Origens O pai do Agobar, José Medeiros Pereira, era fazendeiro e tropeiro. Natural da cidade rio-grandense de Osório, por volta de 1912 veio para Araranguá com os pais e irmãos morar na Itopaba. Aqui, José conheceu Luíza Vieira Maciel, filha de Maria do Carmo e Antonio Vieira Maciel, donos de armazém na Praça Hercílio Luz. Casaram e tiveram os filhos Valdeviano, Antonio (Macaco Chico), Eulina, Jurema, Manoel, Agobar, Inácio e José. Aos cinco anos de idade, Curto foi para Osório morar com o padrinho, Vicente Marques Camargo, também tropeiro. Depois foi para Passinhos, distrito de Osório, morar com a viúva Isabel. Lá o garoto começou a estudar (aprendeu a ler com as filhas da viúva) e trabalhar desde cedo. Primeiro foi entregador de armazém. Vida dura: acordava às seis da manhã para fazer entregas, até as oito, quando ia para a escola. Depois trabalhou na lavoura. A volta para Araranguá Em 1944 ele juntou uma tropinha de cavalos que adquiriu com suas economias e veio para Araranguá. Ajudado por um irmão, Inácio, desceu de Osório até Tramandaí, e, pela beira-mar, veio dar no Arroio do Silva. Então vendeu sua criação e tornou-se freteiro. Transportava a farinha dos produtores, desde o Rodeio (ali na Rui Barbosa), onde atravessava o rio numa balsa, e levava até a estação de trem, na Barranca.
Os partidos políticos Quando terminou a Segunda Guerra, surgiram os partidos políticos como hoje conhecemos. Conta Agobar que Afonso Ghizzo e Fúlvio Furtado lhe convidaram para ingressar nas fileiras da UDN. “É contra o Governo?”, indagou Curto. Como a resposta foi sim, ele aceitou a filiação ao partido, o qual nunca abandonou.
Quadros entrega uma Bíblia ao amigo. Curto passou a ler a Bíblia todos os dias, e conta que assim conseguiu “fechar-se” para os maus espíritos. Não mais obsediado, passou a almoçar em paz, e até conseguiu engordar três quilos. Na época, começou a frequentar reuniões espíritas na casa de Walter Quadros. Ele lembra que Walter lhe havia dito: “Há os que precisam aprender, e há os que precisam recordar”. Curto descobriu-se desses que só precisam recordar, pois era um médium que precisava apenas desenvolver.
Luz, Paz e Caridade Curto conta que, em uma das reuEspiritismo e mediunidade niões espíritas no Arroio do Silva, STAEL FERREIRA na casa de Walter Curto tem muitos amigos. Quadros, em comuE não tem amigo dele que não o considere um dos nicação com um espírito, ele confihomens mais generosos denciou que sentia em seu meio. vontade de colocar Na segunda metade dos a mão nas pessoas anos 1960, ele conheceu o (dar passes), ao Espiritismo. Diz que coque o espírito resmeçou com um problema pondeu: “Esta é a “espiritual”. Toda dia, na tua missão.” hora do almoço, tinha Certo dia, Curto sensações ruins que não o deixavam comer direito. Agobar e Ricardo: entrevista no Jardim sentiu uma “vonSua explicação é que estava sendo tade doida de tomar um cafezinho” atormentado por “espíritos obses- e foi até o bar do Manoel Barbosa. sores”. Então resolveu ir à Igreja Esse encontro gerou uma força noMatriz comprar uma Bíblia. O aten- va. Depois, em reuniões na casa do dente na paróquia informou que não Mané, surgiu a ideia de fundar uma havia Bíblia para vender. Curto saiu, casa espírita em Araranguá. E daí, desorientado. Foi quando, mais adi- junto a Walter Quadros e quatorze ante, encontrou o Walter Quadros, outras pessoas, surgiria, em 26 de conhecido poeta, filósofo popular e outubro de 1968, a Casa Espírita Luz, médium. Falou do seu problema ao Paz e Caridade, na Cidade Alta, onde amigo, e que não conseguira uma funciona até hoje. Foi o restabeleBíblia. No dia seguinte, Walter apa- cimento do Espiritismo em Araranreceu em sua casa. “Como tu estás guá com sede própria, ausente desde hoje?”, perguntou. “Na fossa!”, res- os tempos de Senna Campos. (Agobar passaria em 2014.) pondeu Curto. Nesse momento,
A P O I O C U LT U R A L
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PANFLETO CULTURAL
H FUNDADO EM 18 DE MAIO DE 1994 H
ANO 24 • Nº 494 • NOVEMBRO DE 2017 Periodicidade mensal - Tiragem: 1.000 exemplares
ARARANGUÁ, NOVEMBRO DE 2017 • ANO 24 • Nº 494 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA – CORTESIA DOS ANUNCIANTES
Agobar, mais conhecido como ‘Curto’ FOTO, ENTREVISTA (NO JARDIM, NA TARDE DE 29 DE JULHO DE 2011) E TEXTO DE RICARDO GRECHI
Leia uma breve história da vida de Agobar Maciel Pereira, o Curto. Acompanhe-o garoto, nascido em Araranguá, que aos cinco anos foi morar com o padrinho, em Osório. Lá, aos 13 anos, teve seu primeiro emprego: entregador de mercadoria de um armazém. Carregava duas cestas nas costas para levar mercadoria nas casas, bem cedo da manhã, antes de ir à escola. Depois aprendeu a trabalhar na lavoura e a tratar de cavalo. Até que, aos 21 anos, voltou à terra natal, com uma tropinha de cavalos, para casar, ter filhos, ser oficial de Justiça, membro da UDN e médium cofundador do Centro Espírita Luz, Paz e Caridade. Um araranguaense da gema AGOBAR MACIEL PEREIRA é mais conhecido como “Curto”. Nascido em Araranguá em 16 de outubro de 1922, aqui casou com Geni Maciel em 1944, tendo os filhos José, Maria Terezinha, Brasiliano
(Caião), Dirceu e Valmir. Viúvo de Geni há 17 anos [em 2011], hoje Curto tem como companheira dona Enedir, que é sogra do Valmir. Aos 89 anos, Agobar aposentouse como oficial de Justiça.
Politicamente, trabalhou pela UDN, mantendo-se fiel ao seu grupo de partidários em cada transição: para a Arena, depois PDS, até chegar ao atual PP. Mas Curto talvez seja mais conhecido e (continua na pág. 12)
E-MAIL: jornaleco.ara@gmail.com CNPJ 28.000.138/0001-00
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P. 8
Fechamento desta edição: 23/10/2017 10h15
EDIÇÃO, DIAGRAMAÇÃO E REVISÃO Ricardo Grechi CONTATOS Rossana Grechi ASSISTÊNCIA Guaraciara Rezende, Gibran Rezende Grechi, Nilson Nunes Filho IMPRESSO NA GRÁFICA CASA DO CARIMBO DE Rosa e Aristides César Machado PRODUÇÃO Nicolas Nazari Machado PREPARAÇÃO DO FOTOLITO David Machado Fernandes CORTE Toninho Abel IMPRESSÃO Valdo Martins
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“E eu não sou uma mulher?” Sojourner Truth e a luta contra a opressão.
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admirado por ser um dos fundadores do Centro Espírita Luz, Paz e Caridade, em 1968. (da capa)
Nesse meio tempo, já casado, indicado por Valdomiro Simões de Almeida, escrivão, foi nomeado pelo juiz como oficial de Justiça, profissão que exerceu pela vida afora, tendo sido renomeado diretamente pelo Governo do Estado em 1951.
Leia as edições do JORNALECO em https://issuu.com/jornaleco ou www.facebook.com/jornalecoararangua (desde jan.2009) UMA PUBLICAÇÃO
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Agobar, mais conhecido como ‘Curto’
O CLUBE QUE FAZ PARTE DA NOSSA HISTÓRIA Av. XV de Novembro, 2030 - Centro - Tel. (48) 3522-0447 gremiofronteira.com.br facebook.com/gremiofronteiraclube
Meu tio Bernardo ○
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Coragem é a resistência ao medo, o domínio do medo, não a ausência do medo.
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MARK TWAIN (1835-1910) escritor norte-americano
JOÃO BATISTA DE SOUZA
Bernardo tirou Nina de um bordel. Casou com a moça e foi morar no Rio de Janeiro. Lá salvaram uma criança de morrer sobre um trilho de bonde e a adotaram
MAHATMA GANDHI (1869-1948)
uplemento
líder pacifista indiano
A arte de negociar
Máximas e expressões em latim
O pai informa ao filho: PAI: Escolhi uma ótima moça para você casar. FILHO: Mas pai, eu prefiro eu mesmo escolher a minha mulher. PAI: Meu filho, ela é filha do Bill Gates… FILHO: Bem, neste caso, eu aceito.
n Mens sana in corpore sano
O pai negociador vai falar com Bill Gates. PAI: Bill, eu tenho o marido ideal para a sua filha! BILL GATES: Mas a minha filha é muito jovem para casar! PAI: Mas este jovem é vice-presidente do Banco Mundial… BILL GATES: Neste caso, tudo bem. O pai negociador vai então falar com o Presidente do Banco Mundial. PAI: Senhor Presidente, eu tenho um jovem recomendado para ser vicepresidente do Banco Mundial. PRESIDENTE DO BANCO MUNDIAL: Mas eu já tenho muitos vice-presidentes, mais do que o necessário. PAI: Mas, senhor, este jovem é genro do Bill Gates. PRESIDENTE DO BANCO MUNDIAL – Neste caso ele pode começar amanhã mesmo. Moral da história: Não existe negociação impossível. Tudo depende da estratégia.
Mente saudável em corpo saudável JUVENAL (C.60-C.127) Com esta afirmação, o satírico romano Juvenal não foi bem compreendido, pois ele não quis dizer que ambos andam juntos automaticamente, mas apenas que era algo desejável. “Ut tamen et poscas aliquid voveasque sacellis exta et candiduli divina tomacula porci, orandum est sit mens sana in corpore sano” (E assim ao teres algo com que dirigir-te ao altar e oferecer em sacrifício divino tripas e miúdos de porco, deves orar para ter mente sadia em corpo sadio), escreve ele em sua décima sátira. Hoje, a expressão é geralmente utilizada, contudo, para sugerir que o bem-estar físico também afeta automaticamente a mente. Dicionário de Máximas e Expressões em Latim, Christa Pöppelmann, Escala, 2010, pág. 76
Nos anos 1930 “a viagem até Porto Alegre durava longas 12 horas e acontecia uma vez por semana, sempre às quartas. As rodas finas da Jardineira [foto], com aros vazados, pareciam ser bem adequadas para aquelas estradas da beira da praia. No caso de atolar, certamente os 16 passageiros dariam conta do recado.” D LEIA A MATÉRIA NO TEMPO DA JARDINEIRA NA PÁG. 3
JULGAMENTO APRESSADO Uma garota segurava em suas mãos duas maçãs. Sua mãe aproximou-se e lhe pediu, com uma voz doce e um belo sorriso: — Querida, você poderia dar uma de suas maçãs pra mamãe? A menina levanta os olhos para sua mãe durante alguns segundos e subitamente morde uma das maçãs e logo em seguida a outra. A mãe perde o sorriso. Ela tenta não mostrar sua decepção quando sua filha lhe dá uma de suas maçãs mordidas. A pequena olha sua mãe com um sorriso de anjo e diz: — A mais doce é essa! Pouco importa quem você é, que você tenha experiência, seja competente ou sábio. Espere para fazer seu julgamento. Dê aos outros o privilégio de poder se explicar. Mesmo que a ação pareça errada, o motivo pode ser bom.
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Europa, não sei o que Hitler poderia querer aqui, milhares de milhas marítimas longe do conflito e, principalmente, com um governo indisfarçadamente simpático). Seu navio foi torpedeado na costa nordestina. Aí, entram duas histórias meio escabrosas: os próprios americanos teriam feito isso para forçar o Brasil se juntar aos aliados, o que acabou ocorrendo. MarinheiCapa de O Globo noticiando o afundamento do ros náufragos, desesperados, Buarque em fevereiro de 1942 tentavam alcançar o barco onde estava o comandante. Tio batida no sino. Tio Bernardo sempre trazia para Bernardo nos dizia que, por sorte, ele também fazia parte da tripulação, e minha irmã Angela um presentinho. o comandante mandava que bates- Isso era “sagrado”, ao mesmo tempo sem, com seus remos, nas mãos dos que denunciava seu estado psíquico desesperados, pois, se todos subis- neurótico. Trazia-lhe (uma só) bala, dava-lhe de manhã e advertia: “Só sem a bordo, todos morreriam. Bernardo e Nina passeavam no chupe essa bala depois do almoço!” Meu pai morreu em Porto Alegre, centro do Rio quando presenciaram uma mãe, desesperada, colocando nessa época. Depois de cinco anos seu bebê em cima de um trilho de seus ossos foram transladados para bonde. Como tia Nina não conseguia Morro da Fumaça em um caixote de engravidar, pegaram a criança e a madeira e enviados, via VARIG, até registraram como filho: era uma o aeroporto de Tubarão, que não existe mais. Mamãe foi de trem criança negra. Depois de alguns anos, a mãe buscá-lo. Reuniu os filhos, quando biológica do menino, agora bem de chegou à noite, para ver os ossos de vida, tentou reavê-lo, mas numa papai. O traslado fúnebre de papai? demorada e dispendiosa pendenga Simples! Tio Bernardo, burlando a jurídica os pais adotivos saíram legislação, enviou o pacote como se fosse uma caixa de frutas. vencedores. A psicologia é uma ciência inteNa década de 1950, quando fui a ressante. Ela explica que, se uma Porto Alegre, com apenas sete anos de idade (1956), meus tios residiam mulher, aparentemente incapaz de em uma vila própria com doze casas engravidar, adotar uma criança, (onze alugadas), no bairro Reden- seus fantasmas psíquicos e afetivos ção. Ele, funcionário da VARIG; ela, se esvaem e ela passa a aflorar a dona de casa. Nossos tios nos visi- fertilidade. Tia Nina acabou engratavam todos os anos em Morro da vidando duas vezes (duas meninas) Fumaça. O filho adotivo, Jorge, depois de velha. Consequentemente, aprontava todas na vila. Até bater o negligenciaram o atendimento ao sino da capela, deixando o povo em menino (Jorge). Pior, passaram a polvorosa, visto que o campanário discriminá-lo, com medo de que ele servia, também, para recados, co- viesse a fazer algum mal às menimo: Hora dos Anjos, meio-dia, Ave nas. O resultado disso, nem é preciso Maria, falecimentos e até tempes- dizer. Jorge, morto pela polícia, é z 2 tades. Para cada recado, um tipo de quem poderia dizer.
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(Acima e aqui colhidos na internet)
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Tio Bernardo, carioca, filho de armador, capitão de cabotagem e neurótico de guerra retrata bem as dificuldades por que passavam cidadãos brasileiros nos finais do século XIX, início do século XX. Sua história de vida: Quando capitaneava um navio do próprio pai, do Rio de Janeiro até Laguna, apaixonou-se perdidamente por uma lindíssima prostituta, que “caíra na vida” por essas rasteiras que o destino apronta, principalmente às moças pobres, criadas sem pai e cheias de irmãos. Nina (Minervina), irmã de mamãe, viveu sua infância em Criciúma, criada a duras penas por minha avó materna, também Minervina, que tinha um marido “teatino”; engravidava a esposa e saía por esse mundão afora, retornando de quando em quando para mais um filho. Vovó Minervina não conseguia criar todos os filhos e filhas, dentre eles, dois deficientes mentais. Alguns (mamãe, inclusive) tiveram de ser doados. A princípio Bernardo tirou Nina do bordel e a colocou em uma casa particular. Um frequentador, valentão, da casa de prostituição reclamava e gritava: “Eu só quero a Nina!” Bernardo tomou-a como esposa e a levou para o Rio. Quanto ao valentão, foi-lhe dado cabo. A TV Globo apresentou, certa vez, um seriado sobre a Guerra do Paraguai (1864/1870). O Reino teve de contratar barcos dos armadores locais para completar a frota Imperial. Gosto de pensar que a empresa marítima do avô e pai de tio Bernardo também tenha contribuído com essa empreitada bélica. Bernardo, quando servia a Marinha, participou da Segunda Guerra Mundial, patrulhando a costa brasileira, pois havia a suspeita de que submarinos alemães estivessem nos espionando. (Com tantas preocupações imensamente superiores na
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Resistência pacífica, mas não passiva contra as injustiças.
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A.A. Alcoólicos Anônimos
N.A. Narcóticos Anônimos
Reuniões 4as e 6as feiras, às 19h30 Próximo à Câmara de Vereadores Balneário Arroio do Silva
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Reuniões 4as feiras, às 20h Sala na Igreja Episcopal, centro - Araranguá
POLÍCIA MILITAR: 190 POL. RODOV. FED.: 191 SAMU: 192 BOMBEIROS: 193
telefones para emergências
Reuniões 3as feiras, às 20h00 Sala na Igreja São Cristóvão - Maracajá
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EDIÇÃO: ROSSANA GRECHI
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MITOS E VERDADES SOBRE CÂNCER DE COLO DE ÚTERO E HPV http://WWW.ONCOGUIA.ORG.BRconteudo/mitos-e-verdades-sobre-cancer-de-colo-de-utero-e-hpv/2622/28/ O uso do preservativo impede a transmissão do HPV. MITO – Se estima que o uso da camisinha consiga barrar em até 70% a transmissão do HPV. O HPV é transmitido através das relações sexuais e contato pele-a-pele com uma pessoa infectada. Quando o preser vativo é usado, apenas o pênis está protegido, enquanto outras áreas da genitália ficam expostas e podem entrar em contato com a vagina durante a relação sexual. O uso do preservativo é sempre recomendável, pois é um método eficaz na prevenção de inúmeras outras doenças sexualmente transmissíveis e AIDS. O HPV pode demorar até 20 anos para causar uma doença relacionada. VERDADE – Geralmente, o HPV leva de 2 a 8 meses após o contágio para se manifestar, podendo levar muitos anos até o diagnóstico de uma lesão pré-maligna ou maligna. Por isso, se torna muito difícil determinar com exatidão como e quando se foi infectado. O HPV pode ser curado. MITO – Não existe tratamento específico para eliminar a infecção viral e a pessoa infectada será sempre um vetor da doença. Em geral, a maioria das infecções por HPV são controladas pelo sistema imunológico do indivíduo e eliminadas naturalmente pelo organismo, mas algumas persistem podendo se tornar tumores malignos. As melhores formas de controlar essas infecções são a vacinação preventiva e evitar o contato sexual com pessoas infectadas.
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Todas as mulheres que tem o HPV desenvolvem câncer de colo do útero. MITO – Geralmente, as defesas imunológicas do corpo são suficientes para eliminar o vírus por conta própria, sem necessitar de qualquer intervenção médica. Entretanto, em algumas pessoas, certos tipos de HPV podem provocar verrugas genitais ou alterações benignas no colo do útero. Essas alterações são causadas pela persistência do vírus e ocorrem em 10 a 20% das mulheres infectadas. As células anormais, se não forem diagnosticadas e tratadas, podem levar ao aparecimento de lesões pré-cancerígenas ou a um câncer. Na maioria das vezes, o desenvolvimento do câncer de colo do útero demora vários anos, muito embora, em casos raros, ele possa se desenvolver em apenas 1 ano. Essa é a razão
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pela qual a detecção precoce é tão importante. A infecção pelo HPV geralmente não apresenta sintomas. VERDADE – Como o HPV comumente não apresenta sintomas, as pessoas não têm como saber se são por tadoras do vírus. A maioria das mulheres descobre que tem HPV pelo resultado anormal do exame de Papanicolaou. O câncer de colo do útero é um dos mais fáceis de serem prevenidos, por isso é tão impor tante fazer o exame de Papanicolaou regularmente. Os homens não desenvolvem doenças relacionadas ao HPV. MITO – Nos homens, assim como nas mulheres, as manifestações clínicas mais comuns são as verrugas genitais, causadas pelo HPV tipos 6 e 11. Mas, alguns tipos de HPV de alto risco, como o 16 e o 18, também causam câncer de pênis e de ânus. Ter verrugas genitais é comum. VERDADE – Estima-se que aproximadamente 10% das pessoas terão verrugas genitais ao longo de suas vidas. As verrugas genitais podem aparecer semanas ou meses após o contato sexual com uma pessoa infectada pelo HPV. E devem ser diagnosticadas e tratadas adequadamente para evitar futuras complicações. O vírus HPV é raro. MITO – O HPV é muito comum. Sendo a doença sexualmente transmissível mais frequente na população. Câncer de colo do útero não pode ser prevenido. MITO – O câncer de colo do útero é um dos tipos mais evitáveis de câncer. A prevenção consiste em abstinência sexual e uso de proteção durante o ato sexual. No entanto, isso não elimina completamente o risco de contrair a doença. Um meio muito eficaz de prevenção é a realização do Papanicolaou regularmente. O exame de Papanicolaou é um exame de rastreamento. O Papanicolaou identifica mulheres que podem estar em alto risco para alterações pré-cancerosas ou cancerosas. A vacina contra o HPV é outro meio eficaz na prevenção do câncer de colo do útero, que protege contra cepas (tipos) de alto risco de HPV, que podem causar o câncer de colo do útero. A vacina atualmente está aprovada para mulheres com idades entre 9 e 26.
TOURNIER Dr. Everton Hamilton Krás Tournier Graduado e especializado na Universidade Federal de Santa Catarina • Pós-graduado no Instituto Adolfo Lutz de São Paulo • Pós-graduado na Universidade do Sul Catarinense E-mail: tournier@contato.net
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pela sua qualidade de texto, mesmo sendo de um jornal lá dos anos 30, na verdade, não necessitaria qualquer tipo de legenda. Mas, por conta de ser uma certa novidade para quem ainda é jovem, e até para quem é jovem a mais tempo – desde que não passe dos 80 anos de idade, faixa etária que, com certeza, viveu aquele momento. Vale uma boa espiada no que ali se estampa, tanto em arte como em letras:
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Não tenho histórico familiar de câncer de colo do útero. Preciso me preocupar com isso? VERDADE – Você ainda pode estar em risco para o câncer de colo do útero, mesmo que ninguém na sua família tenha sido diagnosticada com a doença. O câncer de colo do útero é causado por certos tipos de HPV, que são transmitidos por contato sexual íntimo. Se você é sexualmente ativa, faça exames de Papanicolaou regularmente. Se você já fez uma histerectomia total ou tem mais de 69 anos, converse com seu médico sobre a necessidade de fazer (ou não) exames de rastreamento regulares. As mulheres vacinadas contra o HPV não precisam fazer o exame Papanicolaou. MITO – A vacina contra o HPV não protege contra todos os tipos de HPV que causam o câncer de colo do útero. Todas as mulheres sexualmente ativas precisam fazer os exames de Papanicolaou regularmente, mesmo que estejam vacinadas contra o HPV.
FOTO DO ÔNIBUS 1 - Muito interessante o letreiro pregado na parte externa do teto que, pintado numa tábua atravessando a “condução” de 16 lugares no sentido longitudinal, mostra o longo trajeto a ser percorrido. Naquele tempo ia-se para o Rio Grande do Sul, ainda, pela velha e perigosa Estrada da Praia.
Qualquer mulher que tenha relações sexuais pode ter HPV. VERDADE - Muitas pessoas acreditam que só as mulheres promíscuas têm HPV. Mas, na verdade, qualquer mulher que tenha tido relações sexuais, mesmo com apenas um parceiro, pode ter sido exposta ao HPV. O HPV é um vírus muito comum. Na verdade, cerca de 8 em cada 10 mulheres tiveram HPV em algum momento da vida antes dos 50 anos. Um resultado de Papanicolaou normal é suficiente para proteger as mulheres contra o câncer de colo do útero. MITO – Um exame de Papanicolaou não é suficiente para proteger as mulheres contra o câncer de colo do útero. O exame de Papanicolaou ajuda a diminuir significativamente o número de casos de câncer, mas nenhum exame é perfeito. Para as mulheres com 30 anos ou mais, o exame de HPV juntamente com o Papanicolaou aumenta a capacidade de identificar as que se encontram em risco em quase 100%. Mulheres com menos de 30 anos devem fazer o exame do HPV, se os seus resultados de Papanicolaou forem inconclusivos. A vacina contra o HPV é apenas para adolescentes. VERDADE – A partir de 2013, a vacina contra o HPV é administrada em meninas com idade entre 9 a 13 anos, como parte de um Programa Nacional de Imunizações do HPV. Além disso, em 2013 e 2014, os meninos com idade entre 14 e 15 anos também podem receber a vacina gratuitamente. (+ no portal do Instituto Oncoguia)
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3 - Chama a atenção, também, o detalhe das aberturas laterais em cada par de poltrona, bem ao estilo dos famosos bondes. A propósito,
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seriam as poltronas em madeira pura, tipo banco de igreja? Imaginem aquelas laterais abertas num dia de “tempestade” de vento sul, na beira da praia, sem ter para onde correr; ou, pior ainda, com uma chuva de lado? Imagino que para essa situação, havia sempre uma boa lona de plantão.
6 - As rodas finas da furiosa “Jardineira”, com aros vazados, pareciam ser bem adequadas para aquelas estradas da beira da praia. No caso de atolar, certamente os 16 passageiros dariam conta do recado.
4 - E fica, também, a pergunta: onde ia a bagagem do pessoal? Era preciso ter lugar para, pelo menos, 16 malas. Pelo desenho do clichê parece que o bagageiro ficava nos fundos, atrás das últimas bancadas.
1 - Mesmo a linha sendo AraranguáPorto Alegre, o anúncio é do jornal A Cidade, de Laguna, de onde partiam alguns paquetes (navios) com passageiros que em Araranguá usavam a via terrestre para irem ao Rio Grande do Sul, principalmente quando iam só até a capital gaúcha. Do trecho AraranguáLaguna, por terra, parecia ainda não dar trânsito normal.
O texto
Araranguá-Porto Alegre nos anos 1930: 12 horas de viagem (veja foto na pág. 11)
2 - No alto do frontispício da carenagem, surge, então, em letras grandes, o nome ARARANGUÁ, indicando com muita clareza o local de partida.
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No tempo da Jardineira
Reun. 2as f., 20h - Junto ao A.A. - Araranguá
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5 - De coisas boas, a altura do chassi do ônibus em relação ao chão era bem melhor que a de quase todos os carros de hoje. Tão boa que precisava de um grande estribo de embarque, feito uma escada de apoio. Neste quesito, coitadas das moças e senhoras; se bem que naquele tempo não se falava em minissaia, se não...
2 - A viagem até Porto Alegre durava longas 12 horas e acontecia uma vez por semana, sempre às quartas. E o ônibus ficava lá até domingo. (O motorista fazia o quê, então, até o dia
do retorno?). 3 - Pelo visto havia um concorrente na área – e muito forte – pois, além de admitir explicitamente o “inimigo”, foi grande a preocupação da empresa em dizer que dispunham de ônibus melhores e exclusivos para transportar famílias e não cargas, z como o outro fazia.
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Testamento de um gaúcho REINALDO CARDOSO FINGER (JUCUNDINHO) I Estando para morrer E o coração sem sossego Deitei-me no meu pelego E chamei a minha prenda Pra fazer o testamento Do que havia na fazenda II E como eu estava fraco Já sem forças pra falar Acenei que a chinoca fosse Por uma água esquentar Pra se tomar um amargo Que ela mesma ia cevar III Tomei uns dois chimarrão E senti meu coração Já bem mais fortalecido Pois um guasca resolvido Que sempre guentou o repuxo Não gasta em vão um cartucho Porque um mate bem cevado É o que fortifica um gaúcho IV A minha faca prateada Que eu sempre usei na cintura Eu não quero que tu vendas Pois se um dia por ventura Numa briga te meteres Tu com ela te defendas V Meu revólver cabo de ouro Que eu uso como tesouro Desde os tempos de menino Tu guardes como relíquia Pois nunca foi assassino
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VI E este lenço que eu uso É o branco que lembra a paz Nos meus tempos de rapaz Nunca me deu desgosto É pra ser comigo enterrado E com ele tapar meu rosto
VII Meu velho ponche de lã Tosquiado de seis carneiro Que seja teu companheiro Nas noites frias de inverno E dure como tronqueira de cerne Pra servir de teu abrigo Porque assim terás a impressão De estar dormindo comigo VIII O meu cavalo de encilha Tu joga o laço e apresilha No portão do cemitério Porque eu sendo um gaudério Quero vir te visitar IX Minhas botas russilhonas Tirada de uma carona Da pelanca de um animal Tu uses como quiseres Pois isto honra as mulheres É coisa tradicional X Minha junta de bois carreiro Que me ajudaram lavrar a terra Ponha na invernada do fundo E que fiquem lá à minha espera Não mande para o matadouro Pra quando se encontrar de novo Quero mostrar para o povo Que o boi é bicho Mas tem alma sob o couro! XI E por último vou falar Sobre esta bomba e esta cuia Me põe no caixão de imbuia Pra ir pra baixo do chão Porque até depois de morto Quero tomar chimarrão XII E agora querida prenda Que meu coração exangue Eu te entrego este Rio Grande Um pedaço do céu de anil Mas que pra todo gaúcho É o coração do Brasil.
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RICARDO GRECHI
A mãe do jovem adicto me contou, entusiasmada, que havia levado o filho ao psicólogo. “Bom”, considerei. E que o psicólogo havia indicado um psiquiatra. “Então agora ele tá tomando remédio?”, perguntei. Respondeu que sim. “E ele já havia sido medicado antes?” Ela disse que não. “Bá”, avaliei com meus botões. Uma nova droga acabava de ser introduzida no histórico de drogadição do rapaz. As instituições de tratamento de dependência química quase não suportam a demanda, e a reincidência de ex-internos é avassaladora. Principalmente porque a maioria dessas instituições administra medicação psiquiátrica sem um trabalho específico de uso e retirada (gradual e assistida) desses psicofármacos, impossibilitando que o doente fique realmente “limpo” para aderir com lucidez a um tratamento. O que se tem observado na prática é um contínuo drogar-se, um círculo vicioso entre as drogas paliativas e as drogas preferenciais, em detrimento dos resultados das terapias comportamentais e do empenho do dependente nas reflexões e ações morais e espirituais, baseadas ou não nos Doze Passos de recuperação das irmandades anônimas. Em 17 anos de interação com centenas de dependentes químicos e estudos complementares, aprendi que o dependente em tratamento com medicação psiquiátrica continua atrelado à sua personalidade adicta desenvolvida ao longo do tempo de uso de drogas e caracterizada por sentimentos negativos, como autopiedade e ressentimento, que é a base para recaídas, além da grande capacidade para racionalizar sua relação com as drogas. Por sua vez, os psiquiatras não têm ajudado muito. Em geral eles possuem bons argumentos (um deles é a manutenção da clientela) para justificar as prescrições medicamentosas, o que não têm gerado resultados promissores. Na verdade, a maioria desses médicos “desistiu” dos drogados e administra ansiolíticos e antidepressivos por mera convenção instrumental e incapacidade de lidar com o problema. Psicofármacos funcionariam melhor nos casos de comorbidade em que a dependência química seja secundária ou sintomática. A avaliação disso cabe aos especialistas. Mas acontece que eles, com raras exceções, têm colocado tudo no mesmo balaio. Assim, nesse passo, com o problema se intensificando, precisaremos livrar nossos drogados também dos psiquiatras, até que os cursos de formação ofereçam aos médicos melhor discernimento, e, da parte deles, mais boa vontade e disposição para lidar com os doentes. (O autor do texto é aluno da 5a fase de Filosofia - UNISUL)
F O R M AT U R A S E A S S E S S O R I A w w w. a m f o r m a t u r a s . n e t ARARANGUÁ Av. XV de Novembro, 1790 - Centro - Tel. (48) 3522-0356 CRICIÚMA Av. Universitária, 230 - Sta. Augusta - Tel (48) 99627-5838 TUBARÃO Rua Martinho Ghizzo, 375 - Dehon - Tel. (48) 3622-0822 r e c e p cao @ a m f o r m a t u r a s . n e t
pedagogo e filósofo brasileiro, considerado um dos mais notáveis na história da pedagogia mundial, inspirando gerações de professores por seu empenho em ensinar os mais pobres.
Conceitos econômicos que significam o seu oposto (https:// MONITORDIGITAL.COM.BR /conceitos-economicos-que-significam-o-seu-oposto)
TEXTO DE JOSÉ CARLOS DE ASSIS *
DEVO ter escrito aqui muitas deze-
nas de vezes as palavras "liberal", "conservador" e "ortodoxo", e só numa conversa recente com um amigo ilustre me dei conta de que o que se dizia do lado de cá podia ser interpretado de forma totalmente diferente do lado de lá. Na verdade, isso é um defeito comum de "especialistas" que se fecham numa caixa preta conceitual, iniciados num rito que só eles entendem. Comecemos com "liberal". Na linguagem comum, liberal é o sujeito aberto para as novidades, generoso com as diferenças, tolerante com o outro. É um conceito muito próximo do que se usa no linguajar político norte-americano para identificar os progressistas sociais em face dos conservadores. Um político liberal norte-americano geralmente é um sujeito do Partido Democrata, mais ou menos comprometido com o Estado do bem-estar social, sensível aos interesses dos pobres. Não é este o "liberal" a que em geral me refiro. Aliás, o "liberal" a que costumo me referir é o exato oposto do "liberal" social. Trata-se do "liberal" econômico. Ele é individualista, interesseiro, egoísta, indiferente aos pobres e radicalmente contrário à ação social do Estado. É contra também a regulação da economia pelo Estado, assim como a qualquer interferência do Estado no setor produtivo, pois entende que o capitalista privado deve ter liberdade total para buscar seu único objetivo relevante, o lucro.
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E T C ETERA
“Se nossa opção é progressista, se estamos a favor da vida e não da morte, da equidade e não da injustiça, do direito e não do arbítrio, da convivência com o diferente e não de sua negação, não temos outro caminho senão viver plenamente a nossa opção” PAULO FREIRE (1921-1997), educador,
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Drogas, e mais drogas
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POéticaU Araranguaense .9 a
Existe uma ideologia justificadora do "liberal" econômico. Ela recua a Adam Smith, o fundador da economia, numa passagem célebre em que ele observa que o padeiro, o verdureiro, o ferreiro, promovem o interesse geral quando buscam o interesse próprio. Essa metáfora, obviamente, não tem nenhum sentido no mundo dos trustes, dos monopólios e oligopólios do capitalismo real. Assim mesmo, a idéia de que "a mão invisível" do mercado livre produz eficiência e ótima alocação de recursos fez grande escola. No que ele tem de mais agressivo – a idéia do Estado mínimo, econômica e socialmente irresponsável –, o "liberal" econômico é uma fraude. Nunca se viu "liberalismo" na história do capitalismo. Nos seus primórdios na Holanda, os grandes capitais dos comerciantes se apoiavam no Estado para se expandir; na Inglaterra, o grande capital de expansão mundial está diretamente vinculado a concessões da Coroa; nos Estados Unidos, na virada do século XIX para o XX, quem comandava o circo eram os grandes trustes, que enfeixavam a um só tempo poder econômico e político. Isso nunca mudou na essência, a despeito das leis antitruste. Contudo, os ideólogos do capitalismo sem regras invocam as virtualidades do "liberalismo" imaginário toda vez que as condições sociológicas impõem uma intervenção de fundo do Estado na economia. Foi assim nos anos 30 nos Estados Unidos: os "liberais" resistiram tenazmente ao New Deal, acusaram Roosevelt de socializante e comunista, contrário à iniciativa privada. Nos 40 anos seguintes ao New Deal, até os anos 70, os "liberais" ficaram relativamente quietos, esmagados pela
prosperidade geral das economias de bem-estar social. Figuras como Hayek e Milton Friedmann não eram levados a sério. Foi a partir dos anos 70, com Thatcher e Reagan, que voltaram à cena. As sociedades prósperas do Primeiro Mundo, ou a parte próspera dessas sociedades, entenderam de reentronizar o "liberalismo" como ideia força da organização política. Continuam uma fraude. Em 1987, no craque da Bolsa de Nova York, viram-se "liberais" de todos os quadrantes apelando para os bancos centrais dos principais países industrializados a fim de se salvarem. Obviamente, foram atendidos, com o que se evitou um outro 29. É assim que eles são. Liberdade total frente ao Estado para ganhar, dependência total do Estado (que controlam politicamente) para não perder. Liberalismo é isso. Já neoliberalismo é isso com um certo grau adicional de charlatanismo. "Conservador" tornou-se uma palavra ambígua. Antigamente, confundia-se com o "liberal" econômico, que queria conservar o "liberalismo" dos anos 20 frente ao New Deal. Seu congênere atual é o "reformista". No polo oposto estão os progressistas sociais, que querem defender o Estado do bem-estar social da sanha dos neoliberais. "Ortodoxo", por sua vez, não é aquilo que é certo segundo a realidade da economia; é aquilo que é certo segundo uma teoria que não tem nada a ver com a realidade. (*) Economista, doutor em Engenharia de Produção pela Coppe-UFRJ, professor de Economia Internacional da UEPB.
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Diretor WLADINIR LUZ Redator ERNESTO GRECHI FILHO Gerente HERVALINO CAMPOS Tipógrafos WALDEMIRO, FERRINHO, NEI etc. Impressão: GRÁFICA LIDER (LIDO) (ORION), 1960-1975 Redação e oficina: Av. Getúlio Vargas, 158-170, em frente ao Cine Roxy
Sojourner Truth e a luta das mulheres negras contra as opressões
j LOGOTIPO CRIADO POR C. E. GUASCO (ESTREOU NA EDIÇÃO 169 DE 16/04/1968 E FOI USADO ATÉ O FINAL)
ANO XV - Nº 282 - 19 DE OUTUBRO DE 1974
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Muito bem, crianças, onde há muita algazarra alguma coisa está fora da ordem. Eu acho que com essa mistura de negros do Sul e mulheres do Norte, todo mundo falando sobre direitos, o homem branco vai entrar na linha rapidinho. Aqueles homens ali dizem que as mulheres precisam de ajuda para subir em carruagens, e devem ser carregadas para atravessar valas, e que merecem o melhor lugar onde quer que estejam. Ninguém jamais me ajudou a subir em carruagens, ou a saltar sobre poças de lama, e nunca me ofereceram melhor lugar algum! E não sou uma mulher? Olhem para mim? Olhem para meus braços! Eu arei e plantei, e juntei a colheita nos celeiros, e homem algum poderia estar à minha frente. E não sou uma mulher? Eu poderia trabalhar tanto e comer tanto quanto qualquer homem – desde que eu tivesse oportunidade para isso – e suportar o açoite também! E não sou uma mulher? Eu pari treze filhos e vi a maioria deles ser vendida para a escravidão, e quando eu clamei com a minha dor de mãe, ninguém a não ser Jesus me ouviu! E não sou uma mulher? Daí eles falam dessa coisa na cabeça; como eles chamam isso… [alguém da audiência sussurra: “intelecto”]. É isso querido. O que é que isso tem a ver com os direitos das mulheres e dos negros? Se o meu copo não tem mais que um quarto, e o seu está cheio, por que você me impediria de completar a minha medida? Daí aquele homenzinho de preto ali disse que a mulher não pode ter os mesmos direitos que o homem porque Cristo não era mulher! De onde o seu Cristo veio? De onde o seu Cristo veio? De Deus e de uma mulher! O homem não teve nada a ver com isso. Se a primeira mulher que Deus fez foi forte o bastante para virar o mundo de cabeça para baixo por sua própria conta, todas estas mulheres juntas aqui devem ser capazes de consertá-lo, colocando-o do jeito certo novamente. E agora que elas estão exigindo fazer isso, é melhor que os homens as deixem fazer o que elas querem. Agradecida a vocês por me escutarem, e agora a velha Sojourner não tem mais nada a dizer.”
Lajota Em grande quantidade está sendo fabricada pela Construtora Lar Ltda., de Manoel Costa. Será aplicada ao trecho Araranguá-Morro dos Conventos. São 7 mil metros de extensão, com pista de 6 metros de largura. A Prefeitura pretende chamar o Governador nos primórdios do veraneio para a inauguração. O apelido que deram para a fábrica do Maneca foi de “fábrica de queijo”. Fica extremando com o cemitério municipal. NJ: No CA 288, de 1º/3/ 1975, consta que o lajotamento até o Morro está pela metade. Outro artigo, no CA 283, de 2/11/1974, informa que a Construtora Lar contava entre 120 a 150 funcionários, produzindo 7.000 lajotas por dia, e estava pavimentando a estrada do Morro, para depois lajotar a do Arroio do Silva, contratada pelos governos estadual e municipal.
Por isso, precisamos reverenciar a coragem de Truth. Uma mulher como ela faz com que a gente tenha em quem nos inspirar. (Central das Divas)
Reprodução de clichês do CA 283, de 2/11/1974. No alto, lajotamento para o Morro. Acima, a fábrica
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(*) “A mais importante obra de Angela Davis [filósofa, professora e ativista (Alabama-EUA, 1944)], [o livro] traça um poderoso panorama histórico e crítico das imbricações entre a luta anticapitalista, a luta feminista, a luta antirracista e a luta antiescravagista, passando pelos dilemas contemporâneos da mulher”.
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SE HOJE JÁ SABEMOS o peso do silenciamento a que mulheres pretas são submetidas, como deve ter sido para Truth se posicionar com tanta força contra o machismo ainda no século XIX? Este discurso coloca a dimensão das especificidades das mulheres negras na luta contra as opressões. Se para as mulheres brancas a luta é contra o machismo, para as mulheres pretas lutamos ainda para sermos consideradas mulheres. Lutamos para que as opressões não apaguem nossa condição como mulher.
EDIÇÃO E NOTAS DO JORNALECO: RICARDO GRECHI
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BOITEMPO EDITORIAL É comum que mulheres negras reivindiquem um tratamento diferente entre suas pautas e as pauINTERNET tas de mulheres brancas nos movimentos feministas. Apesar de parecer uma reivindicação nova, em 1851 uma mulher negra já falava sobre isso. A ex-escravizada Sojourner Truth fez um famoso discurso intitulado “E eu não sou uma mulher?” na Convenção dos Direitos das Mulheres em Ohio (EUA). Um discurso marcante tanto pelo impacto das palavras – já que ela era uma excelente oradora – como pela conjuntura em que ela proferiu as palavras. Segundo Angela Davis, em Mulheres, Raça e Classe*, não se sabe se Truth foi convidada para a convenção, ou se ela foi por iniciativa própria. Mas sabe-se que a plateia era branca e com a presença de diversos homens que diziam – em uma convenção de direitos das mulheres! – que elas não deveriam ter os mesmos direitos que os homens, porque seriam frágeis, intelectualmente débeis, porque Jesus foi um homem e não uma mulher e porque, por fim, a primeira mulher fora uma pecadora. Truth era a única negra a participar do evento e ela fez o que nenhuma mulher branca fez: destruiu os argumentos dos homens que estavam no local. Leia o histórico discurso. l
F 1974-75: o último ano do jornal F
E eu não sou uma mulher?
CN
[Ao comemorar um gol, o bandeirinha ergue os braços e a bandeirinha junto. Bandeira erguida, o juiz marca impedimento, anulando o gol, e não volta atrás. O repórter, que assina A.P., viu tudo e deixou registrado: “...houve um pouco de bairrismo por parte dos árbitros”]
Esporte em Sombrio Domingo, dia 6 do corrente, estive na localidade de Guarita, onde se realizava o torneio-início do Campeonato de 1974 da LAMFA - Liga Atlética do Futebol Amador do Município de Sombrio. Torneio este realizado entre oito times de futebol, todos do município de Sombrio, merecendo destaque apenas as equipes do Grêmio Esportivo Garapuvu, Sucata Futebol Clube, Clube Atlético Sombriense e Esporte Clube Guarani. Os quatro foram finalistas por chave. Na chave A, decidiram o Clube Atlético Sombriense x Sucata Futebol Clube, vencendo o Sucata Futebol Clube por 2x0. Na chave B, decidiram o Grêmio Esportivo Garapuvu x Esporte Clube Guarani, vencendo na penalidade o E.C. Guarani, de Guarita, por 3x2. Na decisão entre Sucata Futebol Clube x Esporte Clube Guarani, saiu campeã a equipe do Sucata, por motivo de o Esporte Clube Guarani ter entregue os pontos, ficando então com a taça de vice-campeã. As partidas se desenrolaram na mais perfeita calma. Somente nas decisões é que houve um pouco de bairrismo por parte dos árbitros, sendo, inclusive, que aconteceu fatos como este: 1º jogo, decisão pela chave A. C.A. Sombriense x Sucata F.C. O árbitro desta partida, senhor Pedro Euclides dos Santos, apitou e torceu demonstrando visivelmente que estava a favor do Sucata Futebol Clube, time formado por veteranos de Sombrio, na idade entre 28 e 45 anos, contra o Clube Atlético Sombriense, time formado por garotos de 16 a 21 anos. Nesta partida, o árbitro, senhor Pedro Deoclides, como é conhecido na
localidade de Guarita, jamais deu atenção para os bandeirinhas, seus auxiliares, inclusive orientando os veteranos dentro da partida, pois os garotos, mesmo jogando contra o camisa 12 do senhor juiz, deram um show de bola nos veteranos. Já na segunda partida, o G.E. Garapuvu x E.C. Guarani, esteve no apito o senhor Pedro Vergilio, com boa atuação, salvo o bandeira, Lédio Santos, que outrora foi jogador do Clube Atlético Guarita, atual E.C. Guarani, pois no decorrer da partida o time da Guarita marcou um golo, no que foi anulado devido a vibração do bandeira Lédio, que quando viu o seu ex-time de futebol marcar um golo, levantou a bandeirinha para vibrar o tento marcado e com isto anulou o golo do E.C. Guarani, pois o juiz estava atento aos bandeirinhas que lhe auxiliavam. Muito bonita a atuação do jogador Claudionor Santos (Babão) do Sucata, do jogador Jacaré do Garapuvu, do senhor Eufrásio Elias, presidente do Sucata, do senhor Antonio Zilmar dos Santos, presidente da LAMFA. Foi uma grande tarde esportiva, onde os torcedores vibravam com a vitória de seus times, sob o efeito do conhaque e da branquinha, onde o treinador do Sucata F.C., o conhecidíssimo Dedé, gritava bastante, mais para chamar a atenção de sua pessoa do que para o lado esportivo. O melhor atleta, segundo opinião, foi o goleiro do Sucata F.C., Moacir Zanata. Eis as equipes que disputaram o torneio: E.C. Guarani, C.A. Sombriense, E.C. Sombrio, Sucata F.C., E.C. Sanga Negra, G.E. São Cristóvão, G.E. Garapuvu e Santa Rosa Futebol Clube.
CASA NENA CANOAS / RS
ARARANGUÁ / SC
SOLO DO EDITOR RICARDO GRECHI
JESUS E O AMOR INCLUSIVO O poeta argentino Jorge Luis Borges escreveu que outros já haviam falado de amor antes de Jesus, mas ninguém tão especialmente quanto ele. O amor de Jesus é o da inclusão, afinal ele conversou com a samaritana, aceitou a amizade da prostituta, defendeu a adúltera e atendeu o ladrão arrependido. Mas os conservadores o mataram, e ainda o matam, quando falam em nome dele e pregam o ódio.
AUTORIDADE A autoridade termina onde começa o emprego da força e da violência. Autoridade imposta é autoritarismo, e o autoritarismo é cria da intolerância e do ódio. A autoridade só é legitimada pelo reconhecimento do outro. Do filho que reconhece a autoridade do pai, do aluno que reconhece a autoridade do professor. E esse reconhecimento acontece na espontaneidade do exemplo da moral intrínseca de um e da admiração receptiva do outro. Porque autoridade é expressão da sabedoria adquirida pelo aprendizado constante e do caráter formado pelo uso dessa sabedoria. Sem essa autoridade, a intenção de educar dilui-se em indiferença ou em pura repressão. E se a educação não for uma relação de amizade e respeito amoroso, acabará por distanciar seus atores. O adestramento com fórmulas disciplinares de cobrança, castigo/recompensa, imposição de limites e demonstração de poder, é uma prática do autoritarismo. E temos colocado essas coisas no lugar de admitir nossa incompetência como pais e mestres para z vivenciar as soluções mais naturais e construtivas.
Matriz: 3526-1339 Filial: 3526-1112
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O velho piano
por Cláudio Gomes
VICTOR O. DE FARIA
CASOS E CAUSOS QUE O POVO CONTA
Já viu um poste de barbearia? Pois é, segundo o “doutor Google”, esse tipo de poste existe desde a idade média em quase todo o mundo e sinaliza uma barbearia. As cores oficiais são azul, vermelho e branco, e elas têm origem nos barbeiros-cirurgiões. Calma, não se espante, não eram barbeiros, os barbeiros. Isto é, os oficiais barbeiros não eram inábeis ao ponto de lanharem o rosto dos homens ao fazer as barbas. Na verdade eles, na época mencionada, além do tradicional trabalho de fazer o cabelo, a barba e o bigode, também executavam pequenas cirurgias e extração de dentes. Deixando os barbeiros-cirurgiões de lado, aqui na terrinha, embora nunca tenha conhecimento que houvesse algum poste implantado, também tivemos, e claro que ainda temos, os nossos tradicionais barbeiros e suas barbearias. Para as pessoas “jovens há mais tempo” como eu, que já passamos dos 60 anos, sabemos que só os homens frequentavam as barbearias e, por sua vez, eram atendidos somente por profissionais do sexo masculino. Hoje, com o advento dos salões unissex, os homens perderam esse privilégio e todos são atendidos pelos profissionais estabelecidos. Desde então, muitos assuntos de foro exclusivamente dos homens, deixaram de ser ventilados no interior das barbearias. Impossível será mencionar todos os profissionais que atuaram ao longo do tempo em nossa Araranguá. Entretanto, em homenagem à classe, que tem a data comemorativa da profissão no dia 3 de novembro, e em especial aos profissionais que se esmeraram e se esmeram para que os homens e mulheres araranguaenses se apresentem com boa aparência, elegante e devidamente perfumados, cito alguns que conheci. Aqueles que cito aqui foram os proprietários ou profissionais cujas
Aquele era
um boteco estranho. No lugar de uma mesa de bilhar, havia um piano, velho, cansado, sem uso. Seu Manoel gostava de explicar aos clientes, em detalhes, a história trazida por aquela relíquia. Um conto que envolvia um perfume, uma mulher estonteante e um homem medroso demais para expor seus sentimentos. Porém, como dono do estabelecimento, utilizava com frequência o bordão “contar a quem solicitar”. Ou seja, se “molhassem” sua mão, em troca, “molharia” seus ouvidos… O caso é que o velho piano trazia consigo lembranças de uma época esquecida, de quando ouvir boa música e cantar era algo natural, do tempo em que seus acordes atravessavam as trilhas do coração e convertiam-se em poesia. Seu Manoel limpou os pequenos copos de vidro, cheios da melhor aguardente da região, empurrou-os sobre o tampo de madeira e encheu cada um até a boca. Pôs-se a contar. “Sabem o piano? Pois é. Ele matou os últimos que se sentaram aqui”. Os clientes cuspiram no chão. Seu Manoel ria como uma criança de sete anos, sabendo que, naquela tarde, encheria os bolsos com histórias inverídicas de um amor perdido; embora, lá no fundo, ainda sentisse falta de Eleonor e sua inconfundível fragrância de jasmim, enquanto tocava concentrado, espalhando poesia pelos dedos, sem olhar para os lados, sem qualquer distração. Maldito piano.
BALNEÁRIO ARROIO DO SILVA DISK ENTREGA
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Por que será que falam por aí que os movimentos LGBT querem acabar com a família e corromper a sexualidade das crianças? Simples: é porque sempre tem gente disposta a acreditar em argumentos falaciosos que difamem outras pessoas. Principalmente se essas pessoas congregam minorias ou desafiam convenções – o que vai desde a simples revelação de uma identidade sexual diferente do padrão rosa e azul, até as teorias revolucionárias como o heliocentrismo e a evolução das espécies que sempre escandalizam os conservadores. Há 2400 anos, Sócrates foi acusado de corromper a mente dos jovens e executado por envenenamento. 2000 anos atrás, Jesus foi acusado de incitar as pessoas contra a sociedade estabelecida e crucificado. E há 400 anos, Bruno foi condenado à fogueira por acreditar na existência de outros mundos e não desistir de sua fé. O ódio no coração é o que verdadeiramente corrompe e faz as pessoas aceitarem o veneno do preconceito e da mentira. Mas viver e deixar viver é a atitude das pessoas resolvidas consigo mesmas. Daí que Sócrates nos convida a conhecer-se a si mesmo, Jesus, a amar o próximo como a si mesmo, e Bruno, a lutar até nosso último fôlego.
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VIVER E DEIXAR VIVER
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Uma das lições do seriado Chaves lembra a parábola dos porcosespinhos que estavam morrendo de frio. Eles perceberam que juntos podiam se aquecer, e assim se salvaram do terrível inverno, apesar de se ferirem eventualmente espetando-se uns aos outros com seus espinhos. Chaves é um tratado da boa vizinhança, da comunidade que, apesar das diferenças, na hora da necessidade sabe ser solidária e permanecer unida para as pessoas cuidarem umas das outras.
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DIFERENÇAS
APOIO CULTURAL
Arco, tarco ou água verva?
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barbearias frequentei desde a infância e estavam estabelecidos na parte central de nossa cidade desde os anos 1950. Creio que a primeira experiência foi com os irmãos Espíndola, Artur e Tatavo, na avenida Sete de Setembro, ao lado da farmácia do seu Altícimo Tournier. Na antiga “Raia”, na avenida Engenheiro Mesquita, estava estabelecido o Pedro Silva, conhecido como Pedrinho Barbeiro, o patriarca da família Silva .
DEPOSITPHOTOS
Na avenida Getúlio Vargas, estava à espera de seus fregueses o Manequinha, pai do Alaor. Tempos depois, o próprio Alaor, que também era excelente violonista e seresteiro. As músicas que gostava de cantar eram as mexicanas de mariachis. Em alta preferência na década de 1950, seu salão era uma das salas da Galeria Fronteira. Mais recente tivemos o João Raupp, também conhecido como Joãozinho Barbeiro, descendente de uma das primeiras famílias de imigrantes alemãs. Não podia deixar de citar o Paulo Victor, do Salão Alvorada, cuja vida foi lembrada pela
filha escritora Heralda Victor, em seu livro O Barbeiro do Salão Alvorada. Foi no lançamento deste livro, na Casa da Cultura em Araranguá, e recordando os tempos em que frequentei o salão do meu amigo Paulo, que me lembrei de um dos bons momentos vividos no interior de sua barbearia. Era muito original a atuação profissional daquele novo barbeiro que, com muita gentileza e cordialidade, fazia o seu trabalho para conquistar e manter o cliente. Nos primeiros tempos da Barbearia Alvorada, o instrumento para escanhoar a barba era a navalha. Instrumento extremamente afiado, que necessitava de habilidade e cuidados especiais para o seu manuseio. Qualquer descuido poderia irritar a pele, provocar sangramentos ou, até mesmo, alguns pequenos cortes. Para suavizar a pele, ou minimizar irritações ou sangramentos, o barbeiro dispunha de alguns produtos, tais como a pedra-pomes, um pequeno vidro de iodo ou, se por ventura o trabalho ocorresse da melhor forma, dispunham, para aplicar pós-barba, talco, álcool ou Acua Velva. Este último era um produto com suave perfume e tinha como base água e álcool. Era comum, ao terminar o escanhoamento da barda, o barbeiro perguntar ao freguês qual dos três produtos pós-barba ele gostaria que fosse utilizado em seu rosto. Vai daí que o barbeiro novato, com pouco tempo na cidade e não muito familiarizado com a língua portuguesa, após terminada a barba fez, no seu sotaque caipira, a pergunta que seus colegas de profissão estavam acostumados a fazer: — Seo Cráudio, vai arco, tarco ou água z verva?
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