por Cláudio Gomes CASOS E CAUSOS QUE O POVO CONTA Nunca se viu tanto milagreiro como nos tempos atuais. Uma das causas é, por certo, pelo acesso fácil à mídia que em outros tempos nem existia. E se existisse, provavelmente, por medo de tempestades, Nego Miro teria sido promovido e admirado como mais um fazedor de milagres, como ele mesmo conta. No lado norte do Arroio do Silva existia uma lagoa em meio a muita areia, que acabou soterrando-a. Chamava-se Lagoa da Capivara. Assemelhava-se a um oásis, com uma diferença: havia duas margens distintas, uma sem qualquer proteção, outra acessível somente por água, onde havia alguma vegetação. Por se localizar próximo ao mar, nas tardes de verão eram comuns as tempestades com trovões e raios. Quem acampasse nas suas margens deveria ter muita coragem, já que estaria sujeito a enfrentar as intempéries a céu aberto. Miro me contou assim a história: “Num determinado fim de semana de verão, eu e o Zeca fomos acampar na Lagoa da Capivara. Eu tentei avisar o Zeca que era perigoso por causa das tempestades: “– Olha, Zeca, ficar lá nesta época do verão, e principalmente nos fins de tardes
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HÁ ANOS
Ano XV - n 280 - 21 de setembro de 1974 0
diretor WLADINIR LUZ redator ERNESTO GRECHI FILHO produção gráfica NEI Publicado nas oficinas da GRÁFICA ORION, de abril de 1960 a maio de 1975
Uma turma de gambás rueiros... ...manda publicar a seguinte atochada: Certo gambá estava sentado no Bar Central, gesticulando e pensando: “Caramba, não lembro mais se minha mulher me disse pra eu tomar uma de vinho e voltar às 9, ou se era pra eu tomar nove de vinho e voltar à uma...”
União Clube Cidade Alta...
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A BOA IMPRESSÃO É A QUE FICA
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...que já é campeão em festividades sociais, acaba de conquistar o primeiro turno do campeonato de futebol. No ano passado, o UCCA foi campeão municipal.
panhar, e fui me afastando em direção da estrada para Araranguá. “A tempestade chegou com ventos fortes, trovões e relâmpagos a todo momento. “Eu já ia a meio caminho por entre as dunas, bem distante da lagoa, quando ouvi gritos de ‘Espera, Miro! Espera, Miro!’ “Era o Zeca, que vinha ‘a mili’, e na desabalada carreira que vinha, passou por mim. Ambos corremos, naquela areia toda, até a entrada do cemitério, já na cidade. Ali chegando, nos sentamos para descansar. Estávamos livres da tempestade, dos raios e dos trovões. “Passado o primeiro momento e tendo retomado o fôlego, fiquei analisando, admirado daquela correria toda e só então, lembrando da muleta, perguntei: “– Zeca, a tua muleta? “– Que muleta, Miro? Tu achas que depois dessa correria toda eu ainda tenha necessidade da muleta? Miro, pode dar esta muleta pra quem precisar, ou então pode jogar fora – concluiu o Zeca.” O medo do Miro pela tempestade e do Zeca em ficar sozinho venceram a doença. Miro, jurando ser verdadeiro o acontecido, conclui: “Sempre que sou importunado por alguém, me sussurram ao ouvido: ‘Miro, leva na Lagoa da Capivara...’” Segundo o ‘Araranguário’, do Ézio Rocha: Galo velho = experiente, sabichão; Vou o milho = vou embora, vou fugir; A mili = muito rápido, a mil.
No ar, a TV Difusora Araranguá, em matéria de televisão, é privilegiada. Contamos com dois ótimos canais, cujas imagens são captadas. O canal da TV Coligadas, de Blumenau, que retransmite a programação da TV Globo, e o canal da TV Cultura, de Florianópolis, responsável pela retransmissão do programa da TV Tupi. Agora, contamos, recentemente, com a imagem da TV Difusora, de Porto Alegre, cujas instalações se acham implantadas no alto do Morro Centenário. O local foi preparado especialmente para esse fim. O responsável por esse melhoramento é o tenente Hermes, da 1a CPM, entusiasta e entendor da matéria. Muito modesto, o tenente Hermes tudo faz sem procurar compensações. Por isso, conta com o apoio incondicional do araranguaense, que se mostra muito agradecido.
Ladrões de supermercados Há tempos alertamos os supermercados de que estavam se repetindo pequenos roubos em seus interiores por indivíduos descarados. Recentemente, foi vítima o Supermercado Panelão, na av. Getúlio Vargas. Indivíduos encapotados motivados pelo frio, não titubeavam em sair com seus capotes abarrotados de toda espécie de embalagem de perfumaria. O produto do roubo estava sendo vendido no bairro Urussanguinha, onde os ladrões tinham o displante de colocar a mercadoria à venda em pequenas prestações semanais. A polícia logo que teve conhecimento do fato prendeu os “comerciantes” e acabou com o seu crediário.
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JORNALECO ARARANGUÁ, 10 DE AGOSTO DE 2012 • ANO 19 • Nº 401
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Miro, o milagreiro!
ou à noite, é arriscado, pode cair raios... “O Zeca era um sujeito decidido e corajoso, apesar de sua deficiência física. Não desgrudava de uma muleta que trazia, havia anos, sempre sob seu braço esquerdo. Nunca soube qual o seu problema, se era na perna, na coluna ou outro defeito qualquer. A muleta era inseparável, ele andava sempre amparado nela. “O Zeca nem se abalou com o meu aviso, apenas confirmou a vontade de acampar, dizendo: “– Não tem problema, eu sou ‘galo velho’, não tenho medo de nada, coragem é coisa que não me falta. “Fomos. Durante o dia foi uma beleza de águas límpidas, muito sol, banho e areia, mas o final da tarde anunciou uma tremenda tempestade para os lados do sul. Olhei para nossa barraca, era só um pano amarrado em quatro estacas e que tinha por finalidade tapar o sol quente do verão. Apreensivo, falei para o Zeca: “– Arrepara pros lados do sul...” “– É só nuvem, Miro, não dá nada, eu conheço... – respondeu o Zeca. “Eu retruquei, tentando persuadi-lo: “– Zeca, eu acho que ‘vou o milho’... “Ele, escorado na sua muleta, me perguntou o que ele mesmo já respondeu: “– Estás com medo? Pois eu tenho coragem e vou ficar. Largou da muleta e mergulhou nas águas da lagoa. “Sem mais dizer, apanhei a muleta do Zeca, com a intenção de forçá-lo a me acom-
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‘Eu estava lá’ / O dia da inauguração do Castro Alves CESAR DO CANTO MACHADO (cesardocantomachado@gmail.com)
Do alto de seus saudáveis e muito bem humorados 84 anos de idade (completará em 30 de setembro), ZÉLIA ZITA DO CANTO MACHADO lembra, com uma impressionante nitidez de memória e detalhes, como tudo aconteceu para ela naquele gélido 11 DE JUNHO DE 1945, quando o Grupo Escolar Castro Alves foi inaugurado, com a presença do Interventor Nereu Ramos (governador) – apenas três meses antes de acabar a Segunda Guerra. É que naquele dia a menina-moça Zélia, então balisa* única do Grupo Escolar, seria nada menos que a aluna referência que entregaria festivamente as chaves da porta principal do Castro Alves ao Interventor catarinense, fazendo anteceder um show com mirabolantes acrobacias de ginástica artística, em curiosos movimentos de quase contorcionismo. (*Balisas: meninas que se apresentam em desfiles, normalmente acompanhando bandas marciais ou fanfarras utilizando acrobacias com bastão, bolas, fitas, cordas e arcos).
“Fazia um frio danado naquele dia; e
nós, alunos, quase encarangados, saímos do Castro Alves por volta das onze horas da manhã em direção à beira do rio, onde, à sua margem, aguardamos a chegada da comitiva do Interventor Nereu Ramos. Eles desembarcariam do trem, do outro lado, na Barranca, para atravessar a balsa e ir a pé de lá até o centro da cidade. E nós, com eles, fazendo o longo trajeto num clima de muita animação. E para não ‘congelar’, enquanto eles não chegavam, cantávamos e nos mexíamos muito; principalmente eu, que já estava pronta para minha apresentação, vestida numa clássica roupa de balisa – vestido branco, bem curto, com pernas e braços de fora, roxa de frio! Comigo, na mesma situação, mais seis colegas do grupo de ginástica: Vanilda Hahn, Maria José Costa, Dulce Mattos, Zilda Valerim, Ilma Dias de Assis e Maria José Batista. A propósito, a minha fantasia, que era muito bonita, veio do Rio de Janeiro, espe-
ÁLBUM DE FAMÍLIA
cialmente encomendada pela professora de educação física do Grupo, Maria Carmem Hübbe, responsável direta pelos ensaios do nosso grupo de ginástica. Finalmente, então, eles, os visitantes, apareceram. Houve certa euforia e, muito mais, alívio, pois ninguém mais estava aguentando aquela temperatura. Da beira do rio, tomamos, então, o caminho da avenida Getúlio Vargas, por onde desfilamos garbosamente, logo atrás de toda aquela gente importante – quase todos de terno –, que caminhava a passos lentos. Nas calçadas, muita gente aplaudindo e acenando. Lembro muito bem, ainda, de uma parada mais espaçada antes de entrarmos na Praça, ali onde hoje é a Rodoviária. Foi aí que o desfile ‘empacou’ um bocado, e penso até que tenha sido para organizar melhor a passagem do desfile pela avenida. Logo, todo o conjunto avançou e quando chegamos na esquina com a XV de Novembro, entramos nela e fomos em direção ao Grupo Castro Alves, enquanto nossos visitantes e convidados seguiram em frente pela Getúlio Vargas, até o Grupo David do Amaral, no final da avenida. Lá, praticamente eles só se despediram do nosso velho educandário, que, aliás, já estava pedindo outro; retornando imediatamente pela mesma avenida, usando, também, a XV de Novembro para chegar ao novíssimo Castro Alves. Nesse tempo, já estávamos na frente do Grupo, perfilados e aguardando o Interventor e seus acompanhantes.
Todo mundo em impecável uniforme, com os meninos em suas calças curtas azuis – muito parecidas com as bermudas de hoje – e camisas brancas; e as meninas, também de blusa branca e com saias azuis, bem pregueadas. Detalhe: no percurso, justamente no cruzamento da Getúlio com a XV, quando íamos entrar para a rua do Grupo, fui chamada à atenção pelo meu inspetor escolar que me flagrou virando uma rápida cambalhota num monte de areia – pura traquinice de moleca que, confesso, não pude resistir. Levei um pito daqueles! Mas que matei minha vontade, matei. Em seguida, já no pátio interno e com a chegada do Interventor e convidados, formando um círculo, todos se espremiam para ver o que ia acontecer de importante dali por diante; foi quando começou a cerimônia de entrega das chaves. Antes, no portão principal, houve o corte da fita pelo Interventor Nereu Ramos. Algumas falas de homenagem foram feitas a ele e também recitados belos poemas de Castro Alves. Da minha apresentação, ela começou com uma bola de futebol, quando executei performances de ginástica, com certa habilidade e precisão – gostava muito disso! E, na sequência, veio, então, a efetiva entrega das chaves do Grupo Escolar, quando, tipo contorcionista de circo, curvei meu corpo para trás, sem sequer dobrar os joelhos, e, do chão, apanhei – com a boca – uma pequena flecha, de uns 30 centímetros, que tinha, na ponta oposta à seta, a chave da porta principal do Castro Alves. Ato contínuo, voltei meu corpo à posição normal e, levando a mão direita à flecha, entreguei-a, sob aplausos, ao Interventor. Terminada aquela apresentação, seguimos todos até o Cine Roxy, de volta à Getúlio Vargas, onde as festividades da visita e inauguração do Grupo continuaram por mais umas três horas. Lá, com o cinema lotado, foram ouvidos e aplaudidos mais poemas e falas, além de interessantes coreografias de danças. Aquele dia foi inesquecível!” z
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10/08/2012 • ANO 19 • Nº 401 ESTA EDIÇÃO: 4 PÁGINAS
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H FUNDADO EM 18 DE MAIO DE 1994 H
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EDIÇÃO E DIAGRAMAÇÃO Ricardo Grechi CONTATOS Rossana Grechi DISTRIBUIÇÃO Gibran Grechi, Nilsinho Nunes ASSISTÊNCIA Guaraciara Rezende IMPRESSO NA GRÁFICA CASA DO CARIMBO DE Rosa e Aristides César Machado FOTOLITO DIGITAL David CORTE DE PAPEL Toninho IMPRESSÃO Welington, Valdo, Nei
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