ESCOLA BÁSICA CASTRO ALVES, nos anos 1950. Alunos ensaiam dança no pátio da escola. O casarão no centro da fotografia, resiste ao tempo e a sanha urbana e hoje abriga uma lanchonete.
ARARANGUÁ, 1o DE DEZEMBRO DE 2009 • ANO 16 • Nº 337
ARARANGUÁ v i s i t e : w w w. a r a r a n g u a . n e t
ACERVO FCA / SALVADOR
Canto Machado
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A felicidade não precisa de gaveta para carregar tudo isso. Nem sabemos para onde vamos. Muito menos quanto tempo ainda nos resta por aqui. Então, para que correr tanto atrás das únicas coisas que não levaremos conosco? Quantas pessoas com total controle de suas faculdades mentais se dão ao luxo (ou à pobreza) de ter apenas o necessário e de esbanjar na gastança de viver mais e melhor? Espera aí, eu é que devo estar ficando louca! Como alguém poderá viver mais e melhor com pouco dinheiro? Uma vez que viver mais e melhor, nesta era, significa ter uma enorme casa (ou várias), um enorme carro (ou vários), uma enorme conta bancária (ou várias). Então eu devo crer que se vinte e quatro horas já não são suficientes para se conseguir tudo isto que (supostamente) é necessário para ser feliz, imagine se alguém está a fim de perder tempo com futilidades como
A marca do seu parceiro de estrada
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ler, ouvir música, assistir filmes, plantar, ou simplesmente cuidar dos filhos! Outro dia, conversando com uma destas pessoas que chamamos “a exceção”, ela confessou abismada que a primeira coisa que perguntam ao vê-la passeando calmamente pelas ruas é: — Você não trabalha??? Sabe o que ela responde — Trabalho o suficiente para poder ser feliz! Claro que esta pessoa não mora em mansão, nem tem carrão, nem um contão no banco. A menos que fosse uma herdeira rica. Porém, para “a exceção” a felicidade dos pequenos prazeres lhe garante um vidão. Lê bons livros, vai à academia, assiste filmes (e não abre mão da pipoca), pinta, borda e tricota... Tricota, pinta e borda. Você deve estar se perguntando: — Ela trabalha?!?! Eu lhe respondo: — A “exceção” trabalha o suficiente para poder ser feliz! Pois sabe que a felicidade não precisa de gaveta.
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1º/12/2009 • ANO 16 • Nº 337 ESTA EDIÇÃO: 4 PÁGINAS
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H FUNDADO EM 18 DE MAIO DE 1994 H Ricardo Grechi CONTATOS Rossana Grechi DISTRIBUIÇÃO Gibran Grechi , Nilsinho Nunes ASSISTÊNCIA Guaraciara Rezende IMPRESSÃO Nei, Valdo, Welington NA GRÁFICA CASA DO CARIMBO DE A. César Machado EDIÇÃO E PROJETO GRÁFICO
© Ricardo Francisco Gomes Grechi (reg. nº 99866 - prot. 4315/RJ, de 17/07/1995)
UMA PUBLICAÇÃO
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irrequieto garoto de 8 anos que, apontando para o lado sul, anuncia a todos a chegada do gigantesco Catalina, da empresa Transportes Aéreos Bandeirantes, pronto para pousar pela primeira vez em Araranguá. Logo todos se voltam para o ponto indicado pelo peraltinha, que nessas alturas já não está mais seguro pelas mãos de sua preocupada mãe, e observam atentos o desengonçado hidroavião da TABA, que executa sua histórica “volta de apresentação”. Serpenteando em vôo rasante o trajeto do nosso belo rio e circulando a área urbana em três atos contínuos, faz evoluções nunca antes vistas por aquele povo. “Que espetáculo!”, se expressam alguns mais emocionados. Outros, ainda surpresos e precavidos, se escondem entre árvores, preferindo espiar o final do malabarismo que empolga a maioria. Palmas são ouvidas em todos os cantos.
A cena se passa em 24 de agosto de 1948, quando a TABA inicia seus pousos e decolagens em Araranguá, com linhas regulares marcadas para as terças e sextas-feiras, sempre às 14 horas. A linha passaria a ser uma extensão Rio/Laguna, já existente, com posterior conexão com Porto Alegre. Em Florianópolis, a viagem inaugural foi organizada pelo próprio agente da TABA, José Steinner, que convidou autoridades e imprensa para o vôo pioneiro até Araranguá, havendo concorrida procura. Às três horas da tarde, chegava na capital dos catarinenses, procedente do norte, o avião que faria o histórico pouso nas águas verdes do rio Araranguá, comandado e pilotado pelo aviador Carlos Eberius. Ali fez breve parada para embarque dos
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É o grito emocionado de um
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por César do
Estamos vivendo a era da corrida da abastança. Não entendeu? Preste atenção! Você conhece alguém que se contenta com aquilo que ganha e que, sendo assim, resolveu viver, literalmente, a vida? Você tem algum amigo, ou amiga, que trabalha numa parte do dia e na outra tira para cuidar de si, de seus hobbies, de seus livros, de seus discos, de seus filmes, de suas plantas, de seus filhos...? Claro que não! (Deixo uma pequena margem para a exceção). A grande maioria das pessoas não se permite mais ter tempo de sobra. A humanidade vive uma nova era da corrida do ouro. Só que desta vez a alquimia transformou o ouro em notas, papel, moeda, casa, carro, roupa... Roupa, carro, casa, moeda, papel, notas... Minha nossa! O que mais as pessoas precisam para se convencer de que (mesmo construindo um caixão cheio de gavetas) não dá
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Araranguá localiza-se à latitude 28º56’05" Sul e à longitude 49º29’09" Oeste. O município fica a 13 metros acima do nível do mar. Possui área de 298,42 km². A população estimada em 2004 era de 60.076 habitantes. Seu atual prefeito é Mariano Mazzuco. (dados: www.ararangua.net)
anhêê... Lá vem a Taba!!
Léia Batista
A BOA IMPRESSÃO É A QUE FICA
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seletos convidados, com a maioria se mostrando ansiosa pelo início da viagem. Todos a bordo, voaram para o Sul. Do alto, em cena inédita para alguns, apreciaram à meia altura o ziguezaguear das estradas, os altos e baixos das montanhas e as azuladas águas litorâneas. Lá estavam José Steinner, agente da TABA, Eduardo Victor Cabral e sua filha Eury, Ady Neves, funcionária do DEE, jornalista Waldir de Oliveira Santos, representando o presidente da Associação Catarinense de Imprensa, jornalista Batista Pereira, Consuelo Braglio, Laurita Filomeno, Josina Trindade e Jaime Nascimento, funcionários dos Correios e Telégrafos de Florianópolis, e os araranguaenses Arthur Campos, presidente da Câmara e Affonso Ghizzo, prefeito municipal. Em Laguna, como única escala, o Catalina pousou para receber mais convidados, integrando-se ao grupo José Mário Barbosa, representando o Prefeito, Carlos Horn, da Rádio Difusora, Francisco Cabral, da Associação Comercial, Gláucio Rocha, do tradicional semanário “O Albor”, Arnoldo Zukoski, agente postal de Laguna, Osni Lima Veiga, agente local da TABA, e Dilton Brasil, Theodoreto Pacheco, Francisco Martins Fonseca e
Hidroavião Catalina, da TABA, pousa pela primeira vez no rio Araranguá, em 1948, como extensão da linha Rio de Janeiro/Laguna, com posterior conexão com Porto Alegre
Almiro Rocha, como convidados da empresa. Às 16 horas, depois de uma deslumbrante viagem, amerissariam no Araranguá, sob calorosa recepção. Lá estavam autoridades e um surpreendente número de curiosos, todos com os olhos arregalados para aquele misterioso “avião que não afunda”, coisa nunca vista. Do trapiche, improvisado como hidroporto, os passageiros seguiram até a margem, onde foram cumprimentados pelos locais e conduzidos, em grande acompanhamento, até o Hotel Labes, lugar da honrosa hospedagem. Ao anoitecer, o prefeito de Araranguá ofereceu um coquetel a seus visitantes, seguindo-se um animado soarê no Clube América. Na manhã seguinte, às 8 horas, o Catalina voou de volta em direção à Capital, tendo, todavia, que permanecer mais um dia em Laguna, aguardando abertura de teto, pois daquele lugar em diante era impossível seguir viagem. Se muito impressionou aos viajantes a bela recepção oferecida pelo povo araranguaense, mais ainda se deslumbraram os convidados com o cenário que apreciaram em todo o vale do Araranguá. “Indescritível” foi a palavra mais ouvida dos passageiros durante a panorâmica. n