Jornal SôFoca 2019.2

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SÔF CA Edição 2019/2

Foto: Liz Brunetto

Universidade Federal de Mato Grosso

Jornal Laboratório

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Evolução tecnológica

Foto: Arquivo UFMT

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Um divisor de águas

Foto: Liz Brunetto

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Quem faz parte da COS?

EDITORIAL

O jornalismo é uma das profissões que mais estimulam as duas principais forças transformadoras da história: uma delas é a obstinação pessoal. Inquietação vocacionada em alguns que não se conformam quando o interesse público está encoberto ou ameaçado. A outra potência renovadora é a convergência de dois ou mais desses raros tipos humanos no coletivo de uma redação jornalística. Essa sinergia é a utopia mais resiliente de uma sociedade. Como um “quarto” poder simbólico, guardião do público e resguardado do privado. É difícil matar a imprensa livre e crítica, tanto que, redações brotavam em cada centro acadêmico nas universidades quando fizeram isso na ditadura militar. As prisões e mortes de jornalistas não poderiam ser melhor honradas. Assassinavam um jornalista, nasciam redações.


Por isso esta edição convida para cruzarmos 2020 celebrando e refletindo os 30 anos da Comunicação Social na UFMT. Estes são tempos de turbulências políticas, trabalhistas, sociais, e de mudanças tecnológicas e dos marcos legais no exercício da profissão. Precisamos de uma escola superior de comunicação que tenha estrutura e autonomia curricular que capacite e legitime academicamente os seus alunos, dando-lhes senso crítico e independência cognitiva. O senso crítico permite pensar e repensar a profissão e os novos rumos, e a independência cognitiva resulta do domínio das referências teóricas que possibilitam alto desempenho profissional. A autorização do MEC ao primeiro programa de Pós-graduação da Comunicação Social simboliza esse avanço. Vida longa aos professores que sempre lutaram e acreditaram nessa conquista. Honra a quem honra. Nesta edição do Sô Foca chegou a vez da 50ª turma de jornalismo experimentar a gestação de uma edição impressa. Que aventura! Tivemos a participação da 52ª turma na diagramação, com o respaldo do Planejamento Gráfico. A partir desta edição expandimos a convergência do conteúdo do Sô Foca para outras mídias, com a atuação interdisciplinar da equipe de Telejornalismo e o curso de Cinema e Audiovisual. Você pode acessar os conteúdos pelo site jornalsofoca.wordpress.com, além do Instagram @jornalsofoca. Boa leitura...

Quem somos? O SôFoca é um jornal laboratório do curso de Jornalismo da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Sua produção conta com a prática de inúmeras competências exigidas no exercício da produção. Uma delas, talvez a mais importante em um produto como este, é o trabalho em equipe, no qual as habilidades individuais se tornam secundárias. A atual equipe é composta por seis alunos e diversos colaboradores que tornaram possível a conclusão da disciplina de Jornal Laboratório, do semestre letivo 2019/2. Integrantes nem sempre tão unidos que, apesar das adversidades, levaram até o fim a proposta desafiadora desta edição de homenagem às três décadas do Curso de Comunicação Social da UFMT. Foto: Carlos Rocha

Expediente Edição 2019/2 Universidade Federal de Mato Grosso Reitor Evandro Aparecido Soares da Silva Diretor da faculdade de comunicação e arte Aclyse de mattos Chefe de Departamento Cristóvão Domingos de Almeida Coordenador do Curso Thiago Cury Luiz Professores Responsáveis Janaína Sarah Pedrotti Luãn José Vaz Chagas Professor Colaborador Thiago Cury Luiz Editor-chefe Mack Levino Editoras de Diagramação Liz Brunetto Vitória Gomes Editora de Ciência & Sociedade Liz Brunetto Editor de Cultura Éverton Anunciação Editora de Diversidade Liz Brunetto Editora de Economia Vitória Gomes Editor de Entrevista & Opinião Mack Levino Editor de Esportes Gabriel Barros Editora de Meio Ambiente Angélica Callejas Editor de Política Mack Levino Charge e Arte do Selo Fernanda Fidelis COLABORADORA TUANI aWADE Equipe de Planejamento Gráfíco Anny Carvalho Bruna Lima Camila Rondon Carolina Andreani Caroline Mesquita Davi Vittorazzi Flávio Amorim Izabelle Borges Janaína Arruda Juliana Cargnelutti Layse Ávila Luisa Rodrigues Natália Veloso Pietra Buelli Rodrigo Costa Produção Publicitária Ditando Regras


Ciência e s OCIEDADE

SÔF CA

O futuro é agora, já é possível se conectar a objetos A implantação do 5G permitirá a comunicação realística entre as pessoas, falar com alguém do outro lado do mundo será como estar frente a frente Liz Brunetto

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tecnologia permitiu a reconfiguração dos meios de comunicação e agora estamos prestes a dar o próximo passo em evolução; a implantação da rede móvel 5G. Essa inovação permitirá não apenas conexões velozes entre os humanos, mas também entre objetos de todos os tipos, expandindo a chamada ‘internet das coisas’, ou seja, o modo como os objetos estão conectados e se comunicando entre si e com os usuários. A implantação está prevista para 2020 e a expectativa é que seu pleno funcionamento seja alcançado até 2025. “Já se preparem! Com o 5G a gente não consegue nem imaginar o que vamos ter de serviços novos disponíveis, vai mudar completamente o que se entende hoje de comunicação”, alerta o atualizado professor do Instituto de Computação da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Nielsen Simões. Estamos na quarta geração de redes para celulares, o 4G, que atualmente entrega uma velocidade média de conexão de 19,8 Mbps (megabits por segundo). Estima-se que o 5G será capaz de entregar velocidades 50 a 100 vezes maiores, podendo alcançar até 10 Gbps (gigabits por segundo), com tempos de conexão que passem dos atuais 30ms (milissegundos), para até 5ms, e que haja uma economia de energia média de 90%. As possibilidades proporcionadas pelo 5G são inúmeras, a realização de cirurgias remotas por meio de robôs, carros sem motoristas, e até a conexão dos eletrodomésticos. A geladeira poderá avisar quando algum produto acabar e ela mesma fará o pedido daquele item. No ramo da

comunicação a tendência é que cada vez mais profissionais trabalhem com produções audiovisuais e multimídias. As vídeo chamadas serão elevadas a outro patamar, se hoje as conexões são chiadas e travam com frequência, num futuro próximo será quase como se a pessoa estivesse no mesmo local, elas serão realistas. A velocidade atingida, a baixa latência – tempo de resposta dos comandos- e a economia na transmissão de dados tornarão o cenário favorável para esses avanços. A repercussão disso influirá diretamente na forma e conteúdo dos novos formatos, a comunicação será instantânea. O número de acessos deu um salto desde o início da internet comercial no Brasil em 1994, com apenas cinco mil usuários selecionados para testá-la. Em janeiro de 2019, só em banda larga fixa, foram 31,1 milhões de acessos, já em redes móveis foram quase 230 milhões, segundo Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Se voltarmos apenas três décadas no

Foto: Liz Brunetto

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CIÊNCIA E SOCIEDADE Professora Marluce Scaloppe Foto: Vitória Gomes

tempo, ano em que o curso de Comunicação foi fundado, em 1991, o uso da internet comercial sequer existia. Essa popularização foi possível por causa da evolução da denominada era dos chips; que permitiu reduzir o tamanho de equipamentos e colocar neles poder de processamento, a “tecnologia embarcada” como cita Simões. Esse cenário acelerou e barateou os processos de produção, se antes era necessário mais de um ano para desenvolver um processador mais veloz, hoje em questão de meses se atinge o objetivo. Nas universidades públicas, entretanto, o ritmo de substituição de equipamentos é diferente. “A tecnologia muda rapidamente, não conseguimos acompanhar, temos equipamentos bons, mas também temos os que já estão defasados se comparados com o praticado no mercado”, conta o professor e chefe do Departamento de Comunicação da UFMT, Cristóvão Almeida. “Os laboratórios que hoje estão ocupados com computares eram com máquinas de escrever”, relata a professora Mariângela Sólla, que integra a equipe de docentes do curso desde 1996. Materiais, como máquinas fotográficas e câmeras para telejornalismo tardaram a ser adquiridos pela instituição. “Eu cheguei a dar aula para a primeira turma de telejornalismo 4

Quanto Custa ?

A demora do curso em adquirir materiais não surpreende, os preços eram elevados na década 90. Um computador poderia custar entre R$ 1.700 a R$ 2.400, em 1994, período em que o salário mínimo era de R$ 64,79. Seriam necessários, em média, 37 salários mínimos para comprar o modelo de maior valor, o equivalente hoje a pouco mais de 13 mil reais. Atualmente, com dois salários mínimos é possível comprar um. Não eram apenas os computadores que tinham preços exorbitantes, os dispositivos móveis também eram inacessíveis, o celular Startac da Motorola com abertura flip custava R$ 2.000 em 1996, o equivalente atualmente a R$ 11.311,48. Hoje pagamos planos mensais para a banda larga fixa, nos primórdios da internet discada cada minuto era cobrado, o fechamento da fatura não saia barato. Os chamados pulsos por minuto custavam uma média de R$ 25,00 por 10 horas de conexão que equivalia em torno de 39% daquilo que um trabalhador ganhava durante um mês. O barateamento dos produtos tecnológicos é uma tendência, conforme evoluem e se expandem os equipamentos e as disponibilidades de rede tendem a se tornar mais acessíveis à população, com o 5G não será diferente. Essa nova rede será capaz de resignificar o termo conexão dentro de poucos anos. Fotos: Internet


CIÊNCIA E SOCIEDADE na TV Universidade (TVU)”, lembra a professora Marluce Scaloppe que no ano em que se aposentou, completou 25 anos de atuação na docência. As barreiras físicas foram rompidas e as produções dos alunos não dependem mais única e exclusivamente dos laboratórios e equipamentos da universidade. Se no começo os materiais eram escassos e tinham que ser disputados, hoje em dia o aluno também pode contar com suas próprias ferramentas para dinamizar as aulas, o notebook é um desses exemplos. Pesando em torno de 1,5 kg, pode ser levado para todos os lados, diferente da tecnologia da década de 90, em que uma máquina de escrever Olivetti pesava cerca de 13 kg. O dispositivo móvel é ainda mais utilizado, em 2015 o aparelho já tinha ultrapassado o computador como ferramenta mais utilizada para o acesso à internet no Brasil, segundo a pesquisa do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic). Tamanha é a popularização do celular que um dos principais veículos jornalísticos do mundo, o The New York Times, teve como capa uma foto a partir de um dispositivo móvel. Qualquer cidadão com um celular pode “dar um furo”, esse fei-

to não seria possível nos anos 2000, em que o primeiro exemplar com câmera foi lançado. Na época, o J-Phone tinha uma resolução de 0,11 megapixels (MP), extremamente baixa, o que não permitia imagens nítidas e de qualidade, os aparelhos atuais trazem conjuntos de até quatro câmeras com sensores de até 48 MP. Ainda hoje permanece a insuficiência e a necessidade de mais equipamentos que atendam ao número de estudantes nos cursos de Jornalismo, Publicidade e Propaganda e Cinema e Audiovisual. Entretanto, para a professora Marluce Scaloppe, a universidade não deve pensar em acompanhar o mercado de forma a concorrer com ele, os objetivos de ambos são diferentes. “A preparação do conhecimento, que vai além da prática, só a universidade pode fazer, através da interdisciplinaridade que existe com outros cursos e ao longo dos 4 anos de formação”, argumenta a docente. O objetivo da universidade não é acompanhar o mercado no desenvolvimento tecnológico e sim a formação do aluno. Compreender a tecnologia como uma ferramenta dentro da comunicação permite a percepção de que ela é fundamental, mas não substitui o trabalho dos profissionais.

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EntrevistaBruno Bernardo de Araújo

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Professor Adjunto do Departamento de Comunicação da Faculdade de Comunicação e Artes da Universidade Federal de Mato Grosso, onde atua como professor do Curso de Jornalismo e pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Comunicação (PPGCOM), curso de Mestrado, do qual também é o atual coordenador. Doutor em Comunicação pela Universidade de Brasília, com uma tese sobre a mediatização da corrupção política no discurso jornalístico sobre o Escândalo do Mensalão. Foto: Anne Martins

SÔFOCA: A Comunicação Social da UFMT completa 30 anos. E, como apesar dos tempos sombrios para o ensino público superior, inauguramos a primeira pós-graduação. Conte um pouco dessa história. Bruno: O Programa de Pós-Graduação em Comunicação teve início em 2019, quando um grupo de professores, representando os vários cursos do Departamento de Comunicação da UFMT, reuniu-se para desenhar uma proposta de mestrado na área da comunicação. Sabíamos da importância do Programa de Pós-Graduação em Estudos de Cultura Contemporânea, em funcionamento há uma década na nossa Faculdade, mas tínhamos o desejo de aprofundar os estudos científicos em comunicação em um programa próprio, já que Mato Grosso era o único estado da região Centro-Oeste que não possuía pós-graduação na área. O maior desafio foi estabelecer um elo epistemológico que fosse capaz de conectar as pesquisas em andamento e os interesses teóricos de todos. Foi aí que surgiu a ideia de construir uma área de concentração em Comunicação e Poder, dividida em duas linhas de pesquisa: Política e Cidadania e Estéticas e Narrativas. Estou convencido de que foi a capacidade dos nossos professores e professoras de manterem o espírito de coletividade e integração na formulação da proposta que garantiu êxito na rigorosa avaliação da CAPES. É sempre bom lembrar que fomos a única proposta de pós-graduação na área da comunicação aprovada em todo o país no ano de 2019 e a única também entre aquelas apresentadas pela UFMT. É um orgulho muito grande.

SF: O que esse programa de mestrado representa para a graduação e os professores do Departamento? Bruno: Representa muito, tanto para os cursos de graduação quanto para todos os colegas docentes do Departamento. Pretendemos trabalhar próximos dos graduandos porque entendemos que uma boa formação nesse nível garante que tenhamos candidatos ao mestrado mais aptos a desenvolver boas pesquisas. Entre as nossas estratégias de atuação conjunta está por exemplo, a realização de estágio docência na graduação, em que mestrandos poderão auxiliar professores em suas disciplinas da graduação. Isso é fundamental para a qualificação dos futuros mestres e muito importante para os docentes porque amplia e aprofunda o debate sobre certos temas. SF: De que maneira esse programa pode impactar a universidade e a sociedade? Bruno: Sem dúvida, impacta positivamente na universidade e, sobretudo, na sociedade mato-grossense. Em termos institucionais, é mais um passo na consolidação da pós-graduação na UFMT, pois, a partir de agora, poderemos aprofundar discussões que não são possíveis no âmbito da graduação. O PPGCOM, que abre as portas quando comemoramos 30 anos de existência do curso de Comunicação, é sobretudo uma conquista para a sociedade. Trata-se de uma oportunidade para a formação de novos pesquisadores em comunicação, e também de aprofundar a qualificação de quem já atua no mercado. Esta é uma conquista de todos que acreditam na potência da pesquisa como modo de entendimento do nosso lugar no mundo, a partir da reflexão autônoma sobre os objetos da comunicação. 6


Opinião

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Sônia Zaramella

Professora aposentada e pioneira do curso de Comunicação Social da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Graduada em jornalismo pela UniCEUB de Brasília e Mestre pela Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP). Iniciou a sua carreira nas sucursais do Jornal do Brasil, em Brasília, e depois pelo O Globo, pela assessoria do Ministério da Saúde, até voltar para Cuiabá, e atuar nas principais mídias locais, até assumir uma cadeira na Comunicação Social.

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Foto: Arquivo pessoal

tempo passou rápido e estamos nas festividades dos 30 anos do curso de comunicação social da UFMT. À época havia uma necessidade imediata do curso, qual seja, a de disponibilizar rapidamente para o mercado local, profissionais com nível superior em Jornalismo, Radialismo, Publicidade e Propaganda, a fim de contribuir para a expansão da rede de comunicação de Mato Grosso. Isso representava um forte desafio, uma imensa responsabilidade. Nos primeiros anos de implantação do curso (1991-1994), o mercado mostrava-se acanhado, com baixo número de veículos, e sinalizava uma grande necessidade de pessoal qualificado nas áreas da Comunicação Social. Na verdade, o curso foi pleiteado pela sociedade local, bem como pelo mercado que demandava por profissionais preparados, antevendo as mudanças que viriam pela frente com os avanços da internet. Em meu caso particular, comecei do zero na docência, sem nenhuma experiência. Levei inicialmente para a sala de aula somente meus anos exercidos no Jornalismo. Mas contei com um aliado importantíssimo, que foi o profundo e amplo conhecimento das questões da minha terra – sua extensão, sua relevância econômica, sua cultura diversa e plural, seus personagens e personalidades, entre outras referências. Amadurecemos num ponto fundamental, que foi a união de ideais e esforços em nossa própria capacitação, quando entramos no programa de Mestrado Interinstitucional entre a UFMT e a USP, com financiamento da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) para podermos cumprir o compromisso com a formação de profissionais de qualidade. Também podemos relacionar como resultado desse esforço a produção das primeiras pesquisas em comunicação produzidas pela UFMT e que estão listadas no livro Memória das Ciências da Comunicação no Brasil – Os Grupos do Centro-Oeste, organizado pelos professores José Marques de Melo e Jorge Duarte. E quando completou 10 anos, o Departamento de Comunicação Social contava com dois professores doutores, 15 professores mestres e um professor especialista no seu quadro de vinte quatro docentes. Honestamente, digo a vocês que foi o Jornalismo que me propiciou essas vivências profissionais e acadêmicas e os trabalhos que faço até os dias de hoje. Não sei se outra profissão me alimentaria assim de desafios e trabalhos por tanto tempo. 7


Política

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fredo da Mota Menezes, advogado e historiador. Mas, o que parecia o fim se provou um novo início. O professor lembra que o renascimento de Mato Grosso levou uma revista de circulação nacional a comentar: “mas o patinho feio que era Mato Grosso virou cisne”. E 10 anos depois, Mato Durante os nove anos de planejamento do curso o Estado Grosso entra em um ciclo de desenvolenfrentou um processo de reinvenção geográfica e histórica vimento demográfico, político, cultural, humano, estrutural, mas principalmente econômico alcançando protagonismo naMack Levino cional na agropecuária. Essa reinvenção do estado trouxe noFoto: Arquivo Pessoal vas realidades demográficas. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), à época o estado inteiro tinha 1,6 milhão de habitantes e 83 municípios. O Sul ficou com 998,2 mil habitantes e 55 municípios, enquanto Mato Grosso ficou com apenas 598,9 mil habitantes e 38 municípios. Hoje, os dados demográficos apontam que Mato Grosso do Sul tem 2.748.023 habitantes e 79 municípios, já Mato Grosso cresceu para 3.484.466 habitantes e 141 municípios. Repare que Mato Grosso quadruplica tanto a população quanto o número de municípios, enquanto Mato Grosso do Sul, somente dobra a sua população e emancipa apenas 43,6% primeiro curso de comunicação de a mais de municípios. Esse avanço deMato Grosso nasceu em 1990, momográfico causado pelo intenso processo mento em que o Estado passava por um migratório eleva a população cuiabana de renascimento territorial, sócioeconômico, 212 mil em 1980 para 612 mil habitantes político, jurídico, em um contexto de reem 2019, fazendo brotar no cerrado e nas descoberta de sua importância e identidaflorestas mato-grossenses novas cidades. de. A própria constituição do novo Estado, Em “Cenários Socioeconômicos do pós divisão, acabara de ser promulgada, Estado de Mato Grosso” publicado em em outubro de 1989. 2019, a Secretaria de Estado de PlanejaA divisão de Mato Grosso para a criamento e Gestão (Seplag) aponta a ascenção de Mato Grosso do Sul foi sancionasão dos setores econômicos, liderados da pela Lei Complementar nº 31, assinaprincipalmente pelo agronegócio que em da pelo presidente Ernesto Geisel em 11 2019 respondeu por 27% da produção de outubro de 1977 e entrou em vigor em total de grãos do país (1º do ranking) e a primeiro de janeiro de 1979. Uma divisão pecuária que apresenta o maior rebanho traumática para Cuiabá, mas muito festebovino da nação com 30,33 milhões de jada em Campo Grande. “Parecia que o cabeças. Márcio Contreras (48), executimundo iria acabar, ficou aquela inquietavo da CNHIndustrial, conglomerado que ção desesperada”, comenta o professor Alpossui marcas como New Holland

Curso de comunicação começa com a recriação simbólica de MT

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POLÍTICA e Case e atua no agronegócio, comenta que em suas apresentações internacionais era comum ter que explicar a localização de Mato Grosso, hoje, todos acompanham cada momento das safras. “Diferente do mercado de minério, em que o Brasil também é líder, mas ninguém sabe ou se interessa por esse mercado e sua produção, o agronegócio de Mato Grosso tem sido reconhecido como o pilar do Agro no Brasil”, explica Contreras. Essa dinâmica econômica fez com que o Produto Interno Bruto de Mato Grosso (PIB) tivesse a maior variação acumulada entre todos os estados da nação. O crescimento foi de R$ 19,1 bilhões em 2002 para R$ 123,8 bilhões em 2016, um incremento de 545%. O relatório ainda apontou um crescimento do PIB para R$ 148,3 bilhões em 2019. Nesse contexto o PIB per capita do mato-grossense foi de R$ 7.367,58 em 2002 para R$ 37.462,74 em 2016, saindo da 11ª para a 4ª posição atrás apenas do Distrito Federal em primeiro, São Paulo em segundo e Rio de Janeiro em terceiro lugar. Foi neste contexto desenvolvimentista de Mato Grosso que a Comunicação Social nasceu na UFMT. Havia uma demanda urgente por profissionais em comunicação social. A formulação da proposta do curso foi organizada pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado em 1983 junto à reitoria da Universidade Federal de Mato Grosso, sendo criado em 1990. “Havia uma necessidade imediata do curso naquela ocasião. Era preciso disponibilizar, profissionais com nível superior em Jornalismo, Radialismo e Publicidade para atender a expansão da rede de comunicação de Mato Grosso”, conclui a professora Sônia Zaramella, uma das fundadoras do Curso e já aposentada, em palestra comemorativa dos trinta anos da Comunicação Social. O renascimento de Mato Grosso também foi fundamental para a concepção da Comunicação Social na UFMT. Não seria possível con-

templar um estado com essas proporções geográficas, pujança econômica e mesmo assim com tanta diversidade e desigualdade social, problemas ambientais e estruturais sem escolas de comunicação superior. Com 903,366 Km², MT é comparável à Venezuela com 916,445 Km². No Estado é possível viajar 1.214 Km como entre Rondonópolis e Nova Bandeirantes. Estamos falando de um estado gigantesco com déficit em todos os modais possíveis de transporte, e mesmo assim, o Sistema Rodoviário Estadual (SER) informa existir 33.496,65 Km de rodovia entre pavimentadas e não pavimentadas em MT. O desafio de integração de espaço, de culturas, de equilíbrio ambiental, desenvolvimento econômico e tantas outras frentes não seria possível sem que houvesse profissionais na área da comunicação suficientes.

Foto: José Medeiros

“Há um ditado de que quando algo dá errado é porque foi erro de comunicação. Será que quando algo dá certo não é porque a comunicação está acontecendo melhor também? A criação do curso permitiu que a sociedade mato-grossense tivesse instrumentos mais científicos e tecnológicos para facilitar o processo comunicacional nesse momento do Estado onde tudo estava por fazer”, reflete o professor de Publicidade e Propaganda da Comunicação Social da UFMT, Aclyse de Mattos. 9


Economia Produção regional cresce e chega a 387 empresas de comunicação

SÔF CA

Apesar do crescimento das oportunidades de emprego e da mudança salarial, profissionais recém formados necessitam cada vez mais de experiência para se inserir no mercado de trabalho Vitória Gomes

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mercado de comunicação abrange na atualidade 387 plataformas jornalísticas em Mato Grosso, segundo dados do anuário de mídia online, do site Guia de Mídia, que considera apenas o universo de TVs abertas, emissoras de rádio e jornais. O número reflete o crescimento da área e sua transformação enquanto mercado de trabalho, ao longo dos 30 anos de existência do primeiro curso universitário de Comunicação no Estado. Em 1991, ano que marcou o início da primeira turma, atuavam no mercado cerca de 12 veículos de comunicação. Desde então, houve um aumento de mais de 1000% em relação a 2020. A jornalista Sônia Zaramella retoma uma realidade bem diferente da atual ao apresentar o panorama do mercado de 30 anos atrás, quando o curso de Comunicação Social foi instaurado na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Três décadas após essa conquista, o mercado de trabalho para os profissionais de jornalismo, publicidade, radialismo e cinema foi se modificando de forma significativa, tanto que, depois da ascensão da internet, portais online de notícia tornaram-se predominantes no mercado, com um total de 140 sites atuando no Estado. No contexto atual, os profissionais da área perceberam a necessidade de buscar especializações para atuar neste nicho. Outra mudança é a ascensão do mercado audiovisual no Brasil, que aumentou a valorização dos profissionais da área. Em 2018, mais de 24 milhões de pessoas foram prestigiar obras nacionais no cinema, contrastando com os 17 milhões que 10

haviam comparecido no ano anterior, de acordo com o Observatório Brasileiro do Cinema e do Audiovisual (OCA), divulgados pela Agência Nacional de Cinema (Ancine). No mesmo ano, cerca de 1.000 produtoras foram registradas no país, apontamento superior do apurado em 2017, em que foram contabilizados 982 empresas. Seguindo este cenário favorável do mercado nacional, mais de 30 produções audiovisuais foram lançadas em Mato Grosso apenas em 2018, integrando os profissionais do Estado no progresso do audiovisual. O cuiabano e diretor de arte Menotti Griggi, que trabalhou recentemente na produção do curta-metragem “Dragnostra”, também observou esta evolução durante os mais de 10 anos inserido no mercado de produção cinematográfica. “Estava morando no Rio de Janeiro há dois anos e quando voltei para Cuiabá presenciei um momento em que as produções regionais estavam ganhando mais força. Os filmes desenvolvidos, seja por meio de leis de incentivo ou outros recursos, tem sido uma contribuição consideravelmente grande para mostrar que o Estado está produzindo arte e cinema”, afirma. Jornalista conectado O perfil dos jornalistas em Cuiabá é um trabalhador com 25 anos, ensino superior completo, do sexo feminino. Esses dados foram traçados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), com uma amostrar coletada entre março/2019 a outubro/2019. No cenário traçado pela pesquisa, os


ECONOMIA profissionais trabalham majoritariamente 30 horas por semana em microempresas que atuam no segmento de portais, provedores de conteúdo e outros serviços de informação na internet. As empresas de portais e serviços de informação na internet estão entre as áreas que mais empregam jornalistas, seguido de atividades de televisão aberta, agência de publicidade, assessoria de imprensa, atividades de organizações sindicais e edição de revista. Esta análise registrou que entre março e outubro de 2019 ocorreram 25 contratações formais com carteira assinada e 15 demissões em Cuiabá, resultando um saldo positivo de 10 empregos formais gerados pelo mercado de trabalho para o cargo de jornalista. O levantamento do Caged considera os segmentos de atividades econômicas das empresas com o maior número de admissões para o cargo de jornalista em Cuiabá. Para isso, listas de descrição disponibilizadas pela Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) são retiradas do cadastro de cada empresa na Capital junto à Receita Federal. Apesar do dado positivo, em entrevista com a egressa da última turma de 2019 na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), a jornalista Tlyssia Társila Ribeiro afirma que o mercado para os recém-formados ainda é difícil na região mato-grossense. Uma das barreiras é a exigência por experiência profissional, de dois até três anos. “Antes de me formar eu não tinha o emprego garantido, fiquei procurando vagas por cinco meses em Cuiabá, mas nesse tempo não aparecia nenhuma oferta. Então, resolvi ir para São Paulo”, explica a recém-formada que conseguiu uma colocação após um mês de procura na capital paulista. Piso salarial O ganho médio do jornalista em Cuiabá é R$ 2.571,81, média do piso salarial de acordos, convenções coletivas e dissídios e o teto salarial de $ 4.476,44, sendo que a média salarial fica em de R$ 2.700,00, o 3º maior piso do país. “O piso salarial há 30 anos era bem maior, em termos proporcionais. Um jornalista formado, algo raro na época, tinha

vencimentos ao redor de R$ 12.000, comparando com os valores atuais, como podemos notar nas aposentadorias do serviço público onde essas contratações eram mais necessárias”, afirma o presidente do Sindicato dos Jornalistas, Itamar Perenha. Em publicidade, o profissional ganha entre R$ 1.840,55 e o teto salarial de R$ 4.401,61, sendo que a média salarial fica em R$ 2.016,63 para uma jornada de trabalho de 43 horas semanais. Já o cenário audiovisual tem sua própria tabela de preços mínimos para cada função dos prestadores de serviço para produção de filmes, estabelecida pelo Sindicato dos Trabalhadores na Indústria Cinematográfica e do Audiovisual, para garantir o direito dos profissionais que atuam na área.

Fato é que, com o passar dos anos e a crescente evolução tecnológica e profissional do Estado, as empresas de comunicação apostaram nas tendências do mercado, criando novas oportunidades e expandindo o cenário da comunicação em Mato Grosso. Mudando a perspectiva de quem se gradua nessa área, nestes 30 anos o perfil do comunicador se transformou, assim como sua luta para alcançar seus direitos em questão salarial e sobre a valorização do trabalho exercido por eles. 11


ECONOMIA

Profissionais que atuam em mais de uma área da comunicação conquistam espaço no mercado

Com o advento da convergência das mídias os profissionais autônomos da área de comunicação encontram no freelancer uma alternativa de renda independente

Vitória Gomes

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perfil dos novos profissionais de comunicação engloba diferentes habilidades e até mesmo união das áreas do mercado em um mesmo serviço. É possível observar essa convergência dentro das agências de comunicação, que funcionam como um catálogo oferecendo produções de vídeos, textos jornalísticos e trabalhos publicitários para seus clientes. Nas agências, a relação entre os comunicadores e o consumidor é essencial. É a partir deste contato que as empresas buscam criar a identidade visual, remodelar um perfil já existente, reposicionar a marca no mercado ou até mesmo desenvolver um planejamento de marketing. Mesmo com uma demanda voltada para a área da publicidade, esse ambiente vem recebendo cada vez mais profissionais de jornalismo e audiovisual para compor o time de empregados dessas agências. O objetivo é agregar as especificidades das áreas de atuação, como, por exemplo, produções audiovisuais, edição e funções de assessorias de imprensa. O jornalista formado na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e relações-públicas, Hernandes Cruz, enxergou um nicho nas junções das habilidades e iniciou parceria com seu sócio para reunir experiências e criar sua própria agência de comunicação, a Conecte Relações Públicas e Marketing, fundada em 2019. “Por algum tempo trabalhei com telejornalismo e em departamentos de marketing de empresas, contratava alguns freelas de redes sociais e assessoria de imprensa. Este ano, abri minha empresa que presta serviços de comunicação em geral, com foco em conteúdo”, explica. 12

Com os serviços de convergência de conteúdo, a empresa promete ser especializada em assessoria de imprensa, gestão de conteúdo, redes sociais, endomarketing e comunicação interna, além de se apresentar como a única agência de comunicação que agrega um cuidado de relações públicas na oferta. Além de trazer essa proposta, Hernandes explica que a empresa não tem profissionais de comunicação contratados formalmente. Nesta estratégica econômica, ele e o sócio desenvolvem a maioria dos trabalhos de forma independente e, quando necessário, empregam freelancers para produzir os trabalhos específicos de acordo com a demanda do cliente. “Contrato fotógrafo, cinegrafista, editor, e jornalista. Prefiro freelancer porque não é sempre que recebo demandas que precisam de pessoal, então é mais prático do que contratar uma equipe fixa”, afirma. A realidade da empresa segue o padrão da contratação informal de trabalhadores em Mato Grosso que, de acordo com o levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), abrange 36% da população do Estado. A porcentagem representa 593 mil pessoas e mostra um panorama dos profissionais que, mesmo que tenham ocupação, não têm vínculo com as empresas, são autônomos ou trabalham para empresas sem registro no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ), a chamada informalidadde. Hoje a Conecte Relações Públicas e Marketing atua principalmente pelo site da agência e pela conta do Instagram. Segundo Hernandez a tecnologia viabiliza a autonomia dos profissionais de comunica-


ECONOMIA ção. A empresa trabalha com cinco clientes principais, desde grandes empresas do Estado, até clientes independentes. Assim como na empresa Conecte, o trabalho de freelancer transformou-se em um método econômico das empresas de comunicação, algo que impacta diretamente no perfil profissional dos comunicadores. Segundo o empresário, isso torna possível a realização de projetos audiovisuais e de publicidade roteirizada, mesmo sem capital ou uma demanda que necessite de empregados fixos. O empresário Keydson Alves Barcelos é proprietário da agência Quadro a Quadro que oferece o serviço de produção de filmes, documentários e vídeos como serviço, desde 2002. Ele também trabalha com contratação de freelancers e afirma que a opção é mais vantajosa, por ter os custos mais controlados. “Dependendo do trabalho realizado, contrato até dez profissionais se necessário. A vantagem é que o trabalhador se mantém atualizado, o custo é controlado. Embora a diária de um freelancer seja maior que um contratado em alguns casos, mas o encargo final compensa”, explica. Por conta da demanda do mercado, profissionais de comunicação estão tomando iniciativas próprias e se unindo em grupos online e confrarias com o objetivo de criar uma ponte entre as novas demandas de trabalho e os trabalhadores. Por não exigir um vínculo empregatício com nenhuma empresa, iniciou-se uma procura crescente por essa tendência de mercado, o que contribuiu para que os comunicadores formados se amparassem em ferramentas como WhatsApp para qualificar e unir os profissionais que buscam essas vagas de emprego. A jornalista Thielli Ehlert Bairros conta que percebeu esta tendência e uma necessidade de juntar à demanda dos trabalhos, chamados “Jobs”, com os profissionais. Ela sentia que o mercado precisava desses candidatos preparados e dispostos a se envolver nos novos cargos.

Foto: Liz Brunetto

“O grupo Freela MT foi criado em novembro de 2016, na época muitas pessoas perguntavam e pediam indicações de fotógrafos, jornalistas, publicitários. Então, a ideia foi usar o WhatsApp para centralizar a comunicação entre os contratantes e aqueles que se identificam com o mercado informal”, explica. Hoje o Freela MT integra 135 participantes que abrangem as mais diversas áreas da comunicação, como cinegrafistas, designers, redatores, gerenciadores de mídias, entre outras funções, que são donos da sua mão de obra. Para os estudantes que acabam de sair da universidade, este tipo de ferramenta é essencial para que eles possam se conectar com o mercado de trabalho ao terminem a graduação. Apesar deste cenário, o presidente Sindicato dos Jornalistas, Itamar Perenha, afirma que os profissionais sempre podem pedir auxílio à instituição caso estejam em condições precárias de emprego e ressalva que a opção pelo freelancer é individual de cada trabalhador. 13


cultura

SÔF CA

Mercado cultural mato-grossense gera mais de R$ 2 bi para economia brasileira Estudos realizados pela Firjan apontam que a indústria criativa injetou mais de 171 bilhões de reais no PIB do país em 2017 Éverton Anunciação

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mercado cultural mato-grossense cresceu os investimentos e capitalização nos últimos anos, por meio da música, literatura, gastronomia, arte cênica, pintura, dança, produções fílmicas e patrimônio histórico. Em 2017, somente o Estado de Mato Grosso gerou uma riqueza de mais de R$ 2 bilhões para a economia brasileira, segundo dados da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan). No panorama nacional, a indústria criativa, aquela que gera valor econômico através de ações criativas, culturais e intelectuais, contribuiu para o Produto Interno Bruto (PIB) de R$ 171,5 bilhões conforme o Mapeamento da Indústria Criativa no Brasil divulgado pela Firjan em 2019. Com a implantação do curso de Comunicação Social na Universidade Federal de Mato Grosso (COS-UFMT) em 1990, e início da primeira turma em 1991, o mercado cultural ganhou força após a formação de profissionais qualificados para atuar nesse ramo. Antes os interessados saíam do Estado para se especializar na área da comunicação que crescia no Brasil em conjunto com a digitalização. De lá pra cá o curso impulsionou e fortaleceu a cadeia produtiva da cultura na região, além de sistematizar e difundir os produtos culturais desenvolvidos pelos artistas mato-grossenses via jornais impressos, emissoras de rádio e de televisão existentes à época. As campanhas publicitárias passaram a inserir as personagens e referências de Mato Grosso, como Jejé de Oiá, Liu Arruda e Vera Capilé. Para a professora e jornalista Sônia Zaramella, uma das pioneiras a lecionar no 14

curso de comunicação na UFMT, a formação dos novos profissionais repercutiu de diversas formas no mercado cultural local. “Os jornalistas contribuíram e ainda contribuem para uma maior difusão das ações do setor, criação e lançamento de produtos, preservação, crescimento e valorização das manifestações culturais nos mais variados segmentos”, declara Zaramella. Mato Grosso é representado pela heran-

Os personagens de Liu Arruda Foto: Acervo Público

ça da miscigenação entre índios, negros e brancos. São eles que plantam, colhem e ensinam a saborear o gosto dos novos frutos de uma cultura ímpar que recebe influências de outras regiões do país, como, Sul e Sudeste. Além disso, o seu povo preserva as suas origens e os seus valores.


Cultura Com a criação de órgãos e o fortalecimento das políticas de desenvolvimento da cultura regional, como leis, editais e parcerias, foi possível o investimento nas produções das regiões fora do eixo Rio-São Paulo. A criação da Agência Nacional de Cinema e Audiovisual (Ancine), em 2001 possibilitou a distribuição de recursos financeiros do governo federal para o fomento das produções culturais regionais. Além disso, a Lei Rouanet permite que as empresas privadas também utilizem recursos de incentivos fiscais à cultura para Foto: Secel-MT patrocinar projetos. Na visão do jornalista e músico há 40 Nas páginas do jornal impresso, nos palcos do teatro, nas onanos, Eduardo Ferreira, a indústria cultu- das sonoras do rádio e nas telas da televisão e internet é possível ral em Mato Grosso avançou por conta das notar a diversidade existente em terras mato-grossenses. O tocar políticas criadas pelo poder público, mas do mocho, do ganzá, da viola de cocho, instrumentos usados nas musicalidades típicas da região, representam as expressões culturais do povo de Mato Grosso. Apesar do crescimento, os veículos de comunicação investem muito pouco neste setor. Na década de 90, existiam três jornais impressos em circulação na baixada cuiabana – A Gazeta, Folha do Estado e Diário de Cuiabá — com equipes especializadas para fazer a cobertura dos assuntos pertinentes ao mundo cultural regional e local. Hoje, A Gazeta também tem uma equipe específica para cobrir o segmento e sites como, Cidadão Cultura, Olhar Direto e Parágrafo Cerrado. De acordo com a jornalista cultural Ana Cristina Vieira, a UFMT é responsável no Estado por formar profissionais que tem o papel de difundir a cultura de Mato Grosso. “A universidade é um espaço que provoca essa criticidade, sensibilidade pela arte e cultura. Eu creio que o curso de comunicação forma jornalistas mais sensíveis a todas as áreas, em especial, para esse mercado”, afirma Vieira que acumula mais de 20 anos de experiência. A superintendente de Economia Criativa da Secretaria de Estado de Cultura, Esporte e Lazer, Keiko Okamura, acredita que até 2021 esse setor contribua ainda mais para a economia brasileira, e de fato os dados apontam para esse crescimento. “O segmento do audiovisual e a economia criativa são os que sente que o setor se tornou dependente do mais crescem no mercado, além da existência de diversos meEstado. “Ainda somos subsidiados, o esta- canismos de investimento, esse setor possui um enorme potendo ainda é o grande financiador e controla- cial econômico. Em pesquisa realizada pelo Banco Nacional de dor dos maiores recursos para a área. Po- Desenvolvimento Econômico Social (BNDES) em 2015, o setor rém vemos avanços muito claros no teatro, cultural representou 2,64% do PIB brasileiro, a expectativa para na música também, apesar de ficar restrito 2021 é de 4,6%”, expressa a superindente que atua no setor maa bares e eventos locais”, comenta. to-gressense há mais de 25 anos nesse segmento. 15


Cultura

Audiovisual regional tem mais de 40 produções e ganha destaque nacional Segmento ampliou cartela com produção de telenovelas, podcasts, games, séries e animações; que vão de curtas, média a longa-metragem Éverton Anunciação

Foto: Acervo Público

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mercado de conteúdo audiovisual mato-grossense cresce tanto no volume de produções quanto na qualidade do material produzido. O setor registrou a viabilização de 42 projetos nos últimos dez anos, que além de circularem por festivais nacionais e internacionais têm conquistado premiações e exibições em canais de televisão. O longa-metragem “Loop”, do produtor Bruno Bini, também é exemplo do êxito das produções regionais. Depois de estrear em mostra competitiva de Melhor Filme do Festival de Brasília de Cinema Brasileiro, em breve deve ser lançado nas 16

salas comerciais de todo o Brasil, graças à parceria com a Globo Filmes. A Associação Mato-grossense de Cinema e Audiovisual (MT Cine) credita o impulso da produção mato-grossense ao incentivo público via editais, como os realizados pela Secretaria de Estado de Cultura e Lazer (Secel-MT), em parceria com o Fundo Setorial do Audiovisual (FSA) da Agência Nacional de Cinema (Ancine). O segmento também diversificou os formatos, projetando-se além dos curtas e média-metragem, nesta última década. Foram realizados longas, telenovelas, podcast, games, séries e animações.


Cultura Os investimentos garantiram a efetividade de ações no setor que, por sua vez, além das produções que prometem ficar no imaginário do público, trazem um retorno econômico. Dados da Brasil Audiovisual Independente (Bravi) dão conta que para cada R$ 1,00 investido em incentivos públicos, voltam R$ 3,00 aos cofres dos governos nas esferas federais, estaduais e municipais. E o segmento ainda é responsável por movimentar setores como o turismo, de alimentação, logística, moda e engenharia, entre outros. A indústria do audiovisual movimenta R$ 23 bilhões por ano no País e emprega, direta e indiretamente, mais de 495 mil pessoas, segundo mapeamento da empresa Motion Picture Association — América Latina (MPA-AL), em 2016. Em Mato Grosso não há um estudo concreto sobre a contribuição desse mercado para economia regional. A Secretaria de Estado de Cultura, Esporte e Lazer (Secel) ainda trabalha em um levantamento, via Superintendência de Economia Criativa. O cineasta Bruno Bini atesta que o setor contribui com a economia brasileira e especialmente, com a mato-grossense. Seu longa-metragem recém-lançado, “Loop”, por exemplo, movimentou R$ 3 milhões somados em recursos estaduais, da Globo

Foto: Arquivo pessoal

Foto: Acervo Público

Filmes por meio da Lei do Audiovisual, do Canal Brasil e do FSA. Somente o Governo de Mato Grosso investiu R$ 900 mil via editais e teve um retorno de R$ 2,1 milhões de recursos injetados na indústria audiovisual local. Conforme Bini, à época, foram gerados cerca de 280 empregos de forma direta e indireta na economia local. Para a cineasta e produtora, Caroline Araújo, fazer cinema em Mato Grosso é sinônimo de luta. “Eu digo que o cinema mato-grossense é resistência. A gente [profissionais] resistiu por mais de século trabalhando com paixão apesar de distantes longe dos grandes centros e agora, novos realizadores acreditam que é possível. O Estado tem muita história pra contar”. Outro elemento que contribuiu para as produções audiovisuais locais foi o curso de Radialismo da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). “Ele é fruto da urgência da demanda do mercado regional de se pensar em longo prazo, além de combater as políticas efêmeras de governos que entram e saem”, afirma Araújo. Conforme registros, da Ancine, em Mato Grosso estão em atividade 84 produtoras de audiovisual, sendo 64 em Cuiabá. Cada uma delas registra faturamento médio anual de R$ 300 a R$ 500 mil. 17


Esporte

SÔF CA

Rádio ganha força com avanços tecnológicos, mas vive silêncio esportivo em Mato Grosso Época de ouro com até cinco transmissões simultâneas contrasta com a atual ausência do futebol nas emissoras Gabriel Barros

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tecnologia avança e modifica o acesso das pessoas às informações e ao entretenimento, mas a radiodifusão encontra espaço para permanecer no cotidiano da sociedade. Ao longo dos anos, os avanços tecnológicos auxiliaram na reinvenção do rádio, que continua tendo presença marcante na vida dos brasileiros. Entre as décadas de 1970 e 1990, o rádio em Mato Grosso era o meio mais forte de comunicação e prestação de serviços, especialmente no esporte. Apesar da modernização ocorrida em diversas esferas da radiodifusão, as transmissões esportivas no Estado sucumbiram e praticamente abandonaram a cobertura do futebol mato-grossense. Até o fim da década de 1990, o futebol tinha ampla projeção em programas radiofônicos e, como consequência, ocupava o coração da população de Mato Grosso, principalmente em Cuiabá. Por anos, havia três fortes equipes esportivas disputando a audiência no rádio, uma delas comandada pelo ícone Ivo de Almeida, outra por Roberto França e a terceira coordenada pela enciclopédia do futebol, Antero Paes de Barros. Em 2020, ainda que o estado tenha um time no segundo escalão futebolístico nacional, o Cuiabá, nenhuma emissora de rádio transmite as partidas do Campeonato Mato-Grossense neste início de ano. Os motivos para o silêncio do rádio esportivo em Mato Grosso são diversos, dificultando um diagnóstico preciso. “Em Mato Grosso, a televisão matou o futebol, e depois que matou este esporte, matou o rádio”, afirma o radialista e comentarista, 18

Foto: Arquivo Craques do Rádio

Antero Paes de Barros, um dos principais nomes da cobertura histórica do futebol local. Para o jornalista, a evolução das transmissões de futebol na televisão, com o oferecimento de um cardápio de todos os campeonatos nacionais afastou os torcedores dos estádios e distanciou a paixão pelos times locais. “Hoje, as televisões transmitem partidas concorrentes no mesmo horário. Por exemplo, Vasco e Flamengo ao mesmo tempo de Mixto contra o União de Rondonópolis, times que estão lutando para se reconstruir. Analisando este fenômeno, os cidadãos abandonaram o estádio, optando por ficar em casa, sem gastar dinheiro e acompanhar o futebol da mesma maneira. Isso fez com que o vínculo entre o torcedor e os times de Mato Grosso ficasse cada vez menor”, explica. Em seus tempos de ouro, as emissoras de rádio tinham um repórter setorista para cobrir cada time da capital, além de uma equipe para as transmissões ao vivo


Esporte e programas de debate sobre esporte. Isso gerava motivação para discutir e viver o futebol. Segundo o apresentador e ex-locutor esportivo, Edvaldo Ribeiro, o interesse atual dos veículos é outro. “Nós fazíamos até cinco transmissões simultâneas de Campeonato Brasileiro, cobrindo direto de Manaus, Belém, Belo Horizonte, entre outras grandes cidades. Hoje, os companheiros de imprensa não têm o prazer de apalpar, de conhecer e viver o futebol. Eles estão hermeticamente fechados dentro de um estúdio. A vivência do esporte está nas ruas, conversando com a população, sentindo a emoção, afinal, futebol é isso, paixão”, afirma. De clássicos lotados a estádios vazios As transmissões radiofônicas exerceram grande influência na popularização do futebol no estado. Dentre tantas conquistas, o meio se mobilizou para o nascedouro de uma das obras arquitetônicas mais importantes para o esporte Mato-grossense, a construção do estádio Governador José Fragelli, popularmente conhecido como Verdão. Um dos mais influentes radialistas do Estado, Ivo de Almeida, foi o responsável por lançar a campanha de que Mato Grosso precisava de um grande estádio para comportar o número de pessoas apaixonadas pelo futebol. No fim, coman-

Foto: Acervo Macedo Filho

dada pelo rádio, a campanha deu certo e o Verdão foi construído. Para Edvaldo Ribeiro, a ausência do rádio esportivo em Mato Grosso foi preponderante para a decadência do esporte. “O sucesso de um andava lado a lado com o do outro. Conforme o rádio era forte, o futebol também era. Hoje, nós não temos uma emissora FM que transmita ao vivo uma partida, não há discussão futebolística em programas esportivos, não existe a participação do ouvinte operariano, mixtense ou dom bosquino. O rádio esportivo minguou muito, e junto com ele o futebol foi pelo mesmo caminho”, afirma. Em dias de clássico, exemplo de Mixto e Operário, as transmissões iniciavam às 8h, com ampla cobertura de uma partida que aconteceria apenas às 17h. Durante todo o dia, as torcidas eram incentivadas e convidadas a irem ao espetáculo, o que resultava em jogos com público máximo nos estádios. Ivo de Almeida fazia chamadas que eram verdadeiras convocações ao torcedor. “Atenção Operário, equipe da Peteca chamando. Hoje acontece o clássico do chapéu de palha, quero ver todo mundo com chapéu no Dutrinha”, exclamava o locutor. De acordo com Antero, o estádio ficava lotado, e com todos vestindo o acessório de palha, que também amparava as pessoas contra o forte sol cuiabano. Convocados pelo rádio, os cidadãos mato-grossenses iam aos jogos de maneira que não se observa há algum tempo no estado. O recorde de público do estádio Verdão foi registrado há 40 anos, em 10 de fevereiro de 1980, quando mais de 49 mil pessoas levaram todo o furor para acompanhar o clássico entre Mixto Esporte Clube e Dom Bosco. Vilazio de Arruda, 79 anos, estava presente na partida, e conta que o futebol dentro de campo era competitivo, mas a principal diferença para os dias atuais está nas arquibancadas e na paixão pelos clu19


Esporte bes do estado. “Hoje, este número de pessoas no estádio em Cuiabá é inimaginável. Eu lembro de como assistir as partidas era o ápice das nossas semanas. A gente via o Verdão e o Dutrinha lotados, as pessoas tinham interesse e paixão pelo futebol daqui. Eu lembro de ver muitas pessoas nos estádios assistindo aos jogos e ouvindo a transmissão pelo rádio. Hoje essa cena não é tão frequente”, destaca. O foco esportivo das rádios não se resumia apenas ao que era praticado no estado, as emissoras de Mato Grosso transmitiam jogos importantes dos campeonatos nacionais e estaduais. Antero conta que já trabalhou difundindo Corinthians e São Paulo na final do Campeonato Paulista, Flamengo e Vasco na final do Carioca, entre outras decisões importantes. “A gente fazia o futebol local e transmitia grandes eventos nacionais pelo rádio. As pessoas eram apaixonadas pelo esporte, e tudo isso graças ao trabalho feito pelos radialistas”. Apesar de ser capaz de criar memórias eternizadas no imaginário do ouvinte e transmitir emoções, o rádio sofre com o distanciamento de estudantes e futuros profissionais, algo impensável há 40 anos. O curso de Comunicação Social na Universidade Federal de Mato Grosso apresenta o radiojornalismo com grande visibilidade na grade curricular. Entretanto, segundo Edvaldo Ribeiro, isso não se reflete no mercado de trabalho, que enfrenta dificuldades para encontrar pessoas empenhadas em informar através deste meio de comunicação. “O rádio é o maior professor do jornalista, hoje observo entre os novos profissionais que o meio é visto em um sentido de descarte. O poder da mensagem está na radiodifusão. Analisando o mercado você enxerga que os alunos entram nas faculdades de jornalismo ou radialismo visando a televisão, poucos querem estar atrás das câmeras. Isso acaba refletindo na maneira com que a informação é repassada à população”, explica. 20

Segundo Antero, o curso de Comunicação Social da UFMT teve grande influência no jornalismo mato-grossense, com melhorias técnicas nos programas e reportagens. Porém, o jornalista ressalta que isso não se refletiu no rádio esportivo. “Os estudantes não manifestam interesse pelo rádio, talvez porque o salário seja mais baixo. O radialismo com foco no esporte em Mato Grosso era muito mais forte e capacitado do que o produzido atualmente”, afirma Paes de Barros. Assim como diagnosticar os motivos pela queda do rádio esportivo no estado, encontrar as soluções para o problema também é uma tarefa difícil, exige esforço e interesse de empresas e profissionais jornalísticos. Além dos entraves financeiros e a falta de patrocinadores, ambos jornalistas destacam que as emissoras devem voltar a ter mais envolvimento com a comunidade e estimular a ligação entre torcedores e times de futebol. “O que falta em Mato Grosso é rádio que faça rádio e não tenha vergonha disso. Afinal, tocar música muitos aplicativos são capazes de fazer. O rádio precisa ser mais informação, opinião e serviço. A concorrência entre os times será proporcionalmente estimulada na medida em que o estado tenha rádio de verdade. Profissionais nós temos, resta o interesse dos donos de emissoras”, enfatiza Antero. O rádio era o motivador dos estádios lotados, traduzia e transmitia emoções a milhares de cidadãos mato-grossenses. O meio andava lado a lado com o futebol, e por diversos motivos, ao longo das décadas o rádio perdeu o fio condutor que levava o torcedor ao estádio, fato que gerou resultados negativos para todos os envolvidos com o esporte mais popular do Brasil. Edvaldo defende que as emissoras FM devem voltar a transmitir partidas ao vivo, ao menos por teste. Quem sabe desta maneira, o futebol e o rádio esportivo do estado voltem aos seus tempos de ouro.


Esporte

Prática esportiva na UFMT favorece o equilíbrio emocional dos estudantes

Atividades físicas e de lazer na Instituição podem influenciar positivamente na caminhada acadêmica Gabriel Barros

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o campus de Cuiabá da Universidade Federal de Mato Grosso há diversas iniciativas que estimulam a prática esportiva e de atividades físicas, dentre elas, modalidades que incluem estudantes que não tiveram o hábito de se exercitar durante o ensino básico nas escolas. Opções incomuns, que envolvem a prática de Cheerleading, Kung Fu Wushu, Badminton, Vôlei de Praia e Futevôlei, podem incentivar os acadêmicos a conhecer determinada modalidade e auxiliar no desenvolvimento social e pessoal. O desempenho regular de exercícios físicos promove benefícios não apenas para o sistema cardiorrespiratório e muscular, mas também para a função cognitiva, comportamental e na saúde mental dos indivíduos que não são sedentários. O professor do curso de Psicologia da UFMT, Fabrizio Stoppiglia, explica que a maioria dos casos de ansiedade e depressão em estudantes aparecem nos primeiros semestres dos cursos. Isto evidencia que eram problemas já existentes antes do Foto: David Ferreira

ingresso na Universidade, e que se agravaram dentro dela. Para o docente, é necessário que a Instituição promova ações terapêuticas, e não apenas de prevenção a esses fatos. “Não há socialização entre os acadêmicos, e isso pode ser um problema. Pensando na saúde mental dessas pessoas, criar o hábito de atividades físicas, sobretudo coletivas e que relacionem o desenvolvimento da técnica e disciplina, parece ser algo que ajudaria os estudantes a formarem redes sociais dentro da Universidade”, afirma. Uma iniciativa na área é o programa UniverCidade ConvidAtiva, que promove atividades físicas regularmente para toda comunidade, orientadas por professores e alunos bolsistas da Faculdade de Educação Física (FEF). “As modalidades esportivas resultaram em progressos significativos nos participantes que apresentam transtornos psicológicos”, revela o coordenador do projeto, professor Elton Alves de Andrade. As atividades envolvem a prática de natação, hidroginástica, Muay Thai, ritmos, dança e treinamento funcional. Elton conta que a maioria dos alunos participantes do programa são de outros estados, moram longe dos familiares e, em alguns casos, em moradias com condições precárias. De acordo com o docente, o fato do aluno estar envolvido em exercícios coletivos e de pertencer a um grupo resulta em uma melhora na autoestima e no comportamento social. “O nosso foco é desenvolver a qualidade de vida deles, dar condições para terem 21


Esporte uma saúde física e mental boa, o que pode acabar influenciando até mesmo no rendimento acadêmico. O aluno vai dormir melhor, ter mais disciplina, estar mais seguro e menos ansioso. O esporte e a atividade física criam certa disposição, assim, a pessoa se organiza melhor, otimiza o seu tempo e se envolve socialmente com pessoas que, muitas vezes, apresentam casos e vidas semelhantes”, destaca. A relevância dos exercícios físicos para o desenvolvimento acadêmico não é comprovada cientificamente. Isso está relacionado com questões que envolvem a disponibilidade para estudar, condição financeira para congressos, conhecimento em línguas para ler trabalhos acadêmicos e livros, entre outros diversos fatores. “As relações sociais estabelecidas por meio da prática esportiva são importantes para compartilhar determinado tempo com colegas de estudo em atividades que não são respectivas às graduações. Isso pode ser muito bom para aprofundar relacionamentos e desfazer a solidão entre os acadêmicos”, disse o professor Fabrizio Stoppiglia, As atléticas na vida universitária As atléticas são organizações responsáveis por promover e coordenar a parte esportiva de cada faculdade. Essas associações estruturam campeonatos esportivos, se envolvem com questões sociais dentro da comunidade e, principalmente, possibilitam a integração entre os alunos. A identidade de cada atlética é construída pelo fato de pertencer a um grupo, e isso inclui a confecção de produtos característicos e personalizados, como, por exemplo, uniformes, bandeiras, canecas e outros acessórios que representam determinado Curso. Somando os câmpus da UFMT de Cuiabá e Várzea Grande, a Instituição tem mais de 23 atléticas divididas entre as graduações. Em 2013, estudantes de Comunicação Social da UFMT fundaram a Infernal, 22

a atlética do curso. Segundo a publicitária Lumara Dalva, uma das fundadoras, o objetivo no início foi estabelecer um senso de comunidade e estimular a socialização entre os acadêmicos. “Na época, já existiam várias atléticas de outros cursos, e a gente via como isso unia os alunos, até mesmo de graduações diferentes, e isso é muito bom para a formação dos estudantes. A nossa intenção foi fortalecer o relacionamento entre os acadêmicos e essa ideia de tribo do nosso curso”, explica. Lumara destaca que, no curso de Comunicação Social grande parte dos alunos eram engajados em questões culturais e sociais, e introduzir o hábito esportivo também no cotidiano foi de extrema importância para a qualidade de vida e o pertencimento entre os estudantes. “A nossa profissão é muito emocional e, por vezes, as pessoas ficam submersas neste universo e esquecem de cuidar da parte física e mental. Então, a Infernal conseguiu levar o equilíbrio. Foi muito bom ver que logo que nós saímos as futuras gestões evoluíram, e hoje a atlética está incorporada ao curso”, afirma. Desde a sua criação, a Infernal participou de eventos esportivos promovidos pela Universidade, além de campeonatos externos, incluindo premiações em competições nacionais e regionais. Atualmente, a atlética desperta o interesse dos alunos, e sua organização consiste em uma gestão formada por 10 setores e 16 pessoas, contando com uma presidência. Segundo a vice-presidente da atlética, Alícia Marques, além da interação entre os acadêmicos, os benefícios ocorrem no comportamento individual dos alunos. “Acreditamos que a atlética se torna importante no meio estudantil porquê, visando alcançar a prática esportiva, auxilia os alunos a desenvolverem um ambiente melhor e mais saudável para todos os envolvidos. Nós somos gratos por já existirem exemplos de superação entre os estudantes

Foto: David Ferreira


Esporte

em que a Infernal foi um fator importante no processo”, disse Além da determinação dos próprios alunos em estabelecer um vínculo por meio dos exercícios físicos, a Gerência de Esportes e Lazer da UFMT tem o objetivo de fomentar práticas esportivas e saudáveis dentro da instituição. Em 2019, a Universidade participou de quatro competições nacionais, que resultaram em três medalhas nos Jogos Universitários Brasileiros. A gestão promoveu também campeonatos de bets, festivais de natação e ginástica, entre outras modalidades. Para 2020, o Projeto Esporte Acadêmico da UFMT prevê cerca de 17 iniciativas esportivas ofertadas aos estudantes, de forma gratuita. Dentro da Universidade, as atividades físicas são fortalecidas também por meio de projetos de extensão que atendem a comunidade em geral. São diversas ativi-

dades esportivas e físicas, com o intuito de estimular o hábito em pessoas que não despertam o interesse por modalidades popularmente conhecidas. Segundo a gerente de Projetos Esportivos e Lazer da UFMT, Elisama Santos da Silva, é importante que as demandas e iniciativas partam dos alunos, afinal, eles irão sair da Universidade, mas o intuito é que levem o hábito para a vida. “O foco é trabalhar o esporte amador de maneira profissional. Além das competições, nós estimulamos também alunos bolsistas, que trabalham na gestão e treinamento dos atletas e, consequentemente, são capacitados profissionalmente. Fruto deste trabalho, nós tivemos também resumos em congressos e mostras de extensão”, enfatiza A iniciativa própria dos estudantes em atividades físicas e prazerosas, com o apoio da Universidade, resulta em benefícios para a vivência esportiva e o equilíbrio fundamental entre os compromissos acadêmicos e momentos de lazer. Edilson Davi Miranda é estudante de Educação Física, integrante da equipe de futsal da UFMT e está classificado para etapa nacional de futevôlei. “Nós temos uma rotina extremamente exaustiva, e a prática de atividades físicas traz uma saída para isso, estabelece a inclusão social e promove a qualidade de vida. Eu me sinto bem melhor quando estou praticando o esporte que eu gosto em um momento de lazer com colegas da graduação. É um espaço que temos juntos fora dos estudos” afirma. Além da relação acadêmica entre o esporte e a pesquisa, participar de atividades extracurriculares e prazerosas proporcionam experiências importantes para o equilíbrio emocional dos alunos. É importante que as Universidades fomentem o hábito do exercício físico na rotina dos estudantes, favorecendo assim uma melhora no desenvolvimento social dos acadêmicos e futuros profissionais da sociedade. 23


DIVERSIDADE

SÔF CA

Universidades rumo à pluralidade Pesquisas da Andifes demonstram que o perfil dos alunos das universidades federais se aproxima ao perfil socioeconômico nacional Liz Brunetto

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curso de Comunicação Social (COS) da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) completa 30 anos em 2020, e é uma pequena amostra do que se encontra nas instituições federais do país. Conta com os cursos de Publicidade e Propaganda (PP), Rádio e TV (RTV), Jornalismo (Jornal) e Cinema e Audiovisual (Cinema) desde sua implantação já passam 2.920 alunos. São quatro opções de graduação dentre as 55 disponíveis na UFMT, somente no campus de Cuiabá. A aluna do 7° semestre de Publicidade e Propaganda, Mariana Marcela de Fátima Moraes (22), está entre os 51% de estudantes do sexo feminino matriculadas na UFMT. Em toda a Comunicação Social, as mulheres também são a maioria, dos atuais 366 alunos inscrritos 203 são mulheres. Isso apenas reflete o panorama do país, segundo dados da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes). Atualmente, o levantamento da entidade indica 54,6% de estu-

Foto: Liz Brunetto

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dantes do sexo feminino, maioria dentro das universidades federais. Desde que Mariana ingressou na instituição passou por dois estágios remunerados, recentemente decidiu se dedicar apenas aos estudos e não esta à procura de emprego. Ela faz parte dos 74% de discentes da UFMT que não trabalham, entretanto, dentro desse percentual, 42% dos alunos buscam uma atividade profissional para completar a renda familiar. Esses dados dialogam com o perfil socioeconômico do corpo estudantil das universidades federais em que 70,2% dos estudantes estão inseridos na faixa de renda mensal familiar per capta de até um e meio salários mínimos. Segundo a Andifes, em 1996, apenas 44,3% dos estudantes se encaixavam nessa categoria. A estudante está satisfeita com a escolha do curso e já tem planos para o futuro. “Eu gosto para caramba do meu curso, até fico surpresa do tanto que eu gosto, pretendo seguir carreira acadêmica ou de pesquisadora na área”, afirma a jovem. Os rumos profissionais costumam ser um dilema para parte dos estudantes, a escolha de Mariana vai contra as expectativas no cenário atual de cortes orçamentários. Desde 2012 quando segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o desemprego bateu o recorde, a carreira acadêmica começou a entrar em pauta e despertar o interesse de muitos discentes. Contudo, a partir de 2015 essa alternativa tornou-se inserta. Houve desde então, segundo o Observatório do Conhe-


Diversidade cimento, o corte de R$ 38 bilhões do setor de pesquisa acadêmica. O financiamento para projetos de pesquisa deste ano sofreram corte de 83% em relação ao ano passado, tornando a carreira acadêmica uma opção pouco atrativa para os graduandos. Existem diversos motivos que impulsionam a escolha de um curso, desde o prestigio social, a vocação, demandas do mercado, ou até a baixa concorrência. Entretanto, a maioria dos alunos da UFMT escolhe a graduação por afinidade com o curso, segundo a Pró-Reitoria de Planejamento (Proplan), e representam 39,70% do total. Esse é o caso da estudante do 8° semestre de Rádio e TV, Isabelle Santos Fanaia (22), que sempre teve interesse no universo audiovisual e a curiosidade em saber o que acontece por detrás das câmeras a motivou. “É nos bastidores que a magia começa e todo esse processo de produção me chama muito a atenção”, conta. Isabelle é do município de Nova Olímpia, interior de Mato Grosso, composta por cerca de 20 mil habitantes. Ela está entre os 67% de estudantes da instituição nascidos no estado, mas ao mesmo tempo integra os 29,2% que saem de suas cidades para estudar, os dados são do Censo Demográfico 2010, divulgados pelo IBGE. A jovem tomou essa decisão pela falta de oferta do curso em sua cidade natal. Atualmente, Isabelle está em uma Mobilidade Internacional, na universidade de Boyacá, Colômbia. Nos últimos anos houve um crescimento na demanda por cursos no exterior. Segundo pesquisa Selo Belta, em 2017, o aumento foi de 23%. Para a jovem concorrer a uma bolsa parcial não era opção. O primeiro item avaliado para a escolha do país foi a oferta de bolsa integral, aquelas em que, além dos custos com a universidade, como em uma bolsa parcial, a instituição cobre também a moradia e a alimentação. A estudante Luísa Rodrigues (31) cursa o 5° semestre de Jornalismo e faz parte do

Foto: Arquivo Pessoal

Programa de Inclusão Quilombola (PROINQ). Segundo o projeto de extensão da UFMT, patrimônio cultural quilombola de Mato Grosso, em 2016 o estado já constava com 97 comunidades quilombolas, dentre elas 68 receberam a certificação da Fundação Cultural Palmares (FCP), que as reconhece como comunidades remanescentes de quilombos e amplia o acesso às políticas públicas. Nos últimos 13 anos, segundo a Secretaria Especial da Cultura, 3.168 comunidades foram certificadas em toda a nação brasileira. Luísa conta que antes de se inscrever para o edital estava trabalhando e concluindo outra graduação e escolheu o curso por afinidade com a área. “Quando saiu o programa foi tudo muito rápido. Em poucas semanas saiu edital, inscrição e prova”, conta a estudante. Ela mora em Chapada dos Guimarães e para estar todos os dias pontualmente na aula sai de casa às 6h, percorre em torno de 70 quilômetros de moto, em média uma hora de viagem. 25


Diversidade

Foto: Liz Brunetto

No semestre em vigência 2019/2, dos alunos matriculados nos cursos de comunicação social, 51% ingressaram na instituição através de cotas. A lei vem garantindo a diversidade socioeconômica e étnica nas universidades federais há oito anos. Isso se torna perceptível ao observar o perfil socioeconômico dos estudantes das universidades federais da Andifes, que a cada edição mostra a proximidade do perfil do estudante ao perfil sociodemográfico do Brasil, inclusive em desigualdade de renda. Segundo o IBGE, a renda mensal familiar nominal média per capita no país em 2018 era de R$1.373,00, ao passo que a de 70,2% dos estudantes da graduação é de R$1.328,00. O aluno de Cinema e Audiovisual, Henrique Koberstain Moreira da Silva (29), está no 4º semestre e faz parte da primeira turma do curso, implantado há apenas dois anos. Integra uma pequena parcela de estudantes que já possui diploma de curso superior; atualmente 90,33% dos alunos estão em sua primeira graduação. Perfil que reflete a baixa cobertura do en26

sino superior no país em que apenas 18% dos jovens estão na universidade. O Censo da Educação Superior do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) aponta que apenas 4,2 milhões de jovens, entre 18 e 24 anos, estavam na universidade, em 2017. Henrique ainda trabalha na área do direito, sua primeira formação. Confessa que não é nada fácil conciliar ambos, e procura planejar suas atividades, para evitar os choques entre o trabalho e os estudos. “Em geral é bem difícil conciliar, tento não pegar todas as disciplinas disponíveis, deixando os dias que suponho que seriam mais complicados livres de atividades da universidade. Ademais, busco dialogar com os professores em virtude das eventuais faltas”, conta o estudante. Os números revelam que o estudante de comunicação social reflete o perfil do aluno tanto da UFMT, quanto das instituições federais do país, que, apesar de conter disparidades em alguns aspectos, vem caminhando, a passos lentos, para se tornar cada vez mais plural.

Foto: Arquivo Pessoal


MeioAmbiente

SÔF CA

Sustentabilidade e economia solidária Programa de extensão com foco na economia solidária reúne diversos departamentos da Universidade Federal de Mato Grosso

Angélica Callejas

S

ustentabilidade e meio ambiente são assuntos que cada vez mais têm se tornado comuns fora do âmbito acadêmico e dos estudos teóricos. O tema tem atravessado os muros das universidades e alcançado aqueles que podem colocá-la em prática, com o intuito de melhorar a vida de quem depende, principalmente, da agricultura para trazer inclusão social e econômica a esses grupos. A sustentabilidade é um dos pilares da Economia Solidária, que basicamente é um conjunto de atividades econômicas, que tem como finalidade a comercialização de mercadorias que foram produzidas sob o conceito de não agressão ao meio ambiente. Ou seja, produtos sustentáveis. A solidariedade está baseada na ideia de que na formação de redes e todo o processo de manufaturamento até a comercialização, pode ser facilitado pela cooperativa. O Programa Rede Cooperação Solidária de Mato Grosso (Recoopsol) foi rascunhado há sete anos, em 2012, pelo professor Nicolau Priante, falecido em 2018. Entusiasta do meio ambiente, atuava no Departamento de Física da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), e através da universidade, procurou um meio de criar um empreendimento que seguisse esses valores e auxiliasse outros. Então, foi por meio da Arca Multincubadora, um programa de desenvolvimento de projetos da UFMT, que o Recoopsol conseguiu se consolidar como cooperativa. Atualmente, o programa reúne diversos projetos de extensão e fornece assistência a vários empreendimentos e entidades de Economia Solidária, além de oferecer

Foto: Arquivo Ecofeira

aos cooperados projetos de capacitação e treinamentos. O programa conta com oito departamentos da UFMT que atuam conjuntamente, cada um com sua expertise a fim de desenvolver, divulgar e auxiliar na rentabilidade dos produtores e artesãos. O Departamento de Comunicação da UFMT é um dos integrantes da Rede de Cooperação que colabora com ações de divulgação dos empreendimentos, assim como dos projetos do Programa. Encarregados da Coordenação estão os professores Cristóvão Domingos de Almeida, Luãn Chagas e Benedito Dielcio Moreira. Com o auxílio de estagiários do curso de Comunicação, iniciaram os trabalhos para a rede cooperativa. O primeiro obstáculo foi o site do Programa, que até então não recebia uma quantidade regular de notícias. Além da ação de divulgação dos projetos que foram executados, também entra como trabalho da Comunicação os planejamentos de capacitação em Educomunicação, criação de conteúdo audiovisual, assim como o envio de informações para as rádios comunitárias e midias locais. Para acompanhar a era digital e usufruir de 27


meio ambiente suas facilidades tecnológicas, está sendo desenvolvido um aplicativo de vendas por encomenda, destinado à Ecofeira, que é um dos projetos do Programa Recoopsol. Basicamente é a reta final de todo o processo. Após a produção, os agricultores e artesãos poderão colocá-los à venda tanto no aplicativo em desenvolvimento, como na feira de alimentos orgânicos e artesanato. O objetivo é gerar renda para a agricultura familiar e sustentável em Mato Grosso. Confira alguns projetos:

Departamento de Alimentos e Nutrição Germinar Capacitação em autodesenvolvimento, que trabalha com fundamentos da Associação ComViver, motivando a autonomia, confiança e coragem social, fomando líderes, a fim de transformar os agentes para que possam aplica-las em suas vivências pessoais. Fóruns Territoriais - Instância de Articulação da Rede de Cooperação Solidária de MT Fomenta os projetos de Economia Solidária com a criação, implementação e fortalecimento de redes para os setores de alimentos e artesanato através de assessoria técnica, plano de marketing e estratégias de comercialização. Departamento de FItotecnia e Fitossanidade Transição agroecológica a partir de Sistemas Agroflorestais no Território de Cuiabá Aplicação prática, acompanhamento e capacitação em Sistemas Agroflorestais (SAFs), que envolvem o plantio de cultivos agrícolas e árvores numa mesma zona, a fim de produzir matéria-prima conservando os recursos naturais e a biodiversidade. Departamento de Zootecnia e Extensão Rural Capacita produtor Capacitação técnica de profissionais rurais que gerenciam empreendimentos econômicos solidários agropecuários, sendo 14 municípios atendidos em toda baixada cuiabana. Departamento Administração Incubação de empreendimentos de economia solidária Fornece assistência aos projetos de Economia Solidária do Programa Recoopsol, por meio de formação e assessoria técnica, assim como auxílio no plano de negócio.

Departamento de Geografia Indicadores Socioambientais dos Empreendimentos Solidários articulados ao Recoopsol Levantamento de indicadores acerca dos empreendimentos de Economia Solidária em Mato Grosso, das dinâmicas socioeconômicas e organização dos meios de uso das terras, com a finalidade de disponibilizar o estudo para aplicação de políticas públicas que atinjam positivamente a agricultura familiar e seus agentes. Departamento de Comunicação Social Educomunicação na Economia Solidária Cursos, palestras, oficinas e capacitações na área da comunicação, afim de democratizar o acesso à comunicação e possibilitar que os empreendimentos solidários recebam visibilidade através das mídias, com o suporte da educomunicação. Aplicação das análises de custos na produção orgânica: um experimento com os produtores orgânicos do Alto Pantanal mato-grossense Levantamento dos custos de produção e a produtividade entre canteiros de produtos orgânicos e convencionais, com o intuito de aplica-las positivamente no trabalho dos pequenos agricultores da baixada cuiabana.

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