O milagre da amizade Creio que os leitores do Jornaleco já perceberam que gosto de filmes. Eu e o Ricardo, é claro. Somos marcados, nós dois, pela maravilhosa indústria hollywoodiana, o que, afinal, não deve ser motivo nem de pesar, nem de vergonha. Aí vocês poderão argumentar: “O Ricardo é bem mais jovem, e você um velhusco de outra geração...” É verdade. Mas, por um fenômeno que não sei explicar – e nem sei se o próprio Freud explicaria –, o meu amigo Ricardo parece capaz de assumir papéis de vários personagens, e até mesmo de transcender o tempo e o tão falado “choque de gerações”. O fato, mesmo, é que existe uma grande e imensa simpatia entre nós dois: eu, um inte-
lectual desiludido; ele, um jovem jornalista embalado por sonhos e movido por idealismo (principalmente naquilo que se relaciona com o legado histórico e o futuro de Araranguá). O espiritismo de Allan Kardec – que era seguido, com grande convicção, por meu saudoso pai – tenta explicar certos casos de relacionamentos humanos através da teoria dos FLUÍDOS. Estes poderiam ser, segundo essa interessante doutrina, POSITIVOS ou NEGATIVOS. Desse modo haveria explicação para os sentimentos de simpatia ou de antipatia gratuita, que nos atingem, muitas vezes, de maneira estranha, até inexplicável – e que podem ser tão poderosos a ponto de nos fazerem cometer julgamentos equivocados e erros de avaliação a respeito de certas pesso-
38
HÁ ANOS
diretor WLADINIR LUZ redator ERNESTO GRECHI FILHO oficina NEI DA ROSA Publicado nas oficinas da GRÁFICA ORION, de abril de 1960 a maio de 1975
MDB surpreende com sua reunião
Free-way Será entregue, até o final deste ano, a “free-way”, que ligará Porto Alegre a Osório, vindo a encurtar a distância entre Araranguá-Porto Alegre em quase 50 minutos. (CA 232, de 22/07/1972)
O tempo continua fenomenal Nunca se registrou por aqui um clima tão confuso como esse do ano da graça de 1972. Incrivelmente embaralhado. De princípio, o verão causticante prorrogou seu mandato até as beiras do mês de julho. De súbito, um frio terrível fez o cristão bater queixo. Geadas, ventos, o famoso minuano. As nevadas na serra (...). Mas parece que nova cassação surgiu. E nesta última semana, o calor voltou com toda a força da caldeira (...). (CA 233, de 05/08/1972)
Av. XV de Novembro, 1807 - Centro
Com a presença do deputado federal Tancredo Neves, líderes estaduais e numeroso contingente de adeptos do partido da oposição, realizou-se a reunião emedebista na sede do UCCA - União Clube Cidade Alta. Considerando que o MDB até há pouco nem sequer diretório possuía nesta cidade, o número de simpatizantes e correligionários surpreendeu grandemente. Municípios do Vale do Araranguá se fizerem presentes através de seus representantes. Diversos nomes estão sendo sondados para formar a chapa da agremiação para disputar a prefeitura em novembro próximo. Até agora, porém, nenhum nome conseguiu se firmar. (CA 233, de 05/08/1972)
Biblioteca Municipal volta a funcionar Após uma ampla reforma externa e interna, a Biblioteca Municipal Luiz Delfino volta finalmente a servir o público de Araranguá, sob novos moldes, e aguardando seu local definitivo e digno em uma ampla dependência da nova Prefeitura. Para evitar os inconvenientes do passado, a Biblioteca não mais emprestará livros para leitura em domicílio. (CA 233, de 05/08/1972)
A marca do seu parceiro de estrada
APOIO CULTURAL
A BOA IMPRESSÃO É A QUE FICA
Moacyr Grechi nomeado bispo O padre Moacyr Grechi, até há pouco diretor de Seminário de Turvo, foi elevado à categoria de bispo pelo Papa Paulo VI, devendo seguir ao Acre. Padre Moacyr é natural de Turvo [nascido em 1936, quando Turvo era parte de Araranguá; ordenado sacerdote em 1961; hoje, arcebispo de Porto Velho - RO], filho de Urivalde Grechi e Eufêmia Pescador Grechi. Fez o curso primário e ginasial em Araranguá e posteriormente no Turvo. Em seguida viajou para a Europa, formando-se em Teologia. (CA 232, de 22/07/1972)
Ano Xiii - julho/agosto de 1972
Fone/Fax: 3524-5916
Desculpem os leitores se resvalei, inopinadamente, para assunto tão sério. Acontece muito comigo: começo falando sobre ALHOS e termino discorrendo sobre BUGALHOS...
POSTOS IRMÃO DA ESTRADA DISK FONE (0**48) 3524-0071
casadocarimbo@brturbo.com.br
Solicite-nos através de jornalecocultural@yahoo.com.br o recebimento das edições do Jornaleco (igual no papel + as fotos coloridas) via e-mail
JORNALECO jPANFLETO CULTURAL
15/07/2010 • ANO 17 • Nº 352 ESTA EDIÇÃO: 4 PÁGINAS
Distribuição gratuita Periodicidade quinzenal Tiragem: 1.000 exemplares
H FUNDADO EM 18 DE MAIO DE 1994 H Ricardo Grechi CONTATOS Rossana Grechi DISTRIBUIÇÃO Gibran Grechi , Nilsinho Nunes ASSISTÊNCIA Guaraciara Rezende OFICINA Nei, Valdo, Welington, David, Toninho GRÁFICA CASA DO CARIMBO DE A.César Machado EDIÇÃO E PROJETO GRÁFICO
© Ricardo Francisco Gomes Grechi (reg. nº 99866 - prot. 4315/RJ, de 17/07/1995)
UMA PUBLICAÇÃO
ORION EDITORA Calçadão Getúlio Vargas, 170
88900.000 Araranguá - SC - Brasil jornalecocultural@yahoo.com.br
JORNALECO ARARANGUÁ, 15 DE JULHO DE 2010 • ANO 17 • Nº 352
APOIO CULTURAL
Aimberê Araken Machado
as. Em consequência disso, tanto podemos premiar quem não merece, quanto castigar os bons e virtuosos. Mas tudo isso faz parte de uma teoria, e, como tal, pode ser aceito ou não. É de se notar, no entanto, que o espiritismo kardecista afirma não se basear em DOGMAS – que são verdades apriorísticas –, e sim no raciocínio e na análise racional dos fenômenos humanos (o “Livro dos Espíritos” – obra máxima de Kardec – procura fazer justamente isso). Por outro lado, a METEMPSICOSE (transmigração das almas) já era discutida pelos filósofos gregos, cinco séculos antes do nascimento de Jesus Cristo. Será que os espíritas se valeram desse conceito para elaborar a teoria da REENCARNAÇÃO? Essa questão sempre me inquietou, e nunca obtive uma resposta satisfatória a ela!
Araranguá localiza-se à latitude 28º56’05" Sul e à longitude 49º29’09" Oeste. O município fica a 13 metros acima do nível do mar. Segundo o IBGE, sua área é de 304 km²; em 2009, sua população foi estimada em 59.537 habitantes. Seu atual prefeito é Mariano Mazzuco Neto, e o vice-prefeito é Sandro Maciel.
ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL DE
ARARANGUÁ v i s i t e : w w w. a r a r a n g u a . n e t
Este era o meu Araranguá (2) texto de CÉSAR DO CANTO MACHADO cesardocanto@linhalivre.net
Nos mesmos bairros, calçadas ou muros praticamente inexistiam e as ruas eram sem calçamento. Quando muito, de melhoria no instável leito, pedras brutas irregulares faziam a função de lastro mais firme. Isto acontecia, também, em boa parte do perímetro urbano. Era muito comum, também, o uso da conhecida “pedra cachoeira”, quase sempre pequena e roliça, abundante nos rios na região. No lugar dos muros, os proprietários usavam toscas cercas com sarrafos de madeira, ou demarcavam a área com moeirões, ligados entre si com arame farpado. Os terrenos baldios não ganhavam cercas, salvo aqueles onde os donos resolviam criar seus animais (potreiros). Além da Cidade Alta, tínhamos como bairros mais conhecidos e perto do centro da cidade, Barranca, Mato Alto, Urussanguinha, Coloninha, e Buraco Quente (atual Vila São José, que era, dos aglomerados periféricos, o mais pobre deles). Havia, ainda, o precário núcleo chamado “Pau Pega” (quem sabe, até, o primeiro ensaio de favela no Vale do Araranguá). E, mais distante, ficavam o frequentadíssimo balneário/distrito de Arroio do Silva, praia do povão, e a sofisticada praia do Morro dos Conventos (ali, meu amigo, só a Diretoria!). Das lojas centrais de Araranguá, as mais famosas eram a Casa Cometa, Farmácia da Fé, Casa Bandeirantes e Gomes & Pelegrini que depois virou Gomes, Garcia. E, nada diferente do que era moda na época, o Café Brasil, principal bar da cidade, constituía-se no ponto de referência dos políticos do lugar, favorecido que era pela localização, na esquina da avenida Getúlio Vargas com a Sete de Setembro, já na altura da Praça Hercílio Luz, a menos de 100 metros da Igreja Matriz. O Café Brasil, fundado por uma firma composta de Ary Máximo da Silva e Olavo Parisi, localizou-se primeira-
SALVADOR / FCA
aimbeream@yahoo.com.br
No “tempo do César”: a Praça e a esquina do Café Brasil em dia de festa do Divino
mente em uma casa pertencente ao padre João Casali, que fora coadjutor da paróquia. Situava-se no ponto onde hoje está o prédio do Correio. Mais tarde, ali perto, passou a ocupar a esquina da Getúlio Vargas com a Sete de Setembro, ao lado da antiga Prefeitura (impiedosamente demolida), próximo da Igreja Matriz . O primeiro produto gelado, à venda no Café Brasil, foi picolé de chocolate. Cada unidade da guloseima era envolta em papel, o qual, após desenrolado, se jogava displicentemente na calçada fronteira e adjacências, o que resultava em disperso lixo, que o vento se encarregava de espalhar rua afora. Vivendo vida política diferenciada, o Café Brasil passou pelo Estado Novo, quando não havia militância políticopartidária. Depois da queda do Getúlio (havida em 29 de outubro de 1945), o local passou a ser frequentado indistintamente por membros de todos os partidos. Com o correr do tempo, os udenistas tinham como ponto principal de encontro o “Café do Grechi”, quase defronte ao Cine Roxy e à agência ao Banco Inco, gerenciada duran-
te largo tempo por Affonso Ghizzo, chefe udenista. Pouco mais tarde, demolida a casa em que funcionava o “Café”, deu-se, no mesmo ponto, a construção do sobrado das Lojas Grechi. Então, as reuniões passaram a efetuar-se no Bar Central (Café do Carlito), de propriedade de Carlos Arcari, genro de Ernesto Grechi (sênior). Todos os estabelecimentos citados se situavam na avenida Getúlio Vargas, na quadra compreendida entre a Praça Hercílio Luz e a rua 15 de Novembro. No atendimento a visitantes de pernoite, o Hotel Labes se vangloriava de ser o melhor ponto de hospedagem. Na indústria, o destaque era a Fábrica de Calçados Rio Verde, de Leopoldo Marques Petri, a maior de todas, localizada também no centro, na rua Engenheiro Mesquita. No mais, os empregados da indústria eram ocupados no moinho de farinha de Walter Belinzoni, na fábrica de café de Otacílio Bertoncini e na fábrica de balas Beija-Flor, de Paulo Hann. Sabia-se de outros engenhos e beneficiamentos de fumo, porém nenhum com tanta notoriedade. z