Origens O pai do Agobar, José Medeiros Pereira, era fazendeiro e tropeiro. Natural da cidade rio-grandense de Osório, por volta de 1912 veio para Araranguá com os pais e irmãos morar na Itopaba. Aqui, José conheceu Luíza Vieira Maciel, filha de Maria do Carmo e Antonio Vieira Maciel, donos de armazém na Praça Hercílio Luz. Casaram e tiveram os filhos Valdeviano, Antonio (Macaco Chico), Eulina, Jurema, Manoel, Agobar, Inácio e José. Aos cinco anos de idade, Curto foi para Osório morar com o padrinho, Vicente Marques Camargo, também tropeiro. Depois foi para Passinhos, distrito de Osório, morar com a viúva Isabel. Lá o garoto começou a estudar (aprendeu a ler com as filhas da viúva) e trabalhar desde cedo. Primeiro foi entregador de armazém. Vida dura: acordava às seis da manhã para fazer entregas, até as oito, quando ia para a escola. Depois trabalhou na lavoura. A volta para Araranguá Em 1944 ele juntou uma tropinha de cavalos que adquiriu com suas economias e veio para Araranguá. Ajudado por um irmão, Inácio, desceu de Osório até Tramandaí, e, pela beira-mar, veio dar no Arroio do Silva. Então vendeu sua criação e tornou-se freteiro. Transportava a farinha dos produtores, desde o Rodeio (ali na Rui Barbosa), onde atravessava o rio numa balsa, e levava até a estação de trem, na Barranca.
Os partidos políticos Quando terminou a Segunda Guerra, surgiram os partidos políticos como hoje conhecemos. Conta Agobar que Afonso Ghizzo e Fúlvio Furtado lhe convidaram para ingressar nas fileiras da UDN. “É contra o Governo?”, indagou Curto. Como a resposta foi sim, ele aceitou a filiação ao partido, o qual nunca abandonou.
Quadros entrega uma Bíblia ao amigo. Curto passou a ler a Bíblia todos os dias, e conta que assim conseguiu “fechar-se” para os maus espíritos. Não mais obsediado, passou a almoçar em paz, e até conseguiu engordar três quilos. Na época, começou a frequentar reuniões espíritas na casa de Walter Quadros. Ele lembra que Walter lhe havia dito: “Há os que precisam aprender, e há os que precisam recordar”. Curto descobriu-se desses que só precisam recordar, pois era um médium que precisava apenas desenvolver.
Luz, Paz e Caridade Curto conta que, em uma das reuEspiritismo e mediunidade niões espíritas no Arroio do Silva, STAEL FERREIRA na casa de Walter Curto tem muitos amigos. Quadros, em comuE não tem amigo dele que não o considere um dos nicação com um espírito, ele confihomens mais generosos denciou que sentia em seu meio. vontade de colocar Na segunda metade dos a mão nas pessoas anos 1960, ele conheceu o (dar passes), ao Espiritismo. Diz que coque o espírito resmeçou com um problema pondeu: “Esta é a “espiritual”. Toda dia, na tua missão.” hora do almoço, tinha Certo dia, Curto sensações ruins que não o deixavam comer direito. Agobar e Ricardo: entrevista no Jardim sentiu uma “vonSua explicação é que estava sendo tade doida de tomar um cafezinho” atormentado por “espíritos obses- e foi até o bar do Manoel Barbosa. sores”. Então resolveu ir à Igreja Esse encontro gerou uma força noMatriz comprar uma Bíblia. O aten- va. Depois, em reuniões na casa do dente na paróquia informou que não Mané, surgiu a ideia de fundar uma havia Bíblia para vender. Curto saiu, casa espírita em Araranguá. E daí, desorientado. Foi quando, mais adi- junto a Walter Quadros e quatorze ante, encontrou o Walter Quadros, outras pessoas, surgiria, em 26 de conhecido poeta, filósofo popular e outubro de 1968, a Casa Espírita Luz, médium. Falou do seu problema ao Paz e Caridade, na Cidade Alta, onde amigo, e que não conseguira uma funciona até hoje. Foi o restabeleBíblia. No dia seguinte, Walter apa- cimento do Espiritismo em Araranreceu em sua casa. “Como tu estás guá com sede própria, ausente desde hoje?”, perguntou. “Na fossa!”, res- os tempos de Senna Campos. (Agobar passaria em 2014.) pondeu Curto. Nesse momento,
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ANO 24 • Nº 494 • NOVEMBRO DE 2017 Periodicidade mensal - Tiragem: 1.000 exemplares
ARARANGUÁ, NOVEMBRO DE 2017 • ANO 24 • Nº 494 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA – CORTESIA DOS ANUNCIANTES
Agobar, mais conhecido como ‘Curto’ FOTO, ENTREVISTA (NO JARDIM, NA TARDE DE 29 DE JULHO DE 2011) E TEXTO DE RICARDO GRECHI
Leia uma breve história da vida de Agobar Maciel Pereira, o Curto. Acompanhe-o garoto, nascido em Araranguá, que aos cinco anos foi morar com o padrinho, em Osório. Lá, aos 13 anos, teve seu primeiro emprego: entregador de mercadoria de um armazém. Carregava duas cestas nas costas para levar mercadoria nas casas, bem cedo da manhã, antes de ir à escola. Depois aprendeu a trabalhar na lavoura e a tratar de cavalo. Até que, aos 21 anos, voltou à terra natal, com uma tropinha de cavalos, para casar, ter filhos, ser oficial de Justiça, membro da UDN e médium cofundador do Centro Espírita Luz, Paz e Caridade. Um araranguaense da gema AGOBAR MACIEL PEREIRA é mais conhecido como “Curto”. Nascido em Araranguá em 16 de outubro de 1922, aqui casou com Geni Maciel em 1944, tendo os filhos José, Maria Terezinha, Brasiliano
(Caião), Dirceu e Valmir. Viúvo de Geni há 17 anos [em 2011], hoje Curto tem como companheira dona Enedir, que é sogra do Valmir. Aos 89 anos, Agobar aposentouse como oficial de Justiça.
Politicamente, trabalhou pela UDN, mantendo-se fiel ao seu grupo de partidários em cada transição: para a Arena, depois PDS, até chegar ao atual PP. Mas Curto talvez seja mais conhecido e (continua na pág. 12)
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P. 8
Fechamento desta edição: 23/10/2017 10h15
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“E eu não sou uma mulher?” Sojourner Truth e a luta contra a opressão.
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admirado por ser um dos fundadores do Centro Espírita Luz, Paz e Caridade, em 1968. (da capa)
Nesse meio tempo, já casado, indicado por Valdomiro Simões de Almeida, escrivão, foi nomeado pelo juiz como oficial de Justiça, profissão que exerceu pela vida afora, tendo sido renomeado diretamente pelo Governo do Estado em 1951.
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