Lony Rosa
Carnaval no Arroio do Silva!
Homenagem ao rio Criciúma
Se, em tempos passados, alguém dissesse que no Arroio do Silva haveria um desfile de carros alegóricos, ninguém acreditaria. Pois houve, sim. Vi com meus próprios olhos. Foi no domingo à noite, dia 22 de fevereiro. Comodamente sentado, assisti, maravilhado e feliz, ao colorido espetáculo. Estávamos no alpendre da casa do Paulo, meu sobrinho (filho da Icléa).
Das mansas tardes criciumenses, tardes preguiçosas e fagueiras, tentas te lembrar do cheiro ameno das manhãs, do teu caminho manso de águas claras, rasgando a terra com ternura para lá na frente se juntar a outros companheiros, orgulhosos de matar a sede da plantação e da população ribeirinha. Teus marinheiros de água doce, teus nadadores matinais que nos fins de semana faziam algazarras enquanto a família preparava uma comida caseira às tuas margens onde as folhas da mata nativa enfeitavam o chão. Ah, se a correnteza do tempo voltasse atrás! E a lua, e a lua que se espelhava no teu colo, orgulhosa da sua beleza refletida em teu dorso, colorindo e engrandecendo a paisagem do sul catarinense? Das pescas ao longo do teu percurso que ajudava a enfeitar a mesa da colonada italiana e alemã, alegres, de tez avermelhada que te saudava através do carinho e do zelo, onde as canoas e barquinhos passeavam por tuas águas tranqüilas e potáveis. E os lambaris que tu deixavas passar faceiros e ariscos? Onde estão? Que fim levaram? Ah, os pássaros que vinham bebericar a tua seiva e fofocar sobre um alçapão e falar daquela pelotada de funda que por pouco não acertou o alvo e alguns ovinhos que estavam custando a descascar! Ah meu rio, o que fizeram contigo? Passaram uma cidade por cima de ti, sufocando os teus apelos e o teu direito só de ir, porque um rio não volta, como não voltam aqueles tempos da tua mocidade. Quando te apercebestes já estavas velho, fétido e sombrio. Os pássaros já não te procuram porque os homens sem alma ecológica te envenenaram, os lambaris sumiram, debandaram pra outras águas menos poluídas. Hoje, meu rio, és um fantasma arrastando as tuas correntes, carregando em teu leito a mortalha dos inconsequentes, irresponsáveis e predadores. Já nem moves mais moinhos e nem a lua vem te namorar quando está plena. Criciúma, meu rio, depois da tua velhice prematura, teve que buscar água a mais de vinte quilômetros de distância para matar a sede da sua população. Para isso tiveram que alagar uma cidadezinha, simpática, onde ainda hoje se vê uma igrejinha inundada apenas com suas torres amostra, teimando em ser esquecida e se queixando a Deus por não ser mais uma de Suas moradas. Meu rio, teu murmúrio, teus gemidos, tuas dores ainda se fazem ouvir quando se passa pela cidade. Mesmo combalido não estás vencido e nem morto. Muitos amigos estão buscando caminhos para devolver a tua dignidade roubada. Um dia, que eu ainda espero ver, terás correndo dentro de ti os lambaris, os jundiás, os pássaros voltarão às tuas margens antes de buscar seus ninhos e a lua, ah, a lua meu rio, vai te receber toda cheia, alva e enamorada da tua beleza e do teu orgulho. E sabes por que, meu rio? Porque mesmo assim como estás, mesmo vagando solitário, errante e cego, ainda és maior que a tua gente.
Não pensem, os meus leitores, que se tratou de um acontecimento medíocre, uma mera imitação dos eventos carnavalescos mais conhecidos. Nada disso. Organizou-se uma festa original, bem planejada e montada; além disso, complementada pelas tradicionais marchinhas, que chegaram aos nossos ouvidos relembrando carnavais de outrora... Uma beleza de cores e sons! * * * Sempre que visito o Arroio do Silva, gosto de ir ao bar do Hugo (infelizmente, já falecido). É ali o ponto de encontro das pessoas que conheço: o Zé Paulo, o Dodemar, o Peninha, o Dão... e muitas outras. Estava conversando com meu sobrinho Sérgio – apelidado “Velho”; ele tomando uma cervejinha, eu uma água mineral. Quem chega, de repente? O casal Moacir e Sandra. Passavam por ali, casualmente, pois residem no Morro dos Conventos. Que surpresa agradável! Cumprimentamo-nos calorosamente. Os dois formam um belíssimo par: estão, ambos, em plena forma. * * * Eu e a Joana percorremos boa parte da praia, em longas caminhadas. Lembrei-me da narrativa de Saint-Hilaire, que a percorreu também – só que no distante ano de 1820! Em cima de uma carroça, lá foi, praia afora, o sábio francês, colhendo plantinhas (era botânico). Dessa experiência única, ficaria um inestimável registro histórico. * * * Em Araranguá, no bar Plaza, falei com um parente querido, o Waldemar Pacheco. Na Galeria Brasil, encontrei o Quirino Mazzuco e o Ataliba (o primeiro, velho amigo; o segundo, colega do Banco do Brasil). No edifício Sobre as Ondas, tive um longo e proveitoso papo com o Ricardo; depois, encontrei-me ali, também, com o meu amigo João dos Pintos (aguardem uma boa novidade, da parte dele...). * * * De resto, tomamos muitos sorvetes na Via Vêneto, e fizemos alguns lanches na Big-Bom. Afinal, não são esses alguns dos prazeres da vida?
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1º/03/2009 • ANO 15 • Nº 319 ESTA EDIÇÃO: 4 PÁGINAS
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H FUNDADO EM 18 DE MAIO DE 1994 H Ricardo Grechi CONTATOS Rossana Grechi, Gibran Grechi , Nilsinho Nunes ASSISTÊNCIA Guaraciara Rezende COLABORAM Aimberê, Léia, Lony IMPRESSÃO Nei, Valdo, Welington NA GRÁFICA CASA DO CARIMBO DE A. César Machado EDIÇÃO E PROJETO GRÁFICO
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Há 40 anos no “Correio de Araranguá” Diretor WLADINIR LUZ Redator ERNESTO GRECHI FILHO Gerente HERVALINO CAMPOS
Científico em Araranguá A criação do Curso Científico em Araranguá já é uma feliz realidade. Depois de tantos anos de espera e esforços, a juventude do extremo sul de Santa Catarina pode agora dispor de uma brilhante instituição de ensino para seus estudos de segundo ciclo. Isso foi possível graças ao espírito de dedicação dos padres josefinos, em combinação com a Prefeitura e em convênio com o Governo do Estado. O número de alunos nesse primeiro ano é de aproximadamente oitenta. O Curso Científico [o 2o grau em nossa cidade, completando 40 anos de implementação] funciona junto ao Ginásio Nossa Senhora Mãe dos Homens, à tarde. Grandes obras de ampliação e adaptação foram feitas durante o tempo de férias. Destaca-se a nova e ampla secretaria, sala de professores, tesouraria e direção; atenção especial merecem as salas específicas do Científico, como teatro e laboratórios. Mas, além destas modernas instalações, o que mais garante a eficiência do ensino médio e o sucesso garantido deste nosso Curso Científico é o corpo docente do mais alto gabarito. Os professores Teobaldo Rauber e Nelson C. Rodrigues, que vem de Porto Alegre especialmente para este fim, e Pe. Carlos Poludo, de volta dos EUA, depois de seis anos, são todos bacharéis em Ciências e Matemática; Pe. Ugo Zulian, professor de Desenho e Dona Zuê Rabelo, professora de Português, distinguem-se pela elevada competência. O professor de Educação Física é o tenente Mauro Wolf, da Polícia Militar. CA 184, de 22/3/1969
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Publicado pela GRÁFICA ORION entre 1960 e 1975
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EIS UMA JANELA ABERTA para a segunda metade dos anos 1970. A loja de materiais e construção Gomes, Garcia S.A. anuncia uma “liquidação total”, quando já se preparava para fechar as portas depois de cerca de 20 anos funcionando no local, na esquina da av. Sete de Setembro com a Getúlio Vargas, hoje um ponto tradicional de encontro, às mesas em frente à Lanchonete Plaza, de parte da “velha guarda”. A sinaleira e o Passat também marcam aquele tempo.
ARQUIVO JORNALECO
ZYT-3 em novas instalações Em suas modernas instalações no alto do Fronteira Clube, a ZYT-3, Rádio Araranguá, passou a funcionar em ambinte ultra-moderno, considerado o mais avançado do sul catarinense. O diretor Aristides Osteto, idealizador da obra, merece aplausos. [A rádio havia saído do prédio Grechi] CA 184
Novo restaurante Foi inaugurado, na Cidade Alta, um novo, grande e moderno restaurante. É o BECKER, que funciona em prédio próprio, na esquina do futuro terminal da av. Sete de Setembro. [A Sete ainda seria aberta à Cidade Alta, chamando-se a este prolongamento av. Mario Andreazza, anos depois mudado para av. Presidente João Goulart] CA 184
Depenadores de carro Por ocasião dos bailes carnavalescos, muitos proprietários de veículos viram seus carros depenados, sendo furtados acessórios, rádios e antenas. Os larápios, continuando sua colheita, passaram a atuar nas garagens, tendo sido roubado o toca-discos do Galaxie do presidente da Câmara de Vereadores, Urbano Grechi. CA 183, de 08/3/1969
Carnaval na cidade O UCCA realizou quatro magníficos bailes. No Arroio do Silva, as boates Navegantes (do Scain) e Tropicália (do Artêmio), primaram pelo bom gosto. No Morro dos Conventos, o Edu foi o responsável pelos dois bailes no Yate Clube. No Fronteira Clube, os bailes de domingo e terça transcorreram na maior animação. Fronteira e Yate contrataram, em convênio, o “The Kings”. CA 183