Jornaleco 464 abril 2015

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“Sei o que sei, vivendo!” Amyr Klink

FOI numa noite de insônia que liguei a TV e assisti a uma entrevista com Amyr Klink. Gravei a frase acima tendo em vista o conteúdo da entrevista e a profunda demonstração de contentamento do grande navegador solitário brasileiro em repassar os seus conhecimentos sobre a terra e os oceanos. Logo me veio à mente uma pequena reportagem que li, numa destas revistas semanais já vencidas e expostas nas antessalas dos escritórios e consultórios, se referindo ao lançamento do filme Xingu. O filme pretende reviver a epopeia dos irmãos Villas Bôas — Cláudio, Leonardo e Orlando — nos sertões brasileiros. Mas, o que tem a ver este imbróglio todo: insônia, entrevista de Amyr Klink, revistas, Xingu, os Villas Bôas e Araranguá? De minha parte, quase tudo, já que foram todos estes ingredientes que me levaram a escrever o testemunho do que vi e ouvi, e que considero um fato significativo na história da geração araranguaense dos anos 1950. A insônia me levou a refletir e fazer ecoar, no mesmo desejo e sintonia, a vontade expressa por Amyr. Contar aos menos jovens do que eu (que o sou há mais tempo) aquilo que sei e o que vivi, levando em consideração as minhas limitações. Lembrando da reportagem da revista, fiquei feliz, e “viajei” até a minha infância. Então resolvi contar, para a atual geração, que numa tarde, aqui mesmo na nossa cidade e no saudoso Cine Roxy, estiveram entre nós os irmãos Villas Bôas. Não era muito comum, mas algumas vezes, nós alunos do então Grupo Escolar Castro Alves, éramos levados até o Cine

“Durante as negociações para a criação do parque [Xingu], Leonardo teve que se afastar da expedição por ter se envolvido com uma índia da tribo Kamayurá, fato que chegou ao conhecimento da imprensa e causou escândalo na época. O mais jovem dos irmãos Villas Bôas morreria pouco depois, em 1961, aos 43 anos, devido a problemas cardíacos. Cláudio e Orlando ainda se dedicariam à questão indígena até suas mortes, Cláudio em 1998 e Orlando em 2002” (cinema.UOL)

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JORNALECO

NAS RUAS A PARTIR DE 15/04/2015

ANO 21 • Nº 464 Distribuição gratuita Periodicidade mensal Tiragem: 1.000 exemplares

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H FUNDADO EM 18 DE MAIO DE 1994 H EDIÇÃO E DIAGRAMAÇÃO Ricardo Grechi CONTATO Rossana Grechi DISTRIBUIÇÃO Gibran Grechi, Nilsinho Nunes ASSISTÊNCIA Guaraciara Rezende IMPRESSO NA GRÁFICA CASA DO CARIMBO DE Rosa e Aristides César Machado PRODUÇÃO Nicolas FOTOLITO David PAPEL Toninho IMPRESSÃO Welington, Valdo

UMA PUBLICAÇÃO

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FECHAMENTO DESTA EDIÇÃO: 22/03/2015 20h33

CADERNO CULTURAL

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+ na pág. 12

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REVISTA NÃO IDENTIFICADA, COM ARLETE SALES E GILBERTO MARTINHO EM CABOCLA (1979)

Nosso astro maior CÉSAR DO CANTO MACHADO

“Minucioso na pesquisa e majestoso na realização, Xingu

MUSCULAÇÃO z PILATES STUDIO z X JUMP z POWER SET z ABS z CIA DANCING z PERSONAL TRAINER z NUTRICIONISTA z FISIOTERAPEUTA z PSICÓLOGA

©

Leonardo, Orlando e Cláudio

Roxy para assistir filmes, princi- (Cao Hamburger, 2011) sobretudo reapresenta à plateia palmente quando estes se referiam o gregário, político e pragmático à história ou eram de interesse do Orlando (Felipe educandário. Camargo) e o Assim, fomos levados a ver A idealista, irreduVida de Castro Alves, O Guarani, tível e complicado e um documentário sobre as viaCláudio, que na gens dos irmãos Villas Bôas — história esteve para nós, e na época, ao descoquase sempre à nhecido e bravio sertão do Brasil, sombra do irmão as matas do Xingu. mas ganha, aqui, Acreditem-me, numa tarde de uma excepcional aula “prática” as crianças de interpretação por Araranguá dos anos 1950, muitos parte do ator João Miguel” (Veja). como eu, vimos e ouvimos, pela E Caio Blat faz primeira vez, falar de Brasil Leonardo Central, Selva Amazônica, Ilha do Bananal, índios verdadeiros, bem como do seu verdadeiro relacionamento com Creio na pertinência deste testemunho, os brancos, o “aculturamento” (bem dife- porque registra um acontecimento cultural e raro, protagonizado pelas mesmas pesrente dos livros escolares). No final da projeção de um vasto docu- soas que patrocinaram uma expedição mentário, produzido pela própria equipe desbravadora ao centro-oeste brasileiro e dos irmãos Villas Bôas, Orlando, em pes- que faz parte da história da interiorização soa, fez uma explanação de sua expedição do Brasil, e também para dizer que o Cine e a vida nas selvas brasileiras. Lembro- Roxy, além de ter sido uma sala de prome que ele relatou o detalhe do casamento jeção de filmes para diversão, em muito de um dos irmãos com uma índia, que veio colaborou para a formação cultural de gerações de araranguaenses. z a falecer logo depois. APOIO CULTURAL

ARARANGUÁ, ABRIL DE 2015 • ANO 21 • Nº 464

APOIO CULTURAL

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CLÁUDIO GOMES

JORNALECO alar de GILBERTO MARTINHO, um astro brasileiro, natural de Araranguá, sempre é interessante. Não fosse pela grande importância que ele teve para a arte do Brasil, notadamente para o cinema, o teatro e a televisão, seria, certamente, pela pessoa diferenciada em bondade, simpatia e gentileza. Falo isso “de cadeira” por conta de tê-lo conhecido com mais detalhes, numa belíssima carta que me escreveu em 1973, de próprio punho, com sete páginas em boa caligrafia, no auge de sua bem sucedida carreira. De pronto, muito bem atendido, rendeu-me o artista uma página inteira no jornal O Estado, o mais lido e conhecido periódico catarinense da época, onde atuava como repórter da Sucursal de Tubarão. Gilberto Martinho era assim mesmo: l PÁG. 2

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APOIO CULTURAL

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Av. XV de Novembro, 1807 - Centro - Araranguá SC Tel. 3524-5916 casadocarimbo@brturbo.com.br

Os irmãos Villas Bôas em Araranguá

OS IRMÃOS VILLAS BOAS defendiam a criação de reservas e parques indígenas fechados, que funcionassem como uma espécie de tampão protetor e seguro entre índios e sociedade brasileira. Eles achavam que o processo de integração dos povos indígenas na sociedade nacional deveria ser gradual, de forma a garantir a sobrevivência física, as identidades étnicas e os estilos de vida de cada um daqueles povos.

+ Gilberto Martinho: páginas 4 e 9

A marca do seu parceiro de estrada

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