Jornaleco 507 dezembro de 2018

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PANFLETO CULTURAL

H FUNDADO EM 18 DE MAIO DE 1994 H

APOIO CULTURAL

ANO 25 • Nº 507 • DEZEMBRO DE 2018 Periodicidade mensal - Tiragem: 1.000 exemplares Fechamento desta edição: 26/11/2018 20h50 E-MAIL: jornaleco.ara@gmail.com CNPJ 28.000.138/0001-00

EDIÇÃO, DIAGRAMAÇÃO E REVISÃO Ricardo Grechi CONTATOS Rossana Grechi ASSISTÊNCIA Guaraciara Rezende, Gibran Rezende Grechi, Nilson Nunes Filho IMPRESSO NA GRÁFICA CASA DO CARIMBO DE Rosa e Aristides César Machado PRODUÇÃO Nicolas Nazari Machado PREPARAÇÃO DO FOTOLITO David Machado Fernandes CORTE Toninho Abel IMPRESSÃO Valdo Martins

TAGS z FLYERS z FOLDERS z CONVITES z PANFLETOS z EMBALAGEM z NOTAS FISCAIS z CARTAZES z CARTÕES DE VISITA z IMPRESSÃO DE LIVROS

© Ricardo Francisco Gomes Grechi (reg. nº 99866, prot.4315/RJ de 17/07/1995)

Leia o JORNALECO em https://issuu.com/jornaleco (desde jan.2009) e assista nossos vídeos no YouTube: Jornaleco Araranguá SC UMA PUBLICAÇÃO

Av. XV de Novembro, 1807 - Centro - Araranguá Tel. (48) 3524-5916 graficacasadocarimbo@gmail.com

ORION EDITORA Calçadão Getúlio Vargas, 170 88900.035 Araranguá-SC Brasil

Grandes caras: Hugo e Tilinho POR R ICARDO

G RECHI ,

SOBRE DEPOIMENTOS DE

Hugo, falecido em 2003, e Tilinho, em 2005, pesavam juntos quase 300 quilos, valendo seu peso em ouro para as memórias da cidade: Hugo como o fundador de um dos pontos mais tradicionais do Arroio do Silva, o Hug’s, e o Tilinho como o mais famoso porteiro de clubes e boates do sul catarinense.

M ARLENE , A TÍLIO , A LEXANDRE E R ENATO

Hugo Campos começou com um bar de verão na praia, entre o Scaini e o Paulista. Em 1989, ele e a esposa, Marlene, mais os filhos Zé Carlos, Gilberto (Tini), Richard e Francine, mudaram-se definitivamente para o Arroio do Silva, estabelecendo o novo Hug’s, onde é hoje. Como Hugo também era pedreiro e construía casas, foi ele quem construiu o restaurante. Os pais de Hugo e Tilinho eram de Cangicas. José Campos e Tereza Dal Fara Campos tiveram os filhos Júlio, João, Hugo (28/2/1944-2003), Luiz, Atílio (21/6/1949-jan.2005), e as filhas Carmélia, Zélia e Angelina. Certa época, seu José veio para Araranguá, onde abriu uma churrascaria na av. Getúlio Vargas – daí a veia do Hugo. Uma alegria especial do Hugo e da Marlene eram seus oito netos. Hugo e Tilinho eram muito unidos, apesar do Hugo ser colorado e o Tilinho, gremista. Eles sempre faziam planos de viagens e pescarias para os dias de folga. Tilinho, nos últimos tempos, trabalhava como assador de carne do Restaurante Hug’s. Atílio Campos Sobrinho, casado com Maria Cecília, gerou os filhos Atílio, Alexandre e Renato. Tilinho morava na Coloninha, mas já havia morado na Praia da Caçamba, vindo depois para as

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Hugo e Tilinho (à dir. e no detalhe) em foto de 1985 (reproduzida do J.121, de 1º/02/2005)

CN

É permitida a reprodução de nossos textos originais desde que citados devidamente o autor e o JORNALECO como fonte da publicação.

proximidades do antigo Restaurante Mariscão. Tilinho começou trabalhando com o pai, no restaurante da família. Depois foi cobrador das Baterias Cardoso, trabalhou na Sama Máquinas Agrícolas e, por fim, na Retífica Nelinho, onde se aposentou em 1999. Mas o que o tornou famoso foi o trabalho na portaria da Eve’Som e dos carnavais do Yate Club Morro dos Conventos. Como porteiro de boate, Tilinho começou cedo, nos anos 1960, no Quitandinha. Com esse emprego extra, aos 18 anos adquiriu um fusca. Seu último trabalho em portaria foi num baile no Yate, em 1998. Atílio, Alexandre e Renato lembram com carinho do domingo à tarde em que foram com o pai assistir Jurassic Park, numa das últimas sessões de cinema do Cine Roxy, em 1994. Os amigos mais frequentes do Tilinho, lembrados por seus filhos, eram: Armando Galego, Pé de Carne, Jair, Sílvio Santos, Boni, Dodemar, Juca, Bino, Laerte, João Losa, Evilásio, Tatavo, Cabo Bolacha e muitos outros. No dia do sepultamento do Tilinho, ouviram uma história do prefeito Mariano Mazzuco Neto. Mariano contou-lhes que, certa vez, havia sido convidado pelo Tilinho e outros para comer uma galinhada. Quando voltou para sua casa, Mariano veio saber que as galinhas servidas naquela reunião de amigos haviam sido furtadas do galinheiro de sua mãe. Foi nos tempos do Taco de Ouro, ali na Getúlio, aonde a rapaziada gostava de ir comer ovos cozidos, beber gasosa e jogar sinuca, z nos idos da década de 1960.

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JORNALECO ARARANGUÁ, DEZEMBRO DE 2018 • ANO 25 • Nº 507 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA – CORTESIA DOS ANUNCIANTES

A mesma esquina da fotografia com o primeiro automóvel em Araranguá hoje é o local de maior fluxo de veículos da cidade Em 13 de março de 1916 (segundo nota e fotografia de Bernardino Campos) Araranguá viu o primeiro automóvel a rodar em suas ruas. O Ford T 1915, vindo de Laguna (também o primeiro a chegar lá, um ano antes), estacionou em frente ao Hotel dos Viajantes

RICARDO GRECHI COM BERNARDINO CAMPOS

Inacreditável, um automóvel chegou na Vila! por Alexandre Rocha

O

dia estava calmo. O mês de março, apesar do recente verão, já não se mostrava tão quente. O ano, 1916. Já não era novidade a grande façanha da invenção do automóvel, que saltitava pelas esburacadas ruas de muitas vilas. Os mais viajados, que de vez em quando

davam uma passada em Laguna ou Florianópolis, já tinham colocado os olhos nas revolucionárias máquinas. Mas, a maioria, nem por fotografia conhecia as formas do veículo que dispensava a tração de cavalos e bois, “andava sozinho” e custava uma fortuna. Apesar dos comentários frequentes sobre a grande invenção do ainda

recente século passado, muitos, principalmente os velhinhos mais céticos, duvidavam que existissem os tais “autos”, isto, ainda que o mundo já conhecesse a fotografia, o telefone, o cinema e outras grandes novidades. Pois no dia 16, após longa e difícil viagem, estava lá estacionado o carro que se autolocomovia, l PÁGINA 2

casa e construção

COPISO A mais completa

Tel. (48) 3524-7797 Av. Sete de Setembro, 2520 - Vila São José (esquina com a rua Amaro José Pereira)

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JORNALECO

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l bem em frente ao Hotel do Comércio, que depois seria o famoso e inesquecível Hotel dos Viajantes. Ali, naquele ponto, diante de uma plateia curiosa e perplexa, na esquina por onde passava o pequeno movimento da pracinha, chegava finalmente uma prova evidente da vinda do progresso. Os cachorros foram os primeiros a mostrar reação, acuando e tentando fazer parar o estranho “ser”, uma coisa nunca vista, de ruído mais estranho ainda. Quando emitiu o som da buzina, anunciando a gloriosa chegada, então, foi um deus-nos-acuda, e cachorro que não tinha dono foi logo tratando de arranjar um quintal. Os hóspedes do hotel foram conferir a justificativa de tanto movimento. O vendedor de cocada já foi tirando o pano da bandeja; a criançada, de tanta euforia, não se continha e corria atrás, tentando encostar as mãos no carro de qualquer jeito. Alguém, já prevenido, anunciava aos quatro cantos o grande momento, e o foguetório comeu solto. Willy Strack, o autor da façanha histórica, veio de Laguna para mostrar o veículo ao povo de Araranguá, onde CAPA

pretendia encontrar alguns interessados em adquirir um modelo. Poucos eram os abastados e afortunados da vila que poderiam despender recursos para a compra de um automóvel. A ideia, no começo, era causar impressão favorável e apaixonante, e depois estender os negócios por aqui, apesar das precariedades das vias de dentro e de fora da vila, que somente atendiam aos transportes de animais, que, aliás, “danificavam as estradas, causando-lhes sulcos e buracos” – segundo relatos da época. Pouco tempo depois chegaria um caminhão, e depois um ônibus, e assim, inevitável e necessariamente, os roncos dos motores foram tomando parte do dia a dia da cidade. Os pioneiros das indústrias e a prefeitura adquiriram caminhões, os mais ricos, automóveis, e assim, lá pela década de 1920, já uns dez veículos circulavam pra lá e pra cá, não mais assustando os cachorros, por já se tornarem comuns no cotidiano. De uns tempos para cá a grande quantidade de veículos na cidade fez surgir a regulamentação de estacionamentos nas ruas e avenidas, por meio

do trabalho, inicialmente dos guardas mirins, e recentemente da monitoras de estacionamento, serviço prestado por uma empresa privada e suas agentes chamadas de “Amarelinhas”, por serem todas mulheres e que utilizam uniforme desta cor. Ainda assim, as vias centrais não são suficientes para a demanda, o que motivou a ocupação de muitos terrenos nas áreas nobres do Centro por empresas que exploram o estacionamento. Até o paisagismo urbano vem sendo duramente afetado por este fenômeno desmedido do transporte individual, com a transformação de canteiros, antes com flores e árvores ornamentais, em estacionamentos para motocicletas. Por mera curiosidade e ironia, no lugar onde o primeiro veículo estacionou, ali nas proximidades da rótula das avenidas Sete de setembro e Coronel João Fernandes, registra-se o maior movimento de veículos de todo o perímetro urbano de Araranguá. (+p.4 e 11)

Quem tem muito medo de ser odiado não saberá governar. SÊNECA

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A BANDA

PARA CADA PROFISSÃO, UM NOME ADEQUADO

P. Lúcia: fabricante de bichinhos Ema Thomas: traumatologista Oscar A. Melo: confeiteiro Inácio Filho: obstetra Ana Lisa: psicanalista Ester Elisa: enfermeira Édson Fortes: baterista Sara Vaz: mãe de santo Iná Lemos: pneumologista Eudes Penteado: cabeleireiro H. Lopes: professor de hipismo Hélvio Lino: professor de música Sara Dores da Costa: reumatologista Marcos Dias: fabricante de calendário Oscar Romeu: dono de concessionária Olavo Pires: balconista de lanchonete K. Godói: médico especialista em hemorróidas Passos Dias Aguiar: instrutor de autoescola Pinto Souto: fabricante de cuecas Décio Machado: lenhador (Catada na Internet)

BERNARDINO DE SENNA CAMPOS

“A CULTURA CAIPIRA NÃO MAIS EXISTE – como todas as formas de cultura popular que já houve no país. A população que a praticava foi devastada pela industrialização e pela modernização falhada do Brasil, que destruiu a vida do camponês sem lhe dar, em troca, a cidadania. Tirou-lhe o campo e não lhe deu a cidade, mas sim a sub urbe, a periferia. Arrasoulhe a cultura popular e não lhe deu a urbana – Einstein, Freud, Marx, escolas, direitos –, mas sim a brutalidade da cultura de massas estupidificante.”

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POETA BRASILEIRO (Itabira do Mato Dentro-MG 1902 - Rio de Janeiro 1987) ○

Anoitecer A Dolores

É a hora em que o sino toca, mas aqui não há sinos; há somente buzinas, sirenes roucas, apitos aflitos, pungentes, trágicos, uivando escuro segredo; desta hora tenho medo. É a hora em que o pássaro volta, mas de há muito não há pássaros; só multidões compactas escorrendo exaustas como espesso óleo que impregna o lajedo; desta hora tenho medo. É a hora do descanso, mas o descanso vem tarde, o corpo não pede sono, depois de tanto rodar; pede paz — morte — mergulho no poço mais ermo e quedo; desta hora tenho medo. Hora de delicadeza, agasalho, sombra, silêncio. Haverá disso no mundo? É antes a hora dos corvos, bicando em mim, meu passado, meu futuro, meu degredo; desta hora, sim, tenho medo. Em A Rosa do Povo, versão on-line: www.carlosdrummond.com.br

Galeria Galeria

Há 100 anos. Dois automóveis atraem uma multidão de curiosos em Araranguá. O pit stop é sempre em frente ao Hotel dos Viajantes.

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APOIO CULTURAL

Dr. Ivan Holsbach

CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

z Carlos Berriel (professor da Unicamp), repassando linhas de força do pensamento de Antonio Candido (1918-2017) sobre a constituição de uma identidade literária brasileira, no artigo “Quando os livros caíram no mundo” — Ilustríssima, Folha de S.Paulo, 21/05/2017

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“Em 13 de março [1916] esteve pela primeira vez nesta vila um automóvel, vindo de Laguna, com alguns passageiros, voltando dois dias depois por não haver serviço!” (do diário de Bernardino de Senna Campos)

LUCIANO DE CRESCENZO

uplemento

Nomes segundo a profissão

Publicado no JORNALECO nº 214, de 17/10/2004, revisado pelo autor para esta edição.

É fácil amar a humanidade, difícil é amar o próximo.

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Reuniões 4as feiras, às 20h Sala na Igreja Episcopal, centro - Araranguá

POLÍCIA MILITAR: 190 POLÍCIA RODOVIÁRIA FED.: 191 SAMU: 192 BOMBEIROS: 193 ATENDIMENTO À MULHER: 180 ○

Zezinho Pistoleiro (I)

N.A. Narcóticos Anônimos

vvv

EDIÇÃO: ROSSANA GRECHI

telefones para emergências

Reuniões 3as feiras, às 20h00 Sala na Igreja São Cristóvão - Maracajá ○

João Batista de Souza

Reun. 2as f., 20h - Junto ao A.A. - Araranguá

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N uma bela tarde, enquanto João le-

cionava na escola nova de Alto da Esperança, entrou porta adentro um rapaz conhecido, boa gente, mas que adorava a ideia de parecer com um pistoleiro. Os assuntos recorrentes desse rapaz eram os filmes de faroeste. Tocava violão muito bem, autodidata. João gostava quando ele dedilhava, no seu instrumento de cordas, a música popular gaúcha “Chote carreirinha”. Um dia alguém lhe disse que ele se parecia com o professor João. O rapaz vivia todo orgulhoso. Já pensou! Um professor? Quando criança um gaiato andou se passando, isto é, faltando com o respeito junto a sua mãe e ele prometeu matá-lo assim que ficasse mais velho. Passado os anos, as oportunidades para Zezinho cumprir sua vingança se concretizaram. Nessa tarde em que João lecionava, Zezinho entrou porta adentro, tirou do bolso da calça um punhado de balas de revolver calibre 22, despejou-as na mesa da escola e disse: – Seu João! Guarde essas balas. Eu atirei e matei uma pessoa no Rio Grande do Sul. Aquela notícia pegou João de surpresa e o assustou. Dispensou os alunos, pois já era quase final de expediente, e tentou aconselhar o rapaz, quase da mesma idade. Segundo o próprio pistoleiro ele estava caminhando do outro lado do rio Mampituba, lado gaúcho, quando viu, numa roça, seu desafeto lavrando com uma parelha de bois. Deu alguns passos em sua direção, sacou do revólver e efetuou seis disparos. Os revólveres calibre 22 são os menores da categoria, menos potentes e carregam um tambor de seis balas. Outros revólveres portam apenas cinco balas e são muito mais potentes. Ele não sabia, mas o baleado sobreviveu aos disparos daquela arma de fogo. Como era uma pessoa muito boa, carismática, tinha guarida em qualquer casa que chegasse e foi o que aconteceu. À noite, Zezinho dormia numa espécie de estrado, em cima da armação do engenho de açúcar mascavo do seu Alípio. De dia embrenhava-se na mata e lá ficava sozinho, esperando o dia passar. Zezinho, o pistoleiro, contava com parentes “importantes” na cidade de Praia Grande. Um dia sua tia veio até o morro, chorando, e pediu que João fosse ao encontro do seu sobrinho para que se

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“O que o homem superior procura está em si mesmo; o que os homens inferiores procuram está nos outros” CONFÚCIO

Brincar é o melhor remédio dos, que fazem barulho e podem ser levados à boca como os chocalhos. Brincar de carrinho, de boneca e com blocos de montar. OS BENEFÍCIOS – Desenvolve a coordenação motora, a capacidade de comunicação e o pensamento abstrato.

REVISTA VEJA, 5 DE SETEMBRO DE 2018 ERA UMA VEZ crianças que pararam de pular corda, de jogar cinco-marias, de virar-se contra a parede no esconde-esconde e de passar o anel. Era uma vez pais que já não sabem – ou não querem – tirar os filhos do magnetismo incontornável e conveniente dos aplicativos para smartphones e tablets. Era uma vez uma sociedade que esqueceu como se brinca sem estar conectada em onipresentes redes wi-fi.

passam longe dos dispositivos eletrônicos. São as chamadas “brincadeiras livres”, nas quais meninas e meninos se envolvem espontânea e ativamente. “O propósito é estimular o desenvolvimento mental e social das crianças”, disse a VEJA o pediatra Michael Yorgman, o principal signatário da inédita diretriz.

3) Atividade locomotora Andar de bicicleta, brincar de esconde-esconde, lutas e bate-mãos. OS BENEFÍCIOS – Estimula a habilidade e a inteligência emocional (competências para aprender a perder, a ganhar e a arriscar).

4) Brincadeiras ao ar livre Brincar no parque e jogar futebol, queimada, basquete. OS BENEFÍCIOS – Reforçam amizades, desenvolvem o conhecimento social e linguístico e ajudam a conOs quatro tipos de brincadeira e seus trolar impulsos individuais. impactos no desenvolvimento das crianças de até 11 anos:

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O documento diz que, ao pé da letra, como conclusão de suas dezoito páginas assinadas por cinco médicos: “Estimulem o aprendizado lúdico em todas as consultas com crianças em boas condições de saúFontes: Sociedade Americana de Pediatria de nos dois primeiros anos de vida”. 1) Manuseio de objetos e Mauro Fisberg, pediatra do Hospital As práticas indicadas, ressalve-se, Entreter-se com brinquedos colori- Sabará, em São Paulo

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Pequeno manual da diversão

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E quando imaginávamos já não haver um final feliz possível para esse estado de coisas, quando sentíamos a imaginação infantil eternamente aprisionada aos programinhas eletrônicos, deu-se uma novidade um tanto inesperada. A Academia Americana de Pediatria, referência internacional na sua área, acaba de orientar formalmente seus profissionais a receitar brincadeiras diárias a todas as crianças. Moral da história: brincar é o melhor remédio.

2) O faz de conta Brincar de casinha, de escolinha ou de qualquer coisa criada pela imaginação infantil. OS BENEFÍCIOS – Ensina a negociar regras e desenvolve habilidades do funcionamento executivo (capacidade de planejamento e resolução de problemas).

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entregasse. João não queria, mas, segundo a tia do rapaz e seu Alípio, ele seria a pessoa mais indicada para essa tarefa por ser seu amigo e ser professor, “autoridade moral”. A família contratara um advogado, no Rio Grande do Sul, e o lavrador não morrera. Zezinho, nas décadas de 1960 e 1970 se portava como um João tomou pistoleiro. A polícia às vezes o emprestado um caçava, mas nunca conseguia paletó de lã do pegá-lo. Sempre que se sentia seu Alípio, que acossado pelas autoridades locais, também não Zezinho passava de um lado para estava muito outro dos estados de Santa tranquilo com Catarina e do Rio Grande do Sul. a situação de Nesta foto, ele aparece com um acoitar um furevólver 38, um revólver 45, gitivo da Lei, exclusivo do Exército, uma colocou-o por “Mauser” e um punhal cima dos ombros para se proteger do orvalho de uma manhã nebulosa e um pouco fria, e embrenhou-se morro acima por entre uma capoeira. Depois de caminhar uns quinhentos metros, João ouviu alguém atrás de si gritando: “Ei!” Quando se virou... lá estava o Zezinho, ajoelhado sobre uma das pernas, apontando-lhe um revólver. O “mateiro” João quase morreu... de susto. Não foi fácil João convencer o rapaz de que não o estava traindo, servindo de guia para a polícia. Chorando, ele queria matar João. Naquela altura dos acontecimentos, a vida de João é que estava em jogo. O “mateiro” jurou nunca mais servir de conselheiro. Zezinho se entregou, cumpriu alguns meses de pena judicial em Torres, Rio Grande do Sul. Lá fez amizades com seus carcereiros, saía à noite para ajudá-los a efetuar blitz, principalmente na zona de meretrizes, e até se tornou compadre de um deles. Quando retornou, trouxe consigo um revólver 38, um revólver 45, exclusivo do Exército, uma pistola tipo “Mauser” e um punhal. (Extraído do livro E agora, João?, de João Batista de Souza. Orion, 2015, p. 238 a 242)

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Andar com Fé Caminhata II N a Semana da Mobilidade

de 2018 houve tentativas de movimentar o cotidiano por um deslocamento saudável e seguro. Tímidas ações foram propostas – mas de certa forma algumas pessoas absorveram esses convites (positivamente, como Benjamin Constant), por exemplo, caminhadas à beira-rio pela Rui Barbosa. Reorvanizando o uso das ruas e do próprio corpo, uma professora de Araranguá, aposentada, saiu a deambular e errar na Cidade das Avenidas, que desenha a hierarquia das vias através do próprio Plano Diretor. A Professora, num átimo de instinto, chegou até um cemitério perto do Meleiro (Sapiranga). Encontrou nada mais nada menos que seus bisavós. Reunião que há tempos desejava através de documentos, históricos, serviços cartorários e sítios virtuais. E foi escutando essa história que a cidade chegou como um livro do Tombo (“de descendência portuguesa”). Um registro, vivo, dos paralelepípedos e das raízes infiltradas no concreto. O carnaval possível ao rever ou trombar as memórias, ancestralidades e máquinas do tempo. Saúde pública às pessoas que se permitem pela cidade de Araranguá e às professoras que nunca desistiram até então (...)


Willybaldo Ferdinando Strack O primeiro motorista de Laguna – e o primeiro em Araranguá

A lancha do seu Tuca Campos f ins de semana ou dias úteis, tanto fazia para a

rapaziada sair em bandos pelas ruas, com programações variadas, até, difíceis de ocorrerem nos dias atuais. Lembro bem do Aimberê, o Dadinho, o Gancho e outros saírem para, por exemplo, banhar-se no rio perto do Moinho Belinzoni, onde um abrigo à beira d’água protegia a lancha do Tuca Campos. Ambiente aberto, com plataformas ideais para servir de trapiche pra turma. Interessante: ninguém ousava danificar, sequer utilizar a lancha como plataforma ou base de permanência ali. Respeito absoluto pela propriedade. Outros tempos. O alarido comum fazia gosto. Lembro que o Gancho não nadava bem – só o “cachorrinho” a pau e corda – e os companheiros faziam questão de estimulá-lo. Jogavamno no fundão e o obrigavam a retornar, sempre atentos para casos de emergência, pois todos os demais nadavam bem. Assim ele aperfeiçoava as técnicas da natação. Eu costumava ir, mas ficava longe, até pela diferença de idade – cinco anos no mínimo entre eu e os demais, o que, na época, era muita coisa em termos físicos. O que me inspirava em acompanhá-los era o momento quase poético daquilo. A visão magnífica do rio, os descampados da margem esquerda, o final dos imensos campos do Otávio Ramiro, que desembocavam ali, à beira da Rua Rui Barbosa. E a visão do Moinho Belinzoni, cujos cinco andares representavam o pico máximo da construção na cidade – máximo e, diga-se, único. Certa inveja me carcomia, ao vê-los naquela parceria sem eira e nem beira, alegres só de estarem ali – naqueles sentimentos de amizade espaçosa que a mim não cabia por ser ainda uma criança abaixo da idade. Augurava ser como eles quando crescesse. Mas não houve tempo. Tudo isso sumiu quando cheguei à adolescência. O tempo deixou a vida esvair por entre os dedos. Houve muitos outros momentos com aquela turma – e eu sempre junto, porém distante – como nos memoráveis acampamentos improvisados na Lagoa da Serra, ainda matagal virgem e muito distante, para onde excursionávamos a pé, nos finais de semana, levando meia dúzia de sanduíches e refrigerantes em bolsas de pano, apenas. Mas, oh, destino, o progresso chegou e lá se foram as virtudes sonhadas.

TEXTO DE

illybaldo Ferdinando Strack, conhecido em Laguna como Willy, nasceu em Grotau, na Áustria, em 3 de setembro de 1890. Filho de Felipe e Cristina Strack, mudou-se para o Brasil com a família, quando ainda tinha dois meses de idade, acompanhando o pai, que era tecelão. Viveu em Brusque até 1914, quando decidiu viver em Laguna. Exerceu diversas profissões: motorista, pintor de parede, fotógrafo, instrutor de volante, músico (tocava violino, quando o cinema era mudo), até montar uma loja de autopeças. Foi Willy quem trouxe para Laguna o primeiro automóvel da cidade, em 1916. Naturalizado brasileiro, recebeu o título de cidadão lagunense em 1975. Devoto de Santo Antônio, emprestava todos os anos holofotes para iluminar a imagem do santo durante a procissão. Foi casado por 25 anos com Mercedes Alves. Em decorrência de uma fratura no fêmur, teve uma forte infecção que acarretou em sua morte no dia 19 de março de 1983. Entre as homenagens recebidas dos lagunenses, tem seu nome dado a uma rua no bairro de Campo de Fora. (Fonte: http://jornaldelaguna.com.br/willybaldo-ferdinando-strack/)

W

Aprende que verdadeiras amizades continuam a crescer Mesmo a longa distância, E o que importa não é o que você tem na vida, Mas quem você tem na vida. E que bons amigos são a família que nos permitiram escolher.

O primeiro motorista de automóvel/caminhão na Laguna foi Willy Strack, mas sua carteira fora registrada no município de Brusque. Em 13 de janeiro de 1915, conforme registro do jornal O Albor, chegava à nossa cidade, no convés do vapor Anna, o primeiro automóvel da Laguna, de propriedade de Júlio Bergler. O periódico da cidade noticiou, à época, como grande atração: “Está de hoje em diante à disposição do público”. Como o proprietário não dirigia automóvel, quem tomou a boleia do veículo foi Willy Strack, que por sinal foi também motorista do primeiro caminhão pertencente a Jacinto Tasso. (Fonte: Blog do Valmir Guedes - http://valmirguedes.blogspot.com)

Aprende que não temos que mudar de amigos Se compreendermos que os amigos mudam. Percebe que o seu melhor amigo e você Podem fazer qualquer coisa ou nada E terem bons momentos juntos. Descobre que só porque alguém não o ama do jeito que você quer Não significa que esse alguém não o ame com tudo que pode, Pois existem pessoas que nos amam Mas simplesmente não sabem como demonstrar ou viver com isso. Aprende que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém, Algumas vezes você tem que aprender a perdoar a si mesmo. Aprende que com a mesma severidade com que você julga, Você será em algum momento condenado.

ACERVO MAREGA

Aprende que não importa em quantos pedaços seu coração foi partido, O mundo não para para que você o conserte. Aprende que tempo é algo que não pode voltar para trás. Portanto, plante seu jardim e decore sua alma, Em vez de esperar que alguém lhe traga flores. E você aprende que realmente pode suportar, que realmente é forte, E que pode ir muito mais longe depois de pensar que não pode mais. E que a vida realmente tem valor, E que você tem valor diante da vida. E você finalmente aprende que nossas dúvidas são traidoras E nos fazem perder o bem que poderíamos conquistar, Se não fosse o medo de tentar...

F O R M AT U R A S E A S S E S S O R I A w w w. a m f o r m a t u r a s . n e t ARARANGUÁ Av. XV de Novembro, 1790 - Centro - Tel. (48) 3522-0356 CRICIÚMA Av. Universitária, 230 - Sta. Augusta - Tel (48) 99627-5838 TUBARÃO Rua Martinho Ghizzo, 375 - Dehon - Tel. (48) 3622-0822 r e c e p cao @ a m f o r m a t u r a s . n e t

DEZEMBRO 2018

Willy Strack na direção do Ford T 1915, pertencente a Júlio Berger. Primeiro automóvel em Laguna, em 1915, e que visitaria Araranguá no ano seguinte (+capa, p. 2 e 11)

VERONICA A. SHOFFSTALL

Aprende que falar pode curar dores emocionais. Descobre que se leva anos para construir uma relação de confiança E apenas segundos para destruí-la. E que você pode fazer coisas em um instante, Das quais se arrependerá pelo resto de sua vida.

(Copiado de www.usinadeletras.com.br, onde o texto está atribuído a Shakespeare)

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E começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida e os olhos adiante, Com a graça de um adulto, e não com a tristeza de uma criança. E aprende a construir todas as suas estradas no hoje, Porque o terreno de amanhã é incerto demais para os planos E o futuro tem o costume de cair em meio ao vão.

* * * “Oh, que saudades que tenho da aurora da minha vida; Da minha infância querida que os tempos não trazem mais...”

APRENDER

Depois de algum tempo você aprende a diferença, A sutil diferença entre dar uma mão e acorrentar uma alma. E você aprende que amar não é apoiar-se E que companhia nem sempre significa segurança. E começa a aprender que beijos não são contratos, E presentes não são promessas.

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APOIO CULTURAL

ADERBAL MACHADO

UM AMIGO me apresentou um texto veiculado na internet com uma bela narração (leia ao lado). A voz termina destacando o “autor”: Shakespeare. Mas, por se tratar de internet e o texto parecer muito com escritos motivacionais, não acreditei que fosse do autor inglês. Então fui pesquisar o assunto na própria internet. Segue o que o descobri. (RG)

O texto da estudante atribuído a William Shakespeare http://pt.wikipedia.org/wiki/Um_Dia_Voc%C3%AA_Aprende_que... [2012]

“Um Dia Você Aprende que...”, “Você Aprende” ou “Depois de um Certo Tempo” são títulos para um mesmo hoax*, um texto que circula pela internet com indevida atribuição de autoria. Trata-se de um texto de Veronica A. Shoffstall, que o escreveu aos 19 anos, no livro de formatura (yearbook) de sua escola, ao terminar o highschool (equivalente ao Ensino Médio no Brasil). A autora registrou o copyright da versão original em 1971. O título, originalmente, era “Comes the Dawn”, mas o texto ficou mais conhecido como “After a While”. Começou a circular como sendo de William Shakespeare ainda nos Estados Unidos, onde recebeu acréscimos, cortes e alterações. Todas essas versões circulam no Brasil e no mundo todo, nas mais diversas línguas. Na verdade, não há nem uma única frase do texto que possa ser encontrada nos trabalhos de Shakespeare. No entanto, a internet em inglês registra (em 15 de agosto de 2012) 46 milhões de referências para esse texto com a autoria indevidamente atribuída a ele, e apenas 22 mil referências para a verdadeira autora. Em português, há oito mil para Shoffstall e 60 mil para Shakespeare. A versão original pode ser lida no site Recovery Emporium, entre outros. (*) Dá-se o nome de hoax (embuste, numa tradução literal) a histórias falsas recebidas por e-mail, sites de relacionamentos, na Internet.

FALSAS CITAÇÕES NA REDE “Não ligue a TV no domingo; não entre em carros com adesivos ‘Fui ...’ Se te oferecerem um CD, procure saber se o suspeito foi ao programa da Hebe ou se apareceu no Gugu (...) Diga não às drogas.” De autoria desconhecida; atribuído a Luis Fernando Verissimo “Quem não tem namorado é alguém que tirou férias remuneradas de si mesmo (...) Não tem namorado quem não sabe o gosto de chuva, cinema na sessão das duas, medo do pai, sanduíche de padaria ou drible no trabalho.” De Artur da Távola; atribuído a Carlos Drummond de Andrade “Pessoas felizes não têm as melhores coisas. Elas sabem fazer o melhor das oportunidades que aparecem em seus caminhos.”

De autoria desconhecida; atribuído a Clarice Lispector (Revista Época n° 234, de 11/11/2002)

JOALHERIA E ÓTICA www.alcidino.com.br

OS SEUS OLHOS MERECEM.

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Diretor WLADINIR LUZ Redator ERNESTO GRECHI FILHO Gerente HERVALINO CAMPOS Tipógrafos WALDEMIRO, FERRINHO, NEI etc. Impressão: GRÁFICA LIDER (LIDO) (ORION) de 1960 a 1975 Redação e oficina: Av. Getúlio Vargas, 158-170, em frente ao Cine Roxy

VIDA FUTURA

j LOGOTIPO CRIADO POR C. E. GUASCO (ESTREOU NA EDIÇÃO 169 DE 16/04/1968 E FOI USADO ATÉ O FINAL) ACERVO BIBLIOTECA PÚBLICA DE SC

REVISTA DE ESTUDOS E PROPAGANDA ORGAM DO GRUPO ESPIRITA SANTO ANTONIO DE PADUA Director de Redacção: Abilio Frederico Gomes Administrador: Bernardino de Senna Campos Redactores e Collaboradores: Telesphoro Machado,

Senna Campos, L. d’Oliveira Leite, A.M. Pereira e D. Hariel Araranguá (Estado de Santa Catharina) SETEMBRO DE 1912 - Anno I - N. 1 ○

Apresentação Escrita em linguagem desataviada, tão simples e singela que estará sempre ao alcance de qualquer inteligência, pois desejamos ser compreendidos por todos, surge hoje, à tona da publicidade, embora em um meio acanhado, é certo, mas donde descortina-se vasto horizonte, a Vida Futura, órgão exclusivamente dedicado à propaganda do Espiritismo (...) tendo, ultimamente, conquistado fervorosos prosélitos nesta vila, onde, há bem pouco tempo, só existiam dois discípulos do grande Apóstolo Allan Kardec (...) Mas... o que é o espiritismo? indagarão espíritos curiosos, que desconhecem a verdadeira definição do vocábulo, que condensa e sintetiza nas cinco sílabas de que se compõe a mais bela revelação que Deus fez chegar ao conhecimento dos homens por intermédio das manifestações dos Espíritos, isto é, das almas que vivem depois da morte dos corpos dos homens. (...) E que Deus abençoe nossos ingentes esforços, e os bons Espíritos ajudem-nos, com suas inspirações, a subirmos, com nosso jornal, o calvário da vida... SENNA CAMPOS Formação de um Grupo Espírita Muito antes de preocupar-nos com a fundação deste periódico, era nossa ideia constante a organização de um grupo espírita (...) Eis, felizmente, que, em resposta a uma carta que endereçamos em junho último ao nosso ilustre confrade Juvêncio de Araújo Figueredo, residente em Florianópolis, cheganos às mãos longa e preciosíssima missiva em que declara-nos aquele bom e nobre irmão em crença, que havendo consultado seu guia espiritual acerca de certas questões de nossa carta, obteve a seguinte resposta: I És, realmente, dotado de mediunidade. II Deves criar, aí, um grupo que su-

bordinarás à denominação de G RUPO E SPÍRITA S ANTO A NTONIO DE P ÁDUA . III O Anjo Guardião, desse Grupo, responderá ao nome de João (é um irmão do espaço muitíssimo iluminado no Amor e na Caridade); tendo ainda, o mesmo Grupo, dois Guias: Norberto e Felicidade, encarregados do arrebatamento das ovelhas desgarradas. IV Não convirá, no princípio, haver mais de uma sessão, a qual deverá realizarse às quintas-feiras, das 6 às 7 horas da noite, podendo ser ela constituída de 9 irmãos maiores de 15 anos de idade. V Durante as sessões haverá prova de mediunidade para os irmão que quiserem (...) VI Todos os irmãos assentar-se-ão em círculo, ocupando o presidente uma mesinha em frente. Deve-se guardar o mais profundo silêncio, tendo sempre o pensamento na Divindade. Só o presidente poderá levantar-se em caso de necessidade. VII Em ata deve ser registrado tudo quanto ocorrer no decurso da sessão. XIII Só depois da nona sessão poderá o Grupo ser frequentado por maior número de irmãos, excetuando crianças menores de 7 anos. IX Nenhum irmão deverá invocar parente ou estranho com exclusão de outros Espíritos; o que houver de vir virá. X Outros conselhos vos serão dados pelos Guias do Grupo, sob o visu de João. XI Não desanimem se nas primeiras sessões não houver prova de mediunidade, pois esta manifesta-se quando a irradiação do Grupo se achar de todo iluminada no Amor e na Caridade. XII À medida que se forem comunicando os irmãos do espaço, lançarão seus nomes no livro de preces (...) Casas assombradas Em Cangicas, lugar que dista desta vila cerca de 2 léguas, tem-se manifestado um Espírito em casa de Arsênio de tal. Tira travesseiros de sob a cabeça dos donos da casa, arrasta-os por toda a extensão da sala, quebra louças etc. etc. Contam que uma velhinha muito benta, residente nas proximidades da

Mais um acidente fatal de trânsito Para completar o número de acidentes fatais de trânsito ocorrido na cidade, durante o ano a se findar, domingo passado, pela manhã, um caminhão atropelou um ciclista nas imediações do Posto Ipiranga, na entrada da Praça Hercílio Luz. (...) O Major Ribeiro, Delegado Especial de Polícia, desencadeou na cidade uma campanha de moralização do trânsito. (...)

ESPORTES casa assombrada, oferecera-se para expelir o diabo dessa casa. Assim, armou-se de grossas varas de marmeleiro e entrara, certo dia, em casa de Arsênio, depondo sobre um banco, o feixe e um cachimbo de barro de que não se separava. Depois de haver tomado café, dirigiu-se ao banco, onde estavam as vergastas, no intuito de surrar os cantos da casa, a fim de afugentar o diabo. Súbito, recua espavorida, quase aterrada, vendo seu cachimbo partido em mil pedaços. Excomunga o diabo, mas recua ainda mais aterrorizada ao ver uma das varas agitar-se no ar e de repente cair-lhe sobre as costas e vibrar-lhe fortes vergastadas. A velhinha, logo à segunda varada, bradou por socorro e correu em direção à porta da frente, esmorecida, de susto, trêmula, cadavericamente pálida e rangendo os dentes... Prevenção O infr’assinado previne que continua a fornecer gratuitamente medicamentos homeopáticos à pobreza em geral bem como a todos aqueles que a ele recorrerem, em caso de enfermidade (...) uma vez formado um grupo espírita nesta vila, e que nele haja irmãos em que manifestem-se as faculdades de mediunidade receitista. Araranguá, agosto de 1912 Bernardino de Senna Campos

Direção de Geraldo Grassi

FUTEBOL DE SALÃO

Torneio Hervalino Campos TORPEDO: LÍDER INVICTO. Vencendo

o Araranguá Tênis Clube por 6x2, e favorecido pelo empate entre Mônaco e Loja Leão por 3x3, Torpedo se aproxima do título salonista de 1965. Eis as seleções A e B das [5] rodadas já disputadas [com 8 times]: SELEÇÃO A - goleiro: Verão, do Mônaco; defesa: Bebé, do Torpedo e Beto, do Mônaco; atacantes: Tatavo, do ATC e Giba, do Torpedo. SELEÇÃO B - goleiro: Careca, do Torpedo; defesa: Tião, da AABB e Éliton, do ATC; atacantes: Aires, do Universal e Edinho, da Loja Leão. NJ: O ATC, do técnico Altair Acorde, foi o campeão, vencendo o Torpedo na final por 2x1. Foi o primeiro campeonato municipal de futebol de salão de Araranguá, realizado na quadra do Grêmio Fronteira. (+J. 458)

FUTEBOL DE CAMPO

Universal 3x3 Atlético Clube Cidade Alta LOCAL: Estádio Grêmio Fronteira. 1º TEMPO: Universal 2x1 Atlético. FINAL : 3x3. M ARCADORES : Elim (15), Cláudio (25) e Vau (41 min 1ºt); Cecê (8), Cláudio (20) e Nino (43min 2ºt.). UNIVERSAL: Careca, Savelha, Cláudio e Onildo; Claudir e Ivan, Beto

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ANO VI - 18 DE DEZEMBRO DE 1965 - Nº 133

JORNALECO 507

F A CRÔNICA DOS ANOS 60 F (Leonel), Vau, Alemão (Zico), Mazola (Éliton). A TLÉTICO : Arilton, Joloi, Meller e Pedrinho; Bebé e Nino, Macau, Aires, Tatavo, Elim e Cecê. JUIZ: Tatavo [?]. RENDA: Cr$ 6.200,00.

POLÍTICA [Câmara x Poder Executivo] Câmara de Vereadores de Araranguá, composta de treze membros colocando-se, a maioria, contra o Poder Executivo, atravessou um período de cinco anos agitados. Finalmente, ao findar o mandato do atual prefeito, José Rocha, Executivo e Legislativo fumaram o cachimbo da paz, dando ao prefeito um voto de confiança com a aprovação das contas da Prefeitura. Reina harmonia entre os dois poderes. A Câmara araranguaense é composta dos vereadores Artur F. Espíndola, Antonio Rocha, Arnaldo Copetti, Luiz G. Hahn, Antonio S. Souza, Hipólito Silva, João Kraes Campos, Darcy Lindolfo Gomes, Mauro Cardoso de Souza, Hilário Freitas, Otávio Belarmino Costa, Manoel Costa Filho, Antonio Abedeno.

SÍNTESE

DE

FORMATURAS Ginásio Na. Sra. Mãe dos Homens Receberam diplomas de ginasianos, no Ginásio Na. Sra. Mãe dos Homens, os seguintes alunos: Adalberto de Oliveira, Adilson Aguiar Coelho, Aires Messias da Silva, Alney Darós, Cláudio Hübbe Pacheco, Édio José Candido, Francisco de Assis Pereira, Gelásio Gomes, Gilberto Salvador, Idelson José Miranda, Jauson Lemos Pereira, João Oto Pereira, José Maciel, Levino Jorge Dall’Alba, Luiz Gonzaga Inácio, Luiz Ronaldo Angeloni, Manoel José Rocha, Moacir Frassetto, Newton Cluson Mezzari, Osvaldo N. Trescher, Sander Hahn, Vânio B. de Faveri, Walter Naspolini, Wanderley Luiz Amboni.

NOTÍCIAS

u A Prefeitura de Araranguá, segundo comentários, deixará uma dívida de cerca de 30 milhões de cruzeiros. Todavia, esse débito não é resultado do excesso de despesas, mas oriundo da falta de recebimento das “No clichê, a turma de ginasianos do verbas estaduais e federais. u Na sede da AABB, o pintor Ginásio... que concluíram o curso em 1965” pernambucano Francisco de Assis Fer- (dessas de louça grossa), apurandoreira, expôs seus trabalhos. Francisco de se então o valor líquido de Cr$ 21.000. Assis conseguiu a 3a Menção Honrosa Despesas: água mais Cr$ 360 de café no Congresso instituído pela Esso mais Cr$ 500 de açúcar = Cr$ 860. u Cônego Paulo Hobold, vigário da Standar do Brasil. u Um curioso ex-proprietário de café Paróquia, lançou um livreto denoafirmou que o preço de Cr$ 30 por um minado “A Santa Missa” (...) os fiéis cafezinho é um verdadeiro absurdo. E acompanham as missas com muita explica: 1 kg de café + 3 kg de açúcar facilidade, vivendo verdadeiramente produzem 720 xícaras de cafezinho o desenrolar do santo ofício.


APOIO CULTURAL

RECOLHIDO na cidade de Turvo, por um cidadão turvense, este relatório escapou de parar no lixo. Foi repassado a Lovaldir Pacheco, pessoa da família. O Valdo (como é conhecido), sabendo que me interesso por esse tipo de documento, muito gentilmente me repassou para que eu pudesse fotocopiá-lo. Depois de ler o seu conteúdo, decidi fazer um resumo para publicar no JORNALECO, por considerá-lo parte da nossa história. Essa peça, escrita no ano de 1949, refere-se à prestação de contas do primeiro exercício de 1948, do então prefeito Affonso Ghizzo, eleito para o mandato de 8 de dezembro de 1947 a 1º de janeiro de 1951. Destinado à Câmara de Vereadores de Araranguá para apreciação e votação, demonstra a parte contábil das contas financeiras, além da situação das obras e investimentos da nossa municipalidade no ano de 1948. É composto de quatro peças descritivas e dez fotos, para análise dos vereadores. Em sua primeira parte apresenta uma descrição das atividades administrativas, financeiras, bem como a situação das obras encontradas pelo prefeito ao assumir o mandato em 8 de dezembro de 1947. Relata, também, a situação política adversa para a execução de obras em virtude dos embates entre as administrações municipal e estadual. Vejamos parte de uma frase citada, para se situar no tempo: “A Delegacia de Polícia e seus auxiliares imediatos, subdelegados e inspetores de Quarteirão (...) representam, dentro desta comuna, o maior entrave à obra administrativa”. Aqui cabe ressaltar uma observação sob o momento político da época. Digladiavam-se no comando da política e na administração catarinense, como principais partidos, o Partido Social Democrático (PSD, o antigo) e a União Democrática Nacional (UDN). Nesse período de 1947 a 1950 o Estado era administrado pelo PSD sob o comando de Aderbal Ramos da Silva, empossado em 26 de março de 1947. Ele governaria até 31 de janeiro de 1950. Acontece que o prefeito araranguaense

fora eleito pela UDN, daí a rivalidade que naqueles anos era, digamos, ferrenha, para não dizer agressiva. Essa primeira parte termina com demonstrativos sintéticos do caixa e da situação financeira das obras no início do exercício. Na segunda parte é relatada a situação da infraestrutura municipal e das obras públicas em andamento, citando e descrevendo a situação encontrada e as providências para as seguintes obras e serviços: o calçamento de ruas e avenidas por pedra de paralelepípedos; Institutos de Aposentadorias; escolas rurais (no interior do município, hoje escolas municipais do interior); almoxarifado; estrada da Praia; estrada Araranguá-Meleiro; ponte sobre o rio dos Porcos; embelezamento da Cidade; rua Coronel Apolinário com calçamento em pedras conhecidas como “pedras de cachoeira”; rua XV de Novembro (hoje, avenida); rua Virgulino de Queiroz; prolongamento da rua Coronel João Fernandes (hoje, avenida); auxílios diversos; combate aos gafanhotos; posto de defesa sanitária animal; Campo Agropecuário; e outras despesas; receitas e despesas dos Distritos; obras em andamento; e, por fim, a conclusão, assinada pelo prefeito. A terceira parte contém a descrição

de receitas e despesas, em particular de cada distrito do nosso antigo grande município. Descreve analiticamente a situação financeira, a aplicação e custo referente às atividades, obras, pessoal e outros que foram executadas durante o exercício de 1948. Desses demonstrativos fazem parte o primeiro distrito, Araranguá, seguido dos distritos de Passo do Sertão (hoje, São João do Sul), Sombrio, Maracajá, Turvo, Timbé (hoje, Timbé do Sul), Jacinto Machado, Praia Grande e Meleiro. l

FATOS SOBRE ESSE

CURIOSIDADES SOBRE ESSE HISTÓRICO RELATÓRIO

1) Durante o ano houve uma grande chuva de granizo com pedras de gelo de tamanho até então não vistos na região (foto abaixo).

1) A impressão do Relatório de 1948 foi realizada nas Oficinas Gráficas da Livraria do Globo, cuja empresa se denominava José Bertaso & Cia., na cidade de Porto Alegre, no ano de 1949.

HISTÓRICO RELATÓRIO

2) É de se destacar o início do mandato do prefeito — posse em 08/12/ 1947 — que não era uniformizado em datas com o calendário civil, como hoje, e nem coincidia com os mandatos estaduais e federais.

2) Também houve uma grande enchente do rio Araranguá. As enchentes eram bastante frequentes (foto abaixo).

Balanço sintético das receitas e despesas de 1948 (em cruzeiros)

3) Quanto à situação financeira, verifica-se uma realidade semelhante, em sua natureza, a dos dias atuais, em relação às receitas e às despesas. A maior despesa verificada foi referente ao pagamento de pessoal. No tocante à receita, o maior valor referia-se aos Impostos do Estado (IVC, atual ICMF). Cita-se, também, que os saldos do início e do final do mandato foram positivos. Início: Cr$ 58.367,10 — e, no final: Cr$ 95.702,50.

4) Maximiliano Hennemann, guardalivros, reg. nº 309, CRC nº 650, um dos primeiros profissionais da contabilidade do nosso município, foi quem produziu o material contábil dessa peça, que tem a data de 10 de fevereiro de 1949. 5) Sem modéstia, nessa data eu estava completando meus seis anos de idade. 6) Com saudades. Nessa foto da rua Cel. Apolinário Pereira, revi a casa em que nasci, a fábrica de café da família Gomes, a rua e o meu rio Araranguá, onde passei os melhores dias da minha infância (foto abaixo). z REPRODUÇÕES CLÁUDIO GOMES

3) Não bastassem os acontecimentos climáticos, uma grande nuvem de gafanhotos infestou as lavouras do município. Para combater essa praga foi necessário o uso de pesticidas em alta escala, aplicados a partir do nosso campo de aviação, com aviões de pequeno porte, os chamados tecotecos.

BALNEÁRIO ARROIO DO SILVA DISK ENTREGA

Matriz: 3526-1339 Filial: 3526-1112

4) A compra do Campo Agropecuário, o atual Centro de Treinamento da Epagri (foto ao alto).

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SALVADOR

Relatório de 1948

A quarta e última fase do relatório, contém dez fotos do nosso famoso e genial fotógrafo José Genaro Salvador. As fotos foram feitas especialmente para ilustrar esse relatório. Destacamos uma delas (pág. ant.), reproduzida diversas vezes em livros e jornais, incluindo um dos painéis no Restaurante Plaza, que retrata algumas dezenas de veículos na Getúlio Vargas que auxiliaram na abertura da estrada para o Arroio do Silva naquele ano.

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Esta é a prestação das contas municipais do ano de 1948, quando era prefeito Affonso Ghizzo, destinada à apreciação da Câmara de Vereadores de Araranguá. O relatório demonstra a parte contábil das contas financeiras, além da situação das obras e investimentos da nossa municipalidade. z por Cláudio Gomes

NERI DUZ CRO/SC 1544

CIRURGIÃO-DENTISTA Especialista em Implantodontia

Fone (48) 3522-0106 Rua Caetano Lummertz, 41 Sala 01 - Centro Araranguá - SC

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