Jornaleco 399 01 jul 2012

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por Cláudio Gomes

pinga. Deveriam prevenir-se do resfriado que poderia vir, provocado pela chuva que, aliás, continuava intermitente e forte. Chegou o momento, e os dois deveriam subir o morro em direção a suas moradas. O Bepe resolveu ficar um pouco mais, para tomar a saideira, já Gigio saiu em direção a subida do morro. Ao passar por uma peixaria que ficava na mesma rua do bar, Gigio comprou duas tainhas gordas. Mandou embrulhá-las em jornais e iniciou a jornada morro acima no mesmo caminho pelo qual viera. Algum tempo depois, o Bepe também achou de ir embora. Sendo vizinho do Gigio, tomaria o mesmo caminho trilhado pelo amigo. Quanto a Gigio, enquanto caminhava no sopé do morro, tudo ia bem, entretanto, à medida que subia, o caminho ficava cada vez mais estreito e difícil, em virtude dos valos formados pela chuva, que agora eram verdadeiras corredeiras d’água. Gigio equilibrava-se o melhor que podia em meio ao lamaçal e à água corrente, não largando as tainhas que trazia nas mãos cruzadas contra o peito. A certa altura do morro, o efeito das horas passadas no bar e a força das águas fizeram o pobre homem tombar, soltando as tainhas que caíram nos valos inundados. A uns cem metros mais abaixo, Bepe esbugalhou os olhos quando viu duas tainhas

CASOS E CAUSOS QUE O POVO CONTA Quando a lógica deixa de existir, pode parecer que o absurdo toma o seu lugar. É elementar, como diria aquele detetive famoso, dinheiro não chove em penca, jabuti não trepa em árvore e tainha não se pesca em morro. Há quem diga o contrário e que esta última lógica pode não ser tão absoluta assim. Para validar a teoria de que tainha não se pesca em morro, Sherlock Holmes teria que ir a Jacinto Machado e desvendar o mistério de como o Bepe conseguiu pescar duas tainhas “do corso” nos morros, e em meio ao bananal. Gigio e Bepe moravam no alto dos morros próximos a Jacinto Machado. Necessitando ir à cidade fazer um pequeno serviço, Gigio aproveitou o belo dia de chuvarada, pois não se podia fazer qualquer atividade na lavoura de bananas. Descendo o morro do seu bananal em direção à cidade, não pôde deixar de observar a enxurrada que abria valetas profundas entre as bananeiras. Na cidade, fez o que tinha para fazer. Tendo sobrado boa parte do dia, entrou em um bar onde encontrou o Bepe. Aproveitando o encontro de vizinhos, ambos comemoraram a ocasião e foram brindar, por horas, em várias rodadas regadas com boa

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HÁ ANOS

ARARANGUÁ, 10 DE JULHO DE 2012 • ANO 19 • Nº 399

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diretor WLADINIR LUZ redator ERNESTO GRECHI FILHO produção gráfica NEI Publicado nas oficinas da GRÁFICA ORION, de abril de 1960 a maio de 1975

Jardim de infância ameaçado

Fone/Fax: 3524-5916

A BOA IMPRESSÃO É A QUE FICA

Av. XV de Novembro, 1807 - Centro

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Como todos devem saber, em nossa cidade existe um único jardim de infância, que funciona no Educandário Madre Regina. Atualmente se encontra ameaçado de extinção, por não ter alunos suficientes. Outras cidades menores contam não apenas com uma escola pré-primária, mas com várias. Não se compreende por que, numa cidade como Araranguá, não se consiga alunos para formar uma boa turma de jardim. (...) CA n0 278, de 22/06/1974

visite: www.ararangua.net

Grupo Escolar Castro Alves – 67 anos Jornal A GAZETA, de Florianópolis, em 18 de junho de 1945, destaca a inauguração do Grupo Escolar Castro Alves, de Araranguá, que aconteceu em 11 de junho de 1945. Leia parte do texto:

“nadando” corredeira abaixo. Como peixe de mar não é nada comum nos morros de Jacinto Machado, Bepe mergulhou no valo e “pescou” as duas belas tainhas, mesmo subindo o morro em meio ao bananal. Vibrando pelo fato de ter pescado o prato principal para o jantar daquela noite, acrescido da euforia provocada pelo efeito etílico dos brindes da tarde que passou no bar, gritava feito louco no meio daquela enxurrada: — Quem disse que nos morros de Jacinto Machado não se pesca tainha do corso?! Colaboraram Enio Frassetto e Vanderlei Amboni

Título de cidadania Outorgado ao sr. Ivo Silveira, quando o mesmo era governador, ainda não lhe foi entregue, pois o agraciado esqueceu-se de vir recebê-lo. Isso aconteceu há cerca de oito anos. CA n0 279, de 20/07/1974

Camping Morro dos Conventos Ano XV - junho/julho de 1974

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JORNALECO

Pesca da tainha no Jacinto Machado

No Morro dos Conventos teve início, pelo Grupo Freitas [a instalação do camping]. Piscina, enfermaria, lanchonete, enfim, uma variedade de conforto ao turista. O bonito bosque será todo gramado e o conjunto pode ser considerado como dos mais modernos. Idem (Nota do Jornaleco: Em seu auge, nos anos 70, o camping recebia turistas de toda parte, incluindo numerosos argentinos e uruguaios. Em várias ocasiões, o camping lotava e muita gente ficava sem vaga para montar sua barraca.)

COLUNA JOVEM (por Irê Gutierrez) z Nas paradas de sucesso da Venezuela, continua a versão de “A pílula”, gravada pelo próprio Odair José. z Nei Matogrosso, figura central dos Secos & Molhados, saiu do conjunto e vai gravar sozinho. z Chacrinha, desempregado da TV Tupi, agora comanda suas chacretes em show de boate. z Em primeiro lugar em todo o Brasil, a novela Fogo sobre terra, com o araranguaense Gilberto Martinho fazendo o papel do velho Martins. Idem

A marca do seu parceiro de estrada POSTOS IRMÃO DA ESTRADA DISK FONE (0**48) 3524-0071

CESAR DO CANTO MACHADO (cesardocantomachado@gmail.com)

INAUGURA-SE hoje na cidade de Araranguá, o Grupo Escolar Castro Alves. Presença do Interventor Nereu Ramos; Ivo D’Aquino, Secretário da Justiça; Rogério Vieira, Secretário da Viação; major Asteróide da Costa Arantes, chefe da Casa Militar e o jornalista Jairo Callado. Foram de Imbituba, com muito frio pela manhã, para Araranguá, em litorina pela Estrada de Ferro Dona Teresa Cristina – EFDTC, incluindo-se, na comitiva, Ernani Cotrin Filho, diretor das Organizações Lage. Recepcionados na Barranca pelo Dr. Belizário Ramos Costa, Juiz de Direito; Abel Esteves de Aguiar, Prefeito Municipal; Frederico Câmara Neto, Promotor Público e o padre Thiago Coccolini, vigário da Paróquia. Perfilados, a banda tocava e os alunos aguardavam cantando. Chegaram com atraso. Primeiro visitaram o Hospital Bom Pastor, em construção, seguindo para o centro da cidade, onde, recepcionando a comitiva, falou pela juventude o estudante Francisco de Assis Batista, saudando o interventor, agradecendo pela instalação do Grupo, que qualificou como generosa dádiva. Da praça foram para a residência do Sr. Altícimo Tournier, presidente do diretório do PSD, com cortesia da anfitriã Alfena Medeiros Tournier. Pelas ruas, faixas saudavam os visitantes e numa delas se lia: OS

PROFESSORES DE ARARANGUÁ SAÚDAM O INTERVENTOR.

Da sacada do edifício de Santi Vacari, o Interventor assistiu a uma parada cívica, com desfile escolar puxado pela banda [Maestro] Serafim Silva, do próprio lugar. Os meninos estavam trajados de calças curtas azuis e camisas brancas. Ao final do desfile, todos se dirigiram para o Grupo Escolar Castro Alves, passando antes pela

avenida Getúlio Vargas, até o velho Grupo David do Amaral, retornando à rua XV de Novembro, com calorosa recepção organizada por populares, recebendo os cumprimentos do diretor do Departamento de Educação, Elpídio Barbosa, e dos inspetores escolares João dos Santos Areão, Marcílio Santiago e Celso Rilla. Lá estava também o diretor do Castro Alves, o Sr. Eugênio Marchetti. Do palanque instalado defronte o Gabinete Escolar, a aluna Ilma de Assis saudou à Bandeira, seguindo-se o hasteamento da Nacional pelo Senhor Interventor. Ao celebrar-se a inauguração, o Dr. Belizário Ramos, Juiz da Comarca, pronunciou empolgante discurso concedendo ao visitante a honra do corte da fita simbólica colocada na entrada do educandário. No Gabinete do Diretor, o padre Thiago Coccolini benzeu o crucifixo lá colocado. Ciro Bacha, fazendo às vezes de locutor e com bom desempenho, narrou aos presentes os vários números e atrações apresentados ao Interventor e comitiva. Falou o jovem estudante dos valores poéticos de Castro Alves e apresentou, para declamar uma das consagradas passagens versadas de nosso artista, a senhorita Zilma Campos, que enquanto declamava, tinha ao fundo a música Toada do Mar orquestrada em surdina. Em outra parte das atrações houve uma coreografia de educação física executada por várias alunas do mesmo grupo, sendo que a aluna Zélia Zita do Canto entregou ao Interventor, como lembrança, uma das flechas que carregava durante o desfile. Lígia Pereira recitou Crepúsculo Serta-

nejo e, ao fundo, um grupo de moças cantava Brasileiro Hospitaleiro. Tereza Cordeiro apresentou Riachuelo, seguindo-se a Canção do Expedicionário. Coube ao coronel Freitas Pereira apresentar Versos de Um Viajante, com a música Terra Virgem ao fundo, cantada pelos alunos do grupo. A poesia Voo do Gênio teve a declamação de Neise Oliveira, acompanhada pela música Canção Nacional. Outros destaques foram o Bailado Indiano, apresentado pelas alunas do Castro Alves; a leitura emocionada de algumas estrofes do poema O Livro e A América, recitado por Ciro Bacha, e o desempenho artístico e expressivo de Érica Nunes em outro poema. Ouviu-se, ao fundo, o Hino Esportivo. Para concluir as cerimônias festivas, no pátio principal cantou-se o Hino Nacional. Do vão central da escola foram os convidados, alunos e professores, para a cozinha dietética, onde houve a distribuição da sopa escolar, quando saudou aos presentes a aluna Elizabete Borba. z

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10/07/2012 • ANO 19 • Nº 399 ESTA EDIÇÃO: 4 PÁGINAS

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H FUNDADO EM 18 DE MAIO DE 1994 H

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© Ricardo Francisco Gomes Grechi (reg. nº 99866 - prot. 4315/RJ, de 17/07/1995)

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