Jornaleco 367 01 mar 2011

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CORETOS: Sent. horário: Primeiro coreto, num dia de festa de Nossa Senhora Mãe dos Homens, nos anos 30; e em 1929.

Segundo coreto (1943-1979), que abrigava a Biblioteca Pública Luís Delfino (poeta catarinense), num evento em 7 de setembro de 1943; e nos anos 70.

Em 1979: o coreto foi reformado – leia-se destruído – e hoje abriga a Biblioteca Ada Pereira (nossa primeira bibliotecária).

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JORNALECO

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Em 18 de janeiro de 1927, foi inaugurado, no bairro Barranca, em Araranguá, o transporte de passageiros pela Estrada de Ferro Dona Teresa Cristina, desde Imbituba. O transporte de cargas iniciou-se em 1o de agosto do ano seguinte. Em 1969, o trem partiria pela última vez de Araranguá.

ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL DE

ARARANGUÁ v i s i t e : w w w. a r a r a n g u a . n e t

ARARANGUÁ, 1o DE MARÇO DE 2011 • ANO 17 • Nº 367

O tênis em Araranguá

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o

ANIVERSÁRIO

Sofia Grechi Garcia

Em 1978, surgiram os primeiros praticantes de tênis em Araranguá. Das primeiras raquetadas até hoje, surgiram alguns destaques. Em conversa com Dalton Luchtemberg, nosso primeiro tenista a competir em torneios estaduais, apuramos um pouco da história do tênis em nossa cidade Primeiros jogadores e quadras Tudo começa com um grupo de amigos. O ano é 1978. Munidos de raquetes de madeira, Luís Paulo Schwalb, que aprendera a jogar tênis em Brasília quando capitão do Exército, Marco Antonio Búrigo e Valdir Basso disputavam partidas numa quadra do Camping Morro dos Conventos. Mais tarde, em quadras do Lago Dourado e do Golférias, juntaram-se a eles outros entusiastas, como Nelci Luchtemberg e seu irmão mais novo, Dalton, que se tornaria o primeiro expoente do nosso tênis.

Dalton Luchtemberg x Guga Como o garoto Dalton demonstrava muito jeito para a coisa, Nelci resolveu levá-lo para treinar no Clube Mampituba, em Criciúma, um pólo forte do tênis catarinense. Dalton teve como professor Gustavo Simonetti, hoje um guru do tênis no Rio Grande do Sul. Dalton Luchtemberg nasceu em Araranguá, em 1969, filho de Carlos Luchtemberg e Antonia Rocha Luchtemberg. Foi o primeiro tenista araranguaense a competir em circuitos catarinenses. A partir de 1984, disputou torneios regionais e estaduais, da quinta classe, em Criciúma, Florianópolis, Itajaí, Joinville, Blumenau.

Muitas vezes viajava sozinho para os locais dos jogos. Em 1989, jogou duas partidas (uma, ele garante que perdeu) contra Gustavo Kuerten, futuro maior tenista do Brasil. Dalton conta que era perceptível o talento excepcional do então pequenino Guga. No ano seguinte, Guga passaria já à primeira classe do tênis catarinense.

Escola de tênis em Araranguá A partir de 1989, Dalton se dedicou a ensinar tênis. Nelci havia construído uma quadra na Virgulino de Queiróz e Dalton começou a receber seus primeiros alunos.

A maioria dos tenistas da cidade receberam lições dele. Ele também atuou como técnico, treinando o sobrinho Marcelo Bacha Luchtemberg, que venceu torneios estaduais. Alguns outros alunos de destaque que treinou e também competiram em torneios e conquistaram troféus foram a Clédia, a Jussara e a Lis (filha de Jussara e Kila), que atualmente treina em Itajaí.

Os ídolos e o tênis hoje As referências de Dalton no mundo do tênis foram Bjorn Borg, John McEnroe, Jimmy Connors, Ivan Lendl e Boris Becker.

No Brasil, Luiz Mattar e Cássio Motta.

Com a chegada da era Guga, a partir de 1997, a prática de tênis aumentou consideravelmente em todo o Brasil. Em Araranguá, Dalton calcula que cresceu em 70% o número de praticantes na cidade.

Além de ser o araranguaense pioneiro em competições estaduais, Dalton também foi pioneiro como professor e técnico.

Além disso, organizou circuitos e torneios em Araranguá, como o Araranguá Tênis Cup, jogado no Fronteira Clube, em 2007, com participação de 47 atletas de Araranguá, Sombrio e Tubarão; a dupla araranguaense Tairone Soares e Pedro Paulo Nunes conquistou o segundo lugar.

Atualmente, Dalton ensina tênis em sua academia, numa quadra anexa a KDM Pré-Moldados.

(Ricardo Grechi)

SOFIA, a garota do auto-retrato, é filha da Rossana, que em abril de 1995 apareceu na capa do Jornaleco como “A Bela Araranguaense”, a primeira de uma série fotográfica que duraria até 2001. Na época, não havia a facilidade das máquinas digitais, nem Orkut para se exibir fotos, e mesmo a Internet não era tão popular. As garotas que apareciam no Jornaleco brilhavam.

SOFIA nasceu em 28 de fevereiro de 1996, filha de Rossana Grechi e Cássio Garcia, e irmã de Cássio Grechi Garcia. É torcedora do Flamengo, cursa inglês, gosta de viajar, sair com amigas e amigos, assistir filmes, ler livros, ouvir música. Estuda no Colégio Murialdo e é uma aluna genial (um tantinho geniosa). Uma bela araranguaense. (RG)

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1o/03/2011 • ANO 17 • Nº 367 ESTA EDIÇÃO: 8 PÁGINAS

Distribuição gratuita Periodicidade quinzenal Tiragem: 1.000 exemplares

H FUNDADO EM 18 DE MAIO DE 1994 H EDIÇÃO E PROJETO GRÁFICO Ricardo Grechi CONTATOS Rossana Grechi DISTRIBUIÇÃO Gibran Grechi , Nilsinho Nunes ASSISTÊNCIA Guaraciara Rezende IMPRESSÃO GRÁFICA CASA DO CARIMBO DE Rosa e Antonio César Machado OFICINA José Nei da Rosa, Valdo, Welington, David, Toninho Abel

© Ricardo Francisco Gomes Grechi (reg. nº 99866 - prot. 4315/RJ, de 17/07/1995)

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As melhores escolas – e o senso comum nos diz que são as particulares – estão cada vez mais afinadas com as táticas publicitárias, e sua mistificação discorre sobre “futuro” e “competição”.

Mas a vida sempre aplica suas lições, e aprendemos que ela precisa ser vivida presentemente, que para a grande maioria de nós o futuro deverá ser menos alegre que esses dias de juventude, independentemente de conquistas profissionais, carreira promissora, dinheiro e posses acumuladas. Que a realização plena da pessoa humana não é fruto do esforço para competir, mas da descoberta que o estudo, o trabalho e a captação de recursos, para os quais as escolas e a própria vida nos orientam, devem ser uma magnífica aventura, não um projeto. Mesmo porque, no final, como escreveu o filósofo e psiquiatra americano William James (1842-1910), em suas últimas linhas: “Não há sortes para serem lidas, e não há conselhos a dar”. O que temos nas mãos é o dia de hoje para colher as flores que desabrocham agora. z

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r a r a n g u a e n s e

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(Lara, filha de Paula e Pena, nasceu em 15 de fevereiro de 2011)

Mulher brasileira Mulher guerreira Mulher trabalhadeira Mulher perfeição Mulher harmonia Mulher melodia Mulher alegria Mulher coração

Mulher ciumenta Mulher que afugenta Mulher que atormenta Mulher pegajosa Mulher fofoqueira Mulher faladeira Mulher baboseira Mulher invejosa

Mulher que chora Mulher que implora Mulher que devora Mulher solidão Mulher sorridente Mulher contente Mulher diferente Mulher tentação

Mulher mocinha Mulher gracinha Mulher direitinha Mulher virginal Mulher dos trinta Mulher distinta Mulher faminta Mulher divinal

Mulher que embala Mulher que avassala Mulher que acasala Mulher carinhosa Mulher que beija Mulher que rasteja Mulher que festeja Mulher dengosa

Mulher dos quarenta Mulher que acalenta Mulher que apimenta Mulher juventude Mulher cinquentona Mulher bonitona Mulher que detona Mulher plenitude

Mulher magrinha Mulher miudinha Mulher fininha Mulher omelete Mulher gordinha Mulher fofinha Mulher cheinha Mulher banquete

Mulher caridosa Mulher bondosa Mulher piedosa Mulher dos sessenta Mulher vivida Mulher ouvida Mulher precavida Mulher dos setenta

Mulher diplomada Mulher estudada Mulher afamada Mulher estonteante Mulher sem estudo Mulher sem canudo Mulher vale tudo Mulher brilhante

Mulher poesia Mulher sabedoria Mulher magia Mulher dos oitenta Mulher doçura Mulher ternura Mulher clausura Mulher dos noventa

No traço das nuvens branquinhas Vejo tantos e tão variados bichinhos O carneiro, o urso e o cavalinho Tem o gato, o cão e o passarinho.

Vou recolhendo um a um e guardando na minha memória, com cuidado, para te dar quando chegares; são tão branquinhos!

Tome cuidado para que não sujes; mas não faz mal se isso acontecer, recolho ainda outros para ti!

Tem mais, muito mais!

Tem a lua, cor de prata, com Nossa Senhora e o Menino Jesus E o pôr-do-sol com seus raios dourados, finalizando mais um espetáculo Ainda tem as gotinhas de orvalho banhando as folhagens de manhãzinha e as rendinhas das aranhas entre estas folhinhas Tem a chuva, que risca toda a paisagem, e tem as estrelinha que parecem brilhantes bordados no manto da noite E ainda tem a neve alvinha, que cai de mansinho e cobre todos os tetos de branquinho (esta por estas bandas é rara!)

Guardei tudo para te oferecer, Lara, minha querida netinha!

Linda como o alvorecer A filha da minha filhinha Repete-se minha alegria Agora, minha netinha!

ARLETE ZANERIPPE fuga!

Alma teima em existência Na busca de concretização Inúmeras consequências De projetos frustrações!

Nada diviso em sintonia Com verdades vinculadas Somam conceitos utopias Ética e moral assassinadas Não quero ser matéria Nem quero ser acomodada Quero tanto quero tudo Por minha mãe embalada.

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Deus nos dá as nozes.

Mas não as quebra.

LIÇÃO A prova Olhem o que um professor é capaz de fazer. O fato narrado abaixo é real e aconteceu em um curso de Engenharia da USJT (Universidade São Judas Tadeu), tornandose logo uma das “lendas” da faculdade...

Na véspera de uma prova, quatro alunos resolveram chutar o balde: iriam viajar. Faltaram a prova e então resolveram dar um “jeitinho”. Voltaram à USJT na terça-feira, sendo que a prova havia ocorrido na segunda. Então, dirigiram-se ao professor: – Professor, fomos viajar, o pneu furou, não conseguimos consertá-lo, tivemos mil problemas, e por conta disso tudo nos atrasamos, mas gostaríamos de fazer a prova.

O professor, sempre compreensivo: – Claro, vocês podem fazer a prova hoje à tarde, após o almoço.

E assim foi feito. Os rapazes correram para casa e se racharam de tanto estudar, na medida do possível. Na hora da prova, o professor colocou cada aluno em uma sala diferente e entregou a prova: Primeira pergunta, valendo um ponto: “Fale das Lei de Ohm”. Os quatro ficaram contentes, pois haviam lido algo sobre o assunto. Pensaram que a prova seria muito fácil e que haviam conseguido se “dar bem”. Segunda pergunta, valendo 9 pontos: “Qual pneu furou?”

(NET)

PARÁBOLA O sentido da riqueza Um dia, um pai de família rica levou seu filho pequeno para viajar pelo interior, com o propósito de mostrar o quanto as pessoas podem ser pobres. O objetivo era convencer o filho da necessidade de valorizar os bens materiais que possuía, o status, o prestígio social. Ele queria, desde cedo, passar esses valores para seu herdeiro.

Eles passaram um dia e uma noite numa pequena casa de taipa, de um morador da fazenda de seu primo. Quando retornaram da viagem o pai perguntou ao filho: – O que achou da viagem?

– Gostei muito, papai!

Amor é um sentimento. O bem que me faz, a ternura e o cuidado que me inspira.

Quando fecho os olhos, o que vejo?

Quando os abro, o que procuro?

A paixão é uma emoção. Meu amor, como você me entorpece!

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Não podemos nos tornar o que devemos ser se continuarmos sendo o que somos.

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– Você viu a diferença entre viver na riqueza e viver na pobreza?

– Sim. – E o que aprendeu?

O filho respondeu: – Eu vi que nós temos um cachorro em casa, e eles têm quatro.

Nós temos uma piscina que alcança o meio do jardim, eles têm um riacho que não tem fim. Nós temos uma varanda coberta e iluminada com lâmpadas, eles têm as estrelas e a lua. Nosso quintal vai até o portão de entrada, eles tem uma floresta inteira.

Quando o pequeno garoto acabou de responder, seu pai estava perplexo.

O filho acrescentou: – Obrigado, papai, por me mostrar o quão “pobre” nós somos!

PIADA Um dia de cão O sujeito estava no fundo do bar, triste e arrasado, com seu copo de bebida, quando entra um cara revoltado, quebrando tudo, gritando com todo mundo. O cara chega até a sua mesa, arranca o copo de sua mão, bebe quase tudo e joga o resto na sua cara: – Fala alguma coisa, cachorro! Fala logo, antes que eu te arrebente!

O sujeito responde, triste: – Tudo bem cidadão. Hoje é meu dia de azar, mesmo. De manhã eu perdi a hora porque acabou a energia e tive que descer vinte andares de escada. Fui sair da garagem, o pneu estava furado. Perdi meia hora pra trocá-lo, saí com pressa e acabei batendo o carro. Cheguei atrasado no trabalho, discuti com meu chefe e fui despedido. Por causa disso, cheguei bem mais cedo em casa e peguei minha mulher na cama com outro homem. Aí perdi a paciência e fui bater no cara, mas acabei apanhando feio. E pra acabar de vez com o meu dia, eu tô aqui, na minha, me preparando pra me suicidar, e chega um idiota como você e toma o meu copo de uísque que eu tinha misturado com veneno! Assim não dá!

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A escola e a vida

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JORNALECO 367 1O/03/2011

A indústria da propaganda pinta o mundo conforme seu propósito de fazer vender, e assim aliena as pessoas a novas necessidades e as faz crer que felicidade é possuir os objetos que vão satisfazer essas necessidades.

O poeta Raimundo Correia (18591911) sentenciou em versos: Quanta gente que ri, talvez, existe cuja ventura única consiste em parecer aos outros venturosa!

A tônica do soneto “Mal secreto” cabe ainda mais para os dias de hoje, pois os pregadores da publicidade e da moda, como uma religião, nunca tiveram tanto poder de controlar os desejos e as escolhas das pessoas: vemos, ouvimos, usamos, compramos e consumimos, e até agimos conforme a moda e a publicidade determinam, tudo pela promessa de que, se não nos fazem pessoas felizes, ao menos nos farão parecer felizes às outras pessoas.

o é t i c a

CASA

Felicidade e propaganda

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APOIO CULTURAL

SOLO DO EDITOR RICARDO GRECHI

MAX DE PREE

PARÁBOLA Pontos de vista Certa vez, uma companhia enviou um vendedor de sapatos à uma cidade na África, onde nunca tinha estado. Ele era um dos vendedores mais antigos e experientes, e esperavam grandes resultados.

Logo após de chegar à África, o vendedor escreveu para a companhia, dizendo: – É melhor vocês me chamarem de volta. Aqui ninguém usa sapatos.

Foi chamado de volta. A companhia decidiu então enviar um outro vendedor que não possuía muita experiência, mas era dotado de grande entusiasmo.

A companhia achava que ele seria capaz de vender alguns pares de sapatos.

Pouco depois de sua chegada, ele enviou um telegrama urgente para a firma dizendo: – Por favor, enviem todos os sapatos disponíveis. Aqui ninguém usa sapatos!

notícia curiosa Carta demora 56 anos para chegar LONDRES, 2006 (AFP)

Uma carta, postada no correio de Londres em 3 de março de 1950, finalmente chegou, há poucos dias, a seu destino, a cidade de Cambridge, 90 quilômetros ao norte da capital britânica, informou, nesta terça-feira, o porta-voz do serviço nacional de correios, James Taylor.

A carta é dirigida a um certo George Green, com que uma mulher chamada Gwen marcou um encontro para o final de semana seguinte.

“A carta foi franqueada, por isso é extremamente improvável que tenha permanecido em nosso sistema durante todo este tempo”, afirmou. “É possível que ela tenha sido colocada num envelope grande e enviada para um endereço errado”, acrescentou, reconhecendo que, em todo caso, é uma ocorrência realmente curiosa.

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Aos poucos cada um vai se ajeitando aqui e ali e em seguidos minutos o maquinista anuncia a partida e o cobrador que confere as passagens vai perfurando uma a uma as cartelas, de vagão em vagão. Em seguida, lá na frente, o operador da máquina puxa a cordinha do estridente apito e acontece, então, o primeiro solavanco, aquele que pega alguns de surpresa e quase derruba os retardatários que acabaram de entrar nos vagões e, em pé, ainda não se acomodaram em seus lugares.

Num segundo tranco o trem já está em movimento; e lá vai o famoso “horário” a caminho do Araranguá, com breves passagens por Congonhas, Jaguaruna, Morro Grande, Esplanada, Esperança, Içara, Sangão, Verdinho, Próspera, Criciúma, Pinheirinho e Maracajá.

Das paradas algumas têm características próprias e as mais demoradas são em Jaguaruna – para a máquina beber água –, em Criciúma, para pegar novos passageiros e em Maracajá, para os últimos desembarques antes de o comboio chegar ao destino.

Para a criançada, porém, a melhor e mais divertida das estações é mesmo a da localidade de Esplanada, funcionando desde 1919 e que fica quase ao lado da de Jaguaruna. Lá, há sempre um alvoroço por parte da meninada, já que mil e uma guloseimas são oferecidas aos passageiros. Pelas próprias janelas, do lado de fora, ou pela rápida invasão aos vagões, estes especialistas em delícias caseiras, armam uma verdadeira gritaria de ofertas e não deixam os pais sossegados.

Homens e mulheres de todas as idades provocam água na boca da petizada passando em fila indiana pelo vagão com suas sortidas e lotadas bandejas, formas e pratos, habilmente equilibrados numa mão só, sempre à altura do ombro. Há ainda, os que trabalham com tabuleiros de balas e, diferente de todos os lugares, os que vendem água potável para consumo imediato. Neste caso, o produto é colocado num bule ou chaleira, sempre com um copo vazio emborcado no bico – é que a água oferecida nas cabines dos banheiros de cada vagão é impossível de ser consumida. Sai quente da torneira – por conta do sol - e quase preta, pelo volume de sujeira de carvão acumulado em seu depósito. Nem para lavar as mãos serve.

Ainda dos quitutes da Esplanada, docinho do céu, cocada, pão-de-ló, fatia dourada, broas de todo tipo, roscas – que chamamos de coruja – e fatias de pão de milho não faltam no variadíssimo cardápio. No inverno acrescenta-se o saboroso pinhão e, no verão, o irresistível milho verde. Não cair em tentação, nessa hora, é simplesmente impossível.

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Mark Twain (1835-1910)

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Releio, agora, “As Aventuras de Huckleberry Finn”, a obra-prima de Mark Twain. A edição, formato de bolso, é da Martin Claret, de 2009 (com texto integral).

Tomei conhecimento dessa obra quando tinha quinze anos, em Araranguá (creio que a descobri numa das prateleiras da biblioteca “Luís Delfino”). A sensação que tive, àquela época, foi de completo extasiamento. Permaneci, semanas a fio, pensando nas maravilhosas – e bastante pitorescas – aventuras dos dois moleques do vale do Mississipi/ Missouri: TOM SAWYER e o próprio Huckleberry; nos grandes barcos movidos a roda; nos variados tipos humanos, uns cruéis, como o pai de Huckleberry, que era alcoólatra e dava tremendas surras no filho.

A tia Polly também ficou gravada em minha memória, por suas qualidades virtuosas e protetoras. Era, também, muito enérgica, e vivia a recriminar as mentiras de Tom Sawyer.

Lembro-me de ter discutido detalhes e situações do romance com alguém, porém não tenho certeza se foi com o Ronaldo Grechi ou com o Gilberto Ulysséa, já que ambos eram meus interlocutores preferidos para tais assuntos.

Minha memória avança um pouco mais, e até ouso dizer que o Ronaldo também leu Twain, em nossa juventude dourada dos anos cinquenta. Muitos desses papos intelectuais ocorriam no Jardim, perto da biblioteca, e por vezes ficavam azedos, à beira de brigas cordiais...

O curioso é que Twain era puritano, e uma vez classificou “A Vênus de Urbino” – o famoso, belo e sensual quadro de Ticiano (1490-1576), cujo modelo foi, provavelmente, uma prostituta, e que faz parte do acervo da Galeria Uffizi, de Florença – como “a mais indecente de todas as pinturas”.

Twain casou-se com 35 anos de idade, mas acabaria perdendo a esposa e duas filhas. Ele chegou a acumular boa fortuna com seu trabalho de escritor; acabou, porém, morrendo pobre, em virtude de negócios mal planejados.

Suas infância e juventude foram passadas em Hannibal, uma cidadezinha modorrenta à beira do rio Mississipi. Seu pai era juiz. Foi ali que ele se encantou com as belezas ribeirinhas, mormente com a vida agitada e aventureira dos pilotos de barcos. Tanto que chegou a trabalhar como um deles, navegando de porto em porto. Foi ali, também, que ele conheceu um amigo agitado, pobre, mas impressionantemente LIVRE, que lhe serviria de inspiração para criar, mais tarde, o personagem Huckleberry Finn.

Com a eclosão da Guerra Civil (1861-65), Twain alistouse como voluntário; mas sua vida guerreira durou somente três semanas, e pediu baixa após um desagradável incidente: ajudou a matar, involuntariamente, um homem inocente.

Pode-se considerar Mark Twain – cujo verdadeiro nome era Samuel Longhorn Clemens – o mais típico e autêntico escritor norte-americano, se excluirmos a figura controvertida de Edgard Allan Poe (1809-49) por sua fama de “escritor maldito” (ou seja, pelo fato de este não corresponder à imagem ideal que os ianques tinham de seus intelectuais).

Twain viria a ser, na prosa, o que o grande Walt Whitman (1819-92) representou para a poesia norte-americana.

A notícia chegou a mim na forma de pergunta. Ou, melhor dizendo, na forma de uma estranha pergunta.

– Já sabe qual é o seu signo?

Como assim? Alguém, nesta altura do campeonato e do meu tempo de vida, vem questionar se já sei qual o meu representante do zodíaco? Respondi num misto de estranheza e impaciência.

– Claro que sei! Tenho até tatuado no meu pé pra quem quiser ver. Áries!

Foi a vez de o meu inquiridor me olhar com impaciência e estranheza e de lançar a réplica à altura.

– Estou falando do novo horóscopo. Depois que criaram o 13º signo.

Após uma longa conversa fiquei sabendo boquiaberta (pois ainda não sabia) que alguns senhores astrônomos de Minesota, nos EUA, apontaram uma alteração nos signos zodiacais por causa da atração gravitacional que a Lua exerce sobre a Terra e blá-bláblá...

Vamos admitir. Por mais que você não consulte as previsões do horóscopo todos os dias, ou, que quando por porventura o lê, dá crédito apenas às linhas que lhe agradam, ignorando o resto completamente. Mesmo que você se diga cético a tudo que não seja cientificamente comprovado, e trate dos assuntos esotéricos com respeito e cautela ao mesmo tempo; saber que transformaram você de ariana em pisciana, sem prévia autorização e conhecimento é de ficar tiririca da vida! É como mexer na gaveta das suas coisas íntimas sem a sua permissão e ainda por cima organizá-las de uma forma completamente diversa da que você vinha fazendo por anos e anos a fio. Ou – num exemplo mais palpável – quando certo presidente resolve confiscar a poupança e deixa você, do dia para a noite, surpreendentemente diferente (perdido, irritado, pobre...).

Seu signo é uma marca de nascença. Está grudado em você bem antes daqueles brinquinhos de pérola que seus pais enfiam em sua orelhinhas frágeis e delicadas. Antes até de ter um nome, já se possui um signo. É uma coisa entre você e as constelações e ninguém mais.

Agora estes astrônomos – que parecem que não têm mais nada a fazer – querem bagunçar este pacto firmado numa boa, como quem rasga o diário

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“A VIDA ATRAVÉS DO VÍDEO”

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O último trem...

Barranca à vista!!! (3)

Um magistrado, aqui no Estado, determinou que, apenados, literalmente enjaulados, uns dormindo por cima dos outros, pela falta de espaço, higiene etc., não fossem transferidos para um lugar digno, seriam soltos. Com certeza, não foi apenas eu o sabedor dessa notícia que mais parece roteiro dos filmes de Scorsese. No Rio Grande do Sul, creio que no ano passado, li que num presídio da grande Porto Alegre, haveria rodízio do contingente encarcerado: como não havia mais vagas no estabelecimento feito para recuperar detentos, um lote sairia para umas “férias” na comunidade e entraria uma leva que estava na fila de espera há muito tempo. Semana passada em Florianópolis, na Ilha da Fantasia, permitiu-se que quase uma centena de delinquentes, alguns assassinos perigosos, ludibriasse sentinelas de plantão, tomasse as ruas e aterrorizasse os turistas e veranistas. Um caos! Bandidos, pra cá, responsáveis pela segurança, aturdidos feito baratas tontas, pra lá, enfim, o velho filme, campeão de audiência, se repetindo.

Feito o estrago, uma cúpula se reuniu para debater o assunto, tomar providências e tentar estancar essa hemorragia moral. Resta o descrédito de mais uma instituição importante, a Segurança, que luta para não entrar no rol das falidas. E no resto do país é um pouquinho pior. Todos que estão na penitenciária, quase quinhentos mil, um dia foram crianças comuns. Mas houve um momento de suas vidas que se distanciaram do que chamamos de valores morais e adquiriram outros hábitos e, hoje, estão aí, matando roubando, estuprando, e amedrontando a população que, essa sim, está enjaulada e fragilizada dentro do seu próprio lar.

Mas o porquê de não se investir em educação? Por que não orientar com amor carinho e alimentação os mais carentes, os descamisados, os excluídos, os desgraçados? Por que não borrar desde a tenra idade os caminhos que levam a delinquir? Por que cortam as verbas para educação em prol de quê ou de quem? Então, a criminalidade vai aumentando assustadoramente, as drogas estão ganhando espaço em todas as camadas sociais e a perspectiva é assustadora.

O crime está se aprimorando cada vez mais. Aproveita o caos e age de forma explícita, sem medo. Os códigos, arcaicos, protegem os mais fortes e deixam os mais fracos se fortalecerem, fora da lei, e criando suas próprias leis, e vêm se tornando implacáveis, intrépidos. As crianças, sem amparo, crescem com medo dos homens, em meio a violência, sevícias, drogas, álcool, fumo, exploração sexual, trabalho infantil etc. Depois vão se tornando adolescentes e, em vez de uma cartilha de boas maneiras, empunham uma arma e se diplomam no crime. E aí, adultas, ninguém ou nada fará com que mudem essa postura. E nós, a sociedade civil, somos seus alvos.

Pagar melhor os profissionais de educação, a maioria heróis que ainda crêem em um mundo melhor para todos, construir mais creches para abrigar os filhos de quem precisa trabalhar e não tem com quem deixá-los, seria inteligente demais para os políticos? Providenciar música, teatro, arte, enfim, para os pequeninos, é alimentar o que eles trazem de bom, desde que nascem, pro resto da vida. É tão fácil produzir o bem. Não dá pra entender porque sai governo, entra governo e a mesma ladainha permanece. Não muda nada, nada se cria.

Mas se o andar da carruagem permanecer nesse movimento, cada município terá que construir uma penitenciária para abrigar àqueles que um dia foram crianças, sonharam em ser alguém de bem na vida.

Esse número, de quase quinhentos mil encarcerados no país, sofre um acréscimo considerável se for levado em conta os que estão soltos, com mandados de prisão na espera. Motivo? Não há vagas para trancafiá-los.

Por isso, os reincidentes continuam reincidindo. Vão e voltam pra cadeia, pelo menos umas cinco ou sei vez ao ano. Toda vez que um desses é preso, reencontra seus velhos amigos de cárcere.

Vamos lançar uma campanha: menos penitenciárias, mais educação, esse deveria ser o tema dos que manejam a Segurança. Os crimes, gradativamente, diminuiriam, com certeza. E assim poderíamos dormir sossegados e, quando alguém batesse à nossa porta, tarde da noite, teríamos a certeza de que seria um amigo necessitando de uma ajuda. E não um marginal de arma em punho.

Há 20 anos servindo a cidade inverno e verão

Aimberê Araken Machado Léia Batista

César do Canto Machado

Cadeias lotadas, educação vazia

DROGARIA

aimbeream@yahoo.com.br

JORNALECO 367 1O/03/2011

Lony Rosa

cesardocanto@linhalivre.net

lonyrosa@hotmail.com

leia@contato.net

pessoal de alguém sem culpa nenhuma?! A coisa não é tão simples assim.

Uma amiga me contou desolada que, depois de inúmeras tentativas falidas de encontrar sua cara metade, estava se acertando com alguém que – segundo a astrologia – era totalmente compatível. Ela de Aquário, ele de Sagitário.

O ar dando força ao fogo. A relação vinha fervilhando. Agora, com o tal mexe-mexe dos astros, o moço passou a ser de Serpentário. Sem saber patavina alguma sobre o signo intrometido, ela teme que a relação desande mais uma vez. De nada adiantou tentar convencêla de que a cobra (o símbolo do novo signo) era bem simpática, forte, viril... (deixa pra lá!). Minha amiga ficou emocionalmente desmotivada. Fazer o quê?

Já tem muita gente revoltada é com o tamanho do “auê” que esta notícia está causando. Pessoas que acham que há muito mais coisa séria para se preocupar do que perder tempo com futilidade. Fazer o quê?

Futilidade ou coisa séria, a astrologia surgiu no terceiro milênio a.C. e não só teve um importantíssimo papel na formação das culturas, como sua influência é encontrada na Bíblia e em várias disciplinas através da história.

Ou seja, como as várias crenças improváveis que nos rodeiam, os signos determinam vários aspectos da personalidade que – por coincidência ou não – descrevem você 80% como realmente é.

Querer que deixe de ser uma audaciosa, firme, impulsiva ariana e me transforme numa comedida, emotiva, tranquila pisciana, é pedir demais! No mínimo isto causaria em mim uma crise de identidade. Poderia me transformar em um peixe de chifres ou num carneiro de barbatanas, sei lá. Só sei que nunca mais seria a mesma.

Mas podemos nos acalmar, meus amigos. Como as divergências entre a Astronomia e a Astrologia perduram por séculos e séculos, os astrólogos nos garantem que esta questão levantada pelos astrônomos não é nenhuma novidade e até é levada em consideração pela astrologia, mas que não muda exatamente nada no horóscopo do mundo. Se assim for, quem é de Touro sempre será Touro; Gêmeos será sempre Gêmeos...

Ufa! Isto significa que poderei manter minha tatuagem bonitinha, do jeito e no lugar em que está. Afinal, sou (e pretendo continuar sendo) uma ariana legitima da cabeça aos pés!

mondomotos@valtrator.com.br

Av. Pres. João Goulart, 489 Cidade Alta - Araranguá

X 3524-3547

GRUPO NOVO DIA

DENÚNCIAS: 9638-7744

Reun. 2as e 5as f., 20h - dom., 17h Ao lado Hospital B.Pastor -Araranguá

Associação de Proteção de Aves e Animais Silvestres

GRUPO REENCONTRO

Centro de Reabilitação

FAZENDA SÃO JORGE

Fone (0**48) 3524-0280 Estr. Geral Volta do Silveira - Araranguá

Grupos Familiares AL-ANON

Grupo de Adoção Filhos do Coração

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diretor WLADINIR LUZ redator ERNESTO GRECHI FILHO produção gráfica JOSÉ NEI DA ROSA

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Coquetel da (in)felicidade

O uso abusivo de antidepressivos e outros medicamentos para alívio de estados de espírito, confundidos com sintomas, cria a ilusão de bem-estar e, ao mesmo tempo, um distanciamento da realidade

Um dogma da sociedade contemporânea: a obrigação de ser feliz, é questionada por Dworkin e Monica. Não há espaço para um dia de mau humor ou um momento de crise. O padrão é a infelicidade incondicional: “As pessoas não têm mais o direito de sofrer. Então, sofre-se o dobro”, adverte o escritor francês Pascal Bruckner no livro A Euforia Perpétua. De acordo com o autor, a felicidade deixou de ser um direito para se tornar um dever a partir do século 18, inversão que se consolidou no século 20, quando o prazer passou a ser o principal valor da sociedade ocidental. Daí houve uma distorção no conceito de felicidade, hoje ligado a uma sucessão de episódios efêmeros de bemestar e emoções de curto prazo.

Quem não corresponde à exigência de ser feliz é tido como doente. Para cada estado de espírito, confundido como sintoma, há uma solução fácil: a tristeza é aliviada com antidepressivos; a ansiedade, com tranquilizantes. Por isso, entre 2001 e 2005 ocorreu uma explosão no consumo de psicotrópicos no Brasil, sobretudo entre mulheres, conforme pesquisa do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas realizada em 108 cidades.

Os principais usuários são mulheres entre 35 e 45 anos, estão insatisfeitas com o casamento, com o trabalho, com o corpo, ou vivem sob tensão, mas nem as crianças escapam. Em 2006, 1,6 milhão de crianças e adolescentes americanos tomaram pelo menos duas drogas psiquiátricas combinadas.

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Ronda noturna O repórter, numa dessas noites cálidas, resolveu fazer uma madrugada. Era sábado. (...) A ronda começou na cidade. De fronte ao cartório do 1o Tabelionato, um bando de moleques se divertia em atirar paralelepípedos de uma obra inacabada. (...) Defronte ao Cine Roxy, um muro carcomido era alvo da molecagem, que arrancava facilmente os tijolos e jogava na calçada.

Agora, as praias. Morro dos Conventos. Realizava-se um baile de casados. Na Boate Conventos. O ambiente, embora sofisticado, não tem absolutamente condições de realizar bailes. É uma boca. Apenas um ventilador quebrado se esforçava para soprar os corpos suarentos dos foliões. Vamos lá, minha gente, já está na hora do Conventos contar com um ambiente mais condizente.

Arroio do Silva. Quatro horas da manhã. Uma multidão se apinhava junto ao salão Tropicália. Lá dentro era um fervedor. Na rua, brigas e mais brigas. (...) CA 247, 17/02/73

Um trabalho divulgado em abril de 2007 concluiu que 25% dos diagnósticos de depressão estão errados. Após acompanhar 8 mil americanos, o professor Jerome Wakefield, da New York University, percebeu que uma entre quatro pessoas aparentemente deprimidas na verdade sofria de tristeza profunda decorrente de separação, desemprego ou prejuízos nos negócios.

Segundo a psiquiatra Elizabeth SeneCosta, autora do livro Universo da Depressão, a prescrição excessiva deve ser avaliada sob duas perspectivas: a do paciente, que, desesperado com o sofrimento, espera soluções rápidas, como num apertar de botões; e a do médico, que introduz logo o remédio por não suportar a ansiedade declarada. Com a “pílula da felicidade” a “melhora” é rápida. Mas, quando vier uma nova crise, é provável que o paciente necessite outra vez da “magia”, sem aprender a lidar com os próprios problemas.

Luto, tristeza e irritação devem ser medicados quando a situação se arrasta indefinidamente, sinal de que pode estar sendo complicada pela depressão, informa o psiquiatra Leonardo Gama Filho. “O que vai determinar se alguém precisa ou não de tratamento é a intensidade das manifestações.” Ficar arrasado porque terminou um casamento é natural. Mas, com o tempo, a pessoa tende a elaborar a perda, e a vida segue adiante. Quem está deprimido continua imobilizado: a tristeza é desproporcional e toma conta da vida, mexendo com o apetite, o sono, a memória e a capacidade de concentração. Isso é depressão, quarta causa de incapacitação, segundo a OMS. No quadro, há ainda pessimismo, perda de prazer, sensação eterna e vazio. Nos casos mais graves, diz Gama Filho, a medicação é necessária.

Correspondência à redação [sobre o texto acima]

Senhor redator Na edição de 17 último de seu jornal, um colaborador, intitulando-se repórter, inseriu, em sua crônica “Ronda noturna”, palavras desairosas à Boate Conventos, chamando-a, dentre muitas coisas, de “boca”.

Não conhecemos o palavreado, ou melhor, seu significado, mas deixa transparecer termos de gíria depreciativos, com que admiramos a que V.S. permita que um imbecil anônimo, acostumado, pelo visto, a

(CRISTINA NABUCO, REV. CLÁUDIA, 07/2007)

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Para ele, a felicidade artificial elimina o impulso de mudança. “Usar medicamentos para lidar com questões existenciais cria uma ilusão de bem-estar”, diz a filósofa clínica Monica Aiub. “A dor não traz necessariamente crescimento, mas pode ensinar. Percebemos o que não vai bem e nos reestruturamos. Essas ações tornam-se inviáveis se a pessoa fica entorpecida.”

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Em três ocasiões, a bióloga Mariana, 32 anos, separada, duas filhas, buscou refúgio nos antidepressivos. A primeira vez foi quando o psiquiatra do marido lhe receitou fluoxetina (princípio ativo do Prozac). Os dois tinham uma relação difícil, ela foi ao consultório para fazer terapia de casal e saiu com a receita do remédio. “Tomei por quatro meses, me sentia bem. Mas, quando algo me irritava, a explosão era desproporcional.” Na gravidez da segunda filha, enfrentou uma depressão leve, e seu obstetra lhe prescreveu cloridrato de sertalina (Zolof). Tomou na gestação e nas primeiras semanas após o parto. “Como a nenê chorava o dia inteiro, o pediatra desconfiou que fosse irritação pela droga. Preocupada, parei de uma vez. Durante 15 dias passei mal.” Mariana procurou outro psiquiatra, que prescreveu escitalopram (Lexapro). “Usei por uma ano. Fiquei passiva, nada me abalava. Soube que meu marido me traía e nem reagi. Com a ajuda da psicanálise, fui percebendo que vivia de mentirinha. Estava anestesiada.

Resolvi pôr um ponto final; larguei dos remédios aos poucos. Quando voltei a ser eu mesma, pedi separação. Dói, mas quero sentir essa emoção. Em vez de lidar com as dificuldades, apelava para os remédios. Chega de me iludir!”

O aumento do uso de drogas psicotrópicas, que alteram o comportamento e o humor, a partir do advento da fluoxetina, em 1988, está gerando uma multidão de alienados, alerta o anestesiologista americano Ronald W. Dworkin. No livro Felicidade Artificial, ele critica a falsa sensação de felicidade proporcionada pelos remédios e condena a tendência de suprimir a tristeza do cotidiano. “Quando tocamos uma chapa quente, sentimos dor e recuamos; não fosse pela dor, continuaríamos tocando a chapa. O medo e a infelicidade são igualmente protetores.

Eles nos sinalizam que há algo errado.”

Publicado nas oficinas da GRÁFICA ORION, de abril de 1960 a maio de 1975

Ano Xiii - fevereiro/março de 1973

Informações: Juizado da Infância e da Juventude -Tel. 3522-0204 - Ramal 45

EDIÇÃO: ROSSANA GRECHI

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convivência com meretrizes e marginais, venha a público fazer este tipo de crítica. Problema com ventilador não existiu. Existiu, sim, problemas de energia elétrica, com suas frequentes interrupções, que, presumo, o repórter tem medo de criticar.

Faço, por último, um pedido para que V.S. e família vá à Boate Conventos, observe seu funcionamento, conheça as pessoas que fazem dela seu ponto de divertimento, para depois permitir ou não que um repórter anônimo muito imbecil use o seu jornal para dizer o que quer.

Atenciosamente, Alírio Quitanda CA 248, 03/03/73 NJ: Quem escreveu o texto ao qual um muito justamente indignado Quitandinha se refere?

Na época escreviam no Correio de Araranguá o editor e redator Ernesto Grechi Filho, Osmar Nunes, Nilson Matos, Altair Acorde, Neuza Aguiar – colunista social que assinava como Demétrius, e Enevaldo Souza – com a coluna de esportes. Enevaldo e Neuza, que elogia a boate em sua coluna, não foram, e, dado ao estilo, Altair e Nilson também não. Sobram o Ernesto e o Osmar, que lembrava o estilo do redator. O Osmar não deve ter sido, e o Ernesto não escreveria aquilo do amigo Quitandinha, mas como editor que permitiu a publicação de tal bravata anônima, mereceu o puxão de orelha.

Manchetes de capa n Coseval - Corretores de Ser-

viços e Valores Acha-se instalada nesta cidade, à av. Sete de Setembro, 1907, a COSEVAL, firma que tem como finalidade os serviços de corretagem e valores. n Termina a temporada Verão

73 (...) Chuvas e trovoadas. Às vezes, para variar, vento sul com rajadas frescas. Estradas lamacentas.

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Canibalismo amoroso RAFAEL MACHADO

Ela cortou o namorado em pedaços e ensopou, enquanto a cabeça e os pés foram ao forno. É real, pode procurar no jornal. Todo mundo se assusta e acha a coisa um tanto maníaca, mas devo confessar que gostei da idéia. Canibalismo amoroso, é como classifiquei o fato, e se as pessoas se assustam é porque não percebem que esse é um acontecimento cotidiano.

Amamos para sermos amados, estabelecendo uma relação de troca com nossos parceiros. “Eu te amo”, dizemos, mas se em seguida não ouvirmos um “eu também te amo” tratamos logo de quebrar o vínculo e procurar outra pessoa disposta a nos dar aquilo que precisamos. Não sei se isso é bom ou ruim, apenas falo do que acontece.

Não temos o costume de darmos amor.

Pelo contrário, o comercializamos, e isso porque precisamos do outro para nos sentirmos amados. A lógica é um tanto simples: como eu não consigo me amar e nem você consegue se amar, então eu te amo e você me ama e tudo acaba bem. Ficamos mais leves, mais sorridentes, mas felizes, e aquela sensação de vazio e solidão que tanto nos incomoda desaparece.

Mas acontece que amor não é moeda, não é favor, não é tapa-buraco. Não pode ser trocado, medido ou cronometrado. Não obedece as leis do comércio, não rende juros.

Amar é coisa boa, simples, de fácil acesso.

Surge espontaneamente com o ato de ser quem se é, de ser inteiro, feliz, completo.

Nada de procurar metade de laranja, de ler horóscopo para achar a alma gêmea que se esconde Deus sabe onde. O amor surge e se multiplica quando a gente se encontra com a gente mesmo no tempo presente. E se eu tenho de sobra eu posso te dar sem precisar mais receber em troca. Migalhas de paixão é aquilo que trocamos, e amor gratuito é aquilo que nos preenche.

E é nesta necessidade do outro para nos sentirmos preenchidos que nós o ensopamos e comemos, e esta é apenas a forma mais material da coisa: devorar o outro para matarmos nossa fome de afeto e de carinho.

Eis um belo jantar à luz de velas. Numa cadeira, nós, os devoradores. Como prato principal as sobras de um relacionamento que não nos sacia mais. E a outra cadeira permanece vazia, disposta a receber outra pessoa vazia que nos procure para se preencher. Aí as leis da selva falam mais alto: é matar ou morrer! z

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