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As Dores de Porto Alegre

Dê o primeiro passo para conhecer os mistérios da igreja mais antiga da Capital

Eliane Aires

Porto Alegre, a capital gaúcha de 243 anos, encontra no turismo uma grande saída para dar visibilidade aos encantos da cidade. Nela, as pessoas deparam com estádios de futebol, o mercado público e o centro histórico, museus e, ainda, igrejas com as mais variadas idades. Uma delas é a Igreja das Dores, a mais antiga existente em Porto Alegre.

Sua construção teve uma longa trajetória. Até 1807, membros da irmandade adoradora de Nossa Senhora das Dores rezavam missas na Igreja Matriz, quando então resolveram construir o próprio templo, às margens do Rio Guaíba. “Esmolas” foram a base do levantamento da obra, que foi executada por operários contratados, mas também por escravos (na minoria). Reza a lenda que materiais de construção teriam faltado, o que condenou o escravo Josino, pertencente a Domingos José Lopes. No período da escravidão, muitos enforcamentos foram realizados no centro de Porto Alegre, e com Josino não foi diferente. Porém, no dia de sua execução, o escravo, alegando inocência, rogou uma praga ao seu senhor para que este jamais visse a conclusão das torres da Igreja. Lenda ou não, pois não há nenhum documento que comprove a existência de um escravo chamado Josino, a praga se cumpriu e as torres só foram concluídas em 1901, quando Domingos já havia falecido.

Atualmente, existe o Programa Monumenta, que foi implantado com o objetivo de restaurar o edifício, conservando seu valor cultural, já que a Igreja é a única do Rio Grande do Sul tombada pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). Segundo o historiador Fábio Kuhn, cabe destacar que ela é também a única igreja remanescente do período colonial, tendo sua construção finalizada no início do século XIX.

Para a museóloga Caroline Zuchetti, responsável pela parte histórica das Dores, “a Igreja é um espaço diferenciado, pois possui um estilo eclético em que vários arquitetos deixaram um pouquinho de sua marca: luso-portuguesa colonial, gótica, rococó-barroca neoclássica”.

Você também pode conhecer os encantos e as curiosidades da igreja mais antiga de Porto Alegre. Para isso, marque uma visita por telefone e confira ao lado tesouros que resistiram ao tempo e podem ser apreciados no local.

As peças sagradas e outros objetos, bem como o espaço reservado para o futuro museu, podem ser conhecidos pelo público em geral. Para isso, basta agendar uma visita na secretaria da Igreja das Dores pelo telefone (51)3228-7376. A igreja está localizada na Rua dos Andradas, número 387, no Centro da cidade.

A Igreja das Dores é a única igreja de Porto Alegre remanescente do período colonial

Tesouros históricos

1. Castiçais:

Em 1871, a Igreja das Dores recebeu, diretamente de Portugal, 40 castiçais de madeira, dourados, que até hoje se encontram nos altares laterais e no trono do altar-mor. Seis deles foram adaptados, em 1872, para servirem de pedestais a crucifixos, postos em cada altar.

2. Imagem de Nossa Senhora das Dores:

Localizada na entrada lateral da Igreja, envolta por uma redoma de vidro, é uma imagem de roca, estilo barroco, com tamanho natural, medindo 1,25m, com rosto de porcelana, olhos de vidro e braços móveis. Foi doada em 1820, para substituir uma imagem de Nossa Senhora das Dores que incendiou no Consistório, no ano anterior.

3. Futuro museu

Este espaço será destinado à concretização de uma ideia antiga: um museu que guardará objetos de valor tanto econômico quanto pessoal de doadores. A realização da obra está em trâmite de aprovação pelo Iphan.

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