Jornaleco 437 01 fev 2014

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Cine Roxy – Apesar da temporada balneária, o Cine Roxy tem apresentado uma série de bons filmes, com assistência regular. Foi levado à tela o filme Nunca ames a um estranho, que foi bem recebido. Aconselhamos o filme anunciado para quinta-feira: A força do amor, com Lana Turner e Jeff Chandler, em cinemascope. Para os apreciadores das histórias dos pele-vermelhas, temos hoje Renegando meu sangue, em technicolor, com a estonteante Sarita Montiel. Veranistas – Diariamente, chegam novos veranistas do vizinho estado do Rio Grande do Sul. Ônibus especiais de Erechim, Passo Fundo, Caxias, bem como a Auto Viação Régis, de Bom Jesus, conduzem dezenas de passageiros para as praias. Capela dos Navegantes – Domingo último foi inaugurada no Arroio do Silva, com a presença de grande número de fiéis, a nova Capela de Nossa Senhora dos Navegantes. Esta iniciativa deve-se ao esforço e capacidade de trabalho do sr. Francisco Leonardelli. Ventos uivantes – Até agora a temporada das praias tem sido prejudicada grandemente por um vento forte que sopra geralmente no período da tarde. Comissário de Polícia – Viajou com destino à Capital, o sr. Edoílde Gomes, a fim de assumir as funções de comissário de Polícia de Araranguá, recentemente nomeado. Delegado Regional de Polícia – Foi nomeado Delegado Regional de Polícia de Araranguá, o Dr. José Borges Dias, advogado militante nesta Comarca. A notícia foi bem recebida, pois o Dr. Borges Dias, não obstante o pouco tempo que reside entre nós, tornou-se credor de grande simpatia por parte de nossa gente, dada a sua inteligência e capacidade dentro de suas funções. Jipe roubado – Foi roubado um jipe que se encontrava no pátio de estacionamento do edifício Erechim, no Morro dos Conventos, com chapa de Araranguá.

Eu, hein! Com tantos novos modelos de celular sendo lançados no mercado, tantas novas funções ultradimensionais compactadas nos amiguinhos retangulares, tantas capas lindas e fashion para enfeitá-los, tanta parceria, fidelidade e blá-blá-blá, só tenho que me render ao fato dele estar roubando as cenas. Eu lá sou louca de me meter entre o casal embaixo do guarda-sol (sob o sol em frente ao oceano azul e límpido) e dizer para a mulher largar seu amiguinho portátil vestido de oncinha e se ligar no marido, namorado, ficante (sei lá eu) solitariamente sentado na muda cadeira de praia? Quem sou eu para tentar resolver um triângulo amoroso, no qual (não resta dúvidas) ela jamais abdicará de seu amado telemóvel? Eu, uma (literalmente) estranha que acha que é muito mais interessante (e inteligente) ficar conectada nas imagens vivas da beira do mar, do que ficar brigando com o sol, tentando encobri-lo para conseguir ver as cenas miúdas da tela que dá acesso ao portal das (inalcançáveis) redes sociais. Confesso que a vontade louca veio me cutucar na cadeira: “Vai lá e avisa ela que, enquanto se delicia teclando em seu mundinho virtual, ele se delicia vendo duas beldades jogando frescobol!” Eu, hein! Em briga de homem, mulher e celular, não meto a colher para não me queimar. Levei a vontade para se afogar no mar. Da rústica janela da pousada que emoldura a ousadia da mata verde (a se postar entre o céu e o oceano), ao ver pessoas passarem de cabeças baixas e olhos voltados para as suas janelinhas portáteis e luminosas de última geração... Quem sou eu para obedecer (mais uma vez) a vontade desvairada que me incita a gritar: “Ei, vocês estão perdendo a mais perfeita conexão que existe. Olhem em volta!”? Eu, hein! Quem sou eu para criar intriga entre alguém e o celular? A vontade virou pipa e se perdeu

no ar. Do restaurante à beira-mar (com os meus pés exibidos calçando areia), ao ver os deliciosos pratos sendo capturados pelas dezenas de câmeras embutidas nos estimados aparelhos, sendo postados (em tempo real) para causarem inveja a bocas que não podem comê-los... Quem sou eu para dar ouvidos à vontade malcriada que me manda dizer: “Saboreiem a delícia deste momento sem perder tempo tentando publicá-lo, antes que ela esfrie!”? Eu, hein! A hora da refeição é sagrada, ainda mais quando a prece de agradecimento é ao deus Celular.” E se eles estão aí, inteligentes, lindos, práticos, eficientes, ocupando todos os lugares possíveis e inimagináveis do mundo e da vida, eu é que não vou querer disputar uma guerra com seus fiéis escudeiros, os donos. Quem sou eu para erguer a bandeira das emoções viscerais? Só porque me indigno ao ver que, enquanto os pássaros dançam maravilhosamente no céu, perde-se a evolução da coreografia tentado capturá-los nas gaiolas de tantos megapixels. Que a música que tenta tocar os corações, no pub, perde-se confusa entre tantas visões encobertas por tapa-olhos digitais. Que as gargalhadas que libertam-se freneticamente para brincar na rua, emudecem imediatamente ao terem de pousar para as lentes estáticas. Que os beijos apaixonados viram prosaicas encenações sempre que se tenta registrá-los para depois compartilhálos. Quem sou eu para alertar que o tempo passa rápido demais? Que o único lugar que podemos arquivá-lo é na memória das emoções, efetivamente, vivenciadas. E o que é melhor, sem que raio nenhum de bateria nos deixe na mão na hora H.

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JORNALECO

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jPANFLETO CULTURAL

10/02/2014 • ANO 20 • Nº 437 ESTA EDIÇÃO: 4 PÁGINAS

Distribuição gratuita Periodicidade quinzenal Tiragem: 1.000 exemplares

H FUNDADO EM 18 DE MAIO DE 1994 H

UMA PUBLICAÇÃO

EDIÇÃO E DIAGRAMAÇÃO Ricardo Grechi CONTATOS Rossana Grechi DISTRIBUIÇÃO Gibran Grechi, Nilsinho Nunes ASSISTÊNCIA Guaraciara Rezende IMPRESSO NA GRÁFICA CASA DO CARIMBO DE Rosa e Aristides César Machado PRODUÇÃO Nicolas FOTOLITO David PAPEL Toninho IMPRESSÃO Welington, Valdo

ORION EDITORA

© Ricardo Francisco Gomes Grechi (reg. nº 99866 - prot. 4315/RJ, de 17/07/1995)

Calçadão Getúlio Vargas, 170 88900.000 Araranguá - SC - Brasil jornalecocultural@yahoo.com.br

JORNALECO ARARANGUÁ, 10 DE FEVEREIRO DE 2014 • ANO 20 • Nº 437

APOIO CULTURAL

F A CRÔNICA DOS ANOS 60 F EDIÇÃO 24 - 22.FEV.1961

Léia Batista

http://nasala-deespera.blogspot.com leia@contato.net

“As Escolas Reunidas funcionavam num prédio grande ali perto da Praça. Havia bancos compridos, rústicos mesmo. Eram quatro salas, com algum material didático, alguns mapas. Saímos à procura de alunos. Conseguimos. Tudo gente quase da minha idade. Eu me sentia uma meninota no meio deles.” (Professora Isabel Flores Hübbe, florianopolitana que, em 1925, veio para Araranguá lecionar) SIGA EM HISTÓRIAS DO GRANDE ARARANGUÁ - PE. JOÃO DALL’ALBA, ORION, 1997, PÁG. 67

CATARINAS X GAÚCHOS Da rivalidade entre antigos veranistas no Balneário Arroio do Silva por Cláudio Gomes CASOS E CAUSOS QUE O POVO CONTA Que o Novo Mundo já era habitado antes dos descobrimentos, todos nós sabemos. Sabemos também que os que por aqui viviam foram erroneamente apelidados de “índios”. Os historiadores do sul do Brasil nos contam que algumas “tribos” dos ditos índios habitantes da região sul foram batizados de “Xokleng”. Já o livro A História de Araranguá, escrito pelo cônego Paulo Hobold e revisado pelo professor Alexandre Rocha, no capítulo “Os primeiros veranistas”, nos dá conta, baseado em estudos arqueológicos, de que os Xokleng foram os primeiros a procurar as praias próximas do rio Araranguá para passar os meses mais quentes do ano. No livro, o autor narra uma imaginária viagem dos Xokleng de cima da serra Geral com destino às praias catarinenses. Que os silvícolas não procuravam só o bem estar do clima ameno, mas, e principalmente, a própria subsistência, dada a abundância de alimentos oferecidos pela orla marítima, é certo. Acreditamos nesta mesma premissa para explicar por que os araraguaenses que nos antecederam e que na sua maioria tinham uma família numerosa, também buscassem a orla marítima, se não para a sustentabilidade, pelo menos para “aliviar a carga”. Isso era possível, já que a abundância de frutos do mar fazia e ainda faz parte do cardápio variado de nossa população. Lembro-me da nossa própria família. Parte dela, nove filhos, acrescidos dos primos, se mudava para o Arroio do Silva nos meses de verão. Tínhamos o compromisso diário de colher os moluscos (marisco e maçambeque) e, se possível, pescar algum siri ou papa-terra, para as refeições saborosas que minha avó Dindinha preparava. APOIO CULTURAL

Fundador WLADINIR LUZ Redator ERNESTO GRECHI FILHO Produção gráfica NEI DA ROSA Publicado na GRÁFICA ORION de 1960 a 1975

Com o passar dos anos, o costume de residirmos alguns meses nos nossos balneários, do Arroio do Silva ou do Morro dos Conventos, passou de uma necessidade para uma situação de conforto. Mas, desde a infância, lá estávamos nós no Arroio do Silva. Por isso conheci algumas particularidades de como o balneário desenvolveu seus usos e costumes. No início da concentração populacional, principalmente para o Arroio do Silva, vieram de cima da serra, a exemplo de seus antecessores, os Xokleng, os veranistas gaúchos. Vinham, e ainda vêm, desde Antonio Prado, Bom Jesus, Vacaria, Lagoa Vermelha, Erexim, Caxias do Sul, Farroupilha, Passo Fundo e de outros tantos municípios serranos. É digno se registrar que muitas dessas famílias fixaram residências definitivas no balneário. Os Lunardelli, os Scaini, os Boeira, os Paim são alguns poucos exemplos. Nos primeiros anos de convívio entre os veranistas gaúchos e catarinenses — estes se considerando donos do ambiente —, houve, particularmente entre os jovens, uma surda disputa. Sendo a população veranista pouco numerosa, quase todos já se conheciam de outros veraneios e se intitulavam amigos. Ainda assim era grande a rivalidade dos primeiros

tempos e, em tudo, uma espécie de disputa por espaços. Nos esportes, o futebol; no baralho, a canastra. Mas a rivalidade se acentuava e era gritante nos namoros.

ARARANGUÁ GOVERNO DO MUNICÍPIO

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Era comum as noitadas dos bailes no salão do Scaini ou na Boate Mar Velho, do seu Boeira, terminar em algum entrevero. Se não era uma briga de verdade, pelo menos tinha algum alvoroço entre catarinas e gaúchos. Certa feita não foi diferente. Numa noite, nos salões da Boate Mar Velho, sem que ninguém soubesse afirmar por que motivo, a confusão começou para valer. Presume-se que a causa foi alguma garota. A briga foi parar nos “cômbros” (dunas) de areia que circundavam a boate. O meu amigo Tatuíra (Aprígio Otávio do Canto), que entrava na confusão só para ver como iria terminar a “currumaça”, como dizia ele, também participava desta. Acontece que o nosso saudoso e conhecido araranguaense gostava da boemia, o que, às vezes, fazia trazer em sua fisionomia os traços de uma noitada bem aproveitada e mal dormida, como por exemplo, os olhos avermelhados pela insônia. Mas o que tem a ver os olhos vermelhos do Aprígio com a briga? Pois bem, o povo conta que, como normalmente acontecia, o entrevero terminou sem maiores danos. Entre mortos e feridos salvaram-se todos; sobraram só os comentários dos participantes. Uns gabavam-se pelo soco bem dado, outros reclamavam da brutalidade das pernadas recebidas. Foi quando um gaúcho, que não conhecia o Tatuíra, fez o comentário, que o próprio Aprígio contava com sua costumeira e indisfarçável alegria: — Ô, pessoal! Viram como aquele baixinho ficou valente? Estava tão brabo que até os olhos dele ficaram vermelhos! Ao comentar este causo, o Aprígio, que não era de briga, concluía rindo: “Não dei um tapa em ninguém. Só andei ao redor da currumaça...”. GAÚCHOS DO ARROIO: Carlos Bandeira, Mano Zuanazzi, Flávio Fagiani, Nilton Borges, José Mattei, Romeu Zuanazzi (Fumaça), José Mario De Boni e Jarbas Vieira; Felipe, Juarez Torres, Fernando Dutra, Júlio Borges, Ernani Finger, Arosili Finger, Bolívar Pinto, Ivan Finger, Paulo Silveira, Luiz Carlos Torres, Pérsio Torres, Hélio Boeira, Hélio Torres e Andrei Pinto – todos bom-jesuenses (exceto o Felipe)

MUSCULAÇÃO z PILATES STUDIO z X JUMP z POWER SET z ABS z CIA DANCING z PERSONAL TRAINER z NUTRICIONISTA z FISIOTERAPEUTA z PSICÓLOGA

Praça Hercílio Luz, 444 | Tels. 3522-1120 9624-8947


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