Jornaleco 482 outubro 2016

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Ciro Bacha

Quem me dera agora eu tivesse... uma viola ou um cartão de crédito? RICARDO GRECHI

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iz um velho clichê que o homem se realiza quando tem um filho, planta uma árvore e escreve um livro. Isso tem a ver com a experiência de acompanhar o crescimento de uma vida e de dar forma a um produto do espírito. Mas produzir filhos e livros não são vocações maiores. Sócrates e Jesus não escreveram livros nem tiveram filhos. E quanto a plantar árvores, um homem pode ser medido antes pelas árvores que preserva, assim como uma pessoa conta mais pelas vidas que ajuda a manter – a vida planetária, em sua totalidade – do que pelos filhos que põe no mundo. Todos os animais geram filhos para a perpetuação da espécie. Mas os humanos são os únicos que transcendem as funções básicas da manutenção da vida para a expansão da consciência. Ser pai ou mãe como fonte de vida é um atributo biológico que as pessoas podem escolher realizar ou não. Mas ser pai ou mãe como fonte de luz de outras vidas vem de se construir uma relação de amor e amizade, o que grande parte não consegue. A principal função da mulher não é ser mãe, como queria Hitler ao fundar a religião nazista e como querem os religiosos fundamentalistas, advindo daí a ideologia que prega a submissão feminina. Ser mãe é uma coisa que a mulher também pode ser. Também – e não sobretudo. A maior realização do espírito humano é autoconhecer-se plenamente com suas particularidades sensitivas, cognitivas e criativas. Portanto, ser humano em ato é descobrir-se, projetarse e realizar-se como ser social, religioso, artista, filósofo, político e cientista. Quando alguém começa a conhecer-se, descobre o sentido da vida na força do

JORNALECO

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PANFLETO CULTURAL

ANO 23 • Nº 482 OUTUBRO DE 2016 Distribuição gratuita Periodicidade mensal Tiragem: 1.000 exemplares

amor que encontra dentro de si, e daí passa a aceitar-se e aos outros com suas diferenças. O medo desaparece e com ele a mentira, a inveja, a avareza, o preconceito, o ódio e a violência. Nos últimos tempos, o Brasil conquistara grandes avanços éticos e sociais. Redução da pobreza, paridade de gêneros, respeito aos homoafetivos, ampliação dos acessos à universidade. Mas regredimos brutalmente a partir de um processo que violentou a nossa democracia com um impeachment forjado, implantando ideologias reacionárias RG nas consciências e fortalecendo os movimentos das ditas bancadas dos BBB – da Bala: que prega “que bandido bom é bandido morto”, ignorando ou suprimindo que somente com ações efetivas nas áreas da Saúde e da Educação com inclusão social e investimentos na qualidade da Segurança se reduzirá a violência e o crime; da Bíblia: a bancada evangélica de fundamentalistas que não aceita a mulher com igualdade de direitos, nega a legitimidade na variedade de gêneros sexuais e combate a liberdade religiosa e intelectual; e do Boi: a bancada ruralista dos latifundiários que odeiam os índios, os sem-terra, os militantes da reforma agrária e os ecologistas. É o fascismo propagado das tribunas do congresso e púlpitos de pregadores fanáticos perseverando como uma hidra de sete cabeças a dominar a mente e o coração do cidadão. Por sua vez, afetados pelos discursos reacionários e a pregação dos profetas

do mercado, os pequeninos “burgueses” surgidos da bonança de anos recentes, e que um dia lutavam por justiça social, agora só pensam na manutenção de privilégios, quando possuem um ou dois carros, têm filho em escola particular, frequentam academias e clubes, têm plano de saúde. A defesa dos excluídos e a ecologia já não são mais vitrines fashion. A tendência se reduz a garantir a prosperidade e os contratos da “classe”, dentro do espírito capitalista de consumo como fonte de status, e a eximir-se das responsabilidades humanitárias, esquivando-se dos problemas sociais que atingem os mais vulneráveis, com uma postura cada vez menos solidária e mais propensa à segregação. Inconscientemente, o aspirante a burguês não deseja a ascensão das classes inferiores que ameace o seu status na ostentação de poder – que está em eu possuir uma TV que a maioria não pode adquirir e se desfaz quando “qualquer um” viaja no mesmo avião que eu, por exemplo –, antipatizando com políticas públicas que priorizem projetos inclusivos e ações para aumentar a renda dos mais pobres, mesmo que a classe “ameaçada” também se beneficie. E assim, o fiel seguidor de um implacável deus mercado teme perder os favores do divino conservadorismo e a esperança de possuir as infinitas graças que o mercado oferece. Seu inferno é não alcançar a felicidade que os profetas do capitalismo e os anjos publicitários prometem. Agora mesmo, basta possuir certo produto que um Edu qualquer será “o maior Edu de todos os tempos”. É só ter, em vez de uma viola pra cantar, um cartão de crédito pra comprar. z

H FUNDADO EM 18 DE MAIO DE 1994 H

UMA PUBLICAÇÃO

EDIÇÃO, DIAGRAMAÇÃO E REVISÃO Ricardo Grechi CONTATOS Rossana Grechi ASSISTÊNCIA Guaraciara Rezende, Gibran Grechi, Nilsinho Nunes IMPRESSO NA GRÁFICA CASA DO CARIMBO DE Rosa e Aristides César Machado PRODUÇÃO Nicolas FOTOLITO David PAPEL Toninho IMPRESSÃO Valdo, Welington

ORION EDITORA

© Ricardo Francisco Gomes Grechi (reg. nº 99866 - prot. 4315/RJ, de 17/07/1995)

Calçadão Getúlio Vargas, 170 88900.035 Araranguá - SC - Brasil jornaleco.ara@gmail.com

Leia as edições do JORNALECO em https://issuu.com/jornaleco ou www.facebook.com/jornalecoararangua FECHAMENTO DESTA EDIÇÃO: 17/10/2016 15h50 É permitida a reprodução de nossos textos originais desde que citados devidamente o autor e o JORNALECO como fonte da publicação.

No CAPÍTULO 2, César do Canto Machado aborda as diversões, as “zonas”, hotéis e restaurantes como o de Antonio Quirino Nunes, à frente na foto. P. 6 E 7

JORNALECO ARARANGUÁ, OUTUBRO DE 2016 • ANO 23 • Nº 482 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA – CORTESIA DOS ANUNCIANTES

P. 8

Falecimento do padre Antônio Luiz Dias Recorte de um antigo jornal da Capital registra a morte de Pe. Antônio em Florianópolis, em 1949, informando outros dados acerca de sua vida e de seu sacerdócio. P. 8

A siderúrgica e o porto em Araranguá O jornalista Ernesto Grechi Filho vivenciou o desenrolar da possível implantação da siderúrgica catarinense em Araranguá, com a construção de um porto, registrando os diversos lances no Correio de Araranguá, nos anos 1960, e 17 anos depois, no O Sul, avaliando que a perda foi positiva. P. 3 E 5

ELEIÇÕES MUNICIPAIS 2016

Com a aprovação popular de seus dois mandatos (2005-2008 e 2009-2012), Mariano Mazzuco obtém uma vitória contundente à prefeitura de Araranguá para o governo 2017-2020 RESULTADO DA ELEIÇÃO PARA PREFEITO EM ARARANGUÁ CANDIDATOS

VOTOS

Mariano Mazzuco (PP) Primo Megalli Junior (PR)

PREFEITO ELEITO VICE-PREFEITO

20.719 55,16% FOTOS DIVULGAÇÃO

Anisio (PMDB)/Rony da Silva (DEM) 11.903 31,69% Beto Coan (PTB)/Luiz da Farmácia (PTB) 3.291 8,76% Chico (PT)/Amater Casagrande (PT) 1.651 4,40%

Balneário Arroio do Silva aposta na renovação e Mineiro vence pleito com larga vantagem RESULTADO DA ELEIÇÃO EM BALNEÁRIO ARROIO DO SILVA CANDIDATOS

VICE-PREFEITO

VOTOS

Mineiro da Farmácia (PSD) Carlos Scarsanella (PSD)

PREFEITO ELEITO

4.615 57,17%

Fernando Borges (PP)/Vera Vítor (PMDB) 3.458 42,83% APOIO CULTURAL

POR

anotou os jogos e a artilharia da temporada do G.E.A. em 1950. Quitandinha foi o goleador com 16 gols.

ACERVO JO RNALECO

Av. XV de Novembro, 1807 - Centro - Araranguá Tel. (48) 3524-5916 graficacasadocarimbo@gmail.com

A propaganda na TV apresenta um tal Edu como o maior Edu de todos os tempos. O que ele fez? Comprou uma novidade tecnológica qualquer. E eu pensava que o maior Edu de todos os tempos fosse o Edu Lobo, autor de clássicos como “Ponteio”

CAMPANHA DO GRÊMIO E.A. EM 1950

Mariano Mazzuco Neto, filho de Onélia e Giácomo Mazzuco, nasceu em Araranguá a 28 de novembro de 1950. Empresário, iniciou sua vida política em 1982, já como nome postulado ao governo municipal. Em 1992, concorrendo a prefeito, perdeu por margem mínima de votos para Neri Garcia. Elegeuse em 2004 (13.554 votos) numa disputa acirrada com Alveri de Sá (11.525) e Sandro Maciel (9.111). Reelegeu-se em 2008 em outra eleição histórica: 19.631 votos contra 16.208 do ex-prefeito Primo Menegalli, de quem fora vice nos dois mandatos (19972004). Na eleição de 2 de outubro deste ano, formando chapa com Primo Junior, elegeu-se com quase o dobro de votos sobre Anisio Premoli, o segundo colocado. Agora, Mariano está pronto para entrar na história como o governante de mais tempo no poder municipal depois do coronel João Fernandes de Souza (n.1855-fal.1929), que governou Araranguá por 28 anos (superintendente de 1894 a 1898 e de 1903 a 1926). Juscelino da Silva Guimarães, conhecido como “Mineiro”, nasceu em Porto Firme, interior de Minas Gerais, no dia 18 de junho de 1956. Chegou ao Balneário Arroio do Silva no final dos anos 1980, onde desde então está radicado com a família no ramo farmacêutico, tornando-se um cidadão muito popular e grande apoiador de eventos esportivos e culturais. Estreante na disputa a cargo político e apoiado por Evandro Scaini, atual prefeito, venceu o pleito deste ano com larga vantagem na contagem dos votos. (RG)

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