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Redescobrir
Um museu para ser redescoberto
O Museu Júlio de Castilhos, fundado em 1903, foi a primeira instituição museológica do Rio Grande do Sul e ainda é considerado um dos mais importantes por estar profundamente ligado à história do Estado
Gabriela Senden
Com um acervo composto por mais de 11 mil objetos regionais que caracterizam a diversidade cultural do Rio Grande do Sul, o Museu Júlio de Castilhos tornou-se hoje um local de pouca presença do público porto-alegrense.
Tirando as excursões escolares do Ensino Fundamental, as visitas espontâneas são escassas, mesmo com a entrada franca.
São em média 1.300 visitantes ao mês, segundo a diretora Vanessa Becker, número consideravelmente baixo comparado ao Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli (MARGS), que recebe em torno de 500 visitantes por dia, número que aumenta vertiginosamente com a Bienal do Mercosul (esteve em cartaz até 22 de novembro) de acordo com informações do relatório de visitas controlado pela portaria do local.
A diretora Vanessa expõe sua opinião a respeito da média de visitantes do museu: “Este ano tivemos uma baixa devido às condições climáticas, que acabam interferindo diretamente no público. Mas, ainda assim, nos finais de semana, recebemos visitantes de outras cidades, que fazem passeios em pontos turísticos do Centro Histórico”.
Como o casal de Mostardas (RS) Natália Braga e Roberto Frantz, que foi conhecer o museu na véspera do feriado da Revolução Farroupilha, dia 19 de setem
Curiosidades do acervo
bro, um dos principais temas do acervo da instituição.
“Estávamos fazendo um passeio a pé para conhecer o Centro, aí a fachada nos chamou a atenção, entramos por curiosidade mesmo. As exposições são muito interessantes, até achei estranho estar vazio”, comenta Roberto.
Para o historiador e coordenador do Memorial da Câmara Municipal de Porto Alegre, Jorge Barcellos, são diversos fatores que justificam a falta de público do Museu Júlio de Castilhos.“As pessoas estão ficando cada vez mais exigentes, hoje na cidade há uma série de eventos ‘fenomênicos’, que usam recursos tecnológicos, multimídia, para atrair público. Por ser pioneiro, o Júlio de Castilhos sofre
As botas do Gigante As botas pertenceram a um sujeito chamado Francisco Ângelo Guerreiro (1892- 1925), que ficou famoso nas arenas de circo e nos livros de medicina no início do século XX em função de seus 2,45 metros de altura. As botas são de numero 56. A volta ao mundo de Lambreta O jornalista José Ferreira da Silva, gaúcho natural de Caxias do Sul, conseguiu um feito inédito. Deu a volta ao mundo em 359 dias a bordo de uma Lambreta no final dos anos 60. A aventura ganhou uma nota no Guinnes Book como feito incrível. O veículo está exposto no museu desde 1970. desvantagem em relação aos mais novos, por tratar exclusivamente da história do Rio Grande do Sul.” Jorge também expõe sua opinião sobre os responsáveis pelo museu. “Ao meu ver, a administração do museu não está tendo sucesso nas estratégias para tornar o local mais atrativo. Outro fator são os cortes de recursos do governo, como agora, e infelizmente o setor da cultura é o primeiro da lista”, lamenta o historiador.
O Museu Júlio de Castilhos está localizado na Rua Duque de Caxias, número 1205, Centro Histórico. Os horários de visitação são de terça-feira a sábado das 10h às 17h. Para agendamento ligar (51) 3221-5946 ou pelo email museujuliodecastilhos@gmail.com
Crânio Mumificado Encontrado no litoral de Torres, o crânio pertenceu a uma mulher indígena e tem cerca de 2 mil anos. Graças à ação do sal marinho, ele manteve-se em um estado de conservação surpreendente, pode-se observar cabelo e cartilagens em sua face. Fama de mal-assombrado O museu tem fama de mal-assombrado devido a duas mortes trágicas que ocorreram em suas dependências — a do político Júlio de Castilhos, em 1903, consequente de uma cirurgia, realizada em seu próprio quarto, para a retirada de um tumor; e a de sua esposa, Honorina, em 1905, que se suicidou em um dos aposentos da casa.