Jornaleco 480 agosto 2016

Page 1

APOIO CULTURAL

APOIO CULTURAL

TAGS z FLYERS z FOLDERS z CONVITES z PANFLETOS z EMBALAGEM z NOTAS FISCAIS z CARTAZES z CARTÕES DE VISITA z IMPRESSÃO DE LIVROS

Av. XV de Novembro, 1807 - Centro - Araranguá Tel. (48) 3524-5916 graficacasadocarimbo@gmail.com

CÉSAR DO CANTO MACHADO hamo a atenção dos amigos leitores C do nosso sempre bom J para o interessante texto publicado no RepúORNALECO

blica, um dos mais importantes jornais da Capital à época em que ainda era Desterro, quando um curioso visitante anônimo e missivista-redator fez um breve relato de como viu o nosso Araranguá em 20 de abril de 1899, às portas dos 20 anos de emancipação e à entrada do século XX. Demonstrando ser um conhecedor da lida do campo e de ter boas informações do lugar, o narrador curioso e bem informado detalha com precisão o chão araranguaense:

ESTE MUNICÍPIO é um dos mais vastos e também um dos mais ricos pela variedade de seus terrenos. De todos os do litoral ele é o único que possui campos de criação. Estes campos, que se estendem desde o lugar denominado Lombas de Urussanga, que é o limite com o município de Jaguaruna, até o rio Mambituba, têm um comprimento de 14 léguas, sendo de duas léguas o de maior largura. É interrompido de vez em quando por algumas restingas e lagoas, banhados e cômoros. Próximo às dunas o campo não se presta para a criação, mas, à medida em que se afasta, o terreno vai se tornando mais sólido e as pastagens melhores, sendo nas margens das lagoas esplêndidas para os gados cavalar e bovino, não só pela qualidade do capim, como pela grande quantidade do cajueiro gerivá, que é uma excelente forragem. As demais terras do município, próprias para todas as culturas, acham-se ainda cobertas de lindas matas virgens que possuem variedade enorme de madeiras de lei e árvores frutíferas. Sendo um dos municípios maiores do território tem uma população diminuta e muito espalhada. Crítico, realista e atento às dificuldades que enfrentava a população do Vale em seu tempo, o mensageiro do República não deixou de falar do velho e conhecido fantasma dos bancos de areia na barra, deságue do rio Araranguá que vai dar no Morro dos Conventos e que no correr dos anos de sua utilização pelos navegadores causou vários acidentes, muitos com perdas humanas e prejuízos irreparáveis:

JORNALECO

©

PANFLETO CULTURAL

ANO 23 • Nº 480 AGOSTO DE 2016 Distribuição gratuita Periodicidade mensal Tiragem: 1.000 exemplares

O Araranguá é quase todo uma grande várzea por onde corre o rio que dá o nome ao município, rio que, apesar de ser o mais profundo do Estado, não possui barra que preste. Talvez seja ao fato de não ter correnteza, desaguando no meio de uma praia cheia de areias movediças. Muito exposta aos temporais de leste, será difícil conseguir-se uma barra franca para esse rio.

Mas, se a barra não dá saída, creio que o Araranguá, nem por isso, deixará de progredir; pois existe uma estrada de rodagem até a colônia Criciúma, por onde poderão subir os produtos de sua lavoura. De volta à topografia e valorização do solo, minucioso o redator dá destaque aos abundantes aquíferos e à variedade de produtos cultivados por todo lastro de chão araranguaense:

Impressionado com o que vê, o mesmo narrador da Capital ressalta, então, bichos e aves que dão vida e cor ao belo cenário que presencia: A fauna é mais rica que em outros lugares, pois existem animais que todo o resto do Estado possui, e mais o cervo, que só ali existe. Além do cervo há uma variedade de

3 3 3 3 3

www.confidencemonitoramento.com

MONITORAMENTO ELETRÔNICO Av. Cel. João Fernandes, 546 CÂMERAS DE VIGILÂNCIA E CFTV Centro - Araranguá - SC PORTÕES ELETRÔNICOS E VÍDEO-PORTEIROS Tel. (48) 3524-4388 CENTRAL DE ALARMES E AUTOMAÇÃO PATRULHAMENTO MOTORIZADO PREVENTIVO 3 CAPACITAÇÃO E EXPERIÊNCIA

O último trem... Barranca à vista! CÉSAR DO CANTO MACHADO

E, na sequência, o atento apontador mostrou a compensação do lugar indicando por onde poderia ser escoada a farta e variada produção do município, sem maior dificuldade:

Muitas lagoas existem neste município, a maior é a do Sombrio, que tem nove léguas de circunferência. A do Caverá, da Serra, dos Estevão e a de Urussanga são de pouca importância. A maior parte das terras do Araranguá acha-se coberta de matas virgens; além disso, trata-se de um canal que, passando pelas diversas lagoas, liga a Laguna ao Araranguá. O vale desse rio é considerado como o mais fértil de todos os vales do Estado, e com razão. Ali eu vi belas roças de cana, milho e feijão, como nem no Tubarão existem. Atualmente todos plantam a alfafa, que dá de um modo prodigioso.

ARARANGUÁ, AGOSTO DE 2016 • ANO 23 • Nº 480 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA – CORTESIA DOS ANUNCIANTES

centenas de aves voam em todas as direções, refletindo sua passagem nas águas espelhadas. Às vezes aparece entre as tímidas aves uma cabeça chata e arruivada. Estas, ao verem-na, fogem aterradas. É a ariranha – ou a grande lontra das lagoas – que ali veio, entre as pobrezinhas, fazer mais uma vítima para seu sustento. Baixando o pano, o anônimo escrevedor ilhéu revela a inversão de valores, no que se fale de lazer e recreação da época em relação aos nossos dias, onde o que muito se fazia livremente, sem repreensão e sentimento de culpa: Que belo que é o município do Araranguá para os que, como o autor destas linhas, só tem por último divertimento digno a caça, a mais sã e útil de todas as paixões.

Hoje, longe de ser sã e útil, a caça é proibida e conscienciosamente inadmissível. z

H FUNDADO EM 18 DE MAIO DE 1994 H Ricardo Grechi CONTATOS Rossana Grechi ASSISTÊNCIA Guaraciara Rezende, Gibran Grechi, Nilsinho Nunes IMPRESSO NA GRÁFICA CASA DO CARIMBO DE Rosa e Aristides César Machado PRODUÇÃO Nicolas FOTOLITO David PAPEL Toninho IMPRESSÃO Valdo, Welington

Calçadão Getúlio Vargas, 170 88900.035 Araranguá - SC - Brasil

© Ricardo Francisco Gomes Grechi (reg. nº 99866 - prot. 4315/RJ, de 17/07/1995)

FECHAMENTO DESTA EDIÇÃO: 20/08/2016 20h30

EDIÇÃO, DIAGRAMAÇÃO E REVISÃO

UMA PUBLICAÇÃO

ORION EDITORA

Solicite-nos através de jornaleco.ara@gmail.com o recebimento do JORNALECO via e-mail ou visite www.facebook.com/jornalecoararangua

Houve um tempo, lá pelos anos 60 do século passado, quando era bem mais interessante, barato e rápido se chegar a Araranguá, vindo do norte catarinense, a bordo de um dos muitos vagões puxados pela velha e sempre eficiente Maria Fumaça da Estrada de Ferro Dona Tereza Cristina. Era a valente locomotiva num longo comboio composto de dois ou três carros para o transporte de mantimentos, principalmente farinha e lenha, e dos sete, oito e até nove vagões exclusivos para passageiros, aposentos estes classificados em primeira e segunda classes. Da dita classificação, a diferença estava no tipo de assento que oferecia aos usuários; uns de madeira, pintados em marrom escuro – tipo banco de jardim –, e os outros, estofados com boa quantidade de estopa, firmemente revestidos por um resistente vinil, quase lona, em tom verde-azeitona. A curiosidade era o encosto móvel, ora ficando no sentido normal, ora na posição inversa, com os passageiros viajando de costas para a locomotiva. E podiam, ainda, uns ficarem de frente para os outros – de duas em duas poltronas –, situação muito comum quando viajavam em família. Por fora, os vagões de passageiros pintados de vermelho-escuro e fartamente enjanelados, deixavam ver, logo abaixo dessas aberturas, uma extensa faixa em encarnado claro. Com 40 centímetros de largura, ia de ponta a ponta e dava destaque às conhecidas iniciais EFDTC caprichosamente pintadas em amarelo ouro. No teto, um toldo preto, também de vinil, cobria cada vagão, sobrando duas abas nas extremidades, tipo as de boné, pontos onde ficavam as estreitas portas de embarque dos passageiros. Era um pequeno vão de madeira, ao ar livre, espécie de corredor externo, perigosamente junto ao engate que fixava um vagão ao outro. Tudo bem ao melhor estilo dos conhecidos filmes de bang-bang. APOIO CULTURAL

1899 - Araranguá aos 19 anos

tucanos de bico encarnado; sendo no campo tantas as perdizes, que pegam em arapucas como se faz para pegar sabiás e pombas. As lagoas estão sempre com as suas margens cheias de palmípedes e pernaltas. Entre as mais belas existem os cisnes de pescoço preto e as elegantes cegonhas, como também o cor-de-rosa colhereiro e mais o vermelho guará. Pela manhã aquelas lagoas oferecem uma vista encantadora e animada,

or . Foto de Salvad a nos anos 1950 nc rra Ba da o Mais sobre o trem e trem na estaçã Embarque do a Barranca nas páginas 4 e 5

Na frente, a fera. A fogosa locomotiva, fumegando rolos escuros que se perdiam no céu num “café-com-pão-manteiga-não” a todo vapor, abria caminho com seu potente limpa-trilhos trabalhando como abre-alas. Bem maior que um caminhão tanque de combustível, o cilindro da caldeira, que tinha o interior em brasa, era gigantesco e não parava de ser abastecido com boas pazadas de carvão de pedra pelo atento foguista. Ao lado, na mesma superaquecida e apertada cabine, igualmente suando em cântaros, o maquinista timonava com extrema maestria as manoplas e mostradores da veterana guerreira. E, tal qual um “cuco”, de quando em quando colocava a cabeça para fora da minúscula janela para saber como estava se comportando a sua fabulosa serpente de aço.

Por onde se passou antes, de Imbituba até

Tubarão, o melhor e mais atraente registro por lá sempre foi o da passagem sobre a extensa ponte de ferro na localidade de Laranjeiras, em Cabeçudas, lá na histórica Laguna; mas isto, só para os mais antigos, aqueles que nasceram antes de 1934. É que naquele ano foi inaugurada a atual ponte Henrique Lage, ela que até hoje dá passagem para o trem e a todo tipo de veículo, via terrestre. Dali em diante, ou seja, de Tubarão para frente, começava, então, a histórica viagem rumo ao sul, num trajeto de 91 quilômetros até alcançar a última estação da linha, ou seja, a da Barranca, em Araranguá. Neste lugar, desde 1927, o longo par de trilhos finalizava o trajeto empinando-se em mais de um metro de altura para o céu – como uma rampa de skate – e como se, de braços abertos, estivesse a saudar a chegada dos viajantes. p. 2

s

A marca do seu parceiro de estrada

POSTOS IRMÃO DA ESTRADA DISK FONE (0**48) 3524-0071

VISITE O RELICAR. Aberto ao público de segunda a sábado, ou com hora marcada para eventos especiais. O MUSEU DO AUTOMÓVEL fica na Cidade Alta - Araranguá

FORD F-600 1960


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.