Conclave de advogados Deputados catarinenses recuam na sua intenção de aumentar seus subsídios Os deputados catarinenses resolveram aumentar seus subsídios para 140 mil cruzeiros. Resolveram e pronto. Para isso houve coesão. Talvez maioria absoluta. Mas o povo reagiu. E a campanha ganhou as ruas e as praças, as rádios e os jornais. As excelências retrocederam. Assim, também não. A hora é de sacrifícios. Será que os deputados acham que seus prestimosos serviços merecem tanto dinheiro? CA nº 42, de 01/10/1961
Caixas coletoras de lixo Ainda como promoção do Rotary Clube de Araranguá, aproveitando a permanência do sr. Alexandre Campagna, serão confeccionadas caixas coletoras de lixo para ser colocadas junto aos passeios da cidade. (...) A Prefeitura Municipal tem também grande interesse em bem apresentar a cidade, quando da realização da II Exposição AgroIndustrial de Araranguá. CA nº 43, de 15/10/1961
Farinha de mandioca A mandioca, um dos produtos base da nossa agricultura, ultimamente começou a ser encarada com mais respeito nos mercados nacional e internacional. Até aqui, a modesta farinha era colocada nos mercados internos, tendo seu preço apegado a variações, às vezes bruscas, desincentivando a sua cultura. (...) Em nosso município, mormente na zona da areia, a cultura está se processando em alta escala, obedecendo a um método racional. Assim é que grandes culturas estão sendo feitas com adubos indicados por técnicos. O Governo do Estado também auxiliou os plantadores através do fornecimento de mudas selecionadas e de diversas variedades. A firma J. Mazzuco & Cia., uma das grandes casas exportadoras, sediada em nossa cidade, está exportando diretamente para Bremen, Alemanha, farinha de mandioca ensacada. Naturalmente, outras firmas seguirão o seu exemplo, valorizando cada vez mais a nossa velha cultura dessa euforbiácea. CA nº 45, de 12/11/1961
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Em ambiente onde imperou a mais alta e franca cordialidade e alto espírito de compreensão, reuniram-se, nos dias sete e oito do corrente [outubro de 1961], os advogados militantes nas comarcas de Araranguá e Turvo. Dessa reunião, dentre os vários problemas do Código de Ética Profissional que foram equacionados, salienta-se a elaboração e aprovação de nova Tabela de Honorários Advocatícios mínimos que qualquer profissional militante nas duas comarcas deverá cobrar de seus clientes. Encerrando os trabalhos, os participantes do conclave, Dr. Arno Duarte, Dr. Aquiles Garcia, Dr. Alcebíades Faoro, Dr. José Borges Dias, Dr. José Silveira e Dr. Severiano Severino de Souza, firmaram um compromisso (...) A Tabela de Honorários é precedida por várias “observações”, as quais, por também serem de interesse geral, transcrevemos abaixo: (...) 5. As consultas serão rigorosamente cobradas, por mais íntima que seja a amizade do profissional. Poderá ser dispensada a cobrança de consulta por parente seu. (...) CA nº 44, de 29/10/1961
Criada uma companhia isolada da Polícia Militar Foi criada para instalação no princípio do próximo ano, uma Cia. da Polícia Militar, em Araranguá. Tal ato faz parte do novo plano do Governo, de dotar as regiõesfronteira, de companhias isoladas da Polícia Militar do Estado. Idem AHA
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15/10/2014 • ANO 21 • Nº 454 ESTA EDIÇÃO: 8 PÁGINAS
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“Com sua criação, a Freguesia do Ara-ranguá torna-se mais um território de caráter administrativo, onde o Estado procurará se fazer presente, mas lhe faltará recursos para tal. [...] era mister promover uma ocupação efetiva que preenchesse o vazio demográfico de cinco mil quilômetros quadrados, o que somente ocorrerá a partir de 1880 com a chegada dos imigrantes italianos em maior quantidade.” SIGA EM SUJEITOS ESQUECIDOS SUJEITOS LEMBRADOS, ANTÔNIO CÉSAR SPRÍCIGO, MURIALDO, 2007, PÁG. 119
ARARANGUÁ, 15 DE OUTUBRO DE 2014 • ANO 21 • Nº 454
A cobra da Itoupava por Cláudio Gomes CASOS E CAUSOS QUE O POVO CONTA
Quem falar ou escrever sobre os casos e causos da região do Vale do Rio Araranguá, não pode se desobrigar de mencionar o maior mito criado no sul de Santa Catarina: a cobra da Itoupava. Esta lenda já foi escrita em prosa e verso, contada, gravada e apresentada em programa de televisão para todo o estado. Entre as versões conhecidas, ofereço a minha, que acredito ter sido, no início, a que deu mais vida à lenda. Há mais de cinquenta anos, era locutor da Rádio Araranguá Manoel Silvano dos Santos. O locutor e apresentador tinha como codinomes Gula, Cumpade Gula e, ainda, Manuelzinho. Todos os dias, nas primeiras horas da manhã, Gula comandava um programa de música sertaneja, daquela verdadeira, de viola caipira ou sanfona, do tipo lagunense de Pedro Raimundo, que inspirou Teixeirinha e Luiz Gonzaga. Era um programa de muita audiência. Nessa época, a música caipira tinha a preferência da maioria da população, da cidade e do campo. Uma curiosidade marcante: o Cumpade Gula era analfabeto, mas comandava a programação com desenvoltura, de acordo com a característica popular de um programa caipira. Tudo era de cor e de improviso. Por exemplo, no momento de anunciar a hora. Ele dizia: “São seis horas e dez minutos, fora a miuçalha miúda”. Ele não sabia ler os segundos. Os textos das propagandas eram decorados e repetidos por ele, depois que algum colega lhe fizesse a leitura. O que o Faustão faz hoje, o Gula já fazia naqueles tempos, e melhor, porque era de improviso e, às vezes, repleto de rimas.
Para prender a atenção dos ouvintes, ele citava o nome das pessoas como se fossem seus velhos conhecidos. Falava muito e com conhecimento de quase tudo o que acontecia pelos arredores de Araranguá. Mas, o que tem haver o Gula com a cobra da Itoupava? Aconteceu que certo dia, vinda não se sabe de onde (somente ele saberia dizer), apareceu no programa a história da cobra da Itoupava. O Gula fazia a maior festa com a cobra da Itoupava, criando fantasias e histórias engraçadas. Todos os dias a cobra estava aparecendo e desaparecendo. Inicialmente na beira do rio Araranguá e na localidade de Itoupava. Depois a cobra passou a aparecer em outras localidades. Um dia ela era vista no Manhoso, outro, na Volta Curta, outro, na Barranca, outro, na Volta do Silveira, outro, ainda, no Morro dos Conventos. A cobra subia e descia o rio Araranguá, mas voltava sempre para o seu lugar de origem, a localidade de Itoupava. Segundo dizia o locutor, a cobra saía do rio só em caso de algum vivente estar sozinho, ou se o caminho estivesse livre. Era aí que a cobra fazia o maior estrago. Sempre importunando alguém e dando prejuízo para algum amigo, que o locutor citava o nome. Então o Cumpade Gula anunciava: “Esta noite a cobra da Itoupava esteve na casa do meu amigo fulano de tal, lá nas Cangicas. O bicho pulou a cerca (ou o chiqueiro, ou o galinheiro). Para satisfazer seu enorme apetite a cobra comeu quatro porcos, seis galinhas, dozes gatos e três cachorros. Cumpade Gula fazia a maior algazarra com o barulho da bicharada. Fantasiosamente, e todos os dias, a cobra, que estava sempre com fome e sempre crescendo, roubava e comia vários animais domésticos, toda espécie de bicho, e tudo o que via pela frente, até gente.
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Depois, a grande cobra desaparecia sem deixar qualquer vestígio. Foi desta forma que a lenda da cobra da Itoupava foi divulgada para a região e daí para todo o estado por outros autores, principalmente, os residentes em Itoupava. Esta é a minha versão, sem nenhum prejuízo às outras tantas. Pelo menos assim penso, e foi assim que ouvi falar da cobra da Itoupava pela primeira vez, ainda criança. Quem lê o Pasquim — “Inédito: a cobra da Itoupava”, com texto do araranguaense João Batista de Figueiredo, quase se convence de que a cobra da Itoupava parece ser verdadeira. A forma e clara convicção com que o autor relata a história desperta curiosidade e leva a concluir ser esse o mistério da cobra da Itoupava: a dúvida, pois a grande cobra aparece e desaparece, sendo sempre vista só por um único ser vivente, como única testemunha. É a dúvida sobre o que é verdade e o que é boato que proporciona a curiosidade e o interesse pelos casos e causos que o povo conta. Nossos casos e causos nascem do povo criativo e residente do Vale do Rio Araranguá. O imaginário popular criou e continua criando folclóricos personagens e histórias que enriquecem a nossa cultura. Basta que alguém as registre para que não se percam no tempo. Disse o grande mestre Ariano Suassuna, em uma de suas últimas palestras: “Eu não criei nada. Estava tudo aí. Eu só registrei”. z
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