Jornaleco 488 maio 2017

VICENZO BERTI

Texto RICARDO G RECHI

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ispensando os acessórios dos festerês dominados pela indústria da cultura de massa com seus sertanejos universitários, o Governo Municipal de Araranguá, através da Secretaria de Educação, Cultura e Esportes, ofereceu ao povo araranguaense um evento digno da comemoração dos 137 anos da emancipação político-administrativa do município e da reabertura do Museu Histórico de Araranguá.

No lugar dos acessórios industriais, explorou-se o fundamental da nossa cultura. No lugar de buscar seduzir uma multidão com efemeridades da mídia, preferiu-se exaltar as consciências, oferecendo à população o que ela mesma tem de melhor e que realmente importa para estabelecer sua identidade e construir sua história, refletindo sobre o que somos e com o que contamos para projetar um futuro melhor para nossos espaços, nossas coisas e nossa gente.

Viva Bepe Salvador! Viva a banda e o coral! Viva nossos artistas, músicos, escritores! Viva nosso museu e a memória que guarda! Viva Araranguá! Parabéns à diretora do Departamento de Cultura Micheline Vargas de Matos Rocha, à sua equipe, e a todos os envolvidos na realização do evento que aconteceu na noite de 3 de abril, no Centro Cultural de Araranguá, com uma programação exemplar pela simplicidade, grandeza e sensibilidade, amparando um novo paradigma a preservar a cultura e as artes locais frente à globalização homogeneizadora e à massificação das mídias.

As exposições fotográficas “José Genaro Salvador: 100 Anos – Lente que conta a história de Araranguá” e “Memória da Praça” e a exposição arqueológica “Eles antes de nós” permanecerão abertas para visitação até 3 de agosto.

O prefeito Mariano Mazzuco Neto fez um discurso conciso, demonstrando preocupação com a cultura local e intimidade com o grande homenageado, o “seu Bepe”, além de enaltecer a importância da Educação em nossa cidade como polo universitário emergente.

VICENZO BERTI

VICENZO BERTI

JORNALECO

APOIO CULTURAL

A comemoração dos 137 anos da emancipação política e a reabertura do Museu Histórico de Araranguá

ARARANGUÁ, MAIO DE 2017 • ANO 23 • Nº 488 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA – CORTESIA DOS ANUNCIANTES

NESTA EDIÇÃO 90 anos de Dodemar Oliveira 2 JO: Atalaia do Sul de 1921 3 Iracy Luchina no ‘History’ 4 CA: “Banha fraca” 5 Poética Araranguaense 6 Seu Toninho, benzedor 7 A Zündapp 1937 do Bepe 8 Arte no Ensino Médio 9 A epidemia do crack 10 Racismo na Antiguidade 11

HELEN BECKER

Linda, Bete Salvador e Micheline posam junto a máquinas fotográficas e negativos de vidro de Bepe Salvador nos preparativos do evento.

SUL FASHION

Jun 2016 - nº 478 z Cap.10 de Os Diários

de Bernardino / A. Rocha z Discursos na prevenção de drogas / R. Grechi Jul 2016 - nº 479 z Final de Os Diários de

Bernardino / A. Rocha z ...o cheque do bispo / C. Gomes z 1916-2016: cem anos do primeiro automóvel z Economia ambiental / Gibran Grechi Ago 2016 - nº 480 z José Genaro Salvador z 1899 - Araranguá aos

ANO

19 anos / C.C. Machado Set 2016 - nº 481 z Arroio do Silva –

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Cap. 1 / C.C. Machado z José Genaro Salvador Out 2016 - nº 482 z Resultado das eleições Nov 2016 - nº 483 z Torneio das Profissões Dez 2016 - nº 484 z Bispo Humberto z Araranguá em 63 (CA) Jan 2017 - nº 485 z Av. Getúlio Vargas em

1980 / R. Grechi z Um cinema em minha casa / Marco A. Grechi Fev 2017 - nº 486 z O primeiro governante

A P O I O C U LT U R A L

O Tablado Cultural recebendo o lançamento do livro Papéis esquecidos, de Gimi Ramos, o concerto da Banda Municipal e a voz e violão de Kasha Silveira e Wilson Neto.

JORNALECO

©

PANFLETO CULTURAL

H FUNDADO EM 18 DE MAIO DE 1994 H

ANO 23 • Nº 488 • MAIO DE 2017 Periodicidade mensal - Tiragem: 1.000 exemplares E-MAIL:

jornaleco.ara@gmail.com

© Ricardo Francisco Gomes Grechi (reg. nº 99866, prot.4315/RJ de 17/07/1995)

Av. XV de Novembro, 1807 - Centro - Araranguá Tel. (48) 3524-5916 graficacasadocarimbo@gmail.com

Mar 2017 - nº 487 z Dona Nonô (CA) z Principais fatos... z L.V. e comenta...

Fechamento desta edição: 23/04/2017 21h00

EDIÇÃO, DIAGRAMAÇÃO E REVISÃO Ricardo Grechi CONTATOS Rossana Grechi ASSISTÊNCIA Guaraciara Rezende, Gibran Rezende Grechi, Nilson Nunes Filho IMPRESSO NA GRÁFICA CASA DO CARIMBO DE Rosa e Aristides César Machado PRODUÇÃO Nicolas Nazari Machado PREPARAÇÃO DO FOTOLITO David Machado Fernandes CORTE Toninho Abel IMPRESSÃO Valdo Martins

TAGS z FLYERS z FOLDERS z CONVITES z PANFLETOS z EMBALAGEM z NOTAS FISCAIS z CARTAZES z CARTÕES DE VISITA z IMPRESSÃO DE LIVROS

de Araranguá / A. Rocha z Oito poetas (1)

Leia as edições do JORNALECO em https://issuu.com/jornaleco ou www.facebook.com/jornalecoararangua UMA PUBLICAÇÃO

ORION EDITORA Calçadão Getúlio Vargas, 170 88900.035 Araranguá-SC Brasil

É permitida a reprodução de nossos textos originais desde que citados devidamente o autor e o JORNALECO como fonte da publicação.

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COPISO A mais completa

Tel. (48) 3524-7797 Av. Sete de Setembro, 2520 - Vila São José (esquina com a rua Amaro José Pereira)

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Léia Batista e Roberto Ávila, do grupo de comédia Os Gargalhas, encarnam Ana Ros e José Genaro Salvador “visitando” o museu e a exposição da obra do fotógrafo.

O CLUBE QUE FAZ PARTE DA NOSSA HISTÓRIA Av. XV de Novembro, 2030 - Centro - Tel. (48) 3522-0447 gremiofronteira.com.br facebook.com/gremiofronteiraclube

“Poucos têm o dom de ser admirado, tanto por seus familiares, como por seus amigos, vizinhos e pessoas que nem tão próximas são. Dodemar Oliveira é assim. Pessoa íntegra, honesta, justa, bem humorada.

Espelho para seus filhos, netos e bisnetos.”

Homenagem de seu neto Stefânio e família (abril de 2017)

Valmor, Edu, Gervásio e Dodemar. Arroio do Silva, 1947

Antonio, Dodemar, (?), Hervalino, Gervásio, Valmor, Juca Maciel e Edu

Dodemar Oliveira

Que o amor é tudo o que existe, / É tudo o que sabemos do amor...

“

Nasci em Araranguá em 12 de abril de 1927.

Em 13 de maio de 1948 casei com Lady Nápoli, com quem fiquei unido por 57 anos. Tivemos três filhos: Leônidas, Ilca e Eliana; sete netos: Letícia, Stefânio, Príscila, Kleber, Iura, Raniere e Luiz Carlos; quatro bisnetos: Diego, Laura, Thalia e Kit; e também minha nora Celina, a quem muito estimo.

Em 1944, fui trabalhar no Banco Inco, o qual foi comprado pelo Bradesco e onde ocupei vários cargos: chefe de carteira, tesoureiro, sub-gerente e, por fim, gerente.

Desliguei-me do Inco em 1969. Após, fui corretor de seguros. Fiz parte da diretoria da Sociedade Comunitária Arroio do Silva.

Em 1948, eu, Valmor Pacheco, Wladinir Luz, Hervalino Campos, Walmarino Matos Palmas fundamos o Grêmio Esportivo Araranguaense. Mais tarde, foi feita a fusão do Grêmio Esportivo Araranguaense com o Fronteira, formando o Grêmio Fronteira, de cuja diretoria fiz parte por muitos anos como tesoureiro, secretário, presidente do conselho deliberativo.

Há mais ou menos seis anos, conheci o casal Nelson Donadel e dona Lúcia, os quais ofereceram a mim e minha esposa uma viagem ao Uruguai, onde conhecemos algumas cidades: Montevidéu, Colônia, Punta d’Leste.”

Hoje, Dodemar, aos 90 anos de idade e viúvo há doze, mora em sua casa à av. XV de Novembro, em Araranguá, e almoça todos os dias na filha Ilca.

Esse depoimento do Dodemar foi colhido pelo Nilsinho Nunes e publicado no J ORNALECO 304, de 15/07/2008. Para esta republicação, atualizamos vários dados através do Vicenzo Berti em contato com o Stefânio, neto do Dodemar.

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DEPOIS EU FAÇO

(REVISTA AVENTURAS NA HISTÓRIA Nº168, MAIO 2017, EDITORA CARAS)

Em O Mercado de Escravos, de 1836, as escravas são as brancas

Resposta curta: não. Resposta longa: é complicado. Racismo não passaria pela cabeça dos gregos e romanos por uma razão bem óbvia: não existia a ideia de raça, de que povos tão distantes quanto os bárbaros ao norte e os persas ao leste tivessem algo em comum, fossem a “raça caucasiana”.

Nem que mais branco era melhor: quando eles olhavam para o norte, onde as pessoas eram rosadas e de olhos azuis, viam apenas um bando de bárbaros subdesenvolvidos.

“Havia estereótipos, como ‘os gregos são traiçoeiros’, mas não há evidência de ligação entre cor da pele, olhos ou cabelo a atributos morais”, explica Pedro Paulo A. Funari, professor do Departamento de História da Unicamp.

Um caso interessante era o Egito.

Após as conquistas de Alexandre, o Grande, a nova capital Alexandria tornou-se o centro cultural do mundo ocidental, antes sediado em Atenas.

E o Egito era – como ainda é – um grande degradê: de pessoas de tez rosada a bem escura e tudo no caminho entre elas. Teoricamente, as

MAIO 2017 JORNALECO 488

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Homenageado com a esposa no Grêmio Fronteira

uplemento

TEXTO: EDUARDO COSOMANO

FOTOS ÁLBUM DE FAMÍLIA

Urbano, Dino e Dácio. Açude do Walter Belinzoni. Cerca de 1950

S S

A BANDA

O que efetivamente conta não são as coisas que nos acontecem. Mas, sobretudo, a nossa reação frente a elas. LEONARDO BOFF

Existia racismo na Antiguidade?

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90 anos do Dodemar

diferenças de cor da pele poderiam levar a comparações que se desdobrassem em racismo. Mas não foi assim que aconteceu.

“No Egito, viviam gregos, judeus, nativos e africanos subsaarianos, sem que haja evidência de que fossem diferenciados pela cor da pele. Lá, como em qualquer outro lugar, o problema eram os chamados bárbaros, que eram na realidade o estrangeiro, de outros costumes e língua”, explica Funari.

O que não quer dizer que a semente do mal moderno não estava lá. “O domínio de um povo sobre o outro estava associado às guerras”, afirma João Ângelo Fantini, doutor em psicanálise pela PUC-SP e autor do livro Raízes da Intolerância. “Os perdedores se tornavam escravos dos vencedores, inclusive entre grupos da mesma ‘raça’. Esse comportamento é próximo da xenofobia.”

Era “inferior” quem era de um povo bárbaro conquistado, naturalmente destinado à escravidão. Quanto à cor, tanto fazia.

O racismo contra negros surgiu mais de um milênio depois. Grupos africanos recém-contatados pelos portugueses estavam dispostos a vender seus vizinhos que escravizavam em guerras locais. Logo, como aconteceu com os romanos, a condição de escravo passou a ser vista como “natural” do negro.

Assim, o racismo nasceu do fato de os escravos serem negros, e não o contrário.

Nos séculos 19 e 20, tentou-se afirmar cientificamente a superioridade dos brancos. Hoje, isso é considerado pseudociência. Não existem fronteiras genéticas claras entre uma suposta “raça” e outra. Ou seja, não existe raça na natureza.

Kleber O. Lummertz FISIOTERAPEUTA - CREFITO 54.689/F

Especialista em Fisioterapia Traumato-ortopédica e Medicina do Esporte

Psicólogos descobriram que os enroladores sofrem mais de culpa, estresse e arrependimento

Como não enrolar desde já 1 — Aprenda a dizer não Assumir um compromisso pretensioso e não cumpri-lo pode ser pior do que deixar suas limitações claras desde o início.

2 — Resolva já A procrastinação se alimenta de tagarelismo mental. Quando você está enrolando, geralmente diz para si mesmo: “Deveria estar trabalhando, sou um preguiçoso”.

Melhor cortar esses pensamentos e iniciar a tarefa imediatamente.

3 — Concentre-se Quando se desconectar, evite lutar contra si próprio. Se escapou da tarefa, reconheça o fato e retome o trabalho. Desabilite as notificações de Whatsapp e Facebook do celular. Quando tiver concluído uma meta, pare para dar uma espiadinha.

4 — Veja o lado bom Mesmo tarefas chatas têm seu lado divertido – lavar a louça, por exemplo, envolve brincar com a água. Concentre-se na parte legal e vai ficar fácil encará-la.

5 — Não tenha medo de errar Muitos procrastinam porque exigem tanto de si próprios numa tarefa que acabam com medo de enfrentá-la. O melhor é ter consciência de suas limitações e habilidades para o trabalho.

TEXTO: EDUARDO FERNANDES (REVISTA SUPERINTERESSANTE Nº368, NOV 2017, EDITORA ABRIL)

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EDIÇÃO: ROSSANA GRECHI

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NOTAS: RICARDO GRECHI (GRATO A JOSÉ ROBERTO DE OLIVEIRA POR NOS INDICAR O ACERVO DA BIBLIOTECA PÚBLICA DE SANTA CATARINA)

FAZENDA SÃO JORGE

ATALAIA DO SUL

Centro de Reabilitação

A nossa galeria

DIRETOR-GERENTE: Abilio Gomes

Fone (0**48) 3524-0280 Estr. Geral Volta do Silveira - Araranguá

Orgam consagrado á defesa do partido republicano, ás idéas evolucionistas da epoca, ás letras, ao commercio, á industria, á lavoura e aos assumptos da actualidade.

IMPRESSÃO: A Imprensa - Tubarão

Nesta seção do nosso jornal, renderemos preito de homenagem a todas as pessoas que se destacaram por suas qualidades morais, pelos serviços que houver prestado à sociedade, pela sugestão de iniciativas felizes, por sua real influência política ou por outros motivos que as dignifiquem.

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“Aquele que não tem confiança nos outros, não pode lhes ganhar a confiança.” LAO-TSÉ

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Em 1989, comecei um trabalho voluntário em presídios, que dura até hoje. No Carandiru, naquela época, a moda era injetar cocaína na veia. Os presos vinham em pele e osso, com os olhos ictéricos e os braços marcados pelas agulhas e os abscessos causados por elas.

Naquele ano, colhemos amostras de sangue dos 1.492 detentos registrados no programa de visitas íntimas: 17,3% dos homens eram HIV-positivos, e 60% estavam infectados pelo vírus da hepatite C. A partir desses dados, começamos um trabalho de prevenção que constava de palestras e vídeos educativos.

Lembro que o diretor-geral tentou me convencer da inutilidade da iniciativa: — O senhor está sendo ingênuo.

Quem injeta cocaína na veia é irrecuperável, não tem mais nada a perder.

Estava errado, o resultado foi surpreendente: em 1992, a cocaína injetável foi varrida do mapa, fenômeno que se espalhou pelos outros presídios e pelos becos da periferia de São Paulo. A moda do baque na veia tinha chegado ao fim.

Não havia motivo para comemoração, no entanto: naquele ano, o crack invadiu o Carandiru. Para entender o que se passou, é preciso conhecer um pouco da farmacologia da cocaína.

Quando inalada sob a forma de pó, a cocaína é absorvida através da mucosa nasal, penetra os vasos sanguíneos superficiais, cai na circulação e atinge o cérebro. O processo é relativamente lento, a euforia aumenta gradativamente, atinge o pico e diminui até desaparecer.

Injetada na veia, vai direto para o coração, depois para os pulmões, e volta para o coração de onde será

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TOURNIER Dr. Everton Hamilton Krás Tournier Graduado e especializado na Universidade Federal de Santa Catarina • Pós-graduado no Instituto Adolfo Lutz de São Paulo • Pós-graduado na Universidade do Sul Catarinense E-mail: tournier@contato.net

t

caminho para sua vida. Com o crack ao alcance da mão, ele é um farrapo automatizado que não tem outro desejo senão o de conseguir a próxima pedra para o cachimbo.

Veja a hipocrisia: não podemos interná-lo contra a vontade, mas podemos mandá-lo para a cadeia assim que roubar o primeiro celular.

Não seria mais lógico construirmos clínicas pelo País inteiro com pessoal treinado para lidar com os dependentes?

Não sairia mais em conta do que arcar com os custos materiais e sociais da epidemia? É claro que não sou ingênuo a ponto de imaginar que, ao sair desses centros de recuperação, o ex-usuário se transformaria em cidadão exemplar. Mas, pelo menos haveria uma chance. Se continuasse na sarjeta, que oportunidade teria?

E, se ao ter alta da clínica, recebesse acompanhamento ambulatorial, apoio psicológico e oferta de um trabalho decente desde que se mantivesse de cara limpa documentada por exames periódicos rigorosos, não aumentaria a probabilidade de ficar curado?

Países como a Suíça que permitiam o uso livre de drogas em espaços públicos, abandonaram a prática ao perceber que a mortalidade aumenta. Nós convivemos com as cracolândias sem poder internar seus habitantes para tratá-los, mas exigimos que a polícia os prenda quando se comportam mal. Existe estratégia mais estúpida?

Na Penitenciária Feminina em que trabalho hoje, atendo muitas ex-usuárias de crack. Quando lhes pergunto se são a favor da internação compulsória dos dependentes da cracolândia, todas respondem que sim. Nunca encontrei uma que sugerisse o contrário.

Disponível em: <https:// drauziovarella.com.br/drauzio/ artigos/a-epidemia-do-crack/>.

Acesso em: 19 abr. 2017.

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10/novembro/1921 - anno I - no 1

CORONEL JOÃO FERNANDES

NOSSA MISSÃO Rompendo com a praxe geralmente seguida pela imprensa periodica, não traçaremos á nossa folha estafante programma que lhe indique o percurso de seu cyclo por entre a constellação do jornalismo moderno.

As palavras que se leem, logo abaixo do título do nosso periodico, exprimem, categoricamente, as idéas de que é elle orgam, traduzindo, fielmente, as credenciaes com que nos apresentamos ao publico.

Cumpre-nos, entretanto, declarar que não fazemos um jornal para deliciar sensações nevroticas, mantendo reportagens para aggressões á vida privada e á propaganda de ideas dissolventes.

NJ: Todo jornal nasce imbuído do espírito idealista, que se percebe nas propostas veementes dos editoriais de abertura, exemplo acima. Geralmente promete preencher lacunas, fazer jornalismo sério, dizer só a verdade etc. Porém, mais do que “garantir” a qualidade do serviço que se espera dos jornais, o discurso toma um viés de crítica aos antecessores. Nesta reprodução, até aqui mantivemos a grafia da época, o que, a seguir, permanecerá apenas nos títulos.

BOAS COMPRAS Comprae na casa de Joaquim Baptista de Carvalho, se quizerdes ser bem servidos.

ARMAZEM DE SECCOS E MOLHADOS. Xarque especial BARBEARIA SOARES Por preços assás commodos, fazem-se barbas e cortam-se cabellos nesta casa. Tem sempre regular sortimento de cosmeticos e aguas para o cabello.

BEBIDAS DELICIOSAS Na fabrica de cerveja e gazoza de Armerindo B. de Almeida o paladar mais bem educado será satisfeito, com pouco dinheiro.

RUA CEL. APPOLLINARIO

MAIO 2017

z DRÁUZIO VARELLA

bombeada para o cérebro. O efeito é muito mais rápido e passageiro. A sensação é de um baque de prazer – daí o nome “baque na veia” – experiência muito mais intensa do que a obtida por inalação.

Fumada na forma de crack, a droga chega ao cérebro mais depressa do que ao ser injetada na veia, porque não perde tempo na circulação venosa, cai direto no pulmão. Do cachimbo ao cérebro, leva seis a dez segundos. O efeito é semelhante ao baque da injeção intravenosa, porém ainda mais rápido e fugaz.

O crack substituiu o baque e se disseminou pela cadeia feito água morro abaixo. Quando um preso negava ser usuário, eu partia do princípio de que mentia. Devo ter cometido pouquíssimas injustiças.

Na segunda metade dos anos 1990, uma das facções que dominavam os presídios se sobrepôs às demais. Seus líderes rapidamente perceberam que os craqueiros criavam obstáculos para a ordem econômica que pretendiam implantar. A solução foi proibir o crack. A lei é clara: fumou na cadeia, apanha de pau; vendeu, morre.

Ao chegar, o egresso da cracolândia dorme dois ou três dias consecutivos; só acorda para as refeições. Depois desse período, passa alguns dias um pouco agitado, mas aprende a viver sem crack.

A cocaína não é tão aditiva como muitos pensam, se o usuário não tiver acesso a ela, nem aos locais em que a consumia, nem entrar em contato com companheiros sob o efeito dela, nada acontece. Ao contrário, a simples visão da droga faz disparar o coração, provoca cólicas intestinais, náuseas e desespero.

Quebrar essa sequência perversa de eventos neuroquímicos não é tão difícil: basta manter o usuário longe do crack.

Vale a pena chegar perto de uma cracolândia para entender como é primária a ideia de que o craqueiro pode decidir em sã consciência o melhor

JORNALECO 488

A EPIDEMIA DO CRACK

Jornal de Ontem OOO

JORNAIS ARARANGUAENSES DO PASSADO — NOTÍCIAS QUE FAZEM HISTÓRIA

Reuniões 2as e 4as feiras, às 20h Sala na Igreja Episcopal, centro - Araranguá

POLÍCIA MILITAR: 190 POL. RODOV. FED.: 191 SAMU: 192 BOMBEIROS: 193

telefones para emergências

Reuniões 3as feiras, às 20h00 Sala na Igreja São Cristóvão - Maracajá ○

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Reun. 2as f., 20h - Junto ao A.A. - Araranguá

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A influencia de sua accão politica O mágico influxo da ação política exercido pelo sr. cel. João Fernandes, prestigioso chefe do partido republicano desta vasta circunscrição territorial do Estado [desde a fronteira com o Rio Grande do Sul, de Passo de Torres a Praia Grande, até Criciúma – emancipado em 1925 – a Nova Veneza, era território de Araranguá a partir de 1880, emancipado de Tubarão], digno superintendente deste município e deputado ao nosso Congresso Representativo, alarga-se de dia para dia, em um raio de ação mais amplo, tornando-se, assim, seu nome popularizado não só em todo o sul do Estado como em grande extensão do norte. É tão real seu prestígio, exercido no espírito de todo eleitorado deste município, que até hoje não se conseguiu derrotá-lo mesmo nos mais renhidos pleitos eleitorais, em que candidatos, animados pelo franco e ostensivo apoio oficial, apresentaram-se ousadamente, disputando o centro da administração municipal.

Na superintendência do município, o nosso homenageado há se esforçando no sentido de dotar nossa terra com melhoramentos de ordem material tendentes a desenvolver o progresso, essa grande alavanca que remove, com admirável força, todos os obstáculos que se possam opor à felicidade de um povo.

Como nosso representante no Congresso do Estado, sua excia. já conquistou verdadeira coroa de glórias, conseguindo elevar à categoria de cidade [2 de setembro de 1921] esta futurosa e bela localidade. [...] Modesto e sincero, o cel. Fernandes de Souza prefere um ato de lealdade do seu amigo mais humilde a retumbantes manifestações de apreço que possam ser-lhes feitas.

Amigo dedicado e admirador sincero do chefe supremo da política dominante em todo o Estado, o cel. João Fernandes estará sempre solidário com o exmo. sr. dr.

Hercílio Luz. [...]

NJ: João Fernandes (1855-1929) governou Araranguá por 28 anos, como superintendente de 1894 a 1898 e de 1903 a 1926.

LOCAES z Regressando da capital (...) o sr. deputado cel. João Fernandes fora festiva e ruidosamente recebido nesta cidade (...) Cerca de sessenta cavaleiros foram esperá-lo no passo do Girivá, que dita uma légua da cidade. Ao entrar às portas da cidade, uma banda de música tocou expressivamente escolhida peça de seu vasto repertório, ao espocar de muitos foguetões. As Escolas Reunidas, com seus respectivos professores à frente, formavam graciosas alas, apinhando-se massa popular em grande extensão da rua. (...) Foram tiradas várias fotografias pelo engenheiro sr. Becker e por nosso amigo Ibrahim Bacha. (...) No dia imediato, o sr. Albino Pereira de Souza, digno substituto em exercício do superintendente municipal, ofereceu lauto jantar ao Cel. João Fernandes, no vasto salão de refeições do Hotel Paraíso do Sul. (...) z Criaram-se, ultimamente, nesta cidade, dois clubes recreativos (...) Club Democrático Hercílio Luz e Club 15 de Novembro. z Tem feito verdadeiro progresso a nossa banda musical. Em três meses de aprendizagem, a guapa rapaziada desta banda já toca com certa arte e desfila em cadenciosa marcha pelas ruas da cidade (...). Nossos parabéns ao sr. maestro Serafim Silva e um hurrah à rapaziada. z Consta-se que o Deus Momo será delirantemente festejado, nesta cidade, em 1922. z Em sessão solene festejou, modestamente, seu nono aniversário de utilíssima existência, o grupo espírita Santo Antonio de Pádua, com sede nesta cidade, à Praça Hercílio Luz. (...) a nova diretoria [para 1921-1925]: Presidente doutrinador: Bernardino Campos, reeleito. Vice, Luiz Leite.

Secretário, Abílio Gomes. Auxiliar, Ladislao Barbosa. Procurador, Israel Espíndola. (...)

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Iracy Luchina no The History Chanell

“Um currículo sem arte significa murar a escola, isolá-la dos aspectos criativos do mundo”

E T C ETERA

Morto na Itália durante a II Guerra Mundial, nome do soldado araranguaense é citado em documentário

ROSA IAVELBERG é professora livre-docente da Faculdade de Educação da USP, onde ministra a disciplina Metodologia do Ensino da Arte, na graduação, e Arte na Educação, na pós-graduação.

Patrulha da Força Expedicionária Brasileira nas imediações de Monte Castelo

2 ROSA IAVELBERG (REVISTA SELECT Nº 33, DEZ/JAN/FEV 2017, ACROBÁTICA/TRÊS)

rte é um componente importante livre, pois a liberdade é do currículo escolar, porque pro- condição da criação artísmove o pensamento artístico e as tica. Um currículo sem interações simbólicas. Os atos e refle- arte significa murar a xão sobre arte, realizados pelos alu- escola, isolá-la dos aspecnos, dialogam com a produção artís- tos criativos do mundo. tica do presente e do passado em sua Nessa escola, os alunos diversidade. Esse diálogo favorece o aprendem sem motivação aluno, pois ele se percebe como e não gostam das aulas, alguém que pensa e faz arte entre por não serem sujeitos colegas, estabelecendo conexões autorais, que protagonicom os trabalhos dos artistas e de zam suas aprendizagens e outros profissionais da área: histo- as ações da vida escolar; riadores, críticos, curadores, arte estudam para passar de educadores etc. O que se aprende na ano, mas não sentem o Foto de Bárbara Bragato feita na Índia, desejo de aprender e não integrante da expo Escola de Histórias escola extrapola seus muros.

Nas aulas de arte, o aluno expressa edificam a identidade de sua subjetividade, por meio de suas estudante, em formação mento das disciplinas Artes, Filosofia, criações ganha visibilidade, valor e permanente, ao longo da vida.

Qualquer reforma educacional pre- História, Sociologia e Educação Física. a possibilidade de interlocução com pares, professores e membros da cisa refletir sobre os acertos e fracassos Essa medida será eficaz para formar um comunidade mais ampla, quando se das propostas, mas em diálogo com os aluno acrítico, facilmente manipulável gestores, pro- pelas regras do sistema produtivo. organizam mostras e Uma pessoa formada na área da fessores e joapresentações.

Essa medida será eficaz vens que par- Educação sabe que a diminuição do Fazer e compreticipam do co- espaço das Artes do currículo não ender arte desenpara formar um aluno tidiano esco- mudará a performance dos alunos, volve, de modo equiacrítico, facilmente lar. A avalia- pois os problemas da escola pública librado, a cognição, a imaginação, o penmanipulável pelas regras ção do papel são a precarização dos seus espaços das aulas de físicos, a falta de equipamentos e samento criador, a do sistema produtivo. arte deve per- materiais de qualidade para todos, os percepção, a capacip a s s a r , c o m baixos salários dos professores e a dade de resolução de problemas, a formação de valores seriedade, as questões do ensino e da ausência de uma formação continuada humanos fundamentais e as habili- aprendizagem, observando o contexto de qualidade.

Artes não é um componente curridades necessárias à criação autoral, educacional e os fatores que circunscrevem a escola e interferem nos proces- cular menos importante do que Línsem submissão a modelos alheios.

Assim formados, ao longo da sos do aprender e nos resultados alcan- gua Portuguesa, Matemática e Inglês, escolaridade, os jovens do Ensino çados pelos alunos. A baixa média das tidos como obrigatórios na MP citada, Médio poderão fazer escolhas com aprendizagens obtidas pelos estudantes e a diminuição de seu valor no curríliberdade, em vez de serem condu- nas últimas avaliações do Ensino Médio culo do Ensino Médio indica o poder zidos em relação ao próprio futuro não será revertida com a diminuição de que se quer ter sobre o futuro dos ou viverem regidos pelas demandas disciplinas, como está proposto na jovens, que, inconformados, ocupam do mercado e da simples sobre- Medida Provisória (MP) 746/2016, que as escolas, espaço público que lhes é z vivência. A arte qualifica o cidadão abole a obrigatoriedade do ofereci- de direito. Vivas a eles!

A

Após a conquista de Monte Castelo, em dezembro de 1944, iniciou-se cuidadosa busca por toda a região à procura dos corpos dos soldados desaparecidos nos

Sargento Luiz Rodrigues Filho, 1º RI - Engenho Novo RJ Ary de Azevedo, 1º RI - Engenho Novo RJ Cristiano Clemente da Silva, 1º RI - Tijucas SC Durvalino do Espírito Santo, 1º RI - São Fidélis RJ José de Aráujo, 1º RI - Santo Antônio de Pádua RJ Alcides Maria Rosa, 11º RI - Dores de Campos MG Aleixo Herculano Malva, 11º RI - Itajaí SC Almiro Bernardo, 11º RI - Botucatu SP Amaro Ribeiro Dias, 11º RI - Campos RJ Amélio da Luz, 11º RI - Cerro Azul PR Antonio Coelho da Silveira, 11º RI - São João del Rei MG Lindo Sardagna, 11º RI - Ibirama SC Hereny da Costa, 11º RI - Belo Horizonte MG Iracy Luchina, 11º RI - Araranguá SC Mariano Felix, 11º RI - Itatinga SP Rafael Pereira, 11º RI - Mirandápolis SP Sebastião Clemente Machado, 11º RI - Rio Preto SP

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OS 17 DE ABETAIA

Fonte: henriquemppfeb.blogspot.com.br/2011/09/os-17-de-abetaia-feb

F O R M AT U R A S E A S S E S S O R I A w w w. a m f o r m a t u r a s . n e t ARARANGUÁ Av. XV de Novembro, 1790 - Centro - Tel. (48) 3522-0356 CRICIÚMA Av. Universitária, 230 - Sta. Augusta - Tel (48) 99627-5838 TUBARÃO Rua Martinho Ghizzo, 375 - Dehon - Tel. (48) 3622-0822 r e c e p cao @ a m f o r m a t u r a s . n e t

MAIO 2017

combates anteriores. As equipes de salvamento, das quais faziam parte capelães militares, depararam-se com quadros pungentes que causaram forte impacto: soldados com os corpos intactos, ainda de armas na mão, jaziam na posição em que foram surpreendidos pela morte e conservados pela neve, que caiu posteriormente aos combates. Em Abetaia, região duramente disputada ao sopé de Monte Castelo, foram encontrados 17 corpos de soldados brasileiros em posição de combate, com armas e granadas nas mãos, liderados pelo sargento Luiz Rodrigues Filho, do Regimento Sampaio. A princípio se supôs que todos fossem dessa unidade, mas pesquisas de identificação comprovaram que alguns pertenciam a outras unidades brasileiras que também participaram do ataque a Monte Castelo. A descoberta aumentou a névoa de mistério que cercou esse episódio. O Coronel Nelson Rodrigues de Carvalho, em sua história do Regimento Sampaio, sugere que o grupo de combatentes desgarrados, atraídos pelo fogo de Abetaia, lá se encontraram com outros e lutaram até a morte. O acontecimento entrou para a história como “OS 17 DE ABETAIA”.

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APOIO CULTURAL

APOIO CULTURAL

Detalhe do monumento no calçadão de Araranguá

Ensino Médio: de que reforma precisamos

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O THE HISTORY CHANNEL apresentou em 31 de julho de 2014 o documentário “O Caminho dos Heróis”, que acompanha a jornada liderada por João Barone (baterista dos Paralamas do Sucesso, que em 2013 publicou o livro 1942 — O Brasil e Sua Guerra Quase Desconhecida) refazendo os passos e a luta da Força Expedicionária Brasileira na Itália durante a II Guerra Mundial.

O pai de Barone foi um dos pracinhas que lutaram para libertar o povo italiano na época. Dois jipes da FEB, ainda em perfeitas condições, foram usados durante essa expedição que visitou quinze cidades diferentes e reviveu as histórias desses heróis desconhecidos.

O anúncio, durante a programação do canal, mostrava cenas e trechos do texto do documentário. De largada, ouvem-se vozes sobrepondo-se nas diversas chamadas às quais os pracinhas respondem “presente”: Vilmar Ferreira Fidalgo...

Américo Fernandes...

I RACY L UCHINA ...

Antônio Coelho da Silveira...

Dionísio Chagas...

José de Araújo...

Mário Nardeli...

Pois é, dentre um universo de 25.000 soldados brasileiros, alguns nomes de combatentes surgem aleatoriamente, figurando o de Iracy Luchina, o jovem araranguaense que deixou família e namorada em Araranguá para lutar e morrer na Itália. Leia ao lado uma versão da morte do expedicionário Iracy Luchina — até então só tínhamos a versão de que ele teria morrido em dezembro de 1944, vítima de um tiro acidental na caserna. (+J. 85, 87 e 88)

NERI DUZ CRO/SC 1544

CIRURGIÃO-DENTISTA Especialista em Implantodontia

Fone (48) 3522-0106 Rua Caetano Lummertz, 41 Sala 01 - Centro Araranguá - SC

z REABILITAÇÃO COM IMPLANTES OSSEOINTEGRADOS z CLÍNICO GERAL

Diretor WLADINIR LUZ Redator ERNESTO GRECHI FILHO Gerente HERVALINO CAMPOS Tipógrafos WALDEMIRO, FERRINHO, NEI etc.

Impressão: GRÁFICA LIDER (LIDO) (ORION), 1960-75 Redação e oficina: Av. Getúlio Vargas, 158-170, em frente ao Cine Roxy

CURIOSIDADES, POEMAS E COISAS DAQUI OU CATADAS POR AÍ

ADERBAL M ACHADO Tempo bom. Os canteiros gramados do Jardim Alcebíades Seara, na Praça Hercílio Luz, no meu Araranguá serviam de gramado para furiosas peladas de futebol da gurizada. Proibido era. Até o fiscal chegar e correr com a gente. Ele saía, a gente retornava. Era o Seu Doca, grandalhão e calçando tamancas de madeira, com as quais não conseguia correr.

Depois da aula, pela manhã, a tarde toda e começo da noite sucediam as peladas. Resistíamos ao exercício e queríamos mais (bons tempos de força e euforia).

Retornando à casa, banho de bacia, jantinha da mãe (ovos fritos com feijão e arroz, às vezes batatinha ensopada comprada no armazém do Luiz Wendhausen, logo ali na esquina. Fiado, com pagamento no final do mês.

Era o crediário mais confiável de todos. Cada um ficava com uma caderneta: o Luiz e o cliente. Ao comprar, anotavam simultaneamente o valor e conferiam na hora de pagar. Nunca deu encrenca.

Lembro como hoje: o Nadico era o entregador de compras a domicílio, com uma bicicleta com bagageiro

enorme na frente. Nadico era um ciclista exímio, um mestre. Na época, guri dos seus 15 ou 16 anos, se tanto.

Na frente da loja de Luiz, sacos enormes de aniagem (dizíamos “linhagem”), abertos, de camarão já cozido e salgado pra não estragar. Todos passavam e davam uma beliscada. O Luiz nem se importava. O camarão era baratíssimo, por abundância no mercado. Luiz Wendhausen era elétrico, se movimentava rápido e falava como se fosse dizer a última palavra da vida – mais rápido ainda.

O armazém ficava na esquina do prédio da Bene Chede, bem na esquina da praça. Na esquina do outro lado era nossa casa (a “casa da praça”, como dizíamos). Encostada no Posto Esso do André Wendhausen. Tenho uma imagem da cidade daquele tempo, que está gravada pra sempre em minha lembrança. Foram os melhores tempos de minha vida.

F A CRÔNICA DOS ANOS 60 F Ano V - 10 de maio de 1964 - Nº 106 EDIÇÃO E NOTAS DO JORNALECO: RICARDO GRECHI

Sebo não se mistura com banha Recebemos reclamação de leitores com respeito a certos “fabricantes de banha”, que estão misturando sebo de boi no produto suíno.

Isso é um processo criminoso, pois o sebo de boi não se pode misturar na banha.

Aqui fica a reclamação registrada, com vistas ao Serviço de Higiene, que deverá sondar as responsabilidades dos “fabricantes” desonestos, punindo-os de acordo com a lei.

Na fotografia de Salvador, visão a partir da esquina de nossa casa

SOLO DO EDITOR RICARDO GRECHI

Errata - J.487 1) Na capa, o texto que segue abaixo da foto do Sálvio Amaro deveria iniciar com letra maiúscula: “Era difícil encontrar um goleiro como eu...”.

2) Para quem guarda as edições do J ORNALECO , é interessante usar uma tinta corretiva para corrigir um dado importante na página 2, no quadro “1883” dos “Principais fatos da história de Araranguá – 1728 a 1921”: pinte sobre José Antônio Fernandes de Souza e escreva no lugar Porphírio Lopes de Aguiar. É o caso do “primeiro governante de Araranguá”, esclarecido pelo Alexandre Rocha no J.486.

3) O Jornal de Ontem repetiu o número 18, mas o material é novo. Saiba também que o filme “Esquina do Pecado” estava programado para o dia 29, e não 23, como aparece lá.

No acervo digital do J O R N A L E C O disponível no issuu, a edição 487 já foi substituída com essas correções. Em https://issuu.com/jornaleco estão disponíveis todas as edições do J ORNALECO desde janeiro de 2009.

Acesse direto no issuu ou através de www.facebook.com/ jornalecoararangua

A moto de Bepe Salvador

Galeria Galeria

Nos anos 1950, José Genaro Salvador e o Padre José compraram as motocicletas que fariam deles nossos primeiros motociclistas. A moto original do fotógrafo, uma alemã Zündapp 1937, hoje em posse de seu filho Edson Salvador e guardada em Tubarão, foi trazida para compor a exposição “José Genaro Salvador: 100 Anos – Lente que conta a história de Araranguá”, aberta entre 3 de abril e 3 de agosto no Centro Cultural de Araranguá.

VICENZO BERTI

Acima, a moto Zündapp 1937 exposta no Museu Histórico de Araranguá.

Recentemente, Vicenzo Berti, neto do fotógrafo, criou uma página no Facebook com as fotografias do acervo legado pelo avô. Visite (e colabore) em

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PS: Esta edição de maio sobrepõe-se a de abril para sincronizar a data da edição com o mês de circulação.

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Ao lado, Ana Ros, a esposa de Bepe Salvador, com as filhas Nilza e Fátima sobre a moto; na janela, a amiga Custódia.

SALVADOR

http://facebook.com/fotosalvador

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Os melhores tempos

j LOGOTIPO CRIADO POR C. E. GUASCO (ESTREOU NA EDIÇÃO 169 DE 16/04/1968 E FOI USADO ATÉ O FINAL)

Primeira cassação de mandato no Vale A Câmara de Vereadores de Meleiro, segundo informou seu presidente Edevar Pelegrini, deverá se reunir em data de hoje, a fim de cassar o mandato do vereador Gregório Pereira Filho, que se encontra preso em Criciúma.

O vereador Gregório Pereira Filho, conhecido por Passinho, pertencia aos quadros do PTB, tendo sido eleito pela legenda do PSD. Na sindicância efetuada, Passinho figurava como elemento de ação do Brizolismo, sendo apontado como “cabeça de um grupo de 11”.

“Nosso Jornal”: um jornaleco atuante O nome sugestivo. E mais um slogan moderno, bem condizente com a qualidade de jornal de interior.

O jornalista Edgar Nunes acaba de fundar na progressista cidade de Tubarão, mais um pequeno jornal. Um jornaleco, ou pasquim, como diz seu diretor. Mas um jornaleco que incomoda, atua, faz a cidade crescer.

A princípio poderíamos não concordar com o colega Edgar Nunes. Um nome que não poderia figurar como diretor de um simples jornaleco. A verdade, entretanto, é que na modéstia do diretor existe muito de verdade.

Somos verdadeiros jornalecos. E não poderíamos ser mais que isso. Quem dirige, quem escreve, pouco importa. O fato é que empregamos nossas atividades no interior. E isso basta. (...)

Vai aqui um voto de prosperidade do Redator do “Correio de Araranguá”.

NJ: Ernesto Grechi Filho plantando suas sementes. De suas atividades jornalísticas e de oficina gráfica, como que profetiza, para dali a 30 anos, surgir às ruas um outro “jornaleco”, o nosso JORNALECO.

Suspensos os serviços de asfaltamento da BR-59 Segundo comentários da imprensa, o ministro da Viação, Gen. Távora*, em reunião com o presidente da República, argumentou a inutilidade do serviço de asfaltamento da BR-59, alegando tratar-se de uma rodovia exclusivamente para turismo.

Movimentaram-se as classes de Santa Catarina, inclusive a Assembleia Legislativa, formando comissões que demandarão a Brasília, com o intuito de demover a ideia do ministro da Viação.

Causa-nos grande surpresa a argumentação do ministro general, pois qualquer brasileiro conhece a importância da BR-59, considerando-se uma das mais importantes do País. Partindo do Rio Grande do Sul, avança grande parte do litoral daquele Estado, atravessando Santa Catarina, indo ter com os demais Estados da Federação. (...) Os uruguaios e argentinos, em épocas de turismo, chegam até Porto Alegre. De lá para diante não sentem coragem de enfrentar as estradas “brasileñas”. (...)

NJ: O asfaltamento da BR-59, futura BR-101, principal via de transporte da região Sul, só foi inaugurado entre nós em 1970, com a presença do presidente Médici em Içara (então parte de Criciúma), vindo de Torres. E a tão sonhada duplicação da BR-101, no trecho Palhoça-Passo de Torres, só foi iniciada no governo Lula. Em 15 de julho de 2015, Dilma Rousseff inaugurou a ponte Anita Garibaldi, em Laguna. Quando o golpe se abateu sobre a presidenta, a obra estava praticamente pronta, incluindo a ponte em Tubarão. * Juarez Távora (1898-1975). Ministro dos Transportes, o primeiro após o Golpe de 64, permanecendo até 1967.

Era da linha entreguista em relação à exploração do petróleo no Brasil, tendo sido contrário à criação da Petrobrás.

Responsável Técnico:

Dr. Carlos Roberto de Moraes Rego Barros CRM 3270

Eletroencefalograma - Mapeamento Cerebral

RQE 2755

Av. Engenheiro Mesquita, 361 - Centro Araranguá SC - Fone: 48 3524-1380

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Momentos MARTA GRECHI

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Cara metade metade tão cara feita sob medida tão desmedida transborda E a boca, tão ávida boca sem querer perder uma gota E o tempo é tão curto duas mãos é tão pouco Porta fechada sem chave se abre e o vento que bate reprime e estanca A face velada que passa não quer deixar pista e a luz do dia arde na vista.

A história que a História não conta

EVERALDO APOLÔNIO REMOR BERTI (DADINHO)

por JOÃO BATISTA DE SOUZA

Fumaças de navios dissipadas em meu quarto Mastros Velas bojudas Signos Astros Velas Mastros

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Mar sujo de meu porto.

Quilhas de navios de baixo calado Pássaro alado que não voa Neste sonho longínquo Estas alegrias, estas risadas; tardes estranhas, imigração de pássaros em revoada Moçambique, Ilha da Madeira, sons de flauta na Índia, e eu e esta cadeira.

Cartas de um dia findo, cores de um dia morto, e as minhas viagens irrealizadas e os meus navios sem porto. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Aceitação ARLETE ZANERIPPE Anoitecer, frio angustiante Som de meus passos, só meus É um silêncio agonizante Até o girar da chave emudeceu Como deixei, encontro tudo Marasmo. Frio, mortal até Sem resposta, o som é mudo Onde o eco era feliz, cheio de fé...

A morte habita, substitui Em cada canto, todos os dias Aquele que me amou e existiu Sabe que encontro a casa vazia.

BALNEÁRIO ARROIO DO SILVA DISK ENTREGA

Matriz: 3526-1339 Filial: 3526-1112

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senhor Antônio Patrício, “seu” Toninho, 64 anos de idade, é um cidadão comum como nós, simples mortais. Tem formação acadêmica em Magistério, mas é um Policial Militar aposentado, no jargão oficial, reformado.

Em conversas informais de finais de tarde, na praia, seu Toninho contou fatos interessantes de sua vida e de uma região importantíssima (dentre outras coisas, no sentido histórico) do município de Araranguá: Rio dos Anjos, Cangicas, Canjiquinha, Canivete, Morro Agudo, Morro dos Conventos; muito dessas terras já pertenceu a seu avô, pai de seu pai de criação, Proxério, que a História oficial não conta pois que são fatos que acontecem despretensiosamente no dia a dia de seus atores, no caso, pequenos agricultores, pescadores, comerciantes, tropeiros ou, simplesmente, tudo isso numa só pessoa.

A mãe de Toninho morava na Boa Vista da Içara, ficou sem esposo e veio para Araranguá a fim de doar os filhos (Maria, mais velha, Eva, Adão Luiz, Leandro, escritor, doado a uma filha de dona Genuína) e morar com os compadres Protásio e Maria, benzedores, no Rio dos Anjos, antigo Rio dos Porcos.

Conta a tradição que esse nome se devia ao fato de existirem muitos porcos soltos pelas redondezas, que fugiam dos chiqueiros e passavam a viver selvagemente. Um padre, que rezava missa de primeira comunhão na capela, disse ao povo: — Esse nome não é digno desta comunidade. Em homenagem a

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Não importa ser somente É preciso ser Como a gota de orvalho Cristalina, pura e benéfica. É preciso ser Como a garoa fina, insistente, A embeber a terra, A levar vida às plantas, A renovar as esperanças do homem. É preciso ser Como o mar Imenso, infinito, ilimitado. É preciso ser mais Ser como a água salina Que purifica a areia branca Ao deixar com sua espuma lactescente As marcas saudosas de sua passagem.

E se tudo isso é ser, Você existe.

Viagem

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ZUÊ RABELLO

Como Antônio Patrício, hoje “seu Toninho”, aos seis anos aprendeu o ofício da benzedura.

E por que Rio dos Porcos se chamava assim e passou a se chamar Rio dos Anjos.

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Ser

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POética Araranguaense .3

O menino benzedor do Rio dos Anjos

CN

essas crianças, de hoje em diante ela se chamará Rio dos Anjos — e estipulou uma multa para quem não respeitasse a nova toponímia.

O menino Toninho, franzino, doente, ficou com o seu padrinho.

Outro compadre de sua mãe lhe disse: — Tire teu menino de lá, se não vai morrer!

Seu padrinho não lhe dava a atenção necessária e ele era muito mal cuidado.

Os compadres, benzedores, eram muito procurados, numa época de medicina incipiente, mas analfabetos. Então, sua mãe (alfabetizada e com uma cultura razoável) escrevia num papel os nomes dos remédios que eles receitavam.

O casal de benzedores não aceitava que o menino morasse com sua mãe, na casa deles.

Ana Maria Luiz Pereira, mãe de seu Toninho, foi visitar o filho Leandro, que doara a uma das filhas, ainda menina, do casal de benfeitores Proxério Bento e Genuína da Rosa (riquíssimos em causos locais de jesuítas náufragos, carretagens de mercadorias, altruísmos..., que serão discorridos futuramente) e levou Toninho junto. Ele gostou do que viu.

Quando dona Genuína passou em frente da casa onde sua mãe morava, ele lhe disse: — Ah! Eu quero ir com a “dindinha”! — Assim a chama, até hoje, porque ouvia os netos a tratarem dessa forma.

No curtíssimo período em que ficou junto de sua mãe (um mês, um mês e pouco), com apenas seis anos de idade, Toninho, escondido em baixo da mesa, ouvia e aprendeu todo o rito de uma benzedura.

Uma das filhas, Docília, de dona Genuína (sua mais nova mãe adotiva), comprou-lhe um crucifixo e ele passou a efetuar benzeduras, o que causava muita admiração entre as pessoas.

A meu pedido, assim ele me benzeu: “Seu João! Eu lhe benzo em cruz, pelas chagas de Jesus, pelas sete passagens que Jesus fez pela rua da amargura e pela água do batismo onde São João foi batizado e batizou Jesus Cristo e com essas palavras eu lhe benzo: Frio, febre, ares e constipações, sangue amalinado que corre na carne e na veia do corpo deste cristão, o mal que porventuridade no seu corpo vem causar, todo mal será cortado do seu corpo e da sua carne, todo mal será cortado do seu sangue e dos seus ossos, todo e qualquer remorso, aflição, pontada, pneumonia, pulo do coração, paralisia, eu corto em nome de Deus e da Virgem Maria, amém! Pelas três pessoas da Santíssima Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo. Pela luz do Divino Espírito Santo. Pela Hóstia consagrada. Pelos bons guias de luz, todo mal de seu corpo será cortado, para sempre, amém Jesus!”

Essa benzedura era efetuada três vezes. Como eu havia passado, recentemente, por um pequeno procedimento cirúrgico, então, pelo sim, pelo não, me senti muito bem fortalecido! z

CASA NENA CANOAS / RS

ARARANGUÁ / SC