Jornaleco 460 15 jan 2015

janeiro/1962

A festa na Boite Morro dos Conventos (NJ: O redator Ernesto Grechi Filho expressa, com muito bom humor, as impressões de uma grande festa social.)

Temporada das praias Iniciadas. Movimentam-se as boites Mar Vermelho, Recreio dos Navegantes e agora a última instalada, a Boite Suez, anexa ao Hotel Globo, todas as noites no Arroio do Silva; a requintada Boite Conventos, no balneário Morro dos Conventos. Talvez este ano, ainda não possamos contar com o Iate Clube do Morro. CA nº 50, de 21/1/1962

Horácio Bogo O Sr. Horácio Bogo e senhora, por motivo de sua transferência para a cidade de Toledo, no Paraná, e não podendo despedir-se pessoalmente de todos os seus parentes e amigos, aqui deixam suas despedidas e agradecimentos pela pelas atenções recebidas e provas de amizade. idem (NJ: Horácio há muito já retornou a Araranguá, veraneia no Arroio e é um dos grandes leitores e amigos do JORNALECO.)

Lions Clube de Araranguá O Lions Clube de Araranguá cumpre com satisfação o dever de agradecer de público o apoio moral e financeiro que recebeu do povo araranguaense e do senhor prefeito durante a campanha que empreendeu em prol do Natal da Criança Pobre de Araranguá, que proporcionou a cerca de 520 crianças pobres de nossa terra um natal mais feliz. idem

O casal José (Dinorá) Pereira recepciona seu vasto círculo de amizade na Boite Morro dos Conventos. Lauto jantar. Bebidas, muitas bebidas. Números de arte. Declamações com voz embargada pela emoção (do uísque). Interpreta, magistralmente, a poesia “Caridade e Justiça”, de G. Junqueiro, a revelação do ano na arte de dizer poemas Eládio Garcia. Ao piano, Urbano Grechi executa, a dez dedos e duas mãos, o tango “Malfadada Mulher”. Oradores inflamados e inflados pela pressão do uísque “verde-amarelo”. Sim, porque o bom mesmo, aquele que não diz engarrafado no Brasil, não existe mais.

Walter Belinzoni, com franqueza característica, expõe fatos da política local com incrível “sangue frio”. Manda publicar. O repórter encarregado do assunto já preparou a matéria. Vai ser uma bomba... Petry nomeia o Dr. Arno Duarte delegado regional. Boa escolha. Nós achamos. Edgar Orige discutia amigavelmente qualquer assunto importante com o Dr. Mendoza. Antoninho Silva e sua simpática esposa (ambos bons dançarinos) não pouparam a classe do tablado da boite. José Pereira, perfeito anfitrião. Assis Jorge Elias, sempre muito espirituoso, descobre a “última” da cigana. Boa piada. Enor Wendhausen gostou muito. Afogou-se de tanto rir. O Dr. César, da Caixa Econômica, muito palrador. É do tipo que quanto mais molha mais desenrola. E desenrola bem. Waldemar Pacheco, cheio de veneno, descobria que o Tomaz, diretor da Força e Luz, adquiriu um transformador volante. Grande invenção... (...). idem

Um pedacinho da Itália perto de você!

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jPANFLETO CULTURAL

15/01/2015 • ANO 21 • Nº 460 ESTA EDIÇÃO: 8 PÁGINAS

Distribuição gratuita Periodicidade quinzenal Tiragem: 1.000 exemplares

H FUNDADO EM 18 DE MAIO DE 1994 H EDIÇÃO E DIAGRAMAÇÃO Ricardo Grechi CONTATO Rossana Grechi DISTRIBUIÇÃO Gibran Grechi, Nilsinho Nunes ASSISTÊNCIA Guaraciara Rezende IMPRESSO NA GRÁFICA CASA DO CARIMBO DE Rosa e Aristides César Machado PRODUÇÃO Nicolas FOTOLITO David PAPEL Toninho IMPRESSÃO Welington, Valdo

© Ricardo Francisco Gomes Grechi (reg. nº 99866 - prot. 4315/RJ, de 17/07/1995)

UMA PUBLICAÇÃO

ORION EDITORA Calçadão Getúlio Vargas, 170 88900.000 Araranguá - SC - Brasil jornalecocultural@yahoo.com.br

JORNALECO ARARANGUÁ, 15 DE JANEIRO DE 2015 • ANO 21 • Nº 460

APOIO CULTURAL

F A CRÔNICA DOS ANOS 60 F

“Para ir à praia [do Arroio do Silva] não havia estrada, mas um caminho costeando a Lagoa da Serra, que ia dar no esteiral e dali, na praia. Meus pais alugavam uma carroça e nós íamos veranear aos domingos. Saíamos cedo, 4 ou 5 horas da manhã, e chegávamos lá pelas 9 horas. Minha mãe preparava a tradicional farofa de galinha ... As crianças tomavam banho peladas e os adultos só molhavam os pés e as canelas.”

SIGA EM UMA HISTÓRIA DIFERENTE, WLADINIR LUZ, EDIÇÃO DO AUTOR, 2008, PÁG. 58

VISITE: WWW.ARARANGUA.NET

Hamilton Tournier na história do Lions em Araranguá Uma homenagem dos Lions clubes de Araranguá a um dos seus fundadores, falecido em 30 de dezembro POR C LÁUDIO G OMES

E

M 25 DE MAIO DE 1960,

Hamilton Altícimo Tournier, junto a outros 16 cidadãos, fundava o Lions Clube de Araranguá.

Desde então foram 54 anos de vida dedicados ao leonismo com entusiasmo, alegria e prazer.

Todo o seu trabalho em prol da causa leonística foi reconhecido pelo Lions Internacional através de uma condecoração que tive a honra, junto à companheira Terezinha Tournier, de entregar ao companheiro Hamilton, há pouco mais de 60 dias.

O seu gosto pelo Lions Clube e pelo trabalho de servir desinteressadamente despertou logo nos primeiros anos, com a tarefa de expandir o leonismo a mais pessoas, dando-lhes a mesma oportunidade de ser um associado do Lions Internacional.

Assim, já no primeiro ano de Clube, Hamilton, junto ao saudoso companheiro João Kráes Campos, se deslocou até Torres e lá, em 1961, depois de um belo trabalho, fundaram o Lions Clube de Torres. Ambos foram, com justiça, designados sócios-padrinhos individuais daquele Clube.

Através de sua participação, outros clubes foram fundados na região, como o Lions Clube de Turvo, em 1964, o Lions Clube de Meleiro, do qual foi sócio-padrinho, e o Lions Clube Araranguá-Sul. Foram muitos os cidadãos de nossa cidade para quem o CL Hamilton deu a mesma oportunidade de frequentar as fileiras do leonismo.

O CL Hamiton teve participação ativa desde a primeira diretoria de APOIO CULTURAL

Fundador WLADINIR LUZ Redator ERNESTO GRECHI FILHO Produção gráfica NEI DA ROSA Publicado na GRÁFICA ORION - abril de 1960 a maio de 1975

1960, ocupando diversos cargos administrativos.

Foi presidente em 1970/ 1971. Ocupou o cargo de secretário, além de outras diretorias do clube, por vários mandatos.

A sua presença e participação nas atividades do Lions sempre foram de forma efetiva e atuante, nos eventos locais, estaduais e nacionais, onde gostava de comparecer, e Eva e Hamilton Tournier: ele nasceu em Araranguá em 1931 e foi farmasempre acompanhado de cêutico igual ao pai, Altícimo Tournier, tradição seguida pelo seu primogênito sua inseparável domadora Everton. Foto da Hellen, a filha caçula (depois de Eliane, Erven e Éderson), e companheira-leão Eva na ocasião da entrevista para o JORNALECO 376, de 15/07/2011 Krás Tournier.

O CL Hamilton teve a felicidade de A luz de sua alma, aos poucos, foi receber a maior homenagem que o se apagando para nós, no mesmo moLions Internacional proporciona aos mento em que aos poucos se acendia seus associados. Seu nome foi escrito no oriente eterno, onde hoje brilha em definitivamente nos anais da Fundação busca da felicidade eterna.

Lions Internacional por ocasião em que No último dia 30 de dezembro, o lhe foi entregue a Comenda Melvim espírito tranquilo do Companheiro Jones.

Leão Hamilton nos deixou.

Alguém já escreveu que “a feliciHamilton AltícimoTournier era o dade é filha da calma”. Estamos último dos companheiros fundadores convencidos ser este o mote de vida de 1960 que estava ainda em atividado companheiro Hamilton. de no Lions Clube Araranguá-Centro.

Sempre calmo, viveu para sua cidade, para seu clube e para o que À Companheira Eva, aos filhos e acreditava. O que mais lhe dava prazer familiares, os associados dos Lions e alegria era ver a sua família reunida, Araranguá-Centro, Lions Araranguácom quem dividia os seus melhores Sul e Lions Águas Verdes, prestam momentos. sua homenagem entregando-lhes um Aqueles que conviveram com o abraço solidário e fraterno em agradecompanheiro são testemunhas que, cimento por nos ter concedido particimesmo nas contrariedades, jamais se par da convivência do companheiro viu ou se ouviu que o companheiro Hamilton, quer no leonismo, quer na Hamilton tivesse alterado a voz. comunidade.

Com a mesma perseverança, manRogamos a Deus que encha seus sidão e retidão de caráter com que corações com resignação e a tranquiviveu, enfrentou a enfermidade. lidade da paz. z MUSCULAÇÃO z PILATES STUDIO z X JUMP z POWER SET z ABS z CIA DANCING z PERSONAL TRAINER z NUTRICIONISTA z FISIOTERAPEUTA z PSICÓLOGA

Praça Hercílio Luz, 444 | Tels. 3522-1120 9624-8947

O verão de 1984 MEU PAI construiu uma casa no Morro

dos Conventos em 1974. Embora os filhos protestassem, por desejar que a casa fosse construída no Arroio do Silva, vivemos momentos muito bons em família a partir de 1975, veraneando no Morro.

No verão de 1984, o pessoal foi veranear e eu fiquei em nossa casa, no prédio em frente ao Cine Roxy. A volta da praia seria para uma nova moradia, depois de a família habitar, por mais de 25 anos, no principal centro de Araranguá. Fui então o último a deixar a casa antiga, no final da temporada, quando eu completava 19 anos de idade.

Eu trabalhava na gráfica do meu pai, e passava as noites e os fins de semana jogando sinuca no Bar Central ou vagando pela cidade. Meus amigos mais constantes eram o Carlão e o Preta. O resto da turma da Praça só dava as caras uma vez ou outra.

Naquela época, nos domingos de janeiro e fevereiro o centro da cidade ficava vazio como um cemitério. Só de noite é que o Rola abria o cinema para uma plateia mínima. E dávamos graças ao Miguel ou alguém de sua equipe que abria o Bar Central no final da tarde.

Já quase não havia móveis na casa. Por causa do calor, eu dormia na sacada da frente, para onde tinha levado um colchão.

As portas ficavam abertas e meus amigos entravam livremente, às vezes até indo me acordar pelas manhãs.

Um dia, eu estava sentado na área dos

fundos e apareceu um gato lá embaixo. Eu chamei: “Pspspspsps...”. Ele manteve seu olhar fixo por mais um momento e subiu a escada até mim. Eu o acariciei, no que ele retribuiu o gesto, roçando seu pelo em minhas pernas. Acabou ficando aquele verão comigo. Não lembro como eu o alimentava, porque também não lembro muito bem o que eu mesmo comia. Meu pai é que fez algum almoço para nós. De resto, eu vivia como o meu amigo gato: dormia quando tinha sono, comia quando tinha fome.

Aliás, o gato era pardo e não tinha nome.

Quase sempre, nos finais de tarde, eu ia para o Bar Central, pouco além do Supermercado Panelão (que ficava no térreo do nosso prédio) e bem em frente ao Supermercado Giassi, ali na Getúlio. Uma vez, eu voltava de lá, pelas oito da noite, e o gato estava me esperando em frente ao Panelão, bem junto à parede, apoiado sobre as patas dianteiras, de frente para a avenida (o calçadão só viria no final da década).

No que eu passei por ele, fui reconhecido, e ele me seguiu até nossa casa. No outro dia, ele tomou coragem e foi comigo até o bar. Quando fui jogar sinuca com algum conhecido, o gato se acomodou embaixo da mesa de bilhar e ficou ali até que eu resolvesse parar de jogar e ir embora.

Numa sexta-feira, eu e o Jean combinamos de ouvir uns discos em minha casa (eu tinha um “três-em-um” — rádio, toca-fitas e prato). O Jean trabalhava no Mazzuco Foto Som e possuía um bom acervo* de rock, e eu tinha os meus Pink Floyd, Supertramp, Rick Wakeman. À noite, meu amigo chegou de bicicleta com seus vinis

debaixo do braço. Nos sentamos em velhas poltronas à janela do meu quarto para curtir o visual arborizado lá fora. A audição que mais marcou o momento foi a do disco “1984”, do Rick Wakeman. De madrugada, depois de uns baseados, bateu a fome.

Nós fomos na Padaria do Zé Guidi, lá do lado, e compramos pão d’água quentinho dos padeiros, que já estavam trabalhando.

Lembrei-me dessas coisas hoje, nesta manhã de domingo, 11 de janeiro. Trinta e um anos depois, detenho-me sobre o teclado, bebo um gole d’água, e penso no tempo como a própria tinta da vida pintando sem parar, gerando em consumir-se.

Em minha mente ecoa a voz feminina na sutil melodia de uma das faixas do “1984”.

E agora, contrastando com esta manhã ensolarada e tórrida de domingo, quando escrevo sobre essas coisas solitário em meu apartamento no centro da cidade, tenho ainda em tinta fresca, na memória, a manhã de domingo passado, em que Gibran e eu mergulhávamos nas águas verdes e refrescantes do mar da praia lotada de Jurerê Internacional, em Florianópolis.

Não havia senão eu; decidi-me sozinho pelo mal, sozinho inventei o bem. JEAN-PAUL SARTRE (1905-1980)

S S

A BANDA

uplemento

NO OUTONO, quando se vêem bandos de aves voando, formando um grande V no céu, indaga-se o porquê de voarem desta forma.

Sabe-se que quando cada ave bate as asas, move o ar para cima, ajudando a sustentar a ave imediatamente de trás. Ao voar em forma de V, o bando se beneficia com muito mais força de vôo do que uma ave voando sozinha.

Pessoas que têm a mesma direção e sentido de comunidade podem atingir seus objetivos de forma mais rápida e fácil, pois viajam beneficiando-se de um impulso mútuo.

Sempre que uma ave sai do bando, sente subitamente o esforço e a resistência necessários para continuar voando sozinha. Rapidamente, ela entra outra vez em formação para aproveitar o deslocamento de ar provocado pela ave que voa à sua frente.

Se tivéssemos o mesmo sentido, manter-nos-íamos em formação com o que lidera o caminho para onde também desejamos seguir.

Quando a ave líder se cansa, ela muda de posição dentro da formação e outra assume a liderança.

Vale a pena nos revezarmos em tarefas difíceis, e isto serve tanto para as pessoas quanto para as aves que voam juntas. As aves de trás gritam encorajando as da frente para que mantenham a velocidade.

Finalmente, quando uma ave fica doente ou se fere, duas aves saem da formação e a acompanham para ajudá-la e protegê-la. Ficam com ela até que consiga voar novamente ou morra. Só então, levantam voo, sozinhas, ou em outra formação.

Se tivéssemos o sentido das aves também ficaríamos da mesma forma um ao lado do outro para apoiar o mais fraco.

(Fonte: Códigos da Vida, de Legrand, Soler Editora)

Paulo Mendes Campos (Belo Horizonte, 1922 - Rio de Janeiro, 1991), poeta e cronista, pertenceu a geração de 1945.

z De Jaime Ovalle: “O importante não é saber se a pessoa gosta de uísque, mas se o uísque gosta da pessoa.” z De Garrincha, muito absorto, meio segundo antes de ser dada a saída no jogo do Brasil com o selecionado soviético em 1958: “Olha ali, Nilton, aquele bandeirinha é a cara do seu Carlito...” z De Osvaldo Cabeça de Ovo, no dia em que seu time de areia perdia de cinco a zero: “Arrecui os arfe para invitar a catastre.” z Do treinador, também de praia, Trindade: “A missão do centrefór é atrapaiar os beque.” z De um outro treinador para o goleiro: “Carambolou, arreia.” z De um torcedor a meu lado, vendo uma jogada magistral do enciclopédia Nilton Santos, errando, paroxismado, na tônica: “Dálhe, catédra!” z Do cabo Firmino, na revolução de 30, promovido pelo comandante da Força Pública Mineira, por ato de bravura em batismo de fogo: “Uai, seu coronel, tava pensando que era manobra.” z De um estudante para mim: “Escritor é o Euclides! Olha só: O sertanejo é — vírgula! — antes de tudo — vírgula! — um forte — ponto!”

(Fonte: Rir é o único jeito, Tecnoprint, 1976, pág. diversas)

z De um amigo meu, no bar: “Trabalho tanto que não tenho tempo para nada; à noite, bebo um pouco para lembrar as minhas mágoas.” z De um conhecido meu, quando lhe disse que certo homem público, embora de poucas luzes, era grave e honesto: “O jumento também é grave e honesto.” z De uma expressão mineira: “Fala mais que pobre na chuva.” z Do finado Humphrey Bogart: “Um homem está sempre duas doses abaixo do normal.” z De Hemingway sobre a famosa modelo Kiki de Montparnasse: “A única mulher que nunca dormiu em sua própria cama.” z De um velhinho, ante o ar conjectural do caixeiro, quando pediu na livraria um manual sobre limitação de filhos: “Não é para mim; é para papai.” z Do matuto para o médico: “Foi tiro e queda, doutor: a pílula desceu e parou direitinho na casa da dor.” z De um velho do interior ao provar soda pela primeira vez: “Tem um gostin de pé dormente.”

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(...) Continuamos a tomar cuidado com o egoísmo, a desonestidade, o ressentimento e o medo ... O amor e a tolerância para com os outros é o nosso código.

E deixamos de lutar contra qualquer coisa ou qualquer pessoa — até mesmo contra o álcool. Pois a esta altura, a sanidade terá voltado. Raramente nos interessaremos pela bebida. Se surgir a tentação, nos afastaremos dela como da chama ardente. Reagimos de forma sensata e normal, e descobriremos que isto aconteceu automaticamente. Perceberemos que nossa atitude em relação à bebida nos foi dada sem qualquer preocupação ou esforço de nossa parte. Simplesmente acontece. Este é o milagre. Não estamos lutando contra ela, nem evitando tentações. Sentimos como se tivéssemos sido colocados numa posição de neutralidade — protegidos e a salvo. Nem mesmo renunciamos solenemente ao álcool.

Em vez disto, o problema foi resolvido. Para nós, ele não existe. Nem somos pretensiosos, nem estamos com medo. É a nossa experiência. É assim que reagimos, desde que continuemos a manter o estado espiritual adequado.

Alcoólicos Anônimos – A história de como milhares de homens e mulheres se recuperaram do alcoolismo, versão em português da 4a edição (2001), 2013, p. 143

Como nos enganamos fugindo do amor!

Como o desconhecemos, talvez com receio de enfrentar sua espada coruscante, seu formidável poder de penetrar o sangue e nele imprimir uma orquídea de fogo e lágrimas.

Entretanto, ele chegou de manso e me envolveu em doçura e celestes amavios.

Não queimava, não siderava; sorria.

Mal entendi, tonto que fui, esse sorriso.

Feri-me pelas próprias mãos, não pelo amor que trazias para mim e que teus dedos confirmavam ao se juntarem aos meus, na infantil procura do Outro, o Outro que eu me supunha, o Outro que te imaginava, quando — por esperteza do amor — senti que éramos um só.

CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

JORNALECO 460 15/01/2015

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(Citado em “Para Filosofar”, Scipione, São Paulo, 1997, p. 82)

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“Apanhadas no chão”

MONTESQUIEU (1689-1755)

“Décimo Passo” em ação

O apoio ao mais fraco

(*) Um bom acervo, entre nós, contava 15, 20 discos, juntados criteriosamente e em longo prazo. Mas só quem era musicalmente perceptivo ou que realmente gostava de música possuía aparelho de som. O pessoal que só se interessava por música “papular” em festa, fora das festas se satisfazia com o rádio. Infelizmente, graças a tecnologias como o MP3, uma nova geração de musicalmente ineptos hoje possui tocadores possantes e intermináveis coletâneas de lixo industrial, e adoram exibir suas posses a qualquer hora e em qualquer lugar.

Há verdades das quais não basta que nos persuadamos; é preciso senti-las.

NET

SOLO DO EDITOR RICARDO GRECHI

CN CANOAS / RS

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A revista BRAVO! e colaboradores selecionaram 100 livros importantes da literatura mundial. A seleção baseou-se, sobretudo, nos estudos do crítico americano Harold Bloom, autor de O Cânone Ocidental, além de rankings anteriores, como os da revista Time e da Modern Library. Mas a decisão final coube a BRAVO! e seus colaboradores convidados neste trabalho. A intenção é divulgar a literatura e incentivar a leitura das grandes obras. Nos textos a seguir tem muita informação histórica, fatos curiosos, aventura. Viaje conosco...

1. ILÍADA, de Homero

7. ULISSES, de James Joyce

“Aira, Deusa, celebra do Peleio Aquiles o irado desvario, que aos Aqueus tantas penas trouxe, e incontáveis almas arrojou no Hades.” Com esses versos inicia-se a Ilíada, que, junto com a Odisseia, ambas atribuídas a Homero, lançou as bases da literatura ocidental. Ao discorrer sobre uma realidade vasta e profunda, esses dois poemas épicos não só contribuíram para moldar uma nação e uma cultura, mas também causaram impacto duradouro no que veio depois – ou seja, em quase todos os autores e obras descritos nas páginas que se seguem.

“Um romance para acabar com todos os romances.” Assim parte da crítica recebeu o lançamento de Ulisses em Paris, em 1922. Depois de quase oito anos debruçado sobre o livro, o irlandês James Joyce (1882-1941) finalmente lançava a versão integral da sua grande obra.

8. GUERRA E PAZ, de Leon Tosltói “O irmão mais velho de Deus.” Foi essa a alcunha dada pelo historiador Paul Johnson ao escritor russo Leon Tolstói.

9. CRIME E CASTIGO, de Fiódor Dostoiévski

A Rússia do quarto romance de Dostoiévski (1821-1881), Crime e Castigo, publicado em Transposta para a literatura do século 20 1867, é uma sociedade desigual e decadente, por James Joyce, em Ulisses, e presente na tomada pela tradição czarista e por arroubos estrutura de um sem-número de obras artísticas revolucionários socialistas, miséria e corrupção. desde a Antiguidade em gêneros que vão do teatro às artes plásticas, a Odisseia é o que o 10. ENSAIOS, de Michel de Montaigne crítico Otto Maria Carpeaux definiu como “a Há figuras do passado que o tempo aproxima bíblia estética, religiosa e política dos gregos ao invés de afastar. Montaigne é uma delas. que se transformou na bíblia literária da Como obser va o historiador italiano Carlo civilização ocidental inteira”. Continuação da Ginzburg, somos irresistivelmente atraídos pela Ilíada, a obra acompanha Odisseu (nome grego sua aber tura nas relações com as culturas de Ulisses) em sua jornada de regresso à sua distantes, pela sua curiosidade diante da multiplicidade e diversidade da vida humana e cidade natal, Ítaca, após a Guerra de Troia. pelo diálogo cúmplice e implacável que ele 3. HAMLET, de William Shakespeare entretém consigo mesmo.

Não existiria o homem moderno sem um autor como ele. “William Shakespeare, psicólogo 11. ÉDIPO REI, de Sófocles incomparável, inventou para nós uma nova “Sabes, ao menos, de quem és nascido?” A origem, na ideia mais iluminada até hoje pergunta que o cego vidente Tirésias faz a descoberta ou inventada por um poeta: o autor- Édipo, rei de Tebas, é a síntese de Édipo Rei, reconhecimento gerado pela autoescuta”, diz o de Sófocles (496-406 a.C.), um dos fundadores crítico americano Harold Bloom. Ele acrescenta da tragédia grega ao lado de Ésquilo (525-456 que sem a peça Hamlet (1600-1602) não a.C.) e Eurípides (480-406 a.C.). A história do haveria autores como o alemão Goethe, como homem que, sem saber, mata o pai e se casa não seria possível o russo Fiódor Dostoiévski com a mãe teve diversas versões e larga influência sobre a literatura, chegando ao século escrever livros como Crime e Castigo.

20 na esteira da teoria da psicanálise, criada 4. O ENGENHOSO FIDALGO DOM QUIXOTE DE LA MANCHA, por Sigmund Freud (1856-1939).

2. ODISSEIA, de Homero

de Miguel de Cervantes

Antes de ser batizado com o título de Dom Quixote de la Mancha, o modesto fidalgo rural Alonso Quijano gostava de caçar em sua propriedade e comia lentilhas às sextas-feiras. Seu principal passatempo era ler livros de cavalaria.

5. A DIVINA COMÉDIA, de Dante Alighieri Mais que um compêndio interminável dos símbolos da história europeia até o século 14, escrito concisamente na forma de um grande poema, A Divina Comédia é uma alegoria, em si mesma, da vida humana – ou, pensam alguns, a bíblia escrita por um só homem. A obra narra a odisseia (além dos moldes do clássico de Homero) de um homem, o próprio Dante, em busca do paraíso onde estará a amada Beatriz – que, para muitos historiadores, foi o amor não concretizado do autor. A obra está dividida em três livros: Inferno, Purgatório e Paraíso.

6. EM BUSCA DO TEMPO PERDIDO, de Marcel Proust Monumental é um termo corriqueiro e rasteiro para descrever os sete volumes de Em Busca do Tempo Perdido, do escritor francês Marcel Proust. Não apenas pelas mais de três mil páginas que acompanham as dezenas de edições já publicadas em qualquer língua – ou pelo número de personagens (25 principais e uma miríade de secundários) e cenários (cinco, cada qual com seu papel na narrativa) –, mas pelo gigantismo de sua proposta literária: dissecar a relação do homem com o tempo e com a memória.

12. OTELO, de William Shakespeare Escrita e representada pela primeira vez em 1604, Otelo é vista como um grande estudo psicológico das fraquezas humanas. Inveja, ciúme e vingança forjam, pelo jogo entre a ação premeditada e a ação impensada, uma das mais encenadas tragédias da história do teatro e do cinema. Talvez a mais comovente das tragédias shakespearianas, Otelo levou aos palcos discussões modernas para a época, como o casamento interracial e a ascensão dos árabes na política.

Eles se recusam a revelar a natureza da acusação e comunicam ao réu que poderá responder ao inquérito em liberdade, desde que se apresente para interrogatórios periódicos no tribunal.

26. O ESTRANGEIRO, de Albert Camus 27. MEDEIA, de Eurípides Na mitologia grega, Medeia era uma feiticeira conhecida por seus poderes mágicos, que poderiam ser usados para o bem e para o mal.

A lenda entraria para a história, porém, como a da mãe que mata os próprios filhos por vingança a um homem que não a quer, protagonista na peça do dramaturgo grego Eurípides, escrita por volta do ano 430 a.C.

16. DOUTOR FAUSTO, de Thomas Mann Thomas Mann (1875-1955) queria escrever um livro sobre a lenda de Fausto desde 1901, mas só o fez em 1947, depois de encontrar sua fonte de inspiração – a barbárie nazista, que o levou a exilar-se nos Estados Unidos e a escrever um dos maiores livros da literatura alemã.

28. ENEIDA, de Virgílio

17. AS FLORES DO MAL, de Charles Baudelaire 18. O SOM E A FÚRIA, de William Faulkner 19. A TERRA DESOLADA, de T. S. Eliot

A Eneida está para Roma assim como a Ilíada está para Atenas. É, acima de tudo, a compilação de uma história da fundação de Roma, narrada epicamente para dar ao passado a resposta pelo presente romano nos tempos do Império a par tir dos anos 70 a.C., quando o poeta Virgílio nasceu. Desde muito jovem, Virgílio teve contato direto com o poder, sendo amigo próximo e notório protegido do tribuno Mecenas (daí a origem do termo “mecenas”, que designa patrocinadores da ar te).

Nas cinco par tes do longo poema A Terra Desolada (1922), do americano naturalizado inglês T. S. Eliot (1888-1965), encontra-se um sumário conciso da história do pensamento ocidental. Entre as vozes que se alternam, há constantes empréstimos à literatura europeia, à literatura indiana e à Antiguidade clássica.

Homero, Dante (1265-1321), Virgílio (70-19 a.C.), William Blake (1757-1827) e Shakespeare (1564-1616) – e pelo menos mais 35 escritores e pensadores –, além de canções populares, passagens e citações em seis línguas estrangeiras, inclusive o sânscrito, podem ser localizados nas múltiplas paisagens da obra.

29. NOITE DE REIS, de William Shakespeare 30. ADEUS ÀS ARMAS, de Ernest Hemingway 31. O CORAÇÃO DAS TREVAS, de Joseph Conrad Joseph Conrad (1857-1924) é um fenômeno da literatura – um autor que alcançou a perfeição artística num idioma que não era o seu.

De família polonesa, nasceu na Podolia, província ucraniana dominada pelo Império Russo. Era filho único de um nobre proprietário de terras de espírito letrado, condenado ao exílio por se rebelar contra os czares.

20. TEOGONIA, de Hesíodo A Teogonia, ou o nascimento dos deuses, é um poema fundacional que explica a suposta origem do mundo pela narrativa da genealogia dos deuses. Tradicionalmente atribuído a Hesíodo, data do século 7 a.C. – época anterior ao período áureo da vida grega, quando surgem a pólis, a moeda, o alfabeto e a escrita, todos adventos do século 5 a.C., o mesmo do filósofo Platão. Por ser originalmente cantada, e não escrita, a Teogonia é composta em hexâmetros dactílicos (arranjo de sílabas longas e breves), que garantiam musicalidade aos versos e poderiam ser facilmente memorizados.

32. ADMIRÁVEL MUNDO NOVO, de Aldous Huxley

21. METAMORFOSES, de Ovídio A pax romana, período de prosperidade do “século de Augusto”, foi ambiente propício para o “poeta do amor” – epíteto que se colou a Ovídio (43 a.C.-18 d.C.), autor favorito da sociedade mundana do Império. Roma investia na construção de bibliotecas públicas, templos e monumentos e financiava o trabalho de historiadores como Tito Lívio (59 a.C.-17 d.C.), arquitetos como Vitrúvio (80/70-25 a.C.) e poetas como Virgílio (70 a.C.-19 d.C), além do próprio Ovídio.

41. OS LUSÍADAS, de Luís de Camões

22. O VERMELHO E O NEGRO, de Stendhal

Não se sabe o que Stendhal (1743-1842) queria dizer com o título de sua obra mais célebre, O Vermelho e o Negro, mas o certo é que conseguiu escrever um tratado sobre o amor e o ódio na psique humana e sobre uma sociedade 13. MADAME BOVARY, de Gustave Flaubert que estraçalha a ambição de um jovem em Flaubert (1821-1880) escreveu que gostaria guerra com seus anelos com a mesma frieza de ser enterrado junto de seus manuscritos, que o faz com os soldados na guerra. para que durassem tanto quanto ele. A fixação 23. O GRANDE GATSBY, de Francis Scott Fitzgerald pelas páginas explica seu apuro literário. Nenhuma frase era impensada, nenhum cenário, des- 24. UMA TEMPORADA NO INFERNO, de Arthur Rimbaud crito sem os menores detalhes – tudo no autor é 25. OS MISERÁVEIS, de Victor Hugo sistemático, matemático, preciso, do estilo que Um homem condenado a anos de prisão por flui de seu texto ao objeto colocado na sala de ter roubado um pão pode não soar estranho. um personagem, que o definirá para sempre. Mas nenhum caso até hoje rendeu uma história tão extraordinária como a de Jean Valjean, o 14. FAUSTO, de Johann Wolfgang von Goethe protagonista maltrapilho de Os Miseráveis, de Fausto, de Goethe (1749-1832), é a obra de Victor Hugo (1802-1885), um clássico da liteuma vida. O alemão tinha apenas 23 anos ratura francesa que já inspirou filmes, seriados, quando fez o primeiro esboço da história, con- musicais e até uma novela brasileira. Histocluindo-a em 1832, ano de sua morte, aos 83. riadores dizem que o autor de O Corcunda de 15. O PROCESSO, de Franz Kafka Notre Dame (1831) e Os Trabalhadores do Mar Na manhã em que completa 30 anos, Josef K (1866) escreveu mais de um milhão de versos, é visitado no quar to de pensão onde mora por além de engajar-se nas lutas políticas e ideodois homens que o informam de que está preso. lógicas do século 19.

Allan Poe (1809-1849) teça alguns dos contos 44. DECAMERÃO, de Giovanni Boccaccio mais aterrorizadores da história – muitos deles A obra mais famosa de Boccaccio (1313-1375), reunidos no livro Histórias Extraordinárias.

Decamerão, é até hoje lembrada como um com36. A COMÉDIA HUMANA, de Honoré de Balzac pêndio sobre a capacidade humana de perSe os franceses foram os pais dos romances verter-se de todas as formas. Mas foi também caudalosos (romans-fleuves), nos milhares de uma das grandes responsáveis pela fixação do páginas de Victor Hugo, Émile Zola, Marcel idioma italiano na Itália, ao percorrer, com seus Proust, então Honoré de Balzac (1799-1850) contos divertidos, uma gama imensa de sentifoi o pai de todos os franceses. A Comédia mentos humanos e situações cotidianas nos Humana, em uma edição francesa, enche mais idos da Idade Média. Numa manhã de terçade 11 mil páginas. São 88 romances e novelas feira do ano de 1348, sete moças e três rapacom vida independente, mas que atuam har- zes resolvem deixar a cidade de Florença para monicamente para alcançar o propósito de fugir da peste negra.

Balzac – cristalizar numa única obra tudo quanto 45. ESPERANDO GODOT, de Samuel Beckett fosse humano, fazendo com a pena o que só Deus. Liberdade. Mor te. Esperança. Muitos Napoleão fez com a espada. foram os nomes que Godot recebeu. Indagado 37. GRANDES ESPERANÇAS, de Charles Dickens sobre o significado de Godot, o autor disse: Grandes Esperanças é em essência um romance “Se soubesse teria dito na peça”. de formação, aquele tipo de obra em que o 46. 1984, de George Orwell personagem evolui conforme a leitura – física, Em 1949, Eric Arthur Blair – nome verdadeiro psicológica, moral e esteticamente. Charles de George Orwell (1903-1950) – achava-se Dickens (1812-1870) publicou em 1861 o que isolado em um casebre no arquipélago escocês para muitos é uma obra semiautobiográfica, em das ilhas Hébridas. Doente e desgostoso após que ele traria à tona a própria infância. uma vida de militância política, redigiu o romance que passaria para a história literária como 38. O HOMEM SEM QUALIDADES, de Robert Musil Para a maioria dos alemães, o escritor austríaco um dos mais contundentes contra os regimes Robert Musil (1880-1942) publicou o mais impor- totalitários. tante romance do século 20 escrito na língua 47. A VIDA DE GALILEU, de Bertolt Brecht germânica. Mas não sem traumas. O Homem A primeira versão do texto de A Vida de Galileu sem Qualidades fez seu autor entrar na lista de foi escrita em 1938, quando a vitória do nazisobras “indesejáveis e nocivas” dos nazistas, que mo na Alemanha parecia inevitável. Na iminêno enxotaram da Alemanha para a Suíça – onde cia da barbárie, Bertolt Brecht (1898-1956) viveu anos na miséria até morrer no exílio. foi buscar na trajetória do astrônomo Galileu Galilei (1564-1642) o subtexto para expressar 39. AS VIAGENS DE GULLIVER, de Jonathan Swift Escritas para um público sedento por comédias suas ideias sobre o comportamento dos intelecsatíricas – o cenário é o Reino Unido do começo tuais diante de uma sociedade repressora. Na do século 18, mais precisamente 1726, quando época, o dramaturgo havia deixado a Alemanha, foram publicadas pela primeira vez em Londres. sua terra natal, e passava uma temporada de exílio na Dinamarca.

40. FINNEGANS WAKE, de James Joyce

O ano seria 2540 d.C. se fôssemos contar o tempo pelo calendário cristão. Mas, no livro, se fala de 632 d.F., ou seja, depois de Ford, pois um novo período na história humana teria sido inaugurado com Henry Ford, o criador das “Demoroso, langoroso, livro das trevas.” Assim linhas de montagem e precursor da moderna Joyce (1882-1941) descreveu o livro ainda sem sociedade de consumo. nome que começara a escrever em 1924 e publicava de forma seriada na revista Transition.

JORNALECO 460 15/01/2015

100 livros essenciais da literatura mundial

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Como Homero na Ilíadia ou Virgílio na Eneida, Luís Vaz de Camões (1524?-1580) buscou no épico, gênero por excelência dos poemas fundacionais de grandes nações, o modelo poético narrativo para contar a história do povo por tuguês. Em Os Lusíadas, publicado em 1572, Camões bebe da fonte clássica literária no auge do classicismo europeu e, usando como mote a descober ta por Vasco da Gama, anos antes, do caminho marítimo para as Índias, traduz em verso toda a história 33. MRS. DALLOWAY, de Virginia Woolf “Mrs. Dalloway disse que ela própria iria com- do povo português e suas grandes conquistas. prar as flores.” Assim começa este romance 42. OS TRÊS MOSQUETEIROS, de Alexandre Dumas de 1925, escrito após um dos vários colapsos “Um por todos e todos por um” era o lema dos ner vosos sofridos pela escritora inglesa Três Mosqueteiros – que na verdade eram quatro Virginia Woolf (1882-1941). A história se passa –, ao lutarem pela justiça e pela honra da coroa em um único dia na vida de uma socialite francesa. O livro homônimo do romancista franlondrina às voltas com os preparativos para cês Alexandre Dumas (1802-1870) foi publicado uma recepção doméstica. em 1844 na revista parisiense Siècle. Cada edição trazia um capítulo da história, que logo se 34. MOBY DICK, de Herman Melville Moby Dick foi um fracasso de vendas quando tornou popular por ser uma aventura nos moldes lançado, em 1851. Herman Melville (1819- dramáticos adorados na época – e até hoje.

1891) tinha então 32 anos e já era autor de 43. RETRATO DE UMA SENHORA, de Henry James cinco romances. O público ficou decepcionado, Hoje em dia é estranho pensar que Henry James porque aguardava a mesma aventura de apelo (1843-1916) já foi um autor popular. Seu ropopular de Typee (1846), baseada na expe- mance The American (1877) foi pirateado na riência do autor marinheiro nos Mares do Sul. Inglaterra. De sua novela Daisy Miller (1879) 35. HISTÓRIAS EXTRAORDINÁRIAS, de Edgar Allan Poe se tomou emprestado o nome da personagemUma mansão envolta em uma atmosfera de título: “daisy miller” passou a designar qualquer mor te ou um gato preto que leva seu dono à jovem americana, ingênua e deslumbrada, em perdição podem ser suficientes para que Edgar férias na Europa no fim do século.

48. OS CANTOS DE MALDOROR, de Lautréamont

O livro Os Cantos de Maldoror foi publicado em 1969, mas de maneira discreta – seu editor temia represálias e processos que poderiam advir de uma obra com tamanho teor de perversão. Zoofilia, pedofilia, homossexualismo e sadomasoquismo são os temas prediletos do microcosmo do autor, que os coroa sempre com uma provocante naturalização da loucura, do imoral, do perverso. O conde de Lautréamont (1846-1870) nasceu no Uruguai, perdeu a mãe aos 2 anos e quase não conviveu com o pai, tendo estudado toda a vida na França.

49. A TARDE DE UM FAUNO, de Stéphane Mallarmé Nascido em Paris, Mallarmé (1842-1898) foi professor de inglês durante mais da metade da vida, profissão que adquiriu estudando e se especializando em Londres.

50. LOLITA, de Vladimir Nabokov “Lolita, luz de minha vida, labareda em minha carne. Minha alma, minha lama. Lo-li-ta: a ponta da língua descendo em três saltos pelo céu da boca para tropeçar de leve no terceiro contra os dentes. Lo. Li. Ta.” Com essa “onomatopeia erótica” e passional, bem ao modelo dos folhetins românticos, Vladimir Nabokov (1899-1977) inicia seu romance mais famoso, Lolita (1955).

O título, assim como o termo “ninfeta”, criado pelo protagonista, foi incorporado ao vocabulário universal. q SEGUE NO JORNALECO 462

“Os 100 livros essenciais da literatura mundial – Saiba o que é importante ler, de Homero a Machado de Assis, para entender a história da literatura” foi publicado em 2011 pela BRAVO!, com texto de Almir de Freitas. Acessada na internet em 12/03/2013, reproduzimos a lista no JORNALECO com alguns cortes, por falta de espaço, mas sem alterações.

Vale notar que da lista do crítico americano Harold Bloom, uma das fontes da BRAVO!, a revista não cita algumas obras, como a versão javista do Gênesis, por exemplo.

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“A cabeça dos outros é um péssimo lugar para ser a sede da nossa felicidade.”

DIAGNÓSTICO Ninguém está livre de sentir uma tristeza profunda diante de alguma perda, de passar por um momento de baixo-astral ou de desânimo passageiro. Mas aqui não estaremos falando desses sentimentos comuns, que fazem parte da vida de qualquer pessoa.

A depressão é uma doença que entra em cena quando o sofrimento vem do nada ou é completamente desproporcional ao motivo que o disparou, se arrastando por meses e até anos. Essa triste realidade abala cerca de 340 milhões de pessoas no mundo — algo entre 2% e 5% da população. O cenário é tão grave que a Organização Mundial da Saúde calcula que em vinte anos a depressão ocupará o segundo lugar no ranking dos males que mais matam. Não à toa: além de comprometer o jeito como a pessoa vê o mundo, a doença afeta a própria saúde física, abrindo caminho para vários outros problemas. Sem falar no risco de suicídio, que atinge entre 15% e 20% dos deprimidos. Ninguém consegue sair desse poço sem ajuda, na base da boa vontade. A boa notícia é que, com tratamento médico, 70% desses pacientes se curam.

O diagnóstico é essencialmente clínico.

O médico suspeita de depressão quando o paciente apresenta quatro ou cinco sintomas clássicos que persistem por semanas. E não espere aquele quadro típico de alguém prostrado na cama. Alguns já ficam atentos para quem simplesmente não sente prazer nas coisas ou não vibra com a vida.

Não há nenhum exame que aponte a depressão, mas o especialista pode pedir testes para afastar doenças como o hipotiroidismo que, sabidamente, pode levar a quadros depressivos. Infelizmente, muitos pacientes ainda custam a reconhecer que precisam de ajuda e muitos médicos ainda acham que a depressão é uma mera consequência de algum outro problema da pessoa.

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SCHOPENHAUER, SOBRE O DESEJO DE SE SER FAMOSO

TRATAMENTO Quem sofre de depressão não consegue levantar a cabeça sem ajuda profissional. De nada adianta insistir que a vítima saia, viaje ou conheça novas pessoas. Mas com um bom acompanhamento a grande maioria delas consegue superar o drama.

As drogas tentam reequilibrar as substâncias em desequilíbrio no cérebro.

As de última geração agem em três neurotransmissores — a serotonina, a noradrenalina e a dopamina. Até pouco tempo atrás a melhor opção eram os inibidores seletivos da recaptação da serotonina. Mas nenhuma delas está livre de efeitos colaterais e a escolha vai depender de cada paciente.

Uma vez iniciado o tratamento, a pessoa (e sua família) deve vencer outro desafio: dar tempo ao tempo, já que os remédios podem levar semanas até surtir efeito. Ao lado dos medicamentos, a psicoterapia é fundamental. Os casos mais brandos podem ser aliviados também com mudanças no estilo de vida, incluindo exercícios leves, relaxamento, meditação e acupuntura. Mas atenção: esses recursos são coadjuvantes e não dispensam os remédios sem o aval do médico.

Laboratório de Análises Clínicas

O barulhar do mar se une a alma Tranquiliza o ser que se divaga Pisa o chão molhado se acalma Beija os lábios de água salgada

Grupo de Adoção Filhos do Coração

SINTOMAS • Tristeza profunda • Falta de prazer • Perda ou ganho de peso • Alterações no sono • Cansaço • Sentimentos de ruína ou fracasso que levam a pensamentos de culpa ou morte • Alterações nas relações sociais • Perda de interesse pelas coisas • Retardo motor, dificuldades de atenção e de memória • Pessimismo exacerbado

APOIO CULTURAL

SOBRE A DEPRESSÃO

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Espera consciente focalizada Na plenitude de quem é sabedor Recebedor alegria concretizada Num verão poético de amor

FATORES DE RISCOS Levando em conta a predisposição genética, os estudos apontam quem é mais vulnerável à depressão: • Quem tem história familiar • Pessoas da raça branca • Quem passou por acontecimentos — como perdas, lutos e estresse — que podem desencadear ou agravar o quadro • Quem tem personalidade tímida, introspectiva e insegura • Gente que teve muitas experiências de fracasso na vida • Mulheres • Gravidez e parto • Pessoas que têm pouco convívio social e relações mais desestruturadas

Tive tantas conquistas vitórias Evoluí em meus conceitos Aqui no mar em sua glória Trago amor e meu respeito!

MICRO CONTO

Editora Abril (2008)

Dr. Everton Hamilton Krás Tournier Graduado e especializado na Universidade Federal de Santa Catarina • Pós-graduado no Instituto Adolfo Lutz de São Paulo • Pós-graduado na Universidade do Sul Catarinense

E-mail: tournier@contato.net

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DIA DE FEIRA

RICARDO GRECHI

A comunidade araranguaense e o governo municipal do prefeito Sandro Maciel, com respaldo da Câmara Municipal sob a presidência de Ozair “Banha” da Silva – que encerrou seu mandato, passando o bastão para o novo biênio ao vereador Rony da Silva –, inauguraram, dia 23 de dezembro de 2014, o Parque Infantil Willian dos Santos Gonçalves. Com diversos brinquedos, incluindo aparelhos para cadeirantes, num belo cercadinho cheio de sombra e dispondo de bebedouro, a obra ficou muito atrativa e bonita.

Durante os primeiros dias de uso, algumas estruturas sofreram avarias.

Conforme informaram os responsáveis pela execução da obra, houve um desacerto nos alicerces, o que seria recuperado.

Nosso primeiro parquinho fora construído por volta de 1968 e reformulado 20 anos depois, e durou até 2013 no mesmo local, transformado hoje numa pequena área para eventos. Retirado o parque, as crianças ficaram um período sem o espaço para brincar no Jardim Municipal. Mas agora pais e filhos poderão novamente se divertir num ambiente especialmente concebido para eles, entre frondosas árvores e muito colorido. (RG)

CAUSAS Não se trata de pessimismo ou de simples cara amarrada. A depressão envolve alterações químicas no cérebro. É certo também que esse desarranjo tem fatores genéticos. Há quem diga que os genes são de longe o fator de risco mais importante.

Na massa cinzenta do deprimido as moléculas responsáveis pelo bem-estar estão em constante baixa — ao contrário das demais pessoas, que enfrentam essa baixa por algum motivo específico e a tristeza some em poucas semanas.

Outros fatores podem empurrar quem tem essa tendência ao fundo do poço: certos remédios, drogas, doenças neurológicas, cardiovasculares, infecciosas e até tumores.

As oscilações hormonais também têm sua parcela de culpa — o que ajuda a explicar por que o problema é duas vezes mais comum nas mulheres e por que costuma aparecer na gravidez e no pósparto, períodos de turbulência hormonal.

FONTE: SAÚDE: É VITAL!

TOURNIER

raranguaense

ARLETE ZANERIPPE

Fone (0**48) 3524-0280 Estr. Geral Volta do Silveira - Araranguá

Pronto o volume 4 de ‘Prata da casa’ Com produção técnica e artística de Marco Aurélio Grechi, que vem adaptando para o áudio textos publicados no JORNALECO, incrementando-os com música e efeitos sonoros, está pronto o volume 4, trazendo: Manoel Costa, Osmar Nunes, Ézio Camilo Rocha, João Kráes Campos, Lino Marcon, Querino Mazzuco, Antônio Duarte, Banca do Felipe, Dodemar de Oliveira, Orivalde Pereira, Barraca do Seu Nereu, “4 de maio” e “O show de um gambá de estimação”.

Adquirira o CD no Mazzuco Foto Som, ou pelo tel. 9633-0760.

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APOIO CULTURAL

Reun. 2as f., 20h - Próx. Igreja Sagrada Família

poética a O MAR

FAZENDA SÃO JORGE

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EDIÇÃO: ROSSANA GRECHI

JORNALECO 460 15/01/2015

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Crianças ganham novo parquinho infantil no Jardim Municipal

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Dr. Elton Grechi de Oliveira CRO/SC 11.149 Especialista em Implantodontia - Especializando em Ortodontia

por VICTOR O.

DE

FARIA

O Sol

nascia no oriente, enquanto a Terra monitorava o gracioso balé da Estação Espacial Internacional. O novo astronauta discutia com seu colega o tipo de alimentação que deveriam cultivar nos meses à frente.

— Abacaxi é bom. Previne reumatismo e ajuda a emagrecer.

— Abacaxi? Tá maluco? Precisamos começar com frutas pequenas!

— A gente deixa crescer só um pouquinho.

— Aham.

De nada adiantaram os argumentos da tripulação. No mês seguinte, lá estava o canteiro de abacaxi plantado próximo ao laboratório.

Era chegada a hora da inspeção mensal.

Aguardaram a transmissão.

— Muito bem, equipe Delta. Como vão as coisas aí em cima?

— Houston, temos um... Abacaxi.

— Abacaxi? Atenção pessoal! Código vermelho! Repito! Código vermelho! Aos seus postos! Unidade dois; traga-me café!

— Não... A fruta!

— Fruta? Cancelem os comandos! Onde já se viu cultivar abacaxi em uma estação espacial?

Olhou para seu colega com um sorriso irônico.

— Que ideia foi essa, cadete? Pode ser perigoso.

— É porque o senhor ainda não viu o pé de chuchu. Esse sim; vai longe.

— O quê?!

Mal sabiam que aquele inusitado experimento serviria às gerações futuras, espalhadas pelo sistema solar e além. z

Dra. Liana Grechi de Oliveira

CRO/SC 11.148

Clínica Geral

Graduados pela Universidade Tuiuti do Paraná - Curitiba/PR n

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