‘Tarde na Praça Sem Smartphone’ mentes, retrocedemos. Um povo culturalmente relapso, pouco se desenvolve nos esportes. Países com maior índice de desenvolvimento intelectual, como Estados Unidos, Rússia e Japão, são grandes expressões nos jogos olímpicos. No século 20, o Brasil pouco conquistou nas Olimpíadas. Mas em 2004 tivemos nossa melhor participação. Desde então, viemos melhorando a partir dos avanços no país em inclusão social, Educação e motivação cultural. O cinema nacional, por exemplo, que nos anos 1990 produzia uma dezena de filmes por ano, na última década, com o Programa ANCINE de Incentivo à Qualidade do Cinema Brasileiro, aumentou muito sua produção (só em 2014 foram lançados 114 longas). Mas a obra nacional ainda é pouco vista pelos brasileiros, e menos ainda entre nós, que há 20 anos já não temos mais cinema na cidade. Ainda não superamos a indiferença às artes e à preservação dos patrimônios histórico e natural. Não temos sequer uma política de tombamentos e continuamos agredindo o meio ambiente. Parece que em algum momento de nossa história um elo se rompeu. Sem um “conselho cultural”, o Rotary e o Lions locais assumiram o papel de cicerones a partir dos anos 1960, depois a CDL, aumentando sua influência enquanto a cidade crescia, assumiu a boleia, porém adotando o caráter efêmero de produção das agências publicitárias, quando deveria partir da municipalidade a escolha e a difusão das ações e objetos culturais, secundados então, e apoiados, pela iniciativa privada. Se no século 20 construímos nossa cidade para depois destruir a arquitetura então histórica, já no século 21, considerando-se os avanços na obra pública, quase não fizemos mais do que realizar o calendário anual de eventos tradicio-
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NAS RUAS A PARTIR DE 18/08/2015
ANO 22 • Nº 468 Distribuição gratuita Periodicidade mensal Tiragem: 1.000 exemplares
nais e populares para divertir o povo e incrementar o comércio. E quanto à cultura como patrimônio artístico e intelectual da humanidade? Que oficinas de arte em Araranguá? Que exposições? Que peças teatrais? Que música? Que festivais literários? O que resta da arquitetura histórica será preservado? Desde a aquisição do prédio do museu nos anos 1990, o que tem sido feito de essencial? Se o arquivo histórico hoje é bem guarnecido, o teatro pouco tem representado; fundou-se a academia de letras, a banda e o coral continuam passando, mas um magnífico museu de carros antigos instalado em nossa cidade sempre foi relegado pelos governos municipais. Que tal incrementar o “Tarde na Praça” com uma “Tarde na Praça Sem Smartphone”, ou “Tarde na Praça Sem Barulho na Cidade”. Não se esquecendo da liberdade de não fazer nada para apenas estar na Praça. E até sonhar: ah, se resgatássemos o velho Cine Roxy para o entretenimento de sempre, com mostras de cinema brasileiro, cinema de arte e clássicos, e também teatro, música erudita, jazz, MPB. Seria um grande passo para Araranguá mudar o rumo de sua história de depredação patrimonial e carência intelectual, em que tudo parece seguir um cronograma de mercado: pensa-se mais em termos de liquidez e de números do que em perenidade e qualidade. Olhe aquela área banhada ali da “Sanguinha” sendo tragada pela especulação imobiliária: preservada, que magnífico parque natural no centro da cidade não herdaria a geração de aqui a 20, 30 anos! E a área devastada por um loteamento logo ao sul do Morro dos Conventos, com uma estrada que corta o ecossistema com as dunas frontais à praia: por que permitimos aquilo? RICARDO GRECHI
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A cultura não pode mais ser tratada como a cereja do bolo, dizia Gilberto Gil. Ou seja, chega de servir o tema apenas para enfeitar plataformas políticas ou eventos simplesmente festivos, esvaziando-o de seu significado. Através da cultura as pessoas podem voar mais alto, ampliando sua visão do mundo onde vivem e com quem compartilham os espaços, habilitando-as a conhecer melhor as outras pessoas e a aceitar suas diferenças. Sem acesso à cultura, como alguém poderá distinguir produções de massa de obras de artes e fazer escolhas por si mesmo? Por isso, a cultura, como síntese do conhecimento universal e da arte, e provedora do espírito, do caráter e da cidadania — e que até meados do século passado só era acessível à burguesia —, precisa ser oferecida ao povo, levando-se os livros até as suas casas em campanhas especiais, e trazendo mostras de arte, teatro e música dos grandes centros de produção artística para nossa cidade. Historicamente, a vocação de Araranguá é para a agricultura e o comércio. Essas atividades econômicas é que fundamentaram o nascimento do nosso município e a sobrevivência do nosso povo, possibilitando-nos trabalho e renda e uma boa cidade para morar. Mas, para nos estabelecer nesta terra, sacrificamos quase que a totalidade da Mata Atlântica e arruinamos o nosso rio. E ainda continuamos agredindo o meio ambiente, dada a nossa mentalidade regulada pelas atividades desenvolvidas a partir do contexto inicial de sobrevivência. Somos um povo trabalhador do campo e da cidade. O município progrediu muito em infraestrutura nos últimos 20 anos. Mas não evoluímos da mesma forma na área cultural. E até nos esportes, que tanto pode animar como engessar as
H FUNDADO EM 18 DE MAIO DE 1994 H EDIÇÃO E DIAGRAMAÇÃO Ricardo Grechi CONTATO Rossana Grechi ASSISTÊNCIA Guaraciara Rezende, Gibran Grechi, Nilsinho Nunes IMPRESSO NA GRÁFICA CASA DO CARIMBO DE Rosa e Aristides César Machado PRODUÇÃO Nicolas FOTOLITO David PAPEL Toninho IMPRESSÃO Welington, Valdo
MUSCULAÇÃO z PILATES STUDIO z X JUMP z POWER SET z ABS z CIA DANCING z PERSONAL TRAINER z NUTRICIONISTA z FISIOTERAPEUTA z PSICÓLOGA Praça Hercílio Luz, 444 Tel. 3522-1120 9624-8947 UMA PUBLICAÇÃO
ORION EDITORA Calçadão Getúlio Vargas, 170 88900.035 Araranguá - SC - Brasil
CADERNO CULTURAL © Ricardo Francisco Gomes Grechi (reg. nº 99866 - prot. 4315/RJ, de 17/07/1995) FECHAMENTO DESTA EDIÇÃO: 09/08/2015 15h45 Solicite-nos através de jornaleco.ara@gmail.com o recebimento do JORNALECO via e-mail (contendo variações nas amostras, a versão válida será a impressa)
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A construção do trecho de Tubarão a Criciúma, com 56,5 quilômetros de extensão, foi iniciada no início de 1918 e aberto ao tráfego provisório em 1 0 de janeiro de 1919. Em 1923 foi inaugurado o tráfego de passageiros. O trecho de Criciúma a Araranguá, com 35 quilômetros, foi iniciado em 1921 e arrastou-se até 1927, quando foi inaugurado o transporte de cargas. O transporte de passageiros não começou antes de 1930.”
SIGA EM AS CURVAS DO TREM - DORVAL DO NASCIMENTO, UNESC, 2004, P. 34 E 35
ARARANGUÁ, AGOSTO DE 2015 • ANO 22 • Nº 468
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A cultura é uma necessidade imprescindível de toda uma vida, é uma dimensão constitutiva da existência humana, como as mãos são um atributo do homem. Ortega y Gasset / Por cultura entendo a mais intensa vida interior, a de mais batalha, a de mais inquietação, a de mais ânsia. Miguel Unamuno / Tem duas formas, ou modos, o que chamamos cultura. A cultura é o aperfeiçoamento subjetivo da vida. Esse aperfeiçoamento é direto ou indireto; ao primeiro se chama arte, ciência ao segundo. Pela arte nos aperfeiçoamos a nós; pela ciência aperfeiçoamos em nós o nosso conceito, ou ilusão, do mundo. Fernando Pessoa
o que é cultura? e o que eu teNho coM isso? “CULTURA SIGNIFICA CULTIVAR, e vem do latim colere. Genericamente a cultura é todo aquele complexo que inclui o conhecimento, a arte, as crenças, a lei, a moral, os costumes e todos os hábitos adquiridos pelo homem não somente em família, como também por fazer parte de uma sociedade como membro dela que é. Em ciências sociais, cultura é definida como um conjunto de ideias, comportamentos, símbolos e práticas sociais, aprendidos de geração em geração através da vida em sociedade. Na filosofia, a cultura é uma atitude de interpretação pessoal e coerente da realidade, destinada a posições suscetíveis de valor íntimo, argumentação e aperfeiçoamento. Podemos dizer que há cultura quando essa interpretação pessoal e global se liga a um esforço de informação no sentido de aprofundar a posição adotada de modo a poder intervir em debates. Essa dimensão pessoal da cultura, como síntese ou atitude interior, é indispensável. A cultura como antropologia tem como objetivo representar o saber experiente de uma comunidade, saber obtido graças à sua organização espacial, na ocupação do seu tempo, na manutenção e defesa das suas formas de relação humana. Estas manifestações constituem aquilo que é denominado como a sua alma cultural, os ideais estéticos e diferentes formas de apresentação” (adaptado de texto largamente divulgado na internet, do qual não conseguimos apurar o autor).
Segundo o antropólogo Lévi-Strauss, cultura é o “conjunto de sistema simbólico, entre os quais se incluem a linguagem, as regras matrimoniais, a arte, a ciência e a religião. Estes sistemas se relacionam e influenciam a realidade social e física de diferentes sociedades.” Portanto, o alcance e a expressão cultural de um povo traduzem sua capacidade de discernimento ético e artístico para sua compreensão do mundo e de si mesmo. E mais: um povo culto e com acesso à educação de ponta é um povo mais produtivo. Isso é o que a Globo apresentou no Jornal Hoje de 31/07. Comparando operários alemães e norteamericanos a brasileiros, Descaso: casarão antigo na XV, ainda intacto concluiu-se que na foto dos anos 80, aqueles têm e corrompido nos mais capacitaanos 90. ção intelectual Hoje, e, por isso, pronem duzem mais. existe mais. + P. 4 e 12 FOTOS: T. MELO; A. ROCHA
NESTE NÚMERO: z Dois causos de CLÁUDIO GOMES “Os ‘com-culotes’ de Sombrio” P. 2 “Um joia de manezinha” P. 3 z Um texto de ALEXANDRE ROCHA “Domingo de futebol” P. 5 z Outro microconto do VICTOR P. 6 APOIO CULTURAL
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Promotora de Turvo abandona o cargo Nomeada para exercer esse respeitável cargo, uma mulher sem juízo, cujo paradeiro é ignorado, abandonou as funções.
Comerciantes que o povo deve prestigiar O açougue do sr. Aleatar Souza continua vendendo carne verde ao preço anteriormente estabelecido. CORREIO DE ARARANGUÁ (1962) P. 7
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