Jornaleco 487 março 2017

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L. V. E COMENTA... no ‘Correio de Araranguá’ Promotor público nos anos 1960 em Araranguá, o florianopolitano Lourival Vaz escrevia, com minúcias, numa época de poucos recursos visuais, sobre a sociedade e a cultura da nossa região

O jornal Correio de Araranguá teve sua primeira edição lançada em 23 de por RICARDO GRECHI

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137 anos de Araranguá emancipado ARARANGUÁ, MARÇO DE 2017 • ANO 23 • Nº 487 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA – CORTESIA DOS ANUNCIANTES

Depoimento de Sálvio Amaro, em 1994, para o livro Histórias do Grande Araranguá, do padre João Leonir Dall’Alba (Orion, 1997):

intitulando o artigo de “Meu tipo popular”). Os dois textos, com outros similares, hoje são preciosos artigos da nossa crônica urbana e já foram republicados aqui no J ORNALECO ). Irê Gutierrez, Neuza Aguiar, Altair Acorde, Enevaldo Souza, Enio Frassetto (com notícias de Jacinto Machado) e, ainda, o Osmar, escreviam nos últimos tempos do jornal, sempre com o Ernesto à frente. O Correio de Araranguá encerraria sua história de 15 anos em 1975, mas a Gráfica Orion consolidou-se e seguiu adiante, até fechar sua oficina em junho de 2000, com o J ORNALECO , criado em 1994, continuando sua tradição jornalística e editorial. Usavam-se muitos pseudônimos: Willi, Demétrius, K. Veirista, Marcus (alter ego lírico do editor), e títulos criativos como “Fazendo um veneninho” (coluna anônima do editor) e “L. V. e comenta...”. O Dr. Lourival Vaz estreou sua coluna no Correio de Araranguá nº 14, de 25/09/60, com o citado texto da Caridad, e despediu-se no nº 77, de 03/ 02/63, numa página inteira onde ele anotou, entre outras coisas — “Correio

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de Araranguá, nosso jornalzinho, está gravemente doente! Um grande mal lhe aflige. Sofre pela falta de dinheiro, de colaboração, de incentivo” — “Brevemente será inaugurado nesta cidade o moderníssimo Bar Quitandinha” — “O Hotel dos Viajantes, do nosso amigo sr. Carneiro, acaba de instalar, em sua ampla sala, um restaurante” — “Cine Roxy apresenta... seu programa quinzenal. Hoje: O sol por testemunha, com Alain Delon; [e, de 4 a 15 de fevereiro, um a cada dia, os seguintes:] Torturado pelo destino; Sócio secreto, com Stewart Granger; Decisão de um homem; Assassinos a sangue frio; Aos dezessete anos não se chora; O Gavião; Tempestade; Orquídea Negra, com Sofia Loren; Libertador de índios; Assassino nº 1; Depois do vendaval [1952, de John Ford, hoje um clássico], com John Wayne e Maureen O’Hara; e Corrida da morte”. Em 21 de abril de 1963, o Correio de Araranguá anunciou a transferência de Lourival Vaz, até então Promotor Público da Comarca de Araranguá, para o município de Mafra, perdendo, assim, seu requintado colunista social. H FUNDADO EM 18 DE MAIO DE 1994 H

ANO 23 • Nº 487 • MARÇO DE 2017 Periodicidade mensal - Tiragem: 1.000 exemplares Fechamento desta edição: 21/03/17 (corrigida 18/04) E-MAIL:

© Ricardo Francisco Gomes Grechi (reg. nº 99866, prot.4315/RJ de 17/07/1995)

Av. XV de Novembro, 1807 - Centro - Araranguá Tel. (48) 3524-5916 graficacasadocarimbo@gmail.com

Leia as edições do JORNALECO em https://issuu.com/jornaleco ou www.facebook.com/jornalecoararangua UMA PUBLICAÇÃO

ORION EDITORA Calçadão Getúlio Vargas, 170 88900.035 Araranguá-SC Brasil

Nasci em 1918, em Araranguá, cidade onde cresci, trabalhei e me aposentei. Sou, pela justa Eu razão, genro do Coronel João sou Fernandes, já que casei com a um neta criada por ele, Amélia homem Fernandes Luchina. Ela era filha modesto, de Ernesto Antonio Luchina e mas Francisca Luchina. A Francisca olha: era filha legítima do Coronel João Fernandes e mãe de minha primeira esposa, já falecida. O Coronel era um homem calmo, mas muito rígido. Foi um chefe político respeitado e muito procurado pelos moradores do grande município que era Araranguá, nas épocas de seus mandatos. Eu entrei para a prefeitura no mandato do então prefeito Caetano Lummertz. Trabalhei nesta imensa região inteira como intendente. As viagens eram feitas a cavalo, o que, pelo fato TADEU SANTOS da enorme região, era uma missão difícil. Era difícil encontrar um goleiro como Conheci a maioria dos prefeitos de eu, que jogasse tanto e gostasse tanto Araranguá. Só que não tive contato da posição. Muitos vieram comprar com os que assumiram antes de eu meu passe para outro clube, mas o nascer. Mas como o Coronel João prefeito não permitia e naquele Fernandes ficou muitos anos no tempo não se dava muita atenção poder, inclusive antes de eu nascer para isto, porque financeiramente e depois, então pude conhecer os também não valia a pena. Hoje é que outros que vieram depois. o futebol se profissionalizou muito. Quando entrei, fui prestigiado pelo Ainda trabalhando na prefeitura,

me envolvi muito com as bandas musicais. Sou, aliás, conhecido como músico. Muitos, ao se referirem às bandas, costumam dizer “banda do Sálvio Amaro”. Isto porque desde os meus 15 anos venho tocando em bandas.

O maestro Sálvio Amaro Hoje, com muito prazer, ainda participo desta nova que está aí, com músicos mais novos, o que faz com que a gente também se renove. No início tocava clarineta, depois experimentei o sax alto e outros instrumentos, mas a clarineta, na verdade, foi o instrumento a que mais me dediquei. Atualmente estou aposentado. Até, curiosamente, entrei na prefeitura quando nasceu o Osmar Nunes. Este, posteriormente, foi prefeito e foi ele quem me aposentou, em seu mandato. Há muitos anos moro na Lagoa da Serra, onde cultivo amendoim, melancia, milho, criação de alguns animais e pesca de cará. Gosto muito daqui. Araranguá é uma cidade maravilhosa, onde tenho muitos amigos. Sempre que resolvo andar pelo centro, não dou conta de conversar com tantas pessoas. Faço questão das amizades, isto é uma coisa muito importante. z

jornaleco.ara@gmail.com

EDIÇÃO, DIAGRAMAÇÃO E REVISÃO Ricardo Grechi CONTATOS Rossana Grechi ASSISTÊNCIA Guaraciara Rezende, Gibran Rezende Grechi, Nilson Nunes Filho IMPRESSO NA GRÁFICA CASA DO CARIMBO DE Rosa e Aristides César Machado PRODUÇÃO Nicolas Nazari Machado PREPARAÇÃO DO FOTOLITO David Machado Fernandes CORTE Toninho Abel IMPRESSÃO Valdo Martins

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futebol que apresentava. Diziam que eu era muito ligeiro. Fui titular 18 anos em Araranguá, inclusive no famoso Grêmio Esportivo Araranguaense.

É permitida a reprodução de nossos textos originais desde que citados devidamente o autor e o JORNALECO como fonte da publicação.

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abril de 1960. Seu fundador foi o Dr. Wladinir Luz, que batizou o jornal inspirando-se no Correio do Povo, um dos maiores jornais do país à época. O médico convidou o empresário Ernesto Grechi Filho para ser o redator (adiante, Grechi também será correspondente regional do jornal gaúcho). Os dois adquiriram uma pequena tipografia do Afonso Ghizzo e tocaram o jornal, que teria Hervalino Campos como gerente de vendas. Na parte gráfica, os maiores responsáveis foram o Waldomiro, no início, e o Nei, que participou da sua produção durante quase todo o tempo de vida do quinzenário, até o seu último número (292), em 31 de maio de 1975. O Wladinir se desligou algum tempo depois, e o Ernesto ficou com a gráfica e tocou o jornal até o fim, revelando-se o nosso jornalista mais prolífero, escrevendo depois para diversos jornais de Araranguá e região. Entre as diversas colaborações, conta-se Hilário Freitas, Joaquim Dias, Aimberê Machado, Cláudio Pacheco. Ainda nos anos 60, além do próprio Ernesto, que redigia a maior parte dos textos, seus principais colaboradores foram: Gilson Soares, com a coluna esportiva, Osmar Nunes, que escrevia notas políticas e sociais (em 1964, ele publicaria seu primeiro jornal próprio — O Sul), Nilson Matos Pereira e Lourival Vaz, colunista social (sua primeira matéria, que encontramos assinada com “L.V. e comenta...”, é de 25 de setembro de 1960, sobre Caridad Larroyd: “Meu tipo inesquecível” (parece que Lourival serviu-se da ideia do Wladinir, que em edição anterior escrevera sobre o mendigo Campolino,

CA 14/5/1961

No J.371, de 1º de maio de 2011, Clóvis Fantin deixou anotado sobre o maestro Sálvio Amaro: “Ele foi uma das figuras mais ilustres e importantes no campo musical de Araranguá. Sob sua batuta, centenas de apresentações foram realizadas, em especial no antigo coreto. Sálvio Amaro Pereira nos deixou aos 92 anos, a 19 de março [2011], mesmo dia em que o ex-vice-presidente José de Alencar partiu”.

O CLUBE QUE FAZ PARTE DA NOSSA HISTÓRIA Av. XV de Novembro, 2030 - Centro - Tel. (48) 3522-0447 gremiofronteira.com.br facebook.com/gremiofronteiraclube


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