Jornaleco 360 15 nov 2010

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texto de CÉSAR DO CANTO MACHADO

aí na ‘cardeneta’!

todo mundo usava os ônibus do Zé Pereira (Empresa União) quando ela ainda não era tão poderosa como hoje. Fartos horários da verdolenga atendiam plenamente às necessidades dos veranistas e nativos. Na Praia a maioria dos automóveis que circulavam na temporada era dos serranos. É que, certamente, não caberia tanta gente nos ônibus do Expresso Régis que, durante todo o verão, tinha linha regular de Bom Jesus para o litoral araranguaense. E eles, fominhas por praia, serra abaixo, vinham de cambulhada. 3 – Já dito, e voltando ao assunto, poucas pessoas davam importância para comunicação com o mundo exterior na Praia. O rádio era, para os poucos que o possuíam (mais os nativos), uma peça meramente decorativa, mesmo se sabendo que para sintonizar uma emissora de fora era bem tranquilo – pegava até a Maristela, de torres. Jornais, porém, nem chegavam lá – quem quisesse um Correio do Povo que fos-

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Revendo meus alfarrábios e puxando um pouco pela memória, pincei alguns tópicos interessantes do “Arroio” dos anos 60: 1 – Quando os araranguaenses iam para o Arroio passar a temporada, iam mesmo! Durante todo o período de verão raríssimas vezes retornavam à “Cidade” e faziam isso só quando fosse para uma emergência – hospital, por exemplo. No mais, nada de boleto bancário e, muito menos, carnês de lojas. É que vivíamos outros tempos e era na base da famosa caderneta – ou cardeneta, como pronunciava a imensa maioria –, o implacável caderninho de fiado, criado pelos donos das vendas, armazéns e lojas (ou então pagava-se tudo antes de ir para a praia). 2 – Quando necessário, de cá pra lá ou de lá pra cá (Cidade/Praia), quase

aimbeream@yahoo.com.br

Aimberê Araken Machado Um homem chamado Brahma

Brahma sempre viajava de jipe – daqueles “Willis” valentes, com capota de lona, desconfortáveis mas muito resistentes –, e costumava dizer que “aquilo, sim, era carro de macho”. Já se vê que o nosso amigo não era nada modesto, e não correspondia, em absoluto, ao estereótipo que, muitas vezes, forma-se a respeito dos gordos: bonzinhos e pacíficos. Não era nem uma coisa, nem outra: praticava luta-livre, gostava de mulheres e não enjeitava briga. Certa vez, ele nos levou ao bordel da Faísca. Até certa hora, tudo estava bem. Mas, como costumava acontecer às vezes, a paz foi interrompida de repente: adentrou o salão um sujeito alto, moreno e mal-encarado; esse indivíduo, já bastante bêbado, não simpatizou com nosso amigo Brahma. Houve uma

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altercação entre os dois, e o grandalhão sacou um punhal enorme, brandindo-o no ar em sinal de desafio. Brahma levantou-se calmamente, deu uma rasteira no sujeito e, quando o valentão desabou no chão, foi desarmado e, logo a seguir, recebeu um violento tabefe no rosto. A Faísca, sempre alerta, interveio para acalmar os ânimos: expulsou o forasteiro do recinto (ela já conhecia o Brahma, e sabia que ele costumava gastar um bom dinheiro quando visitava o bordel. Era considerado, portanto, um “cliente especial”...). Nós – dentre os quais estavam, como sempre, eu e o Ferrinho –, da arraia-miúda, ficamos somente assistindo, a uma distância prudente. Quando a briga terminou, rodeamos o Brahma, rimos e exaltamos sua boa atuação; ele nos ofereceu, risonho, um copo de cerveja. Com incrível serenidade – como se nada tivesse acontecido! –, o nosso amigo pagou a despesa e agradeceu à Faísca sua oportuna providência. Em seguida, embarcamos no jipe e fomos todos embora, lampeiros, devidamente excitados e orgulhosos por aquela pequena e inesperada aventura (e, principalmente, por termos um amigo tão valente e protetor...).

A marca do seu parceiro de estrada

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Faz muito tempo que o conheci, e por isso será difícil que alguém se lembre dele. De vez em quando, vários “caixeiros-viajantes” (assim se chamavam, antigamente, os representantes comerciais) vinham vender seus produtos em Araranguá. Brahma foi um destes. Seu apelido tinha origem óbvia, eis que sua mercadoria era a famosa cerveja. Brahma era gordinho, claro e extraordinariamente simpático. Em vista disso, angariou boas amizades em Araranguá. Dentre estas, estávamos eu e o Ferrinho; logo que o Brahma chegava, em suas periódicas visitas à nossa praça, a primeira coisa que fazia era apresentar-se nos lugares mais frequentados (geralmente, no Café Brasil, que era o ponto da cidade por onde todos passavam. O Ferrinho e eu íamos muito ali).

se comprar na banca do William, na “Cidade”. Televisão, então, nem em sonho. Aliás dela, em Araranguá, eu só tinha visto lá no famoso Bar do Quitandinha, ao lado da Igreja. A qualidade era sofrível, numa sintonia bem sonrizal. 4 – Das pescarias, só o velho e bom arrastão despertava a atenção do pessoal da Praia. Nesse dia, era uma festa. Todo mundo ia para a beira do mar na mesma hora, quase sempre em direção à Lagoinha (como quem vai para a praia da Gaivota). Lá, uns apreciavam a chegada das canoas, enquanto a maior parte ajudava os pescadores a puxar a gigantesca rede. E, sem demora, apareciam os peixes de todos os tipos – a variação da espécie ia do pampinho à temida arraia, passando por papa-terras, violas, bagres e os horríveis cações. Os pampinhos, que eram rejeitados pelos pescadores, quase sempre ficavam de graça para a criançada. Imaginem a festa!

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JORNALECO ARARANGUÁ, 15 DE NOVEMBRO DE 2010 • ANO 17 • Nº 360

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Meu Arroio de sempre VI / Marca

Araranguá localiza-se à latitude 28º56’05" Sul e à longitude 49º29’09" Oeste. O município fica a 13 metros acima do nível do mar. Segundo o IBGE, sua área é de 304 km²; em 2009, sua população foi estimada em 59.537 habitantes. Seu atual prefeito é Mariano Mazzuco Neto, e o vice-prefeito é Sandro Maciel.

ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL DE

ARARANGUÁ v i s i t e : w w w. a r a r a n g u a . n e t

Pequena história da Paróquia Sagrada Família da comunidade católica da Cidade Alta “Atendendo às necessidades espirituais do povo cristão na Paróquia Nossa Senhora Mãe dos Homens, em Araranguá, e escolhendo a sugestão do atual pároco, Cônego Paulo Hobold, a mim manifestada, no sentido de formar uma nova paróquia com sede em Araranguá, julguei chegada a hora de levar a efeito o referido projeto”.

ENIO FRASSETTO / NOV. 2010

teimoso de inverno, o sol e a chuva ajudaram a temperar a comunidade que estava se formando. Foi um ano duro, mas cheio de amor. A cada dia, a comunidade crescia. Então pudemos construir nossa sede paroquial, iniciada aos 8 de maio de 1977 e inaugurada a 23 de outubro de 1977”. O primeiro pároco também deixou registrado: “É nossa meta fazer de nosso bairro um lugar lindo e bom para se viver, onde dê para se notar Essas foram as palavras que existe amor”. iniciais de Dom Anselmo A construção da Igreja Pietrulla, no decreto de criaMatriz teve seu início no dia 2 ção da Paróquia Sagrada de janeiro de 1980. Da ação Família, na Cidade Alta, em de leigos e leigas criou-se a 13 de dezembro de 1976. “Igreja-Viva”, formou-se Em 2 de janeiro de 1977, novas comunidades, publicouo Bispo celebrou a primeira se mensalmente o boletim A igreja, erguida ao lado da Praça, com a nova torre, missa, que aconteceu no local informativo “Conhecer para projeto da Frassetto Reschke das futuras instalações da amar”. A imagem da Sagrada nova paróquia. O evento complefamília foi doada pelos jovens, em O PRIMEIRO PÁROCO tou-se com a bênção da pedra 12 de novembro de 1978. Para fundamental e a assinatura da No dia 4 de fevereiro de 1977 angariar fundos, os jovens fizeram doação do terreno por Cesário aconteceu a chegada do padre caminhadas, rifas e diversas Manoel Cibien e família. Pacífico D’Agostin, o primeiro promocões. O sentido da aquisição Um pedido de Cesário ficou pároco. Assim diz o padre Pacífico registrado: “Que a padroeira da no final do primeiro ano: “A comu- da imagem era: “Os filhos vão dar Paróquia seja a Sagrada Família”, nidade reuniu-se sempre no pátio da a imagem da Padroeira aos pais”. Jordana de Fáveri Monteiro que demonstrava o carinho e devoescola Maria Garcia Pessi, todos os e Rosane Vieira Sousa / ção que sua família manifestava à domingos e dias de preceito. A adaptado do texto do Pe. Sidnei Vitali, família de Nazaré, tendo sempre brisa orvalhada das manhãs de publicado no Jornaleco no 64, de 10 de setembro de 1997 por modelo e exemplo. verão, o minuano inclemente e

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15/11/2010 • ANO 17 • Nº 360 ESTA EDIÇÃO: 4 PÁGINAS

Distribuição gratuita Periodicidade quinzenal Tiragem: 1.000 exemplares

H FUNDADO EM 18 DE MAIO DE 1994 H Ricardo Grechi CONTATOS Rossana Grechi DISTRIBUIÇÃO Gibran Grechi , Nilsinho Nunes ASSISTÊNCIA Guaraciara Rezende OFICINA Nei, Valdo, Welington, David, Toninho GRÁFICA CASA DO CARIMBO DE A.César Machado EDIÇÃO E PROJETO GRÁFICO

© Ricardo Francisco Gomes Grechi (reg. nº 99866 - prot. 4315/RJ, de 17/07/1995)

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