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Ler e Conviver: Encontros Literários

Discente bolsista Denielle contando história.

Projeto Ler e Conviver: Encontros Literários

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Coordenador:

Edinília Nascimento Cruz Bolsistas: Denielle Rodrigues dos Reis, Hellen Maria Alves Terêncio e Laura Estéfany Pereira de Almeida Voluntários: Kael Gonçalves Ornelas e Alanna Alves Cordeiro

Colaboradores:

Carmem Silvia Felix Venturi e Djanine Raquel Cantuaria Santos Fonseca Texto: Edinília Nascimento Cruz Campus: Arinos

Este relato tem como objetivo apresentar o resultado da aplicação do projeto de extensão “Ler e conviver: encontros literários”, no Abrigo AMMAR - Associação de Meninos e Meninas de Arinos e Região, no período de junho a novembro de 2020. Por meio de um plano de ações, buscamos minimizar as condições de isolamento social dessas crianças e adolescentes vivendo em condição de abrigados. A implementação deste trabalho teve como eixo central a promoção e incentivo da leitura literária. Assim, foi planejado e desenvolvido um conjunto de atividades, tanto de encontros síncronos, como por meio de produção de vídeo de contação de histórias e apresentações de leitura encenada de textos literários. O projeto foi desenvolvido por discentes do Ensino Médio Integrado do IFNMG, com participação de professores colaboradores e voluntários. Dessa forma, traremos uma consolidação do processo de execução, da avaliação, dos resultados e impactos decorrentes da execução dessas ações extensionistas.

Oprojeto de extensão “Ler e conviver: encontros literários” foi realizado no período de junho a novembro de 2020 no Abrigo AMMAR - Associação de meninos e meninas de Arinos e região, com o objetivo de desenvolver ações de incentivo à leitura literária com crianças e adolescentes abrigados. Por meio de encontros literários, buscamos promover a socialização e a integração entre o público-alvo do projeto e discentes do IFNMG. O trabalho teve como foco a articulação entre pesquisa e extensão, de modo que todas as ações foram planejadas e executadas visando ao desenvolvimento do letramento literário.

O Abrigo AMMAR, em Arinos, é uma instituição que tem fundamental importância, no Noroeste de Minas,

Discente bolsista Alana – contando história.

no atendimento a crianças e adolescentes em situação de risco. Essa entidade trabalha no acolhimento e também na promoção da reinserção e da garantia do direito dos abrigados à convivência familiar e comunitária. Conta com excelentes funcionários e colaboradores que trabalham para a garantia do direito fundamental de saúde, alimentação, educação, lazer, dignidade, respeito, atendendo assim, às prerrogativas estabelecidas na Constituição Federal, art. 227 e ECA, art. 19. O abrigo conta com uma rede de colaboradores que atua em busca de manutenção da qualidade de vida dessas crianças e adolescentes que lá vivem. Sendo assim, quando este projeto de extensão foi proposto, a adesão por parte dos administradores foi imediata, colocando-se prontamente

à disposição e com todas as informações necessárias para a viabilização das ações.

O Abrigo atende crianças e adolescentes em condições de vulnerabilidade social que foram afastadas de suas famílias temporariamente ou de forma definitiva. A entrada e saída de crianças do Abrigo é bastante rotativa. No início do projeto, no mês de junho, eram 13 abrigados e, atualmente, há 12 abrigados. Durante o período de desenvolvimento do projeto, três crianças foram adotadas e o abrigo recebeu duas novas crianças. Foram participantes desta pesquisa 13 abrigados: 1 de 16 anos, 1 de 14 anos, 2 de 13 anos, 2 de 10 anos, 1 de 9, 1 de 8, 1 de 6, 1 de 5, 2 de três anos, um de 1 ano, sendo que quatro do sexo feminino e demais do sexo masculino. As crianças em idade escolar frequentam a escola, mas, no período do desenvolvimento do projeto, estavam realizando as atividades escolares remotamente. O projeto teve imensa receptividade e foi muito bem aceito pelos acolhidos, de modo que foi implementado com muito sucesso e as metas propostas executadas. É importante salientar que, mesmo em meio a uma pandemia, o Abrigo seguiu todos os protocolos de isolamento social e medidas de segurança, o que proporcionou que as ações fossem realizadas com êxito. A disponibilidade da assistente social no fornecimento das informações necessárias, em contato semanal, com troca de informações e feedback, viabilizou a execução do projeto nesse novo formato. A aceitação das crianças e adolescentes abrigadas e a interação dos membros da equipe, professores e alunos do IFNMG com o público atendido foram extremamente proveitosas.

Inicialmente, foi formado um grupo no whatsapp para facilitar a comunicação da equipe que, posteriormente, passou a se reunir virtualmente, a cada quinze dias, para discutir a melhor forma de viabilizar e desenvolver as ações em tempos de distanciamento social. O grupo considerou que a produção de vídeos, com contação de histórias e promoção de momentos de leitura literária seriam ações muito válidas para viabilização do projeto e, dessa forma, os extensionistas se mobilizaram para a execução. As reuniões ocorriam quinzenalmente para planejamento, pesquisa, levantamento de textos, escolha das histórias, análise e discussões para as produções e edição dos vídeos a serem enviados para as crianças.

Os estudantes do Ensino Médio dos Cursos Técnicos em Meio Ambiente e Agropecuária, que atuavam no projeto, executavam a gravação dos vídeos que eram enviados, a cada quinze dias, para o Abrigo. A assistente social promovia o momento para que eles assistissem às produções enviadas e, no final de cada apresentação, abriase uma roda de conversa para coletar deles as impressões e aprendizados com as histórias encenadas nos vídeos. Esses relatos eram repassados para a equipe extensionista. Segundo relatou a assistente social, “eles estão adorando, ficam aguardando ansiosos o momento para assistirem ao vídeo, o projeto está fazendo o diferencial neste período de pandemia e isolamento social”.

Houve também momentos síncronos, com o intuito de promover a interação entre os discentes do IFNMG e as crianças e adolescentes do Abrigo. Foi realizada uma peça teatral, declamação de poesia ao vivo e, no encerra-

1ª live, encontro virtual para apresentação dos membros e divulgação do projeto.

Apresentação teatral ao vivo, alunos bolsistas, alunos voluntários e colaboradores.

Professora Edinília, conversando com as crianças sobre as histórias contadas.

Discente voluntário Kael contando história.

mento do projeto, uma apresentação musical. Os encontros online foram essenciais para minimizar os impactos do distanciamento social e promover a integração. Segundo a coordenadora do projeto, Edinilia Nascimento Cruz, o ponto forte do projeto foi a interação do público atendido durante os momentos síncronos. “Esses momentos foram imprescindíveis, pois a equipe podia sentir a receptividade e interação dos abrigados e assim readequar as ações, conforme as necessidades apresentadas”. Segundo o aluno do Curso Técnico em Agropecuária, IFNMG/ Arinos, participante do projeto, Kael Gonçalves Ornelas, “Para além de ler e conviver, no projeto, encontrei um lado humano de ser, ou melhor, encontrei, na confecção das histórias e dos vídeos, o elemento de aproximação e empatia com o outro, algo que, sem dúvidas, levarei para a vida.”

Com a execução do projeto, houve uma melhora nas relações e na qualidade de vida das crianças em situação de acolhimento do Abrigo AMMAR. A professora colaboradora do projeto, Djanine Raquel Cantuaria Santos Fonseca, enfatizou que o projeto, “além de ter envolvido as crianças atendidas, a linguagem verbal e corporal dos bolsistas e voluntários também foi desenvolvida com criatividade”. Isso mostra o quanto foram representativos os ganhos com a participação de todos os envolvidos, dando oportunidade aos estudantes do Ensino Médio de viver experiência com potencial de ampliação das habilidades artísticas, culturais e linguísticas.

A participação desse público nas atividades contribuiu para o desenvolvimento social e cognitivo, proporcionando uma experiência desafiadora, mas extremamente motivadora. Além disso, as atividades de integração de aplicação de estratégias de leitura com as crianças e adolescentes em situação de acolhimento despertaram neles o interesse por textos literários. Foram perceptíveis a relevância e o potencial da leitura literária no processo de humanização e sensibilização. Sendo assim, esse projeto de extensão tanto conseguiu fazer com que essas crianças e adolescentes se sentissem acolhidos, vivenciando momentos de lazer, como também contribuiu na promoção e incentivo à arte, música, teatro e poesia.

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