 26 de novembro, a cidade de Jacarezinho-PR tornou-se o pólo dos cafés especiais, com a realização da terceira edição da Feira Internacional de Cafés Especiais do Norte Pioneiro do Paraná, a Ficafé 2010, maior evento da cafeicultura do estado. O consultor do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas no Paraná (Sebrae-PR), Odemir Capello, explica que o objetivo principal da Ficafé são os te-
“Se o produtor melhorar os processos dentro de sua propriedade com certeza vai agregar valor no momento de comercializar seu café” mas envolvidos pela questão da comercialização. “A feira tem o objetivo de mostrar o diferencial dos cafés de qualidade da região do Norte Pioneiro do Paraná e também de criar o conceito dos nossos cafés especiais em relação aos demais cafés do Brasil e do mundo”, ressalta. O evento trouxe inúmeras novidades este
ano, como a realização de uma degustação comentada e a criação do Espaço Mulher. Além disso, a Ficafé 2010 recebeu um grupo de compradores do exterior, que esteve presente na Rodada Internacional de Negócios. O presidente da Associação de Cafés Especiais do Norte Pioneiro do Paraná (ACENPP), Luiz Fernando de Andrade Leite, relembra que o objetivo da Ficafé é, também, fomentar e divulgar as qualidades dos cafés especiais da região, bem como transmitir conhecimento e tecnologia aos produtores por meio das palestras realizadas e das máquinas e equipamentos apresentados. “Se o produtor melhorar os processos dentro de sua propriedade, estando focado na melhoria do produto, com certeza vai agregar valor no momento de comercializar seu café”, destaca. De acordo com o presidente da ACENPP, a classificação do café especial do Norte Pioneiro já permite a competição com os cafés de qualidade produzidos no Rio Grande do Sul, Minas Gerais e São Paulo. “A cada ano que passa, a qualidade tem aumentado e o número de produtores que tem aderido a essa modalidade também”, comemora, lembrando que o pequeno produtor, por meio de alguns ajustes na propriedade, com equipamentos relativamente acessíveis, poderá produzir um café de qualidade. Para mais informações e orientações sobre os cafés de qualidade, acesse o site: www.acenpp.com.br
Degustação comentada mostra riqueza de sabores Durante a Ficafé 2010 foi realizada uma degustação comentada de oito cafés de produtores associados do norte pioneiro. “A ideia foi mostrar as diferenças que podem ser encontradas pelo uso de determinada variedade e também pela localização da fazenda, o que pode gerar uma riqueza de sabores muito grande”, explica o especialista em cafés especiais, Ensey Uejo Neto, que ministrou a degustação. Segundo Uejo, os cafés de excelente qualidade possuem várias características, mas as predominantes no norte pioneiro são doçura acentuada, sabor floral e, em
muitos casos, sabores que lembram limão doce. “É importante o produtor saber o que pode influenciar a qualidade do café para que ele possa evoluir nos trabalhos”, ressalta o especialista, esclarecendo que a degustação comentada tem um papel mais educativo do que comercial. Uejo trabalha com cafés de qualidade em diversas regiões do Brasil e do exterior e, de acordo com ele, os produtores do Norte Pioneiro tiveram uma evolução muito grande e é por isso que a oferta de café especiais da região vem crescendo bastante. (MF)
O evento reuniu cerca de 4 mil visitantes, entre cafeicultores, compradores de cafés especiais, representantes de indústrias, corretores e fabricantes de insumos, máquinas e equipamentos
Mulheres na administração rural Uma das novidades apresentadas durante a Ficafé 2010 foi o Espaço Mulher, uma área dedicada a difundir entre as produtoras rurais a arte do preparo de um bom café. Conforme Odemir Capello, a mulher possui uma sensibilidade maior na questão sensorial do produto e o agricultor precisa provar o café no campo para corrigir possíveis erros na lavoura. “Queremos trabalhar para mostrar que a mulher pode provar esse café e também participar da gestão profissional da propriedade”, comenta. Entre outros temas, o Espaço Mulher tratou da administração rural. Durante sua palestra, Devanilde Alves Arias, instrutora do Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Ru-
ral) e consultora do Sebrae, sensibilizou as mulheres sobre a importância delas para a administração da propriedade. “A mulher deve participar ativamente das decisões tomadas”, salienta. Conforme a instrutora, até hoje, muitas mulheres se veem como seres inferiores, e no meio rural isso não é diferente. “Na gestão da propriedade é muito importante que a mulher caminhe ao lado do marido. Até mesmo para se preparar numa situação de sucessão familiar. Vemos muitas mulheres perderem tudo após a morte do marido, pois não sabem o que fazer”, salienta Devanilde. Segundo ela, a baixa estima é frequentemente constatada nas mulheres do meio rural, e a atuação nas decisões da propriedade é muito importante para que elas se sintam úteis. (MF)
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Soja
Ferrugem asiática da soja chega às lavouras paranaenses Registro do primeiro foco de ferrugem ocorreu em 25 de novembro, mesma época em que foi registrado na safra passada Divulgação
Dulce Mazer dulce@diadecampoonline.com.br
O Consórcio Antiferrugem registrou, no mês de novembro, cinco focos de ferrugem asiática da soja em áreas comerciais do Paraná na safra 2010/2011. O primeiro foi registrado no dia 25, na cidade de Nova Cantu, região centro-oeste do estado. A presença de ferrugem foi identificada pelo técnico da Cooperativa Agroindustrial União (Coagru), Adriano Adamzuk Carniele, e confirmada pela Faculdade Integrado de Campo Mourão. Na safra passada, de acordo com o Consórcio Antiferrugem, foram identificadas 2.370 ocorrências de ferrugem no Brasil, sendo que o primeiro foco, em lavoura comercial, foi registrado em 17 de novembro. A pesquisadora Cláudia Godoy, da Embrapa Soja, explica que a baixa umidade do inverno desfavoreceu a brotação de plantas voluntárias e a sobrevivência do fungo causador da doença. Apesar do sucesso do vazio sanitário e do atraso no cultivo da soja pela falta
A baixa umidade do inverno desfavoreceu a brotação de plantas voluntárias e a sobrevivência do fungo causador da doença de chuvas, o registro do primeiro foco de ferrugem está ocorrendo na mesma época do ano, comparando-se com a safra passada. “Por isso, os cuidados devem ser redobrados a partir de agora, quando as primeiras lavouras semeadas começam a entrar no período de florescimento. Nesta fase, aumenta a probabilidade de ocorrência da doença, as condições para a instalação da doença são mais favoráveis, proporcionadas pelo microclima [maior umidade e sombreamento que ocorrem com o fechamento da lavoura]”, explica Godoy. Segundo a pesquisadora, as orientações para o manejo da doença não se alteram, devendo ser realizado o monitoramento das lavouras e o acompanhamento da ocorrência da doença na região. “O controle de ferrugem deve ser feito após os sintomas iniciais da doença na lavoura, ou preventivamente, levando em consideração o desenvolvimento da cultura, a presença da ferrugem na região, as condições climáticas, a logística de aplicação, a presença de outras doenças e o custo do controle”, ressalta.
Dulce Mazer
Já são cinco os focos de ferrugem asiática registrados no mês de novembro pelo Consórcio Antiferrugem em áreas comerciais do Paraná; em relação ao manejo, é preciso monitorar as lavouras e acompanhar a ocorrência da doença
Pecuária
Divulgação
Dia de Campo | Novembro, 2010 | Ano II - Edição 13 | Terminou no último dia 30 de novembro a segunda etapa da campanha de vacinação contra a febre aftosa no Paraná. (DC)
Avicultura
Calor excessivo exige atenção redobrada nos aviários
Investimento no aviário para lidar com chuvas irregulares e calor intenso é fundamental para garantir bons resultados no verão Dulce Mazer dulce@diadecampoonline.com.br
Com a chegada do verão, intensificado pelo fenômeno La Niña, o avicultor paranaense sofre os riscos de prejuízo com o aumento da temperatura nos aviários. O calor pode provocar a morte dos animais e aumentar o custo para o produtor, que terá que investir mais em equipamentos para manter o conforto térmico nos aviários. As mudanças no clima são observadas também pelas
Os produtores devem adotar práticas eficientes para reduzir os efeitos do aquecimento nos aviários empresas integradoras, que fornecem os pintinhos aos produtores e cobram produtividade no ganho de peso dos animais. Para minimizar os riscos de perda com o clima quente da região norte do Paraná, os produtores devem investir em tecnologias, como o uso de aquecedores de dupla exaustão, que possuem motores de alta potência. “É preciso manter a temperatura entre 32°C e
37°C, ao menos durante os 15 dias de vida dos pintinhos”, explica Nelson José Nogueira, gerente industrial da RBF, empresa de equipamentos avícolas. Em alguns casos, o produtor deve deixar os equipamentos funcionando 24 horas por dia para garantir estabilidade da temperatura nos galpões. Para o técnico em agropecuária, Anderson Aparecido Barbara, os produtores devem adotar práticas eficientes de controle, a fim de regular a temperatura e reduzir os efeitos do aquecimento nos aviários. “No verão, o período de crescimento do pintinho pode variar de 14 a 15 dias, e a temperatura máxima pode chegar a 37°C. Depois, até a fase final de engorda, é importante que a temperatura seja no máximo de 30°C a 31°C”. Se o calor no aviário não for controlado, a energia que seria utilizada pela ave para ganhar peso, passa automaticamente a ser consumida pelo organismo para equilibrar a temperatura do corpo. Com isso, a ave não engorda, deixa de ganhar peso e o produtor deixa de receber o valor ideal pela conversão alimentar, que nada mais é do que o cálculo de quanto a ave come e quanto ganha em peso por dia. Se ela atingir o peso ideal para abate em até 45 dias, o ganho é do produtor. Caso o animal não atinja o peso ideal para abate e morra, o prejuízo é ainda maior.
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Opinião
Cimapar-UEL e a Proposta de Inovação Tecnológica na Defesa Agropecuária Ivens Gomes Guimarães* cimapar_uel@yahoo.com.br A motivação inicial de criar, na Universidade Estadual de Londrina, uma nova concepção na abordagem do ensino superior e demais atividades acadêmicas teve início por inspiração paterna oriunda da educação ministrada nos Bancos Escolares do Ginásio Agrícola da Universidade Federal de Viçosa. Nela a pesquisa anda engajada ao processo de fomento/ extensão/desenvolvimento. Cresci ouvindo falar da Semana do Fazendeiro, do Aprender Fazendo, dos grandes professores – incluindo os que vieram através da Fundação Rockfeller –, do surgimento de luminares contemporâneos do meu pai, como os médicos veterinários Dr. Miguel Pardi (Alimentos) e Dr. Megale (Reprodução), além do engenheiro agrônomo Dr. Secundino (fundador da Agroceres). Mas o importante mesmo foi o embasamento profissional que recebi como legado. Como Diretor do CCA, de 1982 a 1985, houve a tentativa de resgatar alguns destes valores, graças a experiência obtida como fiscal sanitário e responsável por produtos de origem animal junto ao Matadouro Municipal de Londrina e a todos os estabelecimentos da cidade e de fora
Todos estes fatos se constituíram em ingredientes para dar identidade à Universidade e à sua vocação que abasteciam o município, com a colaboração e apoio dos colegas da Inspeção Federal, Alexandre Jacewicz e Minori Kuriki. No mesmo período, na assessoria de dois prefeitos, Dr. Paranaguá e José Richa, concomitante a Direção Técnica da Sociedade de Economia Rural (SERU), autarquia da PML, foi encaminhada a criação da Escola Agrotécnica. Municipal, cuja proposta inicial foi sugerida ao então prefeito Paranaguá e posteriormente incluída na campanha de José Richa. Um dos objetivos era ofertar vagas aos alunos de Escolas Municipais e, posteriormente, oportunizar o seu retorno às propriedades familiares e fixá-los no campo. À época, fervilhava a idéia e a formulação dos corredores de exportação coordenados por Richbieter, que seriam autosustentáveis, não apenas para otimizar o transporte da produção em geral, bem como servir de pontos estratégicos com infraestrutura para o desenvolvimento, transformação, diversificação. Concomitante ao planejamento, a geada e a derrocada da cafeicultura, que desencadeou o declínio da avicultura de postura comercial, que era mantida principalmente para obter adubo orgânico para os cafesais; a migração do campo para a cidade; as transformações da relação patrão versus trabalhador na agropecuária. Neste quadro era necessário apoiar o empreendedorismo e dar autosustentabilidade às iniciativas e ao fomento em
todas as atividades. Mas como ordenar estes esforços? O prefeito Paranaguá cria a Superintendência do Desenvolvimento Industrial de Londrina (Sudesil) capitaneada por Flavio Braun Garcia e se consolidaram os Parques das Indústrias Leves. Na mesma época, surgiram as articulações para dar suporte aos grupos interessados em desenvolver a avicultura comercial e a busca de espaços para a sua implantação no Parque das Indústrias: o Incubatório do empresário Carlos Catarino e o Frigorífico do empresário Paulo Muniz; a transferência das indústrias que se localizavam a beira do Igapó – graxaria industrial e cortume – e as estratégias para sua localização e melhoria de infraestrutura para recebê-las. Era a semente da avicultura industrial da região e o apoio à agroindustria. Tudo isto criou um cenário acerca das demandas regionais. Nesta época a região norte do Paraná tinha a maior concentração de frigoríficos-abatedouros de bovinos com Inspeção Federal e um grande mercado interno e externo. Estes fatos recomendavam um esforço de Ciência-Tecnologia em torno das carnes e incentivos a industrialização e aos subprodutos como o couro e sebo, além da otimização das diversas formas de transformação e diversificação. Surgiam as oportunidades de escapulir das monoculturas, encarar a migração do campo e incentivar, por exemplo, os mini estabelecimentos voltados à industrialização de produtos suínos. A passagem rápida e envolvente como redator agropecuário do Novo Jornal, em 1971 e 1972, enfocando os gargalos de abastecimento com qualidade, segurança alimentar e auto-sustentabilidade na região, forjou alguns objetivos de vida em prol da Defesa Agropecuária. Como secretário da Associação dos Médicos Veterinários do Norte do Paraná (Avenorp), foi possível elaborar um documento que justificava as demandas profissionais do veterinário e endossava a criação do curso de Graduação, nos anos de 1970 e 1971. Este documento justificou a viabilidade para a criação do curso de Medicina Veterinária. Todos estes fatos se constituíram em ingredientes para dar identidade à Universidade e à sua vocação, bem como acerca do papel que o Cimapar deve desempenhar nas ações de Defesa da Sanidade Agropecuária, com visão holística, novos paradigmas e profissionalizante. * Professor Doutor do Departamento de Medicina Veterinária Preventiva da Universidade Estadual de Londrina (PR); Especialista em Medicina Aviária; Responsável Técnico do Centro de Investigação em Medicina Aviária do Paraná – UEL (CIMAPAR-UEL); Membro do Conselho Estadual de Sanidade Avícola; Ex Conselheiro do Comite Assessor de Sanidade Avícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e do Abastecimento; Colaborador do Ministério do Meio Ambiente e do Instituto Chico Mendes, na elaboração de Programa de Conservação da Avefauna.
O conteúdo dos artigos de opinião é de inteira responsabilidade de seus autores e não reflete, necessariamente, a opinião do Jornal Dia de Campo.
Divulgação
Fachada da Universidade Estadual de Londrina (UEL)
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Pedro Crusiol, repórter fotográfico do Jornal Dia de Campo, foi um dos vencedores do 2º Concurso Fotográfico do Sistema CNA/SENAR. (DC)
Vida Rural Divulgação
Homenagem
Dulce Mazer
Paineis da exposição fotográfica “Inovando Para um Mundo Melhor”, promovida pela Embrapa Soja
Exposição fotográfica comemora Aniversário de Londrina São nove painéis fotográficos que trazem 18 imagens de algumas das principais tecnologias da Embrapa Soja, desenvolvidas ao longo dos seus 35 anos de atuação Dulce Mazer dulce@diadecampoonline.com.br
Em homenagem ao aniversário de Londrina, comemorado no dia 10 de dezembro, a Embrapa Soja promove a exposição fotográfica “Inovando para um Mundo Melhor”, no Boulevard Higienópolis Residence Hotel, de 22 a 29 de novembro, e no Terminal Rodoviário de Londrina, de 3 a 13 de dezembro.
A exposição conta com nove painéis fotográficos que trazem 18 imagens de algumas das principais tecnologias da Embrapa Soja, desenvolvidas ao longo dos seus 35 anos de atuação. Algumas fotos são do banco de imagens da Embrapa Soja e outras dos fotógrafos RR Rufino, Dulce Mazer e Josoé de Carvalho (banco de imagens da Associação Comercial e Industrial de Londrina - ACIL). Todas as imagens produzidas para a exposição retratam o cotidiano da pesquisa em laboratórios, estufas
e campo experimental da instituição. É justamente esse o objetivo: mostrar como as tecnologias geradas em Lon-
Exposição fotográfica fica até o dia 13 de dezembro no Terminal Rodoviário de Londrina drina colaboram para o desenvolvimento do agronegócio regional e brasileiro. Há 35 anos, Londrina foi escolhida
para sediar a Embrapa Soja por estar estrategicamente localizada em uma região de transição climática - próxima ao Trópico de Capricórnio. Serviço - Exposição fotográfica “Inovando para um Mundo Melhor”; Locais: Saguão do Boulevard Higienópolis Residence Hotel (Av. Higienópolis, 199) | Data: 22 a 29 de novembro; Terminal Rodoviário de Londrina (próximo aos guichês de venda de passagens) | Data: 3 a 13 de dezembro
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Opinião
Coamo Agroindustrial Cooperativa: 40 anos no azul Complexo industrial da Coamo, Campo Mourão-PR
Amélio Dall’Agnol* amelio@cnpso.embrapa.br Em 28 de Novembro de 1970 nascia a Coamo (Cooperativa Agropecuária Mourãoense, hoje rebatizada Coamo Agroindustrial Cooperativa), ocupando um pequeno espaço alugado de 50 m² na, também pequena, cidade de Campo Mourão, interior do Paraná. Como tantas outras iniciativas semelhantes, a Coamo poderia ter terminado menor do que começou. Mas com ela foi diferente. Cresceu e cresceu muito, transformando-se na maior cooperativa da América Latina e, segundo a revista Exame, na 81° maior empresa do Brasil, com faturamento, no último exercício fiscal, de R$ 4,6 bilhões. Começou com 79 associados e hoje tem mais de 22.000. De 50 m² alugados, evoluiu para dezenas de milhares de m² próprios, representados por sedes administrativas, armazéns e fábricas. De Campo Mourão expandiu-se para outras 63 cidades de quatro Estados (PR, SP, MS e SC), onde foram estabelecidos 114 entrepostos de recebimento de grãos e distribuição de insumos. Recebe anualmente, de seus associados, cerca de cinco milhões de toneladas de grãos, dos quais 2,1 milhões são processados pelas cinco unidades industriais próprias. A Coamo ainda não conheceu o vermelho em seus balanços anuais, apesar das frequentes crises que abalaram a economia brasileira no período e que inviabilizaram muitas empresas Brasil
A Coamo ainda não conheceu o vermelho, apesar das frequentes crises que abalaram a economia brasileira no período afora. Na verdade, ela cresceu com as crises. Boa parte do seu gigantismo deve-se à incorporação de outras cooperativas em dificuldade. Dizem só haver duas maneiras de obter-se sucesso neste mundo: pelas próprias habilidades ou pela incompetência alheia. A Coamo fez uso de ambas. Inovou, encarou os impasses como desafios e os superou. A Coamo nasceu e cresceu de olho no cooperativismo de resultados. Promoveu a agricultura sustentável, sim, mas com foco, não apenas no meio ambiente, mas principalmente, na sustentabilidade econômica e social do seu associado, visando proporcionarlhe um melhor padrão de vida e, assim, viabilizá-lo como rodutor rural. A Coamo foi fundamental para que muitos pequenos e médios agricultores da região atendida pela cooperativa pudessem continuar viáveis no campo. O apoio técnico que ela disponibilizou a esses associados, seja no correto uso das tecnologias de produção – visando uma maior produtividade – ou no adequado manejo das tecnologias de
gestão – visando uma mais lucrativa comercialização da safra ou uma mais vantajosa aquisição dos insumos de produção, permitiram que os associados compensassem com aumentos de produtividade e com menores custos de produção – via aquisição dos insumos a preços menores – a queda na renda agrícola, como consequência da queda no valor dos produtos agrícolas ao longo dos 30 anos anteriores a 2007, quando se iniciou a recuperação que persiste até hoje. A trajetória de sucesso da Coamo tem nome: Aroldo Galassini e a competente e dedicada equipe de colaboradores que o acompanham desde a sua fundação. Cofundador da cooperativa, Galassini foi o braço direito de Fioravante João Ferri, o primeiro presidente. Com a morte deste, em 1975, Galassini assume a presidência, em cujo cargo permanece até hoje. “O progresso é realizado pelos homens que fazem e não pelos que discutem de que modo as coisas não deveriam ter sido feitas” (Franklin Delano Rooservelt, ex-presidente norte-americano). Para os associados, valeu o velho ditado: em time que ganha não se mexe. Como esse time venceu todos os desafios enfrentados ao longo de todos esses anos, os associados da Coamo optaram por reconduzi-lo ao cargo em todas as eleições subseqüentes. Parabéns à cooperativa e ao Dr. Aroldo Galassini e equipe, pelos 40 anos de sucessos e conquistas para os associados, para o Paraná e para o Brasil. * Engº Agrônomo e pesquisador da Embrapa Soja
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Agenda
Confira os principais eventos agropecuários programados para novembro, dezembro e janeiro FENAGRO 2010 - 23ª Feira Internacional da Agropecuária 27 de novembro a 5 de dezembro Salvador-BA (71) 3375-3062 www.fenagro.com.br abacnews@terra.com.br
1º Simpósio de Reprodução e Genética do Oeste da Bahia 10 de dezembro Barreiras-BA (34) 3319-5400 www.abspecplan.com.br afonso@sincronizaocio.com.br
XX CONIRD - Congresso Nacional de Irrigação e Drenagem 6 a 8 de dezembro Uberaba-MG (34) 9132-4130 www.abid.org.br abid@funarbe.org.br
Show Safra 2011 21 e 22 de janeiro de 2011 Lucas do Rio Verde-MT (65) 3549-1161 www.fundacaorioverde.com.br fundario@terra.com.br
Simpósio Brasileiro de Bem Estar de Animais de Produção 8 e 9 de dezembro Piracicaba-SP (19) 3417-6604 www.fealq.org.br cdt@fealq.org.br
13º Itaipu Rural Show 26 a 29 de janeiro de 2011 Pinhalzinho-SC (49) 3366-6500 www.cooperitaipu.com.br itaipu@cooperitaipu.com.br