Jornaleco 496 janeiro 2018

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RG

Câmara fecha o ano sem diárias para vereadores Fonte: Câmara Municipal de Araranguá (publicado em 12/12/2017; acesso em http://www.cmva.sc.gov.br/)

Desde que a atual mesa diretora

assumiu em janeiro de 2017, algumas medidas foram implementadas no sentido de economizar os recursos destinados à manutenção da Câmara Municipal de Araranguá. Com o objetivo de desmistificar a ideia de que dinheiro público é mal usado, várias ideias foram colocadas em prática e servindo de exemplo para outras regiões do Estado. No final de 2017, os números mostram uma economia inédita na casa, em torno de R$ 800 mil. Mas, para que isso fosse possível, durante todo o ano, nenhum vereador ou mesmo os servidores receberam diárias ou custeio de viagens e hospedagens. Outros benefícios incorporados no salário em outras legislaturas também foram cortados, diminuídos os contratos com empresas terceirizadas e ainda conscientizado os servidores a conter gastos menores, como, por exemplo, optar por cópias de documentos digitalizadas em vez de impressas.

Segundo o presidente da casa, Daniel Viriato Afonso (PP), o projeto serviu para mostrar que é possível fazer bom uso dos recursos públicos e administrar a Câmara de acordo com o momento econômico recessivo que vive o país. “Precisávamos provar para as pessoas que temos responsabilidade e que existem políticos bem intencionados. No momento de crise que o Brasil tem enfrentado não tem cabimento agirmos de forma contrária”, declarou. A ideia tem repercutido positivamente e diante da instabilidade política mostrada a outra face da moeda. Todos os 15 vereadores recepcionaram a decisão da melhor maneira e contribuíram com o projeto. “Espero que o corte de diárias sirva como medida para as próximas gestões. Nosso trabalho é colaborar com a população, não gastar demasiadamente. É possível buscar recursos com nossos deputados e lideranças políticas sem cobrar diárias e gastar com viagens, o importante é termos bons relacionamentos para isso”, completou o presidente, Daniel.

Para onde vão os recursos economizados

A P O I O C U LT U R A L

JORNALECO

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PANFLETO CULTURAL

DIVULGAÇÃO

ARARANGUÁ, JANEIRO DE 2018 • ANO 24 • Nº 496

Papai Noel de Araranguá P. 8

Lá viveram 69 anos de uma feliz união, até 2007, quando Cicí faleceu. Antoninho a seguiria menos de dois anos depois. Em 2003 o JORNALECO colheu e editou depoimentos do casal, que republicamos nesta edição Daniel presidindo sessão da Câmara

Cerca de 7% das receitas tributárias municipais e algumas transferências constitucionais são destinadas ao Poder Legislativo. Até então, pouquíssimos presidentes da Câmara conseguiram devolver parte destes recursos para o Executivo, como é o caso da atual gestão. Os valores que sobram, por imposição legal, retornam para a administração municipal que investe onde lhe convier, mas em parceria com o atual prefeito, Mariano Mazzuco Neto, os recursos economizados pelos vereadores desta legislatura serviram para contribuir em determinadas áreas, como a Saúde no projeto para diminuir as filas de espera para exames, e também a Assistência Social, com contribuições para cinco entidades assistenciais da cidade. O Corpo de Bombeiros também foi contemplado com uma ambulância, a Polícia Civil ganhou uma viatura nova e a Militar igualmente com uma viatura nova. z H FUNDADO EM 18 DE MAIO DE 1994 H

ANO 24 • Nº 496 • JANEIRO DE 2018 Periodicidade mensal - Tiragem: 1.000 exemplares

Antonio Borges Filho nasceu em Araranguá em 1918, filho de Antonio Lourenço Borges e Francisca Eugênia de Jesus. Foi um dos primeiros moradores do Arroio do Silva, aonde chegou com os pais em 1921. Lucília da Silva Borges nasceu em Araranguá em 1923, mas morava em Porto Alegre desde os cinco anos. Quando era mocinha, veio no Arroio visitar seu irmão, Manoel Quintiliano da Silva, e acabou ficando no lugar e casando com Antoninho. O casal, que em 2003 comemorava 65 anos de um sólido casamento vividos no balneário, conhecia como poucos a história do lugar. Eles tiveram os filhos: Gilberto (falecido), Dalva, Juca (falecido), Joel (falecido), Joédio, Janete, Sansão, Plínio, Jairo, Eliete (falecida) e Jorge. Cicí faleceria em 22 de fevereiro de 2007 e Antoninho, em 23 de julho de 2009. Conheça a história do casal e do balneário que eles viram crescer e se emancipar de Araranguá em 1997. Antoninho e Cicí relembraram os tempos difíceis, mas também de fartura de peixes. “Tinha dia em que nós corríamos do peixe pra não matar. Às vezes, levava pro Pau Pega, deixava lá”, contou Antoninho. Tinham que dar o peixe porque não tinha quem comprasse.

Canoa de pesca de Antoninho Borges no Arroio do Silva em 1962. Da esq. p/ a dir.: Varvite (um dos primeiros salva-vidas do Arroio), Joédio, Cabano, um turista, Juca, Joel, Getúlio Silveira e, fora da embarcação, Antoninho Borges (Fotografia de Fontanela)

“A primeira casa de tijolos feita aqui na praia foi a nossa. Foi por volta de 1954. Ninguém acreditava. O pessoal de fora, de Araranguá por aí, não acreditava que na beira da praia dava de fazer casa de material. Aí o Antoninho foi experimentar. Fez uma, deu pé, depois ele fez outra, onde hoje é o Supermercado Pescador, pro lado do mar. Nós começamos com um mercadinho, ‘bodega’, como chamavam. Quem botou o nome ‘Pescador’ foi o Munir Bacha. Ele escreveu lá na parede: ‘Armazém SEGUE P. 6 e 7 Pescador’”, contou dona Cicí.

Fechamento desta edição: 25/12/2017 21h00 E-MAIL: jornaleco.ara@gmail.com CNPJ 28.000.138/0001-00

© Ricardo Francisco Gomes Grechi (reg. nº 99866, prot.4315/RJ de 17/07/1995)

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UMA HISTÓRIA DO ARROIO DO SILVA Antoninho e Cicí se conheceram na praia e casaram em 1938.

EDIÇÃO, DIAGRAMAÇÃO E REVISÃO Ricardo Grechi CONTATOS Rossana Grechi ASSISTÊNCIA Guaraciara Rezende, Gibran Rezende Grechi, Nilson Nunes Filho IMPRESSO NA GRÁFICA CASA DO CARIMBO DE Rosa e Aristides César Machado PRODUÇÃO Nicolas Nazari Machado PREPARAÇÃO DO FOTOLITO David Machado Fernandes CORTE Toninho Abel IMPRESSÃO Valdo Martins

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“A parceria com a Câmara foi muito importante neste ano para contemplar estas áreas indicadas por eles, e a economia feita pelos vereadores pode ser considerada um exemplo para a população”, elogiou o prefeito, Mariano Mazzuco Neto.

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Navegar é preciso ○

JOÃO BATISTA DE SOUZA BERNARDINO DE SENNA CAMPOS

S S

barra do rio Urussanga. À noite, um vento muito forte empurrou seu navio de volta e foram parar em Florianópolis, outra vez. Receoso e assustado, dessa vez veio mesmo foi a cavalo, e levou quinze dias.

Queremos uma justiça social que combine com a justiça ecológica. Uma não existe sem a outra. LEONARDO BOFF

“Oi. Eu estou em casa, mas não tô a fim de conversar com chatos. Após o sinal, diga seu nome. Se eu não atender, é porque você é um desses chatos.” “No momento não posso atender. E se você já sabe que eu não posso atender, pra que ligou, ora pois?”

Tempos atrás se pensou em construir aqui um porto fluvial. Seria um dos de melhores calados. Finais do século retrasado e início do século passado, navios de cabotagens (Hoepcke, Max e Meta) vinham de Florianópolis para Laguna e, vez ou outra, quando a barra permitia, davam suas esticadinhas até nós. Bernardino de Sena Campos, em seu diário, fala de uma aventura num navio, daquela época. Vinha de Florianópolis para Araranguá e seu barco, ao anoitecer, teve de ancorar nas imediações da

“Obrigado por acabar de doar R$ 100,00 para a sociedade protetora das casinhas de caramujo. O valor será debitado na sua próxima conta telefônica. Caso queira doar R$ 200,00 é só desligar o telefone.” “Você está com sono! Suas pálpebras estão pesadas. Você está hipnotizado e fará o que eu mandar. Depois do bip você vai deixar o seu nome e telefone.” “Após o bip você já sabe o que fazer.” (www.contaoutra.com.br)

Manchetes absurdas extraídas de artigos de jornal Os antigos prisioneiros terão a alegria de se reencontrar para lembrar os anos de sofrimento. O acidente foi no tristemente célebre Retângulo das Bermudas. Este ano, a festa do dia 4 de setembro coincide exatamente com a data de 4 de setembro, que é a data exata, pois o 4 de setembro é um domingo. O tribunal, após breve deliberação, foi condenado a um mês de prisão.

No canal que ligava as lagoas da Serra (Araranguá) e Sombrio, havia navegação regular de canoas.

Quatro hectares de trigo foram queimados. A princípio trata-se de um incêndio.

Numa ocasião, um grande navio de cargas encalhou perto da praia do Torneiro, Jaguaruna. A notícia se espalhou como rastilho de pólvora aceso. O comandante do navio mandou atirar na água tudo o que pudessem, no intuito de aliviar a carga e tentar desencalhá-lo. Muita gente conseguiu pegar objetos de valor que batia na praia. Mamãe contava que Zé Fermino (meu pai) chegou atrasado ao evento. Nadador exímio – nasceu e se criou em Bananal (Pescaria Brava) – tentou pegar alguma coisa que ainda boiava. Aproximou-se demais do navio na hora exata em que a embarcação acelerava suas hélices. Por pouco, muito pouco, papai não foi sugado nos seus redemoinhos e triturado pelas suas potentes hélices. Sua sorte foi que alguém viu o infeliz e mandou parar o motor. Chegando em casa (a uns dezesseis quilômetros), papai tremia como vara verde: de frio e do susto. O navio nunca saiu de lá. Cheguei a ver seus restos encalhados. z 2

No corredor do hospital psiquiátrico, os doentes corriam como loucos. Ela contraiu a doença na época em que ainda estava viva. A conferência sobre a prisão-de-ventre foi seguida de um farto almoço. O acidente provocou uma forte comoção em toda a região, onde o veículo era bem conhecido. As circunstâncias da morte do chefe de iluminação permanecem rigorosamente obscuras. Depois de algum tempo, a água corrente foi instalada no cemitério, para satisfação dos habitantes. Esta nova terapia traz esperança a todos aqueles que morrem de cancro a cada ano. Apesar de a meteorologia estar em greve, o tempo esfriou ontem intensamente. Há muitos redatores que, para quem veio do nada, são muito fiéis às suas origens. O aumento do desemprego foi de 0% em novembro.

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Vejo a nave deslumbrante, o modo de comportamento e de vida dos marinheiros, seus sonhos de riquezas, suas aventuras nada

O rio Araranguá, mesmo assoreado, é um dos mais profundos do Brasil. Sua barra, entretanto, às vezes não permite nem a passagem de um barco pesqueiro.

D. Pedro II tentou construir um canal que ligasse a lagoa de Santo Antônio (Laguna) à lagoa dos Patos (Osório) aproveitando uma região lagunar entre Araranguá e Sombrio. Esse “caminho” fluvial seria alimentado pelos rios Tubarão, Urussanga, Araranguá e Mampituba. O último chegou a abrigar o navio de Tomé de Souza, o primeiro Governador Geral do Brasil, que fazia uma viagem de reconhecimento às terras do Sul.

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Gosto muito, embora receoso (na infância escapei de morrer afogado por três vezes), dos assuntos ligados à navegação. Não perco um filme envolvendo esse assunto. Na série Piratas do Caribe, os filmes me fascinam, embora todas aquelas cenas mirabolantes de fantasias e aventuras de Johnny Deep na pele do Capitão Jack Sparrow.

Nos tempos dos barcos à vela, demoravam-se uns trinta dias para atravessar o Atlântico, da Europa até o Brasil. Quantos sofrimentos, quantas pessoas morreram no caminho e foram jogados ao mar sem verem seus sonhos realizados.

“Alô! Aqui é a máquina de escrever do Fulano. A secretária eletrônica saiu de férias e eu estou quebrando um galho. Após o bip, comece a ditar o seu recado.”

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Deixemos para lá as civilidades e voltemos à nossa realidade.

glamorosas, as tempestades em altomar, enfim: a História.

uplemento

Recados na secretária eletrônica

A imagem de Nossa Senhora Mãe dos Homens apareceu por aqui de navio. Contam alguns que por engano. Quando quiseram levá-la ao seu destino verdadeiro, em três tentativas, o navio não passou na barra. O jeito foi deixá-la, mesmo, para nós. Até batalha fluvial aconteceu numa das curvas do rio Araranguá.

“Navigare necesse, vivere non est necesse”, teria dito o general romano Pompeu, no século I a.C., para encorajar marinheiros receosos. Expressão transformada no século XIV para “Navegar é preciso, viver não é preciso”, por Petrarca, poeta italiano. Fernando Pessoa (1888-1935), poeta português, escreveu: “Quero para mim o espírito dessa frase”, intuindo um sentido mais amplo.

A BANDA

Não quero flores no meu enterro, pois sei que vão arrancá-las das florestas. CHICO MENDES

DALCIO

Com essa política de privatizações do usurpador Michel Temer, querendo entregar ou fechar tudo (setores de energia, de comunicação, de aviação, Petrobrás, Casa da Moeda, Caixa Econômica, Correios, florestas, praias, ilhas...), vale lembrar o

Hino nacional reescrito por um publicitário Luiz Caversan (www1.folha.uol.com.br)

Num Posto da Ipiranga às margens plácidas De um Volvo heróico Brahma retumbante Skol da liberdade em Rider fulgido Brilhou no Shell da pátria nesse instante Se o Knorr dessa igualdade Conseguimos conquistar com braço Ford Em teu Seiko, ó liberdade Desafio nosso peito à Microsoft Ó Parmalat, Mastercard, Sharp, Sharp Amil um sonho intenso, um rádio Philips De amor e Lufthansa à terra desce Intel formoso céu risonho Olympicus A imagem do Bradesco resplandece Gillete pela própria natureza És belo Escort impávido colosso E o teu futuro espelha essa Grendene Cerpa gelada! Entre outras mil és Suvinil, Compaq amada Do Philco deste Sollo és mãe Doril Coca Cola, Bombril!

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EDIÇÃO: ROSSANA GRECHI

NILSON MATOS PEREIRA

Reuniões 4as feiras, às 20h Sala na Igreja Episcopal, centro - Araranguá

POLÍCIA MILITAR: 190 POL. RODOV. FED.: 191 SAMU: 192 BOMBEIROS: 193

telefones para emergências

Reuniões 3as feiras, às 20h00 Sala na Igreja São Cristóvão - Maracajá ○

O drible e a toca da coruja

Reun. 2as f., 20h - Junto ao A.A. - Araranguá

as

por Cláudio Gomes CASOS E CAUSOS QUE O POVO CONTA

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“Estádio da Rua Regimento Barriga Verde”. Assim foi rotulado, pela imprensa esportiva regional, durante muitos anos, todo o patrimônio pertencente, na época, ao Fronteira Clube — hoje, Grêmio Fronteira. Este patrimônio foi adquirido para a Associação Atlética Barriga Verde de Araranguá no ano de 1942 pelo então prefeito, tenente Ruy Stockler de Souza. Durante várias décadas foi utilizado como a principal praça de esportes. O futebol foi o principal esporte que motivou a sua compra. Vários clubes de futebol amadores e profissionais, da cidade e região, ali se apresentaram durante décadas. O Grêmio Esportivo Araranguaense nas décadas de 1940, 50 e 60, e o Araranguá Esporte Clube na década de 1980, foram os dois times que mais utilizaram o seu gramado. Ainda nos anos 1950, toda a área era um só gramado, com exceção de um pequeno quadro da esquina do lado noroeste, onde existia uma construção em forma de fortim que era utilizada pelo grupo de escoteiros da cidade. O campo estava delineado, no sentido leste-oeste, com as dimensões permitidas e no limite máximo de metragens possíveis determinadas pelas regras oficiais do futebol da época. Os jogadores dos times visitantes, que não estavam acostumados a jogar naquelas dimensões extremas, reclamavam logo de cansaço. O campo de jogo era separado das torcidas apenas por uma cerca de madeira baixa, que mais tarde foi substituída por alambrado. Acontecia que o gramado era habitat de quero-queros, corujas, ratões e outros bichos. Não era incomum, nos anos 1960, existir algumas tocas desses animais na mesma área demarcada para a prática do futebol.

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NET

1. Além de satisfazer a vaidade, qual a importância do bronzeamento para o corpo? O bronzeado intenso só vale para agradar a vaidade, não é sinal de saúde. “Ele indica que a pele foi agredida”, ensina a dermatologista Ediléia Bagatin, da Universidade Federal de São Paulo. Já aquele leve ar corado de quem tomou um pouco de sol é diferente: “Isso, sim, é fundamental”, diz a especialista. O sol leva o organismo a absorver a vitamina D – substância que nos ajuda a aproveitar o cálcio da comida. Esse mineral, sempre é bom lembrar, é indispensável para a formação e a manutenção dos ossos. Em resumo, uma pitada de sol é capaz de prevenir a osteoporose, doença em que o esqueleto fica enfraquecido. No entanto, meia hora de exposição aos raios solares por dia já é o suficiente para você obter os benefícios. “Faça isso sempre antes das 10 e depois das 16 horas”, recomenda Ediléia. 2. Alguns alimentos podem acelerar o bronzeamento? Quem se esbalda com cenoura, beterraba, mamão ou caqui dá a impressão de que se bronzeia mais depressa. Essas comidas não estimulam o pigmento da pele, a melanina, como no verdadeiro bronzeado. Na verdade, elas são ricas em outro pigmento, o caroteno, que se deposita na pele. “Essa substância lhe dá um tom amarelado”, conta Ediléia Bagatin. 3. Os autobronzeadores oferecem algum risco à pele? Não, a menos que o indivíduo tenha alergia aos seus componentes. “O único problema é que esses cosméticos são à base de corante e eles podem deixar algumas manchas”, alerta a dermatologista Zilda Najjar, da Universidade de São Paulo. “Nesse caso, a pessoa ficaria com faixas de ‘cores’ diferentes”. Os pigmentos presentes na fórmula dos autobronzeadores impregnam a pele e, assim, po-

dem “bronzear” sem sol. Se a sua escolha recair sobre eles, lembre-se de passá-los só uma vez por dia e no corpo inteiro de maneira uniforme, para evitar aquele efeito zebra. 4. É verdade que existem pessoas alérgicas ao sol? Sim, é verdade. Para alguns indivíduos um simples banho de sol é capaz de provocar erupções dolorosas na pele. “No entanto, esse problema não é comum”, garante a dermatologista Ediléia Bagatin. No caso, pode-se dizer que existe mesmo uma alergia ao sol. Só que essa reação alérgica nunca aparece do nada. “Ela é mais frequente quando a pessoa já tem alguma doença de pele ou está tomando algum remédio”. As drogas mais perigosas, nesse aspecto, são os antibióticos e as pílulas anticoncepcionais. “Eles aumentam a sensibilidade aos raios solares”, esclarece a dermatologista Shirlei Borelli, de São Paulo. 5. Os bronzeadores à base de urucum são os melhores? “Não, isso é um absurdo”, alerta Ediléia Bagatin. “Em primeiro lugar, o termo bronzeador não deveria nem existir. Isso porque não há nenhum produto capaz de estimular o bronzeado”. Em outras palavras, só a radiação solar consegue estimular a melanina, o pigmento que escurece a pele. O que existe na formulação dos cosméticos são outros pigmentos que se depositam no corpo e enganam os olhos, conferindo o tom alaranjado. E muita atenção: o urucum é totalmente contra-indicado. “Ele provoca queimaduras, pois seus componentes aumentam a ação dos raios ultravioleta”, diz Ediléia. 6. O que devo fazer para evitar o ressecamento e tratar as queimaduras? O calor do sol acaba ressecando a pele. “Para impedir que isso ocorra, use sempre um filtro solar com creme hidratante”, recomenda Zilda Najjar. É preciso repor a água perdida. Por isso, também tome um banho rápido, de preferência frio ou morno, depois da exposição. Já o tratamento das queimaduras vai depender da gravidade delas. “Se forem só bolhas pequenas e superficiais, que se rompem durante o banho, evite o sol por uma semana e use um creme hidratante”, ensina Zilda. “Mas, se elas forem grandes e profundas, não deixe de procurar um médico”.

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7. O bronzeamento artificial leva ao câncer de pele? “Se ele for realizado com frequência, pode levar, sim, ao câncer de pele”, afirma Shirlei Borelli. As câmaras de bronzeamento artificial emitem separadamente os raios ultravioleta A e B ou os dois juntos. Hoje em dia, as mais comuns são aquelas que usam apenas o UVA. “Elas são menos cancerígenas do que as de UVB apenas, mas também levam aos tumores com o tempo”. 8. Os bloqueadores e os filtros solares devem ser usados mesmo em dias nublados e chuvosos? Sim, pois os raios ultravioleta – aqueles que provocam o envelhecimento precoce e o câncer de pele – não têm nenhuma dificuldade para passar pelas nuvens. E mais: num dia nublado a radiação infravermelha, que dá a sensação de calor, não chega até nós. “A gente perde a noção de termômetro e não percebe que está se queimando”, diz Ediléia Bagatin. Portanto, nunca deixe de se proteger. 9. Quantas vezes por semana eu posso usar essas camas de bronzeamento artificial? É preciso aplicar filtro solar? “É melhor que a pessoa esteja sem nenhum produto sobre a pele no momento do bronzeamento artificial, a não ser em áreas muito sensíveis, como os mamilos”, opina Shirlei Borelli. A frequência de exposição varia de pessoa para pessoa. Mas a prática é desaconselhada pela imensa maioria dos especialistas. “Em princípio, ninguém deveria submeter-se ao bronzeamento artificial”, aconselha Maurício Alchorne, presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia. “Se, por acaso, a pessoa for um artista ou um modelo e tiver realmente a necessidade de mudar o tom da pele por causa do trabalho, tudo bem, desde que o uso dessas câmaras não se torne um hábito.” Aí, sim, mora o perigo. 10. O bronzeamento artificial deixa a pele envelhecida? Sim. E muito. Uma das características das ondas ultravioleta A – as mais frequentes nas câmaras de bronzeamento – é que atingem as camadas mais internas da pele. Assim, há menos chance de causar vermelhidão e queimaduras do que a luz solar natural. “Em compensação, como essa radiação penetra mais profundamente, acaba provocando um envelhecimento muito mais acelerado”, revela Zilda Najjar. O risco de câncer também pode ser maior. z

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é o desejo de quase todo mundo no auge do verão. Mas expor-se aos raios solares pode custar um preço muito alto, que vai de queimaduras e descamação até o câncer de pele.

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bronzeamento Conquistar um corpo dourado v 10 perguntas sobreFonte: saude.abril.com.br/especiais/verao

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Momento de um gol no Campo do Grêmio num jogo de domingo à tarde

Ivan contra Sapiranga Em 20 de agosto de 1961, jogaram no Estádio da Rua Regimento Barriga Verde o Sport Club Internacional de Porto Alegre, com todos os seus titulares, contra o Grêmio Esportivo Araranguaense. Meu primo Antonio Carlos da Conceição me confirmou a seguinte escalação colorada: Silveira, Cestari, Zangão, Ari Hercílio, Kim, Ezequiel, Sérgio Lopes, Osvaldinho, Alfeu, Sapiranga, Larri e Gilberto Andrade. O clube gaúcho se preparava para disputar um Grenal na semana seguinte e aqui faria um jogo treino aproveitando sua estada no Morro dos Conventos. Há algum tempo um pesquisador do clube gaúcho me telefonou pedindo a confirmação deste evento.* Pelo time do Grêmio Araranguaense jogaram entre os onze: Nedo, Mengalvio, Didi, Tito, Bebé, Prezalino Rocha e Ivan, acrescidos de alguns outros vindos de Criciúma. Ivan Espíndola, que também é torcedor do Grêmio Porto-Alegrense, naquele jogo-treino estava escalado para jogar na lateral direita e deveria marcar o Sapiranga, famoso e fogoso ponteiro-direito do Inter, um terror para a defesa gremista de Porto Alegre.

O Ivan, segundo ele mesmo afirma, não desejava jogar. Alegava estar sem as melhores condições físicas. Mas, sabedor do compromisso futuro do Internacional, foi para o “sacrifício”, fixando o objetivo de marcar em cima e tirar, se possível, o Sapiranga da disputa do próximo Grenal. Logo nos primeiros movimentos do jogo, o Sapiranga foi lançado e o lateral araranguaense, que estava “colado” no ponteiro colorado, chegou junto para disputar a bola. O experiente jogador do Inter passou pelo lateral, que ficou sentado no gramado. Foi em direção do gol e fez o primeiro dos seus três gols e dos oito gols do Inter na vitória de 8x2 sobre o Grêmio Araranguaense. O povo conta que, assim que terminou o primeiro tempo, o Ivan foi questionado pelos demais companheiros a respeito do drible que ele levou do Sapiranga. Para se justificar, Ivan se explicou bem do jeitinho araranguaense de falar: — Rapazzi, sabe o que aconteceu? Pois é, aconteceu que, na corrida, não é que eu trupiquei numa toca de coruja... (*) Sobre este jogo, leia a matéria publicada no JORNALECO nº 493, de outubro de 2017.

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SOLO DO EDITOR RICARDO GRECHI

MICROCONTO ○

EDITORIAIS

MA ○

NTOLOGIA

Poesia moderna para amor antigo

Velozes aventureiros

ERNESTO GRECHI FILHO

Uma mensagem para ser refletida por motoristas que gostam de manobras radicais no trânsito

Oferecido à esposa Neda, em seu aniversário em 7 de fevereiro de 1960. Em abril, eles completariam sete anos de casados

O que é o amor? É uma coisa que a gente sente Quando se encontra ausente A pessoa amada... É um vazio, uma imensa solidão Que cava um vácuo bem fundo No fundo do coração. Quem ama não vive só Pois são duas almas unidas Compostas de duas vidas Entrelaçadas de mão... Um coração distanciado Do seu amor verdadeiro Sente-se triste, magoado Como a viuvez da pombinha Tendo morto o companheiro. Alma gêmea, minha amada Amor puro, sem engano Ouve o rumor do oceano Que desflorando a calada Da noite triste e serena Vem murmurar-me aos ouvidos “Ela sente a tua ausência...”

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É a saudade, querida Que sempre abre ferida E maltrata sem clemência Os corações solitários...

ALCIONE PEREIRA

Vidas turbas que trafegam velozmente Sobre rodas loucas, indeterminadas... No asfalto do tempo, consequentemente Vencendo as horas que não levam a nada! Corpos eloquentes, sem destino exato Voam contra os ventos arrebatadores! Deixando às vezes o triste retrato Fenecido ou mutilado, os tentadores. Neste jogo a máquina, entrecortando... Segue decidindo o seu papel, mostrando O desafio fatal entre a vida e a morte! E nas façanhas deste carnaval de rua O folião espelha em sua face nua O palhaço pintado que sorri da sorte!

Substância R. FRANCISCO Umas coisas a gente esquece Outras lembramos sem querer Coisas mortas, horas perdidas Esquecidas de se esquecer Porém há o que permanece Substância de sonhos e vento Indefinida como é a vida Eu e você, o amor e o tempo

humilde, de meia idade, tirava fotos turísticas no pórtico ainda a ser enfeitado, com seu recémadquirido celular da geração passada, duas pessoas conversavam e discutiam sobre a cena incomum. As fotos mal continham uma resolução decente. — Olha, que ridículo... — Você devia se envergonhar. São mais felizes do que nós. — Duvido. — As coisas mais simples é que trazem a felicidade. — Tirou isso de um comercial de margarina? — É sério. Deixe de lado esse preconceito besta. Você não pode ficar contente com a felicidade alheia, nem que seja só um pouquinho, sem pensar em “nossa, eles não têm o celular do ano, que atrasados”? — Ok. Você venceu. — Olha só. Eles não têm “nada”, somente um ao outro. E isso é suficiente. — Certo, entendi o recado. Desculpe. Vamos lá antes que você me faça chorar... A caminhada prosseguiu. A orla marítima apresentava um exuberante reflexo febril. Acima das ondas, onde gaivotas ensaiavam um balé noturno, a densa vermelhidão no horizonte anunciava o fim de mais um dia ensolarado, trazendo consigo, nas entrelinhas, a certeza de renovação.

F O R M AT U R A S E A S S E S S O R I A w w w. a m f o r m a t u r a s . n e t ARARANGUÁ Av. XV de Novembro, 1790 - Centro - Tel. (48) 3522-0356 CRICIÚMA Av. Universitária, 230 - Sta. Augusta - Tel (48) 99627-5838 TUBARÃO Rua Martinho Ghizzo, 375 - Dehon - Tel. (48) 3622-0822 r e c e p cao @ a m f o r m a t u r a s . n e t

E T C ETERA

“Lutei 19 anos e seis meses por justiça”

Maria da Penha Maia Fernandes (Fortaleza-Ceará 1945) é uma farmacêutica brasileira que lutou para que seu agressor viesse a ser condenado. Maria da Penha tem três filhas e hoje é líder de movimentos de defesa dos direitos das mulheres, vítima emblemática da violência doméstica. Em 2017 ela foi indicada ao Prêmio Nobel da Paz.

Enquanto um casal

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A Lei Maria da Penha e a brasileira Maria indicada ao Nobel da Paz Texto: Natacha Cortêz (https://ESTILO.UOL.com.br/comportamento/noticias/redacao/2017/10/15/)

Há 11 anos, a Lei Maria da Penha está em vigor no Brasil. Reconhecida pela ONU como uma das três melhores legislações do mundo no enfrentamento à violência contra as mulheres, ○

ela é vista por juristas como uma “ação afirmativa”. É assim quando uma medida surge para tentar combater desigualdades acumuladas por anos na sociedade. No caso da Maria da Penha, foi criada a partir do reconhecimento de que as relações domésticas entre homens e mulheres no país são permeadas por abuso. “Havia necessidade de uma lei que quebrasse o ciclo desse tipo de violência que tanto afeta as brasileiras”, diz Júlia Drummond, advogada e mestranda em direitos humanos pela USP. “Toda mulher, independentemente de classe, raça, etnia, orientação sexual, renda, cultura, nível educacional, idade e religião, goza dos direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sendo-lhe asseguradas as oportunidades e facilidades para viver sem violência, preservar sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual e social”, diz o artigo 2º da lei. O QUE A LEI PUNE

Um soco na cara, um empurrão, um tiro, facadas: esses são exemplos, inclusive comuns, diz Júlia, da violência física que a lei abarca. No entanto, “qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saúde corporal” deve ser considerada. Xingamentos; olhar o seu celular sem autorização ou chantageá-la para que deixe ver o celular; controlar os lugares aonde você vai e com quem vai: esses são exemplos de violência psicológica. Porém, “qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, cons-

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APOIO CULTURAL

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VICTOR O. DE FARIA

ERRATA do JORNALECO nº 185, de 1º de agosto de 2003: Na foto de capa com a família de Antoninho Borges está a filha Dalva, não a neta Lena, como aparece na legenda.

Simplicidade

Editoriais são textos que refletem a opinião de um órgão de imprensa, por isso não são assinados. No JORNALECO, usa-se “Solo do Editor” para justificar a eventual ocorrência da primeira pessoa no texto e a assinatura do autor. Os textos do JORNALECO publicados nesta coluna e nos demais espaços onde o editor interfere refletem a opinião deste panfleto cultural.

P OéticaUA raranguaense a

trangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação”, conta. Estupro marital (o que acontece dentro do casamento); tirar a camisinha sem que você perceba; mentir sobre o coito interrompido; forçar o aborto ou impedir que você tome decisões sobre a própria gravidez caracterizam violência sexual. No mais, “qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos”, também. Esconder sua carteira de trabalho; reter seu salário ou usar o seu cartão sem autorização: tudo isso é entendido como violência patrimonial. “Qualquer conduta que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades”, também. Pornô de vingança ou gritar com você no meio da rua: os dois são exemplos de violência moral, mas “qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria” também são. SOBRE O AGRESSOR

A violência não precisa partir necessariamente do marido para se enquadrar na lei. Pode vir de companheiras mulheres ou outros membros da família, como irmãos ou até mesmo a mãe.

POR QUE SÓ PROTEGE MULHERES?

Porque tenta combater o grande número de casos de violência contra elas. A cada hora, 503 brasileiras sofreram alguma agressão física em 2016, segundo pesquisa do instituto Datafolha encomendada pelo Fórum de Segurança Pública. TRAVESTIS E TRANSEXUAIS

De acordo com o Conselho Nacional de Justiça, a Lei Maria da Penha não pode ser aplicada a favor de homens. Ela tem servido, contudo, de inspiração para juízes que têm determinado medidas de proteção similares a homens agredidos. Houve ainda decisões que beneficiaram travestis e transexuais que se identificam com o gênero feminino. E mais: um projeto apresentado no Senado pretende incluir proteção a mulheres transexuais. O PLS 191/2017, do senador Jorge Viana, propõe que a lei não diferencie a identidade de gênero da vítima de violência doméstica. A ORIGEM DO NOME

Maria da Penha dormia quando seu marido na época, o professor Marco Antonio Heredia Viveiros, atirou em suas costas. A mulher que deu nome à lei acabou paraplégica. O ex-marido de Maria da Penha só foi punido pelos crimes que cometeu depois de 19 anos de julgamento. A indignação de vítima diante da punição branda do marido levou-a a denunciar o caso à Corte Interamericana de Direitos Humanos, que condenou o Brasil a criar uma lei mais rígida para casos de violência doméstica.

JOALHERIA E ÓTICA www.alcidino.com.br

OS SEUS OLHOS MERECEM.

A Maria da Penha amplia e agiliza a proteção dada pelo Estado a vítimas de violência doméstica. Prevê, por exemplo, que, em até 48 horas, o juiz determine o afastamento do agressor do domicílio e determine distância mínima da vítima.

ARARANGUÁ • CALÇADÃO

TEL. 3524-1633


Diretor WLADINIR LUZ Redator ERNESTO GRECHI FILHO Gerente HERVALINO CAMPOS Tipógrafos WALDEMIRO, FERRINHO, NEI etc. Impressão: GRÁFICA LIDER (LIDO) (ORION) de 1960 a 1975 Redação e oficina: Av. Getúlio Vargas, 158-170, em frente ao Cine Roxy

O grande preceito Papai Noel de Araranguá

Encontrei no livro Almanaque para todos, de Irving Wallace e David Wallechinsky (de 1975; Record, 1a parte, p. 284), as interpretações de algumas das tendências religiosas sobre “o grande preceito”. E me pergunto: como é possível que haja tanta intolerância religiosa por meros detalhes de forma ou rito, quando a verdadeira essência dos credos, revelada aos homens pelo Criador, é praticamente a mesma no mundo inteiro? E por que muitos se preocupam com coisas acessórias nas crenças quando, muitas vezes, nem o preceito fundamental é cumprido? Segue a coletânea que encontrei no referido livro:

Ele caminhava na Praça quando foi “descoberto” pelo Edward Almeida, do CDL, em 2012. Edward conseguiu o número do celular do Jôni e ligou para perguntar ao nosso amigo se ele queria fazer o Papai Noel. Jôni disse que nunca o havia feito, mas que podia tentar. Desde então, ele já está em seu sexto Natal. “Foi uma bênção de Deus. Fazer o Papai Noel me fez superar meus limites. Antes eu ficava da cor da roupa do Papai Noel quando pegava um microfone. Hoje eu falo em público naturalmente. É gratificante lidar com a alegria das crianças no Natal. Enquanto eu viver, quero fazer o Papai Noel”, revelava para nossa reportagem o Jôni, na Casa do Papai Noel montada no Jardim, enquanto recebia o abraço das crianças, que ganhavam um punhado de balas e batiam fotos com o “bom velhinho”. Além do trabalho para o Município, ele faz outros eventos, como na APAE, e em casa de particulares. Jôni disse que corta a barba depois do Natal, para deixar crescer novamente no início da quaresma. Seus olhos azuis refletem a bela barba, tratada com xampu e descolorante. João Artur Becker nasceu em 1956, no Ermo, filho de Oswaldo Becker e Dirce Canela Becker, vindo para Araranguá aos sete anos, onde a família estabeleceu uma padaria e Dirce trabalharia nos Correios por 25 anos. (Ricardo Grechi)

BRAMANISMO: “Esta é a essência do dever: não faça com os outros aquilo que lhe causaria dor se lhe fizessem.” — Mahabharata, 5, 1517 BUDISMO: “Não magoe os outros nas coisas em que você próprio se sentiria magoado.” — Udana-Varga, 5, 18 CONFUCIONISMO: “Esta é a máxima da bondade e do amor: não faça com os outros aquilo que não quer que façam com você.” — Analects, 15, 23 TAOÍSMO: “Considere o lucro do seu vizinho como o seu próprio e o prejuízo dele também como o seu.” — T’ai Shang Kan Ying P’ien ZOROATRISMO: “A natureza só é boa quando se abstém de fazer aos outros aquilo que não é bom para si mesma.” — Dadistan-i-dinik, 94, 5 ISLAMISMO: “Ninguém é um crente enquanto não desejar para seu irmão tudo aquilo que deseja para si mesmo.” — Sunnah

Dois amigos se encontram depois de muitos anos. – Casei, separei, e já fizemos a partilha dos bens. – E as crianças? – O juiz decidiu que ficariam com aquele que mais bens recebeu. – Então ficaram com a mãe? – Não. Ficaram com nosso advogado...

EDIÇÃO E NOTAS DO JORNALECO: RICARDO GRECHI

Interrupção de energia causa vultosos prejuízos A SOLTECA, que fornece energia elétrica à Empresa de Energia Elétrica de Araranguá [Força e Luz], tem falhado lamentavelmente no fornecimento contínuo da energia, principalmente neste período, onde a movimentação de turistas é grandemente acentuada. Qualquer ameaça de temporal, a população fica apreensiva, pois o precário posteamento e a péssima rede que demanda de Tubarão já não suportam nem um vento sul mais forte. Esta rede, já estamos cansados de relatar, data de mais de trinta anos e foi construída para servir apenas a Araranguá. Hoje, suporta a distribuição de energia para mais de quinze municípios. Domingo, além do já habitual corte de energia [...] faltou energia durante o dia e à noite, causando vultosos prejuízos. [...] O Correio do Povo, de Porto Alegre, traduzindo o descontentamento de veranistas, disse que “antigos moradores do Morro dos Conventos demonstraram inquietação diante da situação do balneário, abandonado, segundo dizem, pelas autoridades daquele Estado”. [...] ...o repórter diz que a falta de energia é o problema mais cruciante. No último fim de semana, apenas um dos comerciantes perdeu 60 litros de leite, inutilizados pela paralisação dos refrigeradores. [...] mais adiante, diz: “Já a estrada ligando a praia a Araranguá, prometida para antes de novembro do ano passado, tem apenas metade do seu percurso coberto pelas lajotas. CA 1º/02/1975 NJ: Nos anos 70, era bem comum faltar a luz nas manhãs de domingo. O lajotamento das estradas das praias foi um parto difícil e demorado.

Desaponto ARLETE ZANERIPPE Busquei jardim para repousar Encontrei mil flores em profusão Queria a minha alma descansar Nas pétalas caídas pelo chão Foi um sonho sem Alices e jardins Plantas sem raízes pessoas ilusão Quis replantar as rosas e jasmins Sem conseguir em meio a erosão Nada ou abrigo na vida do viver Pintarei meu quadro no dormir Sem tela no silêncio do vazio Sem pressa na hora de partir...

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JUDAÍSMO: “O que lhe é odioso, não o faça com seus semelhantes. Essa é toda a Lei; tudo o mais é comentário.” — Talmud, Shabbat, 31 a

ANO XV - FEVEREIRO/MARÇO DE 1975

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CRISTIANISMO: “Tudo quanto quereis que os homens vos façam, assim o fazei vós também a eles; porque esta é a lei dos profetas.” — Mateus 7:12

F 1974-75: o último ano do jornal F

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Gibran Rezende Grechi

O GRANDE PRECEITO

j LOGOTIPO CRIADO POR C. E. GUASCO (ESTREOU NA EDIÇÃO 169 DE 16/04/1968 E FOI USADO ATÉ O FINAL)

RICARDO GRECHI

CN

Falta de energia mata galinhas

Fim de veraneio positivo

Mais de quatro mil galinhas foram sacrificadas pela Granja Turatti, desta cidade, quando a energia elétrica foi interrompida no sábado passado. Os galináceos morreram pelo calor abrasador, pois os ventiladores não funcionaram. Mais uma vítima da falta de competência de quem concordou com os absurdos cortes de energia, aliás os mais prolongados de que se tem notícias, pois existe uma lei que proíbe esse abuso. CA 288, 1º/03/1975

Não obstante o mau tempo reinante em quase toda a temporada de veraneio que se finda, a movimentação foi satisfatória. Superou todas as previsões o movimento do Camping Morro dos Conventos. Centenas de barracas foram armadas pelos campistas, tendo mesmo, em certas ocasiões, embora o tamanho avantajado do camping, faltado lugar. [...] Em Arroio do Silva, [foram positivos] a instalação da rodoviária e mictórios públicos. [...] Foram negativos: o péssimo estado das estradas. Poeira, lama, buracos. O que salvou, em parte, a horrível impressão que poderia ter deixado aos visitantes, foi o pequeno trecho de lajotas iniciado para o Morro dos Conventos. [...] idem

Afogamentos e atropelamento A temporada de verão que se estrebucha, ainda banhada de chuviscos e arejada de ventos impertinentes, não registrou um número muito grande de vítimas do trânsito e das ondas do mar. Felizmente. Houve três afogamentos fatais. Todos em Arroio do Silva. Um acidente de carro no Morro dos Conventos. A vítima foi uma menina de 10 anos. Mas quem causou o acidente, poderia também ser chamado de vítima, pois não lhe coube a menor culpa. Apanhou a menina que, distraidamente, surgiu de trás de um ônibus estacionado. A garota foi imediatamente conduzida para o hospital, cujo estado não inspira maiores cuidados. idem

Conservar as árvores Temos lutado através das nossas pequenas páginas para que seja preservado o cinturão verde que circunda a cidade e mais o arvoredo que chega a cobrir quase todo o perímetro urbano. Isso é que faz a nossa maravilhosa paisagem. Necessário se torna plantar mais árvores. E a prefeitura não está se descuidando. idem NJ: O redator não imaginava que a especulação imobiliária e o descaso das pessoas reduziriam drasticamente nosso arvoredo.

Março será quente Nesta temporada de verão que se finda, segundo os observadores da meteorologia, o mês de março será o mais firme, bonito e quente do ano. Infelizmente, as férias escolares se esgotaram. Todos têm que regressar a seus lares. E as crianças irão se submeter à escravização dos estudos, fruto do progresso que o homem impingiu a si próprio. O Brasil, um país tropical, bem que poderia estender as férias escolares até março, cortando em consequência as de julho. Mas isso é caso para as autoridades. idem NJ: Várias vezes o redator manifestou a ideia de levar-se o veraneio até março.

Mendoza é presidente da Câmara [...] Derrotou o candidato Salmi Paladini, que aspirava sua reeleição. Mendoza contou com os votos dos bravos emedebistas. [...] idem

CASA NENA CANOAS / RS

ARARANGUÁ / SC


FALA ANTONINHO:

Arroio do Silva

tem esse nome por causa de uma família chamada Silva que morava no campo e perto da casa passava um arroio, este grande que esta aí e desagua bem no centro da praia. Esse arroio, quando vinha, ele vinha derrubando tudo, até casa, de forte que era; a água chegava até acima da cintura.

Eu cheguei aqui em 1921, com três

anos. Não havia nada, tinha uma casa e um ranchinho (casa de palha). Não tinha morador. O primeiro morador que veio mesmo pra morar foi o meu pai, Antonio Borges. Ele viveu a vida inteira aqui, até morrer com noventa e poucos anos. Não havia essa estrada aqui. Era passado lá nas Capivara. Lá tinha um capão redondo que nossa! Era por onde o povo vinha fazer as pescarias de tainha. A condução era carro de boi e cavalo, ou a pé mesmo, e por lá saía no mar. Tinha jacaré, capivara, cervo. Tinha muito bicho. Lontra na lagoa. Elas corriam duas, três pela beirada do combro afora e depois caíam na água e começavam a rebolar e se virar na água. Em 1930 tinha umas vinte casas aqui. O nome do camarada que botou a primeira bodeguinha aqui, que ninguém sabe, era João Pedreiro; o nome da mulher era Conceição. Eu era gurizinho de uns sete anos. Mas a bodega era quebradinha. Depois desse, teve o seu Maneca Figueira.

Depois de um tempo já morava

APOIO CULTURAL

alguma gente por aqui. Eu carregava lenha nas costas lá da pedreira, pra criar a filharada. Eu criava um mangueirão de porco. Os outros tinham um, dois, eu criava cento e tanto. Criava solto, mas tratava só no milho e na mandioca. Eles iam na beira da praia, davam uma voltinha e vinham pra casa pra comer e deitar, aquela tropa.

Naquele tempo era fogo de lenha. A luz chegou muito tempo depois [em 1961, diz Cicí]. Quem trouxe a luz pra cá foi o Dr. Enio, um de Porto Alegre, o Dr. Hélio e o seu André Rosa. O camarada chegava no verão e tinha que desenterrar a patente. Aí eles abriram essa estrada aqui. Um tal João empreitou com o prefeito, aquele que mataram lá na Rocinha, o Alcebíades Seara. Depois, eu mais o meu pai, como atolavam muito os carros, fizemos uma esteira dali pelo campo afora, fizemos uma estrada que foi sair na Lagoa da Serra. Só passava caminhão grande, paulista, a óleo. Tinha que ter uma esteira de junco, senão eles atolavam tudo. Tinha dia de ter vinte caminhões quebrados no campo ali, era uma tristeza. Depois, outro prefeito, o tenente Ruy, fez a campanha da estrada da pedra e o traçado é esse que aí está. Aí tudo começou a vir por ali. Antigamente era por lá, por lá, por aí tudo. FALA DONA CICÍ:

Eu só posso contar de 1938 pra cá, quando cheguei aqui de Porto Alegre e casei com o Antonio. Já faz 65 anos. Na época que eu cheguei, tinha pouca coisa. Eu conheci aqui dois hoteizinhos de madeira. O primeiro construído era o do seu Roseno Pereira, e o outro era da dona Maria Rabello. E tinha umas casas de madeira, muito poucas; mais era rancho. Quem vinha pra cá ia primeiro no mato tirar palha pra fazer um rancho. Aí teciam e faziam uma choupana de chão e se metiam dentro. Todo mundo vivia assim e ninguém reparava no outro porque a vida era assim.

BALNEÁRIO ARROIO DO SILVA DISK ENTREGA

Matriz: 3526-1339 Filial: 3526-1112

A primeira professora no Arroio

do Silva foi a senhora Tereza Cordeiro.

Os veranistas

vinham no verão. As moças vinham da serra, tudo montada em burros. Os donos dos hotéis tinham potreiros pra botar os cavalos, porque não vinham carros. Cada um tinha o seu potreiro. A falecida dona Mariquinha Rabello, ela tem uma filha, a Zizinha [Alzira, falecida em 2012]. O Roseno Pereira tinha o seu hotel ali onde se construiria o Sasil e hoje é a prefeitura [em 2003]. Isso era no verão. No inverno era só dos pescadores. Aí começou a vir gente, novos moradores. Com a abertura da estrada, os carros passavam tudo por aqui, os ônibus com linha pra Porto Alegre, pela praia. Houve uma primeira lotação de ônibus da cidade [de Araranguá] para a praia, aos domingos.

Eu conheci o meu marido numa

domingueira no salão de baile do hoteleiro Roseno Pereira, que era só a diversão que tinha. Eu tive muita admiração pelo lugar, que eu nunca tinha visto, a praia como era. Depois é que fui conhecer as dificuldades, mas superei tudo, porque meu marido era uma pessoa muito boa, muito trabalhador, um homem honesto, como todo mundo conhece até hoje. Minha vida mudou e eu acompanhei o costume deles aqui. A música era gaita. Não tinha conjuntos, só gaita. Tinha diversos gaiteiros. Às vezes vinham de longe. Tinha o seu Alípio, ali da Urussanguinha. Um da Barranca. Os bailes eram assim: da Lagoa da Serra pra cá, do Caverá pra cá, vinham todos pra cá, isso no verão. No inverno não tinha nada aqui, então os bailes eram feitos lá. Na falecida Rosa Fernandes, em Araranguá, e outros salõezinhos que tinham por lá. No Caverá, na Lagoa da Serra. Mas era nas casas de família. Só limpava a sala e todo mundo dançava ali. Salões que tinham eram dois em Araranguá. Esses aqui na praia também não eram salões, eram hotéis; tiravam as mesas e faziam os bailes ali. Era tudo muito simples.

O Arroio depois

foi se formando. Nós somos umas pessoas que temos o segredo do Arroio do Silva, porque... (“Conta pra mim, conta pra mim”, pede o Getúlio). ...Porque, o senhor vê, nós começamos, ele mais do que eu; mas eu cheguei aqui em 1938, com 14 anos; então, quem reside aqui desde 38, filho ou neto, eu conheço, vi nascer e se criar e sei a vida que levaram, o senhor entende? É a isso que eu quero me referir. Nós trabalhamos muito, ele carregando lenha, eu trançando chapéu, que aprendi com minha cunhada. Cada um trabalhava no que podia. Foi o que formou nossa vida. Criamos dez filhos, não foi fácil, e hoje, graças a Deus, ainda estamos aqui, já dois velhinhos, no fim, mas valeu a pena, porque nós vimos o Arroio do Silva crescer e por isso nosso filho, o Juca, foi prefeito. A minha missão já foi cumprida e hoje eu só quero que, quando morrer, que seja aqui no Arroio. Eu criei dez filhos, mas também criei muitos outros filhos dos outros de Araranguá. Hoje tenho trinta netos, vinte bisnetos e todos têm com que viver. Então foi a vida que Deus me deu, todo trabalho que nós passamos foi recompensado.

O padre vinha aqui

uma vez por outra fazer uma missa. Era o padre Antonio Luís Dias. Quando eu cheguei aqui eu vi a igreja. Era de madeira. O arroio passou por baixo e derrubou. Ela caiu e ficou em pezinha! Aí o seu Roseno foi lá e tirou a santinha. Depois, com ajuda dos pescadores, ergueram a igreja de novo. l

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3 DEPOIMENTOS COLHIDOS POR GETÚLIO PEPLAU E RICARDO GRECHI / EDIÇÃO E TEXTO DE RICARDO GRECHI

serrana, e ela deu aqui pro seu Roseno pra fazer a igreja, com ajuda de outra hoteleira, que era a dona Mariquinha, e pelos pescadores. Era a Nossa Senhora dos Navegantes, só que era uma pequeninha.

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Das memórias de Antoninho Borges e dona Cicí

l A santinha, quem trouxe, foi uma

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Uma história do Arroio do Silva

A minha vida aqui foi muito diferente da que eu conhecia. Eu estava em Porto Alegre, minha família trabalhava lá, já tinha fogão e outras coisas. Aqui o fogo era feito no chão, tipo índio. Não tinha móveis, só uma cama pra dormir, mais nada. Panela de ferro pendurada numa corrente, frigideira pra fritar peixe. Pouca coisa. De primeiro, o que chamava a atenção é que isso tudo aqui era um campo, todo mundo criava porco à vontade, criava gado. Nós mesmos tínhamos tropas de porcos enormes, e a vida da gente era uma vida livre. Tinha aqueles combros de areia enormes, aquelas belezas que eles tiraram tudo, começaram a devorar com tudo.

A gente ia de a pé pra Araranguá. Se um filho ficasse doente, a gente levava no colo. Tinha o Dr. Sabino e o Dr. Antonio, e depois fizeram o Hospital Bom Pastor. A gente ia ao consultório deles. O Dr. Sabino e o Dr. Antonio [de Barros Lemos, irmãos] foram grandes médicos que deviam de ser muito homenageados, porque eles não trabalhavam por dinheiro, eles iam a qualquer parte, levavam eles nesses costão por aí pra atender o povo, gente que não tinha dinheiro. Eram pessoas que trabalhavam por amor.

As terras aqui eram terras de ninguém. Cada um fazia sua casa ou rancho onde queria. Dali mudavam pra outro lado, ninguém discutia. Depois a prefeitura de Araranguá tomou providência. O falecido Affonso Ghizzo entrou e, aí, pra construir era preciso uma ordem da prefeitura. Eu ainda tenho guardada a ordem que ele deu pra nós construir o mercado. Depois apareceu aqui um senhor de Porto Alegre chamado André Rosa e ele combinou com a prefeitura e botou uma imobiliária. Naquele tempo a gente não entendia o que era uma imobiliária. Aí, quem quisesse fazer casa, tinha que tirar uma ordem. Ele botou a água a motor a óleo, fez uma caixa bem grande, numa sociedade com o Dr. Enio e um outro. Depois da água veio a eletricidade a motor. Enguiçava toda vida, mas dava pra quebrar o galho. Foi quando o Arroio começou a desenvolver. Foi nessa época que construímos a casa e o armazém, que foram as primeiras construções de material aqui no Arroio do Silva. Em 1945, na época da guerra grande,

já tinha mais gente. Estava melhorando, novos comerciantes e hoteleiros. Antigamente era tudo muito difícil. O pessoal começava a chegar mais. Dia desses, eu conversava com uma serrana, ela me disse: “Dona Cicí, agora não tem mais graça a gente vir ao Arroio do Silva, que a gente sai de um conforto e entra noutro. A senhora lembra, de primeiro o veranista chegava, a areia tinha enterrado a casa quase toda, aí eles avançavam de pá e tiravam a areia. As mulheres tiravam a areia de dentro de casa e iam chamar um pra cortar lenha, vender lenha, chamar um pra sentar a bomba d’água, chamar outro pra arrumar a instalação de luz e chamar outro pra botar a patente pra rua, que estavam escondidas pra não roubarem.”

FALA ANTONINHO:

O primeiro pescador d e

arrastão fui eu. Quando se chegava na praia, tinha de ir apalpando pra não cortar o pé, e quando tava noite de lua cheia e adivinhava o vento sul, o marisco boiava. Era marisco à reviria. Maçambeque, não dava de ir lá na praia e andar a pé. Corvina, miraguaia. Tem história de pescador que é história, contar é que é chato. Agora eu vou te contar uma, tem quem viu, tem uma porção que viu! Nós íamos tarrafeando, no mês de maio, uns oito tarrafeadores. Tinha muita tainha de dia e, à noite, ela desaparecia com a água muita clara. Eu joguei a tarrafa e vim de ré, aí pisei em cima daquele peixe. Mas eu era muito do pescador na época; aí botei a mão e era uma arraia-chita. Com uma mão eu segurava a tarrafa, e com a outra eu garrei a arraia, um mundo de uns trinta quilos. Eu tinha muita força no braço, me mandei pra praia e disse: “Eu já fiz minha pescaria, turma, já tô com a minha pescaria feita!” FALA DONA CICÍ:

Ele era campeão mesmo. Ele pes-

cava tanto, que tinha o dedo sempre cortado pelo fio do espinhel, mas eu fazia um saquinho, do que hoje se chama jeans, pra proteger os dedos dele. Não havia qualidades de fio pros pescadores pra eles fazer espinhel, não havia linha de náilon, primeiro chegaria ainda a linha ursa. Tinha uns homens que tiravam o fio dos tucunzeiros, um tipo de palmeira que dá uns cachos dumas frutinhas pretas. As folhas dessa planta eram desfiadas e desse fio se faziam as tarrafas. No inverno de 2003, convidei o Getúlio Peplau para fazermos uma matéria com o Antoninho Borges, na época o mais antigo morador vivo do Arroio do Silva. O Getúlio gravou depoimentos do Antoninho e de sua esposa Lucília. Dias depois, junto ao Getúlio, visitei o casal em sua residência. Nesse dia anotei outros dados. A matéria foi publicada no JORNALECO nº 185, de 1º de agosto de 2003, e vai aqui reeditada. RG

Qualidade e bom preço o ano todo TEL. (48) 3524-1646

PRAÇA HERCÍLIO LUZ, 436

ARARANGUÁ SC


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