Jornaleco 416 15 mar 2013

Minha mãe contava que, quando moça, entre os anos 1940 e 1950, a juventude da época tinha seu reduto desde a Igreja Matriz até o Fronteira Clube (hoje, um edifício no Calçadão). Passeavam no Jardim, tomavam sorvete no Café Brasil, frequentavam as festas no Clube, iam ao Cine Roxy (o prédio onde futuramente seria o Giassi).

A partir dos anos 60 e 70, o trecho da Getúlio entre as esquinas da Sete de Setembro e da XV de Novembro se estabeleceria como o “coração” da cidade.

Por volta de 1981, definitivamente todos os caminhos levavam à Getúlio Vargas. Ali estava a maioria das casas comerciais mais tradicionais de Araranguá: Pernambucanas (yes, nós já tivemos uma filial da casa do “quem bate? é o frio!”); Joalheria e Ótica Alcidino e as relojoarias do Juca e Labes; a Farmácia Minerva, do seu Antoninho; a Panificadora Salete, do Zé Guidi; a Casa Nova, sob nova direção (do Nilson Nunes), Líder Calçados, do Alfredo, Casa Vitória, Casa Tropical, a Santa Rosa e a Omega; os maiores supermercados (Giassi, desde 1972, e Panelão, que em 1983 daria lugar à Casa Nena); a Gráfica Orion e a Livraria Coan; o Foto Mazzuco, com seus “discos e fitas”, e o Foto Akiko, que em 1983 cederia seu espaço para o Samburá, bar nortuno que marcou época.

O Bar Central, dos anos 50, agora era o principal da cidade, e o Bar Campinas, do outro lado, sua alternativa. O Fronteira não

FOTOLegenda GIASSI CINE ROXY

ARARANGUÁ, 15 DE MARÇO DE 2013 • ANO 19 • Nº 416

por Salvador Gomes CASOS E CAUSOS QUE O POVO CONTA

Avenida Getúlio Vargas, em 1981, vista da calçada um pouco além do Bar Central promovia mais seus bailes, mas sua quadra de futebol de salão ainda era usada.

Uma inovação marcou aquela época: o Moraco (ou Bruxa’s Center), pioneiro em servir cheeseburger nos carros, e que foi o point de encontro e concentração da rapaziada antes das festas na Boate Eve’Som, a mais badalada da região.

O espaço da Getúlio, que desde 1990 vem a ser o Calçadão, também era a nossa Wall Street: ali se abrigavam três dos cinco bancos da cidade: Bradesco, Besc e Caixa Econômica Federal, mais a agência dos

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Na Getúlio de 1981, a NK Caça e Pesca seguia a história; trabalhava Bubi, o torneiro mecânico; Gringo, das geladeiras; Altair Acorde, o antigo dentista; João Duz, o novo dentista; Denir, a cabeleireira; Juca, o técnico em eletrônica; e a Rádio Araranguá entrava nos anos 80 transmitindo da avenida Getúlio Vargas.

E, como cereja do bolo, nosso amado Cine Roxy (o “novo”), que desde 1959 acolhia e encantava toda gente.

Ricardo Grechi

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Araranguá localiza-se à latitude 28º56’05" Sul e à longitude 49º29’09" Oeste.

O município fica a 13 metros acima do nível do mar. Segundo o IBGE, sua área é de 304 km²; em 2012, sua população foi estimada em 62.308 habitantes. Seu atual prefeito é Sandro Maciel, e seu vice-prefeito é Rodrigo Turatti.

ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL DE

ARARANGUÁ v i s i t e : w w w. a r a r a n g u a . n e t

Um banho de comunicação

EM FRENTE A DIMASA

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A Getúlio em 1981

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tido a origem do codinome pelo qual era conhecido por todos os associados do clube e dos araranguaenses dos anos 1960/1970, que com ele conviviam. Seu codinome? “Cumpade Queto”.

Nos momentos de folga, Cumpade Queto também era presidente do time de futebol do bairro onde morava, a Urussanguinha.

qual Cumpade Queto era o presidente.

Mesmo sendo analfabeto, ele era o responsável em receber e responder quaisquer correspondências de interesse do clube, assim como definir jogos, datas, preços, tudo, evidentemente, com a ajuda de amigos.

Recebeu, certa vez, um ofício dirigido pelo amigo Mané FOTOS CLAUDIO GOMES Tinheco propondo um confronto entre o Independente e o seu clube, nos seguintes termos:

Este conto nos confirma que é possível se comunicar por escrito e com perfeição, mesmo entre pessoas analfabetas, mostrando que a simplicidade, ou como queiram, os simples, podem produzir textos perfeitamente compreensíveis, ou quase.

Virgílio Moisés Geremias era pessoa por demais conhecida, até por que a sua profissão, garçom e porteiro do Araranguá Tênis Clube, o colocava como pessoa pública da Cidade das Avenidas.

Entretanto, pelo nome acima mencionado, creio que poucos o identificariam, provavelmente só os seus Bar da sede de time de futebol de várzea familiares ou pessoas muito próximas.

Seu codinome sugere ter sido No bairro, como em quase toda pessoa de poucas palavras, era a cidade, são muitos os clubes porém garçom atencioso e que a de futebol amador, também chatodos chamava de “cumpade”: mados de times de várzea, e que “Pronto, cumpade!” “Às suas têm sua sede ligadas a um bar. É ordens, cumpade!” “Que deseja, comum ver nos letreiros de botecumpade?”. cos escrito “bar e sede do time É provável ter advindo do seu tal”. Assim era o Independente, comportamento um tanto introver- d a U r u s s a n g u i n h a , t i m e d o

Cumpade Geto Tanto bamo como isperemo Tanto damo como queremo Taxa 100 mirreis.

Mané Tinheco não sabia muito mais que o Queto nas palavras – nem o nome do amigo acertou –, mas se fez entender e deu uma langa na comunicação.

O que nunca se soube: Quem foi onde? Logo: Onde foi o jogo? Quem pagou e quem recebeu os cem mil réis? E, tudo isso, caso o jogo tenha sido realizado.

Colaborou Cláudio Gomes

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15/03/2013 • ANO 19 • Nº 416 ESTA EDIÇÃO: 8 PÁGINAS

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© Ricardo Francisco Gomes Grechi (reg. nº 99866 - prot. 4315/RJ, de 17/07/1995)

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Muitos órgãos de imprensa, entre os maiores do país e mesmo das mídias regionais, servem ilimitadamente a interesses de partidos políticos e da indústria, quando jornalistas e comentaristas de vários segmentos falam e escrevem aquilo que lhes convém, mentindo, distorcendo, corrompendo as notícias e os fatos. Mas volta e meia surge um jornalista de verdade, com uma obra digna.

Independentemente do envolvimento de qual partido político ou mídias que tenham protagonizado tal e tal crime, o livro A Pirataria Tucana, do jornalista AMAURY RIBEIRO JUNIOR, volume 5 da coleção “História Agora”, da Geração Editorial, é indispensável pelo que expõe, e uma feliz surpresa por ser um dos livros mais lidos no país nos últimos anos, revelando um povo cada vez mais consciente. (RG) 24 de setembro de 2012

A Privataria Tucana é finalista do Prêmio Jabuti O livro mais polêmico e vendido do ano, A Privataria Tucana, do jornalista Amaury Ribeiro Junior, está entre os finalistas do Prêmio Jabuti (a premiação mais prestigiada da literatura brasileira), na categoria Reportagem. (Net)

A Privataria Tucana lidera lista de mais vendidos O livro “A Privataria Tucana”, do jornalista Amaury Ribeiro Jr., lidera a lista dos mais vendidos da revista Veja, na internet. Na versão impressa, porém, a publicação não vinha listando o polêmico livro, que relata pormenores dos bastidores da campanha de José Serra para a presidência da República, além, claro, de negociatas por trás da série de privatizações ocorridas no governo FHC. (blogs.odiario.com/cafecomjornalista/2012/01/11)

Avaliação de Bob Fernandes, comentarista de política da TV Gazeta, no Jornal da Gazeta, em fins de 2011 A Privataria Tucana pode significar a aposentaria política de Serra – e em contrapartida pode fortalecer o nome de seu rival no partido, o senador Aécio Neves.

O livro traz uma série de denúncias bem fundamentadas e, apesar de uma “blindagem” da grande mídia (que pouco ou nada tem falado do livro e das denúncias contidas nele), bombou nas redes sociais com o apoio maciço de militantes.

De autoria do jornalista Amaury Ribeiro Junior, o livro trata de um milionário esquema de lavagem de dinheiro; dinheiro que seria fruto de operações desde a época em que, no governo Fernando Henrique Cardoso, o Brasil privatizou seu setor de telefonia. O livro tem 340 páginas, 112 dessas páginas são documentos. Personagens centrais do livro são o ex-diretor do Banco do Brasil à época, Ricardo Sérgio de Oliveira, e José Serra; Serra e alguns de seus mais próximos familiares. Os citados no livro A Pirataria Tucana seguem em profundo silêncio. A mídia, sempre pronta para investigar e manchetar, como é do seu ofício, também segue em silêncio, um silêncio estrondoso, e, se continuar assim, um silêncio profundamente revelador.

Ponte sobre o rio Araranguá, no curso da BR-101

O medo e a estupidez sempre foram a base da maioria das ações humanas.

ALBERT EINSTEIN (1879-1955)

O TAL DO “MEIA” EM PORTUGUÊS – Por favor, gostaria de fazer minha inscrição neste congresso.

– Pelo seu sotaque, vejo que o senhor não é brasileiro. O senhor é de onde?

– Sou de Maputo, Moçambique.

– Da África, né?

– Sim, sim, da África.

– Aqui está cheio de africanos, vindos de toda parte do mundo.

– O mundo está cheio de africanos.

– É verdade.

– Se pensar bem, veremos que todos somos africanos, pois a África é o berço antropológico da humanidade...

– Pronto, tem uma palestra agora na sala meia oito.

– Desculpe, qual sala?

– Meia oito.

– Podes escrever?

– Não sabe o que é meia oito?

Sessenta e oito, assim, veja: 68.

– Ah, entendi, meia é seis.

– Isso mesmo, meia é seis. Mas espere, só mais uma informação: a organização do congresso está cobrando uma pequena taxa para quem quiser ficar com o material: DVD, apostilas etc. Gostaria de encomendar?

– Quanto tenho que pagar?

– Dez reais. Mas estrangeiros e estudantes pagam meia.

– Hummm... que bom. Aí está, seis reais.

– Não, o senhor paga meia. Só cinco, entende?

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IRVING BERLIN (1888-1989)

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Numa crônica inteligente, o articulista (?) demonstra que nossa língua entorta qualquer estrangeiro... até os de língua portuguesa

Em 1° de janeiro de 1955, assim se encontravam as obras para a construção da primeira ponte sobre o rio Araranguá, quando a estrada de chão que lhe perpassava era dita BR-59. O asfalto só chegaria até nós no início dos anos 70, como prolongamento da federal, então como BR-101. Com o desvio para a duplicação da estrada, a ponte, inaugurada em 1958, se desligará da BR.

Marco Aurélio Massoterapeuta

Talento é só um ponto de partida.

Cilada da nossa língua portuguesa

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– Pago meia? Só cinco? Meia é cinco?

– Isso, meia é cinco.

– Tá bom, meia é cinco.

– Cuidado para não se atrasar, a palestra começa às nove e meia.

– Então já começou, são nove e vinte.

– Não, ainda faltam dez minutos. Como falei, só começa às nove e meia.

– Você pode escrever aqui a hora que começa?

– Nove e meia, assim, veja: 9h30min.

– Ah, entendi, meia é trinta.

– Isso, mesmo, nove e trinta.

Mais uma coisa senhor, tenho aqui um folder de um hotel que está fazendo um preço especial para os congressistas, o senhor já está hospedado?

– Sim, já estou na casa de um amigo.

– Em que bairro.

– No Trinta Bocas.

– Trinta Bocas? Não existe esse bairro em Fortaleza. Não seria no Seis Bocas?

– Isso mesmo, no bairro Meia Boca.

– Não é meia-boca, é um bairro nobre...

– Então deve ser Cinco Bocas.

– Não, Seis Bocas, entende, Seis Bocas. Chamam assim porque há um encontro de seis ruas, por isso Seis Bocas. Entendeu?

– E há quem possa entender?

(Do livro Plantão da Alegria; fonte Net, sem citação de autor)

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Do jornalismo real e revelador

JORGE LUIS BORGES POETA ARGENTINO (1899-1986)

l l l l l l l l llllllllll Doomsday Será quando a trombeta ressoe, como escreve São João o Teólogo.

Foi em 1757, segundo o testemunho de Swedenborg.

Foi em Israel quando a loba cravou na cruz a carne de Cristo, mas não só então.

Ocorre em cada pulsação de teu sangue.

Não há um instante que não possa ser a cratera do Inferno.

Não há um instante que não possa ser a água do Paraíso.

Não há um instante que não esteja carregado como uma arma.

Em cada instante podes ser Caim ou Sidarta, a máscara ou o rosto.

Em cada instante pode te revelar seu amor Helena de Troia.

Em cada instante o galo pode ter cantado três vezes.

Em cada instante a clepsidra deixa cair a última gota.

Em “Os Conjurados”, Editora Três, 1985, tradução de Pepe Escobar

Jorge Luis Borges TEXTOS TIRADOS DO SITE PENSADOR.UOL.COM.BR

Eu não falo de vingança nem de perdão.

O esquecimento é a única vingança e o único perdão.

Não odeies o teu inimigo, porque, se o fazes, és de algum modo seu escravo.

Parece-me fácil viver sem ódio, coisa que nunca senti, mas viver sem amor acho impossível.

Se algo insiste em não estar bom para você, não insista mais. Pegue seu boné e on the road. Sempre haverá outras pessoas, outros lugares, outros trabalhos, outras paixões para a vida toda, outros projetos...

Melhores, piores ou simplesmente diferentes daqueles aos quais você se acostumou.

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Os vegetarianos cresceram e se multiplicaram. A ambição de levar uma vida saudável está cada vez mais atrelada à ideia de se evitar carnes

No Brasil, existem publicações interessadas nesse público, como a Revista dos Vegetarianos e a Vida Natural. Marco Clivati, editor da primeira, conta que o número de leitores só aumentou. Em 2006, a estreia teve uma tiragem de 10 mil exemplares e a edição mais recente, sobre “Medicina integrativa”, somou 30 mil exemplares. Ele cita ainda o aumento no número de restaurantes do gênero – frequentados inclusive por carnívoros –, de produtos lançados no mercado e da movimentação na internet em torno do tema.

Por muito tempo sofri a cada final de verão. De tal forma que o significado da palavra sofrimento foi descoberto por mim assim, no fim das férias. Por conta disto, desejei reverter o costume adotado pela minha família e por todas as famílias da minha cidade que possuíam casa na praia: fechá-las definitivamente no dia anterior ao início das aulas.

A fim de eternizar o turbilhão de emoções sentidas na estação mais quente do ano, acreditava que continuar morando na beira do mar manteria a magia dos dias que eram sempre ensolarados, mesmo quando chovia.

De tão pequena, não conseguia identificar de onde vinha o monstro que corroía meu estômago e nem por que ele aparecia, para devorar as minhas entranhas, no fim de todos os verões. Tentava apenas segurar, em vão, as lágrimas que teimavam em fofocar para minha mãe o que eu estava sentindo.

Certa vez, quando o verão – não contente em partir – levou meu adorado irmão mais velho para estudar bem longe de mim, as lágrimas não se contiveram e resolveram despencar, todas, aos borbotões.

Enfiei-me embaixo da cama e só saí de lá depois de muito minha mãe me procurar e me arrastar pelo assoalho empoeirado. Quando ela quis saber por que eu estava chorando, disse que estava com cisco no olho.

Depois de ter visto meu irmão partir com sua mala na calçada, os verões nunca mais pararam de levar pessoas e momentos para longe de mim, assim que terminavam.

Faltam dedos para contar os amores que se foram. Para cada ano um amor diferente de uma cidade distante que eu jamais iria conhecer, a não ser pelo mapa ilustrado no Atlas, sobre o qual me debruçava na ânsia de que os trouxesse de volta.

Uma única crônica não é suficiente para contar as amizades que não resistiram ao inverno rigoroso e nunca mais voltaram a ser como eram; os parentes que tornaram a ser distantes

A escritora Adriana Lisboa, que traduziu Eating Animals para a Rocco, é vegana e não apenas vegetariana. Ela conta que suas razões são éticas, relacionadas aos direitos dos animais. Questões de saúde são “um bom efeito colateral”.

Comer Animais (Eating Animals) foi traduzido e publicado no Brasil pela Rocco, em 2010

comer ou onde se pode pisar a menos que se possua um mapa, um mapa divino”.

A obra toca em vários tópicos difíceis, contemplando argumentos de defesa e de ataque, sempre na voz dos personagens.

Norma, a nora de Elizabeth, compra a briga e afirma que “A proibição da carne que se vê no vegetarianismo é apenas uma forma extrema de restrição alimentar e uma restrição alimentar é uma forma rápida e simples de um grupo de elite se definir”. Quem se recusa a comer carne, nas palavras de Norma, considera os hábitos de mesa dos outros “impuros”, está seguindo um modismo e se engajando num exercício de poder.

Na crítica publicada pelo New York Times, o livro é elogiado por ter vários argumentos coerentes, mas é detonado por equiparar a opressão vivida por seres humanos àquela sofrida pelos animais.

Safran Foer “faz os leitores se perguntarem como o autor pode gastar tanta energia e compaixão falando do destino de porcos e galinhas, quando, digamos, a malária mata quase um milhão de pessoas por ano (a maioria delas, crianças), e conflitos e doenças no Congo, desde meados dos anos 1990, deixaram aproximadamente cinco milhões de mortos, centenas de milhares de mulheres e meninas estupradas e expulsou mais de um milhão de pessoas de seus lares”, contra-argumenta o Times.

Essa é uma maneira de ver a questão.

Existem muitas outras e os motivos que levam alguém a evitar carne passam por religião, afeto, saúde, política e paladar.

No livro A Vida dos Animais, Coetzee fala sobre o “campo minado das interdições alimentares”. Na história de ficção, Elizabeth Costello, alter ego do autor, diz: “Não dá para adivinhar o que se pode

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Vegetariana há 52 anos, Esther Moreira Xavier, hoje com 84, lembra que sofria dores estomacais terríveis quando ainda comia carne. Desconforto que remédio nenhum resolveu. Espírita, ela foi orientada a evitar carne por um de seus colegas e o mal-estar desapareceu. “Foi uma questão pessoal, de saúde, parei meio forçada”, diz e lembra que seu pai, Julio Antonio Moreira, também era vegetariano.

“Ele adorava as religiões orientais, como o budismo.”

Essa é uma discussão velha, encarada antes por um escritor muito menos otimista que Safran Foer. Prêmio Nobel de Literatura de 2003, J.M. Coetzee não come carne de nenhum tipo e não disfarça a decepção quando vê alguém comer.

“Os animais vivem pessimamente e morrem pessimamente”, diz. Adriana fala de um dito conhecido entre os vegetarianos, comparando a relação entre humanos e animais com a relação de desigualdade que havia entre brancos e negros e entre homens e mulheres. “Houve épocas em que o mundo pensava diferente com relação aos negros e às mulheres. Quem sabe um dia o mundo venha a pensar diferente com relação aos animais”, diz a escritora. “O fato de acharmos que temos direito sobre a vida (e a morte) dos animais é uma imensa arrogância.”

Criador do projeto Embaixador do Churrasco, feito de cursos, serviços e produtos, o chef Mauro Abreu de Camargo conta que já teve chance de acompanhar o processo de abate de um boi – motivo que, por vezes, leva alguém a se tornar vegetariano. “A meu ver, o abate faz parte de um processo idêntico ao da decapitação de um pé de alface, que, é bom lembrar, também é um ser vivo”, diz Camargo.

A questão ética do vegetarianismo tem a ver ainda com a maneira como as pessoas veem a si mesmas. É comum encontrar quem não come carne porque não quer ser o tipo de gente que impõe aos animais os sofrimentos dos processos de criação e abate. “É um argumento evocado muitas vezes contra a pena capital”, diz Wendy Doniger, “que ela devia ser abolida não por causa de seus efeitos nocivos sobre os criminosos, mas porque ela é ruim para nós, ruim para nós sermos gente que mata gente z desse jeito.”

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Nos Estados Unidos, os vegetarianos ganharam há pouco um entusiasta articulado. Jonathan Safran Foer, autor do romance Tudo Se Ilumina, lançou um livro de não-ficção chamado Eating Animals (Comer Animais, Rocco, 2010), em que escreve sobre os processos de produção das propriedades ocupadas em criar animais para a indústria alimentícia.

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Com cisco no olho

“A conclusão lógica de que qualquer animal que se coma teve de ser morto por alguém levou à associação natural entre o ideal de vegetarianismo e o ideal de não-violência contra criaturas vivas”, escreve Wendy. Referindo-se à Índia, ela cita também a crença na reencarnação, segundo a qual as pessoas que morreram podem retornar como um boi, um porco ou um carneiro. Aqui, as razões para não se comer carne são claras.

Reportagem de Irinêo Baptista Netto Publicado na Gazeta do Povo de 30/01/10

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e nunca mais motivaram uma rodada de canastra ou de dorminhoco, valendo rolhadas; a frigideira que nunca mais viu graça em frigir bolinhos de chuva, mesmo quando fazia sol.

Os verões do passado também serviram para me ensinar, na prática, o significado de ilusão.

Ainda pequena descobri que as coisas que a gente acha que durarão para sempre (de tão intensas) se acabam, fazendo-nos sofrer na mesma intensidade.

Assim, num coquetel de felicidade e lágrimas, prazer e dor, o verão me foi servido ano após ano. Até que a minha couraça emocional passou a ser como as asas do Bat Fino (quem se lembra do morcego super-herói?), de aço. O que, por muito tempo, me permitiu sobrevoar os verões sem mergulhar totalmente o coração e correr o risco de afogá-lo mais tarde, até agora.

Senhoras e senhores! Comunico que os adultos não estão imunes às desilusões “veranísticas”.

Não é que fui pega outra vez?!

Mergulhei de corpo, alma e coração e me esqueci de lembrar que chega uma hora que é preciso colocar os pés no chão e se enrolar na toalha. Deparei-me, na plenitude da maturidade, com a mesma sensação de criança, ao ver minha mãe girar a chave e lacrar a casa da praia e da felicidade, até o próximo ano.

A temporada de verão termina encerrando um ciclo de convivência calorosa, alegre e bronzeada. Levando consigo os embalos das noites que se estendem até o despertar do primeiro raio de sol; as conversas desprotegidas sob o céu nu; a quentura das emoções desnudas; a alvura dos sorrisos libidinosos; a embriaguês permissiva das férias; a ilusão.

A magia de verão se foi e me deixou aqui, assim, com o maldito monstro (que não sei de onde vem) a devorar minhas entranhas, e com um enorme cisco no olho.

Com licença, preciso ir para debaixo da cama.

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COMENDO ANIMAIS

De fato, por volta do século 6 a.C., hindus, budistas e jainistas sentiram que as pessoas não deviam comer animais. A informação parte da historiadora Wendy Doniger, uma das quatro especialistas convidadas a debater as conferências de Coetzee no mesmo A Vida dos Animais.

poética araranguaense ARTUR CIPRIANI

UMA SEMANA É segunda-feira. A praia é calma e a [ gente trabalha.

Passa o menino de cabeça pequena.

Passa o velho de cabelo comprido.

Passam o cachorro e o caminhão.

Passa o vendedor de picolés, A camisa aberta e os cabelos brancos, E os pés.

Há coisas que devem ser ditas.

Há coisas eternamente esquecidas. É quarta-feira, quiçá quinta; É madrugada, e eu minto.

Falo menos, Erro menos.

ARLETE ZANERIPPE

CONFLITO Desmontar os sentimentos Sem derrotas ou espinhos É outorgar ao esquecimento Por esta vida em desalinho Percorri outras estradas Não ouvi música inteira Ações todas limitadas De horas passageiras Uma vida em calendário Vazia de amor irracional Não quero nada temporário Quero amar sem ter final.

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Ayezo Campos (in memoriam)

Centro de Reabilitação Fone (0**48) 3524-0280 Estr. Geral Volta do Silveira - Araranguá

POLÍCIA MILITAR: 190 POL. RODOV. FED.: 191 SAMU: 192 BOMBEIROS: 193

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Aimberê Araken Machado

Reuniões 6as feiras, às 20h Igreja Episcopal, próx. EB Castro Alves

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EDIÇÃO: ROSSANA GRECHI

No dia 03 de março de 2013 – um domingo –, faleceu, em Florianópolis, o engenheiro Ayeso Campos. Ele era um dos nossos mais distintos amigos, havendo, para isso, tanto razões afetivas quanto algumas afinidades intelectuais.

Ayezo fez parte de uma geração de homens íntegros e idealistas, que se orientavam, antes de mais nada, por uma sólida formação ética. Formouse em engenharia e seguiu carreira brilhante, chegando a ocupar a destacada posição de engenheiro-chefe do D.N.E.R. em Santa Catarina. Nessa função, comportou-se de maneira exemplar, aplicando as verbas públicas de sua área de atuação com inatacáveis probidade e lisura, além de demonstrar notável competência profissional.

Grupo de Adoção Filhos do Coração Informações: Juizado da Infância e da Juventude -Tel. 3522-0204 - Ramal 45 ○

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“O céu, o inferno e o mundo inteiro estão em nós.” HENRI FRÉDÉRIC AMIEL (1821-1881)

O fim de um amor não é o fim do mundo. Outros amores virão Sofremos, e muito, no momento em que nos damos conta de que perdemos um amor, que a separação é definitiva, não tem volta. É difícil de acreditar. Parece que a vida não faz mais sentido.

Nos entregamos à tristeza e à raiva. É natural. Com o tempo, porém, isso passa, retomamos a nossa autoestima e conseguimos seguir em frente — para viver outras paixões, até outras desilusões

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TOURNIER Dr. Everton Hamilton Krás Tournier Graduado e especializado na Universidade Federal de Santa Catarina • Pós-graduado no Instituto Adolfo Lutz de São Paulo • Pós-graduado na Universidade do Sul Catarinense

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A personalidade eclética de Ayezo exigia, porém, mais atividades. Desse modo, ele contribuiu para a fundação da Universidade Federal de Santa Catarina (surgida em 1960), na qual lecionou – em sua especialidade – por cerca de trinta anos!

Atuou também na política, filiando-se ao Partido Socialista Brasileiro (PSB).

* * * Em 2007, Ayezo revelou-me – em uma conversa que mantivemos no Shopping Beiramar – seu desejo de obter o título de Cidadão Honorário de Araranguá. Eu pensava, com toda a sinceridade, que ele havia nascido em Araranguá; na ver-

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dade, porém, seu nascimento ocorrera em Florianópolis no ano de 1929. Com apenas onze meses, seu pai levou-o para Araranguá. Lá, ele estudou, durante alguns anos, no Grupo Escolar David do Amaral (creio, até, que foi colega de meus manos Aderbal, César e Aryovaldo – já que estes também frequentaram o mencionado educandário, nessa mesma época).

Em atenção ao modesto pleito de Ayezo – que para ele, no entanto, parecia ter uma importância incomum, certamente de natureza sentimental –, mantive vários contatos com o vereador Jacinto Dassoler, da Câmara de Vereadores de Araranguá, que não mediu esforços para satisfazer ao pedido de Ayezo. Um ano depois, ou seja, em novembro de 2008, foi concedido a Ayezo Campos o ambicionado título de Cidadão Honorário de Araranguá – finalmente! Lembro que ele ficou muito feliz, e me agradeceu pessoalmente, sensibilizado pela honraria (aliás, muito merecida, sendo uma consequência natural de seu próprio currículo de engenheiro, e tendo em vista que, em sua trajetória profissional, ele beneficiou a cidade de Araranguá com inúmeras obras).

Infelizmente, é este cidadão que, agora, desaparece. Deixou, porém, um rastro de honradez, trabalho e coerência.

Além disso, era uma notável figura humana.

Deus o tenha!

Dr. Elton Grechi de Oliveira APOIO CULTURAL

Apesar de isso nunca estar em nossos planos, o amor pode chegar ao fim. Um dia aquela pessoa a quem nos dedicamos e com quem fazíamos planos nos diz que “infelizmente acabou”.

Não é por nada que fizemos, não há culpa ou motivos, simplesmente chegou ao fim. Quando acontece, é difícil de acreditar. Prometemos mudar, propomos “dar um tempo”.

Nada adianta — e é melhor assim.

Receando encarar a verdade, as mulheres geralmente se culpam — “O que foi que eu fiz?” — ou desculpam — “Ele tem medo de amar”. Porém, apesar de doer, é melhor enfrentar o fim e até agradecer a quem tem coragem de dizer a verdade. Ao menos não prolonga a agonia de algo que já acabou.

Muitos comportamentos sinalizam que já não somos amados. Ele ou ela está sempre dando desculpas para o distanciamento: muito trabalho, cansaço, demandas da família, dos amigos. Ora, quem ama sente saudade, quer ficar junto, viajar, conhecer nossa família, apresentar os amigos. Se isso não acontece é

ela ou ele tem que eu não tenho?

Juventude, beleza, dinheiro?” Essa descoberta acaba com a autoestima, mas o melhor é se conter. Quem quer viver um Atrás da Porta — lembra-se da música do Chico Buarque?

— e se arrastar, se humilhar, que o faça, mas a sós, sem deixar o outro saber. Por fim, vem a raiva, que nos ajuda a superar tudo. Lembramos dos defeitos, das indelicadezas, das nossas desconfianças que se revelaram certezas.

Uma grande ajuda pode vir dos amigos, da família, que nos dizem como somos bonitos, legais e que tudo vai passar. Também é bom lembrar que conseguimos superar e esquecer outros amores. Com o tempo vem a cura, a libertação, a consciência de que é melhor ficar só do que com quem não nos ama mais e, finalmente, a superação, a volta do amor-próprio, o orgulho de ter conseguido se livrar de uma dor.

Aí, é hora de comemorar: “Estou só e sobrevivo, acordo e me sinto feliz.” Em vez de Atrás da Porta, cantamos Olhos nos Olhos, do mesmo Chico: “Quero ver o que você faz/ Ao sentir que sem você eu passo bem demais/ E que venho até remoçando,/ Me pego cantando, sem mais nem por quê”. E assim seguimos em frente.

JORNALECO 416 15/03/2013

psicóloga e analista junguiana em São Paulo

por que não há amor, e o melhor para todos é desistir enquanto ainda resta alguma dignidade.

O homem sente mais dificuldade de dizer claramente que acabou. Se é cavalheiro e educado, não quer ferir aquela a quem amou. Ao mesmo tempo, teme que ela possa fazer escândalo. Por isso, prefere dar as dicas e esperar que ela tome a iniciativa. Se não dá certo, vai levando enquanto sente alguma atração sexual, mesmo que já tenha outra.

Muitas vezes ela até percebe que acabou — “Quem quer dá um jeito, quem não quer inventa uma desculpa”, diz um provérbio árabe —, mas não admite, se ilude, cria a esperança de que seja só uma fase. Só cai na real quando, uma vez longe, ele não telefona, desaparece.

Claro que a rejeição e o abandono machucam. Ao fim de um amor há quem chegue a pensar: “Se ele ou ela tivesse morrido seria melhor”. A pessoa vive as mesmas fases do luto.

Primeiro, a negação: “Ela ainda me ama, pois vai voltar”; “Ele me ama, mas tem medo”. A cada tentativa de volta, porém, há a humilhação de aceitar a realidade. Depois disso, vem a percepção do que se perdeu — a companhia, o carinho, os planos conjuntos. E tudo piora quando se descobre que há outra pessoa: “O que

APOIO CULTURAL

FONTE: REVISTA CARAS TEXTO DE LENIZA CASTELLO BRANCO,

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HÁ ANOS

aimbeream@yahoo.com.br

Grupo de Amor Exigente

página da saúde

GRUPO NOVO DIA

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CRO/SC 11.149 Especialista em Implantodontia

Ano Xv - No 290 - 12 de abril de 1975 fundador WLADINIR LUZ redator ERNESTO GRECHI FILHO oficina JOSÉ NEI DA ROSA Publicado naa GRÁFICA ORION, de abril de 1960 a maio de 1975

Uma caravana em ação Deslocou-se desta cidade a Florianópolis, uma caravana de homens de destaque na vida econômicapolítica-social da comunidade, a fim de manter contato com o governador Konder Reis, que concedeu a audiência. A comitiva, escusado seria dizer, levou em sua bagagem reivindicações para a cidade... (...)

UCCA. Programação 1975 O União Clube Cidade Alta, convidando seus associados para o baile do dia 26 do corrente, anuncia sua programação para 1975, constando, além do baile acima: dia 10 de maio, Baile em Homenagem às Mães; 28 de junho, Baile de São João; 26 de julho, Baile das Férias; 16 de agosto, Baile em Homenagem aos Pais; 13 de setembro, Baile de Debutantes; 15 de novembro; Baile dos 22° Aniversário do UCCA; 31 de dezembro, Baile dos Sócios. E, durante os quatro dias de Carnaval, o UCCA jamais deixaria de realizar seus festejos momescos, que sempre primaram pela movimentação.

Fronteira inaugura boate Instalada em ponto central, nos altos do edifício Fronteira, o tradicional clube araranguaense [Fronteira Clube] deverá inaugurar, dentro dos próximos dias, uma moderna boate, como ponto de recreação de seus associados. Tudo indica que a iniciativa do presidente Dr. Wladinir Luz e de sua diretoria alcançará absoluto sucesso, pois a juventude está a necessitar de um ambiente desse gênero para o inverno, pois as boates praianas só funcionam durante o veraneio.

Funerária desagrada ...moradores da av. Sete de Setembro, pois, tratando-se de uma zona essencialmente residencial, a casa funerária veio desprestigiar o aprazível aspecto que anteriormente oferecia. É natural que a via é pública e ninguém pode impedir a instalação de um estabelecimento comercial, mas acontece que, para o próprio interesse do ramo, certos tipos de negócio devem ser implantados em locais apropriados. É o tal caso: não seria producente instalar-se um açougue numa rua onde imperam as casas nobres, magazines, perfumarias etc.

Dra. Liana Grechi de Oliveira

CRO/SC 11.148

Clínica Geral

Graduados pela Universidade Tuiuti do Paraná - Curitiba/PR n

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