Outubro/1961
Visitando indústrias de Araranguá Dona Infância recebe cadeira de rodas No domingo passado, dona Infância, a paralítica que se locomovia através de uma gamela, numa cena que chocava qualquer mortal, recebeu das mãos do Dr. Lourival Vaz, promotor público, a sua cadeira de rodas. Dr. Lourival, há tempos encetou uma campanha com a finalidade de adquirir a cadeira, sendo feliz em sua elogiável iniciativa. Dona Infância (...) demonstrava naquele sorriso feliz toda a alegria de seu coração. Ao Dr. Lourival Vaz, nosso colaborador e amigo, mais uma vez nossos parabéns por tão digna atitude. CA nº 44, de 29/10/1961
‘Vitrine de Bonecas’ SOCIEDADE - L. V. e comenta... (Lourival Vaz)
Lamentavelmente, com a casa bastante vazia [no Ginásio Nossa Senhora Mãe dos Homens], realizou-se sábado à noite, do dia 14 do corrente, o esperado festival infantil, sob a direção da Casa da Amizade, tendo à frente de sua organização, preparo e estímulo, a exma. sra. Tereza Duarte, com a colaboração das sras. Olguinha Pacheco, Lourdes Garcia, Cely Ferreira, sr. Waldemar Pacheco, como também do jovem Jairo Pacheco. A sociedade, desta vez, preferiu prestigiar ao Grande Otelo e Ankito, e assistir ao bingo da Cidade Alta, em vez de colaborar para o objetivo, como seja, o encanamento para água de nosso cemitério. Para tudo dava o devido tempo. A festinha terminou às nove hora, dando tempo para tal assistir, na tela [do Cine Roxy], o chatíssimo Otelo, como também, aconteceu no bingo da Cidade Alta. (...) Pois, caros leitores, perderam uma maravilhosa hora. (...) Iniciou-se o espetáculo com uma bela página da sra. Tereza Duarte. (...) Após, encenou-se a peça “Joca, o coelho teimoso”. (...) Em seguida, a “Vitrine de bonecas” vista através do sonho de uma menina pobre, cuja bondade da Fada Boa, fez com que todas elas tivessem vida e movimento. (...) As figuras da horta de seu Brandão (Carlinho Pacheco) eram representadas da seguinte maneira: tomates: Newton Wendhausen, Murillo Pereira, Mariano Mazzuco e Jorge Luiz Rocha; cenouras: Pedro Ernesto Grechi e João Wendhausen Pereira; repolhos: Claudete Pacheco e Maria Luiza Rocha; grilo: Romeu Weller; vento: Jaime Wendhausen; Fada Boa: Santina Mazzuco; flores: Luciane Tournier Elias, Tânia Tournier e Neuza Grechi; coelhos: Maria Tereza Duarte, Nazaré Grechi, Alceu Pacheco, Ricardo Duarte e Telmo Melo; pássaro: Arno Duarte Filho; borboleta: Teresinha Almeida. E assim, chegamos ao final (...) Idem
APOIO CULTURAL
graficacasadocarimbo@gmail.com
Av. XV de Novembro, 1807 - Centro - Tel. 3524-5916
Em dias da semana finda, resolvemos visitar algumas das nossas principais indústrias. E, assim, começamos pelas Indústrias Metalúrgicas Edson, situada à rua Cel. Apolinário, margeando o rio. Móveis de aço, cofres, fogões, secção de esmalte, despachos. Os produtos Edson são colocados em todos os estados do Sul. Prosseguindo, fomos à mais caçula, a Tecelagem Timbé S.A.. Causou-nos admiração. Instalações modernas. Máquinas. Movimento. São produzidos pela Tecelagem Timbé, tecidos grossos e sacaria. Possui um bom número de operários, principalmente mulheres. Aliás, a Tecelagem Timbé, até há pouco, teve como seu capitão, o Dr. Arno Duarte. Agora, passou às mãos do não menos operoso Edgar Orige. Vamos entrar, agora, nas grandes Indústrias Petry. Leopoldo Marques Petry, o idealizador, criador e principal sócio de sua indústria que tem como sócio Alírio Silva.
Fundada em 1954, a fábrica de calçados de Leopoldo Marques Petry já contava 205 funcionários em 1960. Na foto, as funcionárias posam em frente à fábrica (no local, hoje funciona o quartel da Polícia Militar)
Visitamos mais: o parque fabril da União Madeireiros. Comandante: Milton Zini. Exporta molduras para todo o país. A União Madeireiros tem como piloto seu sócio Ivo Machado. O tempo estava esgotando, mas ainda nos sobrou alguns minutos para visitar as Indústrias de Óleos Vegetais. João Rocha é o seu comandante. Fabrica óleos de amendoim, linhaça, soja e seus derivados. Desta vez, visitamos apenas cinco das nossas indústrias. Na próxima, faremos uma ronda em mais algumas, a fim de mostrar aos nossos leitores, principalmente os de fora, que também possuímos o nosso parque industrial. CA nº 43, de 15/10/1961 (EGF) NO CINE ROXY, na noite de 9, com a casa completamente repleta, ouvimos o virtuose da harpa Luiz Bordon, que deliciou com belíssimas páginas nossa sociedade.
A marca do seu parceiro de estrada POSTOS IRMÃO DA ESTRADA DISK FONE (0**48) 3524-0071
Solicite-nos através de jornalecocultural@yahoo.com.br o recebimento das edições do Jornaleco (igual no papel + as fotos coloridas) via e-mail
JORNALECO
©
jPANFLETO CULTURAL
10/10/2014 • ANO 21 • Nº 453 ESTA EDIÇÃO: 4 PÁGINAS
Distribuição gratuita Periodicidade quinzenal Tiragem: 1.000 exemplares
H FUNDADO EM 18 DE MAIO DE 1994 H
UMA PUBLICAÇÃO
EDIÇÃO E DIAGRAMAÇÃO Ricardo Grechi CONTATO Rossana Grechi DISTRIBUIÇÃO Gibran Grechi, Nilsinho Nunes ASSISTÊNCIA Guaraciara Rezende IMPRESSO NA GRÁFICA CASA DO CARIMBO DE Rosa e Aristides César Machado PRODUÇÃO Nicolas FOTOLITO David PAPEL Toninho IMPRESSÃO Welington, Valdo
ORION EDITORA
© Ricardo Francisco Gomes Grechi (reg. nº 99866 - prot. 4315/RJ, de 17/07/1995)
Calçadão Getúlio Vargas, 170 88900.000 Araranguá - SC - Brasil jornalecocultural@yahoo.com.br
JORNALECO ARARANGUÁ, 10 DE OUTUBRO DE 2014 • ANO 21 • Nº 453
APOIO CULTURAL
F A CRÔNICA DOS ANOS 60 F
Em 1881, o município de Laguna se dividia em cinco freguesias (as populações informadas são do último recenseamento, realizado dez anos antes): Imaruí (4.897), Pescaria Brava (2.552), Mirim (2.957), Vila Nova (1.312) e Araranguá (5.142), com uma população total de 24.370 (estimada, então, em 32.000, contando novos nascimentos e imigrantes), dividida em 21.541 “almas” livres e 2.829 escravos. Fonte: Laguna antes de 1880, de João Leonir Dall’Alba, Lunardelli/UDESC, 1979, págs. 33 e 34
VISITE: WWW.ARARANGUA.NET
‘A cobra da Itopava, meu pai!’
do município de então, era comum o transporte conhecido como pau-de-arara, ou seja, gente “até a torda” abarrotava as carrocerias dos caminhões. por Cláudio Gomes eleições. Ficava assim, para o prefeito eleiFaziam-se grande alarido, gritavam-se to, Afonso Ghizzo, um município menor o nome do candidato, agitavam-se banCASOS E CAUSOS QUE O POVO CONTA para administrar. deiras, soltando foguetes e cantando as múCOM A PRESENÇA da Banda de Musical Conta-se que o prefeito, inconformado sicas divulgadas pela única rádio existente, Jaguarunense e nas dependências do Cine com a divisão, lançou campanha para que a Rádio Araranguá. Todo barulho deveria Roxy, conforme ata lavrada por Moysés o município de Araranguá fosse anexado ser feito pela força do conjunto do vozerio Furtado e cuja fotocópia me foi doada pelo ao Estado do Rio Grande do Sul. popular, já que os potentes meios eletrôOutros partidos com menor represen- nicos de som sequer eram sonhos. amigo Nereu Bertoncini, foi instalado o Diretório Municipal da União Democrática tação política também existiam, como o A música do candidato José Rocha eu Nacional de Araranguá. A sua sigla era Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), que não me recordo. Mas a música do seu UDN, e a data deste evento: 7 de agosto elegeu o prefeito José Rocha em 1961. Norberto, na qualidade de filho, evidenteNaquelas eleições, Norberto Gomes foi mente, eu não poderia esquecer: de 1945. A instalação foi presidida por Irineu o candidato indicado pela UDN. O seu Bornhausen, eleito governador do Estado adversário era José Rocha, indicado pelo “Ele é honesto? É, sim senhor... É trabalhador? É, sim senhor... em 1951. Para ser o primeiro presidente PTB, apoiado pelo PSD. Norberto Gomes não precisa de confete, SALVADOR desse diretório foi eleito o Dr. eu voto nele nem que chova canivete.” Antonio de Barros Lemos, mais Foi o amigo Nereu Bertoncini quem tarde deputado estadual por me afirmou: “Foi o candidato mais difícil Araranguá. que enfrentamos. Era difícil encontrar A partir daquela data começadefeito no homem”. E, embora não fosse ram as diferenças e rivalidades um defeito, ele não era bom orador. entre os integrantes dos dois prinEm um comício, realizado na localicipais partidos que comandaram dade de Manhoso, o seo Norberto disa política em nossa cidade e recrusava dizendo que queria realizar uma gião, até a Revolução de 1964. grande obra. Para tanto necessitava A União Democrática Naciofazer “uma coisa muito grande como... nal foi fundada em 7 de abril de uma coisa muito grande como...” E o 1945 e o Partido Social Demoseu Norberto não conseguia encontrar crático — antigo PSD — foi criaa palavra chave com a qual concluiria do por Getúlio Vargas, em 17 de julho de 1945. Comício em Maracajá, em 1950. Discurso na carroceria de caminhão a frase e o pensamento desejados. Maria Salete, uma de suas filhas, As campanhas políticas em O período pré-eleitoral transcorria nor- ainda criança e sem um grande discerninossa terra e nesse período foram, na maimalmente, com muitos encontros e comícios mento, estava posicionada bem próximo ao oria das vezes, acirradas e até violentas. palanque montado para o evento. Duas lideranças comandavam os parti- de ambas as partes. Ao ver o pai aflito, tratou de ajudá-lo. Não havia, como hoje, programas gratuidos, a partir de Araranguá, e por um longo período. O advogado Dr. Lecian Slowinski tos em rádio e os sinais da televisão sequer Quando ele repetiu pela terceira vez “uma liderava o PSD. O comandante da UDN era haviam chegado por aqui. Então o contato coisa muito grande como...”, ela não se o senhor Afonso Ghizzo. É do conhecimento corpo a corpo e os comícios eram os meios conteve e não teve dúvidas em gritar o mais histórico a eleição de ambos para o cargo quase únicos e mais tradicionais e eficientes alto que pôde, pensando ajudar o pai: de deputado estadual, representando o Vale de os candidatos falarem com os seus elei— Uma coisa muito grande? A cobra tores. Os comícios eram aguardados como da Itopava, meu pai! por várias legislaturas. Um fato marcou a história dessa rivali- verdadeiras festas populares. Ela nunca mais foi a qualquer comício. Para que fossem prestigiados por uma dade entre os dois partidos e seus comanPrincipalmente naquela campanha. grande plateia, os cabos eleitorais e candidantes. Um resultado de determinada eleição datos arregimentavam o maior número de Obrigado, amigo Nereu Bertoncini provocou a criação dos municípios de Tur- simpatizantes possível por todos os cantos Do Araranguário: “Até a torda”: cheio até o teto. vo e de Jacinto Machado, desmembrados do município, como ainda se faz. cobertura, normalmente de lona, dos O transporte desses eleitores era realizado “Torda”: que foram de Araranguá. No entender dos antigos carros de boi. udenistas seria uma retaliação política do por todos os meios e veículos disponíveis. A cobra da Itopava: mito araranguaense; uma Governo do Estado por ter perdido aquelas Em virtude da grande extensão territorial cobra de tamanho descomunal. APOIO CULTURAL
Fundador WLADINIR LUZ Redator ERNESTO GRECHI FILHO Produção gráfica NEI DA ROSA Publicado na GRÁFICA ORION - abril de 1960 a maio de 1975
MUSCULAÇÃO z PILATES STUDIO z X JUMP z POWER SET z ABS z CIA DANCING z PERSONAL TRAINER z NUTRICIONISTA z FISIOTERAPEUTA z PSICÓLOGA
Praça Hercílio Luz, 444 | Tels. 3522-1120 9624-8947