Jornaleco 375 01 jul 2011

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A Organização Mundial de Saúde incorporou o alcoolismo à Classificação Internacional das Doenças em 1967 (CID-8), a partir da 8ª Conferência Mundial de Saúde. Portando, alcoolismo é doença, e, segundo a OMS, depois do câncer e das doenças do coração, é a doença que mais mata. Alcoólatra é a pessoa que perde o controle sobre o uso de bebidas alcoólicas, causando problemas em sua vida. Entre os alcoólicos, há uma escala variada na regularidade de consumo de bebida, mas todos tendem a desenvolver uma “mente alcoólica”, que se caracteriza pelo empobrecimento da personalidade, fazendo a pessoa distorcer emoções, sentimentos e valores. Depois que ingere o primeiro gole, o alcoólatra (doente alcoólico, alcoolista) não conseguirá parar de beber até que fique suficiente ou completamente entorpecido. COMPULSÃO (alcoólica) é o ato de se beber desenfreadamente após ingerido o primeiro gole. Uma vez desenvolvida a dependência química pelo álcool, a pessoa jamais retomará o controle do consumo sempre que experimentar beber. O alcoolismo não tem cura no sentido da retomada desse controle; o alcoólico perdeu a capacidade de escolher a ocasião, a quantidade e o tempo de uso de bebida. E o mal advindo de seus excessos, todos conhecemos. As várias tentativas para reassumir o controle de ingestão de álcool, planejando parar um tempo, beber menos, abandonar os destilados, beber só em certas ocasiões etc., são características da obsessão do alcoólico que não suporta a idéia NET de abandonar a bebida, mesmo quando já é flagrante a ação destrutiva que resulta de suas infindáveis e desastrosas bebedeiras. A única maneira de manter-se livre da compulsão alcoólica é a total abstinência ao álcool. Evitando-se o primeiro gole, a compulsão não tem como se desencadear a partir de estímulos físicos e psicológicos. Mas se a compulsão pode ser evitada pelo simples ato de o alcoólico evitar o primeiro gole, outro fator, a OBSESSÃO (alcoólica), é mais sutil. Acontece que o alcoólico, mesmo num estado de completa abstinência, poderá continuar obcecado pela bebida, quando a idéia de beber é recorrente, em menor ou maior grau, conforme as vari-

ações de seu estado de humor, associado a ambientes e situações. Em sua obsessão, o alcoólico põe-se a acariciar as lembranças de antigos rituais sob o efeito do álcool, e, numa nostalgia toda colorida, mantém a ilusão romântica do quanto beber possa lhe parecer prazeroso. Num plano seguinte, aferida a grande complexidade da doença do alcoolismo, a compulsão ressurge num novo patamar, não mais como um simples mecanismo “alérgico” deflagrado pela ingestão inicial de álcool, mas como compulsão mental para a idéia de beber. Neste momento, compulsão e obsessão tornam-se uma e a mesma coisa. Entender isso é essencial na compreensão do caráter subjetivo do alcoolismo e no trato com a psique do alcoolista. Por essa percepção, Alcoólicos Anônimos surge como o movimento mais eficiente na recuperação do alcoólico que deseja parar de beber (segundo médicos como Dráuzio Varella e George Vailant, um dos maiores especialistas do mundo sobre o transtorno). Uma das mais importantes contribuições de A.A. no campo do alcoolismo é justamente fazer ver que é possível um alcoólico recuperar-se para uma vida livre da obsessão, afastando para longe o fantasma da síndrome de reinstalação da dependência (recaída). Infelizmente, muitos alcoólicos e muitos médicos ainda continuam céticos, convencidos de que os alcoólicos, uma vez sóbrios, estarão condenados, por sua natureza, a passar o resto de suas vidas sonhando com uma garrafa. Mas a realidade tem sido outra para milhares de alcoólicos que têm descoberto uma vida nova através do programa de recuperação de A.A. Baseado em seus “12 Passos” e na interação de seus membros, seu programa é um guia ao alcoólico que deseja parar de beber e reconstruir-se como ser humano. Seus princípios espirituais orientam o alcoólico a mudar atitudes, comportamentos e a rever suas reações emocionais, quase sempre carregadas de autopiedade e ressentimentos dados à personalidade alterada no decurso do tempo de relação com o álcool. Valores espirituais como humildade, aceitação e gratidão passarão a ser vivenciados como força motriz no seu crescimento para longe da bebida. Para isso,

Quase 4% de todas as mortes no mundo são atribuídas ao álcool, alertou a Organização Mundial de Saúde (OMS) em relatório divulgado hoje (11/02/2011). A entidade da Organização das Nações Unidas (ONU) lembrou que o álcool é associado com muitas questões sociais sérias, como violência, negligência infantil e abusos, além de faltas ao trabalho. A porcentagem de mortes por álcool é maior do que as de mortes causadas por aids, violência e tuberculose, diz a OMS. O relatório afirma que o uso abusivo do álcool provoca 2,5 milhões de mortes todos os anos. No grupo com idades entre 25 e 39 anos, 320 mil pessoas morrem por problemas relacionados ao álcool, resultando em 9% das mortes nessa faixa etária. A OMS informou ainda que o álcool prejudica a vida não somente de quem o consome em excesso, mas também dos que se relacionam com essas pessoas. (exame.abril.com.br) o alcoólico precisa dispor-se a admitir que está doente, acreditar que há uma saída e aceitar ajuda. A partir daí ele entrará num processo de autoconhecimento e transformação para tornar-se uma pessoa melhor. Essa nova pessoa, por sua vez, não terá vontade de beber, livre da psique do bêbado, e, portanto, livre da obsessão. Um alcoólico abstêmio livre da obsessão tem uma atitude diferente do chamado “bêbado seco”. Enquanto o primeiro têm o álcool fora de sua vida (porque vive uma recuperação efetiva e já não tem a substância como o problema em si), o segundo mantém-se apegado às idéias do homem antigo, o bêbado. E a incidência a recaídas é avassaladora neste estado de abstinência precário. Para libertar-se da obsessão, o alcoólico abstêmio precisa priorizar o cuidado com a doença, vivendo um dia de cada vez e seguindo as sugestões de Alcoólicos Anônimos, podendo contar, em determinados casos, com auxílio médico, mas, principalmente, frequentando as reuniões do A.A., com boa vontade para vivenciar e agir sob os princípios do programa de recuperação desta irmandade que em 10 de junho completou 76 anos de existência, contando cerca de dois milhões de membros em mais de 150 países.

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Alcoolismo: háhá uma saída Alcoolismo: uma saída

“Antes de tratar do topônimo ARARANGUÁ, vale propor uma reflexão quanto às denominações de Capão da Espera e Campinas, citadas como primeiros nomes da cidade.” (siga em A História de Araranguá, nova edição, 2005, nota à pág. 21)

ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL DE

ARARANGUÁ v i s i t e : w w w. a r a r a n g u a . n e t

ARARANGUÁ, 10 DE JULHO DE 2011 • ANO 18 • Nº 375

No Jornaleco 373, a coluna Correio de Araranguá - Há 38 anos traz a notícia da aposentadoria de Armando Gonçalves como o mais antigo funcionário da Prefeitura Municipal de Araranguá àquela época, 1973. Mas, afinal, quanto tempo Armando trabalhou e com que prefeitos? Com ajuda do filho Rodolfo, conseguimos essas e outras informações sobre ele

Armando Gonçalves – vida, obra e prefeitura POR

RODOLFO CARLOS COSTA GONÇALVES

Armando Gonçalves iniciou na prefeitura com o prefeito tenente Rui Stockler de Souza, e dona Zizinha Rabello, que era secretária interina, em 2 de maio de 1945. Passou por praticamente todas as funções administrativas. Foi contínuo, fiscal distrital e chegou a tesoureiro. Creio que tenha respondido até como secretário, mas não tenho certeza. Muitos contadores municipais de prefeituras do Vale foram capacitados por ele. O de Maracajá, por exemplo, já aposentado e substituído pelo filho. Armando foi cobrador do Grêmio Fronteira antes de ir para a prefeitura. Nasceu em Araranguá em 1920 e sempre morou aqui. Há um tronco comum no passado com os Almeida da cerealista. Nos duros tempos da juventude morava na beira do rio, na margem direita (pelo que sei se considera direita a margem do rio olhando no sentido interior para o mar), em uma propriedade logo após a rua da

Baixadinha, que era herança de família. Porém, naqueles tempos, não se dava muito valor para aquelas terras, consideradas “banhado” e, portanto, sem valor. Abandonaram as terras e, aos poucos, posseiros foram fazendo usucapião, restando, ao final, somente um pequeno terreno na margem do rio, que ficou com o Pedro, um dos muitos irmãos dele. Comiam o pescado fresco do rio, pirão d’água com laranja ou melancia e o que retiravam da terra e do pomar em cultura de subsistência. Casou-se em 1942 com Rita Costa (ela de idade incerta, pois foi registrada para poder celebrar o casamento civil). Na sequência, vieram os quatro filhos mais velhos, com diferenças entre um e dois anos um do outro: Dalva, Diva, Marilva e Roberto (o Beto Mandico, que também trabalhou na prefeitura, e desde 1975 mora no Paraná).

Depois de alguns anos, já no início da década de 1960, Mariluce, e, no final dos anos 60, Rodolfo. As três mais velhas foram professoras no Colégio Normal (Estadual), Coloninha e Urussanguinha. Os dois mais novos, policiais civis, sendo que, com a separação da perícia oficial da polícia, a Mariluce hoje é do IGP. O Beto foi o único “normal” e fez carreira na iniciativa privada, como vendedor. Com nove netos e seis bisnetos, Rita faleceu em 1988, e o Armando, em 2006, bem no dia do segundo turno da eleição daquele ano. Embora aposentado, conforme a nota no Jornaleco, continuou trabalhando na prefeitura até 1982. Saiu no mandato do Mota. Pouco tempo parado e voltou à atividade no Grêmio Fronteira (na época o clube era na hoje Galeria Fronteira). Foi o funcionário responsável pela administração do dinheiro resultante da venda do prédio no centro e pelo início da construção da sede atual no antigo “Campo do Grêmio”. Ficou no clube até o final dos anos 1980, e então parou de trabalhar definitivamente. Ao final da vida, hipocondríaco convicto desde a juventude, dividia o tempo entre médicos e farmácias, embora de saúde impecável, pois não pegava nem gripe. z

Bacia hidrográfica do “valo do Constantino” (rio Lagoa, J.349). atrás da pista de skate na Cel. João, onde, canalizado, segue Na foto de 1988, esta parte do vale, tão bela e tão próxima do centro da cidade, está limpa, sem ameaças. Aos poucos, foram violentando o lugar com aterros, até surgir quatro edifícios. As construções à margem do riacho (foto à direita) foram embargadas. Os outros dois prédios, já pintados, respeitam os 30 metros. Sem um nome oficial que se conheça, o riozinho tem sua nascente próxima ao morro Centenário, vem pela esquina da Getúlio com a Exp. Iraci, dali, canalizado, ele ressurge a céu aberto

pela esquina com a Cap. Pedro. Adiante, para os fundos do Ed. Cruzeiro do Sul, ele recebe as águas de uma pequena nascente vinda da Cel. João (fundos do restaurante Peninha). Mais acima, ele recebe um córrego do açude Belinzoni, e segue a céu aberto, canalizado na XV e na Rui Barbosa, até chegar ao rio Araranguá. Há uma série de construções irregulares em torno de rios, morros, lagoas e do mar em nosso município. O fato é: vamos continuar detonando tudo? Ou já chegou um tempo em que temos crescido o suficiente, não só em tamanho e população, mas em consciência e atitudes humanas, sociais e ecológicas? Texto e fotos: Ricardo Grechi

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10/07/2011 • ANO 18 • Nº 375 ESTA EDIÇÃO: 4 PÁGINAS

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