Jornaleco 324 18 mai 2009

VEÍCULO ASTRA ELEGANCE 2.0 ASTRA GL 1.8 ASTRA GL 4 PORTAS AUDI A.3 1.6 CORSA WIND 2P C3 GLX CELTA SPIRIT 4P CELTA SPIRIT 4P COROLA XLI CORSA HATCH CORSA HATCH 4P CORSA SEDAN 4P CORSA SUPER CORSA WAGON 1.0 16V ECO XLT 1.6 XLT ECO XLT 1.6 XLT PEUGEOT 206 PALIO EX 4P FIRE FIESTA CLASS 1.0 4P FIESTA CLASS 2P FIESTA HATCH 4P GOL CITY 4P 1.0 GOL CL 1.6 GOL GIII 8V 4P MILLE SX 4P MILLE SX 4P NISSAN XTERRA PALIO 2P FIRE PALIO FIRE 2P PALIO WEEKEND ADV PEGEOUT 307 FELINE PRISMA MAXX 1.4 TITAN 150 VECTRA CD 2.0 VECTRA GLS VECTRA GLS 2.2

ano 2005 2001 2000 2005 2000 2007 2007 2005 2001 2004 2005 2005 1997 1999 2004 2004 2004 2001 2004 2001 2003 2004 1991 2000 1998 1997 2006 2001 2003 2000 2005 2007 2006 1997 1999 2001

3524-5588

cor / combustível / inf. compl.

BEGE FLEX+GNV COMPLETO+AD+AB PRETO GNV COMPLETO CINZA GAS COMPLETO AZUL GAS COMPLETO PRATA GAS AQ/DT/LT PRETO GAS COMPLETO VERMELHO FLEX AC-KIT MAIS BRANCO GAS AQ/LT/DT/AL PRATA GNV COMPLETO + CAUT PRETA GNV AQ/LT/DT/AL/CD PRETO GAS AQ-LT-DT-AL-TE BRANCO GAS AQ/TE/AL/DT VERMELHO GAS AQ/LT/DT/AL BRANCA GAS LT/DT/TE/AL PRATA GNV COMPL.+B.COURO PRETA GAS COMPLETA PRETO GAS COMPLETO VERMELHO GAS VE/TE/AL/AQ PRATA GAS VAC/VE/TE/AL/DT PRETO GAS AC/AL CINZA GAS AQ/VE/LDT PRETO GAS AQ/AL/TE/LDT AZUL GAS BRANCO GAS DH/AL/TE/AQ AZUL GAS AC/VE/TE/AL/LDT VERMELHO GAS DT/AQ/LT PRATA GAS COMPLETA VERMELHO GAS AQ/DT/LT/AL BEGE GAS AQ/DT/AL GRAFITE GAS COMPLETA GAS GAS COMPLETO PRATA GAS COMPLETO VERMELHA GAS C/PARTIDA GRAFITE GAS COMPLETO VERDE GNV COMPL.+AR DIG PRATA GAS COMPLETO

Muita gente lembra do “avião do Nelinho”, que muitas vezes vimos cruzar o céu de Araranguá, desde lá dos anos 1960. Mas antes do Nelinho, já nos anos 40, a TABA, com seus hidroaviões, fazia uma linha Porto Alegre-Araranguá; com certeza, uma ponte entre os rios Guaíba e Araranguá. Nos anos 50, a VARIG levava gente ao Paraná e adiante, levantando voo ali do nosso “campo de aviação”, que mais antigamente existiu onde hoje fica o Colégio Murialdo.

JORNALECO ARARANGUÁ, 18 DE MAIO DE 2009 • ANO 15 • Nº 324

15 ANOS

Aviões da Varig, anos 1950 (aqui e acima); hidroavião da TABA, anos 1940 (no alto)

APOIO CULTURAL

POSTOS IRMÃO DA ESTRADA DISK FONE (0**48) 3524-0071

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Solicite-nos através de jornalecocultural@yahoo.com.br o recebimento das edições do Jornaleco (exatamente como está no papel) via e-mail

JORNALECO jPANFLETO CULTURAL

18/05/2009 • ANO 15 • Nº 324 ESTA EDIÇÃO: 8 PÁGINAS

Distribuição gratuita Periodicidade quinzenal Tiragem: 1.000 exemplares

H FUNDADO EM 18 DE MAIO DE 1994 H Ricardo Grechi CONTATOS Rossana Grechi DISTRIBUIÇÃO Gibran Grechi , Nilsinho Nunes ASSISTÊNCIA Guaraciara Rezende IMPRESSÃO Nei, Valdo, Welington NA GRÁFICA CASA DO CARIMBO DE A. César Machado EDIÇÃO E PROJETO GRÁFICO

© Ricardo Francisco Gomes Grechi (reg. nº 99866 - prot. 4315/RJ, de 17/07/1995)

UMA PUBLICAÇÃO

ORION EDITORA Calçadão Getúlio Vargas, 170 88900.000 Araranguá - SC - Brasil jornalecocultural@yahoo.com.br

APOIO CULTURAL

A BOA IMPRESSÃO É A QUE FICA

A marca do seu parceiro de estrada

ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL DE

ARARANGUÁ v i s i t e : w w w. a r a r a n g u a . n e t

O JORNALECO, criado em 1994, junta-se agora ao “Correio de Araranguá” (1960-1975) como os periódicos impressos de maior longevidade totalmente produzidos em nossa cidade. Ambos, paridos no prelo da Grafica Orion.

NAQUELE TEMPO...

Lula, com 37%, mantém a liderança nas pesquisas eleitorais para presidente da república, seguido de Fernando Henrique, Brizola e Quércia.

Kurt Cobain, do Nir vana, é encontrado morto. Hospitais particulares decidem suspender o atendimento pelo SUS. Morre Nixon em Nova Iorque.

Fazem 10 anos da frustração pela derrota das “Diretas já”. Greve nos transportes coletivos em Criciúma deixa população sem ônibus.

Acontecem as primeiras eleições multirraciais na África do Sul; depois de 342 anos de domínio branco, os negros chegam ao poder e Nelson Mandela é o novo presidente do país.

Em Araranguá, enquanto o livro A História de Araranguá, de Paulo Hobold, é lançado, o Jornaleco é idealizado na Gráfica Orion (que publicou em tipografia o Correio de Araranguá, de 23 de abril de O pacifista Nelson Mandela, o roqueiro 1960 a 31 de maio de 1975, Kurt Cobain, o campeão de Fórmula 1 com 292 edições).

Ayrton Sena e o poeta Mario Quintana

Aviação em Araranguá

Em divisão territorial datada de 15 de julho de 1999, o município é constituído de quatro distritos: Araranguá, Hercílio Luz, Balneário Morro dos Conventos e Sanga da Toca.

SOLO DO EDITOR RICARDO GRECHI

H ABRIL DE 1994 H

FOTOS SALVADOR / ACERVO FCA

Fone/Fax: 3524-5916 3522-0379 Av. XV de Novembro, 1807 - Centro

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FONE

Automóveis

Galeria Galeria

EM FRENTE A DIMASA

H MAIO DE 1994 H O nº 1 do Jornaleco vai às ruas em 18 de maio de 1994, numa época em que seguiam-se acontecimentos vultosos: as mortes de Ayrton Senna e Mario Quintana, a criacão do real, o Brasil tetracampeão de futebol.

Ainda em 94, morreria Tom Jobim, o Cine Roxy apresentaria sua última sessão.

O nome Jornaleco? Mostrei minha idéia ao Glauco Barros. Ele disse: “Ricardo, isso é fantástico! Esse jornaleco que você quer fazer... desculpe eu dizer jornaleco, não é pejorativo...”

Jornaleco, jornaleco... O termo ficou martelando na minha cabeça. Dias depois, Gibran acabou por batizá-lo, assim que lhe expus duas opções: A Banda e Jornaleco. Que seria “panfleto independente” até o nº 5; “panfleto cultural” surgiu a partir do nº 12.

Com a chegada dos dois primeiros patrocinadores: Cláudio Garcia (Casa do Construtor) e Alveri Aguiar de Sá (Posto Irmão da Estrada), e dos primeiros colaboradores: Daniel Posse, Vicenzo Berti e César do Canto Machado, mais a acolhida dos leitores e apoio posterior de outras pessoas e entidades que possibilitam a existência do Jornaleco, o panfleto vingou, feito a muitas mãos e muitos corações.

Adriane Tamiozzo MÉDICA VETERINÁRIA

CÉSAR DO CANTO MACHADO

I

Beth Estética Feminina

Uma das imagens mais antigas do centro da cidade, datada de 1920 lindas matas virgens que possuem variedades enormes de madeiras de lei e árvores frutíferas.

Sincero também, o mesmo S. Huberto “canta a pedra” sobre a barra do Araranguá e, visionariamente, acerta em cheio: Sendo um dos municípios maiores em território, tem uma população diminuta e muito espalhada. O Araranguá é quase todo uma grande vargem, por onde corre o rio que dá o nome ao município, rio que, apesar de ser o mais profundo do estado, não possui uma barra que preste; talvez seja pelo fato de não ter correnteza. Desaguando no meio de uma praia cheia de areias movediças, muito exposta aos temporais de Leste, será difícil conseguir-se uma barra franca para este rio.

Arrefecendo o calor das palavras, o mesmo anotador diminui o tom da crítica e mostra mais vantagens do lugar: ...mas se a barra não dá saída, creio que o Araranguá nem por isto deixará de progredir, pois existe uma estrada de rodagem até a Colônia Cresciúma, por onde poderão sair os produtos de sua lavoura. Muitas lagoas existem neste município.

A maior é a do Sombrio, que tem nove léguas de circunferência. A do Caviral, da Serra, dos Esteves e a da Urussanga são de pouca importância. A maior parte das terras do Araranguá acha-se coberta de matas virgens. Além disso trata-se de um canal que passando pelas diversas lagoas liga a Laguna ao Araranguá.

Testemunha presente, o minudente narrador faz uma comparação com outros lugares mais progressistas e, com sobra, comenta sobre bichos e aves: FACIAL | CORPORAL | CAPILAR | BRONZEAMENTO ARTIFICIAL | PERFUMARIA | COSMÉTICOS

Tels. (48) 3522-0316 / 9995-0999 Av. Pe. Antônio Luiz Dias, 331 - Em frente ao Terminal

O porto-alegrês

O vale deste rio é considerado como o mais fértil de todos os vales do estado e com razão. Ali eu vi belas roças de cana, milho e feijão como nem no Tubarão existem. Atualmente todos plantam alfafa que dá de um modo prodigioso. A fauna é mais rica de que em outros lugares pois existem todos os animais que o resto do estado possui e mais o cervo, que só ali existe. Além do cervo, há também uma variedade de tucanos de bico encarnado; sendo nos campos tantas as perdizes que pegam em arapucas, como se faz para pegar sabiás e pombas.

As lagoas estão sempre com as suas margens cheias de palmípedes [que tem os dedos dos pés unidos por membranas] e pernaltas. Entre os mais belos existem os cisnes de pescoço preto e as elegantes cegonhas, como também a cor-de-rosa colhedeira e mais o vermelho guará.

O porto-alegrês é uma das línguas mais difíceis do Ocidente (que não o hemisfério, mas o bar em Porto Alegre). Pra começar, só existe uma interjeição – báh! – que é usada em mais ou menos 462 situações diferentes.

Para complicar, báh! tem também 497 entonações diferentes: pode ir de um simples beh! até um complicado pãh! – dependendo do que você queira dizer.

E tem também as gírias. Porto Alegre é equipada com mais ou menos quinze fábricas de gírias funcionando sem parar.

Algumas chegam até a ser exportadas: viajar na maionese e pirar na batatinha, que já estiveram super na moda no Rio de Janeiro, são faladas há anos (ou, em porto-alegrês, “há horas”) em Porto Alegre. Outras expressões cruzam a fronteira, mas nunca chegam a ser compreendidas.

Deu pra ti, por exemplo, fez o maior sucesso no Brasil inteiro.

Talvez porque todo mundo pensasse que “deu pra ti” fosse uma sacanagem, quando na verdade só queria dizer “chega!”.

Também tem o trilegal. Pois sim: “há horas” que ninguém fala “trilegal” em Porto Alegre. O pessoal fala “tribom”, “triquente”, “tri a fim”, “trigostosinha”, “trifud...” (muito usado), “tri” o que você quiser, menos “trilegal”.

Mas nada é mais portoalegrense quanto falar: “tu vai ir?”. Repita agora, com sotaque: “Báh, mas tu vai ir? Bah, mas se tu for, então eu também vou. E deu pra ti.”

P.S.: Não há nada melhor do que poder dizer: “Báh, eu sou de Porto Alegre”... com o sotaque mais cantado possível... e a cara mais orgulhosa do mundo!

Me perdoem os não porto-alegrenses! Mas Porto Alegre é tridemais!!

E não falou das araras!

Remontando o cenário com um toque sutil de singular romantismo, o misterioso homem publicador do jornal República não cessa seus elogios ao Araranguá, estes que nos servem de epílogo e encerramento deste brilhante texto descritivo: Pela manhã, aquelas lagoas oferecem uma vista encantadora e animada; centenas de aves que voam em todas as direções refletindo suas passagens nas águas espelhadas. As vezes aparece entre as tímidas aves uma cabeça chata e arruivada. Estas, ao verem-na, fogem aterradas. É a ariranha, ou a grande lontra das lagoas, que ali veio, entre as pobrezinhas, fazer mais uma vítima necessária ao seu sustento. n

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(CIRCULANDO NA INTERNET SEM NOME DE AUTOR, GAÚCHO, COM CERTEZA)

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ARARANGUÁ / SC

· Baixo que nem vôo de marreca choca. · Cheio que nem barriga de afogado. · Mais rengo do que cusco em dia de geada grossa. · Floreada como bombacha de turco. · Sério que nem cabeça de porco em bandeja. · Mais grosso que parafuso de patrola. · Mais feio que rodada de cusco em ladeira. · Mais cheiroso do que filho de barbeiro. · Linda que nem laranja de amostra. · Mais assanhado do que ganso novo. · Manso como cavalo de padeiro. · Mais atucanado do que rato em guampa. · Mais chorosa do que noiva de soldado em tempo de revolução. · Linda como filha de estancieiro. · Mais arrepiado que barriga de tatu. · Mais parado que água de poço. · Se fazendo de leitão para poder mamar deitado. · Mais metido do que dedo em nariz de piá. · Em tempo de guerra, mocotó é lombo. · Devagar como enterro a pé. · Para gato velho, camundongo novo. · Fininho como assobio de cobra. · Cara amarrada como pacote de despacho. · Mais liso que barriga de cobra. · Mais estirado que corda de viola. · Mais conhecido que filha de família rica que emprenhou solteira. . Gaúcho macho não come mel, mastiga abelha. · O diabo faz a panela mas não faz a tampa. . Macaco velho não mete a mão em cumbuca. · O sol é o poncho do pobre. . Vergonha é roubar e não poder carregar.

“Ei, ei!

Você se lembra da minha voz? Continua a mesma...

Mas os meus cabelos... quanta diferença!”

De um comercial de xampu na tevê, dos anos 1970, que virou piada de careca. Ao lado, o “modelo” PAULO MENDES.

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Ditados gauchescos

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Estes campos que se estendem desde o lugar denominado Lombas de Urussanga, que é limite com o município de Jaguaruna, até o rio Mampituba, tem um comprimento de 40 léguas, sendo de duas léguas sua maior largura. É interrompido de vez em quando por algumas restingas, lagoas, banhados e cômoros. Próximo às dunas o campo não se presta para criação, mas à medida que se afasta, o terreno vai se tornando mais sólido e as pastagens melhores, sendo as margens das lagoas esplêndidas para os gados cavalar e bovino, não só pela qualidade do capim, como pela grande quantidade de gerivá, que é uma excelente forragem. As demais terras do município, próprias para todas as culturas, acham-se ainda cobertas de

uplemento

JORNALEC0 324 18/05/2009

Aí, certamente, falava o atento observador de a nossa região ser um lugar ideal para criar gados.

Num passo adiante, mapeando o que via, o atendo redator continua sua fala com bom conhecimento da vegetação e, junto, detalha nossos gigantescos limites territoriais, naquele tempo ainda só aos pés dos 20 anos de instalação, quando todo o sul catarinense se compunha, apenas, de Araranguá, Jaguaruna, Tubarão e Laguna:

S S

A BANDA

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Este município é um dos mais vastos e também um dos mais ricos pela variedade de seus terrenos. De todos os do litoral ele é o que mais possui campos de criação.

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nteressante e curioso este depoimento que encontrei na Biblioteca Pública da Capital, sesquicentenária casa de letras que continua sendo o mais precioso, farto e saciador regato de conhecimento barriga verde.

Quem assina a dita preciosidade, datada de 20 de abril de 1899 e publicada no jornal República – o mais famoso de seu tempo em toda Santa Catarina – é “S. Huberto”, misterioso semianônimo que no correr do texto e de outras publicações jamais revelaria seu verdadeiro nome. Ficou também com ele a incógnita da origem e paradeiro.

Do que disse sobre o nosso Araranguá, o oculto missivista principia o texto não economizando palavras de admiração:

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Araranguá, lá... bem no começo!

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araranguaense

Léia Batista

JOÃO ALBERTO PLUCÊNIO A MELHOR LIÇÃO

Lony Rosa

lonyrosa@hotmail.com

O ciúme não compensa

Ame, enquanto dá tempo

Quando os olhos dele pousaram sobre o vestido dela, não acreditaram no que estavam vendo, ou melhor, duvidaram que restasse algo para ser visto.

A concavidade da cintura, a convexidade do quadril, a proeminência dos seios, a circunferência das coxas, a demarcação da calcinha... Tudo mapeado sob o tecido amarelo. “Você não vai sair comigo assim!” Vociferou como um pirata, ao ver seu tesouro ameaçado. “Vou sim!” Rebelou-se a mocinha, legítima dona do tesouro. Saíram. Mas, não do carro. Passaram a noite brigando em frente à boate. Ele, exigindo que ela trocasse o vestido. Ela, batendo o pé sobre a poça de lágrimas.

Quantas noites terminam assim? Quantos dias começam assim? Quantas histórias com começo, meio ou fim assassinados pelo ciúme bandido poderíamos narrar? Não precisamos ser vovozinhas para nos sentarmos numa poltrona fofa e ficar contando e recontando histórias protagonizadas pelo ciúme, todas com final infeliz.

Não sei quem inventou que “o ciúme é o tempero do amor”, mas sou capaz de apostar que esta invenção maluca partiu de um ciumento. Quem mais precisaria de um atenuante destes? O Clube dos Ciumentos Anunciados defende as manifestações controladas, o tal ciuminho bem dosado, aquele que confere um sabor especial à relação sem causar efeitos colaterais. Uma ova! Atire a primeira pedra quem parou após o primeiro surto de ciúme.

Cuidar e zelar de quem se gosta, isso sim é imprescindível. Estar atento aos acontecimentos em volta e pressentir quando algo não vai bem, isto é mais do que normal. Mas sentir-se dono ou dona, achar-se no direito de controlar e monitorar a outra pessoa é doentio e destrutivo. Tem quem goste?

Claro que tem! Assim como tem quem gosta de apanhar, quem tem atração por galinhas (leia-se homens e mulheres), tem os que babam por um amor picante, condimentado por um chef ciumento.

Mas, a estes incorrigíveis gourmets acalorados, cabe uma advertência: “Ciúme é veneno disfarçado de pimenta. Em excesso pode matar – o amor ou o amante – e, definitivamente, não compensa.”

O tempo está escoando rápido, as ampulhetas sorvem a areia de um lado para o outro com uma rapidez incrível e nós ainda estamos procurando crença nos lugares e pessoas erradas. Porque não aproveitamos o que nos resta para viver para dizer aos que nos são caros, que os amamos e que não conseguimos viver sem eles?

Não dá para renascer as manhãs que se foram, os parentes que perdemos e as palavras que não dissemos por timidez ou por falta de coragem; não dá mais para segurar no colo nossos filhos, cresceram demais e já estão longe mesmo estando por perto. O mundo está caminhando para um lado que não queremos conjeturar a respeito porque no horizonte não há perspectiva de melhora para a humanidade. Templos e mais templos estão sendo erguidos para acomodar mais fiéis que buscam o paraíso perdido, doando seus bens, crendo que a longo prazo vão conseguir ser a salvação. Templos construídos na areia que as marés põem abaixo quando enchentes, terremotos, furacões e outros sinistros abrem suas bocarras feias e profundas. E, segundo os cientistas, vai piorar.

Então é como diz Renato Russo: “...é preciso amar as pessoas como elas são, como se não houvesse o amanhã”... Fazer o bem sem que os que necessitam de ajuda precisem implorar; reconhecer no silêncio do outro o grito pedindo ajuda; ler a lágrima do aflito, que fica na pontinha dos olhos e não cai esperando que alguém acuda; prestar atenção naqueles que andam sozinhos, cabisbaixos, curvados e nem são notados.

Por que acumular mais riquezas, roubar mais dos cofres públicos, humilhar mais o povo quando o que acumularam surrupiando, dentro das leis, não vai dar pra gastar nem em dez gerações? Por que não doar um pouco dessa fortuna imensa para ajudar na saúde da população que morre como moscas e vive sem olhar de vez em quando pros céus para ver as estrelas, tamanha é a atrofia moral que lhes impede de erguer sua cabeça?

Procure evitar pessoas pesadas, chatas e de mau gosto; não abra o seu valioso sorriso para os idiotas que se julgam engraçados e espirituosos, é muito desperdício de energia e ganho de estafa e estresse. Dê uma parada para sentir a insignificância das novelas na vida da família, a alienação, o ócio e o despreparo no cuidado com os filhos, a mesmice na sua rotina. Lancem um outro olhar no esforço inútil para se tornar jovem. Ajude-se para que os outros possam lhe notar e lhe ajudar, sem interesse ou filantropia programada, daquelas que apontam os mecenas que saem nas colunas sociais quando prestam favores a comunidade. Ainda tem coisas que valem à pena. Fale com Deus, de vez em quando, para ver em que tipo de grupo você se enquadra, para ver se você está fazendo o mínimo por seu próximo, pela sua comunidade, pelos animais e pela natureza. Cuide da sua saúde mental organizando a harmonia do seu espírito, buscando pessoas que sintonizem com o básico do bem-estar, da alegria, da felicidade. Espante a tristeza espantando os amigos de plástico, olhe-se no espelho e pare de buscar o melhor sorriso e perfil a serem fotografados.

O tempo passa depressa, não dá para somá-lo. Doe-se, dividase, e reparta-se. O tempo não volta.

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Eu sei que me perdi nessa jornada Quando eu olho pra essa estrada E vejo o quanto já andei Por mais que eu saiba Ainda sei que devo tudo O meu livro foi o mundo Que eu pouco soletrei

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Nessa escola frequentei só o recreio Como quem come o recheio E o resto joga fora E é esse resto Que por falta de capricho Eu fui jogando no lixo E me faz falta nessa hora

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VICTOR OLIVEIRA DE FARIA

Na época da colonização da Lua, muitas naves de pequeno porte levavam e traziam produtos, minerais e materiais orgânicos. Mas como as viagens se tornaram constantes, foi-se necessário cortar gastos.

— Preciso que você avalie o que podemos retirar das naves de cargas em sua construção, para reduzirmos custos. Estou perdendo muito dinheiro neste negócio — chefe.

— Mas, chefe! Não dá... — engenheiro.

— Não quero saber! Se você não pode fazer, vou deixar esse serviço para Nestor, nosso mecânico — chefe.

— Mas ele não entende nada de engenharia! — engenheiro.

— Não interessa... — chefe.

Uma semana depois, o chefe da empresa foi convidado a visitar a nova colônia.

Subiu em uma de suas naves modificadas e partiu.

Mas, quando estavam se preparando para descer, com a nave inclinada em uma incrível velocidade devido a gravidade, uma luz no painel começou a piscar.

— Que luz é essa, Nestor? — chefe.

— Ué, o senhor pediu para eu retirar algo que não fizesse falta! Como vi a nave estacionada no chão, retirei o “amortecedor de queda”...

— O quê?!! — chefe.

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E quando eu penso em voltar Sinto que é tarde Embora a necessidade Cobra tostão por tostão Me restam os filhos Que ensinei pela cartilha Dei caderno, dei mochila No lanche manteiga e pão E digo a eles sem muita demagogia Olhem pra mim todo dia Que eu sou a melhor lição

arquivo da alma

SOFIA GRECHI GARCIA AMIZADE

o melhor do Nego Boni OLHO GRANDE Aquele fulano vai indo bem na vida? Queres fazer o mesmo? Use as pernas, ande! Parado tu nunca chegarás a lugar nenhum. E nunca sairás da casa da inveja.

Amizade não se compra Mas sim se conquista Eu conquistei pessoas Pessoas me conquistaram De algumas sou amiga Outras não me conquistaram Essas que não me conquistaram Com certeza outras conquistarão

DÓI MENOS Bata de frente na minha cara... com verdades; mas não me atire mentiras pelas minhas costas.

COLHEITA Tudo que se planta colhe. Calcule o que vai colher o que só plantou ira, raiva, rancor, ódio.

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“A VIDA ATRAVÉS DO VÍDEO”

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O gigante dos preços baixos

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Insanidade Em outro ser Fatalidade Depositar Facilidade Se entregar Imbecilidade Acreditar Que maldade Enganar A si mesmo.

Minha bagagem com tão pouca consistência A sobra de experiência Não compensa a educação O mundo abre uma porta E fecha outra Só por isso a gente encontra Problema sem solução

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ARLETE ZANERIPPE IMAGENS

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Busco...

Os raios do sol, pra me acariciar.

A luz da lua, pra me acompanhar.

A brisa, pra não ser sozinha.

Nesta busca sejam: os raios do sol, alento.

A luz da lua, carinho.

A brisa, felicidade, mas... logo se vai.

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ARLETE ZANERIPPE BUSCAS

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É amor demasiado A colorir o teu viver Queres muito ser amado Faças então por merecer!

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Teu amor ultrapassa Esta vida aqui terrena Não suma nem faça Me sentir assim pequena

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Me queres tão somente Pelo amar do amor Me amas intensamente Sem medidas ao se expor

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ARLETE ZANERIPPE ATINGIMENTO

leiabb@engeplus.com.br

CONTO

A mais curta história de ficção científica (II)

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poética

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Alfabeto - ganha três letras. De 23 letras, passa a 26 letras: entram K, w e y

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Aimberê Araken Machado

3

Trema - desaparece em todas as palavras ANTES Freqüente, lingüiça, agüentar

DEPOIS Frequente, linguiça, aguentar

* Fica o acento em nomes como Müller

ANTES Européia, idéia, heróico, apóio, bóia, asteróide, Coréia, estréia, jóia, platéia, paranóia, assembléia

* Herói, papéis, troféu mantêm o acento (porque têm a última sílaba mais forte)

Acentuação 2 - some o acento no i e no u depois dos ditongos (junção de duas vogais), em palavras paroxítonas DEPOIS Baiuca, bocaiuva, feiura

* Se o i ou o u estiverem na última sílaba, o acento continua como em: tuiuiú ou Piauí

Acentuação 3 - some o acento circunflexo das palavras terminadas em êem e ôo (ou ôos) ANTES Crêem, dêem, lêem, prevêem, vêem, vôo, enjôos

DEPOIS Creem, deem, leem, preveem, veem, voo, enjoos

Acentuação 4 - some o acento diferencial ANTES Pára, péla, pêlo, pólo, pêra, côa

DEPOIS Pera, pela, pelo, polo, pera, coa

* Não some o acento diferencial em pôr (verbo) / por (preposição) e pôde (pretérito) / pode (presente). Fôrma, para diferenciar de forma, pode receber acento circunflexo.

Acentuação 5 - some o acento agudo no u forte nos grupos gue, gui, que, qui, de verbos como averiguar, apaziguar, arguir, redarguir, enxaguar ANTES Averigúe, apazigúe, ele argúi, enxagúe você

DEPOIS Averigue, apazigue, ele argui, enxague você

Observação: as demais regras de acentuação permanecem as mesmas

Hífen - veja como ficam as principais regras do hífen com prefixos: PREFIXOS

USA HÍFEN

NÃO USA HÍFEN

Agro, ante, anti, arqui, auto, contra, extra, infra, intra, macro, mega, micro, maxi, mini, semi, sobre, supra, tele, ultra...

Quando a palavra seguinte começa com h ou com vogal igual à última do pefixo: auto-hipnose, anti-herói anti-imperialista, micro-ondas

Em todos os demais casos: autorretrato, autossustentável, autoanálise, autocontrole, antirracista, antissocial, antivírus, minissaia, minidicionário, minirreforma, ultrassom

Hiper, inter, super

Quando a palavra seguinte começa com h ou com r: super-homem, inter-regional

Em todos os demais casos: hiperinflação, supersônico

Sub

Quando a palavra seguinte começa com b, h ou r: super-homem, inter-regional

Em todos os demais casos: subsecretário, subeditor

Vice

Sempre: vice-rei, vice-presidente

Pan, circum

Quando a palavra seguinte começa com h, m, n ou vogais: pan-americano, circum-hospitalar

Rua Caetano Lummertz, 456 Sala 06 / térreo - Centro Ed. Com. Executivo Araranguá FONE 3522-1322 FAX 3524-2543

Dr. Everton Hamilton Krás Tournier Graduado e especializado na Universidade Federal de Santa Catarina • Pós-graduado no Instituto Adolfo Lutz de São Paulo • Pós-graduado na Universidade do Sul Catarinense

E-mail: tournier@contato.net

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Portanto, aqui estamos, Ricardo.

Junto contigo, para o que der e vier.

Parabéns!

Em todos os demais casos: pansexual, circuncisão

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JORNALEC0 324 18/05/2009

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Laboratório de Análises Clínicas

o meu caminho, / eles passarão. / Eu passarinho.” (ZH, 5 de maio de 2009)

Esta é uma façanha realmente notável: editar, durante três lustros, um jornal interiorano. Ninguém imagina o trabalho que dá. Só quem já militou no ramo pode avaliar. É de suar a camisa, e no fim, algumas vezes, lá vem críticas azedas... Mas faz parte: é necessário cultivar a velha máxima de Voltaire: “Não concordo com uma só palavra do que dizeis, mas defenderei até a morte o direito de dizerdes.”

Para exercer o jornalismo verdadeiro, é preciso ter equilíbrio, algumas toneladas de paciência e, sobretudo, idealismo, já que se trata de uma atividade pouco lucrativa (quando não dá prejuízo...).

Além disso, há que se ler muito, informar-se das novidades, saber escrever e ter uma boa equipe de redatores permanentes (o que não é fácil de conseguir).

Mais: há despesas de papel, de tinta, de apetrechos diversos (que custam caro). Por fim, deve-se sair à caça de anunciantes e de outros apoios financeiros, senão o jornal morre à míngua. * * * O Ricardo tem esse raro perfil: reúne todas as qualidades acima. Filho de jornalista, jornalista também tem sido, de corpo e alma.

A cidade de Araranguá possui uma grande dívida com esse moço. Ele faz o que, hoje, é quase inacreditável: distribui o Jornaleco de graça, exibindo apenas – e como é isso é bastante! – o amor pela sua terra natal. Um fenômeno, no mundo capitalista em que vivemos...

Felizmente, o jovem Grechi tem seus aliados fiéis (dentre os quais me incluo). Só não menciono um por um porque posso esquecer alguém.

DEPOIS Europeia, ideia, heroico, apoio, boia, asteroide, Coreia, estreia, joia, plateia, paranoia, assembleia

ANTES Baiúca, bocaiúva, feiúra

Ao ser informado de que receberia a unanimidade dos votos em uma eventual quarta candidatura à Academia Brasileira de Letras, Quintana declinou e escreveu o famoso Poeminha do Contra: “Todos estes que aí estão / atravancando

Jornaleco: 15 anos!

Acentuação 1 - some o acento dos ditongos abertos éi e ói das palavras paroxítonas (as que têm a penúltima sílaba mais forte)

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“...eles passarão. Eu passarinho.” QUINTANA

Eu tinha uma coisa na vida a fazer no Rio de Janeiro: ver o Flamengo jogar uma final de campeonato. E fiz. O Flamengo foi campeão da Taça Guanabara 1996 vencendo o Vasco por 2x0, para delírio de 60 mil flamenguistas sobre 30 mil vascaínos presentes no Maracanã.

Se no Rio eu me juntei a 90 mil pessoas, em Porto Alegre o que eu havia de fazer essencialmente tinha a ver com um cara só. Pois fui Quarto de Quintana, mantido como quando de uso do poeta visitá-lo em seu quarto de hotel. Ele não esno Hotel Majestic, hoje Casa de Cultura Mario Quintana tava, mas, pela composição das coisas em seu quarto, deveria voltar logo. Enquanto isso, Bruna Lombardi me convidava a entrar. Meu olhar, guiado por meu espírito, viaja em cada detalhe do ambiente, capta cada sutileza a denunciar seu morador. A poltrona, a edição do Correio do Povo sobre a cama, a garrafa de café, a velha máquina de escrever, os óculos sobre os manuscritos na escrivaninha à luz do abajur falavam-me tão profundamente, que Quintana, chegando sorrateiro e calado, preferiu ficar contemplando também.

Meus olhos molharam-se da transcedência.

Depois, Quintana sorriu-me da fotografia, e eu segui adiante com meu amigo Este quarto...

João dos Pintos pela histórica e esplenMARIO QUINTANA dorosa Porto Alegre. (Ricardo Grechi) Este quarto de enfermo, tão deserto QUINTANA POR ELE MESMO de tudo, pois nem livros eu já leio Nasci em Alegrete, em 30 de julho e a própria vida eu a deixei no meio de 1906. Creio que foi a principal como um romance que ficasse aberto... coisa que me aconteceu. E agora pedem-me que fale sobre mim mesQue me importa esse quarto, em que desperto mo. Bem! Eu sempre achei que toda como se despertasse em quarto alheio? confissão não transfigurada pela arte Eu olho é o céu! imensamente perto, é indecente. Minha vida está nos meus o céu que me descansa como um seio. poemas, meus poemas são eu mesmo, nunca escrevi uma vírgula que Pois o céu é que está perto, sim, não fosse uma confissão. Ah! mas o tão perto e tão amigo que parece que querem são detalhes, cruezas, foum grande olhar azul pousado em mim. focas... Aí vai! Estou com 78 anos, A morte deveria ser assim: mas sem idade. Idades só há duas: um céu que pouco a pouco anoitecesse ou se está vivo ou morto. Neste últie a gente nem soubesse que era o fim... mo caso é idade demais, pois foi-nos prometida a Eternidade.

Nasci no rigor do inverno, temperatura: 1 grau; e ainda por cima prematuramente, o que me deixava meio complexado, pois achava que não estava pronto. Até que um dia descobri que alguém tão completo como Winston Churchill nascera prematuro – o mesmo tendo acontecido a sir Isaac Newton! Excusez du peu... Prefiro citar a opinião dos outros sobre mim. Dizem que sou modesto. Pelo contrário, sou tão orgulhoso que acho que nunca escrevi algo à minha altura. Porque poesia é insatisfação, um anseio de autossuperação.

Um poeta satisfeito não satisfaz. Dizem que sou tímido. Nada disso! sou é caladão, introspectivo. Não sei porque sujeitam os introvertidos a tratamentos. Só por não poderem ser chatos como os outros?

Exatamente por execrar a chatice, a longuidão, é que eu adoro a síntese. Outro elemento da poesia é a busca da forma (não da fôrma), a dosagem das palavras. Talvez concorra para esse meu cuidado o fato de ter sido prático de farmácia durante cinco anos.

Note-se que é o mesmo caso de Carlos Drummond de Andrade, de Alberto de Oliveira, de Erico Verissimo – que bem sabem (ou souberam) o que é a luta amorosa com as palavras.

(Texto escrito para a IstoÉ de 14 de novembro de 1984. Em 5 de maio de 1994, o poeta morreria.)

Leonardo Murialdo avlis@contato.net

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