Jornaleco 407 01 nov 2012

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CASOS E CAUSOS QUE O POVO CONTA O araranguaense, a maioria, como bom descendente de açoriano, tem um sotaque todo especial para ocasiões especiais. Quando quer dar ênfase aos sentimentos como admiração ou espanto, dá na voz uma entonação diferenciada, quase cantada, com prolongamento das sílabas. Também usa palavras com significado oposto ao fazer uma afirmação. Às vezes afirmando e outras vezes afirmando e perguntando ao mesmo tempo, porém sempre desejando afirmar com convicção. Citemos alguns exemplos. Admiração diante de alguma coisa muito grande: – Hôhô! É pequeno, é?! Ou, o mesmo que: – Hôhô! Pequeno! (soando cantado). Descrevendo uma grande bebedeira; – Foi pequeno o porre, é?! Admirado por uma pessoa muito valente: – Falhado, é?! Ou, o mesmo que: – Hôhô, falhado! Diante de grande quantidade ou abundância; – Nadinha!!! (nada). Ou: – Hôhô, nadinha é?!

JOSÉ PAULO DE SOUZA foi um araranguaense, e da gema. Pessoa cumpridora de suas obrigações, funcionário do Banco do Brasil, de nossa cidade, até a sua aposentadoria. Gozava de bom prestígio entre seus colegas. Bom pai de família, pessoa cordial, tinha na paciência o seu forte. Amigo dos amigos, relacionava-se muito bem com todos que se aproximavam dele. Pois, já há algum tempo, o cumpade Zé Paulo, como era conhecido por seus amigos, nos deixou, legando saudades a todos quantos privavam de sua amizade. Todavia também nos deixou boas e alegres histórias ou estórias, que podemos relacionar como casos e causos, graças a sua capacidade de ter sempre prontas, jocosas e espirituosas respostas. Nas mais variadas situações, as suas colocações vinham sempre carregadas do sotaque tipicamente araranguaense. Lembro-me de, em certa oportunidade, tê-lo encontrado em um supermercado da

cidade, em frente da gôndola de bebidas. Entre cumprimentos e conversas eu lhe perguntei: – Zé, tu sabias que a nossa cachaça é uma das bebidas alcoólicas mais consumidas no mundo? De pronto, ele rebateu: – Também! Só a Urussanguinha consome a metade! As horas de lazer entre amigos, o cumpade Zé Paulo passava, a maioria delas, na Associação Atlética Banco do Brasil (AABB). Ali, jogava conversa fora durante horas, sorvendo aos bocados o seu conhaque ou vinho preferidos, ou fazendo algum almoço ou jantar, já que gostava de “mexer” nas panelas, sendo especialista em feijoadas. Numa destas feijoadas, consta que o cumpade Zé Paulo ficou preocupado com o número de pessoas que apareceram para almoçar naquele dia. Além de paciente, Zé Paulo era metódico, fazia a feijoada no capricho, mas na quantidade mais próxima da exata, relativamente ao número de pessoas participantes. Não gostava houvesse sobras. Naquele dia, ele teria almoço para um determinado número de pessoas, e veio para a refeição daquele sábado um número maior do que o previsto. Como a feijoada já estava pronta, nada mais restava se não colocá-la à mesa. A mesa estava posta, o cumpade Zé Paulo ficou por perto, preocupado, pois sabia que algum ingrediente, especialmente a linguiça, poderia faltar. Assim, foi logo advertindo: – Comendo com educação, dá pra todo o mundo! Acredito que foi esta a advertência que Cristo fez quando deu de comer a uma multidão com apenas cinco pães e dois peixes. Mas ficou na “marcação”, próximo da panela da feijoada. Estava com receio e “torcendo” para que a linguiça não faltasse. Nos seus cálculos, se cada um dos presentes se servisse com poucos nacos, já predeterminados, não faltaria a iguaria. Se aproximou o cumpade Adalberto, colega e amigo de infância, e mergulhou a concha no feijão, trazendo uma cota de linguiça bem maior do que Zé Paulo supunha ser o ideal para não faltar. Não querendo molestar o cumpade e colega de banco, saiu-se com esta pérola, bem araranguaense: – Azaradinho o cumpade Adalberto, é?!

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A BOA IMPRESSÃO É A QUE FICA

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por Cláudio Gomes

rio ‘de La Plata’ AIMBERÊ ARAKEN MACHADO

Oh, rio imenso de tantos mistérios, que banhas Buenos Aires! Nas tuas correntes lutaram bucaneiros e soldados, imigrantes deserdados e nobres arrogantes (vestidos de seda). Foste a esperança dos desiludidos, o impulso mágico de italianos e espanhóis, a onda que alimentou famintos, o caudal que deu origem à civilização “CRIOLLA”! Hoje, tuas águas molham o cais de “La Boca”, adocicando e suavizando velhos tangos “arrabaleros”. Mas também, em outros tempos, molharam as calcinhas das prostitutas e as cuecas imundas dos cafetões (nos finais do “siglo decinueve”...). Quantas vezes – com certeza! – o carcamano Juán de Dios Filiberto, genial e valente, mirouse em teu espelho líquido... Oh, rio da Prata, de tantos destinos e lendas muitas, de histórias antigas e heróicas (de Borges)... e de coisas picarescas, típicas do humor portenho... Quantas vezes (imagino), Gardelito, “el morocho del Abasto”, deve ter vindo às tuas margens curar ressacas e fazer promessas às suas PEBETAS, em noites de luar... Por tudo isso te amo, Rio da Prata. “Pero, sin embargo”, com um “poquito de loca e inexplicable pasión”... (Dedicado ao mano Agilmar)

A marca do seu parceiro de estrada POSTOS IRMÃO DA ESTRADA

JORNALECO ARARANGUÁ, 10 DE NOVEMBRO DE 2012 • ANO 19 • Nº 407

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‘Azaradinho o cumpade Adalberto, é?!’ Homenagem ao

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Miss Turismo do Vale por Cláudio Gomes CASOS E CAUSOS QUE O POVO CONTA

Em visita à minha cunhada, sra. Luiza Rovaris Möller, residente no município de Taquara-RS, entregueilhe alguns exemplares do Jornaleco. Foi a “deixa” para falarmos nas pessoas, das coisas e das histórias do nosso Araranguá. A jovem Luiza Rovaris residiu em Araranguá e Sombrio até a década de 1970. Com viva satisfação estampada no rosto, mostrou-nos aquela caixa de fotos antigas que todos temos guardada, mesmo agora na era digital. Em se tratando de nossa cidade e região, a maioria dessas fotos, até os anos 60, foram “clicadas” por Foto Salvador. Passamos algumas horas agradáveis, revendo as fotos e relacionando-as com as respectivas histórias. As lembranças e as conversas ficaram mais animadas quando algumas fotos especiais nos foram apresentadas. Elas revelavam um acontecimento marcante, não só para ela, Luiza, mas também para a região de Araranguá. Elas contavam a história de uma realização social especial, acontecida uma única vez. Por estes motivos e por se tratar de um fato público, e ainda para noticiar aos mais jovens, pedimos licença para

ARQUIVO PESSOAL

relatar como aconteceu. Patrocinado pelos poderes públicos estadual e municipais houve, no estado de Santa Catarina, um concurso em que deveria ser escolhida a Miss Turismo Estadual. Minha cunhada residia e trabalhava conosco na cidade de Sombrio. Luiza foi incentivada pelo prefeito daquela cidade a participar do concurso, representando aquele município. Tendo sido eleita Miss Turismo de Sombrio, viemos para Araranguá. Aqui deveria ser escolhida a representante do Vale, que participaria da final em Balneá- Luiza Rovaris, miss turismo de Sombrio, desfila no Fronteira Clube, em 1972, para ser escolhida rio Camboriú. como a miss turismo do Vale do Araranguá Na noite de 2 de março de 1972, a a sua saúde, tirou-a da competição, moça desfilava na passa- colocando um ponto final no sonho rela do antigo Fronteira daquela menina-moça bonita. Esta foi a primeira e última vez que Clube, hoje Grêmio Fronteira. A sede social nossos governantes, pensando em prodo clube estava localiza- mover o turismo no estado e região, da na avenida Getúlio realizaram o tal concurso de miss, Vargas, local onde está aliás, muito em evidência na época. instalada a Galeria FronE nós ficamos a pensar: Quantas histórias semelhantes a teira, no calçadão. Para surpresa e alegria esta, com boas recordações e feitos dos sombrienses e fami- marcantes, devem estar dormindo em liares, a Luiza foi eleita Miss Turismo gavetas entre fotos e recortes de jornais, do Vale do Araranguá. bem como na alma de araranguaenses, Porém, um acidente automobilísti- longe ou perto da nossa Cidade das z co, sem grandes consequências para Avenidas.

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10/11/2012 • ANO 19 • Nº 407 ESTA EDIÇÃO: 4 PÁGINAS

Distribuição gratuita Periodicidade quinzenal Tiragem: 1.000 exemplares

H FUNDADO EM 18 DE MAIO DE 1994 H

UMA PUBLICAÇÃO

EDIÇÃO E DIAGRAMAÇÃO Ricardo Grechi CONTATOS Rossana Grechi DISTRIBUIÇÃO Gibran Grechi, Nilsinho Nunes ASSISTÊNCIA Guaraciara Rezende IMPRESSO NA GRÁFICA CASA DO CARIMBO DE Rosa e Aristides César Machado FOTOLITO DIGITAL David CORTE DE PAPEL Toninho IMPRESSÃO Welington, Valdo, Nei

ORION EDITORA

© Ricardo Francisco Gomes Grechi (reg. nº 99866 - prot. 4315/RJ, de 17/07/1995)

Calçadão Getúlio Vargas, 170

88900.000 Araranguá - SC - Brasil jornalecocultural@yahoo.com.br

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