PANFLETO CULTURAL
H FUNDADO EM 18 DE MAIO DE 1994 H
JORNALECO
APOIO CULTURAL
ANO 25 • Nº 508 • JANEIRO DE 2019 Periodicidade mensal - Tiragem: 1.000 exemplares Fechamento desta edição: 01/01/2019 16h20 E-MAIL: jornaleco.ara@gmail.com CNPJ 28.000.138/0001-00
EDIÇÃO, DIAGRAMAÇÃO E REVISÃO Ricardo Grechi CONTATOS Rossana Grechi ASSISTÊNCIA Guaraciara Rezende, Gibran Rezende Grechi, Nilson Nunes Filho IMPRESSO NA GRÁFICA CASA DO CARIMBO DE Rosa e Aristides César Machado PRODUÇÃO Nicolas Nazari Machado PREPARAÇÃO DO FOTOLITO David Machado Fernandes CORTE Toninho Abel IMPRESSÃO Valdo Martins
TAGS z FLYERS z FOLDERS z CONVITES z PANFLETOS z EMBALAGEM z NOTAS FISCAIS z CARTAZES z CARTÕES DE VISITA z IMPRESSÃO DE LIVROS
© Ricardo Francisco Gomes Grechi (reg. nº 99866, prot.4315/RJ de 17/07/1995)
UMA PUBLICAÇÃO
Av. XV de Novembro, 1807 - Centro - Araranguá Tel. (48) 3524-5916 graficacasadocarimbo@gmail.com
ORION EDITORA Calçadão Getúlio Vargas, 170 88900.035 Araranguá-SC Brasil
Barbearia Raupp D TEXTO DE R ICARDO G RECHI SOBRE DEPOIMENTO DE JOÃO RAUPP F ILHO EM
Na esquina onde hoje se encontra
o Edifício Katiussi, construído pelo Mané Costa nos anos 1980, havia um antigo e estiloso casarão ocupado, nos anos 70, por um famoso bar, uma famosa sapataria e uma famosa barbearia. O bar era o Clube dos Artistas, com duas portas abertas para a XV; a sapataria era do Tapuri, aberta para a Getúlio; e a barbearia era do Joãozinho e do Deodemar, bem na esquina, com uma porta para cada avenida; ainda, para a XV, havia a relojoaria do Zizo, e, pouco adiante, em outra dessas casas remanescentes das primeiras décadas do século 20 e que a partir dos anos 80 começaram definitivamente a desaparecer em nossa cidade, ficava o bar do Crisanto Freitas, a famosa sorveteria. Em 1996, o Joãozinho tinha sua Barbearia Raupp colada à Pizzaria Peninha (antes, era numa casa que ficara oculta pela nova construção do restaurante e da barbearia, e que passara a ser ocupada pelo Agenor). Eu estive lá para entrevistar o Joãozinho, e o fiz filmando a cena enquanto ele cortava o cabelo do Gibran (foto). Na época, Joãozinho era o segundo barbeiro mais antigo em atividade em Araranguá, com 40 anos de profissão: 0 primeiro era o seu Pedrinho, com 79 anos de idade e 53 de profissão, e depois do
1996 D
Joãozinho era o Paulo Victor, que viria a ser o primeiro barbeiro do Arroio do Silva (J.226). A história profissional de Joãozinho Raupp, nascido em Araranguá em 13 de junho de 1931, filho de João Raupp e Jovita Pereira Raupp, e neto do exprefeito Antonio Raupp, começou no prédio de Altícimo Tournier, na Sete. Em 1956, aos 25 anos, já havia trabalhado na Farmácia Minerva, do Tuca Campos, com o Dinarte. Depois, com o Alírio Pereira, Joãozinho fora alfaiate. No prédio do seu Altícimo, então como barbeiro, faria parceria com o Tuca Barbeiro, o Pedrinho e o Tatavo.
É permitida a reprodução de nossos textos originais desde que citados devidamente o autor e o JORNALECO como fonte da publicação.
No início dos anos 70, associou-se ao cunhado, Deodemar Soares, filho do Manequinha Barbeiro (J.474), seu antigo mestre, e montaram a barbearia na esquina da Getúlio com a XV. — O Manequinha morreu com 102 anos — contava o Joãozinho, mostrando um antigo móvel com espelho que pertencera ao Manequinha, e então reduzido no tamanho, depois de um corte feito pelo Antonio Gava, para que coubesse na sua barbearia ao lado do Peninha, onde se aposentou em 2011, aos 79 anos de idade e 55 anos de profissão. Lembrando a moda do topete dos meninos, o corte americano (feito à máquina, tipo tesoura, que ele ainda guardava, sem uso e sem fio), o barbeiro contou que um aprendiz seu, o Lelê, ao travar a máquina na cabeleira de um garoto, “carçou-lhe o cabelo”*, deixando o rapaz chorando na cadeira. Joãozinho casou em 1959 com Nely Cardoso, falecida em 1979. Tiveram os filhos Ronaldo, Roberto e Renita. Em 1981, casou com Tina, e tiveram o filho Juliano. Em 1996, aos 65 anos, orgulhosamente nos exibia o cartaz do Botafogo campeão brasileiro de 95. Joãozinho faleceu em 24 de agosto 2015. (+J.56 25/3/1997)
(*) Segundo o Araranguário: tb carçá o dedão: correr; fugir; sair do meio da confusão; azular.
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RICARDO GRECHI (FOTOGRAMAS DE VÍDEO)
CN
A volta do Araranguário P. 11
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ARARANGUÁ, JANEIRO DE 2019 • ANO 25 • Nº 508 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA – CORTESIA DOS ANUNCIANTES REVISTA DOS ANOS 70 NÃO IDENTIFICADA
©
Em 1995,
o araranguaense, consagrado ator da Globo, Gilberto Martinho, então com 68 anos de idade, atendeu a uma ligação telefônica em sua residência, em São João da Barra-RJ. Quem chamava era seu jovem conterrâneo Alexandre Rocha, à época com 33 anos. Martinho atendeu a ligação, muito solícito, e concedeu uma entrevista ao Alex, inserida depois no livro Histórias do Grande Araranguá, do Pe. João Dall’Alba. O JORNALECO publicou material sobre o ator nas edições 80, 139, 149 e 464. Hoje reproduzimos o texto do livro, que foi publicado em 1997 numa edição conjunta do departamento de Cultura da Prefeitura, com Alexandre Rocha, e da Gráfica Orion Editora, com Ricardo Grechi.
P. 6 e 7 + 4 e 8 Gilberto Martinho, com Arlete Sales, em Cabocla (1979)
casa e construção
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A primeira escola do Morro dos Conventos A partir daí, as meninas da dona Mariquinha do seu Otávio e as outras crianças em idade escolar da vizinhança não precisaram mais atravessar o perigoso rio Araranguá, em várias viagens, na pequena canoa, para alcançar a escola mais próxima, em Cangicas, hoje Hercílio Luz”
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CERTO DOMINGO , eu e minha mãe, Zélia Zita do Canto Machado (dona Zeza), resolvemos falar das coisas do tempo dela, quando criança, lá no Morro dos Conventos, tudo antes de a família – o pai Otávio Ramílio com a esposa Maria Ingracia e sua extensa prole – mudar com tudo e com todos para o centro do Araranguá. E dessa boa conversa, não é que rendeu belas histórias!
A primeira professora por lá foi a dona Zenaide Queiroz. Depois veio o seu Manduca Martins, ambos moradores na sede do Município e pagos pela Prefeitura de Araranguá. Zélia falou, ainda, que nesse tempo era comum o professor ficar a semana toda, e até mais que isso, hospedado na casa deles, onde estava instalada a escola – almoço e pernoite dos visitantes eram bancados pelo dono da casa. Isso acontecia, também, com alguns caixeiros-viajantes e estafetas dos Correios, porém com pernoites de um a dois dias, no máximo. Todos vinham em carroças de duas rodas, também chamadas de aranhas, ou, simplesmente, a cavalo. Alceu Pacheco, o guarda-linha dos Correios daquele tempo, foi um desses assíduos frequentadores. Curiosamente, nas horas vagas, ele trabalhava artesanalmente na confecção de aro de coador de pano, quando, claro, ainda não existiam os atuais filtros de papel. A sala de aula, ainda que instalada num salão, era completa, com quadro negro e carteiras duplas de madeira, como as outras escolas. Mais adiante, aumentando o número de alunos nas redondezas, Otávio Ramílio construiu
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UMA ESCOLA EM CASA Adepto a novidades e muito bem de vida para o seu tempo, com quatro filhas pequenas precisando estudar (Nenê, Lola, Lili e Zeza), seu Otávio – único morador estabelecido com forte comércio de secos e molhados no lugar –, não contou tempo: montou logo uma escola na extensão da própria casa, um salão amplo onde, de tempos em tempos, também aconteciam animadas domingueiras. Na parte da frente ficava o sortido armazém, no meio, a residência com muitos cômodos e, a seguir, avançando para o lado, o grande salão que ora virava sala de aula, ora salão de baile. A partir daí, as meninas da dona Mariquinha do seu Otávio e as outras crianças em idade escolar da vizinhança – mais de 30 – não precisaram mais atravessar o perigoso rio Araranguá, em várias viagens, na pequena canoa, para alcançar a escola mais próxima, em Cangicas, hoje Hercílio Luz. Nascia aí a Escola dos Conventos, que ficou mais conhecida por “Escola do Otávio Ramílio”. Adílsio (Cidinho), Aprígio (Tatuíra) e Abílio (Nozinho), os meninos da família, eram ainda muito pequenos e seDona Zenaide Queiroz, no centro da foto, e seus alunos: a menina de roupa escura que apoia a mão no ombro da professora é Zélia Zita quer estudavam.
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A BANDA uplemento
Você nunca sabe que resultados virão da sua ação. Mas se você não fizer nada, não existirão resultados. MAHATMA GANDHI
Araranguário
Respostas para cantadas ruins
Nove anos após o lançamento do livro Araranguário – Dicionário de Jargões Araranguaenses, chega ao público sua 2a edição. A primeira já estava esgotada faz tempo, e o pessoal andava à cata. Agora, a praça foi reabastecida com uma edição atualizada e ampliada da obra. O Araranguário reúne termos e expressões da fala típica do nosso povo. Esses jargões refletem o imaginário e os humores dos araranguaenses. Depois de surgir e vivenciar períodos de auge, a maioria é abandonada e esquecida pelas novas gerações, mas muitos nunca deixam de ser usados. Né, GALO VELHO! E esse aí, o “galo velho” – um dos nossos jargões imortais – o autor, Ézio Camilo Rocha, define muito bem no livro: “a expressão identifica o experiente, o conhecedor, o sabichão. É o chamado carinhoso a alguém com quem se tem liberdade ou intimidade. A expressão surgiu nas rinhas de galos de briga nos bairros da cidade, identificando o galo bom de briga, aquele mais experiente, que sabia bater e ganhar a briga. O mesmo que campeão. É um dos jargões mais tradicionais e, ao que se sabe, originário de Araranguá”. Claro que há variantes em outros terreiros, como o “galo véio” dos gaúchos, mas em nenhum outro lugar o adjetivo galináceo pegou tanto que “galo velho” poderia até nos valer como um legítimo gentílico, tipo: quem nasce em Araranguá é galo velho. Passando por uma revisão completa, e incrementada com um índice remissivo, a nova edição do “livro do Ézio” saltou de 364 para 487 jargões, ganhando outros causos e um capítulo lírico com os poemas de Kamamilo. “E ainda por cima”, a obra agora tem registro de ISBN. Mantendo as apresentações anteriores, a nova edição traz um prefácio do Valmirei Emerim falando do antes, do durante e do depois. Do “durante”, o Formiguinha escreveu: “...uma gama enorme de novos vocábulos, causos e expressões eram trazidos ao autor para reforçar ainda mais seu cabedal de conhecimento sobre o assunto. Interessado, ele dizia: — bah, cara, que legal! Deixa eu anotar. Pegava um guardanapo e escrevia com avidez o que lhe era passado. No Plaza, isto acontecia quase diariamente”. E foi no Restaurante Plaza, na manhã do sábado, 22 de dezembro, que o livro foi relançado. Mas não para por aí. O trabalho continua. Ézio seguirá resgatando jargões e anotando sugestões para uma próxima edição. (RG)
— Se beleza desse cadeia, você pegaria prisão perpétua. RESPOSTA: Se feiúra fosse crime, você pegaria pena de morte. — Gata, você é linda demais... só tem um problema: a sua boca está muito longe da minha! RESPOSTA: Questão de higiene... — Você é a mais bela das flores, uma rosa. Quer florescer no meu jardim? RESPOSTA: Eu ia morrer de sede com esse seu regador... — Eu não acreditava em amor à primeira vista, mas quando te vi mudei de ideia. RESPOSTA: Que coincidência! Eu também não acreditava em assombração. — Se tivesse uma mãe como você, mamaria até os 30 anos. RESPOSTA: Se eu tivesse um filho como você, mandaria para o circo! — Oi, o cachorrinho tem telefone? RESPOSTA: Por quê? Sua mãe está no cio? — Este lugar está vago? RESPOSTA: Está, e este aqui onde estou também vai ficar se você se sentar aí. — Será que eu já não te vi em algum lugar? RESPOSTA: Claro! Eu sou a recepcionista da clínica de problemas de ereção... não se lembra? — A gente vai para a sua casa ou para a minha? RESPOSTA: Os dois. Você vai para a sua casa e eu vou para a minha. — Eu queria te ligar, qual é o seu telefone? RESPOSTA: Está na lista. RÉPLICA: Mas eu não sei o seu nome. TRÉPLICA: Também está na lista, na frente do telefone. — Eu quero me dar por completo pra você. RESPOSTA: Sinto muito, eu não aceito esmola. — Se eu pudesse te ver nua, eu morreria feliz. RESPOSTA: Se eu pudesse te ver nu, eu morreria de rir. — Está procurando boa companhia? RESPOSTA: Estou, mas com você por perto vai ficar mais difícil encontrar...
A volta do
uma nova escola, distante uns 800 metros da antiga. E ali funcionou por vários anos. Ainda da primeira sala, em dias de baile, tudo ali era recolhido e trocado por vários bancos, estes que debruavam as quatro paredes. Ao centro, um bom espaço livre, reservado para o arrasta-pé. E para servir bebidas e lanches, só no balcão do pequeno bar instalado num canto do salão. Mesas e cadeiras, ainda não eram usuais em clubes recreativos. E, falando dos bailes e outros eventos festivos e religiosos no Morro dos Conventos, nunca faltava por lá, nessas horas, a animadíssima Banda Musical, corporação também criada e mantida por Otávio. Detalhou Zélia que ele mesmo se encarregou de comprar os 30 instrumentos em São Paulo e mantê-los guardados num anexo do salão. Tudo era repassado aos músicos e maestro, cada vez que iam do centro de Araranguá exclusivamente ao Morro dos Conventos. Detalhe: circos também eram comuns por lá, pois Otávio Ramílio não perdia a chance de levar ao Morro todos os espetáculos que chegavam à z Sede (centro da cidade).
JANEIRO 2019
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(NET)
(+ J.218: biografia do Ézio; J.331: lançamento da 1a edição)
JORNALECO 508
por César do Canto Machado
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POLÍCIA MILITAR: 190 POLÍCIA RODOVIÁRIA FED.: 191 SAMU: 192 BOMBEIROS: 193 ATENDIMENTO À MULHER: 180
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Zezinho Pistoleiro (II)
N.A. Narcóticos Anônimos
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EDIÇÃO: ROSSANA GRECHI
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João Batista de Souza
Reun. 2as f., 20h - Junto ao A.A. - Araranguá
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fama do Zezinho Pistoleiro se A espalhou, chamando a atenção das
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autoridades policiais. Os moradores locais conheciam e gostavam do Zezinho, mas todos se encontravam em situações extremas: se o abrigassem, dando-lhe pousada, sofreriam pressão da polícia, se não o abrigassem, ficariam mal com o pistoleiro. Criou-se um clima de medo entre os moradores das regiões próximas, tanto no sul de Santa Catarina, quanto no vizinho estado do Rio Grande do Sul. A situação ficou tão difícil, que alguns moradores da comunidade de Mãe dos Homens, Roça da Estância, em Santa Catarina, tiveram que se mudar para o Paraná. Em função do medo estabelecido, vêm os comentários de rua e nas bodegas. Um morador da comunidade de Roça da Estância, ou Mãe dos Homens, em conversas sobre Zezinho entre amigos em uma bodega, querendo mostrar que não o temia, teria dito: — O quê! Vocês têm medo do Zezinho? Eu o coloco no bolso!” Esse impropério “caiu” nos ouvidos do pistoleiro. Tempos depois, o “valentão” aquele que queria colocar Zezinho no bolso, estava indo a Praia Grande de carona em um caminhão de entrega de mercadorias. No trajeto, ainda perto da localidade onde residia o caroneiro, estourou um pneu do caminhão. O motorista começou a trocar o pneu avariado e o desafiante assistia a tudo, tranquilo, de cima de um pequeno barranco, na estrada. Quando tem que acontecer... O pneu do caminhão já havia sido trocado, quando Zezinho, nesse momento, passa pelo local onde estava o caminhão. Zezinho então pergunta ao valentão:
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“Se não é correto, não faça; se não é verdade, não diga. Mantenha seus impulsos sob controle” MARCO AURÉLIO, imperador romano (161-180)
Saúde mental psíquicas, a saúde da mente pode aliar o dom de um ser para avaliar a existência e a busca da harmonia entre as ações EMBORA a Organização Mundial de e as diligências necessárias a fim de Saúde alegue que não há como definir se alcançar o que se entende por convencionalmente a saúde mental, resiliência psicológica – a capacidade há várias afirmações significativas de transcender traumas e restituir as sobre este conceito que podem contri- boas condições emocionais. buir para uma melhor compreensão Se a pessoa se revela hábil na gestão da de sua amplitude. A World Health própria existência e conduz posiOrganization afirma que ela é uma tivamente suas diferentes emoções no condição na qual o ser humano alcan- interior de um vasto prisma de instaça o que se denomina de bem-estar bilidades, sem se deixar dominar por integral, o qual engloba as esferas desvarios e fantasias, ela pode ser consiorgânica, psíquica, social e espiritual; derada mentalmente saudável. Mas o portanto, não diz respeito apenas à principal fator de determinação da carência de enfermidades e fraquezas. sanidade mental é o nível de bem-estar, FONTE: www.INFOESCOLA.com/
psicologia/saude-mental/amp/
indivíduos concretizam e atualizam suas aptidões, conseguem enfrentar as dificuldades existenciais do cotidiano, trabalham produtivamente e ajudam a desenvolver o grupo social no qual estão inseridos, ainda de acordo com a World Health Organization. Do ponto de vista da psicologia positiva, corrente moderna que
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centra seu foco mais na questão da sanidade mental do que nas doenças
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do todo, quando não submetidas a terríveis suplícios, visando a repressão de suas emoções e dos seus pensamentos, não só com o eu interior, mas também rejeitados pela maioria considerada sã. com os outros seres. Desta forma, a medicina utilizou um O bem-estar implica em admitir as discurso científico para justificar a adversidades da existência, apren- construção de hospitais, hospícios e der a trabalhar as emoções positivas e outras instituições que tinham como igualmente as negativas – alegrias, tris- objetivo explícito retirar do meio tezas, tranquilidade, raiva, frustrações, social os enfermos mentais. entre outras –, bem como em conhecer Desde então a ciência psiquiátrica se as próprias limitações e, quando julgar desenvolveu o suficiente para gerar necessário, pedir socorro a outrem. terapêuticas em ambulatórios, muito Alguns elementos são fundamentais mais eficientes no tratamento de espara que se possa identificar a presença quizofrênicos, depressivos, pacientes da saúde mental em um determinado ser bipolares, e de outros tantos distúrbios ou em uma dada comunidade. Dentre psíquicos. Eles são medicados e algumas eles estão as ações positivas que a pessoa vezes encaminhados para sessões com pode direcionar para si mesmo; a evo- psicoterapeutas. lução, o aprimoramento e a realização Fontes: http://pt.wikipedia.org/wiki/Saúde_mental pessoal; a adaptação ao meio e as http://www.saude.pr.gov.br/modules/conteudo/ reações emocionais; independência e conteudo.php?conteudo=1059 autodeterminação; recepção mais sele- http://www.psicologia.com.pt/media/ver_livro.php?id=141 Prof. Robert Cloninger. Promoção do bem-estar em cuidados de tiva do real; conhecimento do contexto saúde mental centrados na pessoa, in Dora Incontri (org.). em que se vive e aptidão para uma Educação e Espiritualidade - Interfaces e Perspectivas. Editora melhor convivência na sociedade. Comenius, Bragança Paulista, 2010, p. 16.
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Até o século 18, pessoas mentalmente marginalizadas eram apartadas do convívio social, excluídas e separadas
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Na verdade, trata-se de atingir um padrão de vida mais elevado, no sentido afetivo e na maneira como se busca o conhecimento, ou seja, é a capacidade de apresentar um equilíbrio estável entre as aquisições interiores e as experiências ou pressões exercidas pelo mundo exterior.
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— Não foi tu aquele que disse que chegou à comunidade um delegado colocava o Zezinho no bolso? de Polícia, vindo de Araranguá, com O outro levanta as duas mãos, um pelotão de soldados e um mantentando se explicar: dado de prisão contra Zezinho. — Não, Zezinho... Ao saber onde ele se encontrava, Não completou a frase. Recebeu se entrincheiraram nos troncos das um tiro bem no meio da testa e caiu árvores e começaram, lentamente, para trás, com os dois braços aber- a caminhada em direção ao casebre. tos. O motorista entrou no camiAo transpassarem um córrego, nhão e retornou a Praia tinham pela frente um Grande, de tal forma pequeno descampado. que talvez um carro de No centro dessa clareira Fórmula 1 não o alcanficava o casebre onde se çaria. encontrava o caçado. Depois disso, Zezinho De dentro do casebre, passou a se esconder Zezinho pressentiu a nas matas das encostas aproximação dos polida serra e dos paredões ciais. A única janela da das montanhas, sempre casinha dava justatrocando de Estado à mente de encontro aos medida que pressentia seus caçadores. Zezinho ou era avisado da prepulou a janela, atirando, sença da polícia. e embrenhou-se no peUm dia, o professor queno capão de mato João, já morando e leciatrás da casa, enquanto onando no Rio do Boi, recebia uma saraivada recebeu a visita do seu de tiros às suas costas. amigo Zezinho. Ele vieNão conseguiram pera pedir uma pequena gar o rapaz ainda dessa Fã de filmes de faroeste, nas décadas de 1960 e 1970 Zezinho quantia de dinheiro emvez. Depois, o delegado, se portava como um pistoleiro prestado. Como João ainda extasiado com não dispunha do dinheiro no mo- aquela escaramuça, dizia na bodega mento, disse-lhe que aguardasse o do senhor Avelino: recreio das dez horas, que ele iria até — A gente atirava, ele caía. Pensásua casa buscar tal quantia. vamos que estava morto. Ele levanZezinho, enquanto aguardava o tava novamente e fugia. Parece que recreio da escola, atravessou um tem trato com o demo! pequeno bosque com um córrego Após a confusão e tudo acalmado, desviado do Rio do Boi, de serventia João ficou a pensar: “Já pensou se o aos moradores do vilarejo, e foi até delegado e seus soldados ‘batessem’ a casa de outro amigo, um caboclo. na pequenina vila de Rio do Boi no O casebre de madeira rústica não momento em que o Zezinho estitinha mata-juntas nas paredes, de vesse dentro do educandário: não maneira que de dentro de casa era poderia acontecer uma carnificina?” possível perceber qualquer moviAlgum tempo depois, Zezinho se mento fora. entregou e cumpriu sua pena. O Zezinho conversava com a dona Extraído do livro E agora, João? da casa, pois seu amigo não se en- de João Batista de Souza. contrava presente. Nesse ínterim, Orion, 2015, p. 242 a 244
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Entrevista com Gilberto Martinho
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O ALEXANDRE ROCHA conseguiu o telefone do Gilberto Martinho com a Talita Guimarães. Talita e seu irmão Francelício, o Xixo, eram grandes amigos do Martinho, a quem ele sempre visitava em suas vindas à terra natal. Na época, trabalhávamos a edição do livro do padre João Dall’Alba Histórias do Grande Araranguá, publicado em 1997. O Alex, então, ligou pro Martinho, que atendeu a chamada em seu sítio, em São João da Barra, no estado do Rio de Janeiro. Martinho Gilberto de Freitas nasceu em Ilhas em 1927. Mudando-se para o Rio aos 14 anos, fez carreira de ator no teatro, no cinema e na televisão, tornandose um dos atores de TV mais famosos do país, marcado por seus “coronéis” nas novelas da Globo, como o Coronel Justino, em Cabocla (1979), e o Coronel Ricardo Amaral, rival do Capitão Rodrigo (Tarcísio Meira), na minissérie O Tempo e o Vento (1985). Em 1995, o Alex (nosso genial pintor) trabalhava na Casa da Cultura. E foi dali que fez a ligação para Gilberto Martinho, que o atendeu com muita satisfação. Sem as facilidades de hoje para gravação e comunicação via internet, Alex conversou um longo tempo com o ator, anotando a lápis tudo o que ouvia. Aos 68 anos, o ator deu um belo depoimento, pontuado de memórias vivas e de muita emoção pela saudade de Araranguá. Foi aí que Martinho revelou – a um privilegiado Alexandre Rocha – que muito se inspirou em antigas figuras que via nas corridas de cavalo em Araranguá, em sua infância, para construir as características de seus “coronéis” – transportando assim aspectos regionais do Grande Araranguá para a cena televisiva nacional. Alex editou o material para o Histórias. Na falta do livro, hoje raro e aguardando uma republicação, você poderá ler o texto nas p. 6 e 7 deste JORNALECO, além de outras informações, na p. 8, sobre o araranguaense de maior projeção no cenário nacional. Gilberto Martinho faleceu em 2001 e Araranguá jamais homenageou, à altura, seu filho mais célebre. z
A revista Time publicou uma série de dicas que podem fazer com que você melhore suas relações interpessoais ou, quem sabe, se torne uma pessoa com mais amigos. As dicas são de Robin Dreeke, que estudou os mais diversos tipos de relacionamentos durante quase 30 anos e é considerado uma espécie de ninja comportamental do FBI.
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José Wilker e Gilberto Martinho em quadrinho de fotonovela da revista Sétimo Céu dos anos 1970
(década de 50) era escalar o Morro Centenário e chegar ao cruzeiro. De lá, descortinava-se um cenário extraordinário: a própria cidade e as várzeas magníficas da margem esquerda – região da Barranca, a ainda emergente área urbana com suas edificações perdidas em meio a uma vegetação protetora hoje inexistente em sua maior parte. E, do outro lado, o distante Arroio do Silva e as dunas brancas, visão de anseios para quem, como eu, jamais a tinha frequentado, diferente de meus sobrinhos e irmãos, habituês do local. Seus relatos me inspiravam e me incutiam invejas. Um dia lá fui, mas naqueles momentos ali, olhando lá de cima do Morro Centenário, parecia um sonho distante. As escaladas, umas duas ou três, se tanto, durante todo o tempo, foi com o Juja (José Francisco Grechi), meu amigo constante, filho de seu Urivalde e dona Eufêmia, irmão de Ronald (Humberto Ronald Grechi) e Dom Moacir Grechi, algum tempo depois o emblemático bispo de Acre-Purus, região conflagrada por grileiros e exploradores da borracha, a quem a própria família se referia com um orgulho e um respeito profundo. Da família Grechi, aliás, fomos amigos de todos seus principais representantes. Mais de seu Urivalde e dona Eufêmia, claro, pois era uma convivência mais assídua, porém Ernesto e Urbano giravam em torno de política e imprensa, coisa que os irmãos e mais tarde eu mesmo fizemos com certa desenvoltura na cidade. Ernesto, com sua verve jornalística, construiu um modelo de jornalismo atraente na leitura e no conteúdo. Ele manobrava muito bem a pena e o estilo de dizer. Leve, popular, direto, alegre. Com ele tive relação discreta. A maior lembrança foi quando ele criou as “Lojas Grechi”, a primeira grande loja, digamos assim, de departamentos da cidade. Vendia de tudo – de cristais a bola de pingue-pongue. Um experimento inovador na cidade. Marcou época como ousadia de investidores. Com Urbano houve um episódio cujos detalhes não contarei, mas foi importante para mim como fator de amizade e compartilhamento e parceria. Foi quando eu precisei ir a Florianópolis fazer minha primeira carteira de identidade, pois somente lá era possível. Viajei de ônibus, fiz o que tinha de fazer e, ao circular na Praça XV, encontrei o Urbano (Baninho) que, alegre, me cumprimentou e me ofereceu carona de retorno ao Araranguá. Seria à noite. E então, no meio do caminho, havia uma boate na altura da Laguna e ele quis entrar. Sem dinheiro, fiz objeção e ele se dispôs a custear tudo. Os detalhes disso não contarei, mas foi épico. Engraçado até. Um dia, quem sabe, pessoalmente contarei a quem interessar. Como os assuntos se misturam, né? É inevitável. É muita coisa pra lembrar daqueles tempos. Daria uns vinte livros bem alentados de crônicas e passagens. Quem sabe, um dia...
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1 – O QUE FAZER QUANDO CONHECER UMA PESSOA NOVA Na primeira vez que conversar com uma pessoa, busque conhecer alguns dos pensamentos e das opiniões dela. Faça perguntas, escute e não demonstre, de forma alguma, qualquer tipo de julgamento. “Não significa que você concorda com a pessoa”, explica Dreeke, que defende a ideia de que a primeira conversa serve para conhecermos o máximo possível sobre alguém. Não julgar significa respeitar, e todo mundo gosta de ser respeitado. Digamos que você escute algo com que não concorde ou de que não entenda. Em vez de franzir a testa ou fazer cara feia, o ideal é dizer algo como: “Nossa, isso é realmente interessante. Nunca tinha pensado sob esse ponto de vista. Ajude-me a entender como você chegou a esse pensamento”. Então, não apenas você está respeitando como demonstrou interesse. Fazer com que as pessoas se sintam confortáveis para falar a respeito delas mesmas é um grande negócio. Na verdade, algumas pesquisas já sugeriram que muita gente tem mais prazer falando sobre a própria vida do que comendo ou gastando dinheiro. 2 — DEIXE O EGO DE LADO Se tem uma coisa que as redes sociais nos ensinaram é que seres humanos têm uma necessidade muitas vezes incontrolável de provar que o outro esteja errado. Se você é do tipo que adora pescar pontos contraditórios no discurso alheio para depois apontar os erros nas fuças do interlocutor, saiba que, bem... Você é um chato. E não deve fazer isso, caso queira que a pessoa com quem você está conversando vá com a sua cara. “Suspender seu ego é colocar suas necessidades, desejos e opiniões de lado. É, conscientemente, ignorar seu desejo de estar correto e corrigir uma pessoa. Não significa permitir que você seja emocionalmente sequestrado por uma situação em que você pode não concordar com os pensamentos, opiniões ou ações de alguém”, explica o especialista. Ou seja: não há problema em guardar sua opinião para você mesmo. É, inclusive, bom. Não estamos dizendo que você precisa se comportar como uma mosca morta e aceitar tudo o que ouvir por aí. A questão é que é preciso ter noção das coisas, e pessoas que vivem batendo boca ou corrigindo os erros alheios geralmente não são as mais queridas em um grupo – repare. Neurocientificamente, isso também tem uma explicação: nosso cérebro “desliga” ao ouvir de alguém que estamos equivocados. O lado racional fica abatido e nos preparamos para a briga. A lógica aqui é bem simples: se você quer que a pessoa goste de você, espere ter mais intimidade para discordar dela e, quando fizer isso, seja coerente.
3 – APRENDA A OUVIR! Já falamos que as pessoas adoram falar delas mesmas e, justamente por isso, quando encontram alguém disposto a ouvir o que dizem, a conexão se estabelece quase que naturalmente. Ser um bom ouvinte, no entanto, não é exatamente simples – afinal, se todo mundo ama falar sobre si mesmo, por que com você seria diferente? É por isso que você precisa entender bem o que significa ser um bom ouvinte. Não quer dizer que o interlocutor vai fazer um monólogo, e você vai ficar olhando, mudo. Na verdade, o ideal é prestar atenção no que o outro diz e não ficar medindo palavras: o diálogo precisa fluir, e ser um bom ouvinte significa fazer comentários e perguntas interessantes, pertinentes. “O que você deve fazer é o seguinte: assim que tiver uma história ou ideia que gostaria de dividir, não faça isso. Conscientemente, diga para você mesmo: ‘Eu não vou dizer isso’. Tudo o que você deve fazer é se perguntar: ‘Qual ideia ou pensamento que a pessoa mencionou eu acho fascinante e quero explorar?’”, recomenda Dreeke. Quando você diz para uma pessoa falar mais a respeito de um determinado assunto, ela automaticamente passa a gostar mais de você e, inclusive, vai sentir necessidade de ajudá-lo. Algumas pesquisas já comprovaram isso. 4 — A MELHOR PERGUNTA QUE VOCÊ PODE FAZER Dreeke conta que perguntas intrigantes e consideradas boas são aquelas que questionam os últimos grandes desafios das pessoas. Nesse sentido, vale perguntar quais foram os maiores desafios que alguém enfrentou no trabalho, na faculdade ou ao morar em determinada região. “Todo mundo passa por desafios. Isso [perguntar sobre eles] faz com que as pessoas revelem suas prioridades em determinado ponto da vida”, garante o expert. Fazer perguntas é tão importante que já se sabe, por exemplo, que pedir conselhos é uma ótima forma de influenciar alguém. Então, além da questão dos desafios, é vantajoso mostrar interesse pela opinião da outra pessoa e, se possível, perguntar o que ela faria se estivesse no seu lugar com relação a alguma coisa. Pedir conselhos é bom para os dois lados. 5 — COMO SE APROXIMAR DE PESSOAS NOVAS Conhecer alguém nem sempre é a tarefa mais fácil. Então, para evitar a fadiga, você pode achar uma brecha para dizer que estará indo embora em breve. Para Dreeke, o primeiro diálogo precisa conter algumas informações bastante específicas: quem é você, o que você quer e quando você está indo embora. Essa questão tem a ver com segurança e controle. Para entender bem, é só mudar o ponto de vista e compreender que, da mesma forma que você não se sentiria confortável se uma pessoa completamente estranha começasse um diálogo bizarro, os outros também não se sentem. Ao saber que a pessoa está indo embora em breve, surge essa sensação de controle da situação. E aí é normal que a conversa
FONTE: https://m.megacurioso.com.br/
comportamento/74097-veja-7-dicas-deum-especialista-do-fbi-para-que-aspessoas-gostem-de-voce.htm
siga de maneira mais natural e relaxada. Depois, se for o caso, você muda o discurso e pergunta se a pessoa não se incomodaria se você ficasse mais um pouco. 6 — ALGUMAS COISAS SOBRE LINGUAGEM CORPORAL Da mesma maneira que você precisa ser um bom ouvinte, fazer perguntas interessantes e pedir conselhos, é importante prestar atenção naquilo que seu corpo diz mesmo quando você está de boca fechada. Nesse sentido, a coisa mais importante é sorrir – uma das formas mais simples de conseguir a confiança de alguém. Se você sorrir lentamente, melhor ainda. O sorriso é contagioso, e já se sabe, por exemplo, que ver determinadas pessoas sorrindo dá ao nosso cérebro o mesmo prazer que ele teria se comêssemos duas mil barras de chocolate. Outros sinais que ajudam: deixar o queixo apontado para baixo um pouquinho e inclinar a cabeça para o lado de vez em quando. Também é bom não ficar totalmente de frente para a pessoa – isso é intimidador. Enquanto estiver falando, deixe a palma das mãos para cima – esse gesto é interpretado pela pessoa com quem você está conversando como “eu estou ouvindo o que você diz e estou aberto a novas ideais”. Levantar as sobrancelhas de vez em quando também é positivo. Nada de franzir a testa ou morder os lábios: isso demonstra estresse. 7 — COMO LIDAR COM ALGUÉM EM QUEM VOCÊ NÃO CONFIA Às vezes, não adianta: acabamos tendo que interagir mesmo com aquelas pessoas que não nos inspiram confiança. Aliás, se a sensação for a de que alguém está tentando manipular você, é preciso saber o que fazer, certo? Dreeke explica que, nessas situações, a primeira coisa a ser feita é esclarecer quais são os objetivos de cada pessoa. Ele até nos mostra um modelo do que pode ser dito: “Você está usando palavras muito boas comigo. Obviamente você é muito habilidoso no que faz, mas eu estou realmente curioso: qual é o seu objetivo? O que você está tentando alcançar? Eu estou aqui com os meus objetivos, mas obviamente você precisa alcançar os seus. Então, se você me contar que objetivos são esses, nós podemos começar a partir daí e ver se conseguimos cuidar deles mutuamente. Se não der, tudo bem”. A dica maior é focar sempre na sinceridade, não em truques ou joguinhos. É dessa forma que as pessoas vão começar a respeitar você; afinal, ao falar a verdade, você demonstra fragilidade – é normal respeitarmos quem tem coragem para fazer isso. Quando as pessoas falam a respeito de qualidades fundamentais em um amigo, um parceiro amoroso ou um colega de trabalho, a palavra “sinceridade” não é facilmente listada? Pois é. Ser sincero vale realmente a pena. (Texto: Daiana Geremias)
m TRABALHOS NA TV
F A CRÔNICA DOS ANOS 60 F ANO VI - 31 DE DEZEMBRO DE 1965 - Nº 134
Gilberto Martinho com as irmãs e o irmão (Rio, meados dos anos 1950)
1952 - Grande Teatro Tupi (faz vários personagens na inauguração da TV no Brasil) 1957/1963 - O Falcão Negro (seriado de aventuras infanto-juvenil na TV Tupi do Rio) 1964 - Alma Cigana (como Barrabás; SUA PRIMEIRA TELENOVELA, na TV Tupi do Rio) 1967 - Anastácia, a Mulher sem Destino (ESTREIA NA TV GLOBO, de onde nunca sairá) 1967/1968 - Sangue e Areia (faz o personagem Ben) 1968/1969 - A Grande Mentira (Jorge Antônio) 1969 - Rosa Rebelde (Tony Navarro) 1969/1970 - Véu de Noiva (Felício) 1970/1971 - Irmãos Coragem (Coronel Pedro Barros) 1971/1972 - O Homem que Deve Morrer (Mestre Jonas) 1972/1973 - Selva de Pedra (Aristides Vilhena) 1973 - Uma Rosa com Amor (Carlos de Vasconcelos) 1973 - Caso Especial: Medeia 1973/1974 - Carinhoso (Felipe) 1974 - Caso Especial: O Crime do Zé Bigorna 1974/1975 - Fogo Sobre Terra (José Martins) 1975 - Gabriela (Coronel Melk Tavares) 1975/1976 - Pecado Capital (Raimundo) 1976 - Escrava Isaura (Comendador Almeida) 1977 - Locomotivas (Gervásio Lambrini) 1977/1978 - Sinhazinha Flô (Pêpe, o Cigano) 1978 - Maria, Maria (Antônio Roxo) 1979 - Memórias de Amor (Mauro Pompeia) 1979 - Cabocla (Coronel Justino Caldas) 1980 - Chega Mais (Seu Gilberto Barata) 1981 - Baila Comigo (Antenor Gomide) 1982 - O Homem Proibido (Jocemar) 1983/1984 - Voltei pra Você (Januário) 1984/1985 - Vereda Tropical (Seu Barbosa) Francisco Cuoco e Gilberto 1985 - Minissérie: O Tempo e o Vento (Coronel Ricardo Amaral) Martinho em Pecado Capital (1975/76) 1986/1987 - Roda de Fogo (Gilson Góes; SUA ÚLTIMA NOVELA) 1994 - Você Decide: Carga Pesada + capa, p. 4, 6 e 7 1995 - Você Decide: A Greve 1996 - Você Decide: Francisco (seu último trabalho na TV) Fonte: Wikipédia ○
Em Carinhoso (1973-74), Gilberto Martinho era o pai da heroína Cecília (Regina Duarte)
z Cia. de Cigarros Souza Cruz z Fornecedora Auto Mecânica Ltda. (Nado) z Mecânica Nelinho (Manoel Salvato Pereira) z Loja Leão z Feira de Calçados z Posto de Gasolina Atlantic (Ascindino Sá & Filho) z Casa Nova z Dr. Eroni Gomes, advogado z Farmácia da Fé (Altícimo Tournier) z Caixa Econômica Federal z Farmácia Alvorada (Marcos Rocha & Cia.) z Casa Cometa z Transportes Araranguaense S/A – Posto Texaco z Fábrica de Balas Beija-Flor (Max Hahn) z Restaurante Quitandinha z Araranguá Tênis Clube z Edvanes Manoel Gomes z L. Marques Petry & Cia. z União Clube Cidade Alta z Walter Belinzoni & Cia. (Produtos Glória) z Cooperativa Rural dos Produtores do Vale do Araranguá z Flavio Crippa z Empório Doméstico z Banco Inco z Ind. de Carrocerias Bittencourt z Empresa União de Transporte Ltda. z Secadores Vidart (Gravataí-RS) z Fábrica de Balas Estrela (Antonio Lauro da Silva) z J. Mazzuco & Cia. z Grêmio Fronteira z Associação Rural de Araranguá z Irmãos Almeida z Ferreira & Cia. z Churrascaria Campos z Banco Nacional do Comércio z Sapataria São José z Farmácia Popular (Nilson Antonio Nunes) z Irmãos Wendhausen z Madeireira Sulplano Ltda. – Confecções Machado z Joaquim Luiz Dias, contador, e Haroldo Luiz Dandolini, téc. em contab. z Rotary Clube de Araranguá z Casa do Papai (José Orige) z Hotel Alvorada z Bar-Restaurante Zingaro (Osmar Soares) z Dimasa S/A z Casas Bandeirante z Posto de Serviço Ipiranga (André Wendhausen Pereira) z Comagri S/A z Empresa Santo Anjo da Guarda z Empresa Luz e Força de Araranguá z Farmácia Avenida z Lions Clube de Araranguá z Gomes, Garcia & Cia. Ltda.
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Rádio Araranguá Completou, no dia 28 do fluente, 13 anos de existência a ZYT-3 Rádio Araranguá. Durante esse tempo, a Rádio Araranguá prestou relevantes serviços à coletividade, principalmente à gente do interior.
A IMPRENSA FAZ NOTÍCIA Rui Arino Cardoso Assumiu a gerência da Rádio Araranguá, o radialista Aristides Ostetto, em substituição ao jornalista Osmar Nunes, que licenciou-se por tempo indeterminado [eleito prefeito].
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Promete reestruturar a programação da mesma e já lançou, diariamente às 11h30, o “Jornal Falado T-3”, juntamente aos radialistas Enio F. Ouriques e Aimberê Araken Machado. O QUE SAI...
José Rocha Em 1960, numa campanha eleitoral memorável, José Rocha colhia espetacular triunfo, elegendo-se prefeito municipal de Araranguá. Vencendo o poderio da política dominante da época, José Rocha valorizou seu triunfo de uma maneira soberba e indiscutível. No entanto, o novo prefeito não foi feliz.
“José Rocha [PTB], que no dia 31 de janeiro entregará as rédeas do governo da cidade ao seu substituto, Osmar Nunes [UDN]”
REPR. CLICHÊ
Temos recebido diversas manifestações de agrado com relação à nossa edição especial, datada de 18 de dezembro, com 32 páginas, fartas de clichês, reportagens e matéria útil. Transferimos parte dessa honra às firmas comerciais e industriais da cidade, que na maioria contribuíram prazerosamente para que pudéssemos equiparar a imprensa de Araranguá às congêneres de outras cidades interioranas do nosso Estado. NJ.: Nas duas edições anteriores do JORNALECO ocupamos quatro páginas para reproduzir material daquele histórico CORREIO DE ARARANGUÁ, a primeira publicação gráfico-editorial de grande porte produzida em nossa cidade. Veja a relação dos patrocinadores da empreitada:
APOIO CULTURAL
1927, Gilberto Martinho, ainda jovem, se muda para o Rio de Janeiro [com sua mãe, Jovita Marques de Freitas, e cinco irmãos (J.139)] e lá inicia os estudos de arte dramática no Teatro do Estudante. Em 1950 participou da inauguração da televisão no Brasil ao estrear na TV Tupi fazendo teleteatro. À convite de Henriette Morineau, integra o grupo Os Artistas Unidos. Em 1951 tem sua primeira oportunidade no cinema com o filme Maria da Praia, sendo apontado como a revelação do ano, ganhando o prêmio da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (ABCC). Também ganhou os prêmios "Saci" e "O Índio", criados em 1951. Por isso, passa a ser bastante requisitado para outros trabalhos no cinema, chegando a fazer vários filmes, como Rua Sem Sol (1954), O Rei do Movimento (1954), Mãos Sangrentas (1955), O Diamante (1956), Fuzileiro do Amor (1956), dentre outros de relativo sucesso. Ainda, no teatro, atuou na companhia de Bibi Ferreira, entre outras. Na televisão, se destacou pela primeira vez ao interpretar Falcão Negro na série que ficou sete anos no ar na TV Tupi do Rio de Janeiro [na TV Tupi de São Paulo, outro ator fazia o papel]. Ainda na Tupi, fez sua primeira telenovela: Alma Cigana, em 1964. Sua estreia na Rede Globo se deu com a novela Anastácia, a Mulher sem Destino, em 1967.
Em 1970, ganha notoriedade nacional ao interpretar o Coronel Pedro Barros na novela Irmãos Coragem, de Janete Clair. [Durante vinte anos (1967-87), esteve em 25 novelas da emissora, dentre elas algumas de grande sucesso como Selva de Pedra, Gabriela, Pecado Capital, Escrava Isaura e Locomotivas.] Foi o mais autêntico dos “coronelaços” nos papéis centrais das novelas e dos palcos brasileiros. Gilberto Martinho era casado, tinha três filhos e faleceu de câncer pulmonar em 19 de agosto de 2001. Foi sepultado [com roupas brancas e sem sapatos, conforme seu desejo (Folha)] em Barra de São João, na Região dos Lagos, no Rio de Janeiro.
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Nascido em Araranguá, em 14 de janeiro de
j LOGOTIPO CRIADO POR C. E. GUASCO (ESTREOU NA EDIÇÃO 169 DE 16/04/1968 E FOI USADO ATÉ O FINAL)
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Vida e obra de Gilberto Martinho
Diretor WLADINIR LUZ Redator ERNESTO GRECHI FILHO Gerente HERVALINO CAMPOS Tipógrafos WALDEMIRO, FERRINHO, NEI etc. Impressão: GRÁFICA LIDER (LIDO) (ORION) de 1960 a 1975 Redação e oficina: Av. Getúlio Vargas, 158-170, em frente ao Cine Roxy
De início, com a austeridade e energia que o presidente Jânio Quadros impôs à Nação, tudo fazia transparecer que os governantes fariam sucesso em suas administrações. Os eleitos passaram a basear suas administrações nos métodos sadios do então presidente. (...) Todavia, pouco tempo depois, Jânio Quadros, de maneira covarde e sem explicações, abandona as rédeas do governo, criando desde aquele momento um clima de insegurança em todo o país. (...) O interior sofreu o impacto da atitude desonrosa do presidente renunciante. (...) Dessa forma, o prefeito José Rocha passou seu maior período governamental abaixo de crises e revoluções. De outro lado, não contou o prefeito José Rocha com o apoio da Câmara de Vereadores, que em todo o tempo lutou contra sua atitudes, tolhendoo em seus planos de obras. Do governo estadual, de quem José Rocha mais esperava, nada conseguiu. Até hoje, reclama amargamente contra seus próprios companheiros de campanha, que o relegaram ao abandono, colaborando negativamente para o sucesso de seu governo. Verbas federais e estaduais, vencendo uma barreira de morosidade e burocracia, chegavam-lhe às mãos em ínfimas parcelas, deixando o erário em estado de desespero. Contudo, o cidadão José Rocha cumpriu seu dever. Dever para com o povo de sua terra, arcando com a responsabilidade de chegar ao fim de seu mandato, depois de conseguir atravessar as maiores dificuldades. (...) [EGF]
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O ator como o Falcão Negro (TV Tupi-Rio), série de grande sucesso nos anos 1950
IMAGENS: ASTROSEMREVISTA.BLOGSPOT.COM
om muito prazer e muito à vontade, passo a recordar momentos felizes de minha vida. Momentos, aliás, que nunca esqueci. Com muito prazer, exatamente porque do passado nada tenho a esquecer. Quanto aos momentos difíceis, entendo que foram lições de vida. Os momentos alegres, estes estão guardados na memória e são recordações carinhosas que sempre me acompanham. E tudo muito à vontade, porque estou falando da minha cidade natal, me sentindo, portanto, em casa. Martinho Gilberto de Freitas é meu verdadeiro nome. Gilberto Martinho, adotei artisticamente. Nasci em Ilhas, em 14 de janeiro de 1927. Parte de minha infância também vivi lá, com aquele povo simples e maravilhoso, próximo à foz do rio Araranguá. Guardo muitas recordações daquele tempo. O porto, cheio de canoas, o movimento dos pescadores, os amiguinhos. Vivia pra lá e pra cá, correndo, brincando. Lembro-me de minha prima, Carminha (Carmelina), hoje professora aposentada. Sinto muita saudade do tio Antonio (Antonio Honorato) e tia Dadá (Bernardina). Com o tio Antonio, eu vivia andando para um lado e outro, grudado em sua calça. Gostava muito dele. Tenho realmente muita saudade daquele tempo e daquelas pessoas. Meu pai, Lauro Pacheco de Freitas [18961982], que depois veio residir no bairro Cidade Alta, era professor. Com ele residimos em Ilhas, Cangicas, Araranguá e Volta Grande (Jacinto Machado), onde foi para lecionar. Quando viemos para Araranguá, eu já era grandinho. Aí morei até os 14 anos. Com a separação de meus pais, segui com a mãe, Jovita Marques de Freitas, e com os irmãos para o Rio de Janeiro. Somente meu pai ficou. Em Araranguá, ele constituiu família com outra mulher. Minha mãe tinha uma irmã que morava no Rio de Janeiro e lhe fez proposta para morar lá. O convite, tentador, lhe encheu os olhos, fazendo-a optar pela mudança de cidade. Mas as lembranças de Araranguá são
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muito fortes. Lembro que havia ali, nessa avenida bem no centro, a av. Engenheiro Mesquita, uma raia, onde eram disputadas corridas de cavalo. Apreciava muito aquilo e lá ia com os amigos. Posteriormente, algo que poucos sabem, é que os papéis que exerci na vida de ator, como coronel, sofreram inspiração direta daqueles cavaleiros.
Um especialmente me inspirou muito. Chamava-se Leopoldo. Tinha comportamento, assim, meio de italiano. Gesticulava muito, falava alto, usava botas, capote, chicote, revólver, enfim, uma figura inesquecível e tão marcante que acabou me influenciando na vida artística. Naquelas grandes e movimentadas corridas de cavalo, eu e outros garotos aproveitávamos para vender amendoim torrado e nos divertíamos muito. Já aos domingos, em frente à igreja, atraídos pelo movimento das missas, íamos vender doces, salgados, amendoim e engraxar sapatos. Outro lugar que costumávamos ir era a estação ferroviária, na Barranca. Lá havia um bom movimento de pessoas e nós, oportunamente, trabalhávamos e ficá-
BALNEÁRIO ARROIO DO SILVA DISK ENTREGA
Matriz: 3526-1339 Filial: 3526-1112
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LOGO NOVA DA TV GLOBO EM 1974
vamos observando o trem. São realmente muitas as recordações. No cinema, nos ensaios da banda. Vivia nos ensaios da banda. Gostava muito de música e, juntamente ao João Írio Raupp e o filho do maestro Klestati, o Benony, amigos da época, assistíamos aos ensaios após vender os doces e salgados que a esposa do senhor Klestati fazia. Trabalhávamos e nos divertíamos. Não raras vezes, fomos tomar banho no rio, apanhar frutas, pescar, caçar. É claro que também se dedicava aos estudos. Aí vem forte lembrança do Grupo Escolar Professor David do Amaral. Havia o professor Wanderlei, um senhor muito bom e bom professor. Ele tinha um defeito numa das pernas. Também a professora Maria Rosa, uma senhora negra. Também esta, uma boa professora, de quem guardo boas recordações. Das lembranças que tenho da minha infância e adolescência em Araranguá, uma vem à mente com forte emoção. Eu sempre gostei muito de música, motivo pelo qual sempre frequentava aos ensaios e apresentações da banda. Mas havia outro lugar onde me deliciava ouvindo música. Era na ocasião em que, ao me dirigir ao cinema para vender as guloseimas de sempre, ouvia a música emitida pelo alto-falante direcionado para a rua. Sempre chegava aquele momento emocionante em que sentava no meio-fio e ficava ouvindo os clássicos de Wagner, Mendelssohn e Tchaikovsky. Sempre, antes das sessões, acontecia aquele momento mágico, glorioso. O momento triste, em que ficava um lamentar, era quando, cinco minutos antes de começar o filme, a música ficava restrita à parte interna do cinema. Aquele momento fascinante acabava ali. Os alto-falantes silenciavam para quem estivesse na rua e eu sentia um vazio. Às vezes, quando tinha dinheiro e simpatizava com o cartaz, entrava e assistia ao filme. Se não, saía lamentando, até que outra coisa me distraísse. O cinema ficava nessa avenida l
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Nascido em Ilhas em 1927, aos 14 anos foi morar no Rio de Janeiro com a mãe e os irmãos. Lá, Martinho consagrou-se como ator de teatro, cinema e televisão. Como ator exclusivo da Globo, entre 1967 e 1987 fez 25 novelas
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l [Getúlio Vargas], ao lado do clube, [quase] em frente ao bilhar do velho Grechi. Hoje lamento profundamente o fechamento do cinema, do nosso Cine Roxy [em 1995]. É esse assédio do dinheiro em cima do patrimônio cultural. Isto acaba com nossas raízes. No Rio de Janeiro, tratei logo de trabalhar e inicialmente fazia o que sabia fazer. Consegui emprego numa banca, exercendo função de auxiliar de engraxate-mestre. Depois, já como funcionário público, trabalhei no IPASE, setor de pecúlios e pensões. Assim que pude, comprei uma vitrola e muitas discotecas, inclusive de músicas clássicas. Mais tarde comecei, então, a me adaptar à vida do Rio de Janeiro. Uma cidade movimentada demais para quem era acostumado com nossa pacata Araranguá. Comecei a sair, me divertir e resolvi, numa noite, assistir a uma peça. Fui ver Dulcina de Moraes e Odilon de Moraes, um casal que fazia um excelente teatro. Aquilo me impressionou e então decidi que queria ser ator. Matriculei-me no Seminário de Arte Dramática do TEB (Teatro do Estudante Brasileiro), sob a direção de Paschoal Carlos Magno. Ali lecionavam grandes diretores internacionais, como poloneses, alemães, italianos etc. Foi a escola que tive. Foram três anos. Então montamos o primeiro trabalho: “Romeu e Julieta”. Eu fiz o pai de Julieta, Capuletto. Depois fiz as peças “Macbeth” e “Otello”, de Shakespeare. E, posteriormente, assumi a carreira profissionalmente, trabalhando na Companhia de Henriette Morineau. Fazia o galã da companhia dela. Isto com uns oito ou nove anos de Rio. Eu tinha, então, uns 23 anos. Depois trabalhei com Bibi Ferreira, sendo também, galã de sua companhia, para, por volta de 1950, fazer pioneiramente o tele-teatro da TV Tupi, por uns dois anos. No cinema, fiz diversos filmes e obtive três prêmios: no filme Maria da Praia, ator revelação; em Mãos Sangrentas, uma co-produção Espanha-
Brasil, prêmio de ator coadjuvante, e no filme O Diamante, com Anselmo Duarte, onde fazia o irmão dele, ganhei o prêmio de melhor ator.
Na TV Tupi, fiz um personagem que realmente me abriu muitos espaços e foi um sucesso de audiência por sete anos ininterruptos: Falcão Negro, um herói medieval, tipo Robin Hood, era um cavaleiro templário que protagonizava diversas histórias e ia ao ar duas vezes por semana, chegando até trinta capítulos. O reconhecimento foi importante naquele momento de minha carreira. Fui então contratado pela Rede Globo, quando ela estava no ar há apenas dois anos e meio. A Globo comemora agora, trinta anos [1995]. Estou lá já há vinte e sete anos e meio. Trabalhei em diversas novelas, das quais se destacam algumas que se tornaram clássicos da teledramaturgia brasileira, tais como: Irmãos Coragem (primeira versão), onde fiz o Pedro Barros; Cabocla, onde fiz o Coronel Justino; Gabriela, Coronel Melk Tavares; Escrava Isaura, Comendador Almeida; Selva de Pedra (primeira versão), fiz o Aristides Vilhena, que era o empresário armador, inspirado no grego Onassis. Fiz ainda a minissérie O Tempo e o Vento, como Coronel Ricardo Amaral. E atuei em diversas outras novelas, séries, especiais etc. Hoje, aposentado pela Rede Globo e pelo INSS, não participo de outros trabalhos, em outras emissoras, pois, apesar de aposentado, tenho uma certa exclusividade com a Globo.
Recentemente participei de um dos programas Você Decide, mas a verdade é que estou um pouco afastado, gozando de merecido descanso. Vivo aqui hoje uma vida de “bom vagabundo”, após trabalhar a vida toda desde os seis, sete anos. Então, pesco, cuido de minha plantação, alguns animais e de vez em quando vou ao Rio. Onde moro, chama-se Barra de São João, e fica próximo a Cabo Frio e é muito tranquilo. Tenho também a família, que sempre requer nossa atenção. Minha esposa chama-se Maria Lucinda e é carioca, assim como os filhos: Martha Patrícia, Adriana e Alexandre. Meus irmãos, com os quais vim morar no Rio, são todos araranguaenses: Vilma, Zilma, Dilma e Maria Lorena, casadas, com filhos e netos, e o José Dilnei, formado em medicina. Gostaria de dizer aos araranguaenses que amo muito esta terra. Às vezes fico me punindo pelo inevitável distanciamento, que sempre ocorre com quem organiza uma outra vida longe do torrão natal. Mas não esqueço um só instante que aí vivi e com muito orgulho lembro-me de cada um dos amigos, parentes, não só da cidade, mas, como não poderia deixar de ser, também e especialmente de Ilhas, aquele cantinho amável, de tantas recordações.
Irmãos Coragem (1970-71): pai de Glória Meneses, que se envolve com Tarcísio Meira, seu maior rival (acima e no alto). Ao lado, como Coronel Justino, em Cabocla (1979)
Sempre que posso, tenho visitado Araranguá, mas nem sempre consigo chegar a todas as pessoas que gostaria, para abraçar-lhes e beijar-lhes. Neste ensejo, aproveito para cumprimentar e externar meu carinho a todos vocês. Depoimento a Alexandre Rocha, em 1995, publicado no Histórias do Grande Araranguá, de Pe. João Leonir Dall’Alba. Orion Editora, 1997, p. 483 a 486
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