TEXTO E FOTO DE
Enio Frassetto
CAMPOS DE CIMA DA SERRA, a mais fria região do Rio Grande do Sul — municípios de Cambará do Sul e São José dos Ausentes. Extensas ondulações douradas no inverno, verdes no verão; caprichosas taipas se perdem no horizonte; imponentes araucárias se destacam por sobre as matas. Nestas paisagens de clima extremamente úmido, os charcos turfosos silenciosamente sangram em pequenos córregos. Estes, por sua vez, vão se juntando e formam cursos d’água que, desorientados, seguem rumos diversos. Alguns, de maior volume, despencam nos penhascos em magníficas cascatas, e rasgam a terra em profundos cânions. Estas características são próprias de alguns rios da bacia do Araranguá localizadas a oeste. O observador que partir da nascente do rio Engenho Velho, a sudoeste de Jacinto Machado, seguindo a borda dos Aparados da Serra com Cambará do Sul, ficará deslumbrado com as belezas destas paisagens. Seguindo no sentido sul-norte, o rio Engenho Velho é o primeiro contribuinte para a formação da bacia do rio Araranguá. Na sequência, encontrará a cascata de maior volume, o rio da Pedra. Ainda em Jacinto Machado, cruzará o rio Pai José, o Pinheirinho e outros. Ainda no rumo norte, virão o rio Figueira, o Fortuna, Serra Velha e Rocinha. Com uma defecção para nordeste, estarão no caminho o rio Molha Coco e o Amola Faca, todos em Timbé do Sul, divisa com São José dos Ausentes. A partir desta região, as nascentes são próximas à borda, formando um divisor de águas a poucos metros dos precipícios, não havendo mais grandes cascatas, pois o volume d’água é pequeno. O inusitado, nesta região, são nascentes que, partindo de um charco, seguem rumos opostos, embora com o mesmo destino, o oceano. As águas que formam o rio Araranguá percorrerão poucas dezenas de quilômetros. No sentido nordeste
formarão o rio pelotas, que é afluente do rio Uruguai, atingindo o Atlântico, portanto, a milhares de quilômetros, na bacia do Prata. Seguindo ainda no rumo nordeste, na divisa de Timbé do Sul com Morro Grande está o rio Pilão. Na borda dos Aparados, divisa Morro Grande com São José dos Ausentes, estão as nascentes do rio Seco, rio Forquilha e Pingador, que formam o rio Manoel Alves. A seguir, nos charcos junto à borda, nascem o rio do Meio e o rio das Contas. O primeiro desce a encosta e faz a divisa dos municípios de Morro Grande e Nova Veneza. O rio das Contas, seguindo para noroeste, divide o Rio Grande do Sul de Santa Catarina, em São José dos Ausentes e Bom Jardim da Serra. Na sequência, estarão no caminho as nascentes do rio Morto e rio do Cedro, no município de Nova Veneza. A partir deste ponto, os Aparados da Serra é a linha divisória dos municípios de Siderópolis e Bom Jardim da Serra. O rio Araranguá tem nesta região suas ramificações através das nascentes do rio Serrinha, rio Seco, rio da Serra, rio da Mina, rio Manin, rio do Pio, rio Mãe Luzia e, próximo a Lauro Müller, o rio Congonhas. O rio Congonhas, que é tributário da bacia do Araranguá, tem suas nascentes no divisor de águas da bacia do rio Tubarão.
A P O I O C U LT U R A L
JORNALECO
©
PANFLETO CULTURAL
Estas foram as águas oriundas do “Costão da Serra”, mas ainda em outras áreas existem outras contribuições para o Araranguá. De Jacinto Machado, os rios Dois Irmãos, Águas Brancas, Fátima, Honório, Cedro e rio de Dentro. De Turvo, o rio Trabuco, Cachorrinho, rio Turvo, rio do Salto e Jundiá. Em Meleiro, Braço do Cedro, Sanga do Engenho, Sanga do Café e Sanga do Coqueiro. Em Nova Veneza, o rio São Bento, que é formado por afluentes oriundos dos Aparados. Siderópolis, os rios Jordão, Ferreira, Kuntz e Fluorita. De Criciúma, o rio Maina, rio Sangão e rio Criciúma. Ainda em Criciúma está a nascente do rio dos Porcos, que tem seu maior percurso em Içara, e é o único afluente direto do rio Araranguá. Todos os outros são formadores dos rios Itoupava e Mãe Luzia que, a poucos quilômetros de Araranguá, se unem dando o nome ao lugar de Forquilha Grande. Somente neste ponto recebe o nome de rio Araranguá, seguindo serenamente ao encontro das águas do oceano Atlântico. Texto publicado originalmente no JORNALECO nº 24, de 10 de junho de 1995, revisado para esta edição pelo autor. (*) Medição feita através do Google Earth. (**) Larousse Cultural (1999); outras fontes.
H FUNDADO EM 18 DE MAIO DE 1994 H
ANO 24 • Nº 498 • MARÇO DE 2018 Periodicidade mensal - Tiragem: 1.000 exemplares Fechamento desta edição: 26/02/2018 8h50
© Ricardo Francisco Gomes Grechi (reg. nº 99866, prot.4315/RJ de 17/07/1995)
Av. XV de Novembro, 1807 - Centro - Araranguá Tel. (48) 3524-5916 graficacasadocarimbo@gmail.com
JORNALECO
APOIO CULTURAL
ARARANGUÁ, MARÇO DE 2018 • ANO 24 • Nº 498 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA – CORTESIA DOS ANUNCIANTES
Em 2005, Getúlio Peplau entrevistou Dalzisa Pereira para o JORNALECO. Depois, o Getúlio mesmo editou e escreveu o texto, que publicamos na edição nº 234, de 15 de agosto de 2005. É o texto que segue abaixo, para lembrarmos a ex-professora e diretora, que faleceu neste 12 de fevereiro, aos 84 anos.
Dona Dalzisa ENTREVISTA E TEXTO DE GETÚLIO PEPLAU
DALZISA PEREIRA nasceu em Araranguá, a 1º de agosto de 1933, filha de Pedro Patrício e Julieta Borges Pereira. As dificuldades foram marcantes na família e na vida de seu Pedro e de dona Julieta. De início, moravam com o patriarca Patrício José Pereira, o primeiro carcereiro da cidade, irmão de Amaro José Pereira. Antes, onde hoje é a AABB; posteriormente, próximo ao antigo campo de aviação, atual sede do Grêmio Fronteira. Depois, em 1942, na então quase desabitada Urussanguinha, local cujas poucas casas não precisavam de trancas nas portas, ainda com mata nativa, o capão do Neco Inês, a mata do Joanim, com pássaros canoros de todas as espécies, cenário agora bem diferente, onde até hoje, saudosamente, mora Dalzisa. Começaram lá com um pequeno armazém, que prosperou por pouco tempo, devido à inconstância dos fornecedores. Além disso, havia um outro empecilho: a travessia do valo da baixada nos fundos do Colégio Normal (hoje encoberto pelo asfalto da avenida Cel. João Fernandes) pela carroça de carregamentos, principalmente quando chovia, onde até a passagem de pedestre era dificultada, pois só havia uma pinguela e um estreito carreiro que passava perto da gruta e saía na torrefação de café, na Getúlio Vargas. Em 1943, deu-se início aos estudos de Dalzisa no Grupo Escolar David do Amaral, sendo sua primeira professora dona Beatriz Noronha da Silva.
FOTO 2017 / FACEBOOK
Em agosto de 1947, já no quarto ano primário, a mudança para o Grupo Escolar Castro Alves. Um dia de inauguração com muita pompa, numa festa muito bonita, com marchas, homenagens, hinos, declamações, bailados de índios, um orgulho para a cidade e para os alunos, que iriam estudar num educandário inteiramente novo. Ao concluir o primário, Dalzisa deu continuidade aos estudos durante dois anos, no que chamavam de “complementar”, nome mudado para “regional”, formandose no ano seguinte. A entrega dos diplomas aconteceu no Grêmio Fronteira (na Getúlio Vargas); o paraninfo foi o senhor Walter Belinzoni, e o diretor era Eugênio Marchetti. O início das atividades como professora aconteceu aos 16 anos, dois ou três meses após a formatura. Não era fácil conseguir lotação imediata na cidade. Porém, determinadas localidades estavam desprovidas destas profissionais. l p.3
E-MAIL: jornaleco.ara@gmail.com CNPJ 28.000.138/0001-00
EDIÇÃO, DIAGRAMAÇÃO E REVISÃO Ricardo Grechi CONTATOS Rossana Grechi ASSISTÊNCIA Guaraciara Rezende, Gibran Rezende Grechi, Nilson Nunes Filho IMPRESSO NA GRÁFICA CASA DO CARIMBO DE Rosa e Aristides César Machado PRODUÇÃO Nicolas Nazari Machado PREPARAÇÃO DO FOTOLITO David Machado Fernandes CORTE Toninho Abel IMPRESSÃO Valdo Martins
TAGS z FLYERS z FOLDERS z CONVITES z PANFLETOS z EMBALAGEM z NOTAS FISCAIS z CARTAZES z CARTÕES DE VISITA z IMPRESSÃO DE LIVROS
“DESENVOLVER OU PRESERVAR?” Um estudo claro e abrangente que expõe e analisa todos os aspectos referentes ao impacto do desenvolvimento econômico no mundo, no país e em nossa região. P. 6 e 7
Leia as edições do JORNALECO em https://issuu.com/jornaleco ou www.facebook.com/jornalecoararangua (desde jan.2009) UMA PUBLICAÇÃO
ORION EDITORA Calçadão Getúlio Vargas, 170 88900.035 Araranguá-SC Brasil
É permitida a reprodução de nossos textos originais desde que citados devidamente o autor e o JORNALECO como fonte da publicação.
casa e construção
COPISO A mais completa
Tel. (48) 3524-7797 Av. Sete de Setembro, 2520 - Vila São José (esquina com a rua Amaro José Pereira)
APOIO CULTURAL
Onde nasce o rio Araranguá
Do encontro do rio Mãe Luzia com o rio Itoupava surge o chamado baixo curso do rio Araranguá, seguindo por 32 quilômetros* até o mar. Mas, considerando-se a nascente mais distante na Serra Geral, o rio possui cerca de 120 quilômetros** de extensão
O CLUBE QUE FAZ PARTE DA NOSSA HISTÓRIA Av. XV de Novembro, 2030 - Centro - Tel. (48) 3522-0447 gremiofronteira.com.br facebook.com/gremiofronteiraclube