Jornaleco 493 outubro 2017

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Se o Brasil teve o seu “minerazo” em 2014 ao perder de 7x1 para a Alemanha, o nosso saudoso Grêmio Fronteira teve o seu “barrigazo” em 1961 ao levar de 8x2 do Colorado. O amistoso foi durante o campeonato gaúcho, que o Inter sacramentaria até o final daquele ano

Grêmio se reabilita da derrota sofrida ante o Internacional de Porto Alegre

por Sapiranga (três gols), Telmo e Gilberto (dois gols cada) e Alfeu. Os gols do Grêmio Fronteira foram de Didi e Kim (contra). O Internacional, do técnico Sérgio Moacir Torres, foi escalado com Silveira (depois Cestari); Zangão (Osmar), Ari, Kim e Ezequiel; Sérgio Lopes (Frazão) e Osvaldinho; Sapiranga (Telmo), Alfeu, Larri e Gilberto. Tempo dos gols, escalação do Grêmio Fronteira e arbitragem não constam no texto do jornal. Grande abraço! Luís Magno

O Inter, que não era campeão gaúcho desde 1955, em 1961 quebrava uma sequência de cinco títulos do Grêmio (1956-1960), que voltaria a vencer de 1962 a 1968. Só em 1969 é que o Inter levantaria o caneco outra vez, acumulando oito títulos até 1976. O time do título de 1961 (foto), é o que veio a Araranguá: em pé: Ezequiel, Silveira, Ari, Zangão, Kim, Sérgio Lopes; agach.: Telmo, Alfeu, Sapiranga, Osvaldinho e Gilberto. (RG)

Pesquisando mais, Alceu descobriu que o técnico do Grêmio Fronteira era Nereu Bertoncini. O Nereu, então, lembrou dos jogadores que atuaram pelo Grêmio naquele jogo: Nedo, Bijo, Tito, Ivan, Foguinho, Didi, Jóia, mais cinco jogadores emprestados do Metropol. Juiz da partida: Birodi, de Criciúma. Num amistoso em 22 de janeiro, o Inter já havia vencido o Metropol por 3x1.

BLOG ANOTANDO FUTBOL/ URUGUAI

O nosso Grêmio em1960

Alceu então recorreu à imprensa gaúcha pedindo informações, através de e-mail, a Nando Gross, gerente da Rádio Guaíba. A resposta foi:

Da esq.: Flávio Costa (treinador), Jóia, Nedo, Tito, Prezalino, Dorivaldo e Serrano. Ag.: Macau, Bijo, Coca, Enio Rosa e Didi

A P O I O C U LT U R A L

JORNALECO

©

PANFLETO CULTURAL

H FUNDADO EM 18 DE MAIO DE 1994 H

ANO 24 • Nº 493 • OUTUBRO DE 2017 Periodicidade mensal - Tiragem: 1.000 exemplares

nteressante e curioso este depoimento que encontrei na Biblioteca Pública da Capital, sesquicentenária casa de letras que continua sendo o mais precioso, farto e saciador regato de conhecimento barrigaverde. Quem assina a dita preciosidade, datada de 20 de abril de 1899 e publicada no jornal República – o mais famoso de seu tempo em toda Santa Catarina – é “S. Huberto”, misterioso semianônimo que no correr do texto e de outras publicações jamais revelaria seu verdadeiro nome. Ficou também com ele a incógnita da origem e paradeiro. Do que disse sobre o nosso Araranguá, o oculto missivista principia o texto não economizando palavras de admiração:

I

Aí, certamente, falava o atento observador de a nossa região ser um lugar ideal para criar gado. Num passo adiante, mapeando o que via, o atendo redator continua sua fala com bom conhecimento da vegetação e, junto, detalha nossos gigantescos limites territoriais, naquele tempo ainda só aos pés dos 20 anos de instalação, quando todo o sul catarinense se compunha, apenas, de Araranguá, Jaguaruna, Tubarão e Laguna:

Estes campos que se estendem desde o lugar denominado Lombas de Urussanga, que é limite com o município de Jaguaruna, até o rio Mampituba, tem um comprimento de 40 léguas, sendo de duas léguas sua maior largura. É interrompido de vez em quando por algumas restingas, lagoas, banhados e cômoros. Próximo às dunas o campo não se presta para criação, mas à medida que se afasta, o terreno vai se tornando mais sólido e as pastagens melhores, sendo as margens das lagoas esplêndidas para os gados cavalar e bovino, não só pela qualidade do capim, como pela grande quantidade de gerivá, que é uma excelente forragem. As demais terras do município, próprias para todas as culturas, acham-se ainda cobertas de lindas matas virgens que possuem variedades enormes de madeiras de lei

e árvores frutíferas.

Sincero também, o mesmo S. Huberto “canta a pedra” sobre a barra do Araranguá e, visionariamente, acerta em cheio: Sendo um dos municípios maiores em território, tem uma população diminuta e muito espalhada. O Araranguá é quase todo uma grande vargem, por onde corre o rio que dá o nome ao município, rio que, apesar de ser o mais profundo do estado, não possui uma barra que preste; talvez seja pelo fato de não ter correnteza. Desaguando no meio de uma praia cheia de areias movediças, muito exposta aos temporais de Leste, será difícil conseguir-se uma barra franca para este rio.

Arrefecendo o calor das palavras, o mesmo anotador diminui o tom da crítica e mostra mais vantagens do lugar:

...mas se a barra não dá saída, creio que o Araranguá nem por isto deixará de progredir, pois existe uma estrada de rodagem até a Colônia Cresciúma, por onde poderão sair os produtos de sua lavoura. Muitas lagoas existem neste município. A maior é a do Sombrio, que tem nove léguas de circunferência. A do Caviral, da Serra, dos Esteves e a da Urussanga são de pouca importância. A maior parte das terras do Araranguá acha-se coberta de matas virgens. Além disso, trata-se de um canal que passando pelas diversas lagoas liga a Laguna ao Araranguá.

Testemunha presente, o minudente narrador faz uma comparação com outros lugares mais progressistas e, com sobra, comenta sobre bichos e aves:

O vale deste rio é considerado como o mais fértil de todos os vales do estado e com razão. Ali eu vi belas roças de cana, milho e feijão como nem no Tubarão existem. Atualmente todos plantam alfafa que dá de um modo prodigioso. A fauna é mais rica do que em outros lugares, pois existem todos os animais que o resto do estado possui e mais o cervo, que só ali existe. Além do cervo, há também uma variedade de tucanos-de-bicoencarnado; sendo nos campos tantas as perdizes que pegam em arapucas, como se faz para pegar sabiás e pombas. As lagoas estão sempre com as suas margens cheias de palmípedes [que tem os dedos dos pés unidos por membranas] e pernaltas. Entre os mais belos existem os cisnes-de-pescoço-preto e as elegantes cegonhas, como também a cor-de-rosa colhedeira e mais o vermelho guará. E não

falou das araras! Remontando o cenário com um toque sutil de singular romantismo, o misterioso homem publicador do jornal República não cessa seus elogios ao Araranguá, estes que nos servem de epílogo e encerramento deste brilhante texto descritivo:

Pela manhã, aquelas lagoas oferecem uma vista encantadora e animada; centenas de aves que voam em todas as direções refletindo suas passagens nas águas espelhadas. Às vezes aparece entre as tímidas aves uma cabeça chata e arruivada. Estas, ao verem-na, fogem aterradas. É a ariranha, ou a grande lontra das lagoas, que ali veio, entre as pobrezinhas, fazer mais uma vítima necessária ao seu sustento. n

tenário de Salvador, vista do morro Cen Já nos anos 1940, sob as lentes

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Fechamento desta edição: 25/09/2017 11h40

EDIÇÃO, DIAGRAMAÇÃO E REVISÃO Ricardo Grechi CONTATOS Rossana Grechi ASSISTÊNCIA Guaraciara Rezende, Gibran Rezende Grechi, Nilson Nunes Filho IMPRESSO NA GRÁFICA CASA DO CARIMBO DE Rosa e Aristides César Machado PRODUÇÃO Nicolas Nazari Machado PREPARAÇÃO DO FOTOLITO David Machado Fernandes CORTE Toninho Abel IMPRESSÃO Valdo Martins

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ARARANGUÁ, OUTUBRO DE 2017 • ANO 24 • Nº 493

Este município é um dos mais vastos e também um dos mais ricos pela variedade de seus terrenos. De todos os do litoral ele é o que mais possui campos de criação.

O Grêmio Fronteira, em prosseguimento ao campeonato da LARM, jogou domingo último com o Barão do Rio Branco, de Içara, abatendo-o por 6 tentos a 2. (...) O Grêmio jogou com: Nedo, Tito, Prezalino, Jóia, Ivan, Paulo, Macau, Bijo, Foguinho, Enio e Didi.

Olá, Alceu! Conforme teu pedido, seguem alguns dados que encontramos na edição da Folha Esportiva, da segunda-feira, 21 de agosto de 1961. De acordo com a nota do jornal, o jogo aconteceu em Araranguá no domingo, 20 de agosto. O placar de 8 a 2 a favor do Internacional foi construído

por CÉSAR DO CANTO MACHADO

JORNALECO

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É permitida a reprodução de nossos textos originais desde que citados devidamente o autor e o JORNALECO como fonte da publicação.

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Em agosto de 1961, o Internacional de Porto Alegre veio a Araranguá para jogar um amistoso contra o nosso Grêmio Fronteira. Já não era mais o grande time do GEA – Grêmio Esportivo Araranguaense (que em 1952 fora campeão da LARM e terceiro colocado no campeonato catarinense), mas ainda era um time forte e respeitado na região. Foi um acontecimento dos mais marcantes na história do futebol araranguaense. O Inter se concentrara no Hotel Morro dos Conventos para, no domingo, 20 de agosto, pisar no estádio da Rua Regimento Barriga Verde e aplicar uma goleada de 8x2 sobre o nosso Grêmio. Conta o Alceu Pacheco, decicido a levantar a história daquele jogo, que foi nesse dia que resolveu jogar de goleiro e ser torcedor do Internacional. O Correio de Araranguá da época dá poucos detalhes. Na edição nº 40, de 3 de setembro de 1961, registrou:

Araranguá em 1899

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O “barrigazo” do Grêmio araranguaense em 1961

O CLUBE QUE FAZ PARTE DA NOSSA HISTÓRIA Av. XV de Novembro, 2030 - Centro - Tel. (48) 3522-0447 gremiofronteira.com.br facebook.com/gremiofronteiraclube


O “busão” ○

PIERRE BOURDIEU (1930-2002)

JOÃO BATISTA DE SOUZA

S S

sociólogo francês

Na minha época de criança, andar de ônibus era um luxo. Meu tio viajava, ele e sua jovem esposa, do Paraná até Morro da Fumaça, quando podia, de carona, mas, na maioria das vezes, a pé, trazendo suas tralhas num carrinho de mão. O caminhão fazia a vez do ônibus e levavam-se pessoas, inclusive crianças, a todos os lugares: jogos de futebol, praia; até enterros.

passar o Natal com minha noiva em Praia Grande. Enquanto esperava o ônibus, alguns amigos chegaram para conversar. Um perguntou: — Tita, tens carteira de identidade? — Não! Nem uma certidão de nascimento? Nunca precisei! Depois, eu vou a Praia Grande; nem vou sair do Estado. Parecia uma premonição. Em Araranguá, na cabeceira da ponte, havia AHA uma barreira do Exército. Entraram no ônibus solicitando identificação. Um conhecido meu, que ia para Sombrio trabalhar num projeto (D.N.O.S.) de terraplanagem, e não tinha documento, Um ônibus da Empresa União nos anos 1960 entrou em pânico. Quando A única rodovia que ligava chegou minha vez, simulei estar Criciúma a Tubarão passava no procurando documento na bagagem meio da vila de Morro da Fumaça. e dei aquela surrada desculpa de que Quando o Metropol ia jogar em o havia perdido. O comandante, Tubarão (contra o Ferroviário ou experiente, pressentindo nossa o Hercílio Luz), Dite Freitas, basi- apreensão passou a tripudiar sobre camente dono do time, disponi- nós: bilizava caminhões basculantes de — Estamos à procura de dois sua empresa para os torcedores. bandidos e logo vocês não têm docuAs tombadeiras, apinhadas de mentos. Não sei por que não prendo gente, faziam a curva em excesso os dois! de velocidade quase jogando os Em Araranguá atuava (até hoje) uma empresa de ônibus (União) com sede pobres torcedores para fora. Em 1952 viajei, com mamãe, até em Praia Grande. A primeira vez que Porto Alegre. Pegamos o ônibus fui a Praia Grande (1964) foi num em Criciúma às seis horas da ma- desses ônibus, dirigido pelo Seu nhã. Em Araranguá, o “Gostosão” Cláudio. O busão pulava como cabrito (como era chamado o ônibus) naquela estrada encascalhada. De quase caiu da balsa. Viajamos pela repente, alguém grita: — Pare o ônibus, motorista! Pare o praia, para encurtar o trajeto, chegando a Torres quase meia- ônibus! noite. No outro dia, em Porto O infeliz comprara a passagem para Alegre, ao meio-dia. Corria a um determinado lugar e o motorista década de 60 do século passado, tinha que saber disso. O caboclo queria época, ainda, de ingenuidades e a todo custo que seu Cláudio retornassimplicidades sociais. Poucas se com seu passageiro. O resto da pessoas usavam documentos pes- viagem não prestou. Na descida da soais. Aliás, algumas, nem registro serrinha, entre Jacinto Machado e de nascimento tinham. Tenente, o ônibus “voava”. Tempos bons aqueles! z 2 Finais de 1967, pensei: “Vou

A BANDA

RABINDRANATH TAGORE (1861-1941) poeta indiano

4 Advogado: Ela tinha três filhos, certo? Testemunha: Certo. Advogado: Quantos meninos? Testemunha: Nenhum Advogado: E quantas eram meninas?

DESORDEM NO TRIBUNAL

Qual a diferença entre um cachorro e um político atropelados? R.: Antes do cachorro há marcas de freada...

Estas são anedotas retiradas do livro “Desordem no tribunal”. São coisas que as pessoas realmente disseram e que foram transcritas textualmente pelos taquígrafos enquanto estes diálogos realmente aconteciam à sua frente.

Um advogado e sua sogra estão em um edifício em chamas. Você só tem tempo pra salvar um dos dois. O que você faz? Você vai almoçar ou vai ao cinema?

Um baiano deitado na rede pergunta pro amigo: – Meu rei... tem aí remédio pra picada de cobra? – Tem não, meu lindo. Por que, você foi picado? – Não, mas tem uma cobra vindo na minha direção.

Como é que se chama um traficante armado até os dentes? Resposta: É melhor chamar de senhor...

A casa dos mil espelhos Tempos atrás, em um distante e pequeno vilarejo, havia um lugar conhecido como “A casa dos mil espelhos”. Um pequeno e feliz cãozinho soube deste lugar e decidiu visitar. Lá chegando, sal- IMAGENS INTERNET titou feliz escada acima até a entrada da casa. Olhou através da porta de entrada com suas orelhinhas bem levantadas e a cauda balançando tão rapidamente quanto podia. Para sua grande surpresa, deparou-se com outros mil pequenos e felizes cãezinhos, todos com suas caudas balançando tão rapidamente quanto a dele. Abriu um enorme sorriso e foi correspondido com mil enormes sorrisos. Quando saiu da casa, pensou: “Que lugar maravilhoso! Voltarei sempre, um montão de vezes”. Neste mesmo vilarejo, outro pequeno cãozinho, que não era tão feliz quanto o primeiro, decidiu visitar a casa. Escalou lentamente as escadas e olhou através da porta. Quando viu mil olhares hostis de cães que lhe olhavam fixamente, rosnou e mostrou os dentes e ficou horrorizado ao ver mil cães rosnando e mostrando os dentes para ele. Quando saiu, ele pensou: “Que lugar horrível, nunca mais voltarei aqui”. Todos os rostos no mundo são espelhos. (Folclore japonês)

4 Advogado: Poderia descrever o suspeito? Testemunha: Ele tinha estatura mediana e usava barba. Advogado: E era um homem ou uma mulher? 4 Advogado: Doutor, quantas autópsias o senhor já realizou em pessoas mortas? Testemunha: Todas as autópsias que fiz foram em pessoas mortas...

4 Advogado: Qual é a data do seu aniversário? Testemunha: 15 de julho. Advogado: Que ano? Testemunha: Todo ano.

A mulher comenta com o marido: – Querido, hoje o relógio caiu da parede da sala e por pouco não bateu na cabeça da mamãe... – Maldito relógio. Sempre atrasado...

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Toda criança nasce com a mensagem de que Deus não perdeu a esperança na humanidade.

uplemento

As folhas de outono começavam a se acumular em frente ao jardim. A ventania aparecia somente agora, no fim do inverno, sob a forma de pequenos e curiosos ciclones. Lara se divertia ao ver seu pai fazendo um montinho delas, para em seguida ser desmanchado pelo próprio vento. Trancou a janela do quarto. Desceu as escadas correndo, espantando a gata sonolenta, e atravessou a sala como um raio. Sua mãe nem percebeu. — Pai, quer ajuda? — A primavera já tá chegando. Logo, essas folhas vão ficar onde devem, lá em cima. — Na primavera começo a estudar de manhã – disse ela, intrigada. — Sim... O tempo voa – disse Carlos, analisando os traços de sua filha. Lara colocou o dedo sobre os lábios e franziu o cenho. Seu pai conhecia muito bem aquele semblante. — Como assim “o tempo voa”? Se ele voasse, não deveria passar pela gente, que nem as folhas? Coçou a cabeça. As perguntas estavam mais difíceis; se fosse uma “daquelas”, então... — É uma expressão. O tempo é relativo e depende do ponto de referência. — Hein? — Vou explicar melhor. “Até ontem” você era uma menininha em meus braços. Agora já vai pra terceira série. Tudo passou muito rápido, como um pássaro quando dá um rasante. — Ah! Entendi. Mas pra mim ele não voa, ele manca. Principalmente quando tem aula de matemática. O pai teve de rir. — Aproveite! Quando for adulta e “chata”, vai sentir falta de tudo isso. — Mas se o tempo voa e a imaginação tem asas, o futuro não devia ser uma criança? Aquela era uma excelente pergunta. Carlos deixou a nostalgia de lado, largou o ancinho e se atirou no monte de folhas, como uma baleia. Ela fez o mesmo. Prometeu construir um balanço. Ainda poderia desfrutar da juventude guardada em seu interior, mesmo através de outros olhos... Tempo. Seu velho amigo. O acompanharia a vida toda. E, enquanto durasse, deixaria para trás lembranças e uma boa dose de melancolia.

VICTOR O. DE FARIA

Tempo, mano velho

O ódio é incapaz de ver o lado bom da pessoa odiada. O amor é incapaz de ver o lado mau da pessoa amada.

4 Advogado: Essa doença, a miastenia gravis, afeta sua memória? Testemunha: Sim. Advogado: E de que modo ela afeta sua memória? Testemunha: Eu me esqueço das coisas. Advogado: Você esquece... Pode nos dar um exemplo de algo que você tenha esquecido? 4 Advogado: Qual foi a primeira coisa que seu marido disse quando acordou naquela manhã? Testemunha: Ele disse: “Onde estou, Bete?” Advogado: E por que você se aborreceu? Testemunha: Meu nome é Célia.

4 Advogado: Seu filho mais novo, o de 20 anos... Testemunha: Sim. Advogado: Que idade ele tem?

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JORNALECO 493 OUTUBRO 2017

MICROCONTO ○

4 Advogado: Sobre esta foto sua... O senhor estava presente quando ela foi tirada?

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4 Advogado: Doutor, antes de fazer a autópsia, o senhor checou o pulso da vítima? Testemunha: Não. Advogado: O senhor checou a pressão arterial? Testemunha: Não. Advogado: O senhor checou a respiração? Testemunha: Não. Advogado: Então, é possível que a vítima estivesse viva quando a autópsia começou? Testemunha: Não. Advogado: Como o senhor pode ter essa certeza? Testemunha: Porque o cérebro do paciente estava num jarro sobre a mesa. Advogado: Mas ele poderia estar vivo mesmo assim? Testemunha: Sim, é possível que ele estivesse vivo e cursando Direito em algum lugar... NJ: Catada na internet; não conseguimos identificar o autor nem outra referência ao livro senão a do próprio texto aqui reproduzido.

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EXAME DE PRÓSTATA O que é: é feito o chamado toque retal, em que o médico verifica o tamanho dessa glândula. Também pode ser indicado o PSA, exame de sangue que mede uma substância produzida por células da próstata, cuja elevação pode significar problemas à vista. O que detecta: aumento da próstata e câncer . Quando fazer: após os 40 anos de idade, com periodicidade definida por seu urologista.

COLONOSCOPIA O que é: um tubo ótico filma e analisa toda a mucosa intestinal, verificando se há alterações ou feridas. O que detecta: câncer no reto ou intestino grosso. Quando fazer: a partir dos 50 anos, a cada 5 anos se estiver tudo bem, a cada 2 anos se mostrar alterações.

AUTOEXAME TESTICULAR O que é: esse é um tipo de autoexame que o homem faz durante o banho mesmo, apalpando o testículo e conferindo se não há nada de diferente, exatamente como as mulheres devem fazer com as mamas. O que detecta: câncer no testículo Quando fazer: como se trata de uma prática de autocuidado, todos os dias, a partir dos 15 anos.

TOURNIER Dr. Everton Hamilton Krás Tournier Graduado e especializado na Universidade Federal de Santa Catarina • Pós-graduado no Instituto Adolfo Lutz de São Paulo • Pós-graduado na Universidade do Sul Catarinense E-mail: tournier@contato.net

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6 exames de rotina que os homens devem fazer A FAMA DOS HOMENS não é uma das melhores nos consultórios médicos, afinal de contas eles raramente aparecem por lá para uma visita de rotina. Talvez esse seja um dos motivos para que eles vivam um pouco menos do que as mulheres. Enquanto elas vão em média até 77 anos, a ala masculina chega normalmente aos quase 70 anos, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mas será que os homens não se importam tanto com a própria saúde? “Talvez eles não se preocupem menos, mas ignoram e negam os sinais de que algo não está bem”, acredita o clínico geral Eduardo Finger, especialista do laboratório Salomão Zoppi Diagnósticos (SP). Porém, como já sabemos, é de extrema importância ter o hábito de visitar regularmente os médicos, para não levar sustos mais tarde. Lembra-se daquela velha máxima: melhor prevenir do que remediar? “Os avanços da medicina foram significativos, mas só podem favorecer àqueles que fazem exames com periodicidade e antes de sentirem que a saúde está numa situação que requer ajuda”, ressalta Alfredo Canalini, urologista e presidente da Sociedade Brasileira de Urologia — Seccional Rio de Janeiro (SBU-RJ). Para cuidar melhor de sua saúde, conheça os seis exames de rotina que os homens devem fazer:

EDIÇÃO E NOTAS DO JORNALECO: RICARDO GRECHI

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JORNAIS ARARANGUAENSES DO PASSADO — NOTÍCIAS QUE FAZEM HISTÓRIA

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EDIÇÃO: ROSSANA GRECHI

ASSIGNATURA: Anno 6$000 - Semestre 4$000

Redacção: Rua do Telegrapho Redactores: Fontoura Borges e Abilio Gomes Impresso nas officinas da Typographia Vanguarda Araranguá (Santa Catharina)

EXAMES DE SANGUE O que é: coleta sanguínea que irá medir a quantidade de: glicose, perfil lipídico (colesterol e triglicerídeos), ácido úrico, creatinina e o hemograma completo e, em alguns casos, os níveis de testosterona. O que detecta: problemas como gota, diabetes, colesterol ou triglicérides altos, hipogonadismo (se já houver sintomas), entre outros. Quando fazer: anualmente, a partir dos 20 anos.

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1º/janeiro/1928 - anno II - n 18 Um governo profícuo o

Transcorre hoje a gloriosa data do primeiro aniversário da fecunda administração municipal do operoso cidadão que a 7 de novembro último rece-

beu do eleitorado araranguaense o cargo de superintender os negócios desta vasta circunscrição territorial do Estado. (...) Já possuímos 355 quilômetros de estradas de rodagem, francas vias municipais que podem ser percorridas por autos e caminhões. (...)

Circo Rio Grandense Deu seis espetáculos nesta cidade a excelente companhia ginástica acrobática e zoológica que a 27 do mês transato seguiu rumo a Torres. O circo, durante as funções, ficou literalmente cheio. Nunca assistimos, nesta cidade, tão considerável concorrência do povo a diversões dessa natureza.

Fac-símiles de alguns anúncios do jornal (outros: Fontoura Borges - acadêmico de direito, escritório à rua do Telegrapho; Gabinete Dentário de Antonio Nüenberg, à rua dr. Joe Collaço)

EXAME DE URINA O que é: coleta da urina para pesquisa de elementos anormais e/ou presença de sedimentos. O que detecta: doenças nos rins, como cálculo renal, e até mesmo indícios de diabetes e hemorragias. Quando fazer: a partir dos 20 anos, anualmente.

EXAMES CARDIOVASCULARES O que é: muitos homens com disfunção erétil podem apresentar hipertensão, portanto incluem a aferição da pressão, teste ergométrico, ecocardiograma, assim como o exame de ultrassom do coração. O que detecta: doenças cardíacas como a hipertensão ou algum tipo de arritmia. Quando fazer: a partir dos 40 anos, se houver suspeitas. z

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JORNALECO 493 OUTUBRO 2017

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MA ○

NTOLOGIA ○

Em 2002, organizei uma coletânea de poetas araranguaenses publicados no JORNALECO, em livros e outras fontes, selecionando vários poemas representativos para formar uma antologia. O material gerou um livro (não publicado), que vai agora atualizado nesta coluna, resultando na maior antologia da poesia araranguaense já feita de poetas e obras que até então temos conhecimento. RICARDO GRECHI

Nós, sem rumo MARCO ANTÔNIO BURIGO Nós, desavisados, perplexos desarvorados, impotentes, assim chamados cidadãos (?); Nós, temerários passageiros deste barco sem rumo, sem arrimo, à deriva, sem destino; em suas mãos... Nós, basbaques, cá viemos pergunta-lhe atordoados: Qual o rumo que foi dado às suas idéias, seus escritos, seus projetos, suas promessas; sua falácia?!... Nós, sem rumo, sem destino, sem terra, sem teto, sem saúde ou segurança, sem emprego, sem justiça e sem lei. Sem também a já tênue divisória entre o certo e o errado, o bom e o ruim, o honesto e o desonesto. Nós, os sem banco e sem bunker, sujeitos às balas nem sempre perdidas, de uma guerra insana, jamais declarada, registramos nosso protesto por estes versos sem rima: Qual o rumo de suas idéias, seus escritos, seus projetos, suas promessas? Suas remessas, sua falácia?

APOIO CULTURAL

Qual o rumo deste nosso país? Nosso?!...

LÉIA BATISTA

Martin Luther King Jr. (1929-1968) era filho e neto de pastores protestantes batistas. Fez seus primeiros estudos em escolas públicas segregadas e graduouse no prestigioso Morehouse College, em 1948. Formou-se em teologia pelo Seminário Teológico Crozer e, em 1955, concluiu o doutorado em filosofia pela Universidade de Boston. Lá conheceu sua futura esposa, Coretta Scott, com quem teve quatro filhos. Em 1954 Martin Luther King iniciou suas atividades como pastor em Montgomery, capital do estado do Alabama. Envolvendo-se no incidente em que Rosa Parks se recusou a ceder seu lugar para um branco num ônibus, King liderou um forte boicote contra a segregação racial. O movimento durou quase um ano, King chegou a ser preso, mas ao final a Suprema Corte decidiu pelo fim da segregação racial nos transportes públicos. Em 1957 tornou-se presidente da Conferência da Liderança Cristã do Sul, intensificando sua atuação como defensor dos direitos civis por vias pacíficas, tendo como

Não aponte os meus defeitos, Como se os pudesse ver. O que são defeitos realmente, Senão as diferenças, entre mim e você? Não me imponha as suas verdades, Como se as minhas estivessem distorcidas. O que são verdades exatamente, Senão mentiras consentidas? Não me julgue finalmente, Nem a mim, nem a ninguém. Julgue a si, se necessário, Mas com sutileza também. Pois triste de quem se ilude, Na certeza de que nunca errou. O que é o certo ou o errado Senão a sentença de quem julgou?

O famoso discurso de Martin Luther King proferido em 28 de agosto de 1963, em Washington, numa manifestação que reuniu milhares de pessoas pelo fim do preconceito e da discriminação racial, e que inspira movimentos no mundo inteiro, como o sistema de cotas no Brasil

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Ambrozina! *

BERNARDINO DE SENNA CAMPOS Nas lutas torturantes da saudade, Geme meu coração, esposa amada! Minh’alma, de dor alucinada, Sente de tua ausência a crueldade! Como é triste viver longe de ti, Mulher amada com sincero amor! Minh’alma é como a pobre juriti, Carpindo amargamente a sua dor! Ai! como é incessante esta saudade, Que tanto gemer faz meu coração! Tu és da vida minha a felicidade! Teu amor foi a minha salvação! Ó Jesus, Redentor da humanidade! Ó Doce e Amado Filho de Maria! Transformai, ao lar volvendo em alegria, A cruciante dor desta saudade! * Ou “Improviso” (de um recorte anexado ao

ERRATA DA EDIÇÃO ANTERIOR: O primeiro verso (“Um gato na janela”)

do poema do Ronald Gomes, repete o título e deve ser descartado.

F O R M AT U R A S E A S S E S S O R I A w w w. a m f o r m a t u r a s . n e t ARARANGUÁ Av. XV de Novembro, 1790 - Centro - Tel. (48) 3522-0356 CRICIÚMA Av. Universitária, 230 - Sta. Augusta - Tel (48) 99627-5838 TUBARÃO Rua Martinho Ghizzo, 375 - Dehon - Tel. (48) 3622-0822 r e c e p cao @ a m f o r m a t u r a s . n e t

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TRADUÇÃO DE

CLARA ALLAIN

Estou feliz em me unir a vocês hoje naquela que ficará para a história como a maior manifestação pela liberdade na história de nossa nação. Cem anos atrás um grande americano, em cuja sombra simbólica nos encontramos hoje, assinou a proclamação da emancipação [dos escravos]. Este decreto momentoso chegou como grande farol de esperança para milhões de escravos negros queimados nas chamas da injustiça abrasadora. Chegou como o raiar de um dia de alegria, pondo fim à longa noite de cativeiro. Mas, cem anos mais tarde, o negro ainda não está livre. Cem anos mais tarde, a vida do negro ainda é duramente tolhida pelas algemas da segregação e os grilhões da discriminação. Cem anos mais tarde, o negro habita uma ilha solitária de pobreza, em meio ao vasto oceano de prosperidade material. (...) Em certo sentido, viemos à capital de nossa nação para sacar um cheque. Quando os arquitetos de nossa república redigiram as magníficas palavras da Constituição e da Declaração de Independência, assinaram uma nota promissória de que todo americano seria herdeiro. Essa nota era a promessa de que todos os homens, negros ou brancos, teriam garantidos os direitos inalienáveis à vida, à liberdade e à busca pela felicidade. É evidente hoje que a América não pagou esta nota promissória no que diz respeito a seus cidadãos de cor. Em lugar

À minha boa e querida esposa

seu Diário). Soneto publicado à época da morte de Ambrozina, falecida em janeiro de 1920, aos 41 anos de idade, que Bernardino conhecera em Araranguá e com quem casou em 1894.

referência o líder indiano Mahatma Gandhi. Em 1959, King voltou para Atlanta para se tornar vice-pastor na igreja de seu pai. Nos anos seguintes participou de inúmeros protestos, marchas e passeatas, sempre lutando pelas liberdades civis dos negros. Os eventos mais importantes aconteceram nas cidades de Birmingham, no Alabama, St. Augustine, na Flórida, e Selma, também no Alabama. Luther King foi preso e torturado diversas vezes, e sua casa chegou a ser atacada por bombas. Em 1963 Martin Luther King conseguiu que mais de 200.000 pessoas marchassem pelo fim da segregação racial em Washington. Nesta ocasião proferiu seu discurso mais conhecido, “Eu Tenho um Sonho”. Dessas manifestações nasceram a lei dos Direitos Civis, de 1964, e a lei dos Direitos de Voto, de 1965. Em 1964, Martin Luther King recebeu o Prêmio Nobel da Paz. No início de 1967, King uniu-se aos movimentos contra a Guerra do Vietnã. Em abril de 1968, foi assassinado a tiros por um opositor, num hotel na cidade de Memphis, onde estava em apoio a uma greve de coletores de lixo. (https://EDUCACAO.UOL.com.br/biografias/martin-luther-king.htm)

“Eu tenho um sonho”: o discurso de Martin Luther King

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APOIO CULTURAL

E T C ETERA

“O que me preocupa não é o grito dos maus, é o silêncio dos bons”

Julgamento

JORNALECO 493 OUTUBRO 2017

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POéticaU Araranguaense .8 a

de honrar essa obrigação sagrada, a América deu ao povo negro um cheque que voltou marcado ‘sem fundos’. Mas nós nos recusamos a acreditar que o Banco da Justiça esteja falido. Nos recusamos a acreditar que não haja fundos suficientes nos grandes depósitos de oportunidade desta nação. Por isso voltamos aqui para cobrar este cheque – um cheque que nos garantirá, a pedido, as riquezas da liberdade e a segurança da justiça. (...) Agora é a hora de fazermos promessas reais de democracia. Agora é a hora de sairmos do vale escuro e desolado da segregação para o caminho ensolarado da justiça racial. (...) Os que esperam que o negro precisasse apenas extravasar e agora ficará contente terão um despertar rude se a nação voltar à normalidade de sempre. Não haverá descanso nem tranquilidade na América até que o negro receba seus direitos de cidadania. (...) Temos de conduzir nossa luta para sempre no alto plano da dignidade e da disciplina. Não devemos deixar nosso protesto criativo degenerar em violência física. A nova e maravilhosa militância que tomou conta da comunidade negra não deve nos levar a suspeitar de todas as pessoas brancas, pois muitos de nossos irmãos, conforme evidenciado por sua presença aqui hoje, acabaram por entender que seu destino está vinculado ao nosso destino (...) Não podemos caminhar sozinhos. (...) Jamais estaremos satisfeitos enquanto nossos corpos, pesados da fadiga de viagem, não puderem hospedar-se nos hotéis de beira de estrada e nos hotéis das cidades. (...) Jamais estaremos satisfeitos enquanto nossas crianças tiverem suas individualidades e dignidades roubadas por cartazes que dizem ‘exclusivo para brancos’. (...) Não, não estamos satisfeitos e só ficaremos satisfeitos quando a justiça rolar como água e a retidão correr como um rio poderoso. (...) Tenho um sonho de que um dia esta nação

se erguerá e corresponderá em realidade o verdadeiro significado de seu credo: ‘Consideramos essas verdades manifestas: que todos os homens são criados iguais’. Tenho um sonho de que um dia, nas colinas vermelhas da Geórgia, os filhos de ex-escravos e os filhos de ex-donos de escravos poderão sentar-se juntos à mesa da irmandade. Tenho um sonho de que um dia até o Estado do Mississippi, um Estado desértico que sufoca no calor da injustiça e da opressão, será transformado em um oásis de liberdade e de justiça. Tenho um sonho de que meus quatro filhos viverão um dia em uma nação onde não serão julgados pela cor de sua pele, mas pelo teor de seu caráter. Tenho um sonho hoje. Tenho um sonho de que um dia o Estado do Alabama (...) será transformado numa situação em que meninos negros e meninas negras poderão dar as mãos a meninos brancos e meninas brancas e caminharem juntos, como irmãs e irmãos. (...) Essa é nossa esperança. Essa é a fé com a qual retorno ao Sul. (...) Esse será o dia em que todos os filhos de Deus poderão cantar com novo significado: Meu país, é de ti, doce terra da liberdade, é de ti que canto. Terra em que morreram meus pais, terra do orgulho do peregrino, que a liberdade ressoe de cada encosta de montanha. E quando isso acontecer, quando deixarmos a liberdade ecoar, quando a deixarmos ressoar em cada vila e vilarejo, em cada Estado e cada cidade, poderemos trazer para mais perto o dia que todos os filhos de Deus, negros e brancos, judeus e gentios, protestante e católicos, poderão se dar as mãos e cantar, nas palavras da velha canção negra, ‘livres, enfim! Livres, enfim! Louvado seja Deus Todo-Poderoso. Estamos livres, enfim!”

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EDIÇÃO E NOTAS DO JORNALECO: RICARDO GRECHI

DOMINGOS

02/abril 16/abril 30/abril 07/maio 14/maio 04/junho 18/junho 16/julho

2. Para realizar coisas grandes, comece pequeno. O nome disso é Planejamento.

23/julho 13/agosto 20/agosto

4. Parou de ventar? Comece a remar. O nome disso é Garra. 5. Não tenha medo de errar, nem de rir dos seus erros. O nome disso é Criatividade. 6. Sua melhor desculpa não pode ser mais forte que seu desejo. O nome disso é Vontade. 7. Não basta iniciativa. Também é preciso ter “acabativa”. O nome disso é Efetividade. 8. Se você acha que o tempo voa, trate de ser o piloto. O nome disso é Produtividade. 9. Desafie-se um pouco mais a cada dia. O nome disso é Superação. 10. Pra todo game over, existe um play again. O nome disso é Vida.

ANO XV - Nº 281 - 5 DE OUTUBRO DE 1974

ANOTADA POR CIRO BACHA NUMA CADERNETA DO BANCO INCO

1. Faça o que é certo, não o que é fácil. O nome disso é Ética.

3. Aprenda a dizer “não”. O nome disso é Foco.

F 1974-75: o último ano do jornal F

Campanha de 1950 do GEA - Grêmio Esportivo Araranguaense

27/agosto 17/setembro

22/outubro 29/outubro 19/novembro 26/novembro

Bandeirante está construindo ‘Pinho Marinho’ – Uma planta especial

JOGO / GOLEADORES DO GEA

GEA 2x2 Turvo Prates (1), Antoninho (1) GEA 3x2 Ideal (Forquilhinha) Alírio (2), Nestor (1) GEA 3x2 Metropol Alírio (2), Ciro (1) GEA 7x1 Naspolini Adão (5), Nestor (1), Nelinho (1) GEA 4x1 América FC Alírio (3), Ciro (1) GEA 3x2 Próspera Adão (2), Alírio (1) GEA 2x2 São Paulo FC Ciro (1), Adão (1) GEA 2x3 Comerciário Ciro (1), Lázaro (1) Primeira derrota após sete jogos. GEA 3x2 SE Sulina Alírio (2), Nestor (1) GEA 1x4 GE Torrense Euclides (1) GEA 5x4 Torrense Alírio (2), Antoninho (1), Ciro (1), Serrano (1) GEA 2x0 Comerciário Bileco (2) 1º Torneio Municipal Relâmpago, brilhantemente [vencido] pelo Grêmio Esportivo Araranguaense; 2º lugar: Cruzeiro do Sul, de Maracajá. GEA 4x3 GE 7 de Setembro Nestor (1), Alírio (1), Nelinho (1), Ciro (1) GEA 2x2 Atlético Nelinho (1), Alírio (1) GEA 1x2 EC Juventude Milton (1) GEA 5x2 EC Juventude Alírio (2), Antoninho (2), Ciro (1)

A Bandeirante, tradicional casa de tecidos e confecções dos irmãos Alano, deu início à construção de seu novo edifício sede, à Praça Hercílio Luz, esquina com a av. Sete de Setembro, bem no centro da cidade. A edificação será moderna e bonita, vindo a enriquecer o patrimônio citadino araranguaense. NJ: O novo prédio da loja dos irmãos Alano (Domingos e Sadi) ocupou o antigo casarão da loja da família. Nos anos 90, o estabelecimento se dividirá em dois: Casas Bandeirante e Lojas Matriz. Na década seguinte, a família abandonará o ramo.

Centro Administrativo Municipal Quem passa pela avenida Sete de Setembro, quase esquina da rua Virgulino de Queiróz, depara com as obras de um edifício de proporções avantajadas, que dia a dia vai tomando vulto na paisagem daquele local. É o Centro Administrativo Municipal que se levanta e que será para sempre um marco da operosidade da administração do prefeito Lino Costa. O Centro Administrativo, orçado em aproximadamente dois milhões de cruzeiros, está sendo construído exclusivamente com recursos municipais, onde o cidadão poderá constatar que o dinheiro do imposto está sendo bem empregado. O prédio destinará a área de 650m 2 para o funcionamento da parte burocrática da administração. Vinte salas de 45 a 60m 2 servirão para abrigar outros órgãos, cuja responsabilidade de pagamento de aluguéis está a cargo da municipalidade, como ACARESC, ACARPESC, IBGE, MOBRAL, Merenda Escolar, biblioteca e outros. À Câmara Municipal está reservada uma área de 200m 2. (...) As obras ... se constituem na maior realização da atual administração, embora tenha sido iniciada na gestão do prefeito Gercino Pasquali. NJ: Cabe aqui corrigir o J.491, onde diz que a nova prefeitura l se iniciara com Lino. Famosa imagem em que Conforme acima, GerciPelé posa com duas no é que iniciou a obra, bonecas do artesanato que Lino concluirá, das irmãs Souza numa inaugurando-a em seexposição na Alemanha tembro de 1974.

ARTILHARIA E RESULTADOS: Alírio (16), Adãozinho (8), Ciro (7), Antoninho (4), Nestor

(4), Nelinho (3), Bileco (2), Euclides (1), Lázaro (1), Milton (1), Prates (1) e Serrano (1). Nos 16 jogos anotados, o GEA venceu 10, empatou 3 e perdeu 3. Marcou 49 gols (média de 3 por jogo) e tomou 34 gols. Em 1950 o GEA não disputou a LARM. Voltou em 1951 e foi campeão invicto em 1952, conquistando ainda em 1952 o 3º lugar no campeonato catarinense. (+J.470) Agradecemos a Ariovaldo Pereira pelo presente.

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APOIO CULTURAL

Plano de trabalho para a vida toda

j LOGOTIPO CRIADO POR C. E. GUASCO (ESTREOU NA EDIÇÃO 169 DE 16/04/1968 E FOI USADO ATÉ O FINAL)

JORNALECO 493 OUTUBRO 2017

A seguir vai um daqueles ótimos textos que algum dia alguém “copiou e colou” esquecendo de citar o autor, e agora circula em muitos lugares como “autor desconhecido”. Pesquisamos e encontramos que o texto é do escritor e palestrante motivacional Eduardo Zugaib. Uma receita tão óbvia e simples, que se lê com um sorriso no rosto por nos dar conta do quanto deixamos de realizar quando esquecemos a simplicidade de ser e viver. (RG)

Diretor WLADINIR LUZ Redator ERNESTO GRECHI FILHO Gerente HERVALINO CAMPOS Tipógrafos WALDEMIRO, FERRINHO, NEI etc. Impressão: GRÁFICA LIDER (LIDO) (ORION), 1960-1975 Redação e oficina: Av. Getúlio Vargas, 158-170, em frente ao Cine Roxy

CN

No ano passado, o rotariano Arnaldo Trein, então governador do Distrito 467, Rio Grande do Sul e, por sinal, um dos mais antigos veranistas do Arroio do Silva, entregou ao Rotary Clube local uma espécie de pinho que se desenvolve muito bem no litoral. Na ocasião, Arnaldo Trein referiu-se às matas verdejantes que circundam os balneários do Uruguai, de onde proviGIBRAN REZENDE GRECHI 20/09/2017 eram as sementes. O Rotary Trazidas em 1973 para plantio ornamental em nossas praias, confiou as sementes ao seu em certas situações as casuarinas tornam-se pragas, como companheiro eng. agrônoneste registro atual no Morro dos Conventos em que as mo Almir Carcereri que, árvores estão podadas mas percebe-se que suas folhas com carinho, tratou de cobrem as dunas sufocando a vegetação nativa fazê-las germinar. Hoje, elas estão no ponto de serem transplantadas. E assim os balneários em breve ostentarão uma nova roupagem. “Pinus maritimus” enfeitando a paisagem. NJ: PINHEIROS E CASUARINAS Os pinheiros da variedade Pinus eelliottii foram importados do Texas e da Flórida para o Brasil nos anos 1940. Mas nos anos 1990, especialistas concluíram que eles eram prejudiciais ao meio ambiente litorâneo, e desde então, em certas condições, são considerados pragas exóticas. Introduzidos nos anos 1960 em Florianópolis, na Ilha, em 2013 começou-se uma campanha de retirada dos pinheiros para restabelecimento da mata nativa, uma vez que a espécie invadiu áreas de restinga. Em 1974, as casuarinas (originais da Austrália), que aqui ficaram conhecidas como pinheiro-casuarina, foram plantadas no Morro dos Conventos e depois no Arroio do Silva, alastrando-se pela região. As casuarinas e os pinheiros, plantados em área de restinga, acabam sufocando e descaracterizando o meio ambiente.

Exposição de artes – É a prata da casa O que muito araranguaense ignora, dentro de pouco tempo será conhecimento da existência de verdadeiros artistas que a sua cidade possui. Em Hercílio Luz, distrito próximo à cidade, existe o artesanato das irmãs Souza. Trabalhos que já ganharam fama além das fronteiras. São confeccionados com materiais nativos representando os mais variados temas. Já ganharam exposição na Galeria Açu-Açu, de Blumenau, e recentemente foram exibidos num festival do Rotary Clube. Este clube de serviço, através da esposa do presidente Antoninho [Caetano de Souza], D. Terezinha [Nunes de Souza], e da esposa do tesoureiro Almir [Carcereri], D. Maria Eunice, irá promover novas apresentações de outros artistas. Também foi realizada a apresentação dos trabalhos de Olga Stekert, que alcançou sucesso. Trabalhos de D. Maria Kindermann também entrarão em exposição. Dizem que D. Maria é uma pintora de reais qualidades. Futuramente, uma exposição que abrangerá todos os trabalhos de artistas da terra será promovida (...) É uma boa iniciativa da Casa da Amizade.

CASA NENA CANOAS / RS

ARARANGUÁ / SC


A EXTENSÃO DA TRAGÉDIA

APOIO CULTURAL

“Os homens mudam de senhor, com satisfação, pensando com isso melhorar e esta crença faz com que lancem mão de armas contra o senhor atual, no que se enganam porque, pela própria experiência, percebem mais tarde ter piorado a situação” (Maquiavel, em O Príncipe). Já é tempo de o povo e os políticos que apoiaram o impeachment de Dilma Rousseff admitir seu equívoco. Essa organização golpista de poder e capital que agora domina o país, retirando direitos dos trabalhadores, cortando recursos nas áreas da Saúde, da Educação e da Segurança, e saqueando o patrimônio nacional, precisa ser contida. Sua ação de rapinagem é tão ambiciosa, e o desrespeito ao Brasil, tão à luz do dia, que é difícil imaginar alguém que ainda não tenha percebido a extensão da tragédia.

CASOS E CAUSOS QUE O POVO CONTA ATÉ A DÉCADA DE 1960, a principal via de acesso ao centro da cidade de Araranguá era a rua Rui Barbosa, também conhecida por rua da beira do rio. Mais parecia uma estrada interiorana, pois não havia ali qualquer tipo de calçamento, somente muita areia. Era a rota mais comum para quem chegasse, vindo do oeste ou do sul, pela estrada estadual que dava acesso rodoviário aos municípios do chamado Vale do Araranguá. As alternativas para se chegar a nossa cidade eram a estrada natural à beira-mar (Torres-Arroio do Silva), ou por trem, via bairro Barranca. Naquele tempo, não havia sido implantada a estrada federal BR-59, depois denominada BR-101; logo, também, não existiam pontes sobre o rio Araranguá; a sua travessia era feita por balsas. Saindo do centro da cidade, a rua Rui Barbosa se inicia por uma lombada, também conhecida por “lomba do Paulo Hahn”, porque no seu topo estava instalada a fábrica de balas de Paulo Hahn, e ali também ficava sua residência. Um pouco mais a frente, chegava-se à balsa do seu Messias (José Messias). E entre esta balsa e a lomba do Paulo Hahn foi construído um pequeno porto na década de 1950. Toda esta área, até a curva onde hoje começa a rua Antonio Bertoncini, era conhecida por Rodeio. No porto do Rodeio, três ou quatro lanchas a motor navegavam o nosso rio Araranguá até perto da barra. Essas lanchas transportavam toda espécie de mercadorias da cidade para as localidades ribeirinhas, basicamente, Cangicas e Ilhas. Elas traziam, no seu retorno à cidade, areia e areão para construção. Havia também lanchas de passageiros. Foi durante uma viagem, em uma delas, que nasceu uma criança, batizada com o nome de Vânio. Não se sabe se a criança deu o nome à lancha, ou foi o contrário. O que se conhece é que a criança e a lancha passaram a ter o mesmo nome. Esta história inspirou o maestro Sálvio Amaro Pereira a compor a valsa “Vânio”, que ainda hoje faz parte do repertório da banda municipal. Segundo Valdemar Hahn, eram pro-

BALNEÁRIO ARROIO DO SILVA DISK ENTREGA

Matriz: 3526-1339 Filial: 3526-1112

Miro, o milagreiro!

M ARTA G RECHI

por Cláudio Gomes CASOS E CAUSOS QUE O POVO CONTA

MEME PARA APLICATIVOS DE MENSAGEM

São três os momentos de consciência política: 1) fase apolítica, que vai da infância até próximo aos 16 anos; 2) fase da indignação, quando nos damos conta da corrupção na política e sua implicação na economia e percebemos que as coisas poderiam ser melhores, e da utopia, quando idealizamos um príncipe perfeito, ou achamos que acabar com os políticos resolverá os problemas. Se não passamos dessa fase, corremos o risco de nos tornar meros esbravejadores, permanecer analfabetos políticos, ou virar fantoches cheios de orgulho pueril ou ódio irracional contra classes, gêneros e outros preconceitos, defendendo argumentos falaciosos de pseudomoralistas e salafrários, ajudando, assim, a perpetuar as injustiças que pretendíamos combater; 3) fase realista, quando conhecemos as dinâmicas e soluções da arena política e admitimos que tomar partido é preciso. Aqui investigamos os fatos à luz da história, conhecendo os grandes pensadores e apreendendo os conceitos mais importantes, percebendo a manipulação da imprensa e o abismo entre riqueza e pobreza que o neoliberalismo tem acarretado neste cenário pósmoderno desumanizante. Adentrando esta fase é que nos realizamos como cidadãos politizados e realistas – embora o espírito humano esteja no centro da questão e o indivíduo seja seu fim, sabemos que as soluções políticas estão na arena política, com desdobramentos que afetam o meio ambiente e toda a sociedade.

por Cláudio Gomes

Mas não toda a vida!

Termina assim a máxima dos mane-

zinhos: “...segue toda vida, toda vida, toda vida...” Faz sentido. Entendendo que perseguir a felicidade eternamente muitas vezes é ficar correndo, como o cachorro, atrás do rabo! Então, considerando que felicidade não é um lugar e sim um estado de espírito, logo todos os caminhos nos levam a Roma! A exemplo do boi e da vaca, seres profundamente sábios, que ruminam, ruminam, ruminam até finalmente engolir o alimento já devidamente processado, também as impressões da realidade, amarguras, raiva, ressentimento, ciúme, inveja, ódio, culpa, arrogância, vaidade, tudo muito bem mastigadinho, transmutam, despem-se, tomam a forma original! Autopercepção. Mastiga o que vem de fora, misturado com os ácidos que vêm de dentro. Quebram-se as moléculas, surge, por si só, a priori, e posteriormente pelo outro, compaixão, compreensão, respeito, aceitação, perdão. Por fim, desprendimento, amor e a paz. “Não a paz que o mundo vo-la dá, mas a paz que Eu vos dou”. O Eu além do ego! O Eu maior, a essência de todo ser. Já não sou eu quem vive, é Deus que vive em mim. Somos todos um! Assim o boizinho engole o alimento puro, sem os venenos, internos e externos, e o organismo então produz a tal felicidade, seja aqui, acolá, ao dobrar a esquina, no alto da montanha ou no fundo do abismo. z

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APOIO CULTURAL

É PRECISO TOMAR PARTIDO

EXCESSO DE GRAXA

prietários de algumas dessas lanchas Walter Hahn e, de outras, Francisco Aguiar (Chico Aguiar). Lembrou, também, que os motores, movidos à gasolina, eram do mesmo tipo que equipavam os caminhões da marca Chevrolet. Na época em que essas lanchas navegavam o nosso rio, fazer a sua manutenção era um trabalho muito difícil, ou por não se encontrar peças para reposição, ou por não haver mão de obra especializada. Seu Walter andava desanimado pela hercúlea tarefa de manter suas lanchas na água, mas pela enésima vez, ensinava aos seus dois “marinheiros” da importância e do cuidado com as peças, principalmente com os rolamentos, para que os motores funcionassem a contento. Dizia que funcionariam melhor desde que fossem abastecidos com graxa mecânica periodicamente. Embora ele soubesse que a graxa só traria benefícios e a falta dela prejuízos, alertava da necessidade de se fazer economia, solicitando para que não colocassem graxa em excesso, evitando assim o desperdício. Depois de algumas viagens rio abaixo, rio acima, o motor estourou mais uma vez. Seu Walter subiu a bordo para verificar o que havia ocorrido. Logo que abriu a casinha das máquinas, verificou que alguns rolamentos estavam sem qualquer vestígio de graxa, completamente secos, e, como consequência, travados. O proprietário reconheceu ali a causa da quebra. Irado, mas com ironia, seu Walter inquiriu os seus dois funcionários, buscando a confirmação do que já sabia: – Pelo que pude perceber, creio que vocês colocaram graxa em excesso nos rolamentos, não foi? A resposta veio de pronto, na tentativa de se eximirem de qualquer culpa: – Não, seu Walter! Faz mais de dois meses que não colocamos graxa nos rolamentos... O povo conta que os dois “marinheiros” foram obrigados a nadar até a margem oposta, depois de terem sidos atirados na água.

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SOLO DO EDITOR RICARDO GRECHI

NUNCA SE VIU TANTO milagreiro como nos tempos atuais. Uma das causas é, por certo, pelo acesso fácil à mídia que em outros tempos nem existia. E se existisse, provavelmente, por medo de tempestades, Nego Miro teria sido promovido e admirado como mais um fazedor de milagres, como ele mesmo conta. No lado norte do Arroio do Silva existia uma lagoa em meio a muita areia, que acabou soterrando-a. Chamava-se Lagoa da Capivara. Assemelhava-se a um oásis, com uma diferença: havia duas margens distintas, uma sem qualquer proteção, outra acessível somente por água, onde havia alguma vegetação. Por se localizar próximo ao mar, nas tardes de verão eram comuns as tempestades com trovões e raios. Quem acampasse nas suas margens deveria ter muita coragem, já que estaria sujeito a enfrentar as intempéries a céu aberto. Miro me contou assim a história:

Num determinado fim de semana de verão, eu e o Zeca fomos acampar na Lagoa da Capivara. Eu tentei avisar o Zeca que era perigoso por causa das tempestades: – Olha, Zeca, ficar lá nesta época do verão, e principalmente nos fins de tardes ou à noite, é arriscado, pode cair raios... O Zeca era um sujeito decidido e corajoso, apesar de sua deficiência física. Não desgrudava de uma muleta que trazia, havia anos, sempre sob seu braço esquerdo. Nunca soube qual o seu problema, se era na perna, na coluna ou outro defeito qualquer. A muleta era inseparável, ele andava sempre amparado nela. O Zeca nem se abalou com o meu aviso, apenas confirmou a vontade de acampar, dizendo: – Não tem problema, eu sou galovelho, não tenho medo de nada, coragem é coisa que não me falta. Fomos. Durante o dia foi uma beleza de águas límpidas, muito sol, banho e areia, mas o final da tarde anunciou uma tremenda tempestade para os

lados do sul. Olhei para nossa barraca, era só um pano amarrado em quatro estacas e que tinha por finalidade tapar o sol quente do verão. Apreensivo, falei para o Zeca: – Arrepara pros lados do sul... – É só nuvem, Miro, não dá nada, eu conheço... – respondeu o Zeca. Eu retruquei, tentando persuadi-lo: – Zeca, eu acho que vou o milho... Ele, escorado na sua muleta, me perguntou o que ele mesmo já respondia: – Estás com medo? Pois eu tenho coragem e vou ficar. – Largou da muleta e mergulhou nas águas da lagoa. Sem mais dizer, apanhei a muleta do Zeca, com a intenção de forçá-lo a me acompanhar, e fui me afastando em direção da estrada para Araranguá. A tempestade chegou com ventos fortes, trovões e relâmpagos a todo o momento. Eu já ia a meio caminho por entre as dunas, bem distante da lagoa, quando ouvi gritos de “Espera, Miro! Espera, Miro!” Era o Zeca, que vinha a mili, e na desabalada carreira que vinha, passou por mim. Ambos corremos, naquela areia toda, até a entrada do cemitério, já na cidade. Ali chegando, nos sentamos para descansar. Estávamos livres da tempestade, dos raios e dos trovões. Passado o primeiro momento e tendo retomado o fôlego, fiquei analisando, admirado daquela correria toda e só então, lembrando da muleta, perguntei: – Zeca, a tua muleta? – Que muleta, Miro? Tu achas que depois dessa correria toda eu ainda tenho necessidade da muleta? Miro, pode dar esta muleta pra quem precisar, ou então pode jogar fora – concluiu o Zeca. O medo do Miro pela tempestade e do Zeca em ficar sozinho venceram a doença. Miro, jurando ser verdadeiro o acontecido, concluiu: – Sempre que sou importunado por alguém, me sussurram ao ouvido: “Miro, leva na Lagoa da Capivara...” Segundo o “Araranguário” do Ézio Rocha: Galo-velho = experiente, sabichão; Vou o milho = vou embora, vou fugir; A mili = muito rápido, a mil.

Responsável Técnico:

Dr. Carlos Roberto de Moraes Rego Barros CRM 3270

Eletroencefalograma - Mapeamento Cerebral

RQE 2755

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