Jornaleco 419 01 mai 2013

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CASOS E CAUSOS QUE O POVO CONTA No tempo em que era permitido caçar, havia em nossa cidade pequenos grupos de amigos caçadores. Um destes grupos, o mais organizado, era composto por pessoas conhecidas da cidade. Lembro-me do sr. Édio Paladini, Pedro Paulo dos Santos, José Paulo de Souza, (o cumpade Zé Paulo), Aprígio Otávio do Canto (o Tatuíra), João Paulino, dentre outros. Este grupo tinha no comando Antonio Avelar Pereira (o seu Vevê), que era proprietário de uma caminhonete do tipo furgão a qual foi muito bem preparada em compartimentos e equipada com utensílios de camping e apetrechos próprios para pescarias e caçadas. As viagens eram em sua maioria para a região sul, no vizinho estado do Rio Grande do Sul. Quando se tratava de pescaria, o destino era os municípios litorâneos de Mostardas até São José do Norte. Já quanto a caçar, os municípios escolhidos eram os limítrofes Brasil-Uruguai, dentre eles Jaguarão, distante mais de quinhentos quilômetros. Foi num feriado, tudo estava combinado e preparado. O grupo se reuniu e partiu naquela mesma noite, pois tinham o objetivo de chegar à região pela madrugadinha. A viagem transcorreu normal como de costume. Uns contavam histórias de viagens anteriores, outros descansavam, alguns exultavam pela oportunidade de mais uma caçada ao marrecão da Patagônia. O mais animado da confraria era o Tatuíra, sempre ele. Era comum o Aprígio Otávio do Canto, era esse o seu nome, aprontar alguma peripécia nestas ocasiões. Pela manhã cedinho, após uma viagem desconfortável e cansativa por estradas ruins, às vezes tendo que desviar por esPARA REFLETIR /

treitas passagens, invadindo propriedades particulares, chegaram enfim na fazenda do Coronel Gumercindo, o local escolhido para a caçada. Embora cansados, todos estavam animados e prontos para mais uma temporada de caça, como faziam todos os anos naquela mesma fazenda. Com o consentimento costumeiro do capataz, passaram aquele dia inteiro preparando o acampamento, montando barracas, cozinha, quartos, tudo o que seria necessário para o bem estar de todos. Só no final daquele dia, já quase ao escurecer, é que tudo estaria no seu lugar. Então o pessoal tirou algum tempo para relaxar à sombra do arvoredo. Para desassossego de todos, chegou de Porto Alegre, sem aviso prévio, o proprietário da fazenda, o próprio Coronel Gumercindo, que vinha para descansar de sua lide militar do período da ditadura militar. Gaúcho de poucas palavras e acostumado a mandar, de pronto dirigiu-se ao grupo e, sem rodeios, foi se apresentando: – Eu sou o proprietário desta fazenda e não autorizei ninguém a montar acampamento em minhas terras... O único que se achou com coragem de responder ao Coronel foi justamente o Tatuíra: – Mas Coronel, todos os anos nós... O Coronel, que era avesso a objeções, atalhou a fala e não deixou o Tatuíra concluir: – Não tem todo ano! A cada ano vocês tem de pedir permissão a mim! E questionou: – A quem vocês pediram para caçar em minhas terras? Novamente foi o Tatuíra quem respondeu, já que os demais estavam “respeitosamente” quietos ou assustados: – Pedimos permissão ao capataz... O Coronel fazendeiro, arrefecendo, refletiu e, mais ameno, apresentou sua proposta, dizendo ser a única aceitável:

Não esqueça os maus

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A seguinte oração foi encontrada entre os pertences pessoais de um judeu morto em um campo de concentração: “Senhor, quando vieres na Tua glória, não Te lembres somente dos homens de boa vontade; lembra-Te também dos homens de má vontade. “E, no dia do Julgamento, não Te lembres apenas das cruel-

Nossos agradecimentos ao sr. Édio Paladini, participante da caçada frustrada

dades, sevícias e violências que eles praticaram: lembra-Te também dos frutos que produzimos por causa do que eles nos fizeram. Lembra-Te da paciência, da coragem, da confraternização, da humildade, da grandeza de alma e da fidelidade que nossos carrascos terminaram por despertar em nossas almas. “Permite, então, Senhor, que os frutos por nós produzidos possam servir para salvar as almas dos homens de má vontade”.

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10/05/2013 • ANO 19 • Nº 419 ESTA EDIÇÃO: 4 PÁGINAS

Distribuição gratuita Periodicidade quinzenal Tiragem: 1.000 exemplares

H FUNDADO EM 18 DE MAIO DE 1994 H

UMA PUBLICAÇÃO

EDIÇÃO E DIAGRAMAÇÃO Ricardo Grechi CONTATOS Rossana Grechi DISTRIBUIÇÃO Gibran Grechi, Nilsinho Nunes ASSISTÊNCIA Guaraciara Rezende IMPRESSO NA GRÁFICA CASA DO CARIMBO DE Rosa e Aristides César Machado PRODUÇÃO Nicolas FOTOLITO David PAPEL Toninho IMPRESSÃO Welington, Valdo

ORION EDITORA

© Ricardo Francisco Gomes Grechi (reg. nº 99866 - prot. 4315/RJ, de 17/07/1995)

Calçadão Getúlio Vargas, 170 88900.000 Araranguá - SC - Brasil jornalecocultural@yahoo.com.br

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por Cláudio Gomes

Em 1936 e 1937, o Legislativo municipal passa novamente a se chamar ‘Câmara Municipal’, nomenclatura que não era mais usada desde o final do século anterior. Neste curto período, seus membros são novamente eleitos e chamados de ‘vereadores’. Siga em ‘Memória do Poder Legislativo de Araranguá’, de Micheline Rocha, pág. 40)

ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL DE

ARARANGUÁ v i s i t e : w w w. a r a r a n g u a . n e t

ARARANGUÁ, 10 DE MAIO DE 2013 • ANO 19 • Nº 419

Escolas municipais de Ararangua- em 1942 SEGUNDA PARTE

Num tempo em que o município de Araranguá continha todo o território da Amesc, diversas escolas isoladas funcionavam pela região, com suas salas de aula cheias, que também era o tempo em que a maior parte da população vivia no campo, em torno das localidades do interior. Estas fotos de escolas e textos (parcialmente reproduzidos) foram extraídos do caderno “Escolas Municipais”, organizado em 1942. FOTOS E DOCUMENTAÇÃO ARQUIVO HISTÓRICO DE ARARANGUÁ

Escola Municipal de Garuva, Distrito de Sombrio, criada pelo Decreto n° 1, de 16/01/1939. A professora Emília Pereira Barrim não é formada.

Escola Municipal de Molha Coco, Distrito de Meleiro, criada em 20/04/1936. A professora regente, Rosa Magagnin, não é formada, mas pretende fazer o exame de habilitação. A casa que funciona a Escola pertence aos colonos.

Escola Municipal de Espigão da Toca, Distrito de Morretes, criada em 26/01/1940. É regida pelo professor Francisco Elias Pacagnan que, por dedicação à Escola, tirou o exame de complementarista. A casa da Escola é do sr. Pedro Cicchella. A biblioteca já possui 54 volumes.

Escola Municipal de Dois Irmãos, Distrito de Volta Grande, criada em 20/10/1934. A professora regente, Clícia Freitas Matos, possui exame de habilitação. No início de 1942 foram matriculados 33 alunos, sendo eliminados dois durante o ano.

A Escola Municipal de Gávea, Distrito de Volta Grande, foi criada em 15 de março de 1937. A professora regente, Ondina Bento, não é titulada, mas possui o exame de habilitação feito em janeiro de 1942. A matrícula no início das aulas era de 37 alunos, sendo eliminados 4 durante o ano. A promoção foi de 23 alunos. Não há crianças ou alunos excedentes para 1943. A casa que funciona a Escola pertence ao sr. Manuel Bento e é cedida gratuitamente. Tem Caixa Escolar, que foi fundada em 1940. A receita e despesa da Caixa durante o ano de 1942 foi de Cr$ 54,50.

Escola Municipal de Amola Faca Baixo, Distrito de Turvo, criada em 13/05/1939. Professora Lauri Manfredini Bristot. Iniciou o ano com 35 alunos, não sendo eliminado nenhum em 1942.

Escola Municipal de Maracanã, Distrito de Sombrio, fundada em 16/02/1939. A professora Dula Magnus de Melo possui exame de habilitação. Iniciou o ano com 46 alunos. Se não forem criadas outras escolas nas proximidades, há probabilidade de desdobramento.

Escola Municipal Dr. Getúlio Vargas, de Linha Contessi, Distrito de Turvo, criada em 25/03/1941. É regida pelo professor complementarista José Marcon. A matrícula inicial foi de 45 alunos em 1942; promovidos 37. A casa da escola foi doada pelo município.

Escola Mista Municipal de Boca do Pique, Distrito de Meleiro. Criada em 20/04/1936. Professora Edite Pacheco Francisco. A matrícula inicial foi de 43 alunos. Não há crianças suficientes para o desdobramento. A casa da Escola pertence ao povo. Há necessidade de muitos melhoramentos.

Escola Municipal Conventos, Distrito de Araranguá. Professora Zenalde Queiroz Dias. Três alunos terminaram o curso de Escola Isolada e a promoção foi de 34 alunos. A casa da Escola pertence aos sócios da Caixa Escolar, fundada em 1°/03/1939.

Escola Municipal de Sanga da Areia, Distrito de Sombrio, criada em 16/01/1939. A professora Amélia de Oliveira não é formada nem possui exame de habilitação. Leciona há 10 anos. Matrícula inicial de 33 alunos. Tem Caixa Escolar, fundada em 1940.

Escola Municipal Soldado Lourival Luchina, de Caverazinho, Distrito deAraranguá. Professora regente Abrelina Raupp, complementarista. Há probabilidade de desdobramento pois há umas 20 crianças com idade escolar e não há vagas.

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Tatuíra e o coronel Gumercindo

– Então vocês façam o seguinte: desmanchem todo o acampamento, coloquem tudo dentro do caminhãozinho, vão até à porteira da fazenda, de lá me chamem e me peçam licença para entrar; daí eu autorizo. A partir de então a maioria se pronunciou com argumentos do tipo de que haviam se ocupado durante todo o dia e só com muito trabalho é que conseguiram montar o acampamento, ou para que se fosse desmontar e montá-lo novamente iriam perder mais um dia, ou que com todo este atrapalho não sobraria tempo para a caçada. Entretanto o Coronel não cedeu um milímetro. O grupo não teve escolha. Foram obrigados a desarmar todo o acampamento, colocar tudo no veículo e voltar até à porteira da fazenda. Trepado na porteira de entrada da propriedade, que distava uns duzentos metros de onde se achava o Coronel, o Tatuíra pediu ao motorista que não desligasse o motor do veículo. Dali, aos berros, travou o seguinte diálogo com o respeitoso e conceituado Coronel, proprietário da fazenda: – Excelentíssimo senhor Coroneeeeel Gumerciiiinnndooooo! O coronel, já desejoso e até mesmo certo de que o grupo voltaria para acampar, respondeu, também gritando com algum entusiasmo para que todos pudessem ouvi-lo: – Sim, é o Coronel Gumerciiinnndooo! – Vossa excelência está me ouvindo beeeeeeeeeeem? O coronel, certo de que receberia um pedido de acolhimento, respondeu: – Siiiiiim, estou te ouviiiinnndo beeeeemmm! E o Tatuíra, descarregando toda a decepção dos caçadores, concluiu: – Então o senhor vaaaai tomar no... !!! E, dirigindo-se ao motorista, comandou: – Acelera e vamos embora rápido pra não sermos todos presos! Observação: o nome do militar não é o verdadeiro.

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