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Vozes que (re)existem

Pintura de Tales Cunha da Rocha, discente do Curso Técnico em Administração.

Coordenador: Mayara Archieris Amorim Rodrigues Bolsista: Heloisa Pereira Chaves Silva Colaboradores: Estefânia Cristina da Costa Mendes e Bruno dos Santos Rodrigues Texto: Mayara Archieris Amorim Rodrigues Campus: Almenara

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Projeto Vozes que (re)existem

O projeto de extensão “Vozes que (re)existem”, desenvolvido no segundo semestre de 2020, no Campus Almenara, objetivou oferecer, à comunidade escolar, bem como à comunidade externa, atividades artístico-culturais que envolvessem as diferentes linguagens da arte, como literatura, pintura, música e cinema. Por meio das ações propostas, como cine debate, minicursos e apresentações culturais, os participantes puderam apreciar e experienciar variadas expressões artísticas, ampliar o repertório cultural e desenvolver suas habilidades artísticas. Os discentes dos cursos técnicos integrados ao Ensino Médio foram convidados a protagonizar algumas das atividades propostas, como apresentações de músicas, poemas autorais, desenhos e pinturas.

“O ser humano, ou ao menos, a maioria de nós, tem um complexo de voz. Quase nunca nos sentimos ouvidos e desejamos isso com toda força. No ensino remoto, onde ninguém te via e você só precisava falar se quisesse, era como se eu não existisse socialmente, às vezes. Esse projeto me mostrou que o que eu tinha pra falar importava, que as pessoas me viam e que eu podia falar, cantar. Eu adorei participar e vencer essa inexistência interna.” O depoimento de Kaylane Pinheiro Oliveira, estudante de Psicologia da UFBA e egressa do Curso Técnico em Informática, ilustra um dos principais propósitos do projeto de extensão “Vozes que (re) existem”: desenvolver atividades artístico-culturais que dessem voz a diferentes subjetividades, expressões e saberes.

O projeto objetivou oferecer, à comunidade escolar do IFNMG/ Campus Almenara, bem como à comunidade externa, atividades que envolvessem as diferentes linguagens da arte, como literatura, música, pintura e cinema. Devido à pandemia da Covid-19 e à suspensão do calendário letivo do IFNMG, em março de 2020, a forma de execução do projeto teve que ser adaptada, de modo que todas as atividades fossem realizadas virtualmente. O trabalho foi desenvolvido durante o segundo semestre de 2020 e resultou em atividades ofertadas mensalmente.

A primeira atividade desenvolvida foi um cine debate sobre violência obstétrica e a gestação em tempos de Covid-19, a partir do documentário Parir é natural (2015, 26 min.), com direção e roteiro de Silvio Tendler. O debate foi transmitido pelo canal do IFNMG-Campus Almenara, no Youtube, e contou com a participação da psicóloga Monalisa Barros (UESB) e do médico obstetra Guilhermino Braz (UFMG). A discussão alcançou não apenas o público interno do IFNMG, mas também a comunidade da região, especialmente, mulheres gestantes e profissionais da área de saúde.

O segundo cine debate foi transmitido pelo Google Meet e promoveu a discussão sobre a questão

Desenho de Manuela Aguiar Ribeiro, discente do Curso Técnico em Agropecuária.

indígena no Brasil contemporâneo, a partir do documentário Terras Brasileiras (2017, 56 min.), da TV Câmara, com direção e roteiro de Dulce Queiroz, momento no qual os discentes do Campus Almenara puderam desenvolver maior senso crítico e sensibilidade quanto às culturas e realidades dos povos originários. As duas sessões de cine debate propiciaram ao público o contato com produções cinematográficas brasileiras e deram voz às mulheres vítimas de violência obstétrica e aos indígenas, grupos invisibilizados socialmente e privados de diversos direitos.

Além das sessões de cine debate, o projeto de extensão também propôs apresentações culturais protagonizadas por discentes dos cursos técnicos integrados ao Ensino Médio, sob a orientação das professoras participantes do projeto. A primeira apresentação dos discentes, intitulada Arte e Reencontros, ocorreu na Semana de Recepção dos Alunos, realizada em setembro de 2020, no contexto da retomada do calendário letivo nas Atividades Pedagógicas Não Presenciais (ANP). A apresentação ocorreu por meio da gravação de um vídeo exibido na abertura do evento, transmitido no canal do IFNMG/Campus Almenara, no Youtube. No vídeo, alunos dos Cursos Técnicos em Administração, Agropecuária, Agropecuária em Regime de Alternância, Informática e Zootecnia, integrados ao Ensino Médio, apresentaram músicas e poemas autorais, além de desenhos e pinturas.

O projeto “Vozes que (re)existem” também ofertou o minicurso Artes na prova do Enem, cujo objetivo foi oportunizar aos alunos o contato com informações relacionadas ao Enem, sobretudo no que concerne às questões de Artes que compõem a prova de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias. Quase cem alunos do Ensino Médio, tanto do Campus Almenara quanto de outras instituições de ensino, participaram do curso, como Geovana Lopes. A discente do Curso Técnico em Agropecuária

relata: “Quando vi que seria ofertado o curso de extensão Artes na prova do Enem, fiz, imediatamente, a minha inscrição, pois o meu único objetivo era este: entender a estrutura das questões de Artes [...]. Durante o curso, consegui, além de atingir essa meta, aprender várias estratégias argumentativas relacionadas ao uso de elementos artísticos, o que é extremamente importante na redação do Enem [...].

A coordenadora do projeto, professora Mayara, avalia que os resultados alcançados foram satisfatórios e atenderam aos objetivos estabelecidos. A docente de Língua Portuguesa e Literatura destaca o protagonismo dos estudantes e a publicização de atividades desenvolvidas nas disciplinas de Arte e Estudos Literários. Exemplo disso foi a construção de um varal literário, com crônicas de alunos do 2° ano dos Cursos Técnicos em Administração e Agropecuária integrados ao Ensino Médio. Nas crônicas, os discentes propuseram reflexões sobre várias temáticas, como a violência contra a mulher, a pandemia da Covid-19, o racismo, as desigualdades sociais e a saúde mental, além de textos humorísticos e líricos. Os textos foram publicados em um varal literário virtual, no Padlet.

A promoção de um diálogo maior entre estudantes, servidores do IFNMG e comunidade externa também foi um impacto positivo do projeto desenvolvido. A esse respeito, Heloisa Silva, bolsista do projeto e discente do Curso Técnico em Agropecuária, relata que a participação no projeto de extensão permitiu “o contato com novas pessoas, através da equipe de trabalho, como professores e outros bolsistas, e também com a comunidade externa, pois era essa comunidade que participava das ações oferecidas. Foi uma experiência única!”.

Assim, o projeto de extensão “Vozes que (re)existem” estimulou, entre os participantes, o interesse por atividades culturais e promoveu, conforme a professora Estefânia Mendes, colaboradora do projeto, o “contato com diferentes manifestações artísticas, o que contribuiu para a compreensão de que a arte não é produzida e nem é consumida apenas por uma elite; a arte está em todo lugar!”.

Cartaz de divulgação do Cine debate Parir é natural.

Varal literário de crônicas.

Pintura de Jullia Emanuelly Moreira, discente do Curso Técnico em Informática. O canto da baleia.

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