Jornaleco 443 01 mai 2014

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Eu quero o fogo Da carne viva Nem tanto a glória Que me traduza Eu quero a aurora Da minha casa Nem tanto o céu Que me enclausura À reverência De um momento Na pedra rasa De um monumento R. FRANCISCO

INAUGURAÇÃO do monumento a Iracy Luchina, araranguaense que combateu o nazismo e foi um dos 450 expedicionários brasileiros que morreram na Itália, durante a 2 a Guerra Mundial. O monumento, hoje, parece deslocado, como um intruso no final do Calçadão. Não é estiloso e as pedras estão se soltando. Mas é importante e está ali, presente no centro da cidade, há mais de 60 anos.

O MONUMENTO a Iracy Luchina tem a seguinte inscrição: “Os santos e os heróis moram no céu...”. Em julho de 1946 foram conferidas à memória do soldado duas medalhas, posteriormente entregues à sua família, denominadas: “Medalha Sangue do Brasil” e “Medalha de Campanha”. À cidade de Araranguá foi conferido em janeiro de 1962 o “Diploma de Cooperador”, entregue pela associação de ex-combatentes do Brasil. (Saiba mais nos JORNALECO 85, 87 e 88) Fundador WLADINIR LUZ Redator ERNESTO GRECHI FILHO Produção gráfica NEI DA ROSA Publicado na GRÁFICA ORION - abril de 1960 a maio de 1975

A CRÔNICA DOS ANOS 60 F ANO II - N0 1 F 30.ABRIL.1961

Primeiro aniversário do ‘Correio de Araranguá’

Fone/Fax: 3524-5916

A BOA IMPRESSÃO É A QUE FICA

Av. XV de Novembro, 1807 - Centro

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APOIO CULTURAL

No dia 7 de setembro do longínquo ano de 1906, segundo narra a história de Araranguá, aparece pela primeira vez o periódico que recebia o nome de “7 de Setembro”. Sua vida, como a de tantos outros aparecidos posteriormente, talvez fora efêmera. É que manter jornal no interior é tarefa bastante difícil. O “Correio de Araranguá”, após longa data de paralização da imprensa citadina, foi fundado em 1960 e seu primeiro número apareceu num dia do mês de abril do mesmo ano. Seu aparecimento devemos ao esforço do nosso conterrâneo Dr. Wladinir Luz, atual diretor-responsável, atualmente residindo no norte do Paraná. (...) Não foram poucos sacrifícios porque passamos. Incompreensões, falta de cooperação, críticas destrutivas foram armas lançadas contra a pequena folha. (...) Hervalino Campos, nosso gerente, é uma reserva inderrotável que possuímos. A ele, praticamente, devemos a nossa existência. Waldomiro Generoso Mattos, paginador, técnico competente, possui a tarimba de serviços prestados a muitos e grandes jornais. Trabalha com verdadeiro amor e carinho. Ney Rosa, outro batalhador incansável e entusiasta, comandando os serviços tipográficos. Nivaldo José Fernandes, o popular Ferrinho, empresta toda a sua bossa na confecção do “Correio de Araranguá”. Nivaldir Fernandes, Joênio de Favery e Manoel Nunes, auxiliares da Gráfica Líder [futura Orion] (...). Hoje, com uma tiragem apreciável, lançamos aos quatro ventos o nome da nossa cidade. Possuímos assinantes em todos os estados do país, em Portugal, Itália, Argentina, EUA. [N.J.: O redator Ernesto Grechi Filho assina o texto. Ele esteve à frente do jornal do início ao fim (1960-75), continuando depois com a gráfica.]

O ESPORTE EM FOCO

por Gilson Soares

z Finalmente eclodiu a esperada crise no seio da família atleticana do bairro Cidade Alta. O Atlético está ameaçado de abandonar as lidas esportivas e o desportista Flávio Costa, que durante largo tempo trabalhou pela agremiação periquita, transferiu-se com malas e bagagens para o Grêmio Fronteira, trazendo de contrapeso alguns atletas. z Com a vinda de Flávio Costa para o Grêmio, alguns craques que lhe acompanharam já estão sendo apontados como possíveis titulares, o que não agradou à grande parte de torcedores gremistas, pois estes jogadores, durante os treinamentos, não conseguiram deixar impressão favorável. z Na tarde de hoje, a equipe do Grêmio estará enfrentando, no colosso da Rua Regimento Barriga Verde, o onze serrano de Santa Cruz, da cidade de Bom Jesus. [N.J.: O Grêmio venceu por 5x0; na preliminar, os aspirantes também venceram, por 8x0.] z Para o cotejo de logo mais, o Grêmio deverá colocar em campo o seguinte esquadrão: Nedo, Ivan, Joia, Tito, Filho e Serrano; Vânio, Coca, Navalha e Lulu [N.J.: Falta um na escalação.] z Por determinação dos altos mandatários da LARM, foi escolhida a data de 7 de maio para o início do campeonato de 1961. [NJ.: Na abertura do “certame oficial”, o Grêmio jogou em Içara, perdendo para o Barão por 2x0. No comentário seguinte, o colunista chama de “palhaçada” a arbitragem de Urias Corrêa.] z Em poucas semanas será inaugurado o alambrado do Estádio do Grêmio Fronteira (...) sob a presidência de Alírio Monteiro.

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JORNALECO

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jPANFLETO CULTURAL

10/05/2014 • ANO 20 • Nº 443 ESTA EDIÇÃO: 4 PÁGINAS

Distribuição gratuita Periodicidade quinzenal Tiragem: 1.000 exemplares

H FUNDADO EM 18 DE MAIO DE 1994 H

UMA PUBLICAÇÃO

EDIÇÃO E DIAGRAMAÇÃO Ricardo Grechi CONTATO Rossana Grechi DISTRIBUIÇÃO Gibran Grechi, Nilsinho Nunes ASSISTÊNCIA Guaraciara Rezende IMPRESSO NA GRÁFICA CASA DO CARIMBO DE Rosa e Aristides César Machado PRODUÇÃO Nicolas FOTOLITO David PAPEL Toninho IMPRESSÃO Welington, Valdo

ORION EDITORA

© Ricardo Francisco Gomes Grechi (reg. nº 99866 - prot. 4315/RJ, de 17/07/1995)

Calçadão Getúlio Vargas, 170 88900.000 Araranguá - SC - Brasil jornalecocultural@yahoo.com.br

JORNALECO ARARANGUÁ, 10 DE MAIO DE 2014 • ANO 20 • Nº 443

APOIO CULTURAL

SALVADOR

“A criação da Freguesia de Araranguá ocorreu a 4 de maio de 1848, e para local de sua sede foi apontada a localidade de Campinas [atual centro da cidade] como sendo a ideal. (...) Em 1864 tomou posse da paróquia o primeiro vigário, padre João Mattos da Cunha, em cuja gestão pastoral levantou a capela [onde hoje é a Praça].” SIGA EM A HISTÓRIA DE ARARANGUÁ - NOVA EDIÇÃO, PAULO HOBOLD, 2005, PÁG. 103

VISITE: WWW.ARARANGUA.NET

Frei José Carneiro de Lima O padre José, que trabalhou na igreja católica de Araranguá nos anos 1940, foi personagem de Amazônia (2007), minissérie da TV Globo, representado por Antônio Calloni por Cláudio Gomes PERSONAGENS

Na década de 1950, a revista semanal de maior tiragem no país era O Cruzeiro. Com a capa e um artigo central tendo como chamada “A fé, a flauta e o facão são suas armas”, a revista publicou a saga de Frei José Carneiro de Lima pelas matas e rios em meio das tribos indígenas e dos seringueiros do então território do Acre. Mais tarde, os diretores da minissérie Amazônia confirmaram que o personagem do padre José, naquela história, teve como inspiração o Frei José Carneiro de Lima, seus relatos e sua obra no seio do povo acreano. Trabalhando junto de seu irmão – Frei Pelegrino Carneiro de Lima –, ele exerceu uma liderança de tal envergadura que ganhou, do então presidente Getúlio Vargas, um pequeno avião, que o próprio padre pilotava. Assim pôde atender melhor as necessidades mais urgentes do seu ministério de missionário. Na época, nós araranguaenses ficamos orgulhosos do Frei José porque, mesmo antes de se tornar famoso em todo o país, ele já era conhecido de todos de Araranguá. Na qualidade de coadjutor do vigário Frei Tiago Coccolini (1941-1952), o padre prestou seus serviços como sacerdote católico junto da paróquia de Nossa Senhora Mãe dos Homens. Recordo de sua figura e de seu comportamento. Era diferente de todos os padres que até então tinha conhecido. Alegre, sempre assobiando ou tocando o Tico-Tico no Fubá em sua flauta, ou ainda transportando em seu ombro a sua macaca Chita, um sagui que afirmou ter morrido aqui em Araranguá, servia a população de todo o grande município. Os amigos com quem falei a respeito do padre, todos o lembraram vestido com um APOIO CULTURAL

O HERÓI

macacão e sem batinas. Este costume era uma novidade para a época. Recordavam-se dele montado em sua moto, com uma escada às costas. Depois das missas, Frei José, vestido com o macacão bege, equipado de sua caixa de ferramentas, como verdadeiro motoqueiro, tal qual operário serviçal, saía para atender a qualquer cidadão que do seu trabalho necessitasse. Ora era pedreiro, ora marceneiro, mas o que parecia gostar mais era mesmo da mecânica. Lembro-me de vê-lo instalar e fazer funcionar, na fábrica de café de meu pai, Norberto Gomes, um pesado motor a óleo. Para poder dar a partida do motor, o padre movimentava uma pesada manivela manual. Na sua alegria contagiante, Frei José era um excelente contador de causos. Como estivera no Acre antes de vir para Araranguá, não era lhe difícil contar causos de índios e animais ferozes. O padre brincava durante as missas contando-nos histórias, não sem alguns exageros. Noutras ocasiões mostrava peles de cobras grandes e outros bichos, o que era novidade para nós. Fiquei alegre ao me recordar desse tempo quando li o livro “Minhas raízes”, de Wanda Hahn De Luca. Dona Wanda, já falecida, era uma araranguaense natural de Itopava, filha de Walter Hahn. No livro, a autora apresenta uma carta que o Frei José Lima remeteu-lhe, na qual o padre relembra sua passagem por Araranguá. Desta carta, extraímos alguns trechos: “Rio Branco, Acre, 01/julho/1993. Prezada amiga Wanda: um abraço.

Ainda estou vivo, mas virando sucata... de padre ferro-velho!!! Sua carta me deixou muito alegre, pois gosto muito de Santa Catarina e de sua gente. Estou com 81 anos... Em maio passado fui a Araranguá a convite de um amigo meu... Em Araranguá tomei parte da procissão no dia 4 de maio. Minha chegada lá foi uma festa e revi muita gente que não via há mais de trinta e REDE GLOBO cinco anos. Me hospedei na casa do Elane Garcia... Araranguá não conheci mais: parece uma capital de um estado, muito limpa e bonita... Tenho muitas saudades de vocês todos e de Araranguá , onde derramei muito suor, especialmente para levar a VARIG para lá e ligar o telefone para Tubarão e o resto do estado. Era coisa de louco... diziam, mas eu consegui, como também o calçamento de paralelepípedos de pedras no Morro da Fumaça da rua central (av. Getúlio Vargas). O primeiro gerador da luz do Arroio do Silva, fui eu que dei de presente. Hoje, aquele local é uma cidade bonita e de desenvolvimento crescente. (...) Adeus, Wanda, e muito obrigado por ter escrito e despertado tantas saudades de gente que estimei e estimo, mesmo vivendo tão longe. Que Deus abençoai com todos de casa, são os votos cordiais do velho amigo, Frei José Lima.” Podemos considerar esta carta como sendo um registro da nossa história, por algumas revelações que faz. Frei José Carneiro de Lima, que tinha “a fé, a flauta e o facão como suas armas”, faleceu no Acre, no ano de 1996. z

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