Jornaleco 422 15 jun 2013

O lançamento do livro SIERRA MAESTRA - A epopeia da Revolução Cubana sincronizada com a história brasileira recente, entremeadas pelas aventuras de Patuska, o marujo (Editora Insular, 2013), com sessão de autógrafos do escritor araranguaense, foi realizado na Livraria Livros & Livros, do Centro de Cultura e Eventos da UFSC, em Florianópolis, na noite de 30 de abril.

QUEM lê os textos do Aimberê sabe que algumas das características da sua redação são a clareza e a correção.

Também percebese seu estilo jornalístico, fluente e envolvente. Tecnicamente, o Aimberê é um mestre da prosa, um araranguaense pelo qual podemos nos orgulhar de sua projeção estadual como escritor. Ele manipula a arte de escrever com grande intimidade com a língua portuguesa. Começo, meio e fim são precisos, sem ponta solta, e o texto é arejado e substancioso ao mesmo tempo. Ele tem o dom da “palavra exata” e é sempre agradável de ser lido.

SIERRA MAESTRA se faz em três palcos, três conjuntos de eventos e personagens, num mesmo período de tempo, nos anos 1950 e 60: a Cuba da revolução de Fidel Castro, as transições políticas no Brasil, e as vivências de um certo Patuska, desde sua infância numa certa “Rio do Vale”.

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Quando lemos o livro percebemos de cara quem é Patuska e que Rio do Vale é Araranguá. Há uso de nomes reais e nomes dissimulados para os personagens. Eu preferiria que não houvesse pseudonímia, que Araranguá surgisse nas páginas do livro com todas as letras (alguns locais têm seus nomes reais, outros foram “rebatizados”, assim como ocorre com as pessoas envolvidas). Mas foi uma opção do autor, que, acredito, tem seus motivos fundamentados em circunstâncias que lhe inspirem prudência ou respeito.

O livro pode ser lido a partir de qualquer página que se abra. Ou seja, para uma leitura mais preguiçosa ele é ótimo.

Mas é melhor ainda quando seguimos o itinerário traçado pelo autor.

Os três palcos vão se alternando, evoluindo, cruzando.

Não tem como se perder o interesse pela leitura. Passei a saber um monte de coisas e a reordenar outro tanto, do que em minha cabeça tinha apenas um arranjo panorâmico e uma ordem aleatória. Da história da América Latina, da história recente do Brasil e dos muitos “causos” envolvendo o personagem Patuska – em sua cidade e, depois, fora dela, a se aproximar dos eventos históricos – que, mais que o alterego do narrador, é ele próprio, com todas as suas reflexões, bom humor, conhecimento profundo e paixão pelos temas que trabalha.

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JORNALECO ARARANGUÁ, 15 DE JUNHO DE 2013 • ANO 20 • Nº 422

Araranguá, hein, quem diria!

César do Canto Machado cesardocanto@gmail.com Em abril de 1949, quando todas as atenções ainda estavam voltadas para o fim da Segunda Guerra Mundial e suas graves consequências – o acirrado conflito que durou de 1939 a 1945 –, nossa sempre bela Araranguá teve aí um de seus melhores dias na grande imprensa brasileira.

Num privilégio de poucos, teríamos, então, estampado em três páginas da famosíssima revista Eu Sei Tudo, um interessante histórico do nosso pacato lugar sul-catarinense, longo artigo encimado pela boa foto dos componentes do Grupo Escoteiro de Araranguá, arte e texto de Ignês Mariz, jornalista carioca que produziu o trabalho em 1942 e que – pela disputa de espaço editorial – só “emplacou” publicação sete anos depois. Mas publicou! É interessante dizer, também, que a mesma revista Eu Sei Tudo, bastante rica em variedades e informações, circulou nacionalmente de 1917 a 1958. Suas edições tornaram-se muito mais conhecidas por, ao término de cada ano, fazer circular o não menos lido Almanaque Eu Sei Tudo, exemplares que hoje, na internet, são oferecidos e vendidos como verdadeiras raridades editoriais.

E, do que lá está escrito sobre Araranguá, alguns parágrafos merecem destaque: Do nome do lugar e imigrantes “...Ali se descortinavam, estuando da terra escura, pastagens verdes a perder de vista. Muito apropriadamente o lugar recebeu o nome de Campinas e só mais tarde foi adotado o apelido indígena de Araranguá. Trata-se da

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Aimberê Araken Machado lança seu sexto livro

Até início do séc. 20, os principais logradouros de Araranguá não possuíam seus nomes atuais. Foi em 1904 que se nomeou a beirario norte de rua “Coronel Apolinário” e, em 1905, de rua “7 de Setembro” a futura avenida. Nosso principal largo só será chamado “Praça Dr. Hercílio Luz” a partir de 1922.

Siga em Memória do Poder Legislativo de Araranguá, Micheline V.M. Rocha, 2012, p.127-128

ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL DE

ARARANGUÁ v i s i t e : w w w. a r a r a n g u a . n e t

cidade mais meridional de Santa Catarina.

Segundo Teodoro Sampaio – engenheiro civil, geólogo, geógrafo e historiador – Araranguá quer dizer rufos de papagaios. Com certeza foi o extremo sul daquele Estado, em épocas remotas, ocupado por milhares dessas aves; e a Reprodução de foto da Corporação Escoteira de Araranguá, publicada na revista barulheira que faziEu Sei Tudo, edição de abril de 1949, com matéria sobre Araranguá am à beira de um rio, à hora de beber água, deveria ser tal que de gozar as delícias do jardim. Sentado no os índios apelidaram com aquele nome a banco e tendo um livro na mão, começa a corrente d’água e depois às terras adja- leitura automaticamente. Não temos notícia centes. de técnica mais inteligente na instalação Ainda hoje existem naquele município de bibliotecas populares.” aglomerados estrangeiros de alemães, ucranianos, polacos e italianos, todos muito Atrações, produção e ensino “...Em prósperos, mas se deixando assimilar, 1942 as diárias dos quatro hotéis da cidade insensivelmente, pelo elemento brasileiro, variavam entre seis e doze mil cruzeiros. graças à campanha sistemática de nacio- O município possui como atrativos turísticos nalização levada a efeito naquele Estado a Lagoa do Sombrio (a maior do Estado); a queda do Taimbezinho, que se despenca da de 1930 para cá.”

Serra Geral numa altura de 800 metros.

Hoje a população avaliada pelos técnicos Traçado e organização “...É terra onde o povo se preocupa muito com proble- em estatísticas é de 67 mil habitantes. A mas de urbanismo. Suas ruas modernas são grande massa humana concentrada na zona geometricamente traçadas, medindo cada rural prova que o município é essencialuma 25 metros de largura. Dos 16 logra- mente agrícola. Há também excelentes douros existentes, 13 tem iluminação elétri- madeiras para indústria. A criação de gado ca desde seis de outubro de 1933. Possui a contribui para as rendas municipais.

Grande lavoura de mandioca produz cidade, prédios de construção moderna, destacando-se a Prefeitura Municipal, o ótima farinha, que é exportada para PernamCine Roxy, o Clube Fronteira, o Grupo buco e Ceará. – Curioso! Pensávamos que Escolar, a Farmácia Minerva e o Café Polo a farinha consumida pelos nordestinos fosse toda feita lá mesmo! Quanto mais monoNorte.” grafias lemos, mais surpresas vamos enconBiblioteca exemplar “...Deparamos trando pelo Brasil afora.

São piscosas as costas marítimas de com a mais curiosa notícia a respeito de bibliotecas populares. Nesse ponto, Ara- Araranguá, assim como seus rios e lagos. ranguá bate o recorde sobre todas as cidades As principais riquezas extrativas vegetais brasileiras do interior: sua Biblioteca Mu- são a palha do butiá, filamentos do tucum, nicipal foi construída no centro de um e as fibras de imbira.

A média atual de Araranguá na difusão parque privativo, entre árvores frondosas, e possui bancos próprios ao ar livre, para de escolas primárias é de 490 habitantes regalo dos frequentadores. Mesmo sendo para uma escola, o que representa um alérgico à leitura, o cidadão dirige-se ao recorde, pois nos municípios gaúchos a z bibliotecário e pede um livro, com intenção média é de 522 habitantes.”

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15/06/2013 • ANO 20 • Nº 422 ESTA EDIÇÃO: 8 PÁGINAS

Distribuição gratuita Periodicidade quinzenal Tiragem: 1.000 exemplares

H FUNDADO EM 18 DE MAIO DE 1994 H EDIÇÃO E DIAGRAMAÇÃO Ricardo Grechi CONTATO Rossana Grechi DISTRIBUIÇÃO Gibran Grechi, Nilsinho Nunes ASSISTÊNCIA Guaraciara Rezende IMPRESSO NA GRÁFICA CASA DO CARIMBO DE Rosa e Aristides César Machado PRODUÇÃO Nicolas FOTOLITO David PAPEL Toninho IMPRESSÃO Welington, Valdo

© Ricardo Francisco Gomes Grechi (reg. nº 99866 - prot. 4315/RJ, de 17/07/1995)

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No ano passado, o Silvio Santos fez uma eleição para escolher “o maior brasileiro de todos os tempos”. O SBT, então, divulgou os doze indicados na seção eliminatória, que ficaram nesta ordem, na preferência do público: Chico Xavier (1910-2002), Irmã Dulce (1914-1992), Luiz Inácio Lula da Silva (1945), Ayrton Senna (1960-1994), Tiradentes (1746-1792), Santos Dumont (1873-1932), Juscelino Kubitschek (1902-1976), Pelé (1940), Princesa Isabel (1848-1921), Fernando Henrique Cardoso (1931), Oscar Niemeyer (1907-2012) e Getúlio Vargas (1888-1954). A lista é interessante, mas o cara no bar — que tem uma grande capacidade para apontar defeitos e uma proporcional incapacidade para aceitar o ponto de vista alheio e compreender o processo de evolução das coisas — engoliu seu café e começou a esbravejar: — Que Ayrton Senna?! O campeão é o Fittipaldi, que deixou da MacLaren pelo Copersucar! E que Pelé o quê?!

O Garrincha jogou muito mais! E o Machado de Assis?!

Só por que os gringos falam bem do cara... — E por aí vai.

Só não difamou a Irmã Dulce porque a mãe era devota. O Machadinho, foi por que lia muito o Diogo Mainardi e não lia o Machadinho. E quando alguém lembrou de que o escritor carioca não estava na lista, ele não cedeu: — Era o décimo terceiro...

No meu tempo de escola primária, uma das propagandas do Regime Militar, à época vigente no Brasil, era promover “heróis” para inflar sentimentos nacionalistas, típico do governo baseado nas forças armadas para manutenção própria.

Usavam desde livros escolares até álbuns de figurinhas.

Com o tempo, aprendi que o amor ao país não se dá em função de suas celebridades, mas pelos valores naturais e humanos que essas celebridades defendem ou representam em nome de um povo e seus heróis anônimos da lida diária.

Nesse sentido, são muitos os brasileiros de notoriedade internacional recente: Leonardo Boff, teólogo e espiritualista; Darcy Ribeiro, antropólogo; Paulo Freire, educador; Padre Zezinho, cancioneiro de temática cristã; os expedicionários que combateram Hitler na Itália (a cidade de Montese dedica uma praça — Piazza Brasile — aos seus “generosos libertadores”, como ficaram conhecidos os soldados brasileiros na região, pela bravura —cerca de 450 morreram na guerra — e bondade em partilhar alimentos e acatar o sofrido povo do lugar); e muitos outros que a maior parte de nós desconhece ou esqueceu, de tão atulhado que anda nosso espírito com bobagens da mídia que gera a ignorância; da intelectualidade tóxica que gera a soberba; da religiosidade cega e de outras propagandas alienantes que decidem por nós o que devemos ser, ter, sentir e fazer.

E se não temos o poeta mais consagrado das Américas, ao que concorre Neruda, nem o maior prosador em língua portuguesa, que se diz do português Saramago, nem o maior popstar da América Latina, que foi o comediante mexicano Cantinflas, nem um músico tão famoso no mundo como o cantor de tango argentino Carlos Gardel, isso não significa nada, porque o que conta é fazer parte de um universo sem fronteiras de conhecimento e arte. E não precisa viajar para isso: Immanuel Kant, o maior dos filósofos, prefigurou a ONU sem nunca ter saído de sua cidade natal, na Prússia; e Jesus Cristo não foi além de 200 quilômetros em seu ministério na Palestina. z

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Aimberê Araken Machado Leituras Comecei, ainda menino, a ler gibis. As imagens do Superman e do Capitão América ficariam, para sempre, gravadas em minha memória. Guardava minhas “preciosidades” debaixo da cama, numa caixa de madeira.

A editora Brasil-América, de Adolfo Aizen, passou a publicar alguns clássicos em quadrinhos, dentre os quais lembro de “As aventuras de Marco Polo” e “Miguel Strogoff, o correio do Czar”. O Elias Kindermann, recém-chegado de Braço do Norte, logo se tornou meu parceiro predileto no intercâmbio das revistinhas. Eu atravessava o Jardim, chegava ao Café Brasil e lá estava o Elias, fazendo sorvetes (seu pai, Lucas Kindermann, era o proprietário). Bastava um aceno, senha que havíamos combinado. O Elias pegava um monte de gibis numa prateleira e me entregava, e eu lhe entregava os meus. Jogo rápido, pois ele não podia interromper seu trabalho.

A fase seguinte foram as leituras do “Reader’s Digest”, que meu pai tinha desde o primeiro número (fevereiro de 1942).

Não por acaso, essa revista de propaganda norte-americana surgiu, no Brasil, dois meses depois do ataque japonês à base naval americana de Pearl Harbour, no arquipélago do Havaí, o que ocasionou a entrada dos ianques na Segunda Guerra Mundial (8 de dezembro de 1941). Esta fase demorou bastante, pois os textos de “Seleções” eram muito objetivos e claros, e, além disso, abordavam assuntos interessantes.

Percebendo isso, meu irmão mais velho, César, tratou de despertar meu interesse por obras de autores portugueses e brasileiros. Um dos primeiros livros que ele me emprestou foi Amazônia Misteriosa, de Gastão Cruls. Tratava-se de uma história bastante envolvente, até mesmo fascinante (embora um pouco assustadora): um cientista alemão embrenhouse na selva amazônica e lá resolveu fazer experiências de cruzamentos sexuais entre homens e macacos. Dessa estranha simbiose, nasceu um monstro enorme, ou seja, um homem-macaco... Fiquei muitas semanas com minha mente fortemente impressionada com aquilo, tendo pesa-

delos como se fossem filmes de terror! Mas, estranhamente, gostei da experiência...

E lá veio o mano César com outro livro: A Carne, de Júlio Ribeiro.

Como sabem meus queridos leitores e leitoras, esta obra clássica conta a história do romance – altamente erótico – vivido entre um cidadão maduro, Manoel Barbosa, com a linda moça Helena (apelidada Lenita).

Posso dizer que este belo romance foi uma espécie de contraponto àquele anterior: se Amazônia Misteriosa lembrou Tânatos, A Carne acordou e levantou Eros: masturbei-me desesperadamente, até ficar, muitas vezes, com as pernas bambas...

Animado, César achou que estava na hora de me propor algo ousado e difícil: ler Os Sertões, do genial Euclides da Cunha. No entanto, equivocou-se: li as primeiras linhas e desisti, sem coragem de enfrentar, naquele momento – lembrem-se: eu tinha uns quatorze anos –, o vocabulário preciosista de Euclides. Só bem mais tarde é que decidi ler Os Sertões, acontecendo, então, imediata e forte admiração por aquele estilo enleado e complexo. Eu jamais adivinharia, também, que viria a escrever dois ensaios acerca de Euclides e sua obra.

Os portugueses Alexandre Herculano e Camillo Castelo Branco também foram diretamente aconselhados a mim pelo mano César; li História de Portugal (Herculano) e Amor de Perdição (Castello Branco), para começar. Depois, prossegui com Histórias extraordinárias e Amor de Salvação (numa das viagens que fiz a Portugal, tive oportunidade de conhecer Vila Real, a capital de Trásos-Montes. Foi justamente lá que Camilo Castello Branco ambientou seus melhores romances, muito embora ele fosse lisboeta; esse escritor tinha personalidade passional e trágica, e acabou se suicidando).

Depois desses inestimáveis estímulos do César, passei a escolher meus próprios autores: desfilei por Fernando Pessoa, Eça de Queirós, Dostoiewsky, Tolstói, Kafka, Edgar Allan Poe, Federico García Lorca, Pablo Neruda, Manuel de Barros, Walt Whitman, Cora Coralina, Jorge Luís Borges, Saramago, Baudelaire, e muitos, muitos outros.

Ultimamente, estou, cada vez mais, fascinado por poesia. Acho, mesmo, que esta seja, talvez, a mais alta e sublime inspiração, dentre todos os gêneros literários.

Uma coisa é certa, porém: jamais desistirei de ler e escrever. Este é meu destino.

S S

A razão torna-se adulta e velha.

O coração mantém-se jovem.

IPPOLITO NIEVO (1831-1861) escritor italiano

Brasileiros.

A BANDA

FERREIRA GULLAR

Provavelmente seriam pessoas generosas, achavam

os índios. Mesmo porque, no seu mundo, mais belo era dar que receber. Ali, ninguém jamais espoliara ninguém e à pessoa alguma se negava o louvor por sua bravura e criatividade. Visivelmente, os recém-chegados [os portugueses, em 1500], saídos do mar, eram feios, fétidos e infectos. Não havia como negá-lo. É certo que, depois do banho e da comida, melhoraram de aspecto e de modos. Maiores teriam sido as esperanças do que os temores daqueles primeiros índios. (1996, p. 42)

Foi desindianizando o índio, desafricanizando o negro,

deseuropeizando o europeu e fundindo suas heranças culturais, que nos fizemos.

Somos, em consequência, um povo síntese, mestiço na carne e na alma, orgulhoso de si mesmo, porque entre nós a mestiçagem jamais foi crime ou pecado. Um povo sem peias que nos atenha a qualquer servidão, desafiado a florescer, finalmente, como uma civilização nova, autônoma e melhor. (1995, p. 13)

Todos nós, brasileiros, somos carne

da carne daqueles pretos e índios supliciados. Todos nós brasileiros somos, por igual, a mão possessa que os supliciou. A doçura mais terna e a crueldade mais atroz aqui se conjuraram para fazer de nós a gente sentida e sofrida que somos e a gente insensível e brutal, que também somos. Descendentes de escravos e de senhores de escravos seremos sempre servos da marginalidade destilada e instalada em nós, tanto pelo sentimento da dor intencionalmente produzida para doer mais, quanto pelo exercício da brutalidade sobre homens, sobre mulheres, sobre crianças convertidas em pasto de nossa fúria. (1996, p. 120)

A nação brasileira, comandada

por gente dessa mentalidade, nunca fez nada pela massa negra que a construíra. Negou-lhe a posse de qualquer pedaço de terra para viver e cultivar, de escolas em que pudessem educar seus filhos, e de qualquer ordem de assistência. Só lhes deu, sobejamente, discriminação e repressão. Grande parte desses negros dirigiu-se às cidades, onde encontra um ambiente de convivência social menos hostil. Constituíram, originalmente, os chamados bairros africanos, que deram lugar às favelas. Desde então, elas vêm se multiplicando, como a solução que o pobre encontra para morar e conviver. Sempre debaixo de permanente ameaça de serem erradicados e expulsos. (1996, p. 222) Textos citados por Fábio Pereira em www.ensayistas.org

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WILLIAM SHAKESPEARE (1564-1616) dramaturgo e poeta inglês

Darcy Ribeiro

TRECHOS DOS “ESTUDOS DA ANTROPOLOGIA DA CIVILIZAÇÃO”

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Ri das cicatrizes quem nunca foi ferido.

uplemento

Darcy Ribeiro (1922-1997) nasceu em Montes Claros, Minas Gerais. Formou-se em Antropologia (1946) em São Paulo e dedicou seus primeiros anos de vida profissional ao estudo dos índios do Pantanal, do Brasil Central e da Amazônia. Neste período fundou o Museu do Índio e criou o Parque Índigena do Xingu. Como escritor, deixou uma vasta obra etnográfica e de defesa do índio, e destacouse por trabalhos desenvolvidos nas áreas da sociologia e da educação, planejando e implantando os Centros Integrados de Ensino Público (CIEP), durante o governo de Leonel Brizola no Rio de Janeiro (1983-1987).

Ainda conta, entre suas façanhas, haver contribuído para o tombamento de 98 quilômetros de praias e encostas, além de mais de mil casas do Rio de Janeiro antigo. Ao falecer em Brasília, em 1997, era considerado por muitos o maior antropólogo de então no mundo, com obras traduzidas para o inglês, o francês, o alemão, o espanhol, o italiano, o hebraico, o húngaro e o checo.

JORNALECO 422 15/06/2013

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SOLO DO EDITOR RICARDO GRECHI

POETA BRASILEIRO (São Luís - Maranhão, 1930)

l l l l l l l l llllllllll Traduzir-se Uma parte de mim é todo mundo; outra parte é ninguém: fundo sem fundo.

Uma parte de mim é multidão; outra parte estranheza e solidão.

Uma parte de mim pesa, pondera; outra parte delira.

Uma parte de mim almoça e janta; outra parte se espanta.

Uma parte de mim é permanente; outra parte se sabe de repente.

Uma parte de mim é só vertigem; outra parte linguagem.

Traduzir uma parte na outra parte – que é uma questão de vida ou morte – será arte?

Em Ferreira Gullar - Literatura Comentada, Abril, 1981, pág. 67

O HOMEM vai ao psiquiatra.

NET – Doutor, eu não me sinto bem, tenho andado muito triste...

Diz-lhe o médico: – O grande palhaço italiano Pagliacci está na cidade. Se você for ao seu show, poderá se alegrar.

– Mas doutor... – o homem se desmancha em pranto – Eu sou Pagliacci! (Em Watchmen, HQ de Alan Moore)

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Há 25 anos servindo a cidade inverno e verão

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Acordei, fiz alguns alongamentos como sempre faço e voltei à sala. Mas isso se tornou estranho a partir do momento em que vi aquele objeto. Era grande, alto e assustador. Olhei ao seu redor. Não parecia existir um fundo. Quando olhei o outro lado, algo extraordinário aconteceu.

Era alguém semelhante a mim, idêntico. Parecia prever meus movimentos e os executava perfeitamente. Se aquele era eu, como poderia estar em dois lugares ao mesmo tempo? Até o ambiente era familiar.

Não resisti. Fui ao seu encontro. Um barulho ensurdecedor, seguido por uma profusão de cores e brilho intenso inundou meus sentidos. Saí correndo ao ouvir uma voz fantasmagórica, espalhando-se por todos os quartos...

– Ana! O seu gato maluco acabou com o espelho da sala!

Tudo bem. Havia escapado do perigo.

Mas, e agora? Como faço para descer dessa árvore?

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DEIXA?!

Deixa eu te falar de mim Deixa dizer dos meus dias Em ciclos do mar sem fim Inundados de alegria Nas ondas de tanto amor Mergulhei nas profundezas Sem receio sem temor Neste mundo de beleza

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ARLETE ZANERIPPE

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(*) Pseudônimo pelo qual Victor Oliveira de Faria é conhecido no Recanto das Letras e em outros sites

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Fotos: Bernardino na Estação Telegráfica de Araranguá; e chegada de Bernardino, desembarcando na margem direita do rio

FOTOLegenda

Veste seu olhar

ARARANGUÁ • CALÇADÃO

do Pe. João Leonir Dall’Alba (Lunardelli, 1987, pág. 63).

N.J.: Ainda em 1898, a 16 de setembro, a estação foi reaberta. Bernardino chegou em Araranguá a 2 de junho de 1894 e, já no dia seguinte, fez contatos com Torres e Florianópolis, nossas primeiras comunicações por tecnologia moderna.

por Brian Oliveira Lancaster *

Sou concha que a maré Leva em ondas a cantar Neste azul cheio de fé Estou aqui a te esperar!

a

maior facilidade, deixei em minha casa, fechada, toda mobília e material. (...)

Como determinei, segui para a cidade de Laguna, na manhã, 7 horas, do dia 22 de janeiro de 1898, pela estrada dos Conventos, indo até aquele passo muitos amigos, inclusive o Dr. Juiz de Direito, Dr. Virgulino.

Despedi-me de todos entre lágrimas.”

Dos diários de Bernardino de Senna Campos, compilados no livro Memórias do Araranguá,

Agradeço aos amigos Nereu Bertoncini e Abi Souza

O Salto Quântico

R. FRANCISCO o é t i c a

“1898. Entrou o ano novo, para mim, que não previa, bem triste...

Na tarde de 18 de janeiro, recebi da Capital, do chefe de Distrito, Leopoldo Ferreira, aviso telegráfico de que, por portaria de 17, da Diretoria, foi fechada a estação de Araranguá por falta de renda que compensasse a despesa!

Mania de economia de palitos!

No dia 19, antes de desmontar o aparelho, telegrafei ao meu amigo Cel. Apolinário, chefe político de Araranguá, cientificando do ocorrido.

Fui removido para a estação do Desterro. Não podendo levar a família logo, e indo empenhar-me para ser reaberta a estação, e para

Nunca pensei que chegaria o dia de sentir vontade de naufragar em uma ilha deserta. Posso mesmo estar exagerando, pois não cheguei ao ponto de querer me isolar do mundo. Mas, de uns tempos para cá, vem batendo na porta das minhas escolhas o desejo de me afastar um pouco.

Nunca pensei que pudesse sentir isto também. Achei até que não sobreviveria sem o burburinho da evolução e sem respirar o frenesi das descobertas tecnológicas.

Nunca me considerei jurássica, pelo contrário, sou adaptável a qualquer situação de qualquer ambiente, ainda que não possa inflar o peito, como muita gente gosta de fazer, e arrotar o fato de ter vivido anos em algum país mais desenvolvido do que o meu subjugado Brasil.

Minha mente é tão aberta que vire e mexe me pego correndo para trancar algumas janelas, antes que maus ventos se aproveitem do meu descuido, me invadam e me derrubem.

Ou seja, trocando em miúdos, sempre me senti parte integrante do cenário deste novo mundo que está se delineando dia após dia numa velocidade inalcançável. Até agora, que, acho... cansei!

O ápice deste enfado se deu na última viagem que fiz. Aliás, sugiro a constância destas “fugidas despretensiosas” que causam o abandono do nosso colchão feito com a espuma da comodidade, para experimentar novas e desconhecidas densidades, intensidades e, automaticamente, o verdadeiro despertar.

Infelizmente, neste despertar não gostei do que vi. Algo do tipo: você acorda e se dá conta de que era melhor ter continuado dormindo, pois o pesadelo era menos feio do que a realidade. Preferia realmente não ter constatado, sem nenhuma margem de erro, o quanto as pessoas conectadas estão se desconectando. O quanto estamos ficando solitários vivendo,

ironicamente, num planeta de sete bilhões de pessoas. O quanto o poder da tecnologia, de estar em todos e vários lugares ao mesmo tempo, está fazendo com que as pessoas deixem de coexistir.

Refiro-me a coexistir no sentido literal da palavra, que a mim significa utilizar com toda intensidade possível o poder dos seis sentidos para se relacionar com o meio. Pessoas conectadas ouvem mal; pouco falam; olham, mas não veem; não sentem e (ouso instituir o sexto sentido) não pensam.

Munidos de celular, iPed, iPod, tablet, netbook, notebook, ultrabook... pessoas vivem conectadas a cada segundo de todos os minutos acordados e até dormindo, em seus mundos virtuais. Por todos os lados de todos os lugares, calçadas, shoppings, praças, banheiros... para onde se olhe a vida está acontecendo no ciberespaço e não mais aqui.

Viagens são mais emocionantes quando compartilhadas no Facebook.

Paisagens tornam-se mais lindas ao serem postadas no Facebook. Comer é mais prazeroso ao exibir o prato no Facebook. Sentir dor, raiva, medo, saudade, solidão fica mais fácil depois de exporse para todo mundo no Facebook. Amigos são mais amados no Facebook. Pessoas são mais reais no Facebook.

Olhar alguém, conhecer alguém, falar com alguém passou a ser uma ferramenta da internet, da qual todos utilizam, enquanto não perdem tempo de fazer isto ao vivo, a cores, ao ritmo da respiração.

As caras estão cada vez mais fechadas, os sorrisos mais raros, os corpos mais rígidos, os movimentos mais curtos, as emoções mais contidas e as pessoas mais sozinhas.

Não gostei do que vi ao despertar na minha última viagem. Não gosto do que vejo todos os dias aos despertar na minha vida. Não estou pronta para me integrar ao pós-humanismo que me convida a abandonar a identidade sensível e a consciência emocional que me constituem, para me tornar um avatar, como os tantos que vejo por aí... E que me levam a querer abrir a porta das escolhas para atender o desejo latente que grita aqui dentro: – Eu vou fugir!

MICROCONTO

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A valentia, às vezes, confundida com coragem, foi um sentimento muito presente no desbravamento e colonização deste nosso pequeno território sul-barriga-verde.

A meu juízo, pode-se determinar coragem como sendo o comportamento balizado por uma necessidade suprema e praticado com responsabilidade. Já a valentia acredito ser um sentimento determinado pelo desejo de autoafirmação, podendo desembocar na coragem sem compromisso com a responsabilidade.

A nossa história registra vários exemplos de coragem como também de valentia.

O maior exemplo vivido, e que marcou a coragem dos araranguaenses, foi a batalha em defesa da Vila de Araranguá, que se travou no distante ano de 1884, quando, devidamente guarnecidos, os araranguaenses repeliram os invasores da revolução federalista, na forma como registra o diário de Bernardino de Senna Campos.

Eu vou fugir!

JORNALECO 422 15/06/2013

CASOS E CAUSOS QUE O POVO CONTA

Já por valentia temos muitos casos, causos e fatos pelos quais nossa cidade e região foram, durante muito tempo, conhecidas e temidas como terra de ninguém.

Dentre causos de valentia, conheci o da família Cazuza, de Maracajá.

Na verdade a família é Rocha, mas era mais conhecida e tida pela fama de valentia: os Cazuzas.

Dentre os Cazuzas, um dos mais valentes era o Antonio Cazuza.

O povo conta que o homem era mesmo valente, não tinha lado ruim para ele, enfrentava qualquer encrenca e, melhor ainda, se a encrenca fosse por seu respeito, ou por qualquer membro da sua família.

Porém a sua valentia lhe trazia sérias consequências.

Antonio Cazuza, para sua defesa e da sua família, obrigou-se a transformar sua morada em uma pequena fortaleza. Contase que a porta da frente de sua casa era guarnecida por uma segunda porta de ferro grosso. Bem guarnecida era, também, a lateral da cama do casal. Quando Antonio regressava para a sua residência, ainda na porteira da morada, receoso de que poderia haver alguém à espreita, esperando por ele, gritava para sua esposa:

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por Cláudio Gomes

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O Cazuza, não!

– Chica! Sou eu, Antonio... Abre a porta!

No mesmo instante disparava o seu cavalo em direção à porta, enquanto as balas zuniam sobre sua cabeça.

Antonio Cazuza era inspetor de quarteirão, um cargo indicado e pago pelo poder público, normalmente o prefeito. Era uma espécie de delegado que patrulhava um pequeno território no perímetro urbano, um quarteirão. Por quarteirão, entende-se uma quadra de uma cidade, medindo cem metros por cem metros.

Num comício do antigo PSD (Partido Social Democrático) em Maracajá, o Antonio Cazuza, embora sendo um udenista convicto, estava presente, de casaco aberto, tendo à mostra seu revólver, que lhe fazia a segurança. Ele estava posicionado na primeira fila e bem na frente do palanque oficial, portanto, à vista dos políticos que discursavam.

O orador era Artur Bertoncini, que não gostava exatamente do cargo ocupado pelo Antonio Cazuza, seu compadre.

Em sua fala, o político dizia que não gostava de inspetores de quarteirão e que, se eleito fosse, iria acabar com o cargo e demitir os seus ocupantes. Estava por concluir seu pensamento quando viu o Cazuza olhando fixa e firmemente para ele.

Seu Artur, que não era bobo, não teve dúvidas e emendou, antes que o compadre pudesse reagir: – NEM TODOS!...

TRADUÇÃO De manhã é singela De tarde é bela De noite é luz Singela feito princesa Bela mais que a beleza Luz que me traduz

Valtrator

Av. Sete de Setembro, 485 Cidade Alta Araranguá / SC Tel. (48) 3524-0122 E-mail: valtrator@valtrator.com.br

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GRUPO REENCONTRO Reuniões 4as e 6as feiras, às 19h30 Igreja NS Navegantes - Arroio do Silva

GRUPO ENERGIA ○

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Fonte: drauziovarella.com.br

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preponderante. É geralmente noturna e aumenta de intensidade quando a pessoa se deita porque a secreção escorre pela parte posterior das fossas nasais e irrita as vias aéreas disparando o mecanismo de tosse.

Acessos de tosse são particularmente frequentes pela manhã, ao levantar, e diminuem de intensidade, chegando mesmo a desaparecer, no decorrer do dia.

Recomendações 3 O mais importante é diluir a secreção para que seja eliminada mais facilmente; 3 Na vigência de gripes, resfriados e processos alérgicos que facilitem o aparecimento de sinusite, beba bastante líquido (pelo menos 2 litros de água por dia) e goteje de duas a três gotas de solução salina nas narinas, muitas vezes por dia. A solução salina pode ser preparada em casa: Para cada litro de água fervida, acrescente uma colher de chá (9 gramas) de açúcar e outra de sal. Espere esfriar antes de pingá-la no nariz; 3 Inalações com solução salina, soro fisiológico ou vapor de água quente ajudam a eliminar as secreções; 3 Evite o ar condicionado. Além de ressecar as mucosas e dificultar a drenagem de secreção, pode disseminar agentes infecciosos especialmente fungos) que contaminam os seios da face; 3 Procure um médico se os sintomas persistirem. O tratamento inadequado da sinusite pode torná-la crônica.

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As sinusites podem ser divididas em agudas e crônicas. a) SINUSITE AGUDA Costuma ocorrer dor de cabeça na área do seio da face mais comprometido (seio frontal, maxilar, etmoidal e esfenoidal).

A dor pode ser forte, em pontada, pulsátil ou sensação de pressão ou peso na cabeça. Na grande maioria dos casos, surge obstrução nasal com presença de secreção amarela ou esverdeada, sanguinolenta, que dificulta a respiração.

Febre, cansaço, coriza, tosse, dores musculares e perda de apetite costumam estar presentes. b) SINUSITE CRÔNICA Os sintomas são os mesmos, porém variam muito de intensidade. A dor nos seios da face e a febre podem estar ausentes. A tosse costuma ser o sintoma

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CASOS E CAUSOS QUE O POVO CONTA APRÍGIO OTÁVIO DO CANTO – já o conhecia desde os tempos de juventude vividos nesta nossa Araranguá. Passamos a ter uma amizade mais próxima quando fomos residir em Sombrio, no encargo de dar continuidade ao trabalho de seu irmão Adilsio do Canto, primeiro contabilista daquela cidade, falecido poucos anos antes de me transferir para lá.

Foram várias as oportunidades em que gastamos o tempo nos bons papos, ora em meu escritório, ora em seu famoso Bar Sabiá, onde pendurava, em uma de suas portas, uma gaiola mantendo um belo e sonoro sabiá-laranjeira. Se, por ventura, alguém, inoportunamente, interrompesse a nossa conversa, o Tatuíra avisava: – Deixa eu e o Cláudio continuar a nossa conversa, porque nós dois somos do Araranguá e estamos falando das coisas do nosso Araranguá.

A cada oportunidade que retornasse “do Araranguá”, como gostava de dizer, passava no escritório para me contar as novidades das avenidas.

Em Sombrio, em nossas horas de diversão, organizávamos blocos de carnaval, participávamos de pescarias e caçadas, até que o acidente fatídico daquele sete de setembro o vitimou, junto a mais dois de nossos amigos.

O nosso popular Tatuíra partiu, mas suas histórias, sempre alegres, como ele sabia ser, ainda estão vivas em nossa memória.

Grupo de Adoção Filhos do Coração Informações: Juizado da Infância e da Juventude -Tel. 3522-0204 - Ramal 45 ○

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Fonte: http://revistavivasaude.uol.com.br

SINUSITE é a inflamação das mucosas dos seios da face, região do crânio formada por cavidades ósseas ao redor do nariz, maçãs do rosto e olhos.

Sintomas

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por Cláudio Gomes

10 dicas para afastar doenças de inverno

SINUSITE

Os seios da face dão ressonância a voz, aquecem o ar inspirado e diminuem o peso do crânio, o que facilita sua sustentação. São revestidos por uma mucosa semelhante à do nariz, rica em glândulas produtoras de muco e coberta por cílios dotados de movimentos vibráteis que conduzem o material estranho retido no muco para a parte posterior do nariz com a finalidade de eliminá-lo.

O fluxo da secreção mucosa dos seios da face é permanente e imperceptível.

Alterações anatômicas, que impedem a drenagem da secreção, e processos infecciosos ou alérgicos, que provocam inflamação das mucosas e facilitam a instalação de germes oportunistas, são fatores que predispõem à sinusite.

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Reuniões 2as f., 20h - Próx. Igreja Sagrada Família ○

Reuniões 6 feiras, às 20h Igreja Episcopal, próx. EB Castro Alves

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EDIÇÃO: ROSSANA GRECHI

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O clima seco e mudanças bruscas de temperatura colaboram para que enfermidades como gripes, resfriados, amidalite e dor de ouvido se espalhem rapidamente. Porém, para algumas pessoas, além desses vilões, é preciso enfrentar outras manifestações que se agravam durante o inverno. É o caso da asma, pneumonia, bronquite, rinite e sinusite.

A hipersensibilidade do organismo a algumas substâncias desencadeia reações alérgicas como, por exemplo, os intermináveis espirros e coceira na região nasal. A poeira, ácaros, fungos, pelos de animais, além da fumaça de cigarro são alguns dos agentes irritantes mais comuns.

Conheça 10 dicas que podem ajudá-lo a conviver melhor com o frio e os problemas respiratórios: 1 - Mantenha as roupas de cama limpas, especialmente os cobertores, que costumam ser morada de ácaros; 2 - Retire o pó da mobília e limpe o chão com pano úmido, evitando o levantamento de poeira; 3 - Aproveite os dias ensolarados para arejar a casa.

O sol e o ar evitam que vírus e bactérias se proliferem; 4 - Evite o contato com a fumaça do cigarro; 5 - Use soro fisiológico nas regiões dos olhos e narinas, ele lubrifica a mucosa e evita irritação; 6 - Evite aglomerações de pessoas em lugares fechados e pouco arejados; 7 - Lave as mãos constantemente para evitar que vírus e bactérias se alojem nessa região; 8 - Beba muito líquido, mas evite as bebidas alcoólicas. Água e sucos são importantes para controlar a circulação sanguínea, composição das células, músculos e respiração; 9 - Não use carpetes e cortinas no quarto de pessoas alérgicas, pois eles favorecem o aparecimento de ácaros; 10 - O meio mais efetivo para evitar as doenças do inverno são as vacinas. A antigripal confere imunidade por cerca de um ano e a vacina contra pneumonia pode proteger por cinco anos. No caso dos idosos, a vacina antigripal é recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e distribuída gratuitamente pelo Governo Federal.

TOURNIER Dr. Everton Hamilton Krás Tournier Graduado e especializado na Universidade Federal de Santa Catarina • Pós-graduado no Instituto Adolfo Lutz de São Paulo • Pós-graduado na Universidade do Sul Catarinense

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HÁ TROPEÇOS DE COMUNICAÇÃO que podem nos trazer situações embaraçosas, e são, na maioria das vezes, provocados por nossa falta de cautela ou por precipitação em dar ordens. Foi o que aconteceu com o Tatuíra.

O Aprígio, ou Tatuíra, recebeu, com surpresa, em seu Bar Sabiá, uma ordem vinda do juiz da Comarca.

A Comarca de Sombrio havia sido instalada há pouco mais de uma semana. Todas as determinações originárias do juiz, recémchegado à cidade, eram recebidas com expectativa, especialmente aquelas que se referiam à nova ordem de comportamento público.

A intimação determinava o fechamento de seu bar, como a todos os demais da cidade, no horário das 22 horas.

Tatuíra chamou seu funcionário e lhe repassou a ordem judicial. À partir daquele dia, o seu colaborador estava encarregado de fechar o bar na hora determinada pela Lei. O Aprígio tinha por costume passear pelos bares da cidade, pelo que dificilmente estaria às 22 horas em seu estabelecimento. Diariamente, após às 19 horas, ele saía em peregrinação aos seus “concorrentes” na cidade. Gostava de bater um papo, contar causos e, logicamente, matar sua sede.

Como era seu costume, saiu naquela noite para fazer sua ronda e sua sede parecia estar mais acentuada, já que se demorou mais do que normalmente fazia.

Somente por volta das duas horas da manhã, o proprietário do Bar Sabiá voltou ao seu estabelecimento, alegando que a quantidade de bares na cidade tinha aumentado em número bastante expressivo, o que provocou a sua demora maior.

Chegando à porta principal do seu estabelecimento, encontrou-a aberta, como também as demais portas, as luzes acessas e, no seu interior, duas pessoas desconhecidas jogando sinuca.

Sem prestar atenção nas pessoas, precipitadamente e em altos brados, inquiriu o pobre auxiliar: – Eu não mandei fechar o bar às 22 horas?! É uma ordem do juiz!

O podre funcionário, gesticulando, tentava acalmá-lo: – Calma, seu Aprígio! Calma, seu Tatuíra!

– Como calma? Não vês que podemos levar uma multa e até ter o estabelecimento interditado?

– Calma, seu Tatuíra! Fique quieto!

O funcionário, angustiado, apontava para os dois homens no interior do bar, que seu patrão havia ignorado quando dera entrada no estabelecimento.

O pobre trabalhador usou todos os meios de comunicação possíveis e que conhecia, tentando amenizar o pesado ambiente criado pelo Tatuíra.

Depois de muito tentar, o infeliz auxiliar conseguiu fazê-lo saber que aqueles dois, jogando sinuca na maior tranquilidade, eram o juiz e o promotor recém-chegados na cidade.

Com as circunstâncias explicadas e tudo compreendido, a serenidade voltou a imperar, não sem muitas desculpas, apertos de mãos e risadas na maior alegria. z

Ônibus da Empresa de Transportes Ubirajara Ltda., que em torno da década de 1950 fazia a linha Bom Jesus-Araranguá, trazendo o povo serrano para veranear no Arroio do Silva. O ônibus desembarcava os passageiros em frente ao hotel Paulista.

Bom Jesus é o município mais a nordeste do Rio Grande do Sul e o de maior altitude, atingindo, na Praça Rio Branco, na sede do município,1.050 metros acima do nível do mar. Se no inverno sua gente vivenciava temperaturas abaixo de zero, com geadas e nevadas constantes, no verão um grande contingente vinha curtir o sol e o mar das nossas praias, resultando disso que bomjesuenses e araranguaenses “cruzaram” e formaram famílias, fixando moradia por aqui.

FOTOLegenda

FOTO: SALVADOR ACERVO: JOSÉ MARIO DE BONI

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Dr. Elton Grechi de Oliveira APOIO CULTURAL

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Este é mais um dos tantos causos que tivemos conhecimento, naqueles bons tempos produtivos vividos em Sombrio, e com o qual reverencio a memória do amigo.

O Tatuíra e a Lei

Grupo de Amor Exigente

JORNALECO 422 15/06/2013

A.A. Alcoólicos Anônimos

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