JORNALECO
©
ANO 26 • Nº 516 • SETEMBRO DE 2019 Periodicidade mensal - Tiragem: 1.000 exemplares
PANFLETO CULTURAL
TAGS z FLYERS z FOLDERS z CONVITES z PANFLETOS z EMBALAGEM z NOTAS FISCAIS z CARTAZES z CARTÕES DE VISITA z IMPRESSÃO DE LIVROS
Fechamento desta edição: 08/09/2019 11h30 E-MAIL: jornaleco.ara@gmail.com CNPJ 28.000.138/0001-00
EDIÇÃO, DIAGRAMAÇÃO E REVISÃO Ricardo Grechi CONTATOS Rossana Grechi ASSISTÊNCIA Guaraciara Rezende, Gibran Rezende Grechi, Nilson Nunes Filho IMPRESSO NA GRÁFICA CASA DO CARIMBO DE Rosa e Aristides César Machado PRODUÇÃO Nicolas Nazari Machado PREPARAÇÃO DO FOTOLITO David Machado Fernandes CORTE Toninho Abel IMPRESSÃO Valdo Martins
© Ricardo Francisco Gomes Grechi (reg. nº 99866, prot.4315/RJ de 17/07/1995)
Leia o JORNALECO em https://issuu.com/jornaleco (desde jan.2009) e assista nossos vídeos no YouTube: Jornaleco Araranguá SC
Av. XV de Novembro - Centro - Em frente ao Futurão Tel. (48) 3524-5916 graficacasadocarimbo@gmail.com
ORION EDITORA
ESTACIONAMENTO EXCLUSIVO PARA CLIENTES
Calçadão Getúlio Vargas, 170 88900.035 Araranguá-SC Brasil
Deoclécio Machado doa coleção do Jornaleco ao Colégio Murialdo DÉBORA ALANO
Valkíria, Deoclécio, Irmão Celeste e Dores na entrega do Jornaleco
Em 26 de agosto, Irmão Celeste e Débora Alano, representando o Colégio Murialdo, foram à residência do Deoclécio para receber de seu antigo professor uma coleção do JORNALECO. Presentes a Valkíria, esposa do Deoclécio há 70 anos, e a Maria das Dores, filha do casal, que organizou o evento. Grande homem e amigo, Deoclécio, que também fez história na CDL, está com 97 anos e possui um acervo de documentos históricos muito bem organizado. Leia mais em:
Diário de um soldado chamado Deoclécio
APOIO CULTURAL
Relatos de um soldado que chegou a 3º Sargento do Exército Brasileiro, servindo nossa pátria nos anos de 1940 a 1945, p. 2 durante a 2a Grande Guerra.
CN
s
JORNALECO
H FUNDADO EM 18 DE MAIO DE 1994 H
UMA PUBLICAÇÃO
É permitida a reprodução de nossos textos originais desde que citados devidamente o autor e o JORNALECO como fonte da publicação.
Os 24 vieses cognitivos que mais nos atrapalham ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ O School of Thought, uma organização internacional sem fins lucrativos dedicada ao ensino de habilidades de pensamento crítico e criativo, selecionou os 24 vieses cognitivos que mais embaraçam a sua vida. Inconscientes, os vieses cognitivos são pré-julgamentos que influenciam o processamento de informações pelo cérebro. Funcionam como atalhos mentais que tornam o pensamento mais fácil e rápido, mas podem ser perigosos ao nos levarem a tomar decisões irracionais.Confira a lista: ANCORAGEM A ordem em que recebemos as informações contribui para determinar o curso das nossas percepções. Por isso, a primeira informação que acessamos é sempre a mais relevante e influencia todos os demais julgamentos. DICA: fique atento a esse viés especialmente durante negociações, como a compra de uma casa ou de um carro. O preço inicial oferecido terá um efeito significativo na sua mente na hora de fechar o negócio. CUSTO AFUNDADO Um projeto no qual investimos tempo, dinheiro ou emoções é mais difícil de ser abandonado. Por causa desse apego irracional ao que já nos custou algo, podemos distorcer os julgamentos e fazer investimentos imprudentes. DICA: pergunte a si mesmo se você já não investiu o suficiente em algum projeto sem retorno, se você repetiria esse investimento caso pudesse voltar atrás e como aconselharia um amigo na mesma situação. OTIMISMO Resultados positivos costumam ser superestimados. Até pode ser benéfico manter uma atitude positiva, mas é imprudente permitir que ela afete a nossa habilidade de fazer julgamentos racionais. DICA: faça julgamentos realísticos.
PESSIMISMO A probabilidade de resultados negativos também pode ser superestimada. Esse costuma ser um mecanismo de defesa contra desapontamentos, mas pode levar a quadros de depressão e ansiedade. DICA: lembre-se de que, mesmo se algo de bom acontecer, você tende a continuar pessimista. EFEITO DUNNING-KRUGER O quanto menos sabemos sobre um assunto, mais confiantes nos sentimos sobre ele. E o contrário também é verdadeiro. Por isso, muitos especialistas tendem a subestimar suas próprias habilidades, reconhecendo o quanto ainda desconhecem. DICA: procure desconfiar das suas certezas. Em um mundo cada vez mais dinâmico e rápido, lembre de questionar as respostas simples dadas para problemas complexos. EFEITO BACKFIRE (tiro pela culatra) Desafios às nossas crenças nos levam a acreditar de modo ainda mais forte nelas. Assim, sentimos que um ataque a uma ideia parece um ataque contra nós mesmos. DICA: aquilo que desconhece nunca irá colocá-lo em encrenca, mas aquilo que você sabe, irá. EFEITO DE ENQUADRAMENTO O contexto influencia muito. Acreditamos que pensamos de modo independente, mas somos condicionados pela forma como as informações são apresentadas e pelas sugestões sutis que elas oferecem. DICA: tenha humildade intelectual para aceitar que você pode ser manipulado e procure estabelecer limites a essa influência, prestando atenção ao modo como as coisas são apresentadas – as propagandas, por exemplo.
p. 10
ARARANGUÁ, SETEMBRO DE 2019 • ANO 26 • Nº 516 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA – CORTESIA DOS ANUNCIANTES
FOLHA
DE
S.PAULO |
SEXTA-FEIRA,
21
DE JUNHO DE
2019 |
TEXTO:
da Barranca
z História do trem no Sul de SC z O último apito da Maria Fumaça
s p. 4 s p. 6 e 7
z Viagem de Tubarão a Araranguá
que iria morrer, uma jovem e debilitada Marina Silva se arrastou até a diocese de Rio Branco para pedir ajuda ao bispo Moacyr Grechi. O religioso, que via a seringueira pela primeira vez, conseguiu uma vaga no hospital São Camilo, em São Paulo. O tratamento de três meses salvou a vida da paciente. Histórias de solidariedade e dedicação aos mais pobres rodeiam dom Moacyr, que tinha como lema “O último de todos e o servo de todos”. Catarinense de Turvo [Moacyr, filho de Urivalde Grechi e de Eufêmia Pescador Grechi, nasceu em Araranguá, no então Distrito de Turvo, em 1936], chegou à Amazônia no início dos anos 1970 e nunca mais saiu. Foi bispo no Acre por 27 anos, até ser nomeado arcebispo de Porto Velho (RO), em 1998, onde morreu nesta segunda-feira (17/06), aos 83 anos. Um dos nomes mais importantes da Igreja Católica no Brasil das últimas décadas, ele participou da criação do Cimi (Conselho Indigenista Missionário) e da CPT (Comissão Pastoral da Terra), da qual foi o primeiro presidente, conduzindo-a por oito anos, até 1983. No início, o religioso conta que nutria preconceito pela população ○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
FABIANO MAISONNAVE
Hildebrando Pascoal, ajudando na condenação por liderar um grupo de extermínio no Acre. Mesmo assim, não deixou de apertar a mão do réu ao final da audiência. Defensor de causas socioambientais, dom Moacyr dizia que o mundo precisava de um estilo de vida mais sóbrio: “As necessidades humanas são inesgotáveis, mas as fontes são limitadas”.
MANAUS Depois de ouvir de um médico
“A madeira de lei das terras indígenas é roubada vergonhosamente sem que ninguém seja punido, pelo contrário; depois, temos DIVULGAÇÃO
amazônica, que resistia à chegada das migrações do Sul e Sudeste, em busca de terras para agropecuária. Mas logo descobriu “que o povo não mentia nem exagerava quando falava do que sofria da parte dos ‘paulistas’ com total conivência das autoridades”, disse, em entrevista à revista Neo Mundo. “Atrás de tudo isso eu vejo, agora, a mão de Deus tentando me converter.” No Acre, se destacou por se aliar à luta de seringueiros encabeçada por Chico Mendes. Em 1999, prestou depoimento contra o deputado cassado ○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
s
Fonte: ZERO HORA Caderno Vida, 13 e 14 de julho de 2019 / Débora Ely
ARARANGUÁ / SC
O TREM da Barranca
da Igreja Católica no Brasil das últimas décadas. Fundador da Pastoral da Terra, o bispo atuou ao lado de Chico Mendes
CASA NENA CANOAS / RS
NESTA EDIÇÃO
DOM MOACYR GRECHI foi um dos nomes mais importantes
A P O I O C U LT U R A L
A P O I O C U LT U R A L
Tel. (48) 3524-7797 Av. Sete de Setembro, 2520 Vila São José (esquina com a rua Amaro José Pereira)
a problemática dos rios contaminados pelo mercúrio; temos o problema da criação extensiva de gado, e com isso é a floresta que cai; tem a soja, câncer da nossa região, que está subindo, e a mata cai e o ambiente se vai”, afirmou, em entrevista ao site IHU On-Line. A sua atuação corajosa rendeu ameaças de morte, e o bispo teve de andar por um tempo com escolta policial, inclusive em missas. Brincalhão, chamava os agentes de “coroinhas” e dizia que, “se alguém quiser me matar, é fácil: sou grande e distraído”. Internado, o bispo emérito de Porto Velho morreu após sofrer duas paradas cardiorrespiratórias. (+J.316 15/01/2009)
S S
Diário de um soldado chamado Deoclécio Relatos de um jovem soldado que chegou a 3º Sargento do Exército Brasileiro, servindo nossa pátria nos anos de 1940 a 1945, durante a 2a Grande Guerra
APOIO CULTURAL
LAPA - P ARANÁ Dia 1º — Assisti no Cine Imperial ao drama “Falsário”, pelos congregados da Igreja Santo Antonio. Esteve muito bom.
Dia 5 — Partimos de Belo Horizonte à 1h20 da madrugada. ...
Com trechos extraídos do livreto-cópia do original produzido por Maria das Dores Estevam Machado.
BALNEÁRIO ARROIO DO SILVA DISK ENTREGA
Matriz: 3526-1339 Filial: 3526-1112
“Os fins justificam os meios” — N ICOLAU M AQUIAVEL O axioma acima não é encontrado em nenhum capítulo da obra O Príncipe. O que Maquiavel realmente escreveu foi um bem menos malicioso: “É preciso considerar o resultado final”.
MARÇO DE 1944
MAIO DE 1943
RIO DE JANEIRO Dia 16 — Pela manhã fomos jogar futebol. Depois de ter vencido muitas vezes, perdemos hoje para o quadro dos soldados. Depois fomos ter instrução de tiro. Dia 27 — Deu em boletim o seguinte: “Seja posto em liberdade o Cabo adido do III 13º Regimento de Infantaria, Deoclécio Pereira Machado, por conclusão de castigo”.
“Discordo do que você diz, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-lo” — VOLTAIRE Voltaire não é o verdadeiro autor da sentença acima, mas sim a escritora inglesa Beatrice Evelyn Hall, sob o pseudônimo SG Tallentyre. Em 1906, ela publicou uma biografia sobre o filósofo em que descreve a relação de Voltaire com o filósofo francês Claude Adrien Helvétius. Como o parágrafo foi escrito em primeira pessoa, o mundo passou a creditar a frase a Voltaire.
“Primeiro eles te ignoram. Então riem de você e te atacam. Então você ganha” — MAHATMA GANDHI O autor dessa máxima nunca foi descoberto. Mas, o sentido da frase é semelhante às palavras presentes em um discurso realizado em 1918 por Nicholas Klein, um advogado e defensor do sindicato dos trabalhadores dos EUA: “Primeiro eles te ignoram. Então eles te ridicularizam. E então eles te atacam e querem te queimar. E então eles constroem monumentos para você”. “Às vezes um charuto é apenas um charuto” — SIGMUND FREUD A frase foi supostamente dita após alguém sugerir, numa interpretação caricaturalmente freudiana, que seu charuto era um símbolo fálico. O sentido é que nem tudo devia ser lido por uma interpretação freudiana — ou, ao menos, não seu charuto. Entretanto, não existem provas de que em algum momento da História o fundador da
2
11
APOIO CULTURAL
JULHO DE 1941
OUTUBRO DE 1941
“A definição de insanidade é fazer a mesma coisa repetidamente e esperar um resultado diferente — ALBERT EINSTEIN Não há nenhuma evidência de que Einstein tenha dito essas palavras.
SETEMBRO 2019
Dia 23 — Estávamos em ordem unida, o frio estava demais, então resolvi ir ao médico e fiquei de repouso. São 10 horas. Meus colegas continuam em ordem unida. O Mariano deixou em cima da mesa uma guaraína. Pensa ele que frio acaba com guaraína. Dia 27 — É impossível ficar na enfermaria. Vou dizer ao médico que quero alta. Acho difícil por ser sábado. Foi fatal, o médico foi na minha conversa. À noite fui falar com a Zila.
Dia 11 — Novamente de serviço hoje, de prontidão na Companhia ... Só quem dorme aqui é que pode saber, à noite passada dormi com oito cobertores e uma colcha. E esta noite vou multiplicar, porque o frio está 9 abaixo de zero.
https://AVENTURASNAHISTORIA.uol.com.br/noticias/reportagem/15-frases-historicas-erradas.phtml / Thiago Lincolins e Letícia Yazbek
Dia 8 — Um sábado de sol no Rio São Francisco. Fomos para frente do navio ... Bateu o badalo do almoço: carne, feijão, arroz e umas batatinhas de campanha, cuscuz salgado. Às 15 horas chegamos em Januária, é uma cidade antiga ... Namorei uma moreninha chamada Nilza. Às 17h30 fomos para o navio e jantamos e nos despedimos de Januária, última cidade mineira. Dia 2 — Em Olinda tivemos aula no seminário. Fugi às 10 horas, roubei uma galinha. Mas a Diva estava em casa do avô. Veio às 2 horas ... Dia 20 — Terminei com a Diva porque todos os dias vem com coisas de minhas namoradas. Aqui em Recife só tinha ela. Aptos para o combate: Aqui em Caçapava, passamos o natal de 1944 e a virada do ano para 1945. Não houve folga, mas a tropa está satisfeita, treinamento muito eficiente. Finalmente, a formatura da tropa chamada dos aptos. Consolo para os não: vão continuar prestando relevantes serviços ao Exército, guarnecendo o quartel e os carros de combate do 2º BCC. Eu estava entre os aptos. Término da Guerra - Agosto de 1945: Foi uma festa em Caçapava. O General Eurico Gaspar Dutra começou a dispensar os que estavam no Brasil e eu também. (+J.50, 229 e 472)
SETEMBRO DE 1941
Devemos modelar nossas palavras até se tornarem o mais fino invólucro dos nossos uplemento pensamentos. VIRGINIA WOOLF
Frases “históricas” que todo mundo repete, mas nunca foram ditas
JORNALECO 516
JUNHO DE 1941
Dia 2 — Apareceu na Lapa hoje um circo com o nome “Circo Primavera” e armou-se no fim da Rua Dr. Manoel Pedro, e iniciou suas funções no dia 5. Dia 5 — Fui ao circo, estava comandando a patrulha. Estava formidável o circo. Quando voltamos ... fomos cozinhar pinhão para comer, tinha também milho. O Vitório Salvador fez batida de ovos. São duas horas e ainda estão conversando. Vou me deitar e brigar, porque a luz ainda está acesa. Dia 16 — Estava um ótimo dia de sol quente, não tinha vento. Saí a cavalo passeando pelos morros da Lapa. À tarde fui num parque, que tinha como nome “Porto Alegre”. Encontrei a Pilaca, que há muito tempo não via. Tinha chegado pelo trem das 7h30. Fomos ao cinema e levei-a até perto de sua casa. Dia 17 — Fiquei sabendo que a Pilaca é noiva. Fui falar com ela, mas não toquei no assunto do noivado dela. Me falou que esperava por mim, por não ter quem ela amasse, a não ser eu.
Deoclécio aos 18 anos
Deoclécio Pereira Machado nasceu em Jaguaruna, em 19 de fevereiro de 1923. Casou com Valkíria Estevam (Machado) em 1948, em Jacinto Machado, onde era professor de Educação Física. Depois foram viver em Morro da Fumaça, até que na segunda metade dos anos 1950 vieram embora para Araranguá. Aqui, Deoclécio lecionou no Castro Alves, no Madre Regina e no Nossa Senhora Mãe dos Homens (Murialdo). Tempos depois, Deoclécio trocou o magistério pelos Correios e Telégrafo. Mais tarde, veio a trabalhar na CDL de Araranguá, como secretário e monitor de vendas, cargos que ocupou até 1994, como sua última atividade profissional — a primeira, fora como ferroviário na EFDTC, até ingressar no Exército, em 1940. Já classificado como reservista de terceira categoria apto ao treinamento, o jovem Deoclécio permaneceu por 11 meses em Florianópolis, transferido depois para o Paraná, e daí serviu em diversas cidades brasileiras. Durante aquele tempo no Exército, Deoclécio escreveu um diário, de onde retiramos algumas passagens para ilustrar a vida de um jovem soldado em serviço e nas horas de folga. (RG)
A BANDA
Os homens costumam responsabilizar sempre o destino pelas suas próprias paixões.WALTER SCOTT
psicanálise teria dito tal frase. “A religião é o ópio do povo” — KARL MARX É um resumo que trai completamente o sentido original. O que Marx diz na obra Uma Contribuição para a Crítica da Filosofia do Direito de Hegel, de 1843, publicada somente após a morte do filósofo, é: “A religião é o suspiro da criatura oprimida, o coração de um mundo sem coração, e a alma de condições desalmadas. É o ópio do povo”. “Uma única morte é uma tragédia, um milhão de mortes é uma estatística” — JOSEPH STALIN Esse seria o resumo da filosofia de Stalin. Mas muitos dos historiadores russos procuraram e nunca encontraram registros que comprovem sua autoria. A frase já foi creditada a vários escritores, um deles seria o alemão Kurt Tucholsky, que numa obra de 1932 descreve um personagem fictício que fala sobre as tragédias causadas pela guerra. “Mulheres bem-comportadas raramente fazem história” — MARILYN MONROE O ícone dos anos 50 foi responsável por muitos momentos notórios da história do cinema, mas não por esses dizeres. Ela já havia falecido quando a frase foi escrita pela americana Laurel Thatcher, num artigo publicado em 1976. “Houston, temos um problema” — J ACK S WIGERT As palavras acima foram pronunciadas quando os astronautas da Apollo 13 notaram que uma explosão havia danificado a nave. Contudo, a frase verdadeira do astronauta Jack Swigert foi um bem mais calmo “Houston, nós tivemos um problema aqui”. A citação, que repercute até hoje, é na verdade uma adaptação feita no filme Apollo 13, de 1995. Além disso, as palavras não são de Jim Lovell, comandante da
Apollo 13, e sim do astronauta Jack Swigert. Após um erro de transmissão, Lovell teve que repetir a frase e acabou roubando os créditos de Swigert. “Se eles não têm pão, que comam brioches!” — MARIA ANTONIETA A rainha guilhotinada nunca chegou nem perto de dizer algo assim. Quem a conhecia afirmou estar preocupada com a situação do povo. A citação foi retirada das Confissões, de JeanJacques Rousseau, um dos grandes inspiradores da Revolução Francesa, morto em 1778, 11 anos antes do começo do movimento. No livro, Rousseau menciona que uma princesa, da qual não diz o nome, teria dito essas palavras ao ver o povo faminto. “Temo que tudo o que fizemos foi despertar um gigante adormecido” — I SOROKU Y AMAMOTO Há indícios de que Yamamoto se arrependeu de planejar o ataque à base naval norte-americana de Pearl Harbor, em 1941, mas não há qualquer indício de que tenha dito a frase acima. Os japoneses escolheram atacar os Estados Unidos porque parecia um alvo mais fácil que a União Soviética. A frase apareceu no filme Tora! Tora! Tora!, de 1970, mas alguns acreditam que tais palavras já eram famosas antes mesmo de chegarem ao cinema. “Até tu, Bruto?” — JÚLIO CÉSAR A frase teria sido dita por Júlio César quando viu Marco Júnio Bruto, um amigo próximo, no meio dos responsáveis pelo seu assassinato. A sentença original seria Kai su, têknon, algo como “Você também, menino/moleque?”. Em grego, não Latim; o grego era considerado mais nobre e erudito. Ela aparece assim na obra A Vida dos Doze Césares, escrita por Caio Suetônio, 165 anos após o assassinato do ditador. Suetônio não acredita que César tenha dito qualquer coisa, mas diz que algumas pessoas creditavam a ele essas palavras finais. A versão em latim, Et tu, Brute, é uma criação de Shakespeare, em Júlio César, de 1599.
AV. XV DE NOVEMBRO, 1352 CENTRO, PRÓXIMO AO XODÓ DA TIA JOICE
Kleber O. Lummertz FISIOTERAPEUTA - CREFITO 54.689/F
Especialista em Fisioterapia Traumato-ortopédica e Medicina do Esporte
STUDIO DE PILATES
Amanda Pizani INSTRUTORA - CREF 020242/SC
(48) 3527-0786 98833-7157 99851-6545
Grupos Familiares AL-ANON
A.A. Alcoólicos Anônimos Reuniões 2 e 5 f., 20h - dom., 17h Próximo à Igreja Sagrada Família Cidade Alta - Araranguá
vvv
Reuniões 4as e 6as feiras, às 19h30 Próximo à Câmara de Vereadores Balneário Arroio do Silva
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
Reuniões 4as feiras, às 20h Sala na Igreja Episcopal, centro - Araranguá
POLÍCIA MILITAR: 190 POLÍCIA RODOVIÁRIA FED.: 191 SAMU: 192 BOMBEIROS: 193 ATENDIMENTO À MULHER: 180 ○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
Aventura na Serra Geral
N.A. Narcóticos Anônimos
vvv
EDIÇÃO: ROSSANA GRECHI
telefones para emergências
Reuniões 3as feiras, às 20h00 Sala na Igreja São Cristóvão - Maracajá ○
joão batista de souza
Reun. 2as f., 20h - Junto ao A.A. - Araranguá
as
Lembro que em 1964 iniciei minha
FAZENDA SÃO JORGE
Centro de Reabilitação
carreira no Magistério Público Estadual. Foi em uma pequeníssima comunidade rural nas encostas da Serra Geral, do lado catarinense. Subindo a serra, Rio Grande do Sul. Os verões naquela época eram quentes, porém, atenuados pelas brisas das florestas. Agora, os invernos...! Diziam os caboclos locais: “Hoje tá frio de ranquear cusco” (mancar cachorro). Em abril, antes do inverno, os moradores debaixo da serra subiam-na para trazer suas reses a fim de pastar nas capoeiras de vassourinhas, abundantes nas encostas, pois serra acima o gado perderia peso. Numa dessas subidas, fui convidado. Que tristeza triste! Subimos eu, o dono da casa onde pagava pensão, meu compadre Liduvino e outro caboclo que não lembro o nome. Subimos a pé, pela “serrinha” do Fundo do Rio do Boi. Muito barro, muito pedregulho, muito orvalho, muito sacrifício para quem não era da lida campeira. Por sua vez, muito bonito! Seu Liduvino, depois meu compadre, foi buscar, de cima da serra, umas três ou quatro reses. Seu companheiro de viagem, outras tantas. Aliás, os serranos tinham um jeito próprio de se expressar. Por exemplo: se perguntassem a uma serrana onde estaria seu marido, ela talvez respondesse: “Foi tocá gado serra abaixo”. Numa “serenata” – baile caseiro onde o dono da casa entrava com as “penosas” para um risoto à meia-noite e o “mandante” entrava com os casais convidados, o gaiteiro e alguns solteiros “convidados especiais” (participei de umas duas festas dessas) –, uma das moças, querendo “puxar” conversa com seu par, muito bonito, mas caladão, lhe perguntou: – O que tu passas nesse bigode tão lindo assim? O ginete respondeu, garbosamente:
Fone (0**48) 3524-0280 Estr. Geral Volta do Silveira - Araranguá ○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
○
Laboratório de Análises Clínicas
Realiza todos os tipos de exames Rua Caetano Lummertz, 456 - Sala 06/térreo Centro - Ed. Com. Executivo Araranguá FONES 3522-1322 99668-4925
TOURNIER Dr. Everton Hamilton Krás Tournier Graduado e especializado na Universidade Federal de Santa Catarina • Pós-graduado no Instituto Adolfo Lutz de São Paulo • Pós-graduado na Universidade do Sul Catarinense E-mail: tournier@contato.net
Farmácia de Manipulação Qualidade com bons preços HORMÔNIOS / ANTIBIÓTICOS CONTROLADOS DA PORTARIA 344
Av. Sete de Setembro, 1930 - Centro FONES 3524 2990 988579094
JORNALECO 516
APOIO CULTURAL
NEGATIVIDADE Sentimos a dor do sofrimento e da perda ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ com mais intensidade do que a alegria da gral vem da p.12 de paralisia mental que nos distrai do senso de tificação e do prazer. responsabilidade pessoal. DICA: liste os prós e os contras para fazer EGOÍSMO DICA: presuma que você será a pessoa que Nossos fracassos tendem a ser perce- irá ajudar ou chamar ajuda. Tente ser a mudança avaliações mais objetivas. EFEITO PLACEBO bidos como fruto de fatores externos. Porém, que você quer ver no mundo. os sucessos são vistos como mérito próprio. Um remédio, mesmo falso, pode fazer efeito DICA: pare de culpar as circunstâncias pe- HEURÍSTICA DE DISPONIBILIDADE se acreditarmos que ele irá funcionar. Isso pode los erros e se conscientize desse viés antes Os nossos julgamentos são influenciados pelo acontecer em situações que são controladas pede julgar os outros. que nos salta à mente com mais facilidade. Por la nossa mente, como dores, mas não em viroses isso, memórias recentes são mais poderosas e ou fraturas. EFEITO BARNUM DICA: a homeopatia, a acupuntura e outras As declarações vagas fazem com que ta- parecem mais relevantes. DICA: procure novas perspectivas e esta- formas de medicina natural são mais efetivas pemos os seus buracos, uma vez que a nossa mente está sempre em busca de conexões. tísticas em vez de confiar no seu primeiro do que o efeito placebo. Mantenha-se saudável usando a medicina baseada em evidências e Por isso, nos apropriamos de manifestações julgamento. consultando um médico. MALDIÇÃO DO CONHECIMENTO nebulosas para interpretá-las e fazê-las pareCONFIRMAÇÃO cerem pessoais. Uma vez que entendemos algo, presumimos DICA: profissionais como astrólogos e ser óbvio para todos. Assim, acabamos esqueInformações que confirmam nossas crenças médiuns se utilizam desse viés para fazer você cendo o quão complicado é o caminho para o recebem atenção especial. Somos mais prosentir que estão falando algo relevante. Mas conhecimento. pensos a procurar e concordar com aquilo que essas coisas podem se aplicar a qualquer um, DICA: tente ir devagar ao ensinar algo novo consente com nossas hipóteses e ignorar e não só a você. a alguém, repita as informações mais impor- discordar do que contrasta. DICA: assuma suas ideias como uma espécie tantes e cite exemplos práticos. HIPÓTESE DO MUNDO JUSTO de software no qual você está tentando enO desejo de que o mundo seja justo nos CRENÇA contrar problemas em vez de procurar pensaleva a presumir que ele existe. Por isso, uma Uma conclusão que vai contra às nossas realidade em que as pessoas nem sempre crenças tende a ser racionalizada e amparada. mentos para serem defendidos. EFEITO AURÉOLA recebem aquilo que merecem ameaça a nar- Por isso, é tão difícil nos afastarmos do que rativa que construímos na mente. O quanto gostamos ou achamos alguém acreditamos e levar em consideração os mériDICA: dê mais ênfase à compreensão tos de um argumento. Na prática, é como se atraente influencia o nosso julgamento sobre do que à culpa. Cada um tem a sua própria nossas ideias fossem impenetráveis à crítica. essa pessoa. Isso ocorre porque os nossos juízos história, todos podem cometer falhas e DICA: pergunte a si mesmo quando e como são automáticos e é especialmente importante coisas ruins acontecem mesmo com pessoas você chegou a essa crença em vez de defendê- na vida profissional. boas. DICA: fique atento aos seus julgamentos. Se las automaticamente. quiser ser objetivo, você precisa controlar consENDOGRUPAL DECLINISMO cientemente essas influências. O sentimento de pertencimento faz favoO passado tende a ser lembrado melhor do REATÂNCIA recer quem se parece conosco. que realmente foi, enquanto esperamos um DICA: imagine-se na posição de quem está futuro bem pior do que provavelmente seja. O oposto do que alguém nos pede costuma de fora do seu grupo e tente ser desapai- Mesmo estando no momento mais próspero e ganhar mais a nossa disposição do que o pedido xonado com quem está dentro dele. pacífico da história, muitos acreditamos que em si. Isso porque sentimentos que a nossa liberdade está sendo ameaçada e queremos resistir. ERRO FUNDAMENTAL DE ATRIBUIÇÃO está ficando pior. DICA: cuide para não perder a objetividade DICA: desvie dos pensamentos nostálgicos O julgamento que fazemos dos outros quando alguém está lhe pedindo algo. A sabee use métricas mensuráveis – como a expecsempre é pelas suas características, enquandoria está mais ligada à reflexão do que à reação. to nos julgamos pela situação. Se tivemos uma tativa de vida, os dados de criminalidade e os EFEITO HOLOFOTE noite ruim de sono, sabemos por que estamos índices de qualidade de vida. mais lentos no dia seguinte. Se vemos alguém PENSAMENTO DE GRUPO O que os outros pensam sobre nós mesmos mais devagar, presumimos que é uma pessoa costuma ser superestimado. No geral, a maioria A dinâmica social influencia nossas decisões lenta. das pessoas está bem mais preocupada consigo em uma situação de grupo, uma vez que a DICA: você será mais atencioso – e objemesma do que com você. tivo – ao reconhecer o contexto em que vive divergência pode ser desconfortável e perigosa. DICA: considere como você faz os outros se A opinião daquela pessoa mais confiante – ou outra pessoa. sentirem em vez de se preocupar em como lhe da que fala primeiro – costuma determinar a julgam. É assim que as pessoas lembram umas EFEITO DO ESPECTADOR decisão dos demais. DICA: procure manter um pensamento das outras. Em uma emergência em espaço público, presumimos que alguém irá tomar alguma crítico em atividades em grupo e avaliar as Fonte: ZERO HORA atitude e não reagimos. Ocorre uma espécie situações com objetividade. Caderno Vida, 13 e 14 de julho de 2019 / Débora Ely
SETEMBRO 2019
Os 24 vieses cognitivos que mais nos atrapalham
10
3
APOIO CULTURAL
as
– Somentemente troço seco! Voltando ao que interessa, a viagem propriamente dita. Nesse dia saímos de madrugadinha, ainda escuro. Amanhecemos o dia já na trilha estreita e perigosa, que os índios guaranis utilizaram por milhares de anos para escapar do frio intenso – geadas brabas, às vezes, neves nos invernos lá de cima.
Liduvino e companheiro sentaram na borda do precipício. Balançando as pernas, começaram a comer a farofa que trouxeram num alforje, e me convidaram: – Vem, seu João! Senta aqui e vem comer farofa cunóis! A Serra Geral, naquela região, é amplamente escarpada. São mais de mil metros de altura. De cima para baixo, uma parede vulcânica verticalizada de mais de seiscentos metros. Depois, até a base são mais uns quatrocentos metros de espigões, morros, cerros e ondulações. Com exceção das paredes rochosas, tudo era lindamente florestada. Ouvimos cantos de araquã, piados de jacutinga, inanbú, jacú, e outros pássaros e veados galheiros. Paramos para tomar água numa pequena “mina” d’água usando como copo folhas de caeté. Era tão geladinha, a água, que dava até vertigens. Passamos por um cerro estreito. De um lado, precipício que você não via o fundo, apenas um “azulão”; do outro lado, a mesma imagem fantástica. O cerro era tão estreito que nós sentíamos inseguranças. Liduvino falou:
– Seu João, o maior medo de um tropeiro é que uma abelha pique sua mula ou burro. Os dois cairão lá embaixo! Para encerrar: chegando em cima, Liduvino e companheiro sentaram na borda do precipício. Balançando as pernas, começaram a comer a farofa (galinha ensopada misturada com farinha) que trouxeram num alforje, e me convidaram: – Vem, seu João! Senta aqui e vem comer farofa cunóis! Quem disse que cheguei perto deles! No máximo, uns três metros de distância. Ah! O frio? Olhe! Por inexperiência, não levei muitas roupas de lã. Mesmo sendo abril, o frio era tão intenso que, à noite, a cama tremia junto. Tiveram que trazer outro cobertor de penas de ganso. Na manhã seguinte, seu Marçal, estancieiro, ria da minha situação. Sabendo que eu era professor e pela minha tenra idade começou a me “pegar no pé”. Enquanto “apartava” o gado, o homem “tirava sarro”. – Professor! O que é mais inteligente, o homem ou o burro? Para não me comprometer, não lhe respondi. Então ele arrematou: – O burro! Porque o homem só sabe dizer a letra “A”, enquanto o burro diz: é “A”, é “É”, é “I”, é “Ó”, é “U”! Nessa viagem de iniciante a “vivente”, gravei para sempre, em minha memória, três situações indeléveis: a subida da serrinha; o frio intenso, mesmo sendo abril, e o Itaimbezinho, uma depressão geológica muito linda a uns trezentos metros da estância do seu Marçal, num campo aberto e sem cercas onde um teatino (sem rumo), numa noite escura, desavisadamente, cairia de uma altura de mais de novecentos metros. Até hoje ainda sinto aquele frio! z
ELETRODOMÉSTICOS - MÓVEIS - SOM E IMAGEM BAZAR - BRINQUEDOS - INFORMÁTICA - FERRAGENS FERRAMENTAS E MÁQUINAS - LINHA PRAIA - CAMPING JARDINAGEM E COMPLETA LINHA AGRÍCOLA
u 200 metros do trevo principal de entrada da cidade, nº 474 - Cidade Alta - Araranguá Tel. (48) 3521-4200 site: www.afubra.com.br
“
APOIO CULTURAL
O deslocamento da região produtora do carvão implicava a necessidade de resolução do problema do transporte do carvão da nova zona carbonífera. A herança da estrada de ferro no século XIX, o ramal Imbituba-Lauro Müller, não servia às novas necessidades. Era preciso que a estrada de ferro atingisse as localidades mais ao sul da região. (...) A construção do trecho de Tubarão a Criciúma, com 56,5 quilômetros de extensão, foi iniciada no início de 1918 e aberto ao tráfego provisório em 1º de janeiro de 1919. Em 1923 foi inaugurado o tráfego de passageiros. O trecho de Criciúma a Araranguá, com 35 quilômetros, foi iniciado em 1921 e arrastou-se até 1927, quando foi inaugurado o transporte de cargas. O transporte de passageiros não começou antes de 1930. (pp. 34-35)
Um cronista do jornal Campinas, ao fazer um balanço do desenvolvimento de Araranguá em 1936, concluiu que, apesar dos “mil entraves postos na roda do progresso de Araranguá, ele vai progredindo embora lentamente”. (...) “Para coroar a obra de infelicidades que perseguem esta comarca, está suspenso, indeterminadamente, por falta de pagamento aos empregados, que já estão com 8 meses vencidos, o tráfego da estrada de ferro Tereza Cristina. Que urucubaca!” — A Verdade, 18/5/1928 A urucubaca estava nos prejuízos aos negócios e contratempos para a vida cotidiana, com a paralisação da ferrovia, mas também no mau presságio que isso representava, como uma maldição que condenaria a cidade ao esquecimento e ao isolamento do mundo. Por isso, o restabelecimento do tráfego soou como uma obra divina, uma dádiva de Deus, a quem se devia agradecer. “Uma boa nova damos aos nossos leitores, congratulando-nos com toda a população desta cidade que já se acham em franco tráfego os trens de carga até a beira do majestoso Araranguá. Mil graças rendemos a Deus por acontecimento tão faustoso! Não se explicava mesmo o fato de não se ouvir nesta cidade o silvo da locomotiva, quando há já longo tempo estendem-se os trilhos da via férrea até próximo ao rio.” — A Verdade, 1/8/1928 (pp. 54-55)
REV. HANZ KROLOW
Mudas de eucalipto, espécie invasora danosa ao ecossistema local, plantadas em área de dunas de preservação permanente no Balneário Arroio do Silva indiciam descaracterização do ambiente. A Polícia Ambiental flagrou o crime e notificou o responsável. Graças à dedicação dos soldados e apoio do Município, este magnífico espaço natural será preservado. (RG)
CORREIO DE ARARANGUÁ, 10/04/1969
Dia 25 de março de 1969, pela última vez, ouviu-se o apito da “Maria Fumaça” aqui, no lugar onde uma vez foi uma pujante estação ferroviária, ao serem arrancados os trilhos e dormentes. Exalou seus últimos suspiros D. Tereza Cristina, a Estrada de Ferro que fez com que a Barranca tivesse vida, se tornasse um bairro de Araranguá. De luto, decerto, os velhos moradores da Barranca recordam com saudade os apitos do trem que ao clarear do dia os acordavam, enquanto a criançada pula e brinca, fazendo algazarra nos vagões retirantes. (...) Do trenzinho que partiu e não voltará... Da Maria Fumaça que não mais virá... Do apito que não mais se ouvirá... Fica somente na lembrança a nostalgia daquilo que um dia se chamou “elo de ligação”, “progresso”, “meio de comunicação” e “transporte”... Até início dos anos 80, a casa da estação da Barranca ainda estava lá
Gandhi estudante Quando Gandhi estudava Direito na Universidade de Londres, havia um professor que não o suportava, mas Gandhi não baixava a cabeça. Um dia o professor estava comendo no refeitório e sentaram-se juntos. O professor disse: – Senhor Gandhi, você sabe que um porco e um pássaro não comem juntos? – Ok, professor. Já estou voando... – e foi para outra mesa. O professor, aborrecido, resolve vingar-se no exame seguinte, mas Gandhi responde, brilhantemente, todas as questões. Então o professor resolve fazer a seguinte pergunta: – Senhor Gandhi, indo o senhor por uma rua e encontrando uma
No oculista – Pronto, minha senhora, com estes óculos a senhora vai poder enxergar melhor e ler perfeitamente. – Meu Deus! Como a ciência está adiantada: eu, uma completa analfabeta, agora poderei ler...
Na solidão, o solitário devora a si mesmo; na multidão devoram-no inúmeros. Então escolhe.
MARTA GRECHI
“Quem tiver de viajar na estrada de ferro D. Tereza Cristina, não deve levar pressa, não determinar a chegada, ter completamente os nervos restaurados e, melhor ainda, deixar testamento, sair confessado e comungado.” — Campinas, 12/9/1937 (p. 59)
4
NIETZSCHE
A garotinha na passarela puxando o pelotão, já se prepara na véspera do desfile. Deita cedo, mas com tanta empolgação que, sem conseguir dormir, se deslumbra a admirar, em cima da poltrona, o uniforme tão bem passado e tão limpinho! Parecia que brilhava! Então, enfeitiçada, dorme extasiada. Acorda, ainda na madrugada, com o ressoar dos tambores. Pula feliz da cama, se veste com esmero, alisa bem os cabelos, pra então viver seu momento de estrela. Não sabe muito sobre a Pátria Amada. Mas sabe, isso sim, que quer ser amada como a Pátria. Não está sozinha, mas naquela hora se agiganta e só vê o brilho do sonho que ela protagoniza. É lá, nessa menina, que reencontro, no baú de tal memória, o dia da independência dos conflitos que aprisionavam minha sonhadora alma. Viva a independência de minha doce e encantadora garotinha amada! Viva a independência de todas as almas aprisionadas! Viva a alma, pátria amada de todas as meninas desencantadas! Acordai todas, no alvorecer desta festiva data e segui em marcha, em direção do brilho de seus sonhos que lhes dão asas!
Em 1937, o jornal Campinas publicou uma matéria sobre as condições de uso da estrada de ferro:
Com o passar do tempo, esses apelos foram se impondo à realidade da região e acabaram por triunfar completamente. Mas, até que isso veio a acontecer, a estrada de ferro deixava, há mais de um século, marcas na região, marcas que com muito custo se tentou apagar. (p. 60) z (+ p. 6 e 7)
bolsa, abre-a e encontra a sabedoria e um pacote com muito dinheiro. Com qual deles ficaria? Gandhi responde: – Claro que com o dinheiro, professor. – Ah! Pois eu no seu lugar ficaria com a sabedoria. – Tem razão professor, cada um ficaria com o que não tem. O professor, furioso, escreveu na prova “IDIOTA” e entregou ao aluno. Gandhi recebeu a prova, leu e voltou: – Professor, o senhor assinou a prova, mas não deu a nota...
POLÍCIA AMBIENTAL
Registro de um anjo que fotografou o brilho de uma alma feliz
ATENDIMENTO: De segunda a sexta: das 8h às 12h e das 13h30 às 19h Sábados: das 8h às 12h e das 13h30 às 17h Tel. 3524-3071 Av. XV de Novembro
MEIO AMBIENTE
9
APOIO CULTURAL
A UNESC, Universidade do Estado de Santa Catarina, publicou em 2004 o livro de Dorval do Nascimento As Curvas do Trem: a presença da Estrada de Ferro no Sul de Santa Catarina, o mais completo trabalho sobre o tema que já encontramos. Abaixo, seguem alguns trechos: Quando a Estrada de Ferro Teresa Cristina foi constituída como empresa e se construiu o primeiro ramal férreo na região, a linha Imbituba-Minas, de 1880 a 1894, a ferrovia ainda tinha o halo da modernidade. Entretanto, na primeira expansão dos trilhos em direção a Criciúma, Urussanga e Araranguá, no contexto da Primeira Guerra Mundial, a estrada de ferro havia perdido o lugar de vanguarda do moderno. O avião e, principalmente, o automóvel – o novo ídolo do capitalismo mundial – roubavam-lhe a cena (...) relegando o trem ao segundo plano. (p. 14)
O último apito da Maria Fumaça na Barranca
SETEMBRO 2019
História do trem no Sul de SC
Araranguá era a mais importante localidade do vale do rio Araranguá (...). A chegada dos trilhos até Barranca, em área próxima à cidade, fortaleceu essa posição na medida em que as localidades do interior do vale exportavam seus produtos agrícolas e semimanufaturados através da ferrovia e por ela recebiam produtos industriais. (p. 43)
JORNALECO 516
SOLO DO EDITOR RICARDO GRECHI
Minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem de grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite. CLARICE LISPECTOR
Minha solidão não tem a ver com presença ou ausência de pessoas. Detesto que me roubem a solidão sem em troca me oferecer verdadeiramente companhia. NIETZSCHE
A solidão é perigosa e viciante. Quando você se dá conta da paz que existe nela, não quer mais lidar com pessoas. CARL JUNG
Dr. Ivan Holsbach MÉDICO PEDIATRA Eletroencefalograma - Mapeamento Cerebral RESP. TÉC.: Dr. Carlos Roberto de Moraes Rego Barros - CRM 3270 RQE 2755
Av. Engenheiro Mesquita, 361 - Centro - Fone: 48 3524-1380
CREMESC 2390
Fone (48) 3524-2483 Av. Engenheiro Mesquita, 371 - Araranguá SC
Diretor WLADINIR LUZ Redator ERNESTO GRECHI FILHO Gerente HERVALINO CAMPOS Tipógrafos WALDEMIRO, FERRINHO, NEI etc. Impressão: GRÁFICA LIDER (LIDO) (ORION) de 1960 a 1975 Redação e oficina: Av. Getúlio Vargas, 158-170, em frente ao Cine Roxy
Estimativa populacional de 2019
Xaxim 28.706 São Joaquim 26.952 Forquilhinha 26.793 Maravilha 25.762 Ituporanga 25.086 Capivari de Baixo 24.871 S.Lourenço do Oeste 24.076 Guabiruba 23.832 S.Amaro da Imperatriz 23.245 Balneário Piçarras 23.147 Garopaba 23.078 Orleans 22.912 Capinzal 22.848 Herval d’Oeste 22.606 Itaiópolis 21.669 Porto Belo 21.388 Schroeder 21.365 Urussanga 21.268 Itapoá 20.576 Pinhalzinho 20.313 Jaguaruna 20.024 Bombinhas 19.769 Papanduva 19.320 Três Barras 19.275 Ibirama 18.950 Otacílio Costa 18.744 Taió 18.395 Garuva 18.145 Abelardo Luz 17.904 Morro da Fumaça 17.796 Seara 17.541 Presidente Getúlio 17.471 Pouso Redondo 17.453 Massaranduba 16.916 Itapiranga 16.872 Santa Cecília 16.830 Cocal do Sul 16.684 Palmitos 16.169 Corupá 15.909 Dionísio Cerqueira 15.498 Lauro Muller 15.244 Nova Veneza 15.166 Nova Trento 14.549 Gov. Celso Ramos 14.471 Ilhota 14.184 Siderópolis 14.007 São José do Cedro 13.829 São Ludgero 13.410 Baln.Arroio do Silva 13.071
Turvo Luiz Alves Correia Pinto Balneário Rincão Sangão Canelinha Lontras Lebon Régis Campo Alegre Mondaí Rio dos Cedros Benedito Novo Ponte Serrada Rodeio Gravatal São Carlos Urubici Irineópolis Cunha Porã Balneário Gaivota Agrolândia Catanduvas Bal. Barra do Sul Apiúna Faxinal dos Guedes Irani Jacinto Machado Imaruí Pescaria Brava Guaraciaba Alfredo Wagner Coronel Freitas Bom Retiro Quilombo Monte Carlo Saudades São Domingos Iporã do Oeste Passo de Torres Santa Terezinha Tangará Armazém Campo Erê Antônio Carlos Santa Rosa do Sul São José do Cerrito Monte Castelo Descanso Major Vieira
12.899 12.859 12.795 12.760 12.678 12.240 12.130 12.107 11.978 11.742 11.676 11.652 11.593 11.551 11.501 11.281 11.235 11.222 11.086 10.979 10.864 10.861 10.795 10.743 10.667 10.419 10.416 10.135 10.091 10.090 10.036 9.981 9.966 9.887 9.866 9.745 9.445 8.996 8.823 8.787 8.676 8.674 8.526 8.513 8.358 8.295 8.275 8.250 8.103
Ascurra 7.934 Timbó Grande 7.877 Treze Tílias 7.840 Salete 7.642 Ipumirim 7.593 Ipuaçu 7.514 Paulo Lopes 7.494 Rio do Oeste 7.489 Palma Sola 7.423 Trombudo Central 7.360 Praia Grande 7.319 São João do Sul 7.297 Ouro 7.295 Maracajá 7.293 Água Doce 7.145 Anita Garibaldi 7.133 Treze de Maio 7.081 Campo Belo do Sul 7.016 Meleiro 7.015 Laurentino 6.970 Grão Pará 6.569 Águas de Chapecó 6.486 Águas Mornas 6.469 São João do Oeste 6.381 Vidal Ramos 6.338 Bela Vista do Toldo 6.337 Rio das Antas 6.205 Imbuia 6.197 Itá 6.169 Caibi 6.148 Rio do Campo 5.940 Petrolândia 5.937 São Pedro de Alcântara 5.823 Luzerna 5.685 Aurora 5.679 Anchieta 5.638 São Cristovão do Sul 5.549 Agronômica 5.448 Timbé do Sul 5.348 Botuverá 5.246 Guarujá do Sul 5.160 Nova Erechim 5.019 José Boiteux 4.997 Vitor Meireles 4.979 Angelina 4.801 Romelândia 4.786 Bom Jardim da Serra 4.743 Salto Veloso 4.718 Guatambú 4.704
Ponte Alta Rio Fortuna Riqueza Lindóia do Sul Tunápolis Vargem Bonita Cordilheira Alta Ipira Erval Velho Nova Itaberaba Arabutã Modelo Passos Maia Dona Emma Doutor Pedrinho Iraceminha Pedras Grandes Witmarsum Jaborá Xavantina Treviso Piratuba Saltinho Braço do Trombudo São João do Itaperiú Caxambu do Sul Vargeão Pinheiro Preto Arroio Trinta Bocaina do Sul Major Gercino Paraíso Ponte Alta do Norte Zortéa Calmon Serra Alta Anitápolis Atalanta Entre Rios Ibicaré São Martinho Cerro Negro Leoberto Leal Bom Jesus (...) Morro Grande (...) Ermo (...)
ANO VII - AGOSTO E SETEMBRO DE 1966 [A inexplicável troca do nome “David do Amaral” para “Castro Alves, e o mau estado da escola em 1966]
4.682 4.611 4.598 4.563 4.543 4.492 4.453 4.446 4.412 4.331 4.267 4.209 4.147 4.146 4.064 3.976 3.976 3.965 3.936 3.933 3.929 3.854 3.781 3.743 3.733 3.642 3.573 3.555 3.550 3.474 3.442 3.437 3.414 3.363 3.346 3.263 3.232 3.210 3.203 3.202 3.180 3.124 3.041 3.010
Grupo Escolar Castro Alves
2.893 2.063
Em negrito, municípios da AMESC
8
FAZENDO UM VENENINHO z Quando o conjunto The Wild Cats [ver J ORNALECO anterior] se apresentou na TV Piratini [emissora de Porto Alegre que retransmitia a TV Tupi e era uma das duas ou três captadas em Araranguá], quem fez sucesso foi o Walmarino. Estava em todas. E a torcida delirava. z COOPERATIVA FUNERÁRIA O Edwar Pelegrini sugeriu ao Bilo que criasse uma cooperativa igual a essas que andam por aí vendendo automóveis. Seria o seguinte: o Bilo consegue 60 candidatos. Cada um pagará uma mensalidade. A medida que o cooperador for morrendo, será o mesmo que fosse sorteado. Sai logo do plano e não pagará mais nada. Os outros continuarão pagando. Não há lances.
O Grupo Escolar Castro Alves, situado na avenida XV de Novembro, é o mais antigo estabelecimento de ensino primário da cidade. Primeiramente, com o nome de Grupo Escolar David do Amaral, funcionava na Praça Hercílio Luz. Mais tarde, ocupando prédio próprio, localizou-se na avenida Getúlio Vargas, no ponto onde foi construído o majestoso edifício do Colégio Normal Estadual. No governo Nereu Ramos, foi construída nova sede para o então Grupo Escolar David do Amaral, recebendo o novo nome de “Castro Alves”. Aliás, até hoje, estamos por saber a razão da mudança do nome “David do Amaral” Hospital Bom Pastor: 15 anos de existência para “Castro Alves”. O primeiro, antigo professor araranHá 15 anos, em 1º de setembro, era fundado o Hospital guaense, tem seu nome ligado à história citadina. Quanto Bom Pastor. Passaria despercebida a data, não fossem os ao famoso e imortal poeta, embora mereça o respeito do arquivos do sr. Altícimo Tournier. (...) Três competentes estudante de Araranguá, nada vemos que possa justificar médicos atuam no HBP. Dr. Martinho Ghizzo, seu diretor. Trazendo das plagas gaúchas onde atuou larga experiência, essa homenagem. Entretanto, a finalidade desta reportagem não é a de imprime à direção do hospital uma orientação deveras levar aos nossos leitores velhas histórias ligadas à vida elogiável. (...) Dr. Sabino de Barros Lemos, veterano médico estudantil da antiga Campinas. Somos forçados, infeliz- mineiro, há longos anos vem clinicando com maestria. Foi mente, a trazer ao conhecimento público, o estado deplo- um dos fundadores do Bom Pastor. Dr. Edward Mendoza, ex-diretor do HBP, estudioso e capaz, sempre mereceu a rável em que se encontra o Grupo Escolar Castro Alves. (...) Afinal, comparando com os modelares grupos confiança daqueles que necessitam de seus préstimos escolares construídos posteriormente, como o Grupo profissionais. (...) Quanto à diretoria do HBP, merece Escolar Maria Garcia Pessi, de Cidade Alta, o Grupo Escolar encômios pela maneira correta com que vem conduzindo Dolvina Leite de Medeiros, de Urussanguinha, o Grupo a sua administração. É seu presidente o sr. Lino Jovelino Escolar [Bernardino de Senna Campos], de Coloninha, a Costa, tendo como secretário o sr. Waldemar Pacheco e Escola Normal Madre Regina, o Colégio Nossa Senhora tesoureiro, o sr. Antonio L. da Silva. CA 145 20/09/1966 REPR. DO CLICHÊ Mãe dos Homens, vê-se o quanto o Castro Alves está necessitando das autoridades. Não resta dúvida que, com o esforço do Inspetor Geral sr. Munir Bacha, há tempos a Secretaria da Educação mandou proceder ligeiros reparos. Mas não bastou. Necessário se faz uma reforma geral. Só assim o Grupo Escolar Castro Alves poderá continuar ostentando o título de estabelecimento padrão, para orgulho daqueles que receberam no velho educandário seus primeiros ensinamentos. Aqui fica um apelo ao sr. Secretário da Educação e Cultura do governo Ivo “No clichê, um aspecto do Grupo Escolar ‘Castro Alves’, antigo ‘David do Amaral’” Silveira. CA 144 20/08/1966
5
APOIO CULTURAL
590.466 500.973 357.199 246.586 220.367 219.536 215.186 177.697 171.797 157.544 142.295 134.723 105.686 84.507 82.989 81.475 78.595 74.641 71.061 69.639 69.425 68.481 68.228 65.312 56.421 56.292 54.401 53.065 52.721 50.982 45.814 44.853 44.819 44.238 42.302 40.482 39.745 38.407 38.129 37.424 36.443 36.244 35.398 33.450 33.447 32.531 30.374 30.118 29.168
F A CRÔNICA DOS ANOS 60 F
SETEMBRO 2019
Joinville Florianópolis Blumenau São José Chapecó Itajaí Criciúma Jaraguá do Sul Palhoça Lages Balneário Camboriú Brusque Tubarão São Bento do Sul Camboriú Navegantes Caçador Concórdia Rio do Sul Gaspar Indaial Biguaçu Araranguá Itapema Içara Mafra Canoinhas Videira São Francisco do Sul Xanxerê Laguna Imbituba Guaramirim Timbó Rio Negrinho São Miguel do Oeste Curitibanos Tijucas Araquari São João Batista Fraiburgo Campos Novos Porto União Braço do Norte Pomerode Penha Sombrio Joaçaba Barra Velha
em Minas Gerais, tem a menor população, com 781 habitantes. Em Santa Catarina, Joinville tem a maior população, com 590.466 habitantes, seguido de Florianópolis, com 500.973. A menor é a de Santiago do Sul, com apenas 1.260 habitantes. Confira a população dos municípios de Santa Catarina:
JORNALECO 516
O estado de Santa Catarina tem, de acordo com a estimativa do IBGE divulgada em agosto, 7.176.876 habitantes, ante os 7.075.494 de 2018. Estima-se que o Brasil tenha 210,1 milhões de habitantes. O município de São Paulo continua sendo o mais populoso do país, com 12,25 milhões, e Serra da Saudade,
j LOGOTIPO CRIADO POR C. E. GUASCO (ESTREOU NA EDIÇÃO 169 DE 16/04/1968 E FOI USADO ATÉ O FINAL)
Apertam o calor, o horário, e o correl corre aumenta. O tempo curto acelera o
O último trem... Barranca à vista!
passo do pessoal em direção à bilheteria, isto para os retardatários e, para os que já estão na longa plataforma de embarque, a rapidez é por um melhor vagão e, é claro, por uma confortável janela, preferencialmente pelas que ficam do lado que menos venha a pegar sol durante as quase seis longas horas de viagem até Araranguá. É que no trem não há números de poltronas reservadas como nos ônibus. É só embarcar, sentar, e pronto. Depois disso ninguém mais tira o lugar de ninguém. Logo, vale a correria.
TEXTO DE CÉSAR DO CANTO MACHADO
HOUVE um tempo, lá pelos anos
suando em cântaros, o maquinista timonava com extrema maestria as manoplas e mostradores da veterana guerreira. E, tal qual um “cuco”, de quando em quando colocava a cabeça para fora da minúscula janela para saber como estava se comportando a sua fabulosa serpente de aço.
Por onde se passou antes, de Imbituba até Tubarão, o melhor e mais atraente registro por lá sempre foi o da passagem sobre a extensa ponte de ferro na localidade de Laranjeiras, em Cabeçudas, lá na histórica Laguna; mas isto, só para os mais antigos, aqueles que nasceram antes de 1934. É que naquele ano foi inaugurada a atual ponte Henrique Lage, ela que até hoje dá passagem para o trem e a todo tipo de veículo, via terrestre. Dali em diante, ou seja, de Tubarão para frente, começava, então, a histórica viagem rumo ao sul, num trajeto de 91 quilômetros até alcançar a última estação da linha, ou seja, a da Barranca, em Araranguá. Neste lugar, desde 1927, o longo par de trilhos finalizava o trajeto empinando-se em mais de um metro de altura para o céu – como uma rampa de skate – e como se, de braços abertos, estivesse a saudar a chegada dos viajantes.
Sexta-feira, 11 de fevereiro de 1966 Na estação ferroviária da Cidade Azul, que fica de frente para a rua Marechal
Deodoro, mais conhecida pelos moradores como “rua da beira do rio”, a movimentação é intensa. No largo onde ficam os “carros de mola” (táxis da época – que eram do tipo carruagens – puxadas por pares de cavalos) muita gente começa a chegar para o concorrido embarque das nove horas da manhã. Debruando o tal miolo, que é quase exclusivo dos poucos carros e das muitas carroças, a calçada se apinha de viajantes e de acompanhantes que vieram, apenas, para assistir a partida dos parentes e conhecidos. Junto, oportunistas de plantão abrem suas malas no chão e oferecem de tudo aos transeuntes, desde as famosas camisas “Volta ao Mundo” e cortes de tecido “tergal”, passando, ainda, pelas modernas blusas “ban-lon”, até os vistosos e pesadíssimos relógios automáticos, estes, sim, de qualidade e marcas extremamente suspeitas, vendidos quase ao logro, sempre com a ajuda de um “H” – aquele personagem que aparece na hora certa da negociação só para dar crédito ao produto do trapaceiro. Isto sem contar com a jogatina rápida, onde, numa improvisada mesa de caixote, um hábil e mal intencionado crupiê mostra sua esperteza manipulando dados, dedais e cartas, ganhando dinheiro fácil dos inúmeros inveterados passantes jogadores.
AV. VEREADOR MANOEL COSTA
Eletro Costa PASSA TRÊS QUEBRA-MOLAS
Antonio Costa Cardoso (Toninho) REBOBINAGEM DE MOTORES, ELETRODOMÉSTICOS E ELETROMECÂNICA EM GERAL
l
RUA CAETANO LUMMERTZ ANGELONI
CEMITÉRIO
Av. Vereador Manoel Costa, 82 Jardim das Avenidas Tel. 3524-0514 99958 8783
SETEMBRO 2019
Embarque do trem na estação da Barranca, anos 1950. Foto de Salvador
6
7
APOIO CULTURAL
Aos poucos cada um vai se ajeitando aqui e ali. Minutos depois, o maquinista anuncia a partida e o cobrador que confere as passagens vai perfurando uma a uma as cartelas, de vagão em vagão. Em seguida, lá na frente, o operador da máquina puxa a cordinha do estridente apito e acontece, então, o primeiro solavanco, aquele que pega alguns de surpresa e quase derruba os retardatários que acabaram de entrar nos vagões e, em pé, ainda não se acomodaram em seus lugares. Num segundo tranco o trem já está em movimento; e lá vai o famoso “horário” a caminho do Araranguá, com breves passagens por Congonhas, Jaguaruna, Morro Grande, Esplanada, Esperança, Içara, Sangão, Verdinho, Próspera, Criciúma, Pinheirinho e Maracajá. Das paradas, algumas têm características próprias e as mais demoradas são em Jaguaruna – para a máquina beber água –, em Criciúma, para pegar novos passageiros e em Maracajá, para os últimos desembarques antes de o comboio chegar ao destino. Para a criançada, porém, a melhor e mais divertida das estações é mesmo a da localidade de Esplanada, funcionando desde 1919 e que fica quase ao lado da de Jaguaruna. Lá, há sempre um alvoroço por parte da meninada, já que mil e uma guloseimas são oferecidas aos passageiros. Pelas próprias janelas, do lado de fora, ou pela rápida invasão aos vagões, estes especialistas em delícias caseiras armam uma verdadeira gritaria de ofertas e não deixam os pais sossegados. Pessoas de todas as idades provocam água na boca da petizada passando em fila indiana pelo vagão com suas sortidas e lotadas bandejas, formas e pratos, habilmente equilibrados numa mão só, sempre à altura do ombro. Há ainda os que trabalham com tabuleiros de balas e, diferente de todos os lugares, os que vendem água potável para consumo imediato. Neste caso, o produto é colocado num bule ou chaleira, sempre com um copo vazio emborcado no bico – é que a água oferecida nas cabines dos banheiros de cada vagão não serve para consumo. Sai quente da torneira – por conta do sol – e quase preta, pelo volume de sujeira de
JORNALECO 516
APOIO CULTURAL
1960, quando era bem mais interessante, barato e rápido se chegar a Araranguá, vindo do norte catarinense, a bordo de um dos muitos vagões puxados pela velha e sempre eficiente Maria Fumaça da Estrada de Ferro Dona Tereza Cristina. Era a valente locomotiva num longo comboio composto de dois ou três carros para o transporte de mantimentos, principalmente farinha e lenha, e dos sete, oito e até nove vagões exclusivos para passageiros, aposentos estes classificados em primeira e segunda classes. Da dita classificação, a diferença estava no tipo de assento que oferecia aos usuários; uns de madeira, pintados em marrom escuro – tipo banco de jardim –, e os outros, estofados com boa quantidade de estopa, firmemente revestidos por um resistente vinil, quase lona, em tom verde-azeitona. A curiosidade era o encosto móvel, ora ficando no sentido normal, ora na posição inversa, com os passageiros viajando de costas para a locomotiva. E podiam, ainda, uns ficarem de frente para os outros – de duas em duas poltronas –, situação muito comum quando viajavam em família. Por fora, os vagões de passageiros pintados de vermelho-escuro e fartamente enjanelados, deixavam ver, logo abaixo dessas aberturas, uma extensa faixa em encarnado claro. Com 40 centímetros de largura, ia de ponta a ponta e dava destaque às conhecidas iniciais EFDTC caprichosamente pintadas em amarelo ouro. No teto, um toldo preto, também de vinil, cobria cada vagão, sobrando duas abas nas extremidades, tipo as de boné, pontos onde ficavam as estreitas portas de embarque dos passageiros. Era um pequeno vão de madeira, ao ar livre, espécie de corredor externo, perigosamente junto ao engate que fixava um vagão ao outro. Tudo bem ao melhor estilo dos conhecidos filmes de bang-bang. Na frente, a fera. A fogosa locomotiva, fumegando rolos escuros que se perdiam no céu num “café-com-pão-manteiganão” a todo vapor, abria caminho com seu potente limpa-trilhos trabalhando como abre-alas. Bem maior que um caminhão tanque de combustível, o cilindro da caldeira, que tinha o interior em brasa, era gigantesco e não parava de ser abastecido com boas pazadas de carvão de pedra pelo atento foguista. Ao lado, na mesma superaquecida e apertada cabine, igualmente
carvão acumulado em seu depósito. Nem para lavar as mãos serve. Ainda dos quitutes da Esplanada, docinho do céu, cocada, pão-de-ló, fatia dourada, broas de todo tipo, roscas – que chamamos de coruja – e fatias de pão de milho não faltam no variadíssimo cardápio. No inverno acrescenta-se o saboroso pinhão e, no verão, o irresistível milho verde. Não cair em tentação, nessa hora, é simplesmente impossível.
E segue o trem... Algumas horas de viagem ficaram para trás, e pelo estado físico dos passageiros dá para notar que nem todos teriam resistência para o dobro de tempo, caso o percurso fosse maior. Há, por exemplo, quem esteja quase “aos pedaços” de tanto sofrer com o cuidar dos filhos, estes que não param um minuto sossegados, insistindo em viajar na janela, com a cabeça para fora, ou aprontando um vaivém constante nos estreitos corredores, importunando outros viajantes. As roupas deles, então, estão simplesmente imundas. A fuligem – que vem da locomotiva –, trazida pelo vento e que invade os vagões quando o comboio faz uma curva mais longa, é apontada como a grande vilã. Aí a vestimenta que era amarela vira ocre e a branca, cáqui. Todos deveriam usar roupas escuras, mas o causticante verão não deixa. Mesmo assim, como a maioria não viaja com crianças tão espoletas, a viagem é descontraída e o que mais se nota, no se aproximar as últimas estações, é que ainda há disposição para o bom humor e até largos sorrisos. Começa aí o processo de “arrumar a casa”, ou seja, ajeitar e arrebanhar as bagagens para o desembarque, aprumar o corpo, ajustar a roupa no esqueleto e dar a última espiadela no visual externo, já que a paisagem continua fantástica. O Vale do Araranguá é exuberante por terra, mar e ar. É certo que ainda há mais de dez quilômetros de trilhos a serem percorridos, mas, para quem já viajou mais de cinco 11h45, Morretes. O trem prepara a partida para Tubarão. Foto de Bernardino Campos, 1929
horas, isto é insignificante, e o melhor mesmo é estar tudo pronto na chegada. Agora, porém, já não há tempo para mais nada. Maracajá ficou para trás e a estação da Barranca é logo ali. Quase todos se mexem como formigas alvoroçadas, cada um querendo ganhar o corredor, que mal permite uma fila dupla de pedestres e, mais que isso, alcançar as duas portas que ficam nas extremidades dos vagões. A propósito, nunca existiu uma porta de emergência naqueles vagões. É quase uma correria, mas há, também, quem tenha muita paciência e aguarde sentado, tranquilamente, sabendo que lá é o fim da linha e tem todo o tempo do mundo para desembarcar. E assim, todos, ainda no epílogo, vão se preparando para o ato final.
A chegada Aos poucos o trem vai diminuindo a velocidade e, anunciando a chegada, o maquinista apita forte pela última vez, para que ninguém mais se arrisque em efetuar passagem sobre a linha, pois não há como frear a longa composição repentinamente. Em seguida, uma espécie de descompressão da locomotiva acontece e tudo vai parando lentamente, com boa parte do comboio dos vagões de passageiros encaixando-se perfeitamente na plataforma da estação. O trem, finalmente, cessa seus movimentos e começa a operação de desembarque, o que acontece, como sempre, com certa lentidão e pouca organização. É que nessa hora já não há compromisso da empresa ferroviária com os passageiros e cada um se vira como pode, carregando malas e bagagens rampa abaixo, nas costas de ajudantes, em carrinhos de mão ou nas conhecidas carroças de frete. Automóveis de aluguel praticamente inexistem por ali. E, desse jeito, ninguém fica para trás. Da estação da Barranca, o destino agora é a velha balsa que fica logo adiante, a menos de cem metros dos trilhos e que vai cruzar o caudaloso e verde rio Araranguá, colocando todos no rumo do centro da cidade, que também não fica tão longe. z (+ p.4)
JOALHERIA E ÓTICA www.alcidino.com.br
OS SEUS OLHOS MERECEM.
ARARANGUÁ • CALÇADÃO
z
TEL. 3524-1633