Jornaleco 400 15 jul 2012

SALVADOR / ACERVO DODEMAR OLIVEIRA

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Grêmio Esportivo Araranguaense

HÁ ANOS

TIME BASE NA VIRADA DOS ANOS 1940/1950

Ano Xv - No 279 - 20 de julho de 1974

diretor WLADINIR LUZ redator ERNESTO GRECHI FILHO oficina NEI DA ROSA Publicado na GRÁFICA ORION, de abril de 1960 a maio de 1975

JORNALECO ARARANGUÁ, 15 DE JULHO DE 2012 • ANO 19 • Nº

400

APOIO CULTURAL

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Rotary com novo conselho O Rotary Clube de Araranguá realizou a solenidade de assunção do novo Conselho Diretor para o período 1974/75. Assumiu a direção do clube Antonio Caetano de Souza, tendo na vice-presidência Cláudio Garcia. Proferiu uma palestra especial o Dr. Antonio do Amaral e Silva, juiz de Direito da Comarca.

Lions Araranguá-Centro

FUNDADO EM 21 DE JUNHO DE 1948, o Grêmio Esportivo Araranguaense conheceu um período de profissionalização a partir de 1951, com a contratação de jogadores de fora. Durou pouco tempo, mas já no ano seguinte conquistou o Campeonato da LARM. Com o título, o GEA obteve o direito de disputar o Campeonato Catarinense de 1952. Chegando às semifinais superando o todo poderoso Avaí com duas vitórias, ele despacharia o Hercílio Luz com um empate em casa e uma vitória em Tubarão, mas não passaria pelo América de Joinville, terminando num honroso terceiro lugar, e tornando-se o primeiro time a levar o futebol da “região mineira” ao grande cenário estadual.

O time profissional do Grêmio Araranguaense manteve apenas dois ou três jogadores da formação original retratada na foto acima e que foi um dos maiores times amadores da nossa história. Da dir. p/ esq.: Alamiro Maciel, Parada 18, Quirininho, Sálvio Amaro, Amadinho, Zé Maia e Serrano; Quitandinha, Plínio, Enedir, Antoninho e Plácido Zaca. (+ J.387, de 01/01/12)

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Saturnino Balthazar assumiu o cargo de presidente do Lions Clube Araranguá-Centro em jantar festivo realizado por aquele clube de serviços nas dependências do União Clube Cidade Alta.

Lions Araranguá-Sul Também o Lions Clube Araranguá-Sul realizou a posse da nova diretoria, em jantar festivo no UCCA, com a presença do governador do Distrito L-23, Odorico Durieux. Gercino Pasquali, que já era presidente provisório, na ocasião do recebimento da carta constitutiva, foi confirmado no cargo.

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Os bailes do Arroio do Silva SALVADOR

por Cláudio Gomes CASOS E CAUSOS QUE O POVO CONTA O Balneário Arroio do Silva, que conheci na infância, era uma pequena vila com algumas dezenas de casas. Todas de madeira e construídas sobre esteios também de madeira.

Muitas dunas de areia, cômoros, ou combros, como chamávamos, via-se até onde a vista alcançasse, e por todos os lados.

Na região central, um belo arroio de águas límpidas, onde brincava com amigos de infância, pescando piavas pequenas.

A pouco mais de um quilômetro de distância, ao norte da vila, havia a lagoa da Capivara que, com o passar dos anos, foi soterrada pela areia.

Apesar de a vila não ter grande contingente populacional naqueles tempos, sua estrutura hoteleira era bastante desenvolvida.

Estavam estabelecidos o hotel Santa Terezinha, de propriedade de Irineu Gomes Balthazar (seu Keno), sucedido pelo hotel Mar Velho, do Firmino Boeira, hoje um restaurante; o Globo Hotel, do Guilherme Silveira, também conhecido por Guilherme Bidé, onde hoje está o edifício Sobre as Ondas, o hotel do Roseno Pereira (seu Roseno), situado na mesma rua, mais ao sul. Existiam, ainda, o hotel Siri, hoje hotel Scaini, e a pensão do Manoel Ambrósio.

Para as diversões de fins de semana dos veranistas existiam, além de muitas canchas de bochas, alguns salões de bailes. O maior era o do Otávio Ramilo do Canto, hoje hotel Scaini, que antes de ser hotel foi o seu sucessor nas noitadas do Arroio do Silva, rivalizando com o Mar Velho. Havia também as gafieiras onde os bailes eram mais populares e normalmente abrilhantados pelo conjunto do Jovino Bateria.

Hotel e restaurante de Antonio Quirino Nunes, no Arroio do Silva (c. 1950) No tempo da minha infância, os bailes também eram realizados nos salões dos hotéis, aproveitando o mesmo local onde eram servidas as refeições – o refeitório – pois estes salões eram construídos de forma a serem aproveitados em ambas as atividades.

Todas as edificações eram em madeira, o salão era amplo, com colunas dispostas em um quadrado central, possibilitando que o ambiente pudesse ser dividido em duas partes.

Para delimitar os dois ambientes, eram colocadas travessas horizontais, na altura aproximada de um metro, unindo as colunas.

O assoalho do salão tinha dois níveis: o que ficava pelo lado de fora das travessas era mais alto; o de dentro, mais baixo, formava o centro do salão. Para se passar de um nível a outro havia um pequeno portão.

Ali, assisti alguns bailes.

Era assim: o conjunto era composto, na maioria das vezes, por uma gaita e um pandeiro, e, algumas vezes, uma bateria.

Ah! Não havia qualquer “tralha” eletrônica, pelo simples fato de que também não havia energia elétrica; logo, era música ao vivo mesmo, e à luz de lampião.

A divisão do salão em dois tinha uma razão de ser, e, nestes momentos de bailes, se justificaria.

Era costume o proprietário do salão cobrar a “quota”.

A quota, ou cota, era um valor cobrado dos homens que desejassem dançar.

Todos podiam permanecer em todas as dependências no salão até o inicio do baile, quando então deveriam se separar.

As mulheres que desejassem dançar, deveriam se dirigir para o centro do salão (piso mais baixo) e os homens deveriam ficar do lado de fora (piso mais alto).

Os homens que quisessem dançar deveriam passar pelo portão que dava acesso ao centro e ali pagar a cota, só então poderiam se dirigir para os seus pares.

O povo conta que determinado proprietário, no momento em que tudo estava preparado para dar início ao baile, se dirigia para o centro do salão e gritava a plenos pulmões, a fim de botar ordem na casa, com o objetivo de cobrar a cota e dar início às danças: “ATENÇÃO! OS HOME, DO PAU PRA FORA, E AS MULHÉ, DO PAU PRA DENTRO! VAI COMEÇAR O BAILE!”

Solicite-nos através de jornalecocultural@yahoo.com.br o recebimento das edições do Jornaleco (igual no papel + as fotos coloridas) via e-mail

JORNALECO jPANFLETO CULTURAL

15/07/2012 • ANO 19 • Nº 400 ESTA EDIÇÃO: 8 PÁGINAS

Distribuição gratuita Periodicidade quinzenal Tiragem: 1.000 exemplares

H FUNDADO EM 18 DE MAIO DE 1994 H EDIÇÃO E DIAGRAMAÇÃO Ricardo Grechi CONTATO Rossana Grechi DISTRIBUIÇÃO Gibran Grechi, Nilsinho Nunes ASSISTÊNCIA Guaraciara Rezende IMPRESSO NA GRÁFICA CASA DO CARIMBO DE Rosa e Aristides César Machado FOTOLITO DIGITAL David CORTE DE PAPEL Toninho IMPRESSÃO Welington, Valdo

© Ricardo Francisco Gomes Grechi (reg. nº 99866 - prot. 4315/RJ, de 17/07/1995)

UMA PUBLICAÇÃO

ORION EDITORA Calçadão Getúlio Vargas, 170 88900.000 Araranguá - SC - Brasil jornalecocultural@yahoo.com.br

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PUBLÍLIO SIRO

O caminhãozinho azul Costumo dizer, às vezes, a meus amigos, que tenho a impressão de haver nascido na pré-história...

Desde a minha infância, lá na Boa Vista, até os tempos atuais, o mundo mudou dramaticamente... creio que para pior.

Queixas de nada adiantam, eu sei.

O planeta continua a girar, a violência aumenta, os políticos roubam, as guerras prosseguem agitando povos e causando genocídios. É possível que a humanidade seja assim mesmo, e que o remédio para mudá-la simplesmente não exista... Deve ser isso. * * * Por isso, procuro refugiar-me em minhas lembranças boas. Uma destas é, como sempre, um fato aleatório, distante, quase imperceptível no nevoeiro da memória. Vejamos...

Eu tinha uns seis, sete anos, por aí. No lugar onde nasci, e no qual passei os primeiros anos de vida, não tinha qualquer coisa que pudesse ser chamada de “tecnologia”. Tudo, ali, era rudimentar, construído com as próprias mãos ou com instrumentos simples. Com um canivete, por exemplo, fazíamos objetos de madeira (o mano Agilmar era muito bom nessas coisas). Um cabo de vassoura servia para criarmos um fogoso e imaginário cavalo, desde que amarrássemos, numa das pontas, um cordão com alça (que era a “rédea”); e, assim, saíamos correndo, pela estrada afora, levantando poeira e dando gritos de estímulo ao “corcel”...

Já acostumado a inventar meus próprios brinquedos, nem sequer sentia necessidade de objetos fabricados ou mais sofisticados... Afinal, para quê?!

Tínhamos, naquele mundinho restrito e tranquilo, quase tudo o que queríamos: comida saudável, banhos no rio, noites estreladas, canto de pássaros, liberdade infinita. E a compa-

Tel. 3524-1080 Calçadão da Getúlio Vargas

APRENDENDO A VIVER (fonte sem citação de autoria: textos_legais.sites.uol.com.br)

Aprendi que se aprende errando.

Que crescer não significa fazer aniversário.

Que o silêncio é a melhor resposta, quando se ouve uma bobagem.

Que trabalhar significa não só ganhar dinheiro.

Que amigos a gente conquista mostrando o que somos.

Que os verdadeiros amigos sempre ficam com você até o fim.

Que a maldade se esconde atrás de uma bela face.

Que não se espera a felicidade chegar, mas se procura por ela.

Que quando penso saber tudo ainda não aprendi nada.

Que a Natureza é a coisa mais bela na vida.

Que amar significa se dar por inteiro.

Que um só dia pode ser mais importante que muitos anos.

Que se pode conversar com estrelas.

Que se pode confessar com a Lua. Que se pode viajar além do infinito.

Que ouvir uma palavra de carinho faz bem à saúde.

Que dar um carinho também faz...

Que sonhar é preciso.

Que se deve ser criança a vida toda.

Que nosso ser é livre.

Que Deus não proíbe nada em nome do amor.

Que o julgamento alheio não é importante.

Que o que realmente importa é a paz interior. ”Não podemos viver apenas para nós mesmos. Mil fibras nos conectam com outras pessoas; e por essas fibras nossas ações vão como causas e voltam para nós como efeitos.” HERMAN MELVILLE

E, tal como o poeta Neruda, acho que, enquanto conservarmos um pouco de nossos sentimentos de crianças, ainda é possível que exista uma esperança – mesmo que seja diminuta e frágil – de alcançarmos a tão almejada FELICIDADE...

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Calçadão, ao lado da ex-Caixa

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SSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS

Por ser diferente e absolutamente inesperado, aquele caminhãozinho azul ficou gravado, para sempre, na minha mente.

Marco Aurélio Massoterapeuta

uplemento

Quatro horas da manhã. Um homem com andar meio cambaleante caminha pela rua escura.

Um carro da polícia se aproxima e os policiais resolvem averiguar a situação: – Onde vai o cidadão a esta hora?

– Estou indo assistir à uma palestra...

– Palestra?! A esta hora? Sobre o quê?

– Sobre os efeitos do álcool e das drogas no corpo humano. Os danos causados pela esbórnia e a farra na degradação da vida amorosa conjugal, os impactos negativos sobre o sistema nervoso central e periférico advindos dessa vida desregrada, os malefícios aos órgãos internos e também externos devastados pela ingestão desenfreada de fumo, álcool e drogas ilícitas. A vida sem Deus no coração...

– Ô meu, fala sério! E quem vai dar uma palestra desta abrangência e relevância científica nesta hora da madrugada?

– Minha mulher, quando eu chegar em casa...

* * * Vocês imaginem, então, minha surpresa, quando ganhei aquele CAMINHÃOZINHO AZUL, num certo Natal! Pareceu-me uma dádiva incrível, e fiquei muito feliz em recebê-lo das mãos do papai (que o havia comprado em Araranguá, ou “na cidade”, como dizíamos). O precioso objeto era tipo furgão, fechado, com portinhas na parte traseira e desenhos de pássaros vermelhos de ambos os lados da cabine.

De tão entusiasmado para brincar com o caminhãozinho, esquecia de comer! D. Amarfilina gritava da porta da cozinha: “Vem já pra dentro, senão vou te buscar de chinelo!” Só assim mesmo é que eu obedecia, porque sempre fui – confesso – muito teimoso e obstinado.

Ao dormir, colocava o caminhãozinho ao lado do travesseiro. Essa providência, embora cômica, tinha uma razão de ser: o Agilmar – o mais travesso e endiabrado de todos os irmãos – era bem capaz de esconder meu adorado troféu...

CASA NOVA

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A BANDA

No fundo de cada alma há tesouros escondidos que somente o amor permite descobrir.

PALESTRA NA MADRUGADA

nhia protetora de nossos pais e irmãos, todos aconchegados e unidos na casinha rudimentar de madeira nua. No pátio, um cavalo, a pequena carroça, um galinheiro (construído pelo Zé Maromba, nosso amigo e vizinho ).

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JORNALECO, em 1994, eu não tinha a mínima ideia de até quando permaneceríamos. Estávamos definidos quanto ao formato – no máximo foram as oito páginas atuais dos dias 15 – e a periodicidade quinzenal. Quanto ao conteúdo, seguiriam as coisas de almanaque, a história de Araranguá, suas pessoas, suas artes, seus causos. No mais, assuntos diversos que vez por outra despontam.

Tínhamos tudo em casa. Uma gráfica e seus profissionais. A própria Gráfica Orion já tinha a experiência de publicar jornal por quinze anos, o Correio de Araranguá, de 1960 a 1975. Daí se juntaram a nós os colaboradores, amigos devotados e apoiadores financeiros.

Chegar ao número 10, foi um marco.

Na casa dos 30 e 40, já nos sentíamos como parte da história da imprensa araranguaense. O Correio de Araranguá, era, então, o jornal de mais longa vida entre nós. Alcançar o seu tempo de vida tornou-se um sonho.

Naqueles primeiros anos, Araranguá contava só com uns três jornais semanais. Um deles, a Tribuna do Vale, pouco depois superaria o jornal do meu pai, com 18 anos de circulação como veículo próprio (em seus 21 anos, durante os três primeiros ele era apenas uma coluna integrante do Tribuna Criciumense).

Agora, já somos o impresso jornalístico mais longevo de Araranguá, no momento em que atingimos nossa edição número 400. O sucesso, atribuímos ao formato conta-gotas do JORNALECO, à sua gratuidade, sua independência ideológica e intelectual, sua lealdade ao espírito da cidade, sua crítica livre de injúrias, sua alegria. O resultado disso se dá na maior conquista que qualquer órgão de imprensa que se promova como representante geral almeja: a credibilidade e o amor do leitor. z

Aimberê Araken Machado

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Quando iniciamos com o

O amor se torna favorável pelo carinho, não pela autoridade.

JORNALECO 400 15/07/2012

400

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CASA

SOLO DO EDITOR RICARDO GRECHI

POETA BRASILEIRA (1901-1964)

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Canção da tarde no campo Caminho do campo verde, estrada depois de estrada.

Cercas de flores, palmeiras, serra azul, água calada.

Eu ando sozinha no meio do vale.

Mas a tarde é minha.

Meus pés vão pisando a terra que é a imagem da minha vida: tão vazia, mas tão bela, tão certa, mas tão perdida!

Eu ando sozinha por cima das pedras.

Mas a flor é minha.

Os meus passos no caminho são como os passos da lua; vou chegando, vais fugindo, minha alma é a sombra da tua.

Eu ando sozinha por dentro de bosques.

Mas a fonte é minha.

De tanto olhar para longe, não vejo o que passa perto.

Subo monte, desço monte, meu peito é puro deserto.

Eu ando sozinha, ao longo da noite.

Mas a estrela é minha.

(Vaga Música, Pongetti, Rio, 1942)

“O amor é a ocasião única de amadurecer, de tomar forma, de nos tornarmos um mundo para o ser amado. É uma alta exigência, uma ambição sem limites, que faz daquele que ama um eleito solicitado pelos mais vastos horizontes.”

CN

CANOAS / RS

RAINER MARIA RILKE

CASA NENA ARARANGUÁ / SC

“Quando resolvi parar com o Rivotril, passei a maior ressaca da minha vida” numa conversa e não conseguia. “Aquele negócio de sentar, ca… ca… ah, sim, cadeira!” Conversar comigo sobre cinema, assunto que sempre amei, havia se tornado patético. Eu não lembrava nomes de filmes, atores e diretores. Quando resolvi parar com o Rivotril, depois de mais de um ano livre de me irritar com tudo e de ter tanto medo da minha própria sombra, passei a maior ressaca da minha vida. Foram meses dormindo mal, sentindo cansaços e sonos em horas erradas, ouvindo meus músculos retesados gritando pelo remedinho, lidando com ocos assustadores no centro da cabeça, com buracos peludos no meio do peito, com disparadas insanas no meu coração e bebendo litros e litros de água que nunca saciavam a pele seca da minha alma.

Estou limpa há 14 meses, mas não saio de casa sem uma cartelinha no bolso. Se o monstro do medo sem explicação ousar enfiar suas garras em minha jugular, não penso duas vezes antes de mandar pra dentro meus amiguinhos solúveis. Quem pensa sobre ficar louco nunca vai ficar, me contou minha psiquiatra. E eu me agarro nisso.

Todo mundo tem uma muleta social para quando se sente inseguro. Minha muleta sempre foi ser engraçadinha e ter uma fé desgraçada em mim. Quando a fé se foi, entrou o Rivotril. Agora a fé voltou e as cartelas estão vencendo aqui em casa, sem uso. Estou feliz, mas meu cérebro guarda as lembranças terríveis das faltas de ar e da sensação humilhante de não conseguir ser um adulto. A qualquer momento eu podia cair, vomitar, fazer xixi nas calças, pedir que um estranho cuidasse de mim.

A verdade é que o mundo está tomando calmante porque se sente solitário e perdido. A tarja preta virou o pretinho básico.

Se você espirrar no médico, ele receita.

Você não é estranho, você não é um E.T., você pode sim se sentir fraco, com medo e louco. Você pode ficar cansado, querer colo e não se sentir capaz. Você não precisa abraçar o mundo e você, definitivamente, precisa abraçar suas esquisitices. Mas largue esses remedinhos o quanto antes. Pense que o mundo inteiro está fazendo uso deles; então, meu amigo, nada te tornará mais normal e banal do que precisar deles. Só de pensar isso, o medo já melhora bem, não é?

Tirar o tabu da ansiedade é a única coisa que pode, verdadeiramente, nos acalmar.

Eu ia falar mais alguma coisa, mas esqueci. Acho que minha memória nunca mais será a mesma. z

Veste seu olhar

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Faço ponte aérea toda semana. Criei fobia de aeroporto, de aeromoça, de saquinho de vômito, daquela descarga supersônica do banheiro do avião, dos engravatados cheios de pigarros colados a mim na cadeira, dos atrasos, das 897 trocas de portões de embarque, do Nutri de banana com suco de laranja aguado e do bafo enjaulado que escorre seco pelas paredes que separam você dos problemas que continuam enormes lá embaixo. Mas, quando essa história começou, eu era recém-contratada da Globo e tinha vergonha de admitir que estava com crises fortíssimas de pânico. Então enfiava três calmantes sublinguais de 0,25mg na boca e ia para minhas reuniões semanais. Ao chegar lá e ver meus amigos cariocas bronzeados, felizes e altamente dispostos a disparar piadinhas para tudo, odiava a minha situação temerosa, insegura e doente. Eles só me achavam mais uma paulistana estranha, mas nunca quiseram realmente saber o que se passava com minhas mãos trêmulas. Eu era convidada para 456 festas, 789 bares e 894 oba-obas, mas ficava trancada no hotel, conversando com algum amigo paulistano sobre as estranhezas da existência.

Nunca soube com clareza o que detonou isso no meu cérebro. Minha terapeuta diz que culpar o caos aéreo ou a ditadura da alegria carioca (estar deprê no Rio de Janeiro é como querer usar casaco de lã em Cuiabá) é um erro gravíssimo.

Meu pânico estava se formando desde os meus primeiros passos, prestes a explodir a qualquer momento. E explodiu com força total quando fiz 30 anos e resolvi que era capaz de escrever livros, roteiros, colunas, filmes, trabalhar em agências de propaganda, em peças de teatro e ainda ter tempo de viajar, cuidar dos meus pais, ser mãe, malhar loucamente e dar pra quem eu quisesse. Eu tomava antidepressivo e ia à terapia três vezes por semana. Tudo isso me fazia bem, mas a única coisa capaz mesmo de me colocar dentro de um avião toda semana era o danadinho do Rivotril. Um pequeno pedaço do paraíso que você compra com menos de cinco reais. Uma droga que você obtém com uma receitinha azul facílima de conseguir. Basta chegar arfando em qualquer médico.

O Rivotril me permitiu terminar vários projetos, comprar um apartamento no bairro que eu sempre quis e acumular milhares de milhas. Mas cheguei a um ponto em que eu queria lembrar a palavra “cadeira”

Algo estranho deve estar acontecendo quando um remédio contra a ansiedade – tarja preta, vendido só com retenção de receita – se torna, nos últimos anos, o segundo medicamento mais consumido no Brasil. Esse remédio é o velho Rivotril, com 35 anos de mercado. A escalada desse ansiolítico na lista dos mais vendidos sugere que a população em sofrimento psíquico pode ser maior do que se imagina.

O segundo problema que leva à indicação excessiva do Rivotril é a precariedade do atendimento de saúde brasileiro, sobretudo de saúde mental. Há falta de psiquiatras no país. Consequentemente, as pessoas não recebem diagnóstico correto e não têm tratamento adequado de seus problemas. Quando o paciente chega ao consultório com enxaqueca, gastrite ou qualquer outra queixa que possa ter alguma relação com ansiedade, frequentemente ganha uma receita de Rivotril.

O terceiro fator que contribui para a venda de Rivotril é o que o psicanalista Plínio Montagna chama de “glamorização do ato de medicar-se”. No passado havia preconceito contra os remédios psiquiátricos. Recentemente, houve uma guinada cultural e eles passaram a ser vistos como resposta a todos os problemas da existência. Os médicos (sobretudo os que não são psiquiatras) receitam remédios psiquiátricos com total desenvoltura.

“Emoções normais e importantes para a mente, como tristeza ou ansiedade em situação de perigo, são eliminadas porque incomodam”, diz Montagna.

Questões existenciais são tratadas como sintomas médico-psiquiátricos, com a colaboração de “uma avassaladora quantidade de dólares” gastos em publicidade pela indústria farmacêutica.

Um exemplo está na coleção de propagandas de ansiolíticos acumulada pelo professor Elisaldo Carlini, coordenador do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid) da UFSP. São folhetos promocionais que os laboratórios deixam nos consultórios médicos. Um deles mostra uma mulher com um largo sorriso depois de tomar um remédio que corrigiu a ansiedade gerada por três bilhetes recebidos ao mesmo tempo: um do marido, avisando que chegará tarde para o jantar; outro do filho, dizendo que vai trazer o time de basquete para o lanche; e o terceiro da empregada, avisando que faltou ao trabalho porque foi a um posto de saúde. “Viver dá ansiedade, mas criou-se a cultura de que problemas cotidianos devem ser enfrentados com remédios”, diz Carlini.

Quando indicado segundo os melhores critérios, o Rivotril pode ser bastante útil no tratamento da ansiedade generalizada. O paciente vive angustiado, preocupado, nervoso. Dorme mal, não se concentra e se irrita por qualquer coisa. Sozinho, no entanto, o remédio não resolve. O tratamento depende também do uso de outros recursos, como antidepressivos, psicoterapia e atividade física.

Na prática, muitos pacientes recebem a receita de Rivotril e passam meses sem retornar ao médico. Quando voltam a consultar um profissional de qualquer especialidade, dizem que o anterior receitou o remédio e se sentiram bem. Acabam saindo do consultório com nova receita. (revistaepoca.globo.com) DVD’s • PASSAMOS VHS P/ DVD REVISTAS • CONVENIÊNCIAS

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RAFA MACHADO

Se eu fosse vocês

SONETO DA ESPERA Nunca a paixão chegou tão tranquila Desfiando lentamente o tempo com suas mãos miúdas Entrando com passos tão simples e surdos Galanteando palavras tão belas e mudas Nunca me vi assim, tão pego, surpreso, desprevenido Como no olhar calado em que me sorris Como no sorriso avulso que arranca-me suspiros Nunca foi assim, tão fácil ser feliz Mas o tempo passou e te levou consigo E pra longe, contigo, no bolso, um pedaço meu Saudade aflita, buraco de amor, espaço teu Por isso, se novamente nos reencontrarmos Ande logo e devolva-me depressa Só assim posso estar inteiro e te ter inteira pra mim.

ARLETE ZANERIPPE IMUNIZAÇÃO Alma coração Independem?!

Surdos a razão Não se entendem Corpo grita Dor que geme Boca suplica Olhar desmente Alma em fé Coração na crença Fiquemos em pé Temos platéia Desmerecida E nesta alcatéia Ando na vida.

R. FRANCISCO ALÉM DA NOITE O bom da vida sempre guardamos O ruim vai se perdendo O bem nos outros nunca esquecemos O mal vai se apagando As boas coisas sempre retornam É como o sol além da noite solitária e fria

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DROGARIA

Marista 5

DISK ENTREGA

Estive pensando na intrigante frase: “o que você faria se fosse...”, e digo que esta não é uma questão muito fácil de responder. É complicado dizer o que você faria, caso fosse alguém que você não é.

Contudo, em algumas situações específicas, destas que ficam latentes dia e noite persistindo até nos sonhos (ou pesadelos), eu tenho a resposta na ponta da língua (e dos dedos também).

Se fosse compositora de música sertaneja, entraria com processo de danos morais contra o segmento musical que se diz sertanejo, mas que só sabe compor (se é que se pode denominar composição qualquer porcaria escrita) hinos à promiscuidade e à bebedeira. Coisinhas estimulantes, do tipo: “Sou simples, mas eu te garanto eu sei fazer o lê lê lê lê lê lê”, ou, “delícia, delícia, assim você me mata.

Ai se eu te pego, ai ai se eu te pego”.

Se fosse universitária faria um movimento de protesto contra o estilo de música vulgar de vocabulário tosco e ideologia obscena que intitulam “universitário”, a fim de banir a terminologia acadêmica. Uma vez que sentiria vergonha em admitir tipos que dizem: “Ô mulher, vem ni mim com os dois pé e eu faço o que ocê quisé”, ou, “você não escapa não. Se eu te pego ham. Se eu te beijo ham. Se eu te pego ham ham ham ham ham”; como sendo parte da turma.

Se eu fosse mãe de jovens que ouvem, cantam e coreografam os “hits” fuleiros, que falam: “Ô mãe, relaxa aí! Se você soubesse da verdade e da metade do que eu já bebi!”, ou, “Tô curtindo o barato, vendo ela descê.

Tá perdendo a linha, descendo na balada. Com dedinho na boca, ela tá pirada”; estaria me perguntando: Onde foi que eu errei?

Se eu fosse mãe de uma criancinha

Há 20 anos servindo a cidade inverno e verão

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Rivotril: uma droga lícita

JORNALECO 400 15/07/2012

Quem ri por último, rivotril

que mal sabe falar direito, mas já canta coisas do tipo: “eu quero tchu, eu quero tcha. Eu quero tchu tcha tcha tchu tchu tcha; admitiria, derrotadamente, que o erro foi “eu”.

Se eu fosse professora e percebesse que, para os alunos, a música brasileira se resume a sucessos podres que convidam: “Vem ni mim Dodge Ram, Focker duzentos e oitenta, você tá muito diferente, eu vou atrás, você na frente”, ou,“ Vou te esperar na minha humilde residência pra gente fazer amor, mas eu te peço só um pouquinho de paciência, a cama tá quebrada e não tem cobertor”, reforçaria, incansavelmente, o conceito de bom e ruim, certo e errado, e me sentiria exultante se, um ou outro, aprendesse.

Mas sou só alguém que não se conforma que a música, um dos mais poderosos meios de purificação da alma, seja utilizada como instrumento de apologia ao sexo, sacanagem e bebedeira.

Uma otimista, que aposta que o bem há de vencer, ainda que pareça que o mal esteja em vantagem e tenha dado o melhor de seus golpes, a alienação dos valores morais.

Uma sonhadora, que espera que as pessoas descubram que existe vida inteligente além da TV, e que desliguem o botão e se liguem para ela.

Uma escritora, que se deu o desgosto de pesquisar as letras das músicas que fazem sucesso no país, e se permitiu a dor e a indignação de transcrevê-las nesta crônica na esperança de que “lendo” a podridão vocês consigam ver a feiura e sentir o fedor que ela possui, então, esperançosamente, quem sabe, se afastem dela.

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Mamão, delícia de benefícios Esta delícia de fruta é calmante, digestiva e laxativa, sendo bastante indicada para quem possui o estômago sensível, quer manter o peso ou está querendo emagrecer, pois possui baixas calorias.

O mamão possui ainda alta quantidade de beta-caroteno, característico de frutas de tons alaranjados. O beta-caroteno, quando ingerido, atua como formador de vitamina A. Já a Vitamina A, atua no combate a doenças de pele, cegueira noturna e queda de cabelos.

(Site Dicas de Saúde)

Goiaba, boa fonte de vitamina C A maioria das pessoas não sabe, mas a goiaba contém mais vitamina C do que o limão, constituindose em uma ótima fonte desta vitamina, sem falar que é mais doce e mais saborosa.

A vitamina C atualmente é uma das vitaminas mais conhecidas e utilizadas pela população em geral. E não é para menos, a vitamina C tem propriedades como auxiliar na produção de colágeno, melhorar a absorção de ferro, aumentar a imunidade contra doenças bacterianas e virais, entre outras. A dose diária recomendada pela OMS (Organização Mundial da Saúde) é de 60mg/dia, o que equivale a dizer que um copo de goiaba ou apenas uma laranja ao dia, supre essa necessidade.

(Site Dicas de Saúde)

Laranja para acalmar Colocar em repouso em uma xícara de água fervente, cinco a seis folhas de laranjeira ou metade das cascas secas de uma laranja. Coar e adoçar com mel para beber. Bom para combater a excitação nervosa e a insônia.

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SAM LEVENSON

“Havia cancelas para entrar e sair da cidade: uma era da Engenheiro Mesquita, outra no Valdomiro, na rua Regimento Barriga Verde, nos Brígido, para lá do hospital, no Quirino, essa na Caetano Lummertz, lá no rodeio e no Albino Bergundes. Isto era para poder soltar os animais no recinto da cidade. No fim do ano, todo proprietário de animais pagava doze mil réis para à Prefeitura... eram porteiras de abrir, só encostadas... lá na Coloninha era tudo tiririca, só banhado” (década de 20). (DALL’ALBA, 1997 in relato de Cid Batista de Carvalho).

A implantação da praça e da igreja na região de Campinas (a partir de 1886) e logo depois da doação do terreno para construção da sede da municipalidade (1897, doado pelo Sr. José Maciel) vieram incentivar a expansão para aquela nova área. A área doada fora dividida em quadras e lotes, dos quais eram concedidos por aforamento perpétuo (HOBOLD: 1994,162).

Como reflexo do desenvolvimento de Araranguá, em 1896, a instrução pública de Araranguá já contava com três professores, tendo sua primeira escola pública construída no início do século XX. Em 1906, registra-se a presença do primeiro hotel da cidade, no local onde seria, até os anos 70, o “Hotel dos Viajantes”. As atividades sócio-culturais, também almejadas pela sociedade araranguaense, começam a ser organizadas. Em 1894, como entretenimento social, havia sido fundada uma banda musical. Os clubes recreativos seriam fundados um pouco mais tarde, em 1904, o Clube Recreativo 7 de Setembro, e em 1910, a Sociedade União Araranguaense.

Os registros fotográficos da década de 10 evidenciam uma concentração de edificações se fortalecendo na avenida principal do centro da cidade, que passa em fren-

1. Para ter lábios atraentes, diga palavras doces.

2. Para ter olhos belos, procure ver o lado bom das pessoas.

3. Para ter um corpo esguio, divida sua comida com os famintos.

4. Para ter cabelos bonitos, deixe uma criança passar seus dedos por eles pelo menos uma vez por dia.

5. Para ter boa postura, caminhe com a certeza de que nunca andará sozinho.

6. Pessoas, muito mais que coisas, devem ser restauradas, revividas, resgatadas e redimidas; jamais jogue alguém fora.

7. Lembre-se que, se alguma vez precisar de uma mão amiga, você a encontrará no final do seu braço. Ao ficarmos mais velhos, descobrimos por que temos duas mãos, uma para ajudar a nós mesmos, a outra para ajudar o próximo.

8. A beleza de uma mulher não está nas roupas que ela veste, nem no corpo que ela carrega, ou na forma como penteia o cabelo. A beleza de uma mulher deve ser vista nos seus olhos, porque esta é a porta para seu coração, o lugar onde o amor reside.

9. A beleza de uma mulher pode estar na expressão facial, mas a verdadeira beleza de uma mulher está refletida em sua alma. Está no carinho que ela amorosamente dá, na paixão que ela demonstra.

10. A beleza de uma mulher cresce com o passar dos anos. (sobre a autoria: Rosângela Aliberti comunidade Orkut: Afinal, quem é o autor?)

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Sam Levenson escreveu para os seus netos, e Audrey Hepburn leu o texto para seus filhos na véspera de Natal de 1992 -------------------------------

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te à igreja – av. Sete de Setembro; e por esta avenida, estendendo-se, timidamente, a estrada que conecta o centro da cidade (av. Getúlio Vargas) à nova localidade do cemitério (1899), localizado no bairro Urussanguinha, e ao Morro dos Conventos. Foi nesta região, ou melhor, ao longo desta estrada que alcançava a praia (antigo caminho de Souza e Faria – 1728), onde inicialmente se instalaram as primeiras famílias.

Em 1920, muitos dos lotes ainda estavam sendo vendidos para a construção do novo prédio da Prefeitura, que só seria concluído em 1923. O município foi elevado a categoria de cidade em 1921, com uma população de 40.180 habitantes. Nesta época, não havia ainda iluminação elétrica nas ruas da cidade. A iluminação pública utilizada era a gás, desde 1876.

“Quando alguém queria fazer uma casa, requeria a terra da Prefeitura. Ofereceram a meu pai ali na rua Getúlio Vargas.

Mas meu pai preferiu vir mais perto da água, onde a mãe pudesse lavar roupa” (década de 20). (DALL’ALBA, 1997 in relato de Cid Batista de Carvalho).

“Antes da iluminação elétrica, houve a campanha do lampião. Pedia-se que cada família colocasse um postezinho com um lampião. José Isael até mandou fazer lampião bonito e grande. Tinha mais ou menos um meio metro, com vidros grossos.

Lembro bem isto na descida do Colégio Normal. Depois veio a iluminação elétrica, bem fraquinha, comparando à de agora” (década de 20). (DALL’ALBA, 1997 in relato de Cid Batista de Carvalho).

O relato de idosos, na obra de Dall’Alba (Histórias do Grande Araranguá, Orion Editora, Araranguá, 1997), registra as formas espaciais da cidade neste período: “A praça de Araranguá era um pasto mal cuidado onde a turma largava os

Dr. Elton Grechi de Oliveira APOIO CULTURAL

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O centro urbano de Araranguá e a formação de novos bairros

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cavalos e gado para pastar. Cada canto da praça tinha coqueiros. A intendência era ali onde está o Elane Garcia. A Cadeia estava entre a igreja e a casa de João Raupp. A cadeia era uma casinha comprida, muito singela, muito fraca, com grades de madeira. Numa parte da cadeia era a barbearia do Jerônimo Barbeiro... Isto por volta de 1908 ou 1910” (DALL’ALBA, 1997 in relato de Perry Kretzschmar Pacheco).

“Em nosso tempo de escola (década de vinte) brincava de barra, de ré. Ali na rua Sete era tudo capoeira. ...rua 15 de Novembro, rua Getúlio Vargas, todas as ruas eram de areia... Para irmos à praia levávamos um dia inteiro de carro de boi. Às vezes a gente levava a turma que ia lá no verão. Não havia casas. Faziam tendas. Era tudo capoeira, tudo butiá...”

(DALL’ALBA, 1997 in relato de Pedro Marto Pereira).

Percebe-se que também na sociedade araranguaense havia uma preocupação com o embelezamento da cidade (símbolo de desenvolvimento), comentando-se sobre a falta de ajardinamento nas ruas. O anseio da população ficara registrado em notas de jornais antigos, em ter as ruas e a praça arborizadas e alinhadas para o uso dos pedestres e dos demais transeuntes em veículos ou outros meios de transporte. Além do aumento da intensidade dos usos, pelo crescimento da população que agora vive na área urbana, novos interesses também se acercam da praça e das ruas, como as festas religiosas cada vez mais disputadas, relatadas por DALL’ALBA (1979), de Nossa Senhora dos Navegantes, a Festa do Espírito Santo, e a Festa da Padroeira Nossa Senhora Mãe dos Homens. Araranguá, muito lentamente, desenvolvia seus primeiros traços de urbanidade. z

Dra. Liana Grechi de Oliveira

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