Jornaleco 430 15 out 2013

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TEXTO E FOTOS: RICARDO GRECHI PUBLICADO NO J.264, DE 15.NOV.2006

Às sete da tarde de terça, 14 de novembro, Gibran e eu subimos a bordo do Zé Trovão, aquele barco de pesca que virou, matando um dos tripulantes, e que acabou encalhado na beira-mar, perto da Meta. Um vento nordeste poderoso e frio soprava. No convés (de uns 13x3m), com as ondas batendo em seu casco, a água entrando, ele alquebrado, retorcido, era assustador. EM FRENTE A DIMASA

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15/10/2013 • ANO 20 • Nº 430 ESTA EDIÇÃO: 8 PÁGINAS

Distribuição gratuita Periodicidade quinzenal Tiragem: 1.000 exemplares

H FUNDADO EM 18 DE MAIO DE 1994 H EDIÇÃO E DIAGRAMAÇÃO Ricardo Grechi CONTATO Rossana Grechi DISTRIBUIÇÃO Gibran Grechi, Nilsinho Nunes ASSISTÊNCIA Guaraciara Rezende IMPRESSO NA GRÁFICA CASA DO CARIMBO DE Rosa e Aristides César Machado PRODUÇÃO Nicolas FOTOLITO David PAPEL Toninho IMPRESSÃO Welington, Valdo

© Ricardo Francisco Gomes Grechi (reg. nº 99866 - prot. 4315/RJ, de 17/07/1995)

UMA PUBLICAÇÃO

ORION EDITORA Calçadão Getúlio Vargas, 170 88900.000 Araranguá - SC - Brasil jornalecocultural@yahoo.com.br

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Araranguá localiza-se à latitude 28º56’05" Sul e à longitude 49º29’09" Oeste. O município fica a 13 metros acima do nível do mar. Segundo o IBGE, sua área é de 303,303 km²; em 2013, sua população foi estimada em 64.405 habitantes. Seu atual prefeito é Sandro Maciel, e o vice-prefeito é Rodrigo Turatti. VISITE: WWW.ARARANGUA.NET

ARARANGUÁ GOVERNO DO MUNICÍPIO

ARARANGUÁ, 15 DE OUTUBRO DE 2013 • ANO 20 • Nº 430

Chegada a sua vez, o nono, sempre em companhia da neta, entrou no consultório. A assistente assentou o paciente em uma cadeira e o oculista fez os procedimentos por Cláudio Gomes normais de uma consulta para avaliar a CASOS E CAUSOS QUE O POVO CONTA capacidade visual do nono. O doutor iniciou pelas perguntas de “Viva l’America! Morte ai Signori! praxe: Noi andiamo in Brasile. Ora tocherá ai — O nono está vendo, na parede, aquele patroni lavorare la terra.” (Viva a América! quadro com as letras? Morte aos senhores [os donos das — Xim — respondeu o nono, com seu terras]. Nós vamos para o Brasil. Agora forte sotaque italiano. caberá aos patrões trabalhar a terra.) — E aquelas letrinhas pequeninas, está Com estes gritos de liberdade, registros vendo, nono? Consegue ler? que colhi dos dados históricos do — Non. — E agora, estas letras município de Turvo, mais de sete milhões de colonos italianos semium pouco maiores, o nono escravos por suas condições de consegue ler? Novamente a resposta moradia e trabalho, emigraram entre 1860 e 1920 em busca de oporfoi: “Non”. tunidades para a conquista de um — Nono, agora as letras já são bem maiores, connova vida. Esses italianos buscaram inicialsegue ler? mente os países da Europa. Mas foi Outra vez a resposta: “Non”. principalmente os Estados Unidos e os países da América do Sul, que a Como última opção, o maioria deles escolheu para viver. profissional apontou para o quadro, que apresentava as Como se vê, a saída dos italianos para as diversas partes do mundo maiores letras que o apanão foi nada alegre, e muito menos relho possuía, e repetiu a romântica, como algumas vezes pergunta: Serraria movida a moinho d’água (de João Frances, no Mato Alto, nos querem fazer crer. Não tinham — E agora, nono, estas início do séc. 20): tecnologia trazida pelos imigrantes italianos motivos para cantar a pátria que letronas, o senhor pode ler? deixavam e muito menos os seus senhores, Foi assim também em Jacinto Machado. O nono, já impaciente, mas se mantenos únicos donos das terras italianas, que os Depois de criado, nos anos 1970, o sindica- do calmo e só respondendo ao que o méexploravam. Eles só ansiavam por opor- to rural construiu seu ambulatório médico. dico lhe perguntava, disse pela última vez: tunidades com as quais poderiam construir A partir de sua implantação, passou a ofere- “Non”. uma nova vida com dignidade para si e seus cer assistência médica, odontológica e laboA partir deste momento houve silêncio descendentes. ratorial. Os profissionais da saúde foram na sala por alguns instantes. Já no Brasil, pouco ou quase nenhum contratados através de convênios e os sindiA neta, apreensiva com o que o proapoio tiveram dos governos, apesar das pro- calizados passaram a usufruir de atendi- fissional diagnosticaria, adiantando-se, lhe messas. Por sua própria iniciativa foram mento gratuito. perguntou: obrigados e desbravar terras e criar todo — Então, doutor, o nono Ângelo vai tipo de empreendimento a fim de poder se O causo do nono (avô) Ângelo, voltar a enxergar? fixar na sua nova pátria. Como na pátria um legítimo descendente dos imigran— Sim, sim — respondeu o médico —, mãe, eles se instalaram, inicialmente, na tes, que necessitou de atendimento oftal- que continuava a escrever. E, desatento, agricultura, só que agora eram donos de mológico no sindicato de Jacinto Machado, acrescentou: suas terras. É neste setor que a nossa região quem nos contou foi o amigo Enio Frassetto. — O nono vai ler tudo... mais deve a esses desbravadores. O nosso amigo Enio, também descendente O nono, agora conhecedor da situação, No Vale do Araranguá temos como tes- de italiano, é natural daquele município, tinha razões de sobra para não ficar mais temunhos do trabalho do imigrante itali- onde foi vereador. calado. Falando pela primeira vez sem que ano as cidades e os municípios de Turvo, Acompanhado da sua neta Clara (Chiara, lhe fosse perguntado, questionou: Jacinto Machado, Timbé do Sul, Meleiro e em italiano) o nono Ângelo apresentou-se — Má dotore, nom vá precisá nen ir Morro Grande. para uma consulta ao médico oftalmologista. pra iscola?! z

Nono analfabeto

É sabido também que todos os agentes deste setor da economia brasileira, os agricultores, só passaram a receber algum atendimento social, por parte do poder público, há bem poucos anos. Posso afirmar, com conhecimento de causa, que nem tudo que o “satãnizado” regime militar fez no Brasil foi ruim. Cito como exemplo, por mim vivido, a assistência social sindical rural, implantada no interior do país nos anos ditos de chumbo. Esta afirmação não significa que sejamos defensores dos regimes de exceção, mas sim e apenas, a título de verdade histórica.

BERNARDINO DE SENNA CAMPOS

O destino do Zé Trovão

COISA DE UM MÊS. Era noite. Vento forte. Mar agitado. O Zé Trovão aqui na nossa costa. Diz que tinha muito peso de um lado. Acabou virando. Pescador que estava fora se salvou. Mas tinha um lá dentro. Ficou preso. Esteve desaparecido. Depois encontraram o corpo. Diz que estava enleado na rede ou outra coisa do barco. Foi que o Zé Trovão não afundou. Ficou boiando de borco. Sob ele, o morto. O jornal diz que era moço de vinte e poucos anos, em sua primeira viagem. De dia avistaram o barco. A maré vinha trazendo. Deu lá na Praia da Meta. Desviraram ele e amarraram a um cabo. Sem a casinha de cima parece uma canoa grande. A gente sobe nele e dá medo. Mas agora ninguém pode embarcar mais no Zé Trovão. É perigoso. Até botaram uma placa de proibido. Nos portos de Itajaí contam suas pescarias. Mas é sua história de tragédia e morte que o povo vai lembrar sempre. Do destino do Zé Trovão no Arroio do Silva.

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Em 2006 um barco de pesca naufragou durante uma tempestade na costa do Balneário Arroio do Silva. Essa é a sua história

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