ANTONIO AVELAR PEREIRA, segundo Nereu Bertoncini, que foi seu colega no Seminário de São Ludgero, sempre foi uma pessoa de boa índole e bastante alegre. Nereu lembra que, como jogador de futebol, não era lá essas coisas. Recorda-se de que na primeira e única oportunidade que conseguiu fazer um gol durante todo o período de aulas, fez uma grande festa. Durante a comemoração pulou e vibrou por vários minutos executando dezenas de piruetas e cambalhotas para todos os lados. A comemoração foi tão eloquente que ficou memorável no seminário. Antonio veio com sua família para a nossa cidade na década de 1950. Estabeleceu-se como comerciante atacadista e varejista de bebidas no bairro Cidade Alta. Na época, a propaganda de bebidas alcoólicas era permitida. Esta liberalidade estabeleceu, na mídia, uma verdadeira guerra de propaganda patrocinada pelas duas maiores fábricas de cerveja do país: a Brahma e a Antarctica, o que ainda acontece. Antonio Avelar Pereira era representante e distribuidor da Antarctica. O seu estabelecimento chamava-se “Comércio de Transportes e Bebidas Avelar”. Os negócios eram difíceis e a disputa pela freguesia, arduamente disputada, além dos objetivos comerciais bastante ambiciosos a serem alcançados e que eram definidos pelas fábricas.
FOI NESTE CLIMA de alta rotatividade das atividades comerciais que aconteceu este causo. O “seu Vevê”, como era mais conhecido no meio araranguaense, foi o protagonista do causo que ele mesmo gostava de contar para os amigos, sempre que a oportunidade se apresentasse. Quem me retransmitiu o “acontecido” foi o Cláudio Garcia, um conterrâneo e velho amigo dos tempos de Colégio Nossa Senhora Mãe dos Homens. Foi em um desses dias “murrinhas” em que nada dava certo, que o seu Vevê, já estressado por ter que solucionar mil problemas, resolveu gastar o resto do dia em um dos esportes que mais apreciava: pescar. Foi assim que ele seguiu o velho conselho popular: “Está estressado? Vá pescar”. Fone/Fax: 3524-5916
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Nosso obrigado, respeito e admiração à família de Antonio Avelar Pereira, o seu Vevê
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Araranguá localiza-se à latitude 28º56’05" Sul e à longitude 49º29’09" Oeste. O município fica a 13 metros acima do nível do mar. Segundo o IBGE, sua área é de 303,303 km²; em 2013, sua população foi estimada em 64.405 habitantes. Seu atual prefeito é Sandro Maciel, e o vice-prefeito é Rodrigo Turatti. VISITE: WWW.ARARANGUA.NET
ARARANGUÁ GOVERNO DO MUNICÍPIO
ARARANGUÁ, 10 DE NOVEMBRO DE 2013 • ANO 20 • Nº 431
1969. Um dia de semana qualquer no Bar Central
BERNARDINO CAMPOS, desde que veio para Araranguá como telégrafo, em 1894, tratou de registrar imagens fundamentais do antigo Araranguá, contando também com o trabalho de outros fotógrafos. Sabemos disso através do próprio Bernardino, que deixou anotado em seus diários: “Residindo a três léguas, um alemão por nome Fernando Webber, que se dedicava, como amador, à fotografia, mandei chamá-lo, para nos tirar o retrato, apesar de trabalhar ainda muito mal. Assim veio, tirando-nos o retrato em 26 de setembro de 1894”. “Em 5 de julho de 1895, vindo o fotógrafo F. Webber com seu aparelho à vila, mandei tirar o retrato de minha estação”. “Em 25 de novembro [de 1906] tiramos nossos retratos pela segunda vez no Araranguá, com um fotógrafo de Tubarão, João Sbrusse”. “Há muitos anos desejando dedicarme, como amador, à arte da fotografia, mandei buscar na Europa, por intermédio do Sr. Carlos Meyer, relojoeiro na Capital, em meados do ano passado, uma pequena máquina para aprender... Recebi a máquina em 8 de janeiro [de 1908]... Tirei a 1a vista ou retrato da praça em 9 de janeiro”. “Em 28 de novembro [de 1908], pela carreta do Marcos Fernandes, recebi da Laguna, num caixão, a minha nova máquina fotográfica... que mandei vir da Casa Bastos, do Rio”. (Trechos do Memórias do Araranguá, págs. 55, 59, 108, 109, 111)
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10/11/2013 • ANO 20 • Nº 431
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H FUNDADO EM 18 DE MAIO DE 1994 H
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Calçadão Getúlio Vargas, 170 88900.000 Araranguá - SC - Brasil jornalecocultural@yahoo.com.br
ÀS SEIS HORAS DA MANHÃ de um dia de semana qualquer de 1969, as portas do Bar Central, no centro de Araranguá, são abertas. O funcionário Zamir Pessi já pôs a água do café pra ferver e vai varrer a calçada em frente, na avenida Getúlio Vargas. Alguém chega trazendo os doces e salgados que serão servidos durante o dia. São pastéis e linguiça frita, ovos cozidos, rosquinhas e bolos que as pessoas vão poder saborear com café com leite ou refrigerante — Pepsi, ou laranjinha Juliana e outros sabores da fábrica de bebidas do Lucas Kindermann. Logo o aroma do café enche o bar e lá fora os primeiros traseuntes cruzam a avenida. Chegam os primeiros fregueses. Max Hahn pede um café. Ari, algo mais forte... — Já cachaça, Ari? — É pra firmar o punho! O Luso, cachaça pra firmar a ideia. O Santinho do cartório, escorrendo o bigode com os dedos, manda vir: — Pessi, me dá um cafezinho. Outras portas vão se abrindo. A avenida, no trecho atual do calçadão, além de bar, tem lojas de tecidos e roupa, de material de construção, farmácia, sapataria, joalheria e ótica, padaria, armazém, barbearia, foto, emissora de rádio, jornal, gráfica, cinema, clube, banco, correio, cartório, advogado, dentista, alfaiate e até fábrica de malas e de refrigerantes. Várias famílias também moram ali. Estudantes vêm pela Getúlio Vargas em direção ao Colégio Normal ou à Escola Básica Castro Alves. Os sons da cidade evoluem do burburinho das primeiras vozes e do tropel dos cavalos das carroças ao ronco de esparsos motores de fuscas, Aerowillis, Gordinis, Kombis, rurais e caminhões rodando sobre as ruas calçadas de paralelepípedos. Alguém vem de chapéu combinando com o paletó, já quando a moda de usar chapéus está agonizando. Passa gente a pé, de bicicleta, e até de lambreta, mas ninguém tem pressa na cidadezinha distante ainda da cibernética e das grandes lojas de departamentos. Perto do meio-dia, a meninada das escolas se aglomera na entrada do Bar Central para comprar sorvete e picolés de framboesa e de coco. Zamir e Dário Teixeira, o patrão, têm bastante trabalho nessa hora, que também é a hora do aperitivo. Entra o famoso Gancho pruma cachaça. APOIO CULTURAL
CASOS E CAUSOS QUE O POVO CONTA
Juntou as tralhas de pesca, seu cavalo, a charrete, chamou seu inseparável cachorro de muitas pescarias e caçadas, e se bandeou em direção ao rio, lá pros lados do Morro dos Conventos. Procurando o local ideal para a pesca, buscou um trecho do rio que considerou como o ideal. Bastante ermo e distante o suficiente para que não fosse assaltado por qualquer tipo de aborrecimento. Acomodou sua charrete em lugar de fácil acesso, deixou seu cavalo no pasto e se preparou para pescar. Já desfiava e iscava o espinhel de pesca com entusiasmo para lançá-lo ao rio, quando ouviu uma voz: — Hoje nem adianta pescar, pois não vai dar nada! Um pouco assustado, olhou para todos os lados e não viu viva alma, somente seu cavalo pastando calmamente. Voltou-se para o trabalho de ajeitar a isca no anzol. Já dentro do rio e pronto para lançar os anzóis na água, ouviu novamente a voz repetindo: — Hoje nem adianta pescar, pois não vai dar nada! Agora, muito assustado, seu Vevê olhou para todos os lados e só viu seu cavalo. Pela terceira vez, pronto para reiniciar a pescaria, ouviu outra vez a mesma voz repetindo aquela frase já conhecida. Porém, desta vez, ele foi rápido: assim que ouviu ser pronunciada a primeira palavra, virouse de imediato para descobrir o que estava acontecendo e acabou levando um grande susto. Não havia dúvida, ele tinha certeza: quem estava falando aquilo era o cavalo! — Hoje nem adianta pescar, pois não vai dar nada! Logo deduziu que só poderia ser coisa do demo. Pensando nisso, e muito assustado, não esperou para ver o que mais aconteceria. Largou tudo ali mesmo e saiu em desabalada carreira pela estrada afora, sem olhar para trás. Ao seu lado, corria junto o seu fiel cão de caça. Já tinha percorrido alguns quilômetros quando, quase sem fôlego, chegou a um pequeno barranco e sentou-se ali, ainda sobressaltado com o fato acontecido. Passaram-se alguns instantes até que seu Vevê, acomodado no barranco, recuperasse a respiração e as forças para seguir caminho até a cidade. De repente ele percebeu o cão olhando para ele e ouviu, claramente, o fiel amigo comentar: — Mas que cagaço, hein, seu Vevê!
APOIO CULTURAL
por Cláudio Gomes
APOIO CULTURAL
Fotógrafos do passado
Está estressado?... Vá pescar!
O promotor de Justiça, Dr. Lourival Vaz, vem prum conhaque. O vendedor de loterias Roseno, pruma erva curtida na cachaça. — Pessi, dá uma losninha — bebe uma o Nelson Grechi, e vai o milho. Depois, acalma, que o bar não serve almoço e diminui muito o movimento das pessoas na rua. O centro da cidade silencia, como se o povo prezasse a hora da sesta.
SALVADOR, 1956 (DETALHE)
Mas, perto da uma hora, vão surgindo os estudantes vespertinos, que passam no bar pra comprar picolés e sorvete. Álbuns e figurinhas também são vendidos no Bar Central. Dos fajutos, que prometem prêmios, aos caprichados de futebol ou de temas diversificados, como fauna e flora, personagens célebres e história do Brasil. A gurizada adora. Coleciona, troca duplicata, joga bafo, concorre nas bagunhas que os adultos fazem. E vão preenchendo seus álbuns, colando as figurinhas com cola tenaz, ou esmalte de unhas quando não tem cola — algum ainda é capaz de usar grude. A tarde segue. Cafezinho preto pra um, pingado pra outro. Pastel, fatia de bolo, laranjinha, copo d’água, balas, chicletes, chocolates, cigarros. “Dá um Oliú”, “um Minister”, “um Arizona”, “um Continental... sem filtro!” “Dá um pente...” Sim, os bares vendiam pentes de bolso, que todo homem carregava um pente no bolso pra
manter o cabelo alinhado; e também vendiam pilhas, que rádios portáteis estavam em alta; pedra pra isqueiro, que não havia isqueiro à gás; lâmina pra barbear, sonrisal... E segue o bar na tarde. Gente entra e sai. Pessoal das lojas, colonos que vêm à cidade, toda gente que vem à “praça”. O arranjo no interior do Bar Central do tempo do Zamir é parecido com aquele da demolição em 2006. O balcão fica à direita e uma lojinha dos Wendhausen ocupa a terceira porta. No ano que vem, o Xixo vai assumir e revolucionar o ambiente. Será aquele mais lembrado das gerações dos anos 70 e 80: tomando o espaço da loja, o bar contará três portas e o balcão, ampliado, formará fileiras de bancos em dois lados, permanecendo assim até 1988, quando se refará a divisória para se instalar a Relojoaria do Juca. Em 1969 é tocado pelos irmãos Aldo e Enor Wendhausen, mais o Dário, principalmente. O Dário mora nos fundos do bar com a família: a esposa Tereza e os filhos Décio, Tânia, Dilermando e Telma. O prédio onde o bar está estabelecido é do seu Carlito e da dona Lice Grechi Arcari, que moram em cima e fundaram o Central ali nos anos 50. Agora passa das seis horas da tarde. O comércio e as repartições já fecharam. As pessoas se deslocam pra suas casas nas proximidades e nos bairros e os estudantes da tarde já saíram de cena. O bar começa a receber os frequentadores noturnos. O Santinho do cartório, escorrendo o bigode com os dedos, manda vir: — Pessi, me dá uma cachacinha. À noite, cidadãos e boêmios vêm ao bar pra beber e conversar. Até à meia-noite, quando o Dário fechar as portas. No dia seguinte, às seis da manhã, as portas serão reabertas pelo funcionário Zamir. E, como sempre, de segunda a segunda, ele porá a água do café pra ferver e varrerá a calçada em frente, na avenida Getúlio Vargas. Texto de Ricardo Grechi para as lembranças de Zamir Pessi (Zamir nasceu em Araranguá, em 1945, e cresceu na Cidade Alta. Trabalhou primeiro na fábrica de bebidas Juliana e no Restaurante Becker. Depois de servir no Exército, serviu no Bar Campinas – outro bar afamado da Getúlio, que ficava no edifício Fronteira –, antes de trabalhar no Bar Central.)
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