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JORNALECO jPANFLETO CULTURAL
ESTA EDIÇÃO: 4 PÁGINAS
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ARARANGUÁ, 1º DE FEVEREIRO DE 2009 • ANO 15 • Nº 317
HÁ40 ANOS
Ano X - No 182 - 8 de fevereiro de 1969 diretor WLADINIR LUZ redator ERNESTO GRECHI FILHO gerente HERVALINO CAMPOS Publicado na oficina da GRÁFICA ORION , de abril de 1960 a maio de 1975
‘Arroio, há 40 anos’
POSTOS IRMÃO DA ESTRADA
DISK FONE (0**48) 3524-0071
H FUNDADO EM 18 DE MAIO DE 1994 H Ricardo Grechi CONTATOS Rossana Grechi, Gibran Grechi , Nilsinho Nunes ASSISTÊNCIA Guaraciara Rezende COLABORAM Aimberê, Léia, Lony IMPRESSÃO Nei, Valdo, Welington NA GRÁFICA CASA DO CARIMBO DE A. César Machado EDIÇÃO E PROJETO GRÁFICO
© Ricardo Francisco Gomes Grechi
(reg. nº 99866 - prot. 4315/RJ, de 17/07/1995)
UMA PUBLICAÇÃO
ORION EDITORA Calçadão Getúlio Vargas, 170
88900.000 Araranguá - SC - Brasil jornalecocultural@yahoo.com.br
ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL DE
ARARANGUÁ v i s i t e : w w w. a r a r a n g u a . n e t
Morreu César Machado Faleceu em Florianópolis, onde residia, o jornalista araranguaense Attahualpa César Machado, aos 80 anos. Seu corpo foi cremado em Balneário Camboriú, de onde suas cinzas virão para Araranguá. O veterano jornalista, coincidentemente, completou 60 anos de atividade na imprensa justamente no dia de seu falecimento, já que tem seu registro desde 15 de janeiro de 1949. Começou no rádio e jornal em Araranguá, atuando na Rádio Araranguá e jornal Tribuna do Sul, e chegou a Tubarão em 10 de agosto de 1959 para atuar como redator e locutor noticiarista na Rádio Tubá. É pai de César do Canto Machado, irmão do Aimberê (que colabora no Jornaleco), do Aryovaldo, do Agilmar, entre jornalistas e escritores, da Icléa.
n Dois policiais estão a cargo do policiamento do Balneário Arroio do Silva. Foram designados para o registro de ocorrências, aplicação de multas de trânsito, bem como da infração da área de trânsito. n A vida noturna do Balneário Arroio do Silva é ótima, contando com duas casas de diversões. Soci(com dados enviados pelo Cesinha) edade Recreativa Navegantes, conhecida popularmenAryovaldo, Icléa e César, em Araranguá te como “Scaini”, tem suas reuniões dançantes e ALEXANDRE ROCHA bailes abrilhantados pelo versátil conjunto araranguaense VERÃO 1984/85 - Nelinho Tintas no campeonato de futebol de areia, em frente ao Sobre as Ondas, no Arroio “Edinho e seus Goldfingers”. do Silva. Em pé: Hermes, Claudinho, Della, Luís Freire, Marco Aurélio e Nascimento (técnico). Agach.: Dodi, Megálvio, Mita, Pacífico e Pedro Paulo. O garoto é Ricardo (professor de educ. física), filho do Nascimento. Já a Boite Tropicália, do dinâmico Artêmio de Faveri, às noites conta com um conjunto de Passo Fundo: “Os Vampiros”. Cabe aqui ressaltar a decoração desta boite, inaugurada nesta temporada. n Chegam em caminhões. Estacionam em qualquer lugar. Mudam de roupa numa barraca improvisada e vão deliciar-se com o que a praia lhes proporciona. À hora do almoço, eles, os “paus-de-arara”, sentam-se em volta do veículo, alimentando-se, jogando os restos onde bem entendem, sujando as ruas e a praia. n Uruguaios e argentinos convergem em número regular para o Morro dos Conventos. (da coluna “Roda Viva”, de Cláudio J. H. Pacheco)
A marca do seu parceiro de estrada
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1º/02/2009 • ANO 15 • Nº 317
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Aimberê Araken Machado
Está em todos os jornais. Soaram as trombetas e, desde o Planalto Central, a notícia em grande alarde e pujança veio como uma dádiva preencher o ócio dos mentalmente desocupados que folheiam os diários para deleitarem-se com banalidades. Nos bares, botecos, becos, clubes, lares, vilas e cidades, só se fala na plástica da ministra. Enchentes, Faixa de Gaza, Barak Obama, Iraque e uma corrente infindável de desgraças perderam a sua vitrine, o marketing e a importância. A preocupação nacional – que virou moda – é discorrer sobre a tecnologia aplicada no evento cirúrgico que promete fazer sombra à crise financeira mundial. Algumas religiões querem a beatificação da ministra, tamanho o esplendor da restauração. Um verdadeiro milagre! As socialites, com desdém e inveja, com muitos janeiros nas costas, tentando em vão dizimar as dezenas de rugas que purgam todos os dias em sua gasta tez, comentam que a cirurgia deve ter sido realizada por especialistas estrangeiros – ou de outro planeta – e que nem Pitanguy, em toda a sua sabedoria e malabarismos no bisturi, conseguiria produzir uma performance tão grandiosa. Não há como negar que o resultado estético desse acontecimento nacional foi muito bom. Rejuvenesceu, Sua Excelência, mas com certeza não deve estar muito confortável nessa saia justa que a classe média tenta lhe costurar. Sua postura está muito além disso. Com pretensões a substituir o Lula que tem pretensões a se eternizar no poder – nem Deus discorda e nem Chávez duvida – a chefe da Casa Civil não pode sofrer esse tipo de assédio. Mas o povo brasileiro além de folclórico é divertido, né? Se distrai com qualquer coisa, tira coelho de qualquer chapéu, qualquer cartola, boné ou turbante. O importante é ter uma notícia pra comentar. Fome e morte de civis na Rodésia, visita do Papa à Tailândia, plástica da ministra ou carnaval na Bahia, dá tudo no mesmo. Quando Charles de Gaulle, na época presidente da França, disse que o Brasil era um país que não poderia ser levado a sério, profetizou na verdade essas picuinhas com que os brasileiros se envolvem para mascarar os problemas emergentes, a falta de decoro, corrupção e mais mil outras desgraceiras. Somos o país do futebol – nem tanto – do carnaval – pra turista ver – e da cachaça. A propósito, por falar em desgraceira, a gasolina aqui no país aumentou de preço quando o petróleo no mundo inteiro está sofrendo uma de suas mais baixas desvalorizações. Mas eu não tenho lido que todos estão reclamando, que estão achando isso um roubo, que os cartéis aumentam os preços e o governo faz vistas grossas. Pois é, mas a gente consegue rir, fazer carnaval, tomar cachaça e torcer pelos pernas-de-pau da seleção brasileira. E fazemos tudo isso com uma faca atravessada nas costas e caras sorridentes. Sinceramente, queria aproveitar esse momento para incentivar a população a não só comentar a plástica da ministra mas também se submeter a algum tipo de cirurgia mental e oftalmológica que lhe abrisse a inteligência. E a visão também.
Futebol Futebol Araranguaense
n No verão de 1955, César alugou uma pequena casa de madeira, no Arroio do Silva – onde se instalou com sua família. Um dia, fui convidado para almoçar lá. Íamos caminhando pela areia quente, em traje de banho, com o sol a pino. No caminho do mar até a casa, César contou-me, em palavras inflamadas – cheias de emoção e entusiasmo –, sua impressão a respeito do livro “Os Sertões”, de Euclides da Cunha, que ele acabara de ler. Eu escutava atentamente, embora não muito interessado no assunto (estava pensando muito mais nas mocinhas gaúchas, que havia acabado de admirar, sensualmente, à beira do mar). De qualquer modo, foi assim que tomei conhecimento da literatura euclidiana. n Criciúma, 1951. O César gostava de ouvir o jornalista Carlos Lacerda falar pela Rádio Globo, do Rio de Janeiro, geralmente atacando o governo de Getúlio Vargas. Eu ficava ao lado dele, até altas horas da noite, e acabava dormindo ali mesmo... n Em Araranguá, numa noite de inverno, o César declamou, para mim, o poema “O Corvo”, de Edgard Allan Poe. Mais tarde, inspirado nisso, comprei parte das obras do poeta e contista norte-americano. n César e Aryovaldo viveram, em Criciúma, uma agitada quadra (década de 1950) de paixões políticas e muita briga. Todo mundo andava armado, trabuco à cinta. Ao microfone da Rádio Eldorado, os dois desancavam o pau nos adversários... Depois, desciam para o Café Rio (no edifício São Joaquim) para conversar com José de Patta, Sebastião Pieri, João Sônego, Ézio Lima e outros companheiros... 15 de janeiro de 2009, 10 horas da manhã. Andando na Praia do Campeche, recebo, como uma bordoada, a notícia da morte do meu irmão mais velho. O resto não lhes conto: foi só tristeza, dor e muitas lágrimas.
A plástica da Dilma
Galeria Galeria do do
Lembranças pessoais
Lony Rosa
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A BOA IMPRESSÃO É A QUE FICA
do Exército Nacional. Mais ou menos em 1970, César transferiu-se para a capital do Estado, Florianópolis. Trabalhou, por longos anos, como sub-secretário de Juarez Medeiros – seu velho amigo –, na Secretaria do Trabalho. Foi diretor do Sistema Nacional do Emprego (S.I.N.E.) em Santa Catarina. Finalmente, aposentou-se. Passou, então, a dedicar seu tempo, bem como suas energias mais fecundas, à Maçonaria. Editou, por muitos anos, o jornal maçônico “Chamma”.
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H O M E N A G E M
A 20 de junho de 1929, nasceu, em Araranguá, um menino moreno que o seu pai – o advogado provisionado Manoel Telésforo Machado – registrou com nome bastante exótico. Tratava-se de uma homenagem a Attahualpa, o príncipe inca que o espanhol Francisco Pizarro mandou assassinar, traiçoeiramente, mesmo depois de exigir e obter, dos incas, fabuloso tesouro para mantê-lo vivo. O segundo prenome do menino, César, acabaria sendo, bem depois, seu verdadeiro “nome de guerra”. César foi precoce em quase tudo: casou muito cedo, aos dezesseis anos, com uma mocinha chamada Zélia Zita do Canto, apelidada “Zeza”; também cedo teve que ganhar a vida, de início como aprendiz de ourives (com Afonso Labes, um antigo joalheiro e relojoeiro de Araranguá); começou a ler os melhores autores portugueses e brasileiros – tais como Alexandre Herculano, Camilo Castelo Branco, Feliciano de Castilhos, Guerra Junqueiro, Ruy Barbosa e Castro Alves – aos dezoito anos. Com vinte anos, foi vereador pela União Democrática Nacional (U.D.N.); atirou-se também, de corpo e alma, às lides jornalísticas; trabalhou, como substituto do seu amigo lagunense Osmar Cook, na Rádio Araranguá, cujo prefixo era ZYT-3. Depois – mais ou menos em 1949 –, mudouse para Criciúma, e passou a dirigir o “jornal falado” da Rádio Eldorado (cujo gerente era seu irmão Aryovaldo. Um dos donos dessa emissora era o Dr. José de Patta, um médico napolitano que acabaria se tornando, com o tempo e a convivência, um grande amigo da família Machado). Ainda em Criciúma, foi novamente eleito vereador, mais uma vez pela UDN. Voltou para Araranguá, onde assessorou o político Affonso Ghizzo, exibindo, sempre, uma grande facilidade para redigir, bem como sua inata vocação jornalística. Em 1959, deixou, para sempre, sua terra natal, após um agitado “affaire” político com o cidadão acima mencionado. César tinha o estilo de POLEMISTA apaixonado, às vezes virulento. Mas sempre sincero, idealista e corajoso! Fixou-se em Tubarão, onde ocupou o cargo de secretário do Prefeito Dilney Chaves Cabral. Ali, por ocasião do golpe militar de 1964, César assistiu ao prefeito RECUSAR-SE a retirar, da parede de seu gabinete, o retrato do Presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira – após ouvir uma insinuação, neste sentido, do Major Walmore,
lonyrosa@hotmail.com
ARQ. NASCIMENTO
Attahualpa César Machado (1929-2009)