“Não sei o que é que eu estou fazendo aqui na Santa Rosa” por Cláudio Gomes CASOS E CAUSOS QUE O POVO CONTA
A HISTÓRIA DA EVOLUÇÃO do atendimento na saúde pública contou, e muito, com um personagem bastante conhecido, especialmente nas cidades do interior do Brasil: o farmacêutico prático. Como havia muito poucos médicos, em quase todos os municípios brasileiros era comum e aceitável que o profissional proprietário de farmácia fizesse às vezes de médico. Era muito comum que qualquer pessoa atingida por todo tipo doença, acidente, ou outra necessidade de saúde, se dirigisse logo para os cuidados de um farmacêutico. O farmacêutico daquela época era apenas o proprietário do estabelecimento comercial. Com o passar dos anos e pela prática diária de atender as necessidades de saúde da população, conseguia prover o básico na saúde da população. Em Araranguá, por exemplo, o livro Histórias do Grande Araranguá, do padre João Leonir Dall’Alba (Orion, 1997), traz, entre vários personagens da história do Grande Araranguá, a figura especial do conhecido farmacêutico Altícimo Tournier. Entrevistado, ele contou que realizou vários tipos de pronto atendimento médico, procedendo inclusive pequenas cirurgias. Um verdadeiro Pronto Socorro, como denominaríamos hoje. No Sombrio não era diferente. Lá estava estabelecido o competente farmacêutico Álvaro Silveira. Com a mesma dedicação à população necessitada de saúde e com o mesmo desprendimento, o seu Álvaro
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passava seus dias em sua farmácia fazendo o que podia e que julgava necessário para bem atender o povo sombriense. A sua dedicação foi de tal estatura, que o seu Álvaro ganhou a simpatia e a fama de bom profissional e de boa pessoa. Conseguiu certa notoriedade rivalizando, pelo menos em Sombrio, ao seu companheiro de Araranguá, o seu Altícimo, que era seu amigo, além de conhecidíssimo e respeitado por todo o Vale. O farmacêutico seu Álvaro não era uma pessoa culta, mas era bem disposto e autêntico e não tinha, no dizer do dito popular, papas na língua. Com o início da regulamentação do comércio farmacêutico e dos profissionais de farmácia, houve uma convocação geral para que todos os proprietários se apresentassem em Florianópolis, a fim de receberem instruções. Um grande número estava presente. Com o auditório lotado, houve muitas discussões e discursos. O seu Álvaro, a certa altura, não se conteve e pediu para falar. Iniciou seu falatório se apresentando com muita empolgação: — Porque nós, os doutores... Né, seu Altícimo... Conta-se que houve uma estrepitosa gargalhada. Mas a maior façanha do seu Álvaro foi ser candidato à Câmara Municipal de Sombrio.
O conhecido farmacêutico não era dado a viajar para o interior do município. Agora, como candidato, tinha necessidade de visitar quem sempre lhe visitou. Era necessário ir em busca de votos para se eleger ao cargo a que se propôs. Era difícil de assimilar estas visitas, mas era de sua obrigação. Seu partido agendava as reuniões e os comícios e levava, a contragosto, o pobre candidato. Naquele dia, aproveitando o domingo, haveria comício em Santa Rosa do Sul, na época, um distrito. Após um almoço oferecido pelos correligionários do distrito, haveria os discursos de cada candidato. Com boa frequência, a praça estava lotada e todos ansiosos para ouvir o que os políticos tinham para transmitir. Primeiro, falaram os políticos mais conhecidos do povo. Chegou, então, a vez do seu Álvaro, que já estava aborrecido de tanto esperar por sua oportunidade de falar. A essa altura e sem se preocupar com candidatura, resolvendo por para fora o que realmente sentia no momento, iniciou o seu discurso dizendo: — Povo da Santa Rosa!... Gente da Santa Rosa!... Nunca vim na Santa Rosa!... Nunca gostei de ir a lugar nenhum do interior!... E arrematou com a frase que selou o fracasso de sua campanha para a câmara de vereadores do município de Sombrio: — Não sei o que é que eu estou z fazendo aqui na Santa Rosa!
Com boa frequência, a praça estava lotada e todos ansiosos para ouvir o que os políticos tinham para transmitir.
H FUNDADO EM 18 DE MAIO DE 1994 H
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Arr0i0 d0 Silva Uma história pra c0ntar A ideia de escrever um pouco da história, fatos e “causos” do Balneário Arroio do Silva surgiu de um bate-papo de verão, lá, em 1995, à sombra de aconchegante alpendre, quando apreciávamos a movimentação da rua principal da praia. Aí, meu irmão Osíris e eu rememorávamos o Arroio que conhecemos e vivemos nos anos 60, que todos chamam de Anos Dourados, quando a praia, ainda muito bucólica e inocente, recebia somente veranistas de Araranguá e nossos velhos sócios e vizinhos gaúchos, que não nos deixam desde o primeiro veraneio. Ouvi muita gente, consultei muitos documentos e arrebanhei muitas fotos. Em cada palavra, em cada imagem e em cada pedacinho de papel recuperado senti a emoção e a alegria dos entrevistados ao rememorarem seus bons tempos no eterno Arroio, sempre a traçar paralelos com o momento atual. Nostálgicos, não poucos sutilmente liberaram lágrimas de saudade, mas, em seguida, claro, abriram um sorriso de satisfação por ainda poder contar suas histórias. E eu, no meu tempo e espaço, vivi a mesma emoção, acrescida da alegria maior – talvez privilégio, de poder reproduzir a história de todos num único ensejo, nas páginas de um livro. E daí surgiu “Arroio do Silva - Uma História Pra Contar”, um trabalho que em seu formato original – ainda não editado – vem com mais de cem páginas e, de onde, de forma bastante simples, foram pinçados alguns tópicos e transportados aqui para o J ORNALECO, parte que é oferecida aos leitores como um aperitivo do rico e minudente conteúdo da obra completa. Minha proposta é colaborar no resgate de um pouco da memória de um lugar que, pela sua importância, sem muita demora, há de se buscá-la ainda com mais intensidade. ○
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CAPÍTULO
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Um pouco da história Confundindo-se com a própria história de Araranguá, e que um dia foi “Capão da Espera”, o Balneário Arroio do Silva, ao nascer, teve, em diferentes épocas, os nomes de “C APÃO DA E NTRADA ” e “C APÃO DA MANGUEIRA”. Eram tempos em que o modesto “Arroio” ainda não sonhava ser um dos mais movimentados recantos litorâneos de Santa Catarina. Até ali, moravam na praia do Arroio do Silva apenas pescadores nativos ou pioneiros desbravadores de dunas que, à beira-mar, buscavam o sustento de seus familiares. Chegando mais cedo, tiveram o privilégio de escolher melhor o chão para suas casas, longe dos atropelos das grandes comunidades APOIO CULTURAL
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César do Canto Machado
em processo de franco desenvolvimento em vários pontos. Vivendo basicamente da pesca, os moradores da “Praia do Arroio” logo se mobilizaram e fundaram a “COLÔNIA DE PESCA Z-14”, uma das primeiras organizações do gênero registradas na Capital, administrada em Araranguá por BONIFÁCIO SOARES (BONIFÁCIO SARDINHA), em 1922.
O nome da praia Já naquela época, pouco se sabia acerca da verdadeira origem do topônimo Arroio do Silva, atribuído ao principal balneário araranguaense. Havia, no entanto, sobre ele algumas versões, três delas com maior ênfase: 1) A da instalação de uma FAMÍLIA SILVA, de origem desconhecida, que teria
Moças, crianças e casinhas ao sol da boa e velha prainha se fixado no lugar chamado PEDREIRA, então conhecido por CAMINHO DO ARROIO ; 2) A presença bem cedo no lugar do abastado comerciante de Araranguá, PROCÓPIO CAETANO DA SILVA; 3) DORILDA SILVA admite que o nome vem de seus avós JOÃO ANTERO E LUIZA S ILVA , que ali viveram antes de seu povoamento. Ela diz ser parente de S ERAFIM S ILVA , conhecido músico de Araranguá, falecido em 1930. Corre ainda a informação de que o nome tenha origem na visita de D. JOSÉ C AETANO DA S ILVA , Bispo do Rio de Janeiro, em 1816.
Primeiros moradores Dos pioneiros e isolados moradores do Arroio do Silva, o que mais ficou conhecido foi o exótico e misterioso JANGA DA PRAIA, também identificado por alguns como JANGA B AIANO, por ter pele escura, porém sem traços da raça negra. Sobre seu verdadeiro nome, nunca se soube, nem mesmo sua procedência. Foi o primeiro a chegar para ficar. E J ANGA B AIANO deixou o Arroio do Silva tão misteriosamente como aparecera, tomando rumo ignorado. Abandonou a modesta casa que, aos poucos, foi tomada pela areia da praia até ser soterrada por inteiro. Distante alguns quilômetros do excêntrico nordestino, viveu na mesma época PERCILIANO MACIEL, que mesmo assim era o vizinho mais próximo do misterioso JANGA BAIANO. Outro homem de modos e costumes pouco comuns aos meios urbanos. p. 2
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