Neste mês de setembro, a UNOPAR promoverá a “Semana da Responsabilidade Social”, evento que tem realizado todos os anos. Dentro da programação acontecerá, no auditório do Shopping Center, às 22h30 do dia 22, a palestra “Alcoolismo: sua influência na vida pessoal, profissional e social”, com o araranguaense Geverson Ferreira. A palestra é baseada no próprio livro de Geverson: Uma cura possível – a vida além do alcoolismo. A obra tem projeto gráfico da Orion Editora e está em fase de pré-lançamento, podendo ser adquirida pelo telefone 99926-1001, ou pelo e-mail umacurapossivel@gmail.com. Conforme o prólogo de Nelson R. Prohmann, o “texto é surpreendentemente discorrido e acessível. Conduzirá o leitor a uma reflexão pessoal, como se um velho amigo estivesse a lhe confidenciar seus percalços e mazelas.” E como todo drama humano é feito de tragédia e comédia, além da queda e da ascensão do protagonista, há também momentos cômicos. Na sequência, o autor aponta “três pilares” para se libertar da dependência ao álcool: espiritual, psicológico e médico. Mas a “cura” que Geverson prega tem essência espiritualista e não entra em conflito com a incurabilidade da síndrome da dependência definida pela OMS, pois em momento algum ele afirma que um alcoólico poderá recuperar a capacidade de beber controladamente. Geverson Ferreira (foto) , intuitivamente e amparado em seus estudos sobre espiritualidade e outras fontes que cita na obra, desenvolveu a própria consistência de sua sobriedade em que, para se recuperar do alcoolismo, é preciso tornar-se uma pessoa melhor, diferente do alcoólico em atitudes, comportamentos, reações emocionais; um espírito iluminando-se. No livro, o autor narra sua experiência existencial sem hesitação, consciente de que o transtorno alcoólico pode atingir qualquer pessoa e que a sociedade deve sempre buscar soluções e programas preventivos cada vez mais esclarecedores. Para isso, a expressão e o caráter do autor estão presentes na obra para dar uma grande contribuição. (RG) A P O I O C U LT U R A L
MARTA GRECHI
Bem-vinda, menina dos meus olhos, anunciando a primavera! Arrumei meu jardim para enfeitar com sua cor, embelezar com seu sorriso, com brincadeiras, danças de roda e cantigas de ninar! Fiz um portão, deixei aberto, acendi um sol, você cresceu, e a vida a tomou de mim! Ficou o rastro da boneca, ainda no guarda-roupa algumas peças e a promessa de, ao fim de uma década, trazer pro meu quintal, as flores que nasceram de ti. E você à minha volta, com perdão da minha distração e com amor renovado em seu coração! Você cresceu, aqui estou eu, a sua boneca, o seu jardim, o portão e meu peito feito criança e braços abertos, com meu amor, meus enfeites e defeitos, com açúcar e com afeto, pra lhe receber todo dia um pouquinho, com café preto, um docinho qualquer e feliz feito folia pra lhe dar a bênção e colocar a prosa em dia!
Refletindo ARLETE ZANERIPPE
Saudade amor que partiu. – Então por que veio? Autoestima acima de tudo. – O egoísmo é elo de algo? A solidão se faz necessária. – Por que a busca por alguém? Atitude é tudo. – Em que ampulheta ela é solução? Seja feliz sozinho. – Qual a principal causa de suicídio? Usar de liberdade é ser feliz. – Por que buscar culpar outros? Ter preconceito é ser limitado. – Por que tantos pais infelizes? Ensine você. Ajude outros a juntar esses cacos. A eles não misture os seus...
JORNALECO
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PANFLETO CULTURAL
H FUNDADO EM 18 DE MAIO DE 1994 H
ANO 24 • Nº 492 • SETEMBRO DE 2017 Periodicidade mensal - Tiragem: 1.000 exemplares Fechamento desta edição: 29/08/2017 10h50
© Ricardo Francisco Gomes Grechi (reg. nº 99866, prot.4315/RJ de 17/07/1995)
Av. XV de Novembro, 1807 - Centro - Araranguá Tel. (48) 3524-5916 graficacasadocarimbo@gmail.com
Não projetar na tela os discursos prontos ou toda a erudição da história da arte. Você estaria vendo com olhos alheios, que poderiam induzi-lo a ver coisas de que a obra não fala e deixar de ver a própria obra. É preciso ver com olhos inocentes. Contudo, inocência não significa ignorância, mas ausência de preconceitos. Aprender a ver é desvestir a alma. Cada arte tem sua linguagem. A música fala através do som/ silêncio; a pintura, através de cores, linhas e formas; o cinema, através da imagem-pensamento no tempo. A essa materialidade o artista — usando metáforas, paródias, alegorias — empresta uma transcendência. O resultado é o que chamamos forma artística. Entretanto, não existem regras para se ver um quadro. A linguagem da pintura não se presta a argumentações. A pintura não é um enunciado científico, nem moral. O que não impede, que se preste a tudo isso, mas no sentido de funções secundárias. Não se deve buscar uma única mensagem na pintura, pois a grande obra pode conter várias ou nenhuma. Mais do que denotativos (de conteúdo meramente informativo), os signos da pintura tendem para a conotação (ideias associadas, sugestões ao leitor de uma visão de mundo). É preciso entender que uma pintura pode revelar o inconsciente, seja do
JORNALECO ARARANGUÁ, SETEMBRO DE 2017 • ANO 24 • Nº 492 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA – CORTESIA DOS ANUNCIANTES
Pescadores de Ilhas (70x80; cubismo sintético). Alexandre Rocha, 1996 (+J.484) artista, seja de uma cultura, e que ela brota no limite entre o real e o imaginário. Do mesmo modo, é preciso entender que uma pintura só alcança o universal se estiver fundada no particular. O universal sem o particular é vazio. [Em Pescadores de Ilhas Alexandre Rocha parte de figuras locais apresentando a alma e a lida reconhecíveis em qualquer cultura sensível e atinge uma arte de vanguarda com as decomposições e geometrizações do cubismo].
Por último, entender que arte não é tradução, não é o espelho do artista ou da realidade. É construção e criação de signos novos, doadora de sentido. É uma forma do ser. A arte não dispensa a beleza, mas não pode ser reduzida a ela. A arte não precisa da verdade para existir. Há artistas, porém, que identificam a arte como reveladora da verdade. MARIA JOSÉ JUSTINO em Para Filosofar, Scipione, São Paulo, 1997, p. 212 e 213
E-MAIL: jornaleco.ara@gmail.com CNPJ 28.000.138/0001-00
EDIÇÃO, DIAGRAMAÇÃO E REVISÃO Ricardo Grechi CONTATOS Rossana Grechi ASSISTÊNCIA Guaraciara Rezende, Gibran Rezende Grechi, Nilson Nunes Filho IMPRESSO NA GRÁFICA CASA DO CARIMBO DE Rosa e Aristides César Machado PRODUÇÃO Nicolas Nazari Machado PREPARAÇÃO DO FOTOLITO David Machado Fernandes CORTE Toninho Abel IMPRESSÃO Valdo Martins
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Como ler uma pintura
Leia as edições do JORNALECO em https://issuu.com/jornaleco ou www.facebook.com/jornalecoararangua (desde jan.2009) UMA PUBLICAÇÃO
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Um livro que expõe a vida de um alcoólico na ativa e sua posterior busca pela sobriedade
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Teco-teco ○
Rico e descontente O Alexandre Rocha, um dos maiores artistas do sul catarinense e grande pensador e ativista da nossa cultura, política e história, cunhou uma ótima expressão, ao mesmo tempo solene e irônica, para definir o cidadão rebelde sem causa de orgulho pueril que aderiu ao discurso político elitista (do ódio ao pobre pelo sentimento de perda de bens proposicionais): “neoempreendedor conservador se achando rico e descontente”.
Mudando de assunto A televisão comercial nunca enfrentou um concorrente tão avassalador quanto a internet com seus sites e redes sociais. Antes, a competição era só entre os canais. Hoje, a luta é para recuperar a atenção do público atraída para a telinha dos smartphones. E se o padrão natural da televisão comercial é a mediocridade em suas produções e programação, o jornalismo era o que mantinha alguma dignidade. Mas acabou. A regra da comunicação não é mais o uso do coloquialismo jornalístico com objetividade e respeito à inteligência do telespectador. Com ares de modernidade, a linguagem de penteadeira e os comentários abobrinhas tomaram conta. É um tal de “olha só”, “a gente te mostra”, “ó”, “aí”, e o indefectível “né” (um vício de linguagem do dia a dia para “verificar a conexão” que a televisão usa como um acessório bonitinho); mas a pérola é o “mudando de assunto...”, como se noticiário fosse bate-papo com a Ana Maria Braga — tudo isso para reproduzir a “intimidade” dos meios virtuais. A juvenilização nas mídias, por conta do crescente mercado direcionado aos mais jovens nas últimas décadas, “evoluiu” para a idiotização. Para renovar o contrato com a Globo, no final dos anos 80, Chico Anísio exigiu uma vaga de comentarista nos jogos da Seleção. Galvão Bueno surtou, e com razão, alegando que comentarista de futebol tinha que ser profissional da área. Mas, no fim, teve que engolir o Chico. Hoje, quem diria? Galvão abandonou a dignidade profissional e já aceita dividir o microfone nas transmissões com qualquer carinha da indústria da fama, tudo por uma audiência duvidosa.
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JOÃO BATISTA DE SOUZA Com o advento da aviação, o mundo se tornou pequeno demais. O voo, para o ser humano, se tornou viável com um grande empurrão de Santos Dumont, em 1906. No começo as aeronaves eram verdadeiras geringonças, pouco confiáveis e os pilotos, seus aventureiros. Segundo o Diário Caçadorense*, em 1º de março de 1915, o primeiro avião usado em missão militar na América do Sul caiu em solo paranaense, durante a Guerra do Contestado, quando voava de Porto União em direção a Caçador para lançar bombas no Vale de Santa Maria. Es t e f o i o p r i meiro acidente aéreo no nosso continente. O piloto Ricardo João Kirk, de 39 anos, faleceu no acidente. Em 1986 ele foi alçado a “Patrono da Aviação do Exército”. Quando criança, apareceram por Morro da Fumaça alguns aviõezinhos teco-tecos que sobrevoaram a vila e pousaram num imenso campo onde se costumavam efetuar corridas de cavalos. Estruturas de madeira, coberturas de lona, somente o manche, nenhum outro instrumento. Todo mundo acorreu ao lugar. Foi uma festa. Um aviador (Varela) fez muito sucesso com seu teco-teco. Diziam que passou com seu aparelho por baixo da ponte sobre o rio Tubarão, esquivando-se entre suas duas colunas. Os jogadores do meu querido Rui Barbosa Esporte Clube estavam treinando, e quem apareceu de surpresa? Varela! Todos tiveram que ajudar o piloto a manobrar a máquina a fim de poder levantar voo de volta. Com seis anos de idade, sentado na porta da casa de meus tios, no Lote Seis, Criciúma, assisti extasiado um espetáculo aéreo de um teco-teco que subia, subia, subia... Quando quase não se avistava mais o “bólido”, ele pairava alguns instante no ar, com o motor desligado, e depois começava a descer, descer, descer... em piruetas. Antes que se estatelasse no chão, seu piloto ligava novamente o motor e a aeronave efetuava uma grande curva ascendente e reiniciava sua aventura, num movimento denominado looping.
RUBEM ALVES
Ainda, quando criança, ao ver um avião de passageiros passar, bem pequenino, lá no céu, na minha ingenuidade pueril ficava me perguntando: “Como faz o avião para entrar seus passageiros?” Então eu imaginava uma pessoa, ou várias pessoas, com suas bagagens em mãos, subindo imensas escadas e embarcando no avião em movimento, como faziam alguns passageiros pegando o trem em movimento. Eu via nas revistas fotos de imensos aviões, no ar, ou no chão, e me encantavam sua aerodinâmica e maravilha tecnológica.
O Rio Grande do Norte foi o primeiro estado brasileiro a conceder o voto à mulher: em 1927. Lá foi registrada a primeira eleitora, Celina Guimarães Viana, que requereu o alistamento baseada no texto constitucional do estado que mencionava o direito ao voto sem distinção de sexo. Entretanto, na primeira eleição em que as mulheres votaram, seus votos foram anulados por decisão da Comissão de Poderes do Senado Federal, em 1928, sob a alegação de que era necessária uma lei especial a respeito. Em seguida, o estado elegeu, em 1929, a primeira prefeita da América do Sul, Alzira Soriano, na cidade de Lajes. http://guiadoestudante.abril.com.br
Luíza Alzira Soriano Teixeira foi a primeira prefeita eleita no Brasil e na América Latina. Tomou posse no cargo em 1º de janeiro de 1929. Viúva, Alzira Soriano disputou em 1928, aos 32 anos, as eleições para a prefeitura de Lajes, cidade do interior do Rio Grande do Norte, pelo Partido Republicano, e venceu com 60% dos votos, quando as mulheres nem sequer podiam votar. (www.tse.jus.br)
Teco-tecos são aviões de pequeno porte, de um só motor e uma só hélice, usados para pequenos trajetos. Em Araranguá dos anos 60 e 80 era famoso o teco-teco do Nelinho, nosso primeiro aviador local. ○
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Já casado e com dois filhos de oito e nove anos de idade, levei-os ao aeroporto Salgado Filho, de Porto Alegre, para conhecerem o avião. Eu mesmo nunca tinha visto um desses. Depois de alguns minutos, eles já se desinteressaram e passaram a brincar. Fiquei um bom tempo, encantado, observando aquela maravilha. Araranguá já teve aeroporto (campo de aviação). Aviões de passageiros pousavam aqui, numa época em que os caminhos terrestres eram muito precários. Liderei (década de 1980) um grupo de escoteiros e lhes proporcionei um passeio de avião sobre a cidade, através de Nelinho e seu teco-teco. Anos 20, século passado, Antoine de Saint-Exupéry (escritor e aviador francês), autor de O Pequeno Príncipe, provavelmente também pousou por aqui, só que numa de nossas lagoas, indo de Florianópolis para o Uruguai. Há um relato antigo de que um pequeno hidroavião pousou de emergência na Lagoa da Velhinha. Foi chamado um mecânico que, ao mover a hélice do aviãozinho para dar partida no motor, teria se desequilibrado e a hélice o teria matado. (*) http://www.diarioriodopeixe.com/ cultura/11877-ha-100-anos-caiu-em-solocontestado-o-primeiro-aviao-usado-emmissao-militar/
A BANDA
PRIMEIRA ELEITORA E PRIMEIRA PREFEITA
ARTE SOBRE FOTO DA INTERNET
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Não haverá borboletas se a vida não passar por longas e silenciosas metamorfoses.
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1930-1932: O PROJETO DO VOTO FEMININO NO SENADO Em fevereiro de 1932, Getúlio Vargas assinou o tão esperado direito de voto. No ano seguinte, as brasileiras puderam participar da escolha dos seus candidatos para a Assembleia Constituinte em todo o país, mas o voto feminino ainda era facultativo. http://guiadoestudante.abril.com.br “Tenha paciência com tudo não resolvido em seu coração e tente amar as próprias questões. Não procure as respostas que não poderiam ser dadas a você agora, porque você não seria capaz de vivê-las. E o ponto é viver tudo. Viva as perguntas agora. Talvez, então, algum dia num futuro distante, você gradualmente, sem perceber, viva o seu caminho para a resposta.” RAINER MARIA RILKE
SETEMBRO 2017
Se uma escolinha de futebol não ensina a seus alunos que tentar enganar o juiz, simulando faltas e reclamando indevidamente para levar vantagem sobre o adversário, é coisa de gente desonesta — que pode criar sérios problemas aos profissionais da arbitragem e aos times prejudicados e motivar brigas entre as torcidas —, então é melhor fechar a escolinha. Malandragem no futebol é o chapéu, a meia-lua, o drible da vaca, passe de calcanhar, meter entre as canetas, roubar a bola. Já a desonestidade é coisa de ladrão, vigarista, mau caráter, e deve ser combatida em todos os campos da atividade humana: em casa, na escola, no trabalho, na política.
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JORNALECO 492
A escolinha
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SOLO DO EDITOR RICARDO GRECHI
uplemento
Viver é a coisa mais rara do mundo. A maioria das pessoas apenas existe. OSCAR WILDE
Machado de Assis é maior que Dickens, Balzac e Eça de Queiroz, diz crítico e escritor espanhol http://g1.globo.com/pop-ar te/noticia/machado-de-assis-e-maior-que-dickens-balzace-eca-de-queiroz-diz-critico-e-escritor-espanhol.ghtml (Por Agência EFE - 05/05/2017)
Antonio Maura fará conferência no Egito para falar do brasileiro. Sócio correspondente da Academia Brasileira de Letras, ele diz que o autor ainda é “um grande desconhecido”. Escritor e crítico espanhol, Antonio Maura acredita que Joaquim Maria Machado de Assis (18391908), o grande gênio da literatura brasileira, não foi devidamente valorizado pela crítica e mereceria ser reconhecido como um dos melhores escritores do século XIX. “Acho que Machado é um dos grandes nomes do século XIX. Não acredito que se compare nem a [Charles] Dickens, [Honoré de] PERFIL DE MACHADO, EM 1904 (DIVULGAÇÃO) Balzac, Eça de Queiroz ou ao nosso [Benito Pérez] Galdós. São grandes escritores, mas estão abaixo nos quesitos riqueza, crítica e análise da sociedade e versatilidade. Não chegam aos pés”, diz. Antonio Maura está no Cairo para a conferência “El autor y sus máscaras: Una aproximación a Cervantes y Machado de Assis” (“O autor e suas máscaras: Uma aproximação de Cervantes e Machado de Assis)”, no Instituto Cervantes local. Ele afirma que, fora de suas fronteiras, o escritor brasileiro “é um grande desconhecido”. Em sua opinião, até mesmo no Brasil os estudos sobre Machado de Assis “não refletiram bem” sua faceta de grande crítico do sistema de sua época e da escravidão. Para Maura, o cronista e poeta teve que recorrer à ironia para falar “na surdina” de um tema que não podia ser encarado abertamente por ele ser neto de escravos. Um exemplo disso é Memórias póstumas de Brás Cubas (1881). De acordo com Maura, a verdadeira intenção do autor é “colocar o dedo na ferida” da sociedade e para isso se serve de uma sutil alegoria para denunciar que o morto é o próprio Brasil. A escolha do nome do protagonista, que coincide com o início do nome do país, “não é à toa” para alguém tão “inteligente e cuidadoso com a linguagem” quanto era Machado de Assis. Para Maura, “a crítica brasileira foge” desta interpretação porque “não é fácil aceitar que seu país é um país morto ou esteve morto”. O crítico espanhol defende que as obras que o romancista e dramaturgo escreveu depois de Memórias póstumas de Brás Cubas, como Dom Casmurro ou Quincas Borba, são dos livros “mais importantes de sua geração, não apenas do Brasil, mas de todo o mundo”. Segundo ele, alguns autores de língua espanhola, como Jorge Edwards, Julián Ríos e Carlos Fuentes, destacaram a importância de Machado de Assis, mas o mestre brasileiro ainda carece do merecido reconhecimento mundial.
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BBC BRASIL http://www.bbc.com/ portuguese/geral-36453918 (acesso em 25/08/2017)
O OVO é um fiel companheiro do café e do pão no café da manhã em muitos países. Seus altos índices de proteínas e vitaminas A, D e B12 fazem dele um alimento cheio de nutrientes que costuma ser recomendado por especialistas. Por outro lado, um de seus principais componentes é a gordura, relacionada ao aumento do colesterol no sangue, o que pode levar a problemas cardíacos. Portanto a pergunta: é saudável comer ovos todos os dias? SEM MEDO A maioria das pessoas saudáveis pode comer até sete ovos por semana sem que isso aumente o risco de incidência de doenças do coração, escreve o cardiologista Francisco López-Jimenez na página de internet da Clínica Mayo, dos Estados Unidos. Diversos estudos mostraram que o consumo de um ovo por dia pode até prevenir alguns tipos de infarto, segundo o especialista. Um estudo de 1999 da Universidade de Harvard, que analisou 115 mil pessoas durante uma década, concluiu que comer um ovo diariamente não levaria a um aumento do colesterol no sangue. Alguns acreditam que o ovo pode ser a principal fonte de gordura de uma refeição, mas na realidade deveríamos nos preocupar mais com as gorduras saturadas. APOIO CULTURAL
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Essa advertência foi feita pelo sistema público de saúde da Grã-Bretanha (NHS), que recomenda reduzir o consumo de alimentos como salsicha, presunto, manteiga e óleo – que têm um efeito maior sobre a quantidade de colesterol no sangue do que os ovos. “Para aqueles que já têm altos índices de colesterol no sangue, o melhor é limitar o consumo de ovos a dois ou três por semana”, disse à BBC Mundo a nutricionista Margaret Brown, da Clínica Mayo. QUAL É A FORMA MAIS SAUDÁVEL DE COMER OVOS? Já que sabemos que comer um ovo de galinha por dia pode ser considerado benéfico para a saúde – então podemos começar a saborear diariamente um ovo frito com sal, certo? Não é bem assim. Os diferentes preparos do alimento também transformam o seu impacto para a saúde. Os ovos pochê são os mais recomendados pelos médicos. Há diferentes formas de cozinhá-los. Uma delas é cozinhá-los sem casca em água muito quente, mas não fervente. O tempo de cozimento não deve exceder quatro minutos. Mas se seus dotes culinários não estão à altura desta técnica, cozinhar os ovos é a segunda alternativa recomendada, pois desse modo a gema preserva a maioria de seus nutrientes. Ovos fritos ou mexidos são as maneiras menos recomendadas de consumi-los. Isso porque nessas formas de preparo as gorduras naturais são oxidadas, afirmou à BBC Mundo a especialista em nutrição integrativa Rebecca Eisenmann.
TOURNIER Dr. Everton Hamilton Krás Tournier Graduado e especializado na Universidade Federal de Santa Catarina • Pós-graduado no Instituto Adolfo Lutz de São Paulo • Pós-graduado na Universidade do Sul Catarinense E-mail: tournier@contato.net
EDIÇÃO E NOTAS DO JORNALECO: RICARDO GRECHI
Centro de Reabilitação
Faz mal comer ovo todos os dias?
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EDIÇÃO: ROSSANA GRECHI
A VERDADE
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O cinema Glória abriu seu salão para uma soirée dançante a 23 do passado a qual esteve animadíssima, dançandose até alta madrugada.
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Um anno 8$000 - Semestre 5$000 Redacção: Rua Dr. Joe Collaço Diretor-gerente: Durval Mattos Araranguá (Santa Catharina)
Além disso, fritá-los em óleo aumenta a quantidade de gordura em 50%, segundo o NHS.
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Se ainda assim sua preferência são ovos fritos, a nutricionista Margaret Brown recomenda que você adicione à panela o mínimo possível de gordura.
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Festa do Divino
É fácil de cozinhar, tem proteína e é saboroso
Realizar-se-ão nos dias 5, 6, 7 e 8 do corrente, as festividades do Divino Espírito Santo, nesta cidade. Virá abrilhantar a mesma, a Banda Musical Amor à Pátria, de Jaguaruna.
Atacado de pertinaz enfermidade, acha-se guardando leito o ilustre advogado Dr. João Chacon. Breves melhoras é o que lhe desejamos. * * * Regressou à casa paterna, depois de longa viagem cheia de mil acidentes, das plagas matogrossenses, a esta cidade, o jovem Edmundo Gomes, que chegou atacado de pertinaz febre intermitente. Felizmente está em vias de restabelecimento graças ao tratamento médico a que o submeteu o ilustre sr. dr. Otto Campos.
Quarta página de quatro
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A opção orgânica é boa, mas tudo depende do orçamento do consumidor, segundo Brown. “O principal é que o produtor mantenha os ovos livres de germes nos processos de lavagem, embalagem e transporte”, disse.
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Para Eisenmann, porém, a gema é de melhor qualidade se o animal tiver se alimentado com nutrientes encontrados em área para pasto e tenha ficado em contato com o sol – procedimentos característicos de pequenas granjas.
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A gema concentra a maior quantidade de proteína dos ovos. Mas duas claras contêm quase a mesma quantidade de proteínas de um ovo inteiro, de acordo com Margaret Brown.
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“Se você quer limitar seu consumo de colesterol, uma boa alternativa é preparar um omelete de claras”, disse ela.
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Porém, na clara há uma proteína que pode causar alergias alimentares. Por isso, não é bom abusar do consumo delas.
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POética Araranguaense .7 ○
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UMA aNTOLOGIA ○
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Junteira SANDRA HAHN Epígrafe Tudo cabe na cesta se sabemos juntar: 01 Junto os peixes, meu pai. Não os que pescastes, mas os que deixamos apodrecer à beira-mar. 02 É do mar que trago esse cheiro das maresias, é do mar que trago este sal que me salga as entranhas. 03 O silêncio faz tudo crescer dentro de mim... Ele me atravessa. Sou um rio de puro sal. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Meus filhos queridos JOÃO DA SILVA Se viver é o que estou sentindo Quero seguir assim até o fim Quero amar os meus filhos queridos Mas sonho que eles me queiram assim Assim como o despertar da aurora Assim como o abrir da flor Não importa se Deus já levou Uma parte deste nosso amor O amor é uma coisa ampla Que não dá para se definir Eu vos garanto, lutarei, queridos E nada no mundo vai nos reprimir O direito que aqui expresso É o direito das nossas razões É o direito que estou sentindo De viver dentro de seus corações O filho é a coisa mais bela Que a natureza já nos concedeu Eu estou feliz com vocês agora Mas vivo triste com quem já morreu
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(Letra integrante do CD Recordações)
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Getúlio Dornelles Vargas nasceu em 19/4/1882, em São Borja (RS) e faleceu em 24/8/1954, no Rio de Janeiro (RJ). Foi o presidente que mais tempo governou o Brasil, durante dois períodos. Foi presidente do Brasil entre os anos de 1930 a 1945 e de 1951 a 1954. Entre 1937 e 1945 instalou a fase de ditadura, o chamado Estado Novo. Getúlio Vargas assumiu o poder em 1930, após comandar a Revolução de 1930, que derrubou o governo de Washington Luís. Seus quinze anos de governo seguintes caracterizaram-se pelo nacionalismo e populismo. Sob seu governo foi promulgada a Constituição de 1934. Fecha o Congresso Nacional em 1937, instala o Estado Novo e passa a governar com poderes ditatoriais. Criou o DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda) para controlar e censurar manifestações contrárias ao seu governo. Perseguiu opositores políticos, principalmente partidários do comunismo. Enviou Olga Benário, esposa do líder comunista Luis Carlos Prestes, para o governo nazista. Vargas criou a Justiça do Trabalho (1939), instituiu o salário mínimo, a Consolidação das Leis do Trabalho, também conhecida por CLT. Os direitos trabalhistas também são frutos de seu governo: carteira profissional,
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O gato na janela RONALD GOMES Um gato na janela O gato no parapeito Fica me olhando de um jeito Como quem conhece meus medos E no fundo da sua retina Percebo a astúcia felina A desvendar meus segredos O que quer, afinal, o gato? Quando me olha, de fato, Dilacerando minha alma?
M
E ainda me olha tranquilo Como se não tivesse nada com aquilo Mantendo completamente a calma! Será assim todo felino? A perscrutar nosso destino, Ou o que de nós pressintam? Ou será apenas uma imagem, Um devaneio, uma miragem Como o cão negro de Winston? Não, o problema não é o bichano No fundo sou eu que encano Com qualquer coisa que me assuste
Sigo o destino que me é imposto. Depois de decênios de domínio e espoliação dos grupos econômicos e financeiros internacionais, fiz-me chefe de uma revolução e venci. Iniciei o trabalho de libertação e instaurei o regime de liberdade social. Tive de renunciar. Voltei ao governo nos braços do povo. A campanha subterrânea dos grupos internacionais aliou-se à dos grupos nacionais revoltados contra o regime de garantia do trabalho. A lei de lucros extraordinários foi detida no Congresso. Contra a justiça da revisão do salário mínimo se desencadearam os ódios. Quis criar liberdade nacional na potencialização das nossas riquezas através da Petrobrás e, mal começa esta a funcionar, a
E o gato no parapeito Parece sorrir, satisfeito, Da minha angústia e do meu embuste! ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Farol FERNANDA GUIDI Farol faminto iluminando a noite feroz feixe de luz, olhos fechados brincando em pisca-pisca alternado vara a madrugada: Fogo-fátuo protegendo o anjo adormecido.
F O R M AT U R A S E A S S E S S O R I A w w w. a m f o r m a t u r a s . n e t ARARANGUÁ Av. XV de Novembro, 1790 - Centro - Tel. (48) 3522-0356 CRICIÚMA Av. Universitária, 230 - Sta. Augusta - Tel (48) 99627-5838 TUBARÃO Rua Martinho Ghizzo, 375 - Dehon - Tel. (48) 3622-0822 r e c e p cao @ a m f o r m a t u r a s . n e t
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semana de trabalho de 48 horas e as férias remuneradas. GV investiu muito na área de infraestrutura, criando a Companhia Siderúrgica Nacional (1940), a Vale do Rio Doce (1942), e a Hidrelétrica do Vale do São Francisco (1945). Em 1938, criou o IBGE. Saiu do governo em 1945, após um golpe militar. Em 1950, Vargas voltou ao poder através de eleições democráticas. Neste governo continuou com uma política nacionalista. Criou a campanha do “Petróleo é Nosso” que resultaria na criação da Petrobrás. Em agosto de 1954, Vargas suicidou-se no Palácio do Catete com um tiro no peito. Até hoje seu suicídio gera polêmicas. O que sabemos é que seus últimos dias de governo foram marcados por forte pressão política por parte da imprensa e dos militares. A situação econômica do país não era fato que gerava muito descontentamento entre a população. Embora tenha sido um ditador e governador com medidas controladoras e populistas, Vargas foi um presidente marcado pelo investimento no Brasil. Além de criar obras de infraestrutura e desenvolver o parque industrial brasileiro, tomou medidas favoráveis aos trabalhadores. Foi na área do trabalho que deixou sua marca registrada. Sua política econômica gerou empregos no Brasil e suas medidas na área do trabalho favoreceram os trabalhadores brasileiros. (http://www.SUAPESQUISA .com/vargas/)
“Carta testamento” de Getúlio Vargas
ais uma vez, as forças e os interesses contra o povo coordenaram-se e novamente se desencadeiam sobre mim. Não me acusam, insultam; não me combatem, caluniam, e não me dão o direito de defesa. Precisam sufocar a minha voz e impedir a minha ação, para que eu não continue a defender, como sempre defendi, o povo e principalmente os humildes.
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E T C ETERA
“Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei contra a espoliação do povo”
onda de agitação se avoluma. A Eletrobrás foi obstaculada até o desespero. Não querem que o trabalhador seja livre. Não querem que o povo seja independente. Assumi o Governo dentro da espiral inflacionária que destruía os valores do trabalho. Os lucros das empresas estrangeiras alcançavam até 500% ao ano. Nas declarações de valores do que importávamos existiam fraudes constatadas de mais de 100 milhões de dólares por ano. Veio a crise do café, valorizou-se o nosso principal produto. Tentamos defender seu preço e a resposta foi uma violenta pressão sobre a nossa economia, a ponto de sermos obrigados a ceder. Tenho lutado mês a mês, dia a dia, hora a hora, resistindo a uma pressão constante, incessante, tudo suportando em silêncio, tudo esquecendo, renunciando a mim mesmo, para defender o povo, que agora se queda desamparado. Nada mais vos posso dar, a não ser meu sangue. Se as aves de rapina querem o sangue de alguém, querem continuar sugando o povo brasileiro, eu ofereço em holocausto a minha vida. Escolho este meio de estar sempre convosco. Quando vos humilharem,
sentireis minha alma sofrendo ao vosso lado. Quando a fome bater à vossa porta, sentireis em vosso peito a energia para a luta por vós e vossos filhos. Quando vos vilipendiarem, sentireis no pensamento a força para a reação. Meu sacrifício vos manterá unidos e meu nome será a vossa bandeira de luta. Cada gota de meu sangue será uma chama imortal na vossa consciência e manterá a vibração sagrada para a resistência. Ao ódio respondo com o perdão. E aos que pensam que me derrotaram respondo com a minha vitória. Era escravo do povo e hoje me liberto para a vida eterna. Mas esse povo de quem fui escravo não mais será escravo de ninguém. Meu sacrifício ficará para sempre em sua alma e meu sangue será o preço do seu resgate. Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei contra a espoliação do povo. Tenho lutado de peito aberto. O ódio, as infâmias, a calúnia não abateram meu ânimo. Eu vos dei a minha vida. Agora vos ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na História. Rio de Janeiro, 23/08/1954
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Depois de um longo processo de exclusão, a mulher brasileira conseguiu o direito de votar e ser votada, apesar de ainda estar muito aquém dos homens em setores como o político, o religioso e o militar. Paralelamente à permissão de votar as mulheres concorrem, de maneira desigual, aos cargos políticos. Na Europa, com o final da I Guerra Mundial o sufrágio feminino foi conquistado, o que pôde ajudar o Brasil a definir sua meta de inclusão do gênero na esfera política. Mas o primeiro país do mundo a conceder o voto às mulheres foi a Nova Zelândia, em 1893. Depois veio Austrália em 1902. Na Europa o primeiro país foi a Finlândia, em 1906. Mas essas conquistas não foram fáceis. Na Grã-Bretanha, por exemplo, ouve um incidente curioso com as “suffragettes” – ativistas feministas – que em protesto pelo direito ao voto foram presas e Emily Davison, sua maior mártir, num ato desesperado se jogou na frente do cavalo do rei. Sua morte desencadeou uma revolta e no dia do seu enterro aconteceram vários protestos violentos. Nos EUA a luta não foi muito diferente. O aumento dos protestos para a permissão do voto das mulheres foi enorme e o objetivo só se concretizou quando o Estado de Montana elegeu para o Congresso sua primeira deputada, Jeannette Rankin. A deputada passou a ser líder da campanha aprovada pelo Congresso em 1919 e ratificada em 1920 – 19ª Emenda da Constituição Americana, na qual é proibida a discriminação política com base no sexo. A CONQUISTA NO BRASIL A conquista pelo voto feminino começou a tomar corpo, no Brasil, em 1927, quando o Deputado Federal, Juvenal Lamartine de Faria, em sua plataforma à candidatura do governo do Rio Grande do Norte prometeu amplos poderes às mulheres e garantiu que Celina Guimarães fosse alistada como a primeira mulher eleitora. No ano seguinte, a primeira candidata foi eleita, ainda na cidade de Mossoró-RN, sendo prefeita do Município de Lajes.
Pressionado pelas feministas quanto às restrições, o governo de Getúlio Vargas ampliou o direito ao voto a todas as mulheres: em 24 de fevereiro de 1932 foi promulgado o Código Eleitoral que igualava a mulher aos homens quanto ao voto: o eleitor era descrito no código como “o cidadão maior de 21 anos, sem distinção de sexo...”. Logo a seguir, em 1935, foi eleita a primeira deputada estadual pelo voto popular: Maria do Céu Fernandes, do Rio Grande do Norte. TIRAR OS ESPARTILHOS PARA TRABALHAR E PODER VOTAR Desde a abolição do espartilho, que impedia a agilidade da mulher e a tornava incapaz de produzir em fábricas, até os tempos atuais, muita coisa foi transformada para que a mulher pudesse ter sua inclusão na sociedade. E ainda hoje muita coisa há de ser feita, pois a inclusão feminina como eleitora e candidata está diretamente ligada à participação da mulher no mercado de trabalho e seu acesso aos cursos de nível superior. Vários homens ilustres foram defensores do Sufrágio Universal, que incluía a presença da mulher como de suma relevância para as eleições, tais como Lauro Sodré, Barbosa Lima Sobrinho, Nilo Peçanha, Érico Coelho, Índio do Brasil, César Zama, Lamounier Godofredo e Fonseca Hermes, Ruy Barbosa, Barão do Rio Branco, entre outros. Em uma sessão do Congresso, de 27 de janeiro de 1891, o deputado Pedro Américo falou: “A maioria do Congresso Constituinte, apesar da brilhante e vigorosa dialética exibida em prol da mulhervotante, não quis a responsabilidade de arrastar para o turbilhão das paixões políticas a parte serena e angélica do gênero humano.” BERTHA LUTZ É comum encontrar declarações de que a mulher foi beneficiada com as revoluções pósguerra na conquista de maiores espaços. Bertha Lutz, presidente da Federação Brasileira Pelo Progresso Feminino e exemplo de persistência na luta feminina pelo direito ao voto das mulhe-
F 1974-75: o último ano do jornal F
res, enalteceu a figura do presidente Getúlio Vargas quando participou do II Congresso Internacional Feminino reconhecendo o empenho do presidente na remodelação da estrutura política nacional.
ANO XV - Nº 280 - 21 DE SETEMBRO DE 1974 EDIÇÃO E NOTAS DO JORNALECO: RICARDO GRECHI
1º Encanto [de Sombrio]
No dia 30 de junho de 1932, uma comissão de mulheres – levando um memorial com cerca de 5 mil assinaturas – foi recebida no Palácio do Catete pelo presidente para que nomeasse Bertha uma das participantes para elaborar o anteprojeto da nova Constituição Brasileira.
COLUNA DO IRÊ Eis o resultado do festival rea-
lizado no último 6 e 7 de setembro, em Sombrio. 1º LUGAR : Grupo Gental, com a música “General”, da cidade de Porto Alegre; recebeu Cr$ 1.000,00. 2º LUGAR: o araranguaense Volney de Faveri, com “O Valor da Vida”. 3º LUGAR: Ivair Rontane Rolim, com a “Canção para Rosinha”, de Gravataí. 4º LUGAR : Band Saad, com “Normal ou não”, de Porto Alegre. 5º LUGAR : Silvio Silva, com “Tudo ou Nada”, de Sombrio.
Por meio do Decreto nº. 21.076, de 24 de fevereiro de 1932, o presidente Getúlio Vargas institui o Código Eleitoral Brasileiro, e o artigo 2 determinava que era eleitor “o cidadão maior de 21 anos, sem distinção de sexo”. A CONSTITUIÇÃO A Constituição de 1934 manteve o Decreto do presidente Vargas e reduziu a idade mínima para o exercício do voto para 18 anos, mantida até a Constituição de 1988, que facultou para os maiores de 16 anos o direito ao voto. A legislação eleitoral vigente garante às mulheres brasileiras a participação efetiva nas eleições, obrigando os partidos políticos a apresentarem em suas chapas proporcionais a cota mínima de 30% de candidatas – baseada na Lei das Cotas.
No ar, a TV Difusora Araranguá, em matéria de televisão, é privilegiada. Contamos com dois ótimos canais cujas imagens são captadas. O canal da TV Coligadas, de Blumenau, retransmite a programação da TV Globo, e o canal da TV Cultura, de Florianópolis, responsável pela retransmissão do programa da TV Tupi. Agora, contamos recentemente com a imagem da TV Difusora, de Porto Alegre, cujas instalações [de antenas] se acham implantadas no alto do Morro Centenário. O local foi preparado especialmente para esse fim, tornando-se um ponto pitoresco para aqueles que apreciam as belezas naturais, principalmente as que oferece Araranguá. O responsável por esse melhoramento é o Ten. Hermes, da 1a CPM, entusiasta e entendedor da matéria. Muito modesto, o Ten. Hermes tudo faz sem procurar compensação. Por isso, conta com o apoio incondicional do araranguaense, que se mostra agradecido. NJ: Mas eventuais quedas dos serviços das torres de retransmissão deixavam muitas vezes a TV fora do ar.
Apesar da criação dos Conselhos Nacional, Estaduais e Municipais da Condição Feminina, as delegacias da mulher, os coletivos de mulheres nos partidos e sindicatos, a implementação da Lei das Cotas, essas instâncias de representação e reconhecimento político não determinaram um equilíbrio entre homens e mulheres em termos de representação no legislativo. Baseado nas últimas eleições é de 8% o índice das mulheres que representam o poder na elaboração das leis do país. Considerando que em 1998 esse percentual era de 5,6%, é mais do que notório que o crescimento do papel da mulher na política irá, a cada dia, crescer mais. Primeiro conquistar o poder de votar e depois transformar esse poder em arma para modificar os destinos da nação. A ampliação da participação das mulheres na vida política é fruto de coragem, perseverança, amor e sacrifícios. O desempenho dos mandatos das mulheres também é um diferencial a ser analisado, embora ainda seja um número muito aquém do que a sociedade necessita, só tem revelado que as mulheres sabem tratar, e muito bem, a coisa pública. z
Ladrões de supermercados Há tempos alertamos os supermercados de que estavam se repetindo pequenos roubos em seus interiores por indivíduos descarados. Recentemente, foi vítima o Supermercado Panelão, na av. Getúlio Vargas. Indivíduos encapotados motivados pelo frio, não titubeavam em sair com seus capotes abarrotados de toda espécie de embalagem de perfumaria. O produto do roubo estava sendo vendido no bairro Urussanguinha, onde os ladrões tinham o desplante de colocar a mercadoria à venda em pequenas prestações semanais. A polícia, logo que teve conhecimento do fato, prendeu os “comerciantes” e acabou com seu crediário.
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http://www.educacaopublica.rj.gov.br/ biblioteca/cidadania/0068_02.html
Para que a conquista fosse legitimada, a partir do Estado Novo, e simplesmente com a falta de oposição ao sufrágio feminino, o Governo Vargas, em 1931, criou um novo código eleitoral, provisório, em que algumas mulheres teriam o direito ao voto: as solteiras ou viúvas que comprovassem renda própria ou as casadas, que poderiam exercer esse direito somente com a permissão dos seus maridos.
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MARA LÚCIA MARTINS
j LOGOTIPO CRIADO POR C. E. GUASCO (ESTREOU NA EDIÇÃO 169 DE 16/04/1968 E FOI USADO ATÉ O FINAL)
JORNALECO 492
Voto feminino: uma conquista da inclusão da mulher no cenário político
Diretor WLADINIR LUZ Redator ERNESTO GRECHI FILHO Gerente HERVALINO CAMPOS Tipógrafos WALDEMIRO, FERRINHO, NEI etc. Impressão: GRÁFICA LIDER (LIDO) (ORION), 1960-1975 Redação e oficina: Av. Getúlio Vargas, 158-170, em frente ao Cine Roxy
Colombo quer estrada concluída O governador Colombo Salles não deixa por menos: quer a inauguração da estrada dos Conventos neste ano. O novo edifício do Fórum terá sua inauguração em setembro próximo. Essas duas obras da administração do governador Colombo Salles são consideradas as de maior vulto contribuídas por administração estadual em todos os tempos em Araranguá. NJ: O Fórum será inaugurado em novembro desse ano, mas a estrada para o Morro dos Conventos terá que esperar a década seguinte para se concluir.
Conferência Vicentina através da ala feminina Santa Isabel, confeccionou duas artísticas colchas toda executadas à mão, a fim de sorteá-las em benefício daquela associação de caridade. Num trabalho meticuloso, cujo labor pode-se comparar àqueles das abelhas, onde milhares de seres, dando pequena parte de cada um, conseguem formar grandes favos de mel, assim foram as vicentinas. As colchas receberam o trabalho das senhoras Ziza Bacha Lemos, Lili Leite, Sacramenta Pereira, Elza Garcia, Alzira Rabello Elias, Sônia Rabello Elias, Delminda Grechi, Iolanda Rabelo, Amélia Rabello, Neda Grechi, Ana Teixeira, Nair Velho Grechi, Nívea Bacha, Iraci Vieira, Scheila Vieira, Edite Campos, Zina Bertoncini, Lia de Souza, Branca Paladini, Judite Campos, Zuleika Nunes, Elena Rabello, Tereza Bacha, Cora Maciel, Dada Wendhausen, Alice Arcari, Isaurina Espíndola, Terezinha Tournier, Alfena Tournier, Olga Mondardo, Janete Rocha, Nair Fernandes, Maria Cândido, Benta Guidi, Carmem Pereira.
A turma de estudantes relacionada a seguir, informam que estão “arranchados” num imóvel sito à rua Anita Garibaldi, 61, Centro, Florianópolis, para onde deverá ser remetida qualquer correspondência, ou quando forem procurados pessoalmente. De Araranguá: João Carlos Espíndola, Pedro Paulo Nunes, Eniltom Eurides de Oliveira, Mario Cesa Canela, Edson Naspolini, Francisco de Assis Pereira, Carlos G. Farias e José Nunes de Souza. Edson Lima, de Criciúma; João Antonio de Marco, de Campo Grande, Mato Grosso; Adilson Turnes e José Silva, ambos de Ituporanga. (Tá dado o recado).
Um turma de gambás rueiros manda publicar a seguinte atochada: “Certo gambá estava sentado no Bar Central, gesticulando e pensando: ‘Caramba, não me lembro mais se minha mulher disse que era para eu tomar uma de vinho e voltar às nove ou se era para eu tomar nove de vinho e voltar à uma...’”
Responsável Técnico:
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Lá praqueles cafundó...
O show de um gambá de estimação por Cláudio Gomes
F CLÁUDIO GOMES F
carás ou me banhava sempre que conseguia fugir da guarda dos pais e dos irmãos mais velhos. Quem sabe seria estar longe e sem os dias de festas na Igreja Matriz: muito povo, missa e procissão. Sem ver a roleta do aviãozinho distribuindo prendas, ou ouvir a voz forte do Seu Norberto leiloando um novilho ou alguns sacos de farinha de mandioca – Quem dá mais?... Quem dá mais?... Hoje sei que estar “lá praqueles cafundó e só” é sentir o vácuo do tempo, por estar sem, ou distante, das coisas e dos ambientes que nos habituamos conhecer. Lá praqueles cafundó e só hoje é, de alguma forma, sentir a ausência das pessoas que passaram por nós e ornamentaram de formosa e indelével beleza a nossa existência para permanecerem por todo o tempo em nossas memórias. z
Esta história de se ter animais como mascote, ou para nos suprir de uma necessidade ou simplesmente para companhia, parece ter inspiração nos tempos bíblicos. A Bíblia conta que, no primeiro embate entre o bicho e o homem, o bicho levou a melhor. Para a nossa desgraça, a serpente convenceu a mãe Eva a comer do fruto proibido. Coube ao patriarca Noé e sua família promover a reaproximação de ambos, juntando a maior coleção de animais de todos os tempos. A história do dilúvio revela que o maior tempo gasto na aproximação e convivência entre homens e animais foi realmente na Arca de Noé. Basta que se considere desde o momento em que o primeiro bicho começou a ser recolhido, até a soltura do último animal que passou pela quarentena. Durante todo esse tempo, homens e animais compartilharam do mesmo ambiente. De onde se pode deduzir que foi a partir desse episódio bíblico que nasceu a amizade entre homens e animais. Passada a enxurrada, a maioria dos animais voltou ao seu habitat para garantir a sua existência. Entretanto, penso que os mais espertinhos devem ter gostado da companhia humana, pois resolveram ficar por perto em troca de um teto e boa comida. Estes “vivos” passaram a ser chamados de animais domésticos. Nos tempos mais modernos, os pequenos bichos domesticáveis passaram a ser usados como simples mascote de companhia, o que se convencionou chamar de animais de estimação. Entretanto, alguém poderia imaginar a adoção, na qualidade de bicho de estimação, e ter como acompanhante de passeio um gambá? Apesar de ser um assíduo frequentador de alambiques, galinheiros e bananais o gambá não é um animal doméstico e muito menos de estima-
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BALNEÁRIO ARROIO DO SILVA DISK ENTREGA
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verdadeira nº 1 (tinha de 1 a 5), que sempre teimava em ser minha inimiga. Quem sabe seria estar longe e sem os meus colegas de turma do Castro Alves, Arcênio, Carmo, Juju, entre tantos, e da minha querida professora Dona Ester Hübbe, a quem rendo minhas homenagens. Quem sabe seria estar longe e sem a minha movimentada Rua Coronel Apolinário, com o vir e o ir dos passageiros do trem, o Hotel do Comércio, o Hospital Bom Pastor, o campinho de futebol do Força e Luz (por ser ao lado da Cia. de Energia Elétrica de Araranguá, de propriedade das famílias portuguesas: os Leitões, os Dias e os Cardigas), ou a casinha de meteorologia do seu Max Leite. Quem sabe seria estar longe e sem o meu amado Rio Araranguá, piscoso e de águas límpidas, onde pescava alguns
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CRIANÇA, já pensante, ao ouvir na Rádio Araranguá a expressão “...quando pia lá praqueles cafundó...”, da música sertaneja “O inhambu-xintã e o xororó”, imaginava-me, como diz a expressão, num fim de mundo e só. Mas como seria estar só e num fim de mundo? Parece que alguma coisa me apertava o peito quando imaginava-me só e em um lugar, embora imaginário, longe de tudo, sem nada e sem ninguém. Algo como sendo o silêncio, o longínquo, o esquecido... o escuro. Era assim que me sentia. Mas o que e onde seria aquele “cafundó” ou o fim de mundo? Ou ainda, o que poderia ser o tudo e o só daquela minha infância? Quem sabe seria estar longe e sem os meus irmãos, minha família, meus amigos e nossos vizinhos: os Klestates, exímios artesões de aviõezinhos em madeira e celulose (que inveja); os Lapollis, bons no futebol, ou os estudiosos Machados. Quem sabe seria estar longe e sem as nossas namoradinhas da escola, que nem sabiam que eram admiradas e elogiadas. Quem sabe seria estar longe e sem os meus brinquedos: a bola de praia, um pneumático (bola de borracha) com um bico e revestida por um pano colorido; ou um trenzinho feito de celulose dura ou de lata; ou mesmo uma pequena bola de futebol
CASOS E CAUSOS QUE O POVO CONTA
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ção. Mas o Pedro Issopo, da tradicional família Isoppo de Sombrio, não pensava assim, e adotou um gambá. Aconteceu na praça da igreja de Sombrio e me contaram que foi assim: No tempo em que a maioria da população de Sombrio era formada por famílias conhecidas entre si, havia uma grande afluência às missas dos domingos pela manhã. Depois da missa, por não ter outra opção, os fiéis tinham o costume de ficar conversando na bela praça gramada e arborizada da frente da igreja. Os animais das residências vizinhas, ao avistarem seus respectivos donos, vinham juntar-se a eles. Assim, na praça, onde já se encontravam os cavalos e alguns cães dos fiéis que vinham do interior, acrescentavam-se gatos, cachorros e até papagaios, que algum morador próximo trazia. Pedro Isoppo, um sujeito meio “invaretado” – já tinha carneado um cavalo só para ver que gosto tinha a carne –, não gostava daquela “barda”. Não apreciava muito aquelas ostentações no pátio da igreja. Pensou numa estratégia para, ou acabar com aquele hábito, ou pelos menos tumultuar o calmo ambiente dominical de Sombrio daqueles tempos. Morando no Retiro da União, interior do município, não foi difícil para ele encontrar e conseguir prender um gambá. A dificuldade maior foi tentar domesticar o bicho, que, evidentemente, não conseguiu. O máximo que fez, depois de muito trabalho, foi prendê-lo a uma coleira atada por uma providencial corda, intencionalmente frágil. Em algum domingo, depois de o animal estar quase sob domínio, Pedro apresentou-se na rua principal da cidade de Sombrio. Ele puxava, também orgulhoso, o seu bicho de estimação: um gambá.
Mesmo antes do Pedro se aproximar da praça da igreja, o alarido dos cães já se fazia ouvir. Por certo o cheiro do gambá chegou, antes de Pedro, ao faro dos cães. Quanto mais Pedro se aproximava, maior era o reboliço entre os cães, os gatos, e os demais bichos da praça. Em determinado momento, apesar de todo o esforço, Pedro não teve mais o controle sobre o gambá, que arrebentou a cordinha NET fina e fugiu para a liberdade. Foi aí que se deu o infortúnio. E o entrevero foi grande. Ninguém mais conseguiu manter o seu bicho de estimação. Os cães corriam, perseguindo o gambá, os gatos fugiam de ambos e para todos os lados, e os papagaios, para se proteger, tentavam voar ou escalar os galhos das árvores mais próximas. Até o cavalos soltaram-se de suas amarras e corriam em disparada pelas ruas da cidade. Na tentativa de controlar a bicharada, os proprietários gritavam pelo nome da sua mascote no meio de toda aquela confusão. Foi uma tremenda balbúrdia, correrias e gritos. Não ficou um só bicho na rua, inclusive o gambá que, acossado pelos cães, invadiu a residência do João Isoppo, irmão de Pedro, e foi parar debaixo de uma cama. Resumindo: nunca mais se ouviu dizer de ajuntamento de bichos na praça defronte a igreja de Sombrio. O Pedro, embora tenha provocado todo aquele reboliço, saiu satisfeito por ter conseguido atingir o seu objetivo. O povo conta que a cunhada do Pedro, dona Helena, que teve a residência invadida, queria saber como, de onde veio e quem era o dono do gambá que foi parar debaixo de sua cama. Ela exigia ser ressarcida do prejuízo pelas roupas que tiveram que ser descartadas, acrescido do valor do desinfetante que foi obrigada a usar z por um longo tempo.
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