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Ano 5 - n.º 72 - fevereiro 2021
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Mensal
Diretor: Miguel Almeida - Dir. Adjunto: Carlos Almeida
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Peso da Régua: Hospital já tem plano para reabertura
> Págs. 4 e 5
Entrevista
São João da Pesqueira
Reportagem
Município realiza testes em massa à população
Paula Rego: “A única obra que eu pintei sobre o Douro foi «Os Bombeiros de Alijó»”
Pandemia transformou o dia-a-dia dos Bombeiros
> Pág. 8
> Págs. 12 e 13
> Págs. 24 e 25
O VivaDouro inaugura, nesta edição, uma série de trabalhos com vista às próximas eleições autárquicas que terão lugar ainda este ano > Pág. 29 PUB
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VIVADOURO
FEVEREIRO 2021
Editorial Miguel Almeida Diretor VivaDouro
SUMÁRIO: Destaque Páginas 4 e 5 Lamego Páginas 6 e 9 São João da Pesqueira Páginas 7 e 8 Região | Freixo de Espada à Cinta Página 10
Falhamos claramente na gestão da pandemia A forma como Portugal está a gerir a pandemia, não é má, é mesmo muito má. Ultrapassamos em termos acumulados por milhão de habitantes, o número de mortes em países como o Brasil e EUA que, há alguns meses atrás os classificávamos como verdadeiramente incompetentes em relação à gestão pandémica. Como é normal, depois de uma crise desta dimensão, é importante perceber o que falhou nas nossas opções políticas. Falhamos efetivamente em muitas coisas, planeamento, organização, comunicação, mas falhamos sobretudo na capacidade de antecipação desta terceira vaga. E, não foi por falta de aviso, a ciência avisou vezes sem conta que estávamos a caminhar para um verdadeiro precipício, infelizmente tiveram razão. Até hoje (16/02), os números são verdadeiramente aterradores, morreram em Portugal 15522 pessoas. Neste momento em que os casos e os óbitos começam a dar sinais de abrandamento, faço um apelo a quem realmente manda no país, muito cuidado com a forma como vamos começar a levantar o confinamento. Termino este editorial, lembrando que a regra ( ainda é) FICAR EM CASA. Tenham muito cuidado.
PRÓXIMA EDIÇÃO 17 MARÇO
Alerte para o que está bem e denuncie o que está mal. Envie-nos as suas fotos para geral@vivadouro.org POSITIVO A revista Forbes incluiu o Douro Vinhateiro numa lista de oito destinos a não perder para os amantes de vinho em 2021.
Santa Marta de Penaguião Página 11 Entrevista Páginas 12 e 13 Região Páginas 14, 22 e 26 Sabrosa Página 15 Carrazeda de Ansiães Página 19 Vila Nova de Foz Côa Página 20 Armamar Página 21
NEGATIVO A morte de Bruno Navarro, Presidente da Fundação Côa Parque, aos 44 anos, abalou a região, em espacial o concelho de Vila Nova de Foz Côa e entidades ligadas ao turismo.
Reportagem Páginas 24 e 25 Murça Página 28 Autárquicas 2021 Página 29 Opinião Página 30 Lazer Página 31
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VIVADOURO
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Destaque
3,5 milhões para reabrir o Hospital D. Luiz I Texto: Carlos Almeida
No próximo mês de março, passam cinco anos desde o encerramento do Hospital D. Luiz I, na cidade de Peso da Régua, devido a um surto de legionella, estando agora previsto um investimento de 3,5 milhões de euros para a sua reabertura com um modelo inovador. enviar para o hospital de Lamego ou Vila Real”. Numa segunda fase, segundo o autarca, será ainda contemplado “um Centro de Medicina Física e de Reabilitação, a chamada fisioterapia, que é uma necessidade que também identificamos por existirem grandes listas de espera SNS e o CHTMAD não têm neste momento, capacidade de resposta”. “Quando tudo estiver montado, os serviços que vamos ter no nosso concelho na área da saúde vão melhorar de uma forma muito significativa”, conclui José Manuel Gonçalves.
Dando forma a uma reivindicação antiga dos reguenses a autarquia, liderada por José Manuel Gonçalves, estabeleceu um consórcio com a Santa Casa da Misericórdia local e o ACES Marão e Douro Norte que já está formalizado, com o objetivo de reabilitar o edifício capacitando-o de diversas valências, incluindo um serviço de urgência aberto 24 horas. Em declarações ao VivaDouro, o autarca reguense mostra-se satisfeito com o avançar deste projeto, sublinhando as condições que o equipamento tinha aquando do seu encerramento e a ausência de um plano por parte do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro (CHTMAD), para a sua reabertura nos moldes pretendidos pela autarquia. “A primeira coisa que temos de referir é recordar o que ele tinha quando encerrou com o caso da legionella, e o que ali existia eram um conjunto de camas, que não chegava a uma dúzia de internamento de convalescença de doentes que estavam internados em Vila Real e que eram trazidos para a Régua. Foram várias as vezes que a autarquia foi alertando para a diminuição de pacientes naquele espaço, sublinhando a importância que teriam na manutenção do edifício funcional. Esta era a realidade quando o hospital encerrou. A primeira proposta que veio do Centro Hos-
pitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro (CHTMAD), não nos satisfez, tinha uma proposta de obras na ordem dos duzentos e poucos mil euros. Para um espaço daqueles esse investimento seguramente não era aquilo que todos nós ambicionávamos e não iria ter melhorias significativas. Depois de um longo processo negocial de várias possibilidades, vários enquadramentos, há uma coisa que ficou clara, o CHTMAD não tinha qualquer interesse em manter-se ligado, de uma forma direta, ao Hospital D. Luiz I, isso é assumido. Portanto, temos que partir logo deste princípio, eles não tinham interesse nessa gestão direta”. O autarca revela que face ao desinteresse do Centro Hospitalar a autarquia tentou desenvolver um modelo que “melhore de forma significativa os serviços de saúde que já existem no concelho, criando a cada momento as parcerias necessárias para que isso pudesse ser uma realidade, desde logo ter a Santa Casa da Misericórdia, o setor social, presente neste processo”. De acordo com o plano estudado entre as três partes envolvidas (autarquia, Santa Casa da Misericórdia e ACES Marão e Douro Norte), o hospital “terá uma unidade de convalescença e internamento com 30 camas, protocoladas com a ARS e o Centro Hospitalar, que será geri-
da pela Santa Casa da Misericórdia”. “Vamos ter ainda as duas USF’s que estão a funcionar no Centro de Saúde e a Unidade de Cuidados à Comunidade. O espírito de passar estes serviços para o hospital é também criar condições para os melhorar porque neste momento debatem-se com falta de espaço e de condições no local onde estão. É evidente que tudo isto tem depois com objetivo a Unidade de Atendimento Complementar Urgente que irá funcionar 24 horas por dia. Das 8 da manhã até às 24 horas (dias úteis), é assegurado pelo ACES e no período noturno será financiada pela Câmara Municipal e pela Santa Casa. Ao fim de semana este serviço encerra às 22H00, dessa hora às 08:00 será igualmente assegurado por nós. Ou seja, vamos ter um serviço 24 horas de atendimento urgente para os casos que possam ser tratados cá”. A intervenção agora anunciada irá permitir ainda a “instalação de meios complementares de diagnóstico, nomeadamente imagiologia, com raio-x, e análises clínicas. Daquilo que foi uma discussão bastante alargada, nomeadamente com o ACES e os Centros de Saúde, com estes meios complementares de diagnóstico aquilo que prevemos é que existam muitos casos que aqui possam ser diagnosticados, estancando uma parte significativa dos doentes que estamos atualmente a
Modelo inovador possibilita reabertura Inovador será o modelo implementado para avançar com esta empreitada, um consórcio entre a autarquia, a Santa Casa da Misericórdia de Peso da Régua e o ACES Marão e Douro Norte. “Nunca duvidei que este projeto iria avançar, desde logo porque houve uma disponibilidade da autarquia em alocar fundos comunitários para que isto fosse uma realidade. A única dúvida que persistiu durante muito tempo foi, em que modelo. É evidente que o mais fácil era entregar o edifício a um privado e neste momento tínhamos aqui um hospital privado, ao qual nem toda a gente tinha acesso. Chegamos a um consenso com a Santa Casa e o ACES para criarmos um modelo que no nosso entender é o que mais defende e mais condições vai proporcionar à comunidade reguense e também dos nossos concelhos vizinhos, um modelo assente essencialmente na gestão pública tendo ali uma parte do setor social”, afirma José Manuel Gonçalves. Gabriel Martins, Diretor Executivo do ACES Marão e Douro Norte também se congratula com o modelo encontrado que permite melhores condições quer para os utentes, quer para os profissionais de saúde que ali irão ficar instalados, referindo mesmo que esta solução era urgente para a estrutura que lidera. “Para nós é estruturante e até urgente fazer parte desta solução porque, como é do conhecimento geral, nós temos constrangimentos com as instalações das Unidades de Saúde Familiar (USF) e com a Unidade de Cuidados à Comunidade (UCC) que estão sediadas no edifício do Centro de Saúde da Régua. O edifício neste momento é manifestamente insuficiente para o movimento que tem e para aquilo que se pretende que o Centro de Saúde venha a ser no futuro e isso ficou bem patente com a pandemia. Esta situação veio demonstrar que nós nunca estivemos preparados para
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Destaque
> José Manuel Gonçalves - Presidente da CMPR
> Gabriel Martins - Diretor Executivo do ACES Marão e Douro Norte
> Manuel Mesquita - Provedor SCMPR
cumprir um conjunto de regras, em especial no que diz respeito a salas de espera, como o distanciamento social, entre outras. Paralelamente temos ainda alguns constrangimentos ao nível dos sistemas de informação com as redes. Com a necessidade cada vez maior de termos bandas largas com mais capacidade e cobertura, sob pena de começar a impossibilitar a utilização de Centros de Saúde em áreas mais periféricas, temos por exemplo, muitos problemas com as extensões, nomeadamente ao nível da necessidade que temos de banda larga para o funcionamento dos sistemas de informação. Hoje em dia a medicina e as profissões de saúde assentam num conjunto de plataformas informáticas que sem elas praticamente não se consegue trabalhar. Se falhar um computador o médico não tem acesso ao processo clínico do paciente. Portanto, todo este conjunto de constrangimentos podem ser resolvidos precisamente com o projeto de reestruturação do Hospital D. Luiz I com a alocação das USF’s e da UCC no edifício. Para nós este projeto foi uma janela de oportunidade de podermos oferecer aos utentes um serviço melhor, em condições melhores, com instalações renovadas e gabinetes médicos com todas as condições. Do ponto de vista dos serviços médicos aos nossos utentes vimos aqui uma oportunidade de melhoria significativa. Outra vantagem deste projeto é a mais valia de podermos ter em funcionamento o serviço de atendimento urgente ao longe do 24 horas, indo de encontro às necessidade da população, dando oportunidade a que utentes de vários concelhos, como Mesão Frio e Santa Marta de Penaguião, tenham onde se deslocar sem terem que ir a Vila Real, por exemplo. Tudo isto somado acho que está demonstrado que o ACES Marão e Douro Norte tinha todo o interesse em se juntar a este projeto da autarquia. Cada vez mais as políticas locais de saúde têm obrigatoriamente, e mais uma vez a pandemia assim o tem demonstrado, que ter soluções que sejam encontradas localmente através de algumas parcerias com outras instituições, mesmo havendo um fio condutor nacional. Não lhe vou chamar um sistema local de saúde porque isso tem outras implicações mas há um conjunto de parcerias locais que devem ser formalizadas. As necessidades diferem de concelho para concelho ou de distrito para distrito e as soluções que se adequam no Porto ou em Matosinhos, certamente que não se adequam no interior. Há que pensar nestas parcerias como um sistema embrionário para algo maior de futuro, algo que se possa transformar mesmo numa estrutura autónoma de gestão de estratégias de saúde, partilhando recursos, evitando desperdícios e tornando o sistema cada vez mais eficiente. Eu penso que a própria tutela já deu um sinal de que isso é uma necessidade a partir do momento em que transfere competências para os municípios, só esse gesto já traduz que cada vez mais temos que apostar em que várias estruturas da comunidade tenham competên-
cias efetivas na área da saúde”. Por seu lado, Manuel Mesquita, Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Peso da Régua sublinha o papel da instituição na atividade regular na área da saúde, salientando a importância da remodelação do edifício. “A misericórdia tem na sua génese e na sua atividade regular a área da saúde, tendo por isso a propriedade do atual Hospital D. Luiz I e a sua gestão antes de ser nacionalizado. Este projeto aparece suportado na necessidade de criar em Peso da Régua necessidades de resposta na área da saúde, assentes num modelo inovador e potenciador de sinergias entre um conjunto de entidades, tendo autarquia e a misericórdia um papel liderante. Este projeto assenta valorização das parcerias locais e regionais que pode ser um exemplo, no êxito que o poder político local e uma Instituição Social se podem unir na defesa do património e no bem estar das suas populações, na qual o ACES apoiou, acompanhou e lutou para que fosse coroada de sucesso. Também é necessário realçar a importância na recuperação de um edifício ícone da nossa cidade e que durante décadas foi uma referência na área da saúde no norte de Portugal. A recuperação deste imóvel é de vital importância devido à sua crescente degradação desde que a estratégia para a saúde foi alterada com o evidente prejuízo para as gentes do Douro. Vamos ter uma unidade de saúde que vai dar uma resposta mais abrangente nos serviços prestados, com um serviço complementar urgente a funcionar 24 horas, com Rx e análises clinicas, com uma Unidade de Convalescença com 30 camas para receber todos os casos de internamento com períodos de recuperação temporal até 30 dias, assim como melhorar as condições de funcionamento das USF´s e unidade de cuidados à comunidade. Estou certo que este projeto, será o início de uma dinâmica que irá crescer no futuro assente neste conjunto de parceiros e que novas respostas na área da saúde irão surgir e que vão proporcionar aos reguenses e a este território serviços de proximidade, qualidade e eficiência”. O projeto supera os 3 milhões e deverá estar concluído em 24 meses A requalificação do edifício será superior a 3 milhões de euros de acordo com as propostas que a autarquia tem recebido e que neste momento se encontram em apreciação. Neste momento já temos as propostas dos vários candidatos para realizar a empreitada. Está a decorrer a audiência prévia do relatório preliminar, se tudo correr bem, se não houver qualquer tipo de contestação o relatório final será levado a reunião de câmara e vamos proceder à adjudicação. Há depois os prazos legais a cumprir em especial no que diz respeito à analise do Tribunal de Contas e depois podemos avançar com a obra de requalificação completa do espaço, que deverá rondar os 3,3 milhões de euros, com um prazo de 24 meses e que esperamos que seja cumprido”, afirma José Manuel Gonçalves. ▪
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Lamego
Caretos de Lazarim em casa no caminho para a UNESCO O Entrudo de Lazarim é uma festa que já ultrapassou as barreiras da vila transformando-se num símbolo do concelho de Lamego na promoção turística nacional e internacional. Este ano, devido à pandemia da Covid-19, os caretos não saem à rua e os milhares de turistas não trarão alegria à vila que aguarda a conclusão do processo de elevação desta tradição a Património Cultural e Imaterial da UNESCO. > Adão Almeida, artesão
Apesar do anunciado tom saudosista da conversa que se avizinha, é recorrendo ao humor que Adão Almeida, um dos mais antigos artesãos das máscaras de Lazarim, dá o aperitivo. “Se eu tivesse 20 anos uma coisa lhe garanto, um careto ia à rua (risos…) Eu tinha que ir à rua com ela, viesse de lá a fiscalização ou quem fosse… Até é uma máscara por isso protege contra o Covid (risos…)”. Já num tom mais sério conclui a sua ideia, “não com o povo todo, obviamente, mas era bonito que dois ou três caretos saíssem à rua, a passear no povo para que as pessoas os pudessem ver da sua janela. Pelo menos o nosso povo marcava o dia. Passar este ano sem ver um careto na rua vai ser muito triste”. Este ano a celebração foi feita de forma diferente, os caretos apareceram, mas em vez do tradicional desfile as máscaras estiveram penduradas nas portas das casas dos moradores da vila. “Na minha infância as coisas eram diferentes, quando era ainda um miúdo os caretos saíam à rua mais para beber um copo, iam batendo às portas e animavam o povo. Depois, mais tarde, tinha eu os meus 16, 17, 18 anos, por aí, queimávamos a comadre e líamos o testamento, que habitualmente falava mal das raparigas da aldeia, e isso causava alguns problemas com alguns pais a quererem bater-nos (risos…). Com o passar dos anos foram percebendo que era uma brincadeira e com a chegada dos turistas para verem as nossas tradições tudo passou a ser levado com mais leveza e agora até acham piada ao que o testamento diz”, conta-nos Adão Almeida. O turismo é efetivamente uma mais valia para a vila que se enche de gente para assistir às celebrações do entrudo que as gentes de Lazarim se orgulham de mostrar.
“O turismo trouxe outro valor a esta tradição, mesmo nós valorizamos mais tudo isto. Antigamente havia caretos que saiam à rua só para bater, algum ajuste de contas, se alguém perguntasse tinha sido um careto, não se sabia quem era. Agora não, agora vive-se mais o entusiasmo de mostrar às pessoas a nossa tradição”. Um dos problemas das tradições é o seu desaparecimento com a chegada das novas gerações, contudo, em Lazarim isso não é um problema, reconhece Adão Almeida. “Felizmente ainda há vários artesãos nesta área, só eu, aqui no meu espaço, já formei 5 artesãos que agora fazem as suas próprias máscaras”. Autarquia fala em tristeza e esperança A tristeza pela ausência dos Caretos nas ruas da vila é também “uma grande tristeza” para o autarca lamecense, Ângelo Moura que desafiou os artesãos das máscaras a colocarem um careto à porta de sua casa “simbolizando esta passagem”. O autarca afirma que apesar do “acentuado decréscimo dos casos diários, à imagem do que acontece a nível nacional, esta ainda não é a altura para aligeirar os cuidados, em especial no que diz respeito às regras sanitárias impostas pelas autoridades, como o distanciamento físico”. Apesar do dia ser vivido com menos alegria, Ângelo Moura refere que este é também um dia de esperança para os lamecenses. “Hoje, no nosso município, iniciamos uma nova fase da vacinação com esta a chegar à população mais idosa, mais vulnerável. É uma mensagem de serenidade, tranquilidade e esperança de que as máscaras e o Entrudo de Lazarim voltarão em 2022”. Candidatura a Património da Humanidade Em 2018 a autarquia lamecense decidiu
candidatar a máscara e o Entrudo de Lazarim a Património Cultural e Imaterial da UNESCO. “Foi um propósito que colocamos desde a primeira hora”, afirma o autarca. “Quando manifestamos esta ideia, em 2018, tínhamos a noção que este seria um caminho longo, durante o qual teríamos que dar passos sustentados e certos. É isso que estamos a fazer. Ao longo desta primeira fase temos feito várias ações, nomeadamente a inventariação e catalogação das máscaras existentes. Neste momento estão inventariadas e catalogadas mais de meio milhar de máscaras, muitas espalhadas pelos quatro cantos do mundo, desde o Canadá, aos EUA, Brasil, Japão… constituindo coleções particulares de instituições de grande afirmação mundial.
> Ângelo Moura, Presidente da CML
Fizemos também diversas ações para envolver a comunidade, de sensibilização e preservação. Uma aposta essencialmente em ações de salvaguarda deste património”. Os “passos firmes” que o autarca refere têm sido condicionados por acontecimentos alheios ao município, que têm condicionado o andamento da candidatura. “De facto ao longo destes 3 anos outras factualidades surgiram, uma saudação para a elevação dos Caretos de Podence a Património Imaterial em dezembro de 2019 que todos aplaudimos e que nos dá também alento no nosso sucesso. Depois veio março e a pandemia que nos arrastou para um confinamento mundial com as consequências que todos conhecem. Foram dois acontecimentos, um positivo, outro negativo, que também têm condicionado todo este processo”. Apesar de tudo isso, na hora do balanço deste processo, Ângelo Moura destaca ainda outro momento crucial para esta tradição carnavalesca, anunciando que até ao final deste ano a máscara e o Entrudo de Lazarim farrão parte do Inventário Nacional Cultural e Imaterial. O autarca afirma finalmente que o município vai “iniciar um trabalho na construção de um Plano de Salvaguarda”, com vista a alcançar o objetivo de ter “as máscaras e do Entrudo de Lazarim na lista de Património Cultural e Imaterial da UNESCO, num futuro que todos desejamos o mais breve possível”. Para o artesão Adão Almeida a distinção da UNESCO seria a “distinção máxima” para um trabalho que ajuda a perpetuar e que “faz parte do povo de Lazarim”. Com dificuldade em escolher as palavras que representem o que esta distinção poderia significar, Adão Almeida afirma que “seria uma orgulho muito grande”. ▪
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São João da Pesqueira
Serviço “take-away literário” A Biblioteca Municipal de São João da Pesqueira criou um serviço de entrega de livros ao domicílio durante este novo confinamento decretado por causa da Covid-19. O serviço de “take-away literário” visa ajudar a ultrapassar o isolamento com os livros e a leitura, cumprindo todos os procedimentos exigidos de proteção. Quem quiser aderir ao serviço pode fazê-lo consultando o catálogo online no site pacweb.sjpesqueira.pt e en-
viando mensagem ou e-mail, ou fazendo uma chamada telefónica, indicando os títulos dos livros ou documentos pretendidos. O serviço está disponível de segunda a sexta-feira, entre as 9h00 e as 17h30, e também durante os fins de semana. Os números de telefone são 254489987 (apenas disponível durante os dias úteis) e 925200370. Os contactos de e-mail são biblioteca@sjpesqueira.pt e manovais@sjpesqueira.pt. ▪
Município entrega testes aos bombeiros do concelho O Presidente da Câmara Municipal entregou aos Bombeiros Voluntários de S. João da Pesqueira e aos Bombeiros Voluntários de Ervedosa do Douro, 100 kits de testes rápidos antigénio para a COVID-19, a cada uma das corporações, por forma a regularmente testarem os seus operacionais. Foi ministrada também formação para
a sua aplicação. Entende-se como pertinente que se testem regularmente os seus operacionais expostos que estão diariamente na linha da frente no combate a esta pandemia. O Município agradece e reconhece assim o papel ativo e muito relevante dos Bombeiros Voluntários do Concelho. ▪
Cedência de internet / bandas largas e computadores O Município de S. João da Pesqueira disponibilizou um pacote de internet (bandas largas) e, em parceria com o Agrupamento de Escolas, diversos computadores / tablets aos alunos que não possuem estes serviços e equipamentos, de forma a apoiar o ensino à distância neste período de Confinamento Geral provocado pelo aumento de casos de COVID 19. Não obstante o Município de S. João
da Pesqueira dispor de uma rede de internet wireless gratuita em todo o concelho, há locais onde a rede é inexistente ou o seu sinal não permite uma utilização adequada. Por forma a assegurar um acesso equitativo de todos os alunos às aprendizagens neste contexto não presencial, o Município disponibilizou Internet a 35 alunos dos escalões A e B. ▪
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São João da Pesqueira
Autarquia avançou com testagem massiva da população Em São João da Pesqueira a autarquia, em colaboração com a Proteção Civil Municipal e o Camião da Esperança levaram a cabo uma ação de testagem em massa da população do concelho no final do mês de janeiro. No total foram realizados mais de 1600 testes, sendo detetados 119 casos positivos. A decisão de realização dos testes prendeuse com a necessidade de identificar de forma exaustiva os casos ativos no concelho, de pessoas que pudessem estar assintomáticas e que, sem o saber, pudessem ser focos de contágio ativos. “Como autarca temos a nossa ação limitada por não ter competências na área da saúde, contudo penso que numa situação destas nenhum presidente de câmara quer ficar parado, no final de tudo estamos a defender a nossa população. Desde o início que temos tido diversas ações, desde a distribuição de material de proteção aos testes nas IPSS e às ações de limpeza de desinfeção de diferentes espaços. Tudo à base do que a nossa sensibilidade nos ia dizendo, sem nunca receber recomendações fosse de quem fosse, olhando ao bem da nossa população. Chegamos a uma altura em que vamos percebendo melhor como se pode combater esta pandemia e quando percebemos, por aquilo que ouvíamos e líamos dos especialistas, que o contágio se propagava muito por pessoas assintomáticas então achamos que o ideal seria testar toda a gente. Inicialmente a ideia era partir para a testagem dos grupos prioritários e fui pedindo opinião a algumas pessoas da área, cimentando a ideia que o ideal seria testar toda a gente, aliás, nos últimos dias a mensagem que tem passado é exatamente essa, a necessidade de testar, testar, testar”, explica o autarca Manuel Cordeiro. Apesar do custo que esta ação teve para o município, 92.500 euros, Manuel Cordeiro assume que a “faria novamente”, não estando à espera que essa despesa seja entretanto financiada pelo poder central. “Não estou à espera de ser ressarcido, não foi algo em que pensássemos. Logo na primeira fase gastamos muito dinheiro na aquisição de materiais para distribuição e na abolição de taxas, por exemplo, e ainda não recebemos nenhum apoio por isso, apesar de nos terem pedido as contas através da CIM Douro”.
Para o autarca esta foi uma ação “relativamente fácil de organizar. No contacto que fizemos com a empresa Global Sport fizemos logo um mapa da nossa população e eles preparam a ação em conjunto connosco. Acabou por ser mais fácil porque a própria empresa tem pessoal com experiência o que facilita bastante”. Um desses elementos do Camião da Esperança é o médico Alexandre Marques que classifica esta ação como muito positiva. “Correu bastante bem, foi uma ação bastante ligada à comunidade e às autoridades, foi bastante integrada e bem planeada. Quem apareceu foi testado portanto consideramos que foi uma ação muito positiva. Sendo médico e trabalhando nisto desde março do ano passado já tenho uma visão daquilo que devemos fazer e de ações que nos trazem benefício a longo prazo, temos de tomar sempre decisões a médio, longo prazo. O que temos de fazer neste momento é testar, identificar e agir de acordo. Estávamos numa fase em que os casos cresciam diariamente e o confinamento decretado pelo Governo veio facilitar a nossa ação porque nos permitiu testar o maior número de pessoas”. Para o clínico vivemos um tempo de guerra em que a união entre diferentes entidades pode ser crucial para a vitória, em especial em territórios do interior onde nem sempre é possível chegar a todos da mesma forma, destacando assim o papel das autarquias. “Esta é uma política que tanto eu como o Paulo Costa, coordenador do Camião da Esperança, temos colocado sempre, nós estamos em guerra e ninguém vai para uma guerra sozinho por isso devemos ir articulados. Aqui a autarquia tem um papel que é central, é ela que faz a ligação com as populações primeiro e com as autoridades de saúde em seguida. Só com a ajuda de todos é que conseguimos levar este tipo de ações a bom porto”.
Outro dos elementos desta equipa é a enfermeira Mara Costa, especialista em enfermagem pediátrica esta profissional gratifica-se pela forma como a população pesqueirense aderiu a esta ação, ajudando assim a combater um mal comum, apesar dos receios que foram sendo notados e que a equipa fazia questão de esclarecer. “Foi uma ação que ajudou a transmitir alguma segurança à população e isso, como enfermeira, é algo que me enche de orgulho. Outro facto que me satisfez foi a adesão que esta iniciativa teve, foi muito gratificante. Ainda há muito receio em relação ao teste,
não propriamente do teste em si mas pelo receio de poderem testar positivo. Aí também tivemos um papel importante no que diz respeito à educação para a saúde. O trabalho do Camião da Esperança não termina na testagem massiva, há um trabalho antes e depois dessas ações. Havia pessoas de alguns agregados que chegavam até nós com algum receio e o que verificamos foi que após falar calmamente com elas, no final da semana já todo o agregado estava testado, é um simbolismo muito grande para nós, para o trabalho que desenvolvemos”. ▪
Preciosa Frederico – 94 anos Uma maravilha, o presidente está de parabéns. Já lhe liguei a agradecer ao presidente, mas ele não me conseguiu atender pelo trabalho que tem, por mim e pela população, foi uma coisa maravilhosa. Estava tudo muito bem organizado, tudo com muita calma, foi realmente o que se fez de melhor. Não foi difícil, faz uma ligeira comichão no nariz, nada que não se possa suportar. Nem todas as terras teriam a possibilidade de fazer isto até porque deve ter custos elevados mas penso que é dinheiro bem empregue.
Francisco Moita – 74 anos Foi uma boa iniciativa, fiquei muito satisfeito. É uma iniciativa que se devia repetir, não só aqui como em todos os concelhos do país. Custou um bocadinho mas nada de especial.
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Túnel sob o Escadório dos Remédios tira carros do centro da cidade Lamego vai ter uma nova via estruturante de entrada e saída da cidade, através da construção de um túnel sob o Escadório do Santuário de Nossa Senhora dos Remédios.
tral e as restantes zonas, levando grande parte dos automobilistas a atravessarem o seu centro. O novo túnel ajudará a aliviar este grave constrangimento. A construção de uma passagem inferior sob o Escadório do Santuário de
Nossa Senhora dos Remédios enquadra-se numa estratégia de mobilidade urbana sustentável. O projeto de arquitetura atenua os efeitos da sua construção, junto de um dos monumentos arquitetónicos mais visitados
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Lamego
da região do Douro. Assim, serão aproveitadas ao máximo as áreas destinadas aos espaços exteriores adjacentes, dando-lhes um tratamento que contribua para a sua valorização e enquadramento paisagístico. ▪
Esta ligação unirá a zona da Meia Laranja ao cruzamento com a EN2 (junto às Piscinas Cobertas Municipais), de modo a permitir a redução do tráfego automóvel no centro da cidade. O Município de Lamego investirá 1.388.550.69€, acrescido de IVA, na construção desta nova infraestrutura viária executada no âmbito do Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano (PEDU), cofinanciada em 85% pelo FEDER. As obras devem começar no segundo trimestre deste ano e têm a duração prevista de 12 meses. Com duas faixas de rodagem, uma em cada sentido, a nova passagem inferior permitirá uma ligação mais rápida e confortável à A24 e ao nó de distribuição viária da Praça Dr. Fernando Amaral. A evolução urbana de Lamego e a morfologia do seu território colocam problemas de articulação viária entre o seu núcleo cen-
Autarquia transfere para as freguesias Obras de reabilitação no Bairro de Alvoraçães na fase final mais de 660 mil euros A Câmara Municipal de Lamego vai transferir, este ano, mais de 660 mil euros de apoio às juntas de freguesia, ao abrigo da celebração de acordos de delegação de competências. Este esforço financeiro será aplicado na concretização de investimentos de iniciativa local como a manutenção de espaços verdes, a limpeza e manutenção de vias e espaços públicos e a reparação e substituição de mobiliário urbano. Um valor muito superior aos 402 mil euros atribuídos durante o mandato anterior, ao qual acresce ainda o pagamento das despesas relativas às refeições e aos transportes escolares.
Para o Presidente da Câmara Municipal de Lamego, Ângelo Moura, este montante global é "o maior investimento de sempre a executar nas nossas freguesias com o objetivo de garantir o desenvolvimento coeso do concelho". “Esta medida materializa o espírito de colaboração técnica e financeira que a Câmara mantém com todas as juntas, lançando o processo de transferência de competências”, explica. Este ano, será concretizada a transferência definitiva de competências e de recursos, até agora integradas na esfera jurídica do Município de Lamego, para as juntas de freguesia, à exceção da Freguesia de Lamego. ▪
A reabilitação do espaço público do Bairro Social de Alvoraçães já está em fase de conclusão. Em breve, será possível ver o resultado final desta intervenção do Município de Lamego que tem por objetivo dar mais atratividade, dinamismo e conforto aos moradores. A obra está a transformar por completo o seu espaço público, numa área correspondente a 2,3 hectares. Já foram construídas rampas de acesso para pessoas com mobilidade reduzida e criadas novas áreas de lazer. Também estão a ser requalificadas as zonas verdes e criados mais locais para estacionamento automóvel.
Em simultâneo, foram instalados contentores subterrâneos destinados à recolha de resíduos domésticos de forma a melhorar o ambiente urbano e a saúde pública. A obra integra ainda a renovação do polivalente da antiga Escola Nº1 e do parque infantil da Alameda para proporcionar a sua fruição em melhores condições de segurança. O investimento na regeneração do degradado espaço público do Bairro Social de Alvoraçães ascende 541.052,95 € (+ IVA), sendo executado no âmbito do Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano (PEDU), cofinanciado em 85% pelo FEDER. ▪
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VIVADOURO
FEVEREIRO 2021
Região
Vinhos do Porto e Douro protegidos no Japão A União Europeia (UE) e o Japão acrescentaram, no início deste mês, 28 indicações geográficas protegidas, cada, à lista incluída no acordo comercial entre os dois blocos, que entrou em vigor faz hoje dois anos, divulgou a Comissão Europeia.
De acordo com um comunicado divulgado pela instituição europeia, "cada lado acrescenta 28 indicações geográficas adicionais protegidas e o comércio de vinho e veículos entre os dois lados tornar-se-á ainda mais fácil do que antes". O acordo comercial com o Japão abre caminho a novas oportunidades para a exportação de produtos agroalimentares da UE, como o vinho, a carne de bovino, a carne de suíno e o queijo, e protege agora 213 indicações geográficas europeias de imitação, entre as quais di-
versas portuguesas, como os vinhos do Porto e Douro, Alentejo, Bairrada, Dão, Lisboa, Madeira, Tejo e Vinho Verde, o Queijo de S. Jorge e a Pera Rocha. Segundo o executivo comunitário, o Japão aproximou recentemente as suas normas vinícolas das normas da EU, em conformidade com o acordo para uma parceria económica, e autorizou no seu território várias práticas enológicas da UE, o que permitirá um aumento da exportação de vinho para o mercado japonês.
De acordo com dados de Bruxelas, há 898 empresas portuguesas que exportam bens e serviços para o Japão, 87% das quais Pequenas e Médias Empresas (PME). Os últimos dados disponíveis no website do IVDP revelam que este mercado nipónico rendeu à região mais de 1 milhão de euros nestes dois tipos de vinho. Em 2019 foram exportados 153.203 litros de Vinho do Porto para o Japão, num total de 992.048€. Já os vinhos do Douro representaram 43.018 das exportações, o correspondente a 217.951€. ▪
Freixo de Espada à Cinta
Autarquia fortalece apoio social No âmbito da gestão de ação social do Município, o Governo Autárquico irá atribuir apoio financeiro às famílias em contexto de insuficiência económica, resultante da situação pandémica. Este apoio, traduzido na atribuição de vales para aquisição de bens de primeira necessidade nos estabelecimentos comerciais do Concelho, pode ser solicitado junto da Divisão de Ação Social. Para poder usufruir desta ajuda,
50,00€ por criança até aos 18 anos, e 40,00€ por adulto, há que cumprir determinados requisitos, nomeadamente: ser maior de 18 anos, ou, sendo menor de idade, encontrar-se em situação de autonomia económica; residência mínima de 3 anos no concelho; usufruir de um rendimento per capita igual ou inferior a 250,00€; fazer prova de carência económica resultante da situação pandémica. ▪
Município reforça estratégia de promoção da Seda com criação de loja on-line A loja ficará inserida no site www.yoursilk.pt. Suportado com informação direta e objetiva, onde predomina a fotografia, o utilizador navega intuitivamente pelas secções da página, o que lhe permite recolher e visualizar o essencial sobre a Seda. Ao consultar a loja, o potencial comprador tem ao seu dispor uma completa informação técnica e fotográfica sobre as peças disponíveis.
Com esta nova ferramenta, permite-se mais facilidade e celeridade na aquisição dos adereços confecionados pelas artesãs que laboram no Museu da Seda e do Território. A marca Yoursilk foi registada pelo Município em 2020, e insere-se no cuidado de promoção da Seda que terá, brevemente, novos complementos. Presentemente a tradição da seda é assegurada por 10 artesãs. ▪
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Santa Marta de Penaguião
Fibra ótica acessível à porta de cada penaguiense Município de Santa Marta de Penaguião investe na cobertura a 100% do concelho. Após o reforço da cobertura nas freguesias de Alvações do Corgo, Medrões, Sever, Fontes e União de Freguesias de Lobrigos (S. Miguel, S. João Batista) e Sanhoane, o objetivo do Município é que no decorrer do segundo semestre de 2021 mais 2.500 casas possam usufruir do serviço de banda larga com a chegada da rede à Cumieira e à União de Freguesias de Louredo e Fornelos, garantindo, assim, que efetivamente todas as
freguesias do concelho tenham acesso à fibra ótica. Este investimento garantirá a cobertura da fibra ótica a cerca de 100 % no concelho, permitindo assim que mais penaguienses tenham acesso a serviços de telecomunicações com mais velocidade, maior largura de banda, melhor cobertura e maior qualidade. A qualquer momento, a população poderá verificar a disponibilidade atual de cobertura de rede fibra em www.dstelecom.pt/rede-e-cobertura. ▪
Concelho de Santa Marta de Penaguião com Wi-Fi gratuita No âmbito do projeto “Wifi4EU”, o Município de Santa Marta de Penaguião está a expandir a sua rede de Wi-Fi gratuita em espaços municipais. Na sequência da aprovação da candidatura da Câmara Municipal ao programa “Wifi4EU”, promovido pela Comissão Europeia, que visa dotar os espaços públicos de conectividade
gratuita, Santa Marta de Penaguião vê alguns dos seus espaços municipais cobertos com acesso gratuito à Internet para residentes locais, turistas ou visitantes. O projeto foi financiado em 15 000 euros, sendo que atualmente já se encontram instalados pontos de acesso de Wi-Fi no Auditório Municipal, Paços do
Concelho, Praça do Município, Fórum de Atividades, Piscinas Municipais, bem como no Pavilhão Gimnodesportivo, Zona Oficinal, Loja Interativa de Turismo e Edifício da Biblioteca Municipal. Para aceder ao serviço, os utilizadores só têm de selecionar a rede Wi-Fi identificada como “WIFI4EU”, clicando no botão “conectar”. ▪
Estratégia Local de Habitação - Pelo conforto habitacional dos penaguienses Município de Santa Marta de Penaguião elabora Plano de apoio e investimento pela habitação condigna. “Todos têm direito, para si e para a sua família, a uma habitação de dimensão adequada, em condições de higiene e conforto e que preserve a intimidade pessoal e a privacidade familiar”, art.º 65.º da Constituição da República Portuguesa. As dificuldades dos munícipes do con-
celho de Santa Marta de Penaguião em aceder a este direito constitucionalmente garantido, têm vindo a agravar-se, e por isso, consciente desta problemática, a Câmara Municipal tem vindo a promover continuamente diversas iniciativas – construção de bairros sociais; recuperação de habitações degradadas; apoio em pequenas reparações/intervenções – de forma a colmatar estas dificuldades. No entanto, não sendo suficiente, urge a necessidade de encontrar um plano para todo o território concelhio, abrangente, e que diminua drasticamente a longa listagem de candidatos a habitações sociais existente nestes serviços. O Município de Santa Marta de Penaguião vai assim dar início à elaboração de um plano de Estratégia Local de Habitação (ELH), no âmbito da Nova Geração de Políticas da Habitação. Este será um documento enquadrador
das necessidades e das potenciais soluções em matéria de acesso à habitação adequada e capaz de dar resposta às necessidades dos atuais e dos potenciais residentes do concelho de Santa Marta de Penaguião. Sendo um documento, de extrema relevância e importância para o Município, tem como grandes objetivos: qualificar o tecido urbano e potenciar o bem-estar social, assegurar o acesso a uma habitação condigna a todas as famílias, dar prioridade às operações de reabilitação do parque habitacional e gerar nova habitação adaptada a suprir carências específicas, promover o mercado de arrendamento no concelho e apostar num modelo de gestão habitacional inteligente e próximo dos munícipes. A elaboração da estratégia integra um momento de diagnóstico e caracterização do contexto atual, e um momento subse-
quente de definição de opções estratégicas. Para o diagnóstico é essencial a recolha e sistematização da informação, quantitativa e qualitativa que permita traçar um retrato real do concelho, quanto mais real o retrato, melhor a sua análise e posteriores soluções. Por isso, dirija-se à sua Junta de Freguesia, se possuir os seguintes Critérios Mínimos de admissão: – Os seus rendimentos mensais familiares não ultrapassem os 1.743,04€ brutos; – A habitação alvo de reforma/recuperação é própria e permanente; Priorizar-se-á a resolução de situações habitacionais indignas, de insalubridade e segurança e/ou de precaridade e/ou sobrelotação, mas também pode incidir sobre todo o tipo de carências habitacionais, ou seja, sobre as situações de dificuldade de acesso à habitação. ▪
atempadamente a casa de cada um, os computadores para que hoje pudessem, com toda a segurança, iniciar o período de aulas à distância. A autarquia continua igualmente a fazer chegar as refeições a casa dos alunos e “atenta a qualquer situação de intervenção rápida necessária (aos computadores), bem como a transportar os alunos que estão neste momento, ao abrigo do
regime especial, a frequentar presencialmente as aulas”. Não tendo havido nenhum reporte de problemas irresolúveis, a autarquia afirma estar certa “de que estamos a fazer os nossos possíveis para que tudo corra pelo melhor. Esperamos que este período seja curto, para que, com a ajuda de todos, e de cada um de nós, possamos rapidamente voltar a ver as nossas crianças nas escolas”. ▪
Município apoia na interrupção letiva O E@D – Ensino à Distância já iniciou para muitos jovens e crianças, obrigando a vários ajustes familiares, com o objetivo primordial de não adiar mais a educação/formação da geração futura. O Município de Santa Marta de Penaguião, continuando atento às necessidades dos alunos expressas pelo Agrupamento de Escolas, e em colaboração com as Juntas de Freguesia, fez chegar
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VIVADOURO
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Entrevista
PAULA REGO:
Texto: André Rubim Rangel
“Eu não tenho um estilo nem um movimento. Eu faço o que posso.” Foto: DR
Completou há pouco tempo 86 anos. Viveu sempre da mesma maneira o seu aniversário, valorizando-o como uma data especial? Como gosta mais de celebrá-lo? É bom, porque tenho mais presentes. Desde pequena sempre recebi muitos presentes. Em especial, os sapatinhos da Dorothy do «Feiticeiro de Oz». Encarnados com brilhantes. Foi um presente do meu avô, que escreveu no cartão: “encarnado, mas não são pernas de perdiz”. Fui muito mimada. Houve um ano em que eu e o meu marido fomos a Lisboa ver o concerto do Satchmo (Louis Armstrong). Havia sempre uma festa, mas agora preferia ir ao cinema. Quem me dera ir ao cinema! Nem importa o filme. O facto de ter nascido no seio duma família da alta burguesia, de tradição liberal e republicana, isso influenciou-a ao longo da sua vida, no modo de ser, pensar e agir? O meu pai era muito querido. Eu nunca fui fascista, apesar de viver em Portugal durante os anos de Salazar. Não era só a repressão política, era também a maneira de viver, especialmente para as meninas e senhoras da burguesia. Uma vida cheia de “como deves ser” e “não é assim que se faz”. Não se podia ir à cidade sem luvas e meias e sapatos de verniz, mesmo no verão, porque não parecia bem. Londres, mesmo há tantos anos, era completamente diferente. Na Escola de Arte fui convidada para uma dança e levei o meu vestido de baile. Porque pensava que era assim que se vestia para as danças. Eu era a única com saias compridas, mascarada de princesa. Se tivesse e pudesse recuar longos anos, à época de prosseguir os seus estudos superiores, voltaria a escolher as Artes e o Ensino de Inglaterra? Porquê? Sim, porque Inglaterra era mais liberal. Sempre andei em escolas Inglesas, mesmo antes de sair de Portugal. Foi sempre o plano dos meus pais, que também passaram tempo a viver em Inglaterra. É certo que, em Portugal, o regime salazarista não ajudava. O que mais a incomodava, e à sua família, em todo esse tempo do chamado «Estado Novo»?
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Entrevista
E considera que o nosso Estado nacional, está bem tal como está, ou precisaria literalmente de um novo Estado? E de que forma e à luz de que modelo acha que deveria ser? Não precisamos de um novo «Estado novo» de maneira nenhuma: que ideia! Não existe modelo perfeito. Mas desde que haja liberdade e a opção de mudar quem nos dirige, já não é mau. Entre algumas das condecorações oficiais pelo Estado Português, é também Dama Comandante da Ordem do Império Britânico. Esta distinção acabou por pesar mais, pelo facto de ter fixado residência em Londres, onde vive? Não é uma questão de peso. Tenho passaporte Britânico desde 1959, mas isso foi sinal de que fui aceite, que fazia parte da vida de cá. E é extraordinário. Em 2007, foi homenageada pela «Bienal do Douro», região onde também teve algumas vezes obras expostas, inclusive em Chaves, no ano 2020. Se tivesse de descrever, pintando, o que é o Douro em si e para si, qual seria o resultado? Já tive exposições maravilhosas no
Norte. Serralves (Porto), por exemplo, é um museu espetacular. Até agora, a única obra que eu pintei sobre a região do Douro foi «Os Bombeiros de Alijó». Tinha passado uns dias, com o meu marido e os meus pais, numa pousada em Alijó. Quando nos levantámos tinha nevado e houve uma procissão de homens a dançar, vestidos com casacos de palha e sem sapatos nos pés. A Tate – Museu Nacional de Arte Moderna do Reino Unido – comprou essa pintura. Sente uma forte ligação ao Douro, mesmo que espiritual, tendo em conta a tradição do vinho do Porto e respetiva relação histórica com os ingleses? E é normal o consumo deste vinho em festas britânicas? Há quem goste muito do vinho do Porto na Inglaterra. Era tradição beber sempre um pouco, depois do jantar, mas não tanto na nossa casa. Eu prefiro o vinho verde. Entre os 177 e os 382 milhões encontra-se o «top3» dos quadros mais caros alguma vez vendidos, de L. Da Vinci, W. Kooning e J. Pollock, respetivamente. Daria todo esse dinheiro para obter obras-primas de mestres mundiais como esses ou outros que se encontram no «top10» (Cézanne, Gauguin, Picasso, Rembrandt, etc.)? Se eu tivesse esse dinheiro todo comprava um Picasso. Era um génio! Mas fica melhor pendurado num museu, para todos o verem.
Foto: DR
Para nós, era a repressão e a falta de liberdade emocional e intelectual. Para outros, era a tortura e a fome. Londres deu-me a liberdade de olhar para o meu país. Nunca o deixei-completamente. Trazia Portugal para Londres e pintava-o lá.
> The Firemen of Alijo
Ou acha que a área comercial e leiloeira nem sempre respeita a essência dum quadro? Só o nome do artista e o estilo fá-lo ser mais ou menos dispendioso? E, nesta análise, que opinião tem sobre ter tido um quadro seu vendido em leilão por 1.614.795 euros? (o mais alto em obras suas) Com os leilões nunca se sabe o que vai acontecer. Até me espanta, porque eu vendi esse quadro, há muito tempo, e por muito menos.
Foto: DR
Muitas das suas obras têm / tiveram uma imersão na literatura clássica e no folclore tradicional. Qual o livro e o motivo que lhe marcou mais, desde a sua leitura até à conceção artística com maior impacto na sua pintura? Os contos tradicionais nunca perdem o poder. Também a misoginia no mundo das artes a marcou e contra a qual se debateu. Sente que essa luta resultou ou ainda é saliente o desprezo, o preconceito e a exclusão feminina? Menos que em tempos passados. A Josefa D’Óbidos, cujo trabalho eu sempre apreciei, deve ter tido bastante dificuldade. Através do documentário sobre si, do seu filho Nick, para a BBC, soubemos da sua batalha contra a depressão. É uma batalha vencida? Nem por isso. O meu pai também sofria de depressão. Agora ando bem, apesar da maçada com esta vida do vírus. E dado que se trata dum tema tão
difícil e recorrente atualmente, que conselhos dá a quem possa estar a vivê-la? Se puder, trabalhe. E evitar beber demasiado vinho do Porto. A nível da política europeia-mundial sente que se vive já os efeitos, amenos ou drásticos, do «Brexit»? Concorda com esta saída da UE? Sempre pensei que era má ideia, muitíssima má. Já que a Inglaterra faz parte da Europa. Se tivesse de fazer um registo autobiográfico, considera que o seu movimento estético veio trazer novos conceitos e performances ao modernismo e à arte contemporânea? Eu não tenho um estilo nem um movimento. Eu faço o que posso. Pressupondo que continua a pintar – e tendo em conta que Nadir Afonso, cujo centenário estamos a celebrar, pintou até aos 92 anos –, qual a nova história na qual se tenta apropriar e recriar, com ela mesma? Pois não sei, como é que eu posso saber? O que me interessa, de momento, é pintar a Nossa Senhora, na qual estou à volta, com uma pintura da Sagrada Família. Por fim, e como é habitual neste jornal, solicito à pessoa entrevistada uma mensagem final e motivacional, de carácter positivo e alento face aos tempos pandémicos que vivemos. O que lhe inspira dizer a quem nos lê? Confiança, isto vai passar! Entretanto, esperemos. ▪
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VIVADOURO
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Região
Vinho do Porto foi a bebida de eleição no Natal De acordo com um estudo de mercado desenvolvido pela Multidados, o Vinho do Porto foi a bebida licorosa mais consumida na época natalícia. Olhando para os dados apresentados, 41,1% dos inquiridos afirmam que a sua bebida espirituosa para o Natal foi o Vinho do Porto, seguido pelo Licor Bei-
rão (35,3%) e os Baileys (25,1%). O Néctar duriense é também a bebida espirituosa eleita pelos portugueses, 30,6% dos inquiridos afirmam ser a sua favorita, batendo o Licor Beirão (21,3%) e os Baileys (9,1%). Dentro do Vinho do Porto também foram auferidas as marcas favoritas dos portugueses com destaque para a marca Velhotes (5,3%), seguida de perto pela Ferreira (5%), e pela Cálem (1,5%).
António Saraiva – Presidente AEVP O Vinho do Porto ao longo dos anos, foi-se tornando incontornável em certas ocasiões como o Natal e a Páscoa, e alguns momentos considerados de exceção, no chamado Porto de Honra, pelo que o resultado deste estudo de mercado, confirma o que de alguma forma se esperava. O nosso sector tenta desde há alguns anos, democratizar o consumo do Vinho do Porto, extraindo-o apenas destes momentos, e o sucesso dos Cocktais com Porto, mostra como o nosso Vinho continua a ser jovem e atual, e tem inúmeros momentos de consumo que os Portugueses ainda tem que descobrir. Não obstante as vendas em Portugal caíram 31,1% em volume e 36,4% em valor devido à ausência do turismo, cuja presença teve também a particularidade de dar a descobrir aos Portugueses quão apetecível é um copo de Porto bebido em aperitivo ou digestivo, fresco e com moderação. Obviamente Vinho do Porto é uma marca coletiva, mas que só se afirma graças às grandes marcas Nacionais e com prestígio Internacional, como revela este estudo o que é gratificante.
Gilberto Igrejas – Presidente IVDP
George Sandeman - Chanceler da Confraria do Vinho do Porto Sem dúvida que são bons indicadores. Sabemos o quão importante o Vinho do Porto é para os portugueses e em especial na época Natalícia. Da mesma forma não nos surpreende o decréscimo face a 2019, uma vez que o Vinho do Porto está muito relacionado com os convívios em Família que, mesmo tendo sido realizados por alguns no último Natal, foram claramente reduzidos e/ou celebrados com um menor número de elementos.
Sempre que o consumidor elege o Vinho do Porto como a sua bebida preferida, é uma excelente notícia. No entanto, sabemos que, apesar dos portugueses conhecerem e reconhecerem o Vinho do Porto como um dos melhores e mais emblemáticos vinhos do mundo, paradoxalmente, reduzem o seu consumo a momentos solenes e a um target em que os jovens, praticamente, não têm expressão. Se tínhamos alguma dúvida sobre este perfil do consumidor português, as mesmas foram dissipadas com a crise no setor HORECA e do Turismo, provocadas pela Pandemia, que determinaram quebras expressivas nas vendas de Vinho do Porto no mercado nacional. Tem sido estratégia do IVDP, nas suas ações de promoção no mercado nacional, reformular a perceção e a relação que o consumidor tem com o Vinho do Porto. Trata-se de um desafio, também geracional, para conquistar relevância junto de um público mais jovem, através da associação a bons momentos da vida, de socialização e convívio, rompendo com o padrão atual, descomplicando a forma de consumo, por exemplo, através do recurso à mixologia. No final de 2020, implementámos uma campanha publicitária intitulada #Onde levas o teu Porto, nas televisões, imprensa escrita e digital, redes sociais, MUPI e influenciadores que teve o objetivo de trazer uma nova linguagem para o Vinho do Porto. Através do apelo direto ao consumo moderado, concentrando as mensagens num discurso leve, claro e mobilizador, chegámos aos mais jovens, implementando a bebida em ambientes mais cosmopolitas e descontraídos e, ao mesmo tempo, demonstrámos a qualidade e a diversidade dos Vinhos do Porto e do Douro, consolidando o reconhecimento das marcas junto do consumidor.
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Sabrosa
Bandeiras Verdes Eco-Escolas atribuídas novamente às escolas de Sabrosa A Escola EB2,3/S Miguel Torga e o Centro Escolar Fernão de Magalhães, em Sabrosa, foram, mais uma vez, distinguidas com a Bandeira Verde Eco-Escolas, atribuídas na sequência das práticas desenvolvidas por estes estabelecimentos escolares ao longo do último ano no âmbito da sustentabilidade ambiental. Para oficializar o feito aconteceu a cerimónia do hastear da bandeira verde, simbólica desta atribuição aos dois estabelecimentos de ensino, num momento que contou com a presença de vários representantes escolares e municipais, incluindo o presidente da Câmara Municipal de Sabrosa, Domingos Carvas, que, mais
uma vez, demonstrou a sua satisfação por esta distinção “ que valoriza todo o trabalho e intervenientes no projeto”, dizendo também que este “ é o reflexo das políticas que vêm sendo desenvolvidas pelos responsáveis escolares, em parceria com o município, neste sector”. Considerou também que todo este trabalho contribui para a diminuição da pegada ecológica e para a desenvolvimento no terreno das responsabilidades e preocupações ambientais tidas pela escola e o município, que está comprometido em apoiar todas as práticas que se desenvolvam neste âmbito. Para a Escola EB2,3/S Miguel Torga é o sexto ano consecutivo em que é galardoada com
a Bandeira Verde do Programa Eco-Escolas. Por sua vez, o Centro Escolar Fernão de Magalhães vê-lhe atribuído este galardão pelo
terceiro ano consecutivo, ambas as escolas por implementarem várias práticas no âmbito da preservação do ambiente. ▪
Município de Sabrosa na lista dos primeiros 10 concelhos do ranking de fundos Portugal 2020 aprovados por habitante por concelho Segundo a análise da intensidade de fundo aprovado por habitante para operações do meio municipal apoiadas no âmbito da Política de Coesão na Região do Norte, o município de Sabrosa encontra-se nos 10 primeiros concelhos do ranking. No ranking em questão, 10 concelhos de baixa densidade destacam-se por uma intensidade de apoios superior a 1.000€ por habitante. Neste sentido, Sabrosa desta-
ca-se, sendo o valor do fundo aprovado por cada habitante de 1.161 €, superior ao triplo da média do fundo aprovado por habitante para a região norte que é de 335 €. Os dados constam na publicação oficial da CCDR-N (Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte) “NORTE UE Dinâmicas dos fundos europeus na Região do Norte”, de dezembro de 2020. O Órgão de Acompanhamento
das Dinâmicas Regionais do Norte, analisa e compara os resultados dos fundos disponibilizados pelos diferentes programas de apoio aos investimentos dos municípios. Este Organismo ressalta os valores observados nos concelhos de baixa densidade, tendo por base a intensidade dos fundos aprovados para operações da esfera municipal, onde se incluí o município de Sabrosa.
Os resultados alcançados são consequência da estratégia implementada pelo executivo municipal, fazendo do rigor e da capacidade para investir em projetos capazes de obterem financiamento comunitário uma prioridade, aliada à capacidade técnica que o município de Sabrosa tem evidenciado na preparação e submissão adequada das candidaturas. ▪
Requalificação do Largo do Terreiro em Gouvinhas O Largo do Terreiro, em Gouvinhas, foi recentemente requalificado, com intervenções ao nível da repavimentação existente, da organização do espaço destinado a estacionamento, das suas estruturas de suporte e da remodelação sua rede elétrica. O projeto implementado pretendeu promover a qualificação da área de intervenção preservando as características intrínsecas do lugar, assumindo o desenho da obra os principais traços orientadores existentes, sendo regulado o perfil do arruamento e da área de aparcamento automóvel. Também os muros de xisto que
suportam aquele espaço foram alvo de intervenção, sendo reabilitados e reconstruídos os que se encontravam danificados e com necessidade de atualização. Para além da atualização da rede elétrica da área abrangida, foi também colocado um novo abrigo de passageiros, com modelo atual e enquadrado nas intervenções efetuadas. Esta é mais uma intervenção que vai ao encontro das preocupações do executivo municipal em intervir e trabalhar transversalmente no concelho para as suas populações. ▪
Travessa da Tapada do Senhor e Travessa
Elevador no edifício dos Paços do Concelho
da Rua Central, em Souto Maior, pavimentadas para promoção de acessibilidade a todos em calçada em cubo A Travessa da Tapada do Senhor e a Travessa da Rua Central, em Souto Maior, foram intervencionadas ao nível dos seus arruamentos, sendo pavimentadas em calçada em cubo. Intervenções há muito desejadas pelos seus
os munícipes e visitantes moradores, estas obras foram executadas pela Câmara Municipal de Sabrosa no âmbito da intervenção de proximidade que o executivo municipal desenvolve no concelho para solucionar as necessidades da sua população. ▪
O edifício dos Paços do Concelho do Município de Sabrosa viu-se recentemente dotado de obras de adaptação para a promoção de acessibilidade com a colocação de um elevador.
Agora, o acesso a todo o edifício da Câmara Municipal de Sabrosa está mais facilitado e cómodo a todos os munícipes e visitantes, especialmente aos que apresentam mobilidade condicionada. ▪
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VIVADOURO
FEVEREIRO 2021
XV JORNADAS COOPERATIVAS SÃO JOÃO DA PESQUEIRA SUSTENTABILIDADE E DESENVOLVIMENTO DO INTERIOR - DOURO
ORGANIZAÇÃO:
APOIO:
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XV JORNADAS COOPERATIVAS SÃO JOÃO DA PESQUEIRA
Investir nos portugueses, desenvolver o interior Álvaro Amaro Deputado do Parlamento Europeu A dimensão dos impactos da pandemia obrigaram a na resposta robusta da UE. O Pacote de Recuperação Europeu, permitirá injetar na economia 1824,3 milhares de milhões de euros nos próximos 7 anos (perto de 61 mil milhões para Portugal), cabendo 1099,7 milhares de milhões de euros à rubrica orçamental “Coesão, Resiliência e Valores”.
Em Bruxelas, temos lutado por uma Politica Agrícola (PAC) adequadamente financiada e por um período transitório de 2 anos. Os 387 mil milhões de euros da nova PAC (10,141 mil milhões para Portugal) garantem aos consumidores europeus o acesso a alimentos seguros e suficientes, a preços acessíveis e promovem uma produção e sistemas alimentares mais sustentáveis, sem comprometer a resiliência do setor e a vitalidade das zonas rurais. Caberá ao Governo aplicar estes apoios sem paralelo na nossa história recente, para que os portugueses, mas principalmente as gentes do interior, possam perspetivar uma vida com fu-
turo na sua terra. É por isso que temos defendido um Pacto Europeu para as Regiões de Baixa Densidade, de forma a inverter o inverno demográfico a que estas Regiões foram votadas! E a Presidência Portuguesa da UE, que se inicia em janeiro, será a oportunidade para perceber o nível de compromisso do Governo para com os complexos desafios vividos por estas Regiões, nomeadamente no que diz respeito à nova visão de Longo Prazo da UE para as Zonas Rurais, previsivelmente apresentada durante a nossa Presidência. Esta é uma oportunidade que Portugal não pode desperdiçar!
O "COOPERATIVUS" na Sustentabilidade e Desenvolvimento do Douro Filipe Pereira Padre
O Papa Francisco, na Encíclica Laudato Si, relembra o cuidado a ter sobre a Casa Comum. Em grego, Casa, diz - se OIKOS, que significa ambiente habitado, família, templo, bens. A “ECO-LOGIA” formada pelo prefixo eco, procedente do grego oikos, com o sufixo grego -logía, associado ao vocábulo logos, em referência à palavra e ciência propriamente dita, desafia o ser humano a consciencializar – se que, também, é uma criatura deste mundo, não podendo deixar de considerar os efeitos da degradação ambiental, do modelo atual de desenvolvimento e da cultura do descarte sobre a Vida. Por que a desigualdade não afeta apenas os indivíduos, mas países inteiros, e obriga a pensar numa ética de relações internacionais. Devemos viver um verdadeiro COOPERATIVUS (latim), isto é, redescobrir propósitos e inten-
ções para procedermos em conjunto e cumprir um objetivo comum. O Douro tem uma relevante “Ecologia”, possuindo uma matéria prima especial, e diferenciadora, do restante território Nacional. Património ligado à natureza, vinha e vinho. É impreterível um “Cooperativus”, na área Classificada como Património Mundial, na sua riqueza Histórico Cultural, Arqueológica, Natural, Social e a simpatia, tranquilidade e segurança da comunidade anfitriã. Com efeito, ainda há uma verdadeira «dívida ecológica». O ano de 2020, com esta marca particular que o caracteriza – um ano de pandemia! -, exige de todos nós a reorganização de todas as atividades. A necessidade, emergente, de reforçar os laços culturais, sociais e económicos, o Douro Internacional (Portugal e Espanha), nomeadamente com reativação da linha do Douro, será uma confluência de interesses para um território comum e seu desenvolvimento. Tudo isto, leva a pensar ou “repensar” as oportunidades para sectores importantes da economia, que possam lançar novas cooperações e
novas ações de dinamização de sectores importantes, BASEADOS NUM PASSADO COMUM EM TERMOS CULTURAIS E NATURAIS. O turismo, como por exemplo, é o sector ideal para catapultar uma nova cooperação. Os locais de baixa densidade populacional, como são as aldeias do interior, irão vivenciar uma procura reforçada, o que poderá constituir um valor para o futuro, na revalorização e promoção destes destinos de baixa densidade e num reequilíbrio da atividade na totalidade do território português, servindo, assim, um bem comum, mais alargado. A articulação intersectorial é decisiva! Uma política de turismo (traduzida num Plano de Turismo) tem de ser inclusiva e abrangente. É um “erro” primário não promover uma visão integrada de todos os sectores e agentes económicos. Todas instituições deveriam estar envolvidas, permitindo a criação de redes de ligação, coordenação e cooperação entre os diversos agentes e atores institucionais, quer de âmbito, local, regional e nacional. O trabalho em rede, possibilita uma base para a formulação de produtos coerentes, que podem ser objeto de uma promoção integrada e devidamente direcionada para segmentos de mercado alvo com uma oferta turística num tecido geográfico mais alargado, criando oportunidades de desenvolvimento local para todos, sobretudo nos espaços de menor procura; sempre no respeito pela identidade e
equilíbrio de cada local a visitar ou a fruir. O Douro tem um relevante Património Classificado, paisagens únicas e miradouros magnificentes; Gastronomia e produtos tradicionais e diferenciadores. O turismo tem servido para conservar o património cultural e tradições sempre inventadas e/ou reinventadas. Para muitas comunidades, a cultura e o património cultural passaram a ser o único ou o principal “modus vivendi”. Os fenómenos turísticos e patrimoniais são fatores preponderantes para o desenvolvimento e que em termos conceptuais se situa na confluência do turismo cultural com o turismo religioso. Esta perspetiva, permite encontrar a convergência dos territórios, dos fenómenos e das terminologias, demonstrando que a dualidade é condição necessária para a conceção de um produto baseado numa cultura comum. No entanto, não podemos esquecer a palavra – chave que é “SUSTENTABILIDADE”. A sustentabilidade só é possível, e existe, quando se desenvolve e mantêm numa área (ambiente, comunidade) de tal forma e a uma tal escala que, garante a sua viabilidade por um período indefinido de tempo sem degradar ou alterar o ambiente (humano ou físico) em que existe e sem pôr em causa o desenvolvimento e bem-estar de outras atividades e processos, desenvolvendo atividades prósperas e economicamente viáveis que melhorem a qualidade de vida da comunidade anfitriã.
O Marketing da Região do Douro Carlos Brito Vice-Reitor da Universidade Portucalense
A região duriense é um território único. A começar na paisagem, quer a natural quer a moldada por mão humana, e a acabar no património histórico, cultural, arquitetónico e gastronómico sem esquecer, evidentemente, o vinho ao qual se encontra umbilicalmente ligada. Só que não basta ter um “produto” fantásti-
co e diferenciado se ele não for devidamente promovido. E não tenho dúvidas em afirmar que falta uma estratégia de marketing à região duriense. Estratégia essa que deverá assentar em três pilares fundamentais: valor, clientes e inovação. O marketing não serve só para vender mas também para criar valor, uma vez que estas duas vertentes são uma condição necessária para o sucesso e sustentabilidade de qualquer negócio ou atividade económica. Isto significa que o marketing da região duriense não deverá servir apenas para “vender” o território através de criativas campanhas de comunicação dirigidas a turistas nacionais e estrangeiros, mas
também para gerar valor e riqueza. Trata-se de um desafio enorme que está, desde logo, nas mãos de todos os durienses, mas que envolve também os poderes públicos e a iniciativa privada. Em segundo lugar, o marketing da região não deverá focar-se apenas na vertente turística, aquela que tem vindo a ser mais trabalhada. De facto, há que considerar de forma holística os seus três grandes públicos-alvo: os residentes, os investidores e, obviamente, os visitantes. Mas é preciso que haja uma verdadeira integração destas vertentes. A longo prazo não faz sentido promover turisticamente a região se não houver uma estratégia de marketing dirigida à atração e retenção de investimento e, principalmente, com um foco muito especial nos que lá residem, promovendo as condições de vida, as oportunidades de emprego e o empreendedorismo. Em terceiro lugar, e sem prejuízo da desejável diversificação de setores de atividade econó-
mica, a verdade é que os destinos da região duriense estarão sempre ligados ao vinho que, nela sendo produzido, acabou por receber o nome da cidade situada em frente ao local de onde era tradicionalmente exportado. O vinho do Porto é um dos grandes vinhos do mundo e o marketing da região duriense deverá potenciar a experiência em torno do vinho de forma integrada e sinergética. Para isso exige-se inovação, não apenas ao nível dos serviços oferecidos mas também dos processos e dos modelos de negócio, tirando partido, designadamente, das novas tecnologias digitais. A ligação ao meio científico é, neste aspeto, um requisito essencial. Em suma, existe um “produto” único e existem “clientes”. Ao marketing cabe desenvolver propostas de valor diferenciadas e atrativas que se traduzam em condições de vida, de investimento e de lazer geradoras de riqueza, sem esquecer a necessária inclusão social e preservação ambiental.
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VIVADOURO
FEVEREIRO 2021
XV JORNADAS COOPERATIVAS SÃO JOÃO DA PESQUEIRA
O projeto Dourotur: que turismo queremos para o Douro? Xerardo Pereiro Antropólogo Sociocultural
O projeto Dourotur (https://dourotur.utad.pt/) foi um projeto de investigação estratégica da UTAD sobre o turismo no Douro, liderado pelo CETRAD (Centro de Estudos Transdisciplinares para o Desenvolvimento),
financiado pelo programa Norte 2020, e no qual tive a honra e responsabilidade de ser o coordenador. Os grandes objetivos do projeto foram: a) produzir conhecimento científico multidisciplinar sobre o turismo na região do Douro (NUT-III) e partilhar este com a sociedade; b) oferecer soluções tecnológicas para melhor comunicar o destino; c) ajudar a melhor organizar a rede de agentes turísticos (ex. AETUR, TPNP, CIM Douro, Turismo de Portugal,…). Já concluído formalmente, o projeto teve uma duração de 3 anos e meio (1-5-2016 / 31-10-2019) e foi desenvolvido por uma equipa constituída por cerca de 50 investigadores do CETRAD (https://cetrad.utad.pt) e do MassiveLab da UTAD (Laboratório de Realidade Virtual e Aumentada). O projeto desenvolveu quatro linhas de
trabalho interconectadas: 1) Análise da oferta turística (produtos, experiências, hospitalidade) e do papel dos agentes turísticos do Douro; 2) A imagem produzida e os relatos turísticos do Douro: Comunicação e mediação turística; 3) A procura turística e os efeitos do turismo no Douro; 4) Marketing Digital e Novas Tecnologias para Desenvolvimento do Turismo no Douro. No seguimento de uma filosofia de RSI (responsabilidade social investigadora), a maior parte dos resultados do projeto podem ser consultados e descarregados na seção de resultados da página web do projeto. Os resultados são de três tipos: a) científicos (livros, e-books, capítulos de livros, artigos, relatórios…); b) tecnológico-audiovisuais (ex. vídeos de promoção turística da região que receberam prémios internacionais em festivais como o Art-tur; exposição sobre os postais turísticos da região); c) sociais (articulação e cooperação entre os agentes turísticos da região). Em jeito de breve balanço, consideramos que os resultados do projeto
são um valioso capital que acumula ferramentas e conhecimentos úteis para entender as mudanças, e para planificar estratégica e operacionalmente o turismo no destino Douro. O turismo no Douro deixou de ser uma potencialidade e esperança de desenvolvimento para converter-se numa realidade vivida e num motor de desenvolvimento integral desta sub-região do Norte interior de Portugal. E o turismo que desejam os agentes turísticos é um turismo responsável, adequado à vocação agrícola e patrimonial do território, e inclusivo do ponto de vista da multiplicação e distribuição dos benefícios do turismo. O Douro é um destino de interior que em relação com as suas outras produções de energia elétrica, vinhos e outros produtos agroalimentares, anceia produzir um turismo de qualidade não elitista, um turismo com identidade cultural, um turismo inteligente que seja positivo não apenas para o desenvolvimento da região como também para a felicidade coletiva do país, de Europa e do mundo. Estamos prontos para isso e podem contar com a UTAD para essa empreitada.
Contributos da economia social na luta contra a desertificação Altamiro da Ressurreição Claro Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Valpaços
A fixação das populações no interior do país não passa, hoje, pela construção de novas infraestruturas, pois é notório que tendo as autarquias realizado um trabalho notável neste domínio, tal não foi suficiente para estancar o êxodo das pessoas. Todos os concelhos dispõem de equipamentos e infraestruturas que os qualificam ao nível das áreas metropolita-
nas de Lisboa e Porto. A economia social gerada pelas organizações do terceiro setor, entidades da sociedade civil com fins públicos e não lucrativos, tem hoje um peso significativo no contexto da região de Trás-os-Montes e Alto Douro, que ao longo das últimas décadas tem sofrido um processo de desertificação física e humana muito profundo. Estas entidades são a par com as organizações cooperativas, em especial na região do Douro, fundamentais na valorização da economia local. Gostaria, porém, de partilhar uma experiência à qual estou intimamente ligado, a Santa Casa da Misericórdia de Valpaços e a sua importância na luta contra a desertificação deste concelho da CIM Alto Tâmega, começando por dar a conhecer um pouco da sua história. Instituição criada há pouco mais de
sete décadas e que até ao 25 de Abril apenas dispunha de uma valência, o seu Hospital. Hoje, tem 10 Estruturas Residenciais para Idosos, 4 Serviços de Apoio Domiciliário, 4 Centros de Dia, Creche e Jardim de Infância (155 crianças), Unidade de Cuidados Continuados de Média Duração e Reabilitação e muito recentemente a Reabertura do Hospital. Ao dispor de todos estes equipamentos transformouse na maior entidade empregadora do concelho, com aproximadamente 350 colaboradores. Mas é importante neste momento dar especial ênfase à Reabertura do Hospital, fruto de uma parceria estratégica estabelecida em 10 de Dezembro de 2016, através de um Memorando de Entendimento entre a Misericórdia, o Município de Valpaços e a Administração Regional de Saúde do Norte. Nesse memorando a Misericórdia e o Município comprometeram-se a suportar em partes iguais o investimento nas obras de Recuperação e Ampliação do Hospital e a aquisição dos equipamentos, e a ARS Norte a proporcionar os acordos de cooperação, indispensáveis ao seu funcionamento futuro. Concluídas que foram as obras e os licenciamentos, contamos com acordos com o Serviço Nacional de Saúde e outras convenções e uma Unidade de Saúde com
todas as valências indispensáveis a um hospital moderno: Medicina Física e Reabilitação, Consultas de Especialidade, Internamento, Bloco Operatório, Imagiologia, Análises Clínicas e Serviço de Apoio Permanente (SAP). Dentro do espírito de complementaridade com o Serviço Nacional de Saúde foi recentemente assinado um Acordo de Cooperação com a ARS Norte (CTH), já em vigor, e que permite a realização de Consultas e Cirurgias nas especialidades de Oftalmologia, Ortopedia, Cirurgia Vascular, Cirurgia Geral, Otorrinolaringologia, Urologia e Ginecologia, cuja referenciação é efetuada pelos médicos de família dos ACES Alto Tâmega e Barroso, Nordeste, Douro Norte e Douro Sul, abrangendo um universo potencial de 400.000 pessoas. O Hospital da Misericórdia de Valpaços com uma longa história de serviço público prestado na área da saúde, tem uma localização estratégica privilegiada no centro geográfico de Trás- os – Montes. Trata-se do único hospital do setor social no interior do país, que irá contribuir para a dinamização da economia local e para a fixação de muitos quadros qualificados, dando um exemplo concreto no combate à desertificação.
O Douro-Desenvolvimento (Imparidades e perspetivas) José Luís Cardoso Rodrigues Advogado e viticultor
Como duriense partilho a minha reflexão sobre algumas questões que me parecem relevantes e problemáticas, sem a ousadia de apresentar certezas ou soluções para questões de elevada complexidade, que são do domínio de estudiosos e especialistas. Será pontuado eventualmente pelo politicamente incorreto e aqui ou ali, a paixão se sobreporá certamente à racionalidade. Existe objetivamente um desequilíbrio secular entre o que a região tem aportado ao país e o retorno que dele tem recebido. Fala-se de uma região rica e os indicadores económicos objetivos, dão-na como das mais pobres. Fala-se de vinhos únicos e as suas
uvas são vendidas ao desbarato e sem atualização de preços por uma década pelo menos. Fala-se de paisagens únicas, mas ninguém cura de saber dos custos de manutenção desses territórios. O Douro vive este paradoxo e tarda em ver refletidas essas aparentes mais valias. Para quem vive numa região como a nossa, vergada ao efeito centrifugo no que respeita à fixação de população, que vive há longos anos com preços estagnados do seu produto de eleição, ainda muito condicionada com acessibilidades, coloca desde logo em perspetiva, a imperatividade de implementação de um modelo que possa reverter este quadro, numa ótica de discriminação negativa devidamente sistematizada na sua enorme transversalidade. A variedade de instrumentos nem sequer originais e aqui meramente indicativos, como vantagens fiscais para a fixação de pessoas/empresas, de segurança social no que concerne a majorações relativas à duração da carreira ativa, ou vínculos mais duradouros e vantajosos em contratos individuais de trabalho. Uma vincada politica de descentralização, acompanhado do reforço do investimento na área da saúde, dando
assim maior confiança, poder de atratividade e suporte a uma decisão desta natureza. Uma politica de solos para construção, ou politicas de concessão de crédito, com potencial de captação de novos residentes. Centrando-nos mais na Região Demarcada do Douro (RDD), condicionantes há, nomeadamente de natureza económica que muito nos têm enfraquecido. Imagine-se a fragilidade de uma Região, quase em regime de monocultura, em que o seu produto de eleição não vê repercutido no preço final, o aumento dos custos de produção. Todo o impacto dos aumentos dos custos de produção, está a cargo do agricultor. Nenhuma região se poderá desenvolver, com um nível de fragilidade desta dimensão. Acrescentem-se os baixos níveis de produção por hectare e os elevados custos de produção, ou a subvalorização de outros produtos endógenos como o azeite, fruta ou frutos secos. Reconheça-se o crescimento dos vinhos DOC, que vem contribuindo nos últimos anos para uma valorização do preço das uvas a eles destinadas, mas ainda insuficiente e não consolidada. A insuficiência da mão de obra residente na RDD, levanta no atual contexto, questões e oportunidades. A Região vem suprindo essa necessidade com o recurso a mão de obra dos concelhos limítrofes. A implementação ao nível da RDD, de uma politica integrada e articulada entre os concelhos que dela fazem parte, com potencial de atração dessa mão de obra e famílias, com a utilização de instrumentos atrativos como uma politica de habitação favorável, permitir-lhe-ia reintegrar na Região um valor substancialmente
maior das mais valias salariais. O Turismo consubstancia um novo potencial de desenvolvimento, sendo certo que a Região apresenta vantagens comparativas e uma multiplicidade de valias e complementaridades. Projetos estão a ser delineados com vista ao necessário aumento do período de estadia no Douro, fator essencial de crescimento. A Região começa a ser dotada de estruturas de perfil médio e médio/alto, (o aconselhável) de qualidade e com um nível de formação e afetação de pessoal qualificado. Tem obviamente uma margem de progressão nesta área evidente, podendo tornar-se um eixo de desenvolvimento económico a par da cultura da vinha, que seria fortemente potenciado por uma estruturante ligação da Linha do Douro à ferrovia espanhola. A navegabilidade do Douro e o seu aproveitamento turístico empresarial deu um enorme impulso e divulgação à nossa Região. A questão da navegabilidade no Douro, exigirá a meu ver sempre numa perspetiva construtiva, dois ajustamentos: a questão de uma maior interação com o comércio e com a população em geral ao longo da linha de navegação e suas periferias e a questão da taxação da sua navegabilidade. Concretamente que verbas reverterão no modelo vigente para as populações locais, concelhos ou suas atividades comerciais? Importante será o aproximar de “linhas” entre o que a Região contribui e o que recebe, numa relação que se pretende mais paritária e equilibrada. A RDD tem um histórico de superação. Não deixará certamente de ser assim no futuro.
FEVEREIRO 2021 VIVADOURO
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Carrazeda de Ansiães
Autarquia alerta para limpeza de terrenos Os proprietários, arrendatários, usufrutuários ou entidades que detenham terrenos confinantes a edifícios inseridos em espaços rurais, devem proceder à sua limpeza até ao dia 15 de março. A criação de faixas de gestão de combustível em redor dos terrenos e das casas de no mínimo 50 metros. É ainda obrigatória a gestão de combustíveis numa faixa exterior de proteção de largura mínima não inferior a 100 metros nos aglomerados populacionais inseridos ou confinantes com
espaços florestais, previamente definidos no Plano Municipal de Defesa da Floresta Contra Incêndios (PMDFCI). O não cumprimento dos prazos consiste numa contraordenação grave punível através de coimas que podem ir de 280€ até 10.000.00€ para pessoas singulares e de 1.600.00€ até 120.000.00€ para pessoas coletivas. Qualquer dúvida poderá ser esclarecida no Gabinete Técnico Florestal da Câmara Municipal de Carrazeda de Ansiães. ▪
Trabalhos em execução no município O Município de Carrazeda de Ansiães tem neste momento vários trabalhos em execução em diversas áreas. Na área da reabilitação urbana estão a decorrer os trabalhos de requalificação de várias ruas em Carrazeda de Ansiães, cujos trabalhos incluem substituição de infraestruturas, melhoria da circulação pedonal e viária; Na área da valorização dos recursos endógenos estão a decorrer os trabalhos de Valorização Patrimonial e Cultural do santuário de Nossa Sra. da Saúde em Mogo de Malta. Na área de apoio à melhoria dos acessos a explorações agrícolas estão a decorrer vários trabalhos de pavimentações; No âmbito dos protocolos estabelecidos com a Diocese de Bragança-Miranda estão a decorrer os trabalhos de requalificação do adro da capela de São Bartolomeu em Mogo de Ansiães. ▪
Lançado concurso para Parque Empresarial
Beneficiação da EM624 entre Vilarinho da Castanheira e Pinhal do Douro
O município lançou no dia 25 do mês de janeiro, o concurso público para a construção do Parque Empresarial com o valor base de 2 012 916,95€. Esta empreitada irá disponibilizar 40
O Município de Carrazeda de Ansiães e a empresa Carlos Augusto Pinto dos Santos & Filhos, S.A, assinaram, 8 de fevereiro, nos Paços do Concelho o contrato de empreitada de obra pública da Estrada Municipal 624 que liga a freguesia de Vilarinho da Castanheira à
novos lotes aumentando em mais de 50% a capacidade da zona industrial existente e tem como objetivo a instalação de novas empresas e a criação de novos postos de trabalho. ▪
localidade de Pinhal do Douro. A empreitada que ascende aproximadamente a 400.00.00€ prevê o alargamento do perfil existente, melhoramento do piso e drenagem de água pluviais, tem prazo de execução de 180 dias a partir da data de consignação. ▪
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VIVADOURO
FEVEREIRO 2021
Unidade de Saúde Pública do ACES Douro I Ana Luísa Santos Emília Sarmento Helena Pereira Enfermeiras Especialistas em Enfermagem Comunitária Unidade de Saúde Pública do ACeS Douro I
Dia Mundial das Doenças Raras No último dia do mês de fevereiro comemora-se o Dia Mundial das Doenças Raras. As doenças raras, tal como o nome indica, afetam um pequeno número de pessoas e são doenças crónicas, graves e degenerativas, que podem colocar em risco a vida dos doentes. Existem cerca de 6000 a 8000 doenças raras, a maioria de origem genética. Na Europa considera-se que uma doença é rara quando afeta 1 em cada 2000 pessoas. Estima-se que em Portugal possam existir até 600 000 pessoas com doenças raras, ou seja, cerca de 6% da população. Muitas das doenças raras, apesar de afetarem poucos doentes, pela sua gravidade acabam por ter um peso social, económico e de saúde muito elevado, sendo em muitos casos incapacitantes e difíceis de controlar. É fundamental que o portador de doença rara tenha o melhor acompanhamento possível e, para tal, existem no país vários Centros de Referência para Doenças Raras, integrados em vários hospitais. Foi também criado o cartão da pessoa com doença rara, com o objetivo de assegurar que numa situação de urgência os profissionais de saúde tenham acesso a toda a informação disponível sobre a doença e estado clínico da pessoa e, ainda, facilitar o encaminhamento apropriado e rápido para a unidade de saúde/Centro de Referência que possa proporcionar os cuidados mais adequados. Quando se trata de crianças portadoras de doença rara, a estas devem ser garantidos todos os seus direitos, nomeadamente o direito à educação, devendo ser garantido o apoio à aprendizagem e à inclusão sempre que existam necessidades de saúde/ educação especiais, conforme disposto no Decreto-lei 54/2018, de 6 de julho – Educação inclusiva. Sempre que existam dúvidas ou questões relacionadas com direitos, deveres e benefícios na área da deficiência e/ou reabilitação, deve recorrer-se ao Balcão de Inclusão da Segurança Social, este existe nas sedes dos 18 distritos. Também se pode ter acesso ao Balcão de inclusão através do endereço eletrónico: http://www.se-social.pt/balcao-da-inclusao. O que se espera de uma sociedade civilizada é equidade para com as pessoas que vivem com doenças raras. Equidade nas oportunidades para viver em sociedade, em família, na escola e no mundo do trabalho.
Vila Nova de Foz Côa
IVDP passa a dispor de Gabinete de Apoio ao Agricultor Um protocolo assinado entre o Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP), e o município de Vila Nova de Foz Côa, permite que os viticultores do Douro Superior tenham agora uma ligação mais próxima com o Instituto. Com a abertura deste gabinete nos espaços da autarquia os viticultores do concelho de Foz Côa não necessitam de se deslocarem às instalações do IVDP sediadas na Régua, podendo tratar de diversos assuntos da área da viticultura na Câmara Municipal. “O presente protocolo, que materializa o desiderato de deslocalização dos serviços do IVDP para Vila Nova de Foz Côa, é resulta-
do da proposta apresentada pelo município, decorrente da necessidade de garantir uma prestação de serviços de proximidade e adequada à presente realidade dos viticultores deste concelho”, afirma João Paulo Sousa, vice-presidente da autarquia. Por seu lado, Gilberto Igrejas, Presidente do IVDP, afirma que o Instituto já tinha percebido “ que havia muita dificuldade de deslocação à Sede do IVDP, no Peso da Régua, por parte de certos vitivinicultores mais idosos, menos familiarizados com as novas tecnologias, o que constituía um entrave ao acesso a informação e à possibilidade de tratarem dos seus processos junto do IVDP. Com o elevadíssimo nível de desmaterialização que temos vindo a conseguir, quase todas as ope-
rações que eram feitas ao balcão podem ser executadas num terminal de computador, mas sabemos que nem todos conseguem ter um nível de inclusão informática que o permita”. Desta forma, continua o presidente do IVDP, “protocolámos com a Câmara Municipal de Foz Côa a possibilidade de dedicarem certos funcionários ao apoio dos vitivinicultores. Para tal, demos formação e qualificamos funcionários municipais nas ações mais correntes que conseguem, assim, desenvolver uma ação de apoio remota”. Gilberto Igrejas afirma ainda que o IVDP irá avaliar depois os resultados deste gabinete, que espera serem positivos, para “alargar a outros municípios num quadro de inclusão e de proximidade com os cidadãos”. ▪
FEVEREIRO 2021 VIVADOURO
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Armamar
CENSOS 2021 - candidaturas abertas para recenseadores Decorre até ao próximo dia 21 o prazo de apresentação das candidaturas para recenseadores para o CENSOS 2021. A Câmara Municipal de Armamar vai colaborar com o Instituto Nacional de Estatística (INE) nos trabalhos de planeamento e preparação do recenseamento que se realiza em abril próximo. A responsabilidade desta interligação no concelho de Armamar recai sobre o Gabinete de Apoio ao Presidente da Autarquia, que coordenará os esforços. O CENSOS 2021 é o 16.º Recenseamento Geral da População, onde se contam todos os cidadãos e famílias residentes no território nacional, e o 6.º Recenseamento Geral da Habitação, que conta todos os alojamentos e edifícios destinados à habitação.
No atual contexto da pandemia da Covid-19, o INE definiu um Plano de Contingência. Assim, a estratégia passará tanto quanto
possível pela recolha da informação através da Internet. Para os cidadãos com maiores dificuldades no acesso à Internet, ou
Vacinação Covid-19 começa esta semana Começa esta terça-feira, dia 16, no concelho de Armamar a vacinação dos cidadãos com 80 e mais anos de idade contra a Covid-19. A operação é da responsabilidade da unidade de saúde local que está a convocar os utentes, via contacto telefónico direto ou através de familiares. A vacinação vai prolongar-se por vários dias, de acordo com a disponibilização das vacinas e também para evitar ajuntamentos. A Câmara Municipal, em articulação com a unidade de saúde, vai disponibilizar o transporte aos utentes que dele necessitem. Recorde-se que em Armamar a vacinação nos lares está numa fase já bastante avançada. A administração da segunda dose a utentes e funcionários será concluída nos próximos dias. ▪
impedidos de contacto presencial no contexto da Covid-19, há possibilidade de resposta via telefonica. ▪
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VIVADOURO
FEVEREIRO 2021
Região
Estúdio duriense ganha prata nos World Brand Design Society Awards Sediado na freguesia de Covas do Douro, Sabrosa, o estúdio de design Nauvegar foi premiado na competição com o projeto Quinta dos Montes – Parcela Nº 5. Os World Brand Design Society Awards são uma competição que distingue os trabalhos mais criativos de agências e estúdios de todo o mundo. Gustavo Roseira, CEO e Diretor Criativo do estúdio, fala em orgulho sublinhando que a localização é uma barreira que se ultrapassa com esforço, dedicação e entrega. “É um enorme orgulho, sermos destacados ao lado de tantos projetos inspiradores, e partilharmos o pódio com pessoas tão talentosas, ainda mais numa competição internacional, independente e de prestígio, que celebra a excelência e promove os melhores trabalhos criativos, de agências e estúdios de design de todo o mundo. Esta distinção é uma oportunidade maravilhosa para celebrarmos o esforço, dedicação e total entrega da nossa equipa que, com todas as limitações que um pequeno estúdio tem, continua a quebrar barreiras, e a superar-se a cada novo desafio. Para nós, este prémio vem confirmar algo em que há muito acreditamos: que é possível estar no interior do país, numa pequena aldeia como Covas do Douro, e desenvolver projetos criativos
de topo, ao nível do melhor que se faz em qualquer grande capital mundial. Que se desengane quem pensa que temos a vida facilitada, trabalhamos o dobro, demoramos mais a chegar a todo o lado, parece que estamos sempre longe de tudo. Infelizmente, o interior do país é sucessivamente esquecido pelos nossos governantes, mas nunca baixamos os braços, vamos à luta com garra e criamos as nossas oportunidades. Viajamos muito, visitamos viticultores de norte a sul e ilhas, corremos feiras nacionais e internacionais, embarcamos em jornadas entre vinhas, adegas, garrafeiras e caves por esse mundo fora, mas voltamos sempre ao Douro. No processo criativo é essencial o sentimento de liberdade e tranquilidade que aqui se proporciona, o sentir e ouvir a natureza em pleno, sem distrações”. Com um trabalhado único, fazendo lembrar a cepa da videira, a ideia para este rótulo surgiu durante uma visita à Quinta dos Montes, com vinhas centenárias, trabalhadas com todo o cuidado, uma a uma, um trabalho complexo que se espelha agora na garrafa. “Estávamos a passear pelas belíssimas vinhas da Quinta dos Montes, no Vale do Douro, com o nosso bom amigo, e enólogo da quinta, Pedro Sequeira, enquanto ele nos contava sobre a sua última criação, um vinho de uma só vinha, proveniente de uma parcela muito especial da propriedade. Quando chegamos à Parcela Nº 5, sentimos definitivamente algo especial e único! É difícil pôr em palavras o quão mágicas as vinhas muito velhas do Douro podem ser… Esta é uma parcela minúscula, com apenas 0,61 hectares, mas com uma enorme diversidade, 23 diferentes castas, identificadas, com mais de 100 anos. Foi como entrar num autêntico museu vivo! O Pedro explicava o amor e cuidado que dedicou
> Tiago Fialho e Gustavo Roseira - Nauvegar
a esta vinha, e como as plantas são tratadas uma a uma, “Cêpa-a-Cêpa”, e o seu sonho de expressar de alguma forma o espírito do lugar e a textura complexa que as cêpas velhas têm, na garrafa. Instantaneamente, muitas ideias começaram a "fermentar" na nossa imaginação. Continuamos a caminhar e pensar... No momento em que finalmente provamos o vinho foi como uma epifania, tudo parecia bater certo, os 23 “músicos da uva” tocavam uma sinfonia surpreendente, muito complexa, repleta de diferentes camadas, mas ao mesmo tempo incrivelmente elegante e refinada. Um momento bonito!!! Assim que voltamos à nossa "adega criativa", a mesa, o papel, o lápis, diversas experiências começaram a surgir. Estávamos a cortar camadas de papel com diferentes formatos, na tentativa de recriar algumas ideias que tínhamos para representar as vinhas quando ocorreu a segunda epifania: percebemos que podíamos integrar um conceito de dualidade, que comunicaria ao mes-
Gin duriense ganha prémios internacionais Produzido no concelho de Tabuaço, o Gin Cobalto Douro recebeu recentemente dois prémios internacionais no prestigiado concurso EUROPE Wine & Spirits TROPHY, na categoria de espirituosos. Edgar Rocha, um dos criadores do Cobalto, afirma que este prémio “é de extrema importância para a Cobalto Douro, porque é um dos concursos mais destacados no mundo dos espirituosos e existem muitas marcas conceituadas a concorrer de diferentes países”, revelando ainda que após a distinção têm recebido contactos de “por importadores de diferentes Países, e os consumidores já começam a associar a Cobalto a uma destilaria que produz gins de elevada qualidade e que se destaca por ser irreverente nos seus gins”. Os prémios ganhos são para dois gins da Cobalto Douro, o The Wizard Blue e o Co-17, “dois gins
completamente diferentes de modo a abranger diferentes gostos dos nossos clientes”, afirma Edgar Rocha. “O The Wizard Blue é um gin azul devido a uma planta que se chama clitorea ternatae, é bastante frutado, devido às amoras e mirtilos e à maçã verde, que lhe conferem um misto de sabores doces e ácidos, prevalecendo o sabor ácido no final de boca. É um gin completamente diferente dos gins que se encontram a nível europeu e é essa diferença que está a conquistar os consumidores. O Co-17 ( Cobalto 17) é um gin incolor, deve o seu equilíbrio e frescura à aliança entre métodos de produção e a incorporação de seis botânicos, pensados para garantir a integridade de um Gin clássico e a irreverência de um Gin de nova geração, de aroma frutado e sedutor. A frescura
deste gin faz com que seja consecutivamente reconhecido em provas internacionais de espirituosos. As críticas internacionais consideram-no como um gin que irá perdurar no tempo pela sua singularidade e integridade de sabores”. Criar um gin numa região em que as bebidas alcoólicas em destaque são os vinhos (Douro e Porto), é para Edgar Rocha “um orgulho. fomos por assim dizer “treinados” nas adegas e destilarias do Douro e acaba por ser um prémio para todos os que nos ensinaram, trabalham/trabalharam connosco e uma distinção para a região. É um demonstrar que no Douro se está a trabalhar bem tanto nos destilados como nos vinhos e que é mais um destaque para uma região que merece estar considerada como uma das melhores produtoras de bebidas alcoólicas de elevada qualidade a nível mundial”. ▪
mo tempo as complexas texturas em camadas das cêpas velhas e a sinuosa topografia das vinhas do Douro! Partilhamos os esboços com o Pedro que imediatamente adorou a ideia. De seguida, reunimos com os nossos bons companheiros Manuel Ribeiro e João Santiago, da gráfica VOX, que ficaram igualmente empolgados e prontamente abraçaram este desafio connosco! No final, devido à complexidade das formas e aos pequenos detalhes de cada camada, mesmo na VOX, parte do processo de produção dos rótulos teve que ser feito manualmente, um a um, tal como o cuidado com estas vinhas centenárias e como a nossa abordagem de design, que foi desenvolvida minuciosamente à mão. Tudo neste vinho, em todas as fases de criação, nasceu desta paixão pelo artesanal, resultando numa jóia autêntica e rara. Foram lançadas apenas 1333 garrafas, tornando o lema “Cêpa-a-Cêpa”, realmente digno”. ▪
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Reportagem
Soldados da Paz na guerra da pandemia
> Bombeiro Filipe Almeida - BVSMP
Texto: Carlos Almeida
Com a chegada da pandemia Covid-19 a vida nos quartéis de bombeiros mudou drasticamente, desde o tipo de transportes que realizam aos cuidados que agora os novos tempos obrigam. Marcos Fonseca é Comandante dos Bombeiros Voluntários de Tabuaço, uma das corporações da região que tem vivido este ano de muitas mudanças com o espírito de sacrifício e entrega que é habitual encontrar nos ‘Soldados da Paz’. “Há um ano atrás alterou completamente aquilo que era a nossa forma de estar e de agir, porquê? Porque além de algum receio que também os profissionais e os operacionais têm obrigou-nos aqui a um quantidade de novas formas de atuar que alteraram aquilo que era o normal funcionamento. Em primeiro lugar logo no início de março nós fechamos o quartel, ou seja, criamos aqui duas equipas que trabalhavam de quinze em quinze dias cada uma e fechamos o quartel. Cada equipa tinha doze elementos que ficavam aqui quinze dias fechados, vinte e quatro horas. Desde logo isto obrigou a um aumento das despesas com os vencimentos e os subsídios que pagamos durante os quinze dias que estavam em casa. Outras despesas que tivemos que suportar foi a aquisição dos equipamentos individuais de proteção, que ao princípio eram extremamente caros, toda a gente sabe, as máscaras atingiram preços astronómicos e não havia álcool gel, tudo que era necessidade que nos obrigou este vírus, esta pandemia, criou-nos aqui, realmente, bastantes despesas. Nessa altura tam-
> Bombeiros José Luis e António Queirós - BVT
> Comandante BV Santa Marta de Penaguião
> Comandante BV Tabuaço
bém adquirimos um aparelho de higienização das ambulâncias, dos espaços e do próprio fardamento. Depois a autoridade começou a dar algum equipamento, mas muito pouco. Eu diria que oitenta por cento daquilo que nós gastamos é comprado pela associação”. A somar ao aumento das despesas, lembra o comandante, houve também uma diminuição da receita com a falta de transporte de doentes a unidades hospitalares e outros. “Notou-se no princípio uma quebra acentuada nos serviços, porque deixou de haver fisioterapia, deixou de haver consultas externas. É nesses serviços que ganhamos algum dinheiro. Continuamos a fazer diálises, e as emergências. A partir de maio, junho, começamos a abrir um pouco mais o quartel novamente até porque iniciou a época de incêndios e temos sempre mais bombeiros aqui, os voluntários. Não fazia muito sentido termos só doze elementos quando eram necessários mais para os incêndios. Foi uma reabertura feita com muitas cautelas e que os operacionais respeitaram até porque depois foram surgindo alguns casos em lares e cada saída que fazia obrigava a cumprir todas as regras. Qualquer chamada, qualquer saída, era suspeita. Bastava cair uma chamada e eles tinham que ir sempre equipados. Nesta fase já voltamos a ter um aumento significativo de trabalho. As emergências aumentaram um pouco e temos feito muitos transportes de utentes que têm que ir realizar testes. Estamos também a trabalhar, em colaboração com a autarquia para ajudar no transporte de famílias que não têm condições para se deslocar ou para o fazer de táxi, por exemplo. Não voltamos a fechar o quartel desta vez porque, apesar de até haver mais casos do que na primeira fase, nesta altura há também uma
maior consciência e todos agimos com extremos cuidado. Nós não conseguimos recusar nenhum serviço, não podemos recusar nenhum serviço, estamos sempre disponíveis para fazer todo o serviço, portanto não fazia muito sentido ter a porta fechada”. Em Santa Marta de Penaguião o comandante Vasco Correia assume também que este foi um ano diferente, contudo assume que a corporação, apesar do largo número de transportes Covid que faz, tem estado tranquila com a situação, depois de um momento inicial de maiores receios. “Foi um ano diferente, mas acabamos por ter sempre os nossos utentes que temos que transportar para alguns serviços como a hemodiálise, por exemplo. Passamos a ter mais cuidado com a limpeza das ambulâncias, tivemos que adquirir material que na altura não tínhamos, compramos um aparelho de ozono. Tentamos seguir as regras que a DGS nos impõe. Como estamos sempre na linha da frente, temos que ter sempre o máximo de cuidado, e esses alertas foram sempre transmitidos desde o início, as regras para a segurança sempre em primeiro lugar, a segurança dos utentes e a segurança dos elementos dos bombeiros. No início o transporte Covid era um bicho de sete cabeças, adquirimos material desde viseiras, máscaras, e outros, mas numa fase inicial com alguma dificuldade. As viseiras que utilizamos são as viseiras que os trabalhadores agrícolas utilizavam para trabalhar. Houve algum receio no início, era tudo novidade, agora estão mais à vontade. Nós fazemos muitos transportes Covid, abrangemos uma área muito grande, levamos pessoas ao Porto, Gaia, Arcos de Valdevez, Vila Pouca de Aguiar, etc.
No início o impacto é grande, uma coisa nova, conversas e notícias na televisão que no fundo assustam um bocadinho as pessoas. Ouvia-se falar em mortes e que o contágio também era grande, aí tinham um bocadinho receio, mas depois com o decorrer dos dias não, fomos percebendo como funcionava tudo isto e ficamos mais tranquilos. Agora é algo que faz parte do nosso dia-a-dia e aprendemos a lidar com isso”. Operacionais entre o cuidado e os receios Entre os operacionais das corporações reina agora um ambiente mais tranquilo depois de a primeira fase ter sido marcada por algum receio face ao desconhecimento da doença. “Este último ano tem sido um ano diferente, cuidados mais redobrados, a nível de higienização e desinfeção das ambulâncias também tem de ser muito mais profundas, tem que ser tudo mesmo ao pormenor para evitar contágios tanto para nós como para os utentes. Por exemplo, quer seja suspeita Covid, ou confirmada, nós usamos um fato que nos cobre totalmente, temos também os cobre-botas para evitar contactos, luvas de cano, etc. Sempre que tocamos em alguma coisa, principalmente no pré-hospitalar, usamos sempre dois pares de luvas, ou seja, o primeiro par para tocar no utente e tratar, estabilizar, o quer que seja, depois do doente estar estável tirarmos essas luvas com o devido cuidado e calçamos um segundo. Também adquirimos um equipamento para desinfeção, uma máquina de ozono, que tem de estar um período de tempo fechado, e depois tem que ser tudo arejado e ventilado, porque aquilo é um cheiro muito tóxico. Infelizmente há muita gente assintomática, que não tem qualquer tipo de sintomas, e que
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Reportagem pode estar infetada, então temos sempre que ter todos os cuidados. Isto foi tudo uma novidade, antes de isto tudo começar tivemos uma formação, como abordar e lidar com os doentes, que foi uma mudança radical, Foi tudo muito diferente, isto foi uma volta de 180 graus”, conta-nos Filipe Almeida, bombeiro da corporação de Santa Marta de Penaguião. Em Tabuaço o bombeiro António Queirós soma já mais de 30 anos de serviço, para este operacional a pandemia trouxe receios que nunca tinha sentido antes. Confessa também que os cuidados que agora se tornaram habituais se irão manter no futuro. “Eu tenho 30 anos de serviço e já passei por muita coisa, já perdi colegas bombeiros, mas nunca senti tanto medo como sinto agora, assim que o telefone toca ficamos logo a pensar, e não é só por nós, é muito pelas nossas famílias em casa. O equipamento é seguro, todos sentimos isso mas as falhas acontecem, somos humanos e pode acontecer a qualquer um, há sempre comichão, há o suor, os óculos embaciados… Basta um gesto “em falso” e todo o cuidado se perde. Qualquer saída obriga a que usemos o equipamento, apesar disso não atrasamos o socorro, vestir é rápido, demora mais a retirar, por exemplo, porque temos que ter muito cuidado. É muito difícil, se as pessoas vestissem o fato por duas horas, sem ir fazer nenhum serviço, só estar aqui connosco, tenho a certeza que todos teriam mais cuidado. Estes hábitos que agora adquirimos quanto aos cuidados a ter e às proteções certamente que vamos manter depois de tudo isto passar até porque já percebemos todos que isto nos protege não só deste vírus como de tantos outros que assistimos diariamente como as gripes ou tuberculose, por exemplo Voluntários responderam à chamada Para além dos profissionais, todas as corporações contam com um vasto número de voluntários, em especial durante o pico de trabalho que acontece com os incêndios no verão. Apesar da pandemia e das alterações que as corporações foram obrigadas a fazer, este ano os voluntários não deixaram de aparecer nos quarteis. “Na realidade não notamos um decréscimo dos voluntários, pelo menos aqui não notei, pelo contrário até porque estavam muitos serviços fechados e não havia aulas. Também foi um verão mais calmo, não houve grandes incêndios como normalmente há todos os anos. Notei mais nesta fase em que começou a haver um aumento muito grande de casos, comecei a notar que havia algum receio da parte de alguns voluntários, principalmente aqueles que têm filhos pequenos e que têm familiares mais idosos. O que eu lhes digo, e tento fazer isso também, se nós tivermos o máximo de cuidado a possibilidade sempre minimiza”, contanos o comandante Marcos de Tabuaço, uma ideia partilhada em Santa Marta de Penaguião. Vacinação gera indignação
Quando foram conhecidas as primeiras listas de prioridades na vacinação contra a Covid-19, saltou à vista a não inclusão dos bombeiros. Depois do protesto das corporações as listas foram revistas e os operacionais foram integrados, contudo, apenas uma parte deles será vacinada nesta primeira fase. Apesar da indignação, em Santa Marta de Penaguião, o comandante Vasco Correia olha para a polémica com alguma tranquilidade. “Há um ou outro que se preocupa, que é mais velho, mas o alarido não foi grande. Apesar de no início não nos englobarem nos prioritários, quando o Presidente da Liga reivindicou a nossa posição fomos colocados na lista”. Já em Tabuaço a revolta pela situação não fica calada e o comandante local é o primeiro a mostrá-la. “Na minha opinião, fomos completamente desvalorizados, porque na verdade, e acho que isso toda a população reconhece, se há alguém que está mesmo na linha da frente são os bombeiros, os bombeiros são aqueles que são os primeiros a chegar, mesmo antes dos operacionais do INEM. Eu não sou da opinião que os bombeiros fossem à frente dos enfermeiros, não, os profissionais de saúde que são aqueles que lidam com mais casos, naturalmente tinham que ser os primeiros, mas logo a seguir, porque quando há uma emergência o primeiro a chegar é o bombeiro, estaríamos nós. E esta desvalorização que houve da parte da Task Force, ou da comissão, ou quem está a fazer, ficou muito mal e deixou os bombeiros muito desanimados. Ainda agora vinha a falar com um comandante de outra corporação e quase dá vontade de dizer que vamos parar enquanto não formos vacinados, mas obviamente que isso não faz sentido nenhum, quem iria sofrer com isso seriam as nossas populações. Temos esse sentido de responsabilidade, porque se isto fosse desentupir canos ou limpar estradas, aí parava. Agora, não é, porque a pessoa que está do outro lado, também pode ser um dos políticos, que tenha um acidente e os bombeiros vão lá, não tem culpa nenhuma. Os bombeiros vão sempre, quer sejam ricos quer sejam pobres, sejam de que religião forem ou de que raça forem, os bombeiros vão sempre. Eu fico revoltado como é que é possível que naquela listagem não constou os bombeiros. Não faz sentido não vacinar os bombeiros para vacinar diretores dos lares, não faz sentido. Com uma agravante, é que os bombeiros só vão ser vacinados cinquenta por cento. Cinquenta por cento, o que deixa para nós, comandantes, o encargo de escolher quem é que vai ser vacinado ou não. Para mim, como comandante dos bombeiros, são todos iguais, os profissionais e os voluntários, agora como é lógico que os profissionais, que estão no dia-adia, têm mais responsabilidade, e estão mais suscetíveis de contrair, estão mais perto. Mas os voluntários também. O serviço, e isso ficou provado no ano passado com aquelas equipas que nós fechamos no quartel, é muito pesado para quem estiver a fazer, nós não conseguimos fazer o serviço todo com trinta elementos, não conseguimos. As pessoas também precisam descansar. Isto
criou logo aqui uma desestabilização enorme. Outro problema de tudo isto é que já se regista um atraso na vacinação, já começou, mas com alguns dias de atraso”. Também entre os operacionais a revolta é semelhante, como explica o bombeiro Queirós à nossa reportagem. “Ninguém consegue explicar que nós não somos a primeira linha, quando o doente chega ao hospital ele já teve em contacto connosco. Critico a Liga e a Federação porque não nos defenderam, no verão levaram-nos para Lisboa por causa dos incêndios e agora deviam ter feito o mesmo por causa da vacina. A minha grande angústia, e aí o nosso comandante aqui em Tabuaço teve sempre muita atenção a isso, é a chegada a casa, nunca sabemos quando levamos o vírus connosco. Há esse receio, felizmente o nosso comando soube acautelar essa situação com o equipamento que nos forneceu, mas é sempre um risco”. Autarquias apoiaram as corporações Papel importante ao longo deste ano na vida
das corporações tiveram as autarquias que as apoiaram com a aquisição de material de proteção, por exemplo. Vasco Correia afirma que “houve apoio da autarquia em especial na aquisição de máscaras, fatos e outros equipamentos de segurança, assim como também houve algumas empresas do concelho que contribuíram com algum equipamento e álcool gel, em especial na primeira fase”. Em Tabuaço o sentimento em relação à autarquia é semelhante, nas palavras do comandante da corporação a relações existente com o município “é muito boa”. “Nós temos uma excelente relação com a autarquia, desde há muito tempo, e felizmente também não temos tido necessidade de nenhum pedido extraordinário de apoio. Mal ou bem, nós temos, de alguns anos para cá, conseguido gerir isto de uma forma equilibrada e sustentável, não temos tido necessidade de recorrer à autarquia mas sabemos perfeitamente que se for necessário que eles estão aí para nos apoiarem, para nos ajudarem”. ▪
A palavra dos autarcas Desafiamos os autarcas de Tabuaço e Santa Marta de Penaguião a deixarem uma mensagem aos operacionais das corporações dos seus concelhos.
Carlos Carvalho Presidente da Câmara Municipal de Tabuaço As corporações de Bombeiros são um dos pilares da nossa sociedade. Um conjunto de mulheres e homens que através do voluntarismo, do sacrifício, da combatividade, do sentido cívico, simbolizam o que de melhor devemos representar. Como é lógico numa realidade que tanto tem sofrido com a centralização constante dos Governos e a consequente perda de população, com todas as dificuldades que daí decorrem, os Bombeiros revestem-se de uma importância ainda maior. E é isso que acontece em Tabuaço onde a Associação tem um papel fundamental. E vai nesse sentido a mensagem que enquanto repre-
sentante do Município pretendo deixar. Em primeira instância exaltar o enorme trabalho de proximidade e humanidade que têm vindo a levar a cabo há mais de 85 anos! Em segundo, pedir encarecidamente que assim continuem, desta forma completamente altruísta, a colocar o seu total empenho na melhoria constante da vida dos outros e por fim, manifestar a nossa total e inteira disponibilidade em tudo o que necessário seja no sentido de permitir facilitar o que diariamente fazem! Numa perspetiva de parceria, de estar lado a lado em tudo o que possa potenciar o bem que sustenta a razão de existir destas instituições.
Luís Machado Presidente da Câmara Municipal de Santa Marta de Penaguião O concelho de Santa Marta de Penaguião tem sido exemplar no combate à pandemia Covid-19. A qualidade, competência, rigor e sucesso deste combate deve e muito às instituições e entidades concelhias envolvidas nesta luta sem tréguas. Os nossos bombeiros, verdadeiros guerreiros, têm tido um comportamento solidário, um desempenho profissional e uma dedicação huma-
nitária verdadeiramente extraordinários. Desde da primeira hora e sempre na linha da frente, disseram sempre PRESENTE. A todas e a todos os Bombeiros Voluntários que servem nas nossas Corporações e que são o garante do bem estar e segurança dos penaguienses o nosso MUITO OBRIGADO. O Município de Santa Marta de Penaguião ficar-vos-á eternamente reconhecido e agradecido.
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Região
Governo reconduz Fernando Pinto na Fundação Museu do Douro Fernando Pinto tem 77 anos, é viticultor e está aposentado. Foi professor e esteve à frente da Adega Cooperativa de Peso da Régua - Caves do Rodo e da União das Adegas Cooperativas da Região Demarcada do Douro (Unidouro). Numa altura em que o Museu se encontra de portas fechadas devido à pandemia da Covid-19, o presidente agora reconduzido afirma que a instituição se está “a preparar para que possa atuar ainda com mais força” a partir do momento de reabertura, “fundamentalmente na sua relação com a região”, sublinha. “O museu mantém o trabalho de preparação para o futuro, quer a digitalizar, preparar novas acções, quer na museologia, quer no restauro e a preparar os serviços educativos, de modo a que se possa reafirmar com mais força quando a pandemia passar”, salientou. No edifício sede, na cidade de Peso da Régua, o museu apostou, em Dezem-
bro, numa exposição de 324 fotografias de Rui Pires, que tem um núcleo de 40 fotografias impressas sobre tela na sala de exposições temporárias, mas que se estende também ao ar livre, ao jardim e ao cais fluvial da Régua, através de imagens colocadas em estruturas retroiluminadas. Na antiga panificadora da Régua continuam a decorrer as obras do futuro Centro de Artes do Saber Fazer (CRIVO) que terá como missão divulgar os criadores da região, gerar oportunidades de negócio e desenvolver ações de formação. “Estamos a fazer uma gestão cuidada, readaptando os serviços e o trabalho a este condicionalismo, com o objetivo de desempenhar a nossa missão na região com a manutenção dos postos de trabalho”, salientou Fernando Pinto. O despacho que garante Fernando Pinto à frente da Fundação Museu do Douro (FMD), publicado ontem (02/02), em Diário República (DR) e assinado pela ministra da Cultura, Graça Fonseca, produz efeitos a 15 de Maio de 2020, data em que terminava o mandato do conselho diretivo da FMD. Antes de Março, altura em que começou a crise pandémica, o conselho de fundadores já tinha aprovado, por
unanimidade, a recondução. O Governo reconduziu também os vogais José Manuel Gonçalves, presidente da Câmara do Peso da Régua, e António Saraiva, presidente da Associação das Empresas de Vinho do Porto (AEVP), que foram propostos respetivamente pelos municípios e pelas demais pessoas e entidades de natureza privada que integram o conselho consultivo. Em 2015, a nomeação de Fernando Pinto aconteceu depois de uma alteração estatutária que transformou a FMD numa fundação pública de direito privado, e que foi muito contestada na região. A FMD, criada em 2006, este-
I love Douro lança aplicação para telemóveis Com a crescente digitalização do mundo, a I Love Douro decidiu desenvolver uma aplicação para potenciar a divulgação da região e dos seus agentes, em especial numa altura em que o setor do turismo enfrenta uma grave crise provocada pela pandemia Covid-19. “O estado pandémico que vivemos revelou-nos muitos factos, alguns discutíveis, no entanto, já nos provou algo inegável, o crescimento e afirmação do mundo digital e de que as tecnologias servem para aproximar as pessoas e para nos manter ligados.
É neste contexto de pandemia versus desenvolvimento tecnológico que nos Orgulhamos de apresentar a APP I Love Douro, uma ferramenta gratuita e totalmente pensada para potenciar, ainda mais, a divulgação e comunicação do Douro e seus agentes (públicos, privados, culturais e outros), aproximando a procura à extraordinária oferta”, afirma José Lopes, responsável pela marca. Com esta aplicação o utilizador pode escolher os melhores locais onde ficar hospedado ou onde comer. Há ainda roteiros já preparados de acordo com aquilo que cada utilizador procura na região, seja gastronomia, cultura, provas de vinhos, etc. Com a localização ativa esta aplicação permite ainda que a todo o momento o utilizador fique a saber quais os pontos de interesse mais próximos de si. A aplicação está disponível para iOS e Android. ▪
ve incluída na lista de extinções anunciada pelo Governo PSD/CDS, acabou por manter a sua atividade, mas teve de proceder a uma revisão estatutária para se adaptar à nova lei-quadro das fundações que está em vigor desde 2012. O presidente do conselho diretivo da FMD é designado pelo membro do Governo responsável pela área da cultura, depois de ouvido o conselho consultivo, e possui um mandato de cinco anos. O projeto do Museu do Douro foi criado em 1997 na sequência de uma lei aprovada por unanimidade na Assembleia da República. ▪
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Domingos Nascimento Presidente da Agência Social do Douro
Sem a Proteção Civil, teria sido um desastre..! Com a pandemia, a Proteção Civil Municipal ganha um novo conceito e maior visibilidade. Através das suas estruturas de Proteção Civil, os Municípios fizeram e fazem a diferença e são as âncoras do cuidar de muitas pessoas. A Proteção Civil, nos territórios de cada município, são as estruturas formais, (Responsáveis políticos, Colaboradores do município, Bombeiros, GNR, Polícia, e, neste tempo tão desassossegante, também as Instituições da comunidade), mas por princípio, também todos nós os cidadãos, devemos ser parte ativa. Há um ano a esta parte, a saúde veio colocar-se no centro de todas as preocupações. E as estruturas de Proteção Civil fizeram e estão a fazer um trabalho extraordinário de saúde e amparo social. Apoiando pessoas e instituições e também as unidades de saúde do SNS. Teria sido um desastre a ação solitária das unidades de saúde pública e até das instituições, sem o apoio dos municípios. É importante enfatizar isto! Os municípios, na generalidade, deram mostras da importância da proximidade, da versatilidade, da robustez da decisão, da rápida alocação de meios. Foi da saúde que vieram os maiores entraves. Na partilha de informação, na abertura para atuações conjuntas.
Tenho ouvido dizer muitas vezes de que "a saúde é a quinta mais difícil de entrar"! Neste contexto exigente e perigoso, percebemos todos a relevância estruturante do trabalho em rede, muito em particular nos territórios do interior. O trabalho realmente em Rede, faz toda a diferença. Permite otimizar recursos e concretizar facilmente operações de segurança e socorro. Por isso, também as estruturas da saúde, diria, particularmente essas, deverão abrir-se ao que o tempo exige. E o tempo exige, união de esforços, partilha de recursos, lideranças técnicas de braço dado com as lideranças operacionais e com as lideranças política locais. É a hora de colocar no terreno um conceito - que me comprometo abordar oportunamente -, que são as Redes de Cuidar das Pessoas, em ação de forma integrada, na saúde, no amparo social, na segurança, etc. Por exemplo, com os Hospitais, Centros de Saúde, Municípios, Bombeiros, Forças de Segurança, Instituições e os Cidadãos. É a hora de também se perceber quem é elegível para a "vacina" contra a falta de sensibilidade e competência, para que consigamos ajustar a estratégia à realidade e as ações às necessidades. Do conceito de Proteção Civil antes da pandemia pouco restará. As necessidades trágicas do presente farão a mudança que há muito se intuía ser urgente concretizar. Falar de Proteção Civil vai ser falar de rede, falar de abraçar, falar de partilhar e de operacionalizar respostas transversais, sejam de que organização forem. Também, dificilmente, alguém, ousará pôr em causa a evidência de que a saúde e o amparo social deverão estar na base de todas as políticas e no topo das prioridades municipais. Teremos, assim, territórios, cada vez mais, amigos das pessoas. As pessoas não são pedras no horizonte, as pessoas são o horizonte!
Murça Selo Prata de Usabilidade e Acessibilidade atribuído ao Website do Município de Murça A Câmara Municipal de Murça é a primeira autarquia a nível nacional, a quem foi atribuído um Selo de Usabilidade e Acessibilidade – versão Prata, passando essa indicação a constar no seu site autárquico (www. cm-murca.pt). O Selo de Usabilidade e Acessibilidade identifica e promove a aplicação das melhores práticas em sítios Web e aplicações móveis. A iniciativa, desenvolvida pela AMA - Agência para a Modernização Administrativa e pelo Instituto Nacional para a Reabilitação, visa simplificar e tornar mais eficiente a utilização dos serviços públicos online por parte dos cidadãos, nomeadamente aqueles que necessitam de recorrer a tecnologias de apoio. Este Selo aplica-se a qualquer sítio Web ou aplicação móvel, mas foi concebido principalmente para as entidades destinatárias do Regulamento Nacional de Interoperabilidade Digital (RNID), que regula as normas abertas nos sistemas informáticos do Estado. Órgãos de soberania, ministérios, institutos públicos, regiões autónomas, autarquias,
escolas, universidades e organizações não governamentais são algumas das entidades listadas no n.º 2 do Decreto-Lei n.º 83/2018, de 19 de outubro. Para o presidente da Câmara de Murça, Mário Artur Lopes, “estamos a trabalhar diariamente para que o nosso município seja mais inclusivo, prova disso é este reconhecimento da AMA e do INR que distingue o sítio web do nosso Município, como uma ferramenta de boas práticas de usabilidade e acessibilidade”. O autarca salientou ainda que “este reconhecimento só contribui para aumentar a nossa responsabilidade, para continuarmos a promover a sua melhoria contínua, de modo a que o nosso site e toda a informação que este contém possa ser acedida através de todo o tipo de equipamentos e por todas as pessoas”. O Município de Murça é também a primeira autarquia do país a ter uma Declaração de Acessibilidade e Usabilidade publicada de acordo com o modelo preconizado pelo DL n.º 83/2018 e pela Diretiva (UE) 2016/2102. ▪
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O VivaDouro inaugura, nesta edição, uma série de trabalhos com vista às próximas eleições autárquicas que terão lugar ainda este ano, devendo ocorrer no mês de outubro, sem data definida até ao momento. Com este trabalho pretendemos dar a conhecer a visão que diferentes setores têm sobre o poder autárquico, através das questões que colocamos. Para inaugurar esta série de trabalhos começamos exatamente pela política ouvindo dois representantes dos dois maiores partidos com representação autárquica no nosso território: PSD e PS.
André Marques Membro do Conselho Nacional do PSD
1 - Com a delegação de competências que tem colocado nos municípios mais responsabilidades na gestão do seu território, que papel tem hoje o autarca? O poder local é o primeiro grande parceiro das pessoas nas suas vidas. Se olharmos para o percurso do poder autárquico, desde do início da construção do Portugal democrático, estava quase tudo por fazer! Hoje podemos olhar em retrospetiva e reconhecer que pela via das autarquias se efetivou uma evolutiva construção democrática e infraestrutural no país. Foi indiscutivelmente o poder local que desenhou em grande medida uma nova sociedade em questões tão básicas como por exemplo no acesso das pessoas a serviços como a água e o saneamento, a energia elétrica e a iluminação pública, acessibilidades e arruamentos, a educação e o apoio social, a prática desportiva ou a dinamização cultural, entre tantos outros exemplos. Relativamente à sua questão concreta sobre a delegação de competências, acho que é consensual que vamos ter doravante um novo paradigma no poder local, os próximos mandatos autárquicos serão marcados por novos desafios, mas acima de tudo por um aumento da responsabilização em diversas dimensões. Importa perceber se essa transferência está a ter um enquadramento eficaz no quadro organizativo do estado e acima de tudo se há ou não um reforço financeiro para o lado do poder local. O poder central não pode passar “a bola” só porque tem de ser feita essa transição, é preciso ir monitorizando e ajustando, se possível, o impacto. Como sabe temos territórios muito diferenciados uns dos outros e a “receita” de um pode não servir o outro. Sou favorável ao processo em si, mas creio que a implementação está a ser feita um pouco aos “atropelos”, sem uma clarificação exata de como se irá desenrolar a via financeira. Esta indefinição causa naturalmente instabilidade e incertezas aos autarcas. No entanto e de forma geral é um caminho natural que todos sabemos que temos de percorrer, com aspetos muito positivos, como por exemplo, permitirá sobressair a importância do poder local face aos outros níveis de poder do país. Julgo que será sempre algo um pouco “inacabado”, que necessitará de constantes aperfeiçoamentos. A curto prazo, há um passo difícil a dar, veja, a delegação de competências na área da saúde e educação é um “fardo” que não pode ser tratado levianamente, implicará um planeamento bem estruturado. Acredito, no entanto, que o princípio da proximidade destas duas áreas aos territórios pode ser muito bom a longo prazo. Afinal de contas, é na dinâmica de cada território individualmente, de forma articulada, que se pode fortalecer o todo – Portugal. Respondendo ao que considero sobre o papel do Autarca nos dias de hoje, é sem dúvida uma tarefa de muita honra e extremamente exigente. Hoje em dia, a nova geração de autarcas está muito bem preparada, e tem de estar forçosamente, já que executar com tantos normativos legais, que muitas das vezes são contrários à eficácia, exige
um vasto conhecimento e domínio. Realço como exemplo, esta crise sanitária, o papel dos autarcas que se revelou muitas vezes heroico, foram capazes de dar respostas eficazes e céleres num ambiente desconhecido e de total imprevisibilidade. Que julgo que a população na sua generalidade reconhece e agradece. 2 - Com 19 municípios na sua composição a CIM Douro tem-se cada vez mais afirmado na defesa do território. É um modelo que serve a região? Sempre acreditei no princípio da intermunicipalidade. Quanto à CIM Douro tem demonstrado uma ação interventiva e suprapartidária na defesa dos interesses da Região, isso é notório. Percebe-se a solidariedade entre os Presidentes da Câmara na afirmação de causas importantes para o território. Uma CIM Douro forte e coesa é fundamental para enfrentarmos os tempos difíceis que se avizinham. Vivemos hoje um contexto novo que exigirá uma reprogramação estratégica na ação, em que é preciso repensar as prioridades, vivemos um tempo em que tudo o que tínhamos como certo implodiu. Estamos todos à prova, temos pela frente um contexto económico complexo e extremamente desafiante, desde os desafios de reestruturação de serviços para dar resposta às novas necessidades comunitárias, até à total reformulação do modelo de gestão autárquico, descontinuando a título de exemplo alguns dos tradicionais projetos, que terão de se reinventar num sentido de reformular mecanismos de apoio mais individualizados e simplificados. Nesse sentido, acho que neste ponto, se a CIM for promotora de uma rede executiva, que consiga articular a visão das autarquias, empresas e academia, poderemos encontrar respostas próximas das necessidades reais e ser uma mais valia para a região. Por outro lado, não se pode deixar cair por terra as estratégias de construção e de adaptação do território ao futuro, sobe pena de ficarmos para trás. É necessário dosear a ação de resposta à crise bem como capacitar/constituir a região como um agente indutor de inovação e modernidade. É um equilíbrio difícil, mas devemos ambicioná-lo. A Região necessita estar unida. 3 - Qual é a expectativa do PSD para estas eleições na CIM Douro? O PSD tem na sua génese o poder local, tem nas suas fileiras excelentes autarcas com provas dadas, tem novos quadros emergentes que estão perfilados para vencer um pouco por todo o país. Quanto a um “prognóstico” para o território CIM Douro, é demasiado imaturo apontar possíveis cenários. Não seria de bom tom da minha parte fazer conjunturas detalhadas. Creio que de forma geral a CIM Douro tem bons Presidentes da Câmara a exercer atualmente, há uma certa estabilidade que poderá ser fator de confiança renovada por parte das populações de cada concelho. No entanto a perceção individual de cada eleitor é que decide, e sabemos que por vezes há surpresas. Quanto à expectativa do PSD, obviamente que é um partido que vai a eleições, sempre para vencer. Mas acho que acima de tudo, devemos pugnar pela moderação e estar vigilantes e se possível com uma postura educativa para que algumas tendências extremistas e populistas não contaminem o ambiente participativo e a sociedade em geral.
José Silva
Presidente da Comissão Politica Concelhia de Vila Real 1 - Com a delegação de competências que tem colocado nos municípios mais responsabilidades na gestão do seu território, que papel tem hoje o autarca? O papel de um autarca, seja enquanto presidente de Câmara, seja enquanto presidente de Junta de Freguesia, é do mais exigente que podemos encontrar no exercício da gestão pública. A proximidade que tem com as populações, o conhecimento aprofundado dos seus problemas, e, consequentemente, as muitas solicitações a que diariamente é sujeito, torna o seu trabalho interminável, mas ao mesmo tempo motivante e compensador. Não raras vezes, o autarca é chamado a assumir responsabilidades perante os cidadãos que na realidade não possuí. Resolve problemas para os quais não lhe foram atribuídas as necessárias competências. Encontra soluções onde muitos, possuidores da obrigação de tratar, esbarram em dificuldades. Decidem quando outros adiam. As novas competências, que entretanto foram atribuídas às autarquias, aumentaram ainda mais esta imensa obrigação do autarca. De facto, são muitas as novas atribuições que agora são propostas. Desde a justiça, à educação, aos transportes, à cultura, passando por assuntos de âmbito social e outras. A preocupação e o cuidado que, de forma generalizada, são manifestados pelos autarcas, que não receiam aquelas responsabilidades, prendese com os meios necessários para o seu cabal cumprimento. Falamos, claro está, dos meios financeiros, humanos e equipamentos. A gestão destes implica a transferência de recursos, não esquecendo a sua salvaguarda para o futuro. Não pode o Estado central delegar obrigações sem garantir a atribuição dos respetivos instrumentos, sem os quais poderíamos assistir ao estrangulamento financeiro dos municípios. Na certeza de que os nossos autarcas saberão dar conta destas novas responsabilidades, convém não esquecer que todos os outros desafios permanecem, nomeadamente o de garantirem o desenvolvimento social, económico, cultural e ambiental do seu concelho, da sua região. 2 - Com 19 municípios na sua composição a CIM Douro tem-se cada vez mais afirmado na defesa do território. É um modelo que serve a região? A CIM Douro, constituída por 19 concelhos e servindo uma população de cerca de 205.000 pessoas, tem, como todas as outras (23 no total, incluindo as duas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto), a missão de contribuir para a promoção do desenvolvimento sustentável e a melhoria da qualidade de vida dos seus concelhos. O objetivo desta reforma administrativa tinha e tem como princípios orientadores a maior proximidade e descentralização administrativa, reforço da coesão e competitividade territorial, a eficiência na gestão dos recursos públicos e, acima de tudo, potenciar economias de escala, entre outros. Passados todos estes anos, somos agora capa-
zes de dizer que este propósito foi alcançado? E como tal seria possível quando a região de Trás-Os-Montes e Alto Douro foi tão inexplicavelmente divida em três pequenas comunidades intermunicipais? Que ganhos de escala se conseguiam obter desta forma? Que reforço na competitividade territorial era possível alcançar? Inicialmente, quando se discutia ainda a criação das comunidades intermunicipais, estava pensada para a nossa região a CIM Trás-os-Montes e Alto Douro, a qual tinha por base o que uma década antes tinha sido conseguido – AMTAD Associação de Municípios de Trás-os-Montes e Alto Douro, que era composta pela totalidade dos 34 concelhos que compõem atualmente as três CIM’s. Tal, infelizmente, não foi realizado. Para além da CIM Douro, nasceram duas das mais pequenas CIM’s do todo nacional. A CIM Alto Tâmega, a segunda mais pequena e a CIM Terras de Trás-os-Montes, a quarta com menor número populacional. Perdeu-se assim a excelente oportunidade de termos uma voz única junto do poder central e potenciarmos verdadeiramente os ganhos de escala que isso implicava. Uma comunidade com mais de 400.000 pessoas e um vasto território, dar-nos-ia aquilo que ao longo de todos estes anos nos tem faltado. Uma importância e um poder reivindicativo que nos habituamos a encontrar noutras regiões, sobretudo no litoral. Para além disso, este teria sido o primeiro grande passo para a regionalização e uma forma de, progressivamente, irmos esvaziando o poder da CCDRN e sermos, definitiva e merecidamente, alvo da tão propalada e necessária descriminação positiva. 3 - Qual é a expectativa do PS para estas eleições na CIM Douro? Sendo o Partido Socialista aquele que detém o maior número de camaras sob a sua responsabilidade, o que por si só demonstra a confiança que os portugueses têm nos autarcas socialistas, é natural que as expectativas sobre as próximas eleições autárquicas sejam otimistas. O bom trabalho que vem sendo realizado por todos os nossos autarcas, mesmo nos municípios onde somos oposição, transmite-nos a confiança necessária para enfrentarmos o próximo desafio eleitoral. Sendo verdade que no conjunto dos 19 concelhos que compõem a CIM Douro o PS não detém a maioria dos presidentes de câmara, é igualmente exato que, no que diz respeito ao número de vereadores, o Partido Socialista tem nesta altura cerca de 50% da quantidade de mandatos. Já no que concerne ao número de eleitores votantes e/ ou inscritos, o Partido Socialista é o mais votado, o que poderia levar a uma outra escolha do presidente da CIM Douro, já que este é um dos critérios para esse efeito. Esta situação mostra que é possível conseguirmos um melhor resultado que em 2017. Ou seja, não só mantermos as atuais camaras, mas também aumentarmos o número de concelhos sob a nossa gestão. Como habitualmente, pretendemos fazer uma campanha pela positiva, levando da melhor maneira possível as nossas propostas aos nossos concidadãos, na expectativa de obter destes a sua confiança. É desta forma que nos apresentamos sempre a todas as eleições e desta vez não será diferente.
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VIVADOURO
FEVEREIRO 2021
Opinião António Fontaínhas Fernandes Reitor da UTAD
O contexto de pandemia da doença Covid-19 que vivemos merece uma profunda reflexão. Efetivamente, a origem da doença parece estar relacionada com a forma como o ser humano tem vindo a invadir a natureza causando danos nos ecossistemas. Desde logo, a atual crise pandémica é um alerta para a urgência da Europa cumprir as
Gilberto Igrejas Presidente do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto, I. P. (IVDP)
Sublinhando uma preocupação na Sustentabilidade, a Missão, a Visão e os Valores prosseguidos pelo Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto, I.P.(IVDP) foram ajustados, sendo que a Missão passa a ser “Certificar, controlar, defender e promover as denominações de origem Porto e Douro”, numa Visão que pretende “Potenciar a Qualidade, trabalhar no futuro, para um território sustentável”, tendo como Valores a “Competitividade, credibilidade, integridade, sustentabilidade e inovação”. Por despacho recente do Senhor Secretário de Estado da Agricultura e do Desenvolvimento Rural, o IVDP viu aprovados os documentos estruturantes da sua estratégia anual, ou seja, o Quadro de Avaliação e Responsabilização (QUAR) e o Plano de Atividades (PA) para
Luís Braga da Cruz Engenheiro Civil
O Dr. Miguel Cadilhe publicou, no último número da revista Brotéria , um excelente artigo sob o título: "Francisco Sá Carneiro e o Centralismo", numa justíssima homenagem ao grande estadista que nos deixou de forma dramática há 40 anos. Recomendo vivamente as suas reflexões, dada a lucidez da análise. Sá Carneiro era uma figura corajosa, esclarecida e tinha a vantagem de ter boa formação política e, sobretudo, mundo na cabeça. É minha convicção que, se Sá Carneiro não tivesse morrido, a regionalização se teria concretizado no calendário previsto, no início da década de 80. A criação da autarquia regional estava prevista na constituição de 1976 e fazia parte do processo de democratização política, tal como
A liderança pelo exemplo inspira mudanças metas do Acordo de Paris, tomando medidas claras para limitar o aumento da temperatura da Terra. A própria Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia 2021 assumiu, entre as principais prioridades, promover a recuperação económica e social, mantendo a preocupação de assegurar a transição verde a par da digital. Nos últimos tempos têm surgido sinais de esperança, quer vindos da China ao declarar pretender a neutralidade carbónica em 2060, quer da nova liderança de Joe Biden afirmando que os EUA pretendem regressar ao Acordo de Pa-
ris reafirmando o compromisso para atingir esta meta em 2050. Contudo, além das mudanças ao nível global, importa assumir medidas e estratégias ao nível local e individual. Ao nível local, as cidades devem ser redesenhadas e pensadas à luz dos desafios ambientais. Mas, o mundo não muda se nós não mudarmos. As mudanças devem surgir pelo exemplo e ser impulsionadas a partir dos diferentes níveis de governação, desde o global ao local, bem como ao nível dos comportamentos individuais.
O futuro passa por consumir menos, mas com maior qualidade e justa remuneração. Os preços devem ter em conta os custos reais de produção, ao nível dos recursos naturais consumidos e dos serviços dos ecossistemas, garantindo um trabalho digno à luz de uma economia sustentada e inclusiva. Todos temos de fazer a diferença, pelo que importa dar o exemplo. Hoje, mais do que nunca, precisamos de consolidar estes valores no quotidiano, para construir um futuro coletivo melhor e preservar o planeta.
Uma estratégia para 2021 ao serviço da região, potenciando o país no mundo 2021. O IVDP mobiliza todas as suas valências na elaboração destes documentos estratégicos, onde se conjugam as propostas de ações com os recursos humanos e financeiros disponíveis, destacando-se o alinhamento com a Estratégia para a Inovação e Modernização do Estado e da Administração Pública 2020-2023 e a Agenda da Inovação para a Agricultura 2020-2030, bom como com as orientações decorrentes da aprovação da Lei de Orçamento de Estado 2021. Os objetivos incluídos no QUAR do IVDP, os quais se desenvolvem no Plano de Atividades, visam melhorar a sustentabilidade do território da Região Demarcada do Douro (RDD), reforçar competências na Certificação das Denominações de Origem Porto e Douro. Numa ótica de funcionamento interno, iremos promover a melhoria continua no desempenho da organização para otimização do Serviço Público. Um dos objetivos que maior relevância tem na nossa atividade é, sem dúvi-
da, promover a RDD e as suas Denominações de Origem e reforçar a sua relevância internacional. Numa ótica mais voltada para o Conhecimento, iremos reforçar a inclusão e o estimular o progresso e inovação tecnológica na RDD e contribuir para a agenda de investigação e inovação direcionada para a criação de valor económico e social para a RDD. Para esse efeito, iremos incrementar o investimento em investigação e inovação em agricultura e alimentação através de práticas colaborativas e transferência do conhecimento na RDD. Sendo o cerne de toda a nossa atividade, iremos melhorar o processo de certificação de produtos vitivinícolas e a gestão vitivinícola e melhorar o processo de controlo vitivinícola. Vamos melhorar o desempenho da organização, incentivando a participação dos cidadãos e dos Agentes Económicos. No âmbito interno, iremos mobilizar os trabalhadores, envolvendo-os na definição de estratégias internas e externas do Instituto, na partilha de conhecimento e na promoção de pro-
jetos comuns e transversais. Complementarmente, propomo-nos promover a motivação, as qualificações e competências dos recursos humanos, estimulando o seu desenvolvimento pessoal e profissional e a conciliação da vida pessoal, profissional e familiar. É longa a listagem dos projetos e ou atividades e respetiva calendarização que se estabeleceu e que ambicionamos para o IVDP num ano em que Portugal assume, no primeiro semestre, a presidência do Conselho da União Europeia e a produção sustentável no setor vitivinícola adquire importância crescente a nível mundial. No mesmo sentido, através destes documentos estratégicos (QUAR_2021 / PA 2021) cujo conteúdo aqui apenas se aflorou, mas que, por serem públicos, é permitida a sua consulta e uma leitura minuciosa está patente a ambição de medidas mais inclusivas, intuitivas e inovadoras que pretendemos promover na RDD mais sustentável e competitiva.
"O Centralismo, mais uma vez..." as outras duas autarquias locais - a freguesia e o município. O Governo da AD inscrevera esse preceito no seu programa. Foi crida uma comissão que produziu um "Livro Branco sobre a Regionalização" , preparando a implementação do processo. Se o malogrado acidente não tivesse ocorrido, a descentralização regional teria acontecido naturalmente e hoje estaríamos a beneficiar dos seus efeitos positivos. Teria sido possível aproveitar melhor as energias de cada parcela do território nacional e da expressão da sua legítima vontade. A letra e o espírito da Constituição eram claros. Estava lá tudo o que era necessário para poder ter sido bem feita. Infelizmente, o medo, a ignorância e o défice de verdadeira cultura democrática alimentou uma solução alternativa - o centralismo - que não é inocente, porque dá jeito a muita gente. É mais fácil exercer influência junto de um só nível de decisão política e administrativa, do que ter de se confrontar com vários escalões de soberania. A minha convicção vale-se do exemplo da Gali-
za. Em 1985, os seus indicadores regionais não eram muito superiores aos nossos. Entretanto, os desvios não cessaram de se acentuar. O sucesso galego não aconteceu pelo efeito de arrastamento de Espanha, como um todo. Pelo contrário, a Espanha é que beneficiou, sobretudo na década de 90, da afirmação autónoma de cada uma das suas regiões. Ouvi dos nossos amigos galegos que o segredo do seu crescimento, se ficou a dever a duas orientações - selectividade e persistência. Selectividade significa saber fazer escolhas, não querer "ir a todas", optar por aquilo que permite potenciar o que mais facilmente acrescenta valor. Persistência corresponde a manter as políticas correctas de forma continuada no tempo e não andar sempre a mudar. Assim, se conseguem resultados consistentes, se apuram respostas adequadas e se valoriza a estrutura produtiva. O sucesso desta forma de actuar foi evidente nos domínios em que a economia galega era
mais capaz: pescas, sector automóvel, agro-alimentar. A Galiza, que estava atrasada em termos tecnológicos e científicos, passou a estar em 4.º ou 5.º lugar nos rankings das autonomias espanholas, em matéria de despesa em I&D, logo a seguir aos campeões habituais: Madrid, Catalunha e País Basco. A regionalização, ao invés do centralismo, apela à responsabilidade, confere autoestima e, por isso, reforça a coesão nacional. Lamento que esteja esquecida com o beneplácito ou a conivência dos nossos centralistas. 1 Miguel Cadilhe - "Francisco Sá Carneiro e o Centralismo", Brotéria, Vol.191-6, Dezembro de 2020, pp.484-492. 2 "Livro Branco sobre Regionalização", Ministério da Administração Interna, Secretaria de Estado da Administração Regional e Local, Lisboa, 1980.
B OA S FE ST AS
FEVEREIRO 2021 VIVADOURO
Lazer Piadas de bolso:
RECEITA CULINÁRIA VIVADOURO
Joãozinho chega a casa todo feliz e grita
PEITO DE FRANGO RECHEADO COM ALHEIRA E ARROZ DE GRELOS E COGUMELOS
para a mãe: - Mãe, eu descobri que sou mais inteli-
INGREDIENTES . 1 peito frango . 1 alheira caça . 1 limão . 1 cabeça de alho sal q.b. pimenta q.b.
gente que a professora. - E como descobriste isso, meu filho?
Para o Arroz . 1 arroz . 1 pacote de grelos congelados . 2 latas de cogumelos . azeite . 1 cebola . sal q.b . pimenta q.b “Em nome da Câmara Municipal de Tabuaço desejo um Natal Feliz e Preparação anoede 2018 pleno pessoais e profissionais” Abrir o peito de um frango temperar com de sal,realizações pimenta, alho e limão, deixar marinar. Preparar a alheira tirando a pele e juntando O um Presidente da Câmara Maria Helena pouco de salsa. Em seguida rechear o peito de frango com a alheira, fechar com um palito e Socióloga, taróloga marcar numa frigideira em seguida vai ao forno. (Carlos André Teles Paulo de Carvalho)
- É simples, eu passei de ano e ela continua no mesmo!
HORÓSCOPO
Preparação do arroz: Em primeiro lugar descongelar os grelos no forno, quando tiverem descongelados retirar a água e gratinar num tacho, com cebola e alho picados, sal e pimenta, reservar. Num tacho com cebola picada e azeite, gratinar os cogumelos em seguida juntar os grelos anteriormente preparados, juntar a água e deixar ferver,temperar com sal e pimenta q.b, quando estiver a ferver juntar o arroz e deixar cozer. Ps: O arroz tem que ficar malandrinho (Não pode ficar seco) nar brilhante e coza no forno previamente aquecido a 200° C durante 30-35 minutos, até ganhar volume e ficar dourada.
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SOLUÇÕES:
e apresentadora
210 929 000 mariahelena@mariahelena.pt
Amor: Dê mais atenção ao seu companheiro, ele pode estar mais carente do que é habitual. Saúde: Vá ao médico e aproveite este mês para fazer exames de rotina. Dinheiro: Seja mais exigente consigo, só assim conseguirá atingir o sucesso tão desejado e cumprir com os objectivos a que se propôs.
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