Em reunião de família, conversávamos sobre o “modus vivendis”, os usos e os costumes, de uma época não tão distante, coisa de uns trinta anos. Comparavam-se aos dias atuais com suas benesses e as dificuldades e curiosidades do passado. A concordância foi unânime e incontestável, em se falando das grandes transformações, com consequente melhorias trazidas pelo progresso. Na sequencia, os presentes relatavam fatos referentes aos seus próprios usos na infância e na adolescência Os comentários mais contundentes eram sobre as diferenças, nos mais diversos setores, de hoje e de ontem, na saúde, na educação, na higiene, no comportamento familiar, comercial, dentre outros. Ouviam-se depoimentos mais variados, como por exemplo: – Lembram-se dos antigos armazéns? Havia grandes caixões de madeiras com tampas e duas ou três divisões para a guarda a granel, que quer dizer em grande quantidade, de cereais como o feijão, farinhas, milho etc. – E os sacos de camarões salgados exposto nas portas dos armazéns? Sobre saúde, alguém dizia: – Lá em casa, qualquer doença era combatida com chá ou remédio de vermes.
Sobre higiene, falava outro: – Eu lembro dos açougues, e que embrulhavam (no sentido de empacotavam), a carne bovina em jornais. Por este rumo de reminiscências, andava o falatório, até que alguém, tomando a atenção do grupo, passou a relatar um caso acontecido referente a sua higiene pessoal: – No tempo da fábrica de sapatos, eu e um funcionário fomos até o Ermo com uma camionete carregada de sapatos que deveriam passar por um trabalho artesanal e que seria executado por senhoras especialistas em fazer tranças. “O trabalho era difícil e demorado, por isso o funcionário foi ensinando as senhoras, enquanto eu ficava de lado, olhando e conferindo. “O tempo foi passando e eu tive que enfrentar uma cólica intestinal que fazia me contorcer para tentar ficar firme no posto de conferente. Entretanto, chegou o momento em que não estava dando mais para segurar, e tive que solicitar à dona da casa um banheiro. Ela me apontou uma casinha nos fundos do quintal. Sem outra opção, ‘na obrigada’, fui lá. “Necessidade suprida, olhei para os lados e não encontrei qualquer tipo de papel higiênico, apenas dois baldes com sabugos de milho. Um com sabugos vermelhos e outro com sabugos brancos. Sem me importar
A redenção do Grêmio Esportivo Araranguaense RENATO DE ARAÚJO MONTEIRO (Museu do Futebol UNESC/Criciúma E.C.)
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Dois meses depois do início do Campeonato da Liga Atlética da Região Mineira de 1952, a edição semanal da Folha do Povo questionava os leitores: “Estará em decadência o futebol local?” A pergunta tinha por base os resultados dos últimos jogos. No dia anterior, o Comerciário – predecessor do Criciúma Esporte Clube –, a quem o jornal criciumense se referia como um “verdadeiro ‘papão’ de campeonatos”, havia empatado em 3x3 com o modesto Ouro Preto. A estas alturas do campeonato, uma diferença de seis pontos separava os bacharéis da primeira colocação. Já o outro favorito, o Atlético Operário, mantinha campanha um pouco mais regular, porém não menos decepcionante. A grande expectativa criada após as conquistas do Torneio Quadrangular e do Torneio de Início, não se confirmava na principal competição da temporada, onde uma sequência de empates minava maiores pretensões da equipe. Os três pontos que conquistara a mais que os bacharéis não eram suficientes para colocar os operários no topo da tabela. Mas se o líder não era o Comerciário – atual tricampeão – e nem o Atlético Operário – tri-vice –, então quem era? Sem desferir um tapa sequer, o indisciplinado Grêmio Esportivo Araranguaense agora liderava o campeonato do qual quase fora expulso no ano anterior. O time do presidente Afonso Ghizzo, ao aproveitar alguns joga-
com a cor dos sabugos, e sem saber o porquê da diferenciação, fiz minha higiene optando pelos sabugos vermelhos, porque eram maiores. “Voltei ‘encucado’ para o grupo que ainda trabalhava. Agradeci a senhora pela gentileza de me ceder o ‘banheiro’ e, curioso, lhe perguntei: ‘Dona, por qual motivo tem dois baldes de sabugo na casinha?’ A mulher, com sua paciência e sabedoria, me deu uma aula de sabugo higiênico: ‘Meu filho, tu viu que os sabugos são de cores diferentes, uns vermelhos e outros brancos. Os sabugos de cor vermelha, além de o milho ser colhido mais maduro é de uma qualidade mais resistente, por isso, os sabugos são maiores, entretanto, são mais duros e mais ásperos. Os sabugos de cor branca são originários de um tipo de milho mais fraco, por isso os sabugos são mais macios, logo, mais suaves.’ “Complementando sua lição de sabedoria, advinda da experiência com milho e derivados, no caso, o sabugo higiênico, arrematou, solenemente: ‘Então, o sabugo de cor vermelha se usa apenas um, que é para fazer a limpeza geral, e o de cor branca, que é mais macio, pode se usar em mais quantidade, porque além de mais suave é para o acabamento e conferência. “Aprendi duas lições: uma sobre o conhecimento e uso de sabugo higiênico, outra, de que nem sempre o maior é o melhor, e ainda paguei minha ignorância sobre o assunto tendo de usar pomada para assaduras durante a semana seguinte.”
dores do antigo plantel e contratar atletas profissionais vindos principalmente do Rio Grande do Sul, parece ter encontrado a fórmula ideal para montar a forte equipe que quebraria a sequência de campanhas medíocres do clube na competição regional. Infelizmente, não temos muitas informações sobre a campanha invicta do Grêmio Araranguaense no Campeonato de 1952. O interesse da imprensa de Criciúma por futebol era diretamente proporcional ao sucesso dos times ditos “locais” na competição. À medida que Atlético Operário, Comerciário, Metropol, Ouro Preto e Próspera eram sobrepujados pelo clube de Araranguá, as notícias esportivas iam se tornando cada vez menos assíduas. No entanto, apresentemos os grandes feitos do Grêmio Esportivo Araranguaense na temporada de 1952/53: primeiro time da LARM a profissionalizar o futebol; primeiro clube não criciumense a conquistar o campeonato regional; primeira equipe a desbancar os times de Tubarão e sagrar-se Campeã do Sul; e primeiro time local a chegar a uma semifinal de Campeonato Catarinense. Justamente quando a imprensa questionou a qualidade do futebol local, foi que ele atingiu seus resultados mais expressivos. Talvez, no início da década de 1950, para um time ser considerado “local”, tivesse ele necessariamente que ser da cidade de onde se falava, ou se escrevia. z
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JORNALECO ARARANGUÁ, 10 DE MAIO DE 2012 • ANO 18 • Nº 395
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Sabugos de milho higiênicos
por Cláudio Gomes CASOS E CAUSOS QUE O POVO CONTA
1872. Chega em Araranguá a imagem sacra de Nossa Senhora Mãe dos Homens, adotada pelos católicos como a santa padroeira da cidade
ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL DE
ARARANGUÁ v i s i t e : w w w. a r a r a n g u a . n e t
Imagem de NS Mãe dos Homens tinha carro motorizado Automóvel foi idealizado e construído pela família Bertoncini e usado na festa de maio de 1948 FOTOS SALVADOR
Osmar Nunes
A Padroeira de Araranguá, Nossa Senhora Mãe dos Homens, comemorada em 4 de maio de cada ano, tinha carro motorizado em 1948, construído por Otávio Bertoncini, com ajuda de Benta Vieira, tia de José Artur Vieira Bertoncini, que nos cedeu as fotos (no ano desta festa, Zé Artur tinha apenas um aninho de idade). O carro era enfeitado de renda e flores, onde a Padroeira era louvada em procissão pela Praça Hercílio Luz, ruas de chão batido, já com seus 21 metros de largura, segundo o traçado do engenheiro Mesquita, conservado até hoje. Enfeitavam a carruagem motorizada, em 1948, as então meninas da cidade. Detalhe curioso era a posição do motorista, que ficava embaixo dos enfeites do carro movido a gasolina. A foto ao lado foi feita em frente à igreja matriz, tendo ao fundo o prédio do antigo Banco Nacional (que depois seria o Banco Sulbrasileiro), onde hoje é a Casa da Cultura do município. No final da avenida, a antiga casa do Coronel João Fernandes, que seria demolida para a abertura da av. Sete de Setembro em direção à Cidade Alta, na administração do prefeito Gercino Pasquali.
A imagem de Nossa Senhora Mãe dos Homens, padroeira do povo católico de Araranguá, sobre o veículo motorizado especialmente preparado para transportála nas procissões. Acima, da esq. p/ dir.: Padre José, Isac Bertoncini (de Charqueada), Lauro Muller, Pedro Bertoncini (também de Charqueada), Artur Bertoncini (na época, dono da fábrica de café Bertoncini, Enedina (esposa de Artur), Otacílio Bertoncini (exportador da farinha Vascaína) e sua esposa Nida, Otávio Bertoncini (de Pescaria Brava) e sua esposa Maurília, a viúva Benta Vieira; do outro lado, estão: Jorge De Bem, Julieta (esposa de Chiquinho Bertoncini), José Paulo De Bem (filho de Cota De Bem, Tio Maninho e Padre Tiago (vigário da Paróquia). Ao lado, as meninas (no sentido horário, a partir da frente do andor): Salete Guidi, Maria do Espírito Santo (conhecida como Filha) Marielva Guidi, Ieda Salvador e Selva Bertoncini.
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10/05/2012 • ANO 18 • Nº 395 ESTA EDIÇÃO: 4 PÁGINAS
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