Blog de Papel # 11

Page 1

Edição 11 Porto Alegre Dezembro 2020 Venda Proibida ESPM Porto Alegre

Jornal do Curso de Jornalismo da ESPM Porto Alegre

Mosaicos de 2020


EDITORIAL

Número 11: produção de equipe O jornalismo é, em sua essência, um trabalho de equipe. A reunião de pauta, a entrevista, a edição, a revisão das páginas, são momentos em que o time troca ideias, pensa junto, planeja, refaz, debate. Antes da pandemia da Covid-19, esses encontros ocorriam presencialmente, na redação, na sala de aula. Mas tudo virou em 2020, e a edição número 11 do Blog de Papel precisou também se adaptar: pautas, diagramação, edição e revisão de páginas, foi tudo executado via Zoom, a distância. Um desafio novo para professores e estudantes de duas turmas da ESPM.

Neste cenário, as 12 páginas deste Blog de Papel comprovam que a essência do jornalismo é forte e perene, pois o número 11 virou realidade apesar da distância física. Acredito que essa força vem da equipe, da oportunidade e da decisão de compartilhar ideias e dividir dúvidas e dificuldades. Seis repórteres mulheres assinam as reportagens desta edição, com temas diversos que envolvem literatura, alimentação, maratona, moda agênero, bares e pandemia. E por trás, nos bastidores, uma equipe também muito ativa e criativa de estudantes se envolveu na diagramação

desta edição, propondo desenhos de página e discutindo os melhores caminhos para finalização de capa e contracapa. Também aproveitamos esta edição para homenagear o curso de Jornalismo da ESPM, que este ano completa 10 anos de existência, e a HUB, a agência experimental do curso. Resumindo: o Blog 11 não se acanhou, e um time que ama jornalismo construiu esta edição, que eu tive a honra de apresentar aqui. Boa leitura!

Professora Ângela Ravazzolo

SUMÁRIO

3 4 5

Agênero: a moda sem rosa versus azul Sofia Scopel Chiaradia

Os bares e a pandemia Bruna Calcanhotto Galvão

Existe maratona sem maratonista? Giovanna Sommariva

6 7 8

Elas que escrevem Lúcia Helena Centeno

9

Alimentação viva: boa para o bolso e para a qualidade de vida

10

Kombucha: por que você deve começar a consumir Ana Weber

Martha Schoen Dias

10 anos do curso de Jornalismo da ESPM Professor Leandro Olegário

11

HUB ESPM: experiências que transformam

EXPEDIENTE O jornal BLOG DE PAPEL é uma publicação dos estudantes do 4º semestre do curso de Jornalismo da ESPM Porto Alegre. Coordenação do Curso de Jornalismo: professor Dr. Alessandro Souza e professor Dr. Leandro Olegário. Equipe de reportagem da Edição número 11 (Dezembro de 2020): Ana Weber, Bruna Calcanhotto Galvão, Giovanna Sommariva, Lucia Centeno, Martha Schoen Dias e Sofia Scopel Chiaradia. Capa: ilustração com fotos desta edição por Guilherme Resende Muniz. Coordenação Editorial: professora Dra. Ângela Ravazzolo. Monitora da Disciplina: Alice Germansen. Coordenação do Design Editorial e Produção Gráfica: professor Me. Guilherme Resende Muniz. Estudantes da disciplina de Interfaces Gráficas e Digitais: Augusto Braga, Bruna Galvão, Carla Eliane Rodrigues, Gabriel Fraga, Henrique Engel, Henrique Müller Nascimento, Júlia Barros e Silva, Leonardo Bartz, Lohany Sorgen, Marcos Alexandre Barcelos Corrêa, Maria Eduarda Guerra, Martha Schoen Dias, Pâmela Rodrigues, Rafaela Knevitz Misel, Thomaz Pires e Vinicius Umann. Criação do nome do Jornal Blog de Papel desenvolvido por e Richard Koubik e projeto gráfico por Eduardo Diniz e Marcos Mariante.

ESPM Porto Alegre – Rua Guilherme Schell, 268 e 350, bairro Santo Antônio – Porto Alegre – RS, 90640-040 – Fone: (51) 3218-1300

22


Comportamento

Agênero, a moda sem rosa versus azul Grifes contemporâneas produzem peças que não se limitam ao padrão Sofia Chiaradia Foto: Leonardo Angelo Albuquerque (@leoangelo) / divulgação

A marca Pangea investe em testes para que as peças sirvam em diferentes pessoas

Agênero, unissex, genderless... Termos que se tornam a cada dia mais presentes quando o assunto é a forma como nos vestimos. Ao perceber a força atual dessa tendência, é possível questionar quando e por que o gênero passou a ter importância na moda e o motivo pelo qual está em evidência. A professora do curso de Design da ESPM Porto Alegre Viviane Gil explica que, para teóricos de moda como James Laver, não é possível analisar a história dos trajes a partir da divisão de gêneros, isso porque a expressão do gênero no vestuário depende muito da localidade e da cultura de cada povo. Os escoceses modernos, por exemplo, usam saia, e as mulheres do extremo oriente, onde o clima é frio, historicamente sempre usaram calças. Um estilo só pode ser considerado moda quando muita gente faz uso do mesmo. Portanto, se levarmos em conta a teoria da moda, perceberemos que o agênero ainda não é considerado “moda” e sim a necessidade de um grupo de expressar pensamentos e ideologias ao ultrapassar o limite de gênero proposto pela sociedade. Além disso, Viviane explica que uma peça agênero, pensada

de modo projetual, é definida como um traje que pode ser usado ergonomicamente por corpos femininos ou masculinos, e as características comuns dessas peças seriam cores neutras e cortes retos. Porém, se levarmos em conta a perspectiva daqueles que produzem e fazem uso desse tipo de moda, as conclusões serão diferentes. De acordo com Nilo Lima, sócio cocriador da marca cearense agênero Pangea, “Toda roupa, enquanto tecido costurado, é sem gênero. Quem significa a roupa é a pessoa e não o contrário.” O estilista acrescentou que, para a Pangea, o importante é que a pessoa que veste a roupa seja quem defina o que aquela peça é, sem predeterminações de gênero. A marca tem como cultura deixar os clientes livres para experimentações, o objetivo é que o indivíduo se sinta confortável com a peça e tenha o arbítrio para decidir se ela lhe cabe ou não. A Pangea investe em testes de modelagem, tecido e tabela de medidas para que as peças possam servir para o maior número de corpos possível. De acordo com Johny Oliveira, cofundador da marca gaúcha Piña

con Limón, a definição é mais simples. Para ele, a moda agênero é liberdade. O estilista defende que essa moda é o movimento que permite que um indivíduo não precise manter padrões. A Piña produz com o objetivo de que qualquer cliente possa vestir o que quiser, de qualquer tamanho, sem impor limlitações por tabela de medidas, gênero e orientação sexual. Johny ressalta que as gerações mais jovens são as que estão se encaminhando cada vez mais para esse caminho. Conforme dados expostos pelo varejista Rob Smith durante a WWD Culture Conference, 56% dos consumidores da geração Z (jovens entre 13 e 20 anos) compram produtos considerados “de fora” da sua área de gênero atribuída. A moda, no decorrer da história, sempre foi uma forma de expressão cultural, e não somente vestuário. Emerson Brandão, estilista da marca Cejuntos moda agênero, de São Paulo, explica que a moda nunca pode ser considerada apenas como uma forma de se vestir, pois, por meio das roupas, uma pessoa demonstra muito sobre quem Foto: Bruno Ost / divulgação

ela é. De acordo bom Brandão, a construção da ideia da moda separada em masculino e feminino se deve ao patriarcado, em uma época em que as mulheres eram vistas como frágeis, delicadas e românticas, vestindo babados e peças acinturadas, e os homens precisavam externar seriedade e braveza, por meio de peças retas e sóbrias. Hoje, a moda ainda é uma forma de expressar personalidade, e por isso a moda agênero tornouse um posicionamento importante para que ocorra o começo de uma desconstrução cultural. Para a estudante de psicologia da PUC-RS Luísa Mendes, 22 anos, que tem como hábito usar peças de roupa agênero, essa moda vai além de marcas de grife investindo em editorias minimalistas. Ela declarou que esse estilo “é uma escolha que envolve minha conduta, meu orçamento e a minha visão sobre o que a moda pode ser”. A estudante explica que, para ela, tanto uma bermuda cargo quanto um vestido florido podem ser considerados moda agênero, pois esse estilo permite a apropriação de peças consideradas femininas e masculinas e a ressignificação das mesmas em um novo contexto. Nilo acrescenta que, por mais que no momento ainda exista estranhamento quando o assunto é a moda agênero, ele acredita que em algumas décadas essa cultura vai estar mais forte e vai ser naturalizada na sociedade.

A Piña con Limón produz com o objetivo de que o cliente possa vestir o que quiser

3


Comportamento

Os bares e a pandemia Estabelecimentos da Capital criam estratégias para lidar com os limites impostos pela Covid-19

Com mais de oito meses de isolamento social, três empresários de Porto Alegre, proprietários de bares no bairro boêmio Cidade Baixa, comentam sobre este cenário desafiador e as dificuldades de manter os estabelecimentos. Lourenço Gregianin Testa, ou “Lolly”, proprietário do Dirty Old man e do Sandbox Bar Experimental, Sandro Rodrigo Macedo, dono do 7 GastroPub e do recentemente fechado Rock N’ Soul, e Sônia Maria Ferreira Bastos, dona do InSônia, contam como é a aventura de tocar um negócio em tempos de incerteza. Com a chegada da pandemia, o bar Dirty Old Man, localizado na Rua General Lima e Silva, número 956, foi fechado em 13 de março. Houve a tentativa de implementar tele-entrega e o sistema pague e leve, mas a demanda não funcionou pela tipologia de serviços e produtos oferecidos. “Foi por muito pouco que não encerramos as atividades permanentemente”, contou Lolly. O bar reabriu no final de setembro, cumprindo as normas de distanciamento. Houve redução do número de pessoas por mesa e aumento do afastamento entre elas,

Lourenço Gregianin Testa, ou “Lolly”

4

ambientes com pouca ventilação foram fechados e é proibido acessar o balcão que fica próximo à produção de coquetéis e torneiras de chope. “Em média, estamos a menos de 20% da entrada que teríamos sem a pandemia”, disse o proprietário. Lolly também é dono do Sandbox Bar Experimental, que segue aberto e está localizado na Rua Octávio Corrêa, 84. Os mesmos meios usados no Dirty Old Man para driblar a pandemia foram aplicados no SandBox Bar Experimental, mas logo surgiu a oportunidade de reformar o estabelecimento. O dono afirma que a esperança para os próximos tempos para ambos bares é o controle da pandemia. Já Sandro Macedo, dono do Rock N’Soul, localizado na Rua João Alfredo, 555, e 7 GastroPub, na Rua Castro Alves, 442, teve que fechar o primeiro. O Rock N’Soul era muito procurado por turistas por conta da temática. Porto Alegre é considerada uma das capitais que mais se nutre da vertente do Rock N’ Roll, estilo que, segundo Sandro, nunca vai morrer: “Muitas pessoas realmente visitaram o bar, por conta de ser de Rock, e por simplesmente jogar no Google, bar de Rock, e o Rock N’ Soul ser o primeiro a aparecer”. Para lidar com a pandemia, foi feito delivery e pague e leve usando a cozinha do 7 GastroPub e entregando o mesmo cardápio, o que não funcionou por muito tempo. “Com a extensão do isolamento social, não estava mais havendo retorno, e a opção foi parar com o delivery, já que era somente uma troca de dinheiro e sendo

Fotos: Bruna Galvão

Bruna Calcanhotto Galvão

SandBox Bar Experimental: vazio durante a pandemia provocada pelo coronavírus

cansativo. As pessoas perderam emprego e poder de compra, assim dificultando todas as classes, tanto clientes quanto trabalhadores, nem as promoções eram suficientes. A decisão mais sensata foi manter o Rock N’Soul fechado”, conta Sandro. Antes da pandemia, estudava-se uma migração do bar para o 4° Distrito de Porto Alegre, mas, com a dificuldade em manter o aluguel da casa e a vontade de preservar o nome da marca já consagrada, a opção foi fechar momentaneamente e estudar a reabertura em outro lugar em 2021. Sônia Bastos é proprietária do bar que se tornou famoso na página do Facebook “Porto Alegre Memes”. O InSônia foi nomeado por ela e Francisco Silipranti, que havia dito que estava a caminho do bar “insano”. Não havia uma temática certa, apenas o intuito de incentivar a cultura. Com o tempo, virou um bar cultural, e toda manifestação de arte era e é bem-vinda. Com a chegada da pandemia, o bar fechou no dia 16 de março

e agora lida com as dificuldades, presenciando outros tantos bares próximos fechando de maneira definitiva. O formato delivery e pague e leve segue à disposição. Sônia garante que não pretende reabrir o estabelecimento mesmo com a possibilidade de funcionar dentro das normas de distanciamento social. A proprietária conta que prefere manter a segurança das pessoas e a própria. Assim como os outros proprietários, ela não vê reabertura total do bar até haver uma vacina. A incerteza é grande, todos foram afetados e há apenas a grande dúvida de quando o “velho normal” voltará a ser apenas “normal”. Confira aqui a playlist com músicas que costumam tocar nos bares:


Foto: Finisher Pix /divulgação

Esporte

Existe maratonista sem maratona? Competições canceladas geram novos hobbies Giovanna Sommariva Agora não é mais uma disputa apenas contra o tempo. Em meio ao cenário atual, os maratonistas precisam lidar com os desafios de treinar e se manter em forma enquanto enfrentam uma pandemia mundial. Disputada desde os primeiros Jogos Olímpicos, a maratona é a maior corrida do atletismo, constituída por 42,195 quilômetros de prova, exigindo muito esforço e resistência física dos competidores. Mas esse período difícil parece estar dividindo a opinião dos atletas. Para Arthur Costa, maratonista de 37 anos e coordenador técnico da Re9 Assessoria Esportiva, a pandemia é um momento de desmotivação. “Eu continuo com os treinos de reforço muscular, mas tive que alterar os horários e locais de corrida para evitar aglomerações. A diferença é a falta de competições que auxiliam no planejamento e nos motivam a ir em busca de bons resultados. Sem elas, temos que encontrar outros desafios, o que pode ser difícil”. Graduado em Educação Física pela FADERGS, Arthur conta que sempre teve uma relação conturbada com os esportes, principalmente na infância, por sofrer de asma. “Após diversos tratamentos para amenizar as crises, fui criando pequenos desafios para mim mesmo, como correr até a esquina sem passar mal”, contou ele. O que começou como um treinamento para a saúde resultou em uma paixão pela corrida. Já para Aline Negruni, 31 anos e treinadora e coordenadora técnica da Meta Assessoria Esportiva, esse tempo é de aprendizado. Segundo Aline, devido à falta de provas, os maratonistas estão vivendo em um

“eterno” treino de manutenção. “No meu caso, e da maioria dos atletas com quem eu convivo, estamos tendo a oportunidade de melhorar outras habilidades, se dedicando a exercícios complementares, como o alongamento, reforço muscular e a mobilidade articular.” Os treinamentos para as maratonas são diferentes para cada corredor, mas uma coisa é certa: quando estão se preparando para uma prova, os atletas buscam percorrer a maior quantidade de quilômetros possível. E durante a pandemia, muitos esportistas têm tido tempo suficiente para executar um treino de maior qualidade, já que não carregam a pressão de atingir a meta estabelecida até o dia da competição. Vale lembrar que não é qualquer um que está em condições de participar de uma maratona. A preparação costuma iniciar alguns meses antes do evento, com uma rotina constante de treinos e cuidados. “O ideal é procurar por um profissional com experiência, que vai te indicar um treinamento correto e específico, evitando o risco de qualquer lesão ou outro problema de saúde”, afirma o educador físico Márcio Soares. Dono de um centro de treinamento - CT - em Viamão há cerca de 10 anos, Márcio possui pós-graduação em Cinesiologia e especialização em Treinamento Físico Personalizado pela UFRGS. Ele ressalta a importância de manter uma boa alimentação e realizar um treino adequado para o condicionamento físico. Segundo ele, cada pessoa tem seu limite e é preciso respeitar o próprio corpo. O interesse pelo esporte surgiu ainda no colégio, participando de

Aline Negruni em 2019, percorrendo a maratona Ironman, em Florianópolis

atividades escolares, mas, com o passar do tempo, foi tomando cada vez mais gosto pela corrida. Após percorrer maratonas por todo o país, o personal trainer também participou de competições em Paris, Berlim e Atenas. “A diferença, tanto ela sendo cultural quanto operacional, é o que mais me chama a atenção quando estou viajando para alguma prova.” Márcio também conta que aprendeu muito com cada maratona, e aproveita para trazer esses aprendizados para dentro do CT. “Eu sempre utilizei o álcool 70% para higienização dos equipamentos na academia, mas agora estou tomando um cuidado muito maior com isso.

Reduzimos o número de alunos e estamos trabalhando apenas com horários marcados, medindo a temperatura de todos e sempre com o uso de máscaras.” Ele afirma que a preocupação com a saúde dos seus alunos e com a limpeza do ambiente se dá muito pela bagagem que trouxe das suas viagens. Desenvolver novas habilidades, tirar um tempo para relaxar ou investir no seu próprio negócio são apenas algumas das atividades que os maratonistas têm feito neste ano. Durante um longo período sem competições, encontrar outros passatempos e interesses é essencial para manter o corpo e a mente sãos para a futura volta das corridas.

5


Cultura

Foto: Jovanir Medeiros / divulgação

Elas que escrevem Conheça escritoras que movimentam a cena literária de Porto Alegre Lúcia Centeno As gaúchas Fernanda Mellvee, de 34 anos, e Melissa Mellvee, de 12 anos, além de mãe e filha, são amigas, confidentes, parceiras e... Colegas de profissão? Isso mesmo! Como autoras publicadas, ambas participam do livro “Sem/Cem Palavras” e da continuação da obra, “Outras Sem/Cem Palvras”, publicados pela editora Bestiário. Fernanda e Melissa, assim como Cinara Ferreira, Amanda Leonardi e Maria Ottilia Rodrigues, são exemplos de mulheres ativas na cena literária de Porto Alegre com projetos online e lançamentos. Mãe e filha criaram, em setembro deste ano, a página “Autoras Minicontam”, que tem o apoio da Secretaria de Cultura do Rio Grande do Sul e da faculdade Feevale para divulgar a literatura de mulheres por meio da rede social Instagram. “A Melissa participa de tudo”, diz Fernanda, que, junto da filha, elabora ainda outros projetos de literatura e audiovisual e planeja o lançamento de seu terceiro livro,

6

uma coletânea de contos, e do livro de estreia de Melissa. O romance de literatura fantástica se chama “Nós e os Dragões” e já tem uma continuação, que se chama “A lenda do pescoçudo de dois metros”, em cuja história a jovem autora trabalha diariamente entre suas atividades escolares remotas. Por esses e outros trabalhos realizados desde muito nova, Fernanda diz se orgulhar e também se inspirar na determinação da filha, parceira e colega. “Ela não para nunca de pesquisar e de escrever”, diz. Junto da mãe na entrevista feita por videoconferência, Melissa completa: “E principalmente de planejar, eu nunca me canso”, ri. A jovem escritora cursa o oitavo ano em uma escola da capital gaúcha e suas matérias favoritas são Português e História. Desde os 10 anos, quando teve sua primeira publicação no livro “Sem/Cem palavras”, Melissa, assim como Fernanda, escreve para o site Artrianon sobre cinema, séries e literatura.

Melissa e Fernanda no lançamento do livro “Outras Sem/Cem palavras” Fernanda Mellvee, além de escritora, é licenciada em Letras na Universidade Federal do Rio Grande do Sul e mestra em Estudos de Literatura pela mesma instituição. Seu primeiro livro, “Amarga Neblina”, foi finalista do Prêmio Kindle em 2017 e, além deste, a autora já publicou o romance “Atrás da Cortina”, uma série de contos em antologias e duas traduções de obras literárias. Fernanda afirma ser uma autora feminista, assim como considera

seu primeiro romance, “Amarga Neblina”, uma obra feminista. Melissa segue esse caminho tanto na criação de protagonistas femininas autênticas quanto na visão crítica da cena literária gaúcha, que, segundo as escritoras, ainda discrimina a literatura de autoria de mulheres. “As mulheres têm menos espaço nesse meio”, relata Melissa. Fernanda conta que, em 2013, quando ingressou no curso de Letras e no meio literário, se preocupava que seus trabalhos, por versarem sobre mulheres e temas deste universo, não seriam valorizados, especialmente pelo público masculino. “Parece que ainda a literatura escrita por mulheres fica um pouco à margem da literatura dita universal”, critica a autora, cuja dissertação de mestrado, chamada “A passagem do pessoal ao público na ficção de autoria feminina contemporânea” e orientada por Cinara Ferreira, também aborda o silenciamento vivenciado por escritoras ao longo de suas carreiras e trajetórias pessoais. Em entrevista, Fernanda faz questão de destacar que a discriminação das


escritoras perpassa um somatório de opressões além da questão de gênero, como preconceitos a respeito de raça, classe, orientação sexual e nacionalidade. É por isso que ela e Melissa desejam promover essas e outras narrativas e não medem esforços para que haja diversidade na página Autoras Minicontam. Fernanda afirma que hoje suas referências são variadas também por conta de escritoras que conheceu no projeto. E Melissa completa: “No Autoras Minicontam nós descobrimos essas autoras muito legais, e foi ótimo”. A página teve início para divulgar e conectar autoras gaúchas, mas o interesse foi tanto que Fernanda e Melissa acabaram por receber e publicar contos produzidos por mulheres de outros estados. “Nesses textos a gente tem várias vivências: são várias mulheres, de várias idades, de vários lugares”, afirma Fernanda, que diz que pretende transformar o Autoras Minicontam em livro. Sobre o atual contexto de isolamento social, mãe filha afirmam que seus projetos pessoais e conjuntos, e especialmente sua escrita, têm auxiliado a deixar de lado o tédio e a tristeza e manter a saúde mental. Fernanda cita as palavras da filósofa, escritora e psicanalista Julia Kristeva, que faz parte da bibliografia de sua dissertação, para dizer que a escrita tem uma função terapêutica, uma vez que qualquer forma de arte vem para dar forma a ideias e pensamentos. Fernanda acrescenta: “A gente consegue ordenar um pouquinho do nosso caos a partir do caos que a gente coloca para fora.” Melissa compartilha dessa opinião e tal processo também foi natural para ela, que, para surpresa de muitas pessoas no meio literário e fora dele, escreve suas próprias histórias desde que foi alfabetizada. “A maioria das pessoas diz: que fofinha”, diz Melissa, entre risos. Apesar disso, a escritora conta que gosta do meio literário e dos debates entre os colegas, que

Fernanda afirma ocorrerem de igual para igual: “Poucas vezes eu vi pessoas tão responsáveis, tão engajadas e tão comprometidas com a literatura como a Melissa”, elogia. Ainda assim, mãe e filha destacam que a carreira incipiente de Melissa não provém de cobranças ou expectativas por parte da mãe, cuja maior participação foi ter despertado em Melissa o hábito da leitura. “Nunca foi uma cobrança sobre ‘eu sou escritora e você deve ser também’”, afirmam as duas. Inclusive a participação de Melissa na antologia de contos organizada pela mãe não foi planejada, mas de última hora por conta de desistência de outro autor um dia antes da entrega do manuscrito à gráfica e da disposição de Melissa para preencher as páginas faltantes. “Eu disse para ela que não era fácil, tinha um formato, as cem palavras e a lógica própria”, explica Fernanda, que se surpreendeu com a produção ágil e extensa da filha. “Soube que um dos contos foi referência em aulas de criação literária porque ele é bem curtinho e muito bom mesmo”, relata. É com essa experiência de uma produção “aos 45 do segundo tempo”, como diz Fernanda, que Melissa recomenda às escritoras que estão começando que tenham coragem. “A gente nunca pode desistir. Mesmo que nem todo mundo seja reconhecido, a gente tem que escrever sobre o que gosta”, diz a jovem, cuja temática de trabalho são dragões e vikings. Fernanda concorda. Ela já participou e ministrou diversas aulas e mesas sobre criação literária e inclusive está construindo uma série de aulas virtuais sobre o tema. A escritora fala da importância de manter uma periodicidade, treinar e ler muito. Fernanda recomenda utilizar o tempo para pesquisar referências que remetam à obra que está sendo produzida. “A gente tem que tornar o processo de criação o mais prazeroso possível porque muitas vezes essa caminhada é a nossa maior recompensa”, conclui.

Por mais letras No livro “Cem/Sem Palavras” e “Outras Cem/Sem Palavras”, encontramos outras duas autoras que estão movimentando a cena literária de Porto Alegre: Cinara Ferreira e Amanda Leonardi estão na antologia e na ativa. Cinara, que foi uma das organizadoras dos livros, leciona e pesquisa na área de Teoria Literária na UFRGS, participa do coletivo Mulherio das Letras e pretende publicar seu primeiro livro este ano. Amanda é mestra em Letras pela mesma universidade, colabora com os sites NotaTerapia e Artrianon e já teve trabalhos de ficção publicados em antologias de editoras como Argonautas, Andross e Multifoco. Assim como elas, a jovem autora Maria Ottilia Rodrigues, que hoje é vestibulanda, também quer estudar Letras, e desde cedo se aventura por elas. Aos 19 anos, já publicou o romance “Por causa de você, menina” e a coletânea de poemas “Savanália” pela Bestiário, editora que também será responsável pelo terceiro livro de Maria Ottilia, outra coletânea de poemas, que será publicada em breve.

7


Comportamento

Kombucha: por que você deve começar a consumir Chá gaseificado, que pode ser produzido artesanalmente, ganha cada vez mais adeptos Ana Weber Existem diversas teorias sobre a origem do kombucha. A mais difundida é que ele remonta à dinastia Qin (ano 220 a.C.) na China. Eles fermentavam o chá para conservá-lo e não estragar durante as viagens. Mais de dois mil anos se passaram, e somente em 2007 o kombucha se popularizou. A empresa norte-americana GTS, sediada em Los Angeles, foi a primeira a comercializar a bebida. Em 2011, o faturamento anual no mundo era de US$ 80 milhões, em sete anos esse número cresceu para US$ 800 milhões em 2018, segundo a Associação Internacional de Produtores de Kombucha, sediada nos Estados Unidos. A estimativa feita pela empresa Global Market Insights é de que até 2025 o kombucha deve movimentar cerca de US$ 5 bilhões em todo o mundo. A TAO Kombucha, empresa localizada na capital gaúcha,

começou a vender a bebida em 2015. Atualmente, está presente em mais de mil pontos de venda no país. O representante comercial da Tao Kombucha, Solon Macedo, comenta que “80% do público que consome a bebida é de mulheres entre 17 e 40 anos. Outro grande grupo é o de pessoas mais velhas, que gostam de consumir o kombucha para melhorar a flora intestinal”. Ele também comenta que o mercado vem crescendo exponencialmente, pois as pessoas estão consumindo mais produtos naturais e orgânicos. Entre os principais benefícios do kombucha, está a capacidade antioxidante e no seu efeito probiótico. Luiza Savietto, médica generalista, tem um consultório especializado em alimentação saudável, e é uma entusiasta em alimentos e bebidas alternativas: “O Kombucha é um líquido com

O que você vai precisar: - 2,5 litros de água (antes de começar, deixe 1,5 litro gelando na geladeira; - 150g de açúcar cristal (50g por litro); - 15g de chá (5g por litro. Pode ser qualquer variação da camellia sinensis: chá verde, preto, branco ou vermelho); - Scoby com starter (cerca de 500 ml de líquido que contém uma enorme quantidade de bactérias e leveduras necessárias para que a fermentação do Kombucha ocorra); - Uma suqueira ou um vidro de 3 litros; - Um pano para cobrir o recipiente (não dá para usar a tampa, pois ela impede que a bactéria respire); - Uma colher de plástico ou madeira (não pode ser de metal); - Peneira; - Vasilhame com tampa; - Garrafas PETS; - Frutas ou sucos para saborizar

8

1

potencial probióticos, ou seja, dentro dele existem alguns tipos de bactérias que podem ser benéficas para nosso organismo. O nível de vitaminas varia muito, porque depende de como ele foi feito e quais materiais foram usados na segunda fermentação”. A médica afirma ainda que o kombucha entra como uma alternativa ao refrigerante. “Ao saborizar o líquido, ele fica uma bebida gaseificada, com sabor de frutas”. Para gaseificar é preciso adicionar açúcar, pois as bactérias se alimentam dele para produzir o gás da bebida, mas não é possível precisar até que ponto o açúcar vai ser todo consumido por elas. Por causa disso, a médica Luiza Savietto não recomenda o consumo para pessoas com diabetes. Grávidas a pessoas com problemas imunológicos devem evitar a bebida também. Segundo ela, por

Ferva um litro de água. Adicione o açúcar e o chá no vasilhame e mexa. Deixe descansar por 10 mim.

7

Pegue uma garrafa pet, adicione a fruta desejada. Misture com o kombucha, feche a garrafa. Coloque na geladeira e espere alguns dias e pronto! É importante deixa-lo refrigerado.

2

ser produzida artesanalmente, há riscos: “Pode acontecer alguma coisa, a gente não sabe se houve uma contaminação, quanto açúcar tem. Por isso é difícil saber como o sistema imunológico vai reagir e não recomendo para esses grupos”. Luisa Brum tem 22 anos e estuda Ciências da Natureza na URFGS. Ela recebeu o scoby (principal componente para produzir o kombucha) de um colega da faculdade. Luisa estava fazendo quimioterapia para linfoma de Hodgkin e tinha muita prisão de ventre. “Comecei a consumir em abril. Melhorou bastante o funcionamento do meu intestino.” É possível adquirir o scoby por meio de doações, por grupos do Facebook, em lojas online, ou até criar a partir de um kombucha comprado. Confira abaixo a receita de Lucas Motanari, criador da página Fermenta com Ciência:

3

Adicione no vidro o 1,5 litro que estava gelando. Depois peneire a 1º etapa e junte com a água gelada dentro do vidro.

6

Adicione o scoby e o starter no vidro. SCOBY

Guarde o scoby junto com 500ml do kombucha em um vidro. Ele vai ser o starter na próxima fermentação.

5

Depois do sétimo dia, experimente. Se a bebida não estiver mais doce, pode retirar do vidro.

4

Feche o vidro com o pano e deixe descansar de 7-12 dias num local fresco e arejado, numa temperatura entre 15ºC e 25ºC.


Comportamento

Alimentação viva: boa para o bolso e para a qualidade de vida Dieta alimentar do crudivorismo propõe o consumo de alimentos frescos e crus Martha Schoen Dias Os pontos positivos do crudivorismo, para Manoela, incluem energia de sobra, corpo leve, cabeça focada, agilidade, flexibilidade do corpo, saúde mental e física. O único ponto negativo, destaca ela, é que, quando se está em ambientes sociais, existe a possibilidade de receber críticas. E um desafio da prática da dieta que ela salienta é o controle de maus hábitos, tais

Importante ter um planejamento. Por exemplo, frutas podem ser compradas já bem maduras, pois além dos crudívoros comerem bastante, elas podem ser congeladas.” Ana Thaís Santos

Ilustração por Martha Schoen Dias

O crudivorismo (ou alimentação viva) é uma dieta alimentar em que os alimentos consumidos são de origem sustentável, natural e crus, ou aquecidos até 40°C. Defendendo a política nutricional de que cozer e/ou fritar afetaria negativamente a capacidade nutritiva do alimento, os crudívoros consomem frutas, legumes, verduras, raízes, sementes germinadas. Ana Thaís Vasconcelos Santos, formanda em nutrição e chefe em culinária viva, conta que conheceu o crudivorismo em pesquisas na internet. Ela leu os depoimentos de pessoas crudívoras, ficou impressionada e resolveu então aderir à prática. Manoela Dutra, professora universitária da ESPM POA e fotógrafa, também conheceu o crudivorismo por meio de pesquisas a respeito sobre o veganismo e alimentação, pois é interessada em boa nutrição e acredita no poder de cura dos alimentos naturais. Diferentemente, para Elisa Lamego, terapeuta e coach pessoal, o conhecimento sobre crudivorismo se deu por acontecimentos na vida dela e da mãe, que estava com câncer e foi apresentada à alimentação viva. Na época, ela já era vegetariana, porém, após o falecimento de sua mãe, passou a seguir uma dieta de alimentos crus. As primeiras percepções que Manoela teve foram positivas, desde os primeiros textos que leu sobre a prática sentiu que aquilo fazia muito sentido para a sua vida, pois o consumo de alimentos naturais e sem processos de aquecimento tendem a manter todos os nutrientes naturais do alimento, conta ela.

como comer comida cozida, excesso de farinhas e açucares refinados. Para Manoela, as pessoas possuem um apego emocional e químico a estes alimentos, então se torna um desafio deixar de consumi-los. Para Elisa, os pontos positivos também são vários, como, por exemplo, a leveza, a conexão com a natureza, a clareza mental, a energia. Os pontos negativos que ela narra são por questões de logística, pois para quem não tem prática ou para quem mora em países frios pode ser difícil conseguir fruta madura ou até ser um pouco caro. O significado do crudivorismo, para Ana, é uma alimentação barata e acessível, minimalista, que não produz lixo, não necessita de fogão e não suja louça. Também para Manoela, crudivorismo significa praticidade total, já que não precisa preparar comida, a pessoa consome o alimento pronto in natura, apenas descasca ou lava os alimentos antes de consumir. Em relação à saúde e energia, significa se sentir jovem e revigorada.

Você desenvolve autocontrole, autocuidado e observa mais os sinais do corpo, já que deixa de comer por impulso e passa a comer por necessidade física. E adquire um corpo forte como consequência de sua dieta viva.” Manoela Dutra CUIDADOS COM A ALIMENTAÇÃO

Confira as dicas de nutricionista sobre a prática segura do crudivorismo:

No consumo de alimentos crus, alguns cuidados são necessários, como a higienização destes alimentos: lavar frutas, legumes e verduras em água corrente e deixar de molho em uma solução clorada (uma colher de sopa de água sanitária para cada litro de água). O alimento deve ficar mergulhado nessa solução por, pelo menos, 15 minutos. É importante priorizar o consumo de alimentos orgânicos, como frutas frescas, vegetais, sementes, grãos germinados ou brotos como trigo, arroz, cevada, centeio, aveia, lentilha, grão de bico, ervilha e alfafa. São ideais para compor seu cardápio, sendo todos consumidos crus, sem preparações que reduzam seus valores nutricionais. Existem diversas formas de elaborar essas refeições, que podem ser incluídas nessa alimentação com pequenas quantidades de sal ou óleos prensados a frio, como o azeite de oliva, a fim de atribuir um sabor mais gostoso aos alimentos. Fonte: nutricionista clínica Jenifer Averbuch Gomes

9


dez/2011

dez/2012

dez/2013

dez/2015

dez/2016 - jul/2017

Edição 2 Porto Alegre Dezembro 2012 Venda Proibida ESPM-Sul

Edição 4 Porto Alegre Dezembro 2015 Venda Proibida ESPM-Sul

Edição 5 Porto Alegre Dezembro 2016-Julho 2017 Venda Proibida ESPM-Sul

Jornal da Faculdade de Jornalismo ESPM-Sul

Jornal da Faculdade de Jornalismo ESPM-Sul

Jornal da Faculdade de Jornalismo ESPM-Sul

Trans

Forma

Voltas O acaso alterando vidas: 18 histórias que se reinventaram a partir do inesperado

Caminhos do

Centro

Genis experfe rfer

Repelenis molorehent, ommo ommo bearum haritat volore nim custiis nihilit facest, et magnient vidipsum voluptae niani.

A N O S DE

JOR

NA

LIS

MO

dez/2017

www.espmblogdepapel.blogspot.com.br

1

portaldejornalismo-sul.espm.br

1 portaldejornalismo-sul.espm.br

Leandro Olegário

Supervisor do curso de Jornalismo da ESPM Porto Alegre

Como se faz um curso de Jornalismo? Foi essa pergunta que me mobilizou a escrever as próximas linhas. Completar uma década é motivo, primeiro, para celebração; segundo, de reconhecimento a todos que, antes de nós, possibilitaram a realização deste momento; e por fim, de renovar os sonhos para a próxima década. Criar, manter e desenvolver um curso de Jornalismo exige o exercício diário de superar obstáculos e, sobretudo, de congregar pessoas que acreditam no papel social da profissão. Não existe sucesso sem verbos conjugados no plural, sem equipes administrativas e acadêmicas engajadas em proporcionar as melhores experiências aos nossos alunos. É isso que encontramos no Jornalismo da ESPM, com metodologias ativas, agência experimental multiplataforma, projetos de pesquisa e de extensão. Uma trilha marcada por currículos vanguardistas na sua trajetória e, claro, por avaliações e prêmios universitários que chancelam uma entrega com a máxima qualidade. O próprio mercado reconhece com elevados índices de empregabilidade de nossos egressos, além do nosso permanente estímulo ao empreendedorismo que marca a passagem pelos semestres.

out/2018

dez/2018

A busca pela resposta é um diálogo com o tempo. A inspiração está na perspectiva da cultura ameríndia, que na maioria, propõe a dimensão temporal em ciclos. Existe uma noção de sequência, um antes e um depois – mas que não são demarcados por passado e futuro, intercalados pelo presente. Isso porque o presente está contigo no agora. Como, por exemplo, a sabedoria do arco e flecha, que se lança ao futuro pelo recuo ao passado. É a metáfora que nos ajuda a definir o que fazemos diariamente em sala de aula, presencial ou virtual, para que ao final de cada ciclo a sociedade receba profissionais habilitados a transformar realidades e a encontrar soluções para problemas complexos. Por isso, um curso de Jornalismo se faz com humildade e ousadia temperadas com empatia e resiliência. Avante para os próximos 10 anos!

Acompanhe as novidades do curso no Instagram @jornalismo.espmpoa

mai/2019

jun/2019 Edição 10

Edição 6 Porto Alegre Dezembro 2017 Venda Proibida ESPM-Sul

Edição 8 Porto Alegre Dezembro 2018 Venda Proibida ESPM-Sul

NESTA EDIÇÃO:

Jornal da Faculdade de Jornalismo ESPM-Sul

As dificuldades de quem vota pela primeira vez

Porto Alegre Junho de 2019 Venda Proibida ESPM Porto Alegre Edição 8

Número 09 / Maio de 2019

Porto Alegre Dezembro 2018 Venda Proibida ESPM-Sul

Jornal da Faculdade de Jornalismo ESPM-Sul

Descubra como os acontecimentos políticos dos últimos cinco anos afetam os jovens.

Lei pune atos libidinosos no transporte público Nova lei de importunação sexual vai facilitar o processo de investigação e punição.

Reabertura da orla muda paisagem da Capital

Instantes

Número 07 / Outubro de 2018

Arte sobre foto de Júlia Berrutti

Uma ação que pode salvar vidas

Elas são apaixonadas Lei proíbe canudos pelo desa o em Rio Grande

Confira as histórias de pessoas que optaram por doar sangue

O esporte alternativo inspira essas muheres na busca de seus sonhos

página 3

página 5

Polêmica deve marcar o verão em mais praias do litoral gaúcho página 11

Novo espaço para a cultura na capital Prédio histórico foi revitalizado em obra de R$ 11,5 milhões e, agora, abriga o Centro Cultural da UFRGS com cursos, oficinas e atividades gratuitas página 4

Dezoito reportagens, muitas entrevistas e um longo Júlia Berrutti processo de apuração. O semestre foi desafiador para “Acho que foi a parte de entrar em os futuros jornalistas da disciplina de Produção e contato com as pessoas, que é uma Edição de Reportagem I. Orientados pela professora coisa muito essencial do jornalismo. Ângela Ravazzolo, os estudantes comentam sobre os Acabamos dependendo do outro. desafios que marcaram os bastidores das reportagens Mas foi muito recompensador. para as versões digital e impressa do Blog de Papel. A gente aprende a entrar em contato. Coisas que a gente não aprenderia se não tivesse essa cadeira.” Carla Carvalho “A maior dificuldade foi o contato com as pessoas, porque em relação ao outro a gente nunca sabe o que esperar. Então construir matérias com base em depoimentos foi desafiador.”

Vinícius Umann

Júlia Barros “Sair da zona de conforto para me inserir em diferentes contextos e tentar fazer parte da história que estou contando. Me colocar no lugar do outro, para poder abordar a realidade de diferentes meios, foi transformador.”

Rafaela Knevitz “Com toda certeza, a apuração. Uma reportagem não se faz pela internet, é necessário que a gente tenha contato com a fonte, converse cara a cara, para se aprofundar na história.”

Giulia Marques

“A maior dificuldade foi reescrever várias vezes algo em que eu já tinha dado o meu máximo.”

“Com certeza minha maior dificuldade foi com a disponibilidade de horários das fontes. Além disso, como as entrevistas foram feitas em espanhol, a diferença de idiomas foi um ponto desafiador.”

Gabriel Conversani

Márcia Fernandes

“Ajustar as imagens aos objetivos criativos e jornalísticos do texto.”

“Acho que o maior desafio é encontrar uma notícia que faça a diferença entre tantas pautas interessantes.”

Júlia Guarienti “Quando há uma ideia de pauta, tu precisa sintetizar cada vez mais até chegar em um foco. Acredito que é o mais difícil.”

Foto: Júlia Barros

Foto: Paulo Nemitz e Gabriela Hagemann

10

Protagonismo LGBT movimenta cena literária Personagens LGBT na literatura geram um debate sobre a existência de segmento literário próprio.

Jornal da Faculdade de Jornalismo ESPM-Porto Alegre

Foto: Bianca Costa

Diário do Blog

Reformado, cartão-postal de Porto Alegre é ponto de encontro para passeios, aluguel de bike e exercícios.

Impedimento só no jogo Mesmo enfrentando preconceito, elas conquistaram a mídia e os estádios por meio do futebol páginas 5, 6 e 7

1


EXPERIÊNCIAS Na HUB, a agência experimental multiplataforma do curso de Jornalismo da ESPM, a regra é colocar a mão na massa (o famoso ‘learning by doing’) para gerar portfólio e diferentes experiências em segmentos da profissão: comunicação corporativa, coberturas especiais e produção de conteúdos de informação e entretenimento, como esporte, cultura e gastronomia. Com o ritmo de uma redação, o espaço nasceu com o curso de Jornalismo, em 2011, na época como Portal de Jornalismo. Ao longo dos anos, mudou de nome, cresceu e ganhou reconhecimento: em 2017 a HUB foi escolhida a melhor agência Jr. do Sul do país na Expocom da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom). Formada pelos alunos e com a supervisão de professores do curso, a HUB compõe um banco de talentos no qual os estudantes desenvolvem competências para ampliar a empregabilidade. E participam de eventos esportivos, do Festival de Cinema de Gramado e da Feira do Livro de Porto Alegre. Confira nesta página imagens de coberturas que já entraram para a história da HUB.

Coberturas da equipe da HUB no festival de cinema de Gramado

Acompanhe as coberturas da HUB no Instagram @hubjornalismoespm

Alunos na cobertura da 63ª Feira do Livro de Porto Alegre

11


RECADOS das repórteres Sofia Scopel Chiaradia A produção da reportagem de forma remota foi um desafio, mas me fez aprender muito! As entrevistas feitas a distância me possibilitaram contatar especialistas de outras regiões do Brasil, o que agregou muito para a minha matéria.

Bruna Calcanhotto Galvão Fazer uma reportagem sobre bares em plena pandemia e com distanciamento social foi um desafio. Foi desafiador, mas não impossível, e divertido. Agradeço a oportunidade de poder falar sobre o underground e mostrar que no rock existem boas pessoas, que são muitas vezes julgadas.

Giovanna Sommariva Foi um desafio e tanto. Redigir uma reportagem nunca é um trabalho fácil, né?! Vivendo em uma pandemia mundial, então, muito menos. Mas acredito que, na medida do possível, toda a turma realizou um trabalho ótimo, e eu estou muito orgulhosa das matérias que desenvolvi.

Lúcia Helena Centeno A literatura de autoria de mulheres fez e faz parte da minha vida enquanto mulher, leitora, estudante e futura jornalista, então escrever sobre é como respirar. Produzir essa matéria foi como tomar um ar desses tempos sombrios com cinco autoras que me inspiram.

Ana Weber Foi um desafio! A exaustão mental e muitas vezes emocional me levaram para altos e baixos. Muitas vezes, achei que não iria dar certo, mas no final dei o meu melhor e consegui entregar um bom trabalho!

Martha Schoen Dias No começo, deu medo de perder qualidade nesse formato o a distância, mas no fim foi ótimo (emoji de sorriso, emoji de comemorando). Percebi que tive a oportunidade de conversar com fontes que moram bem longe, e assim tornei a reportagem mais rica.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.